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Estruturas de madeira: características gerais Prof. Maria Regina L. S. Sarro 160 unidades Construção de alumínio 16 unidades Construção de aço 1 unidadeConstrução de madeira Justificativa de uso da madeira para fins estruturais: É o material de construção que menos energia consome para a produção do edifício. 6 unidades Construção de concreto armado Nada sustentável. Pouco sustentável. Mais sustentável. Bastante sustentável. Justificativa de uso da madeira para fins estruturais: Vantagens • Um dos materiais de construção mais antigos, disponível na natureza e de fácil manuseio. • Apresenta uma excelente relação resistência/peso. • Possui facilidade de fabricação de diversos produtos industrializados e um ótimo isolamento térmico. Desvantagens • Sujeita à degradação biológica por ataques de fungos, etc. e também à ação do fogo. • Pode apresentar inúmeros defeitos, como nós e fendas, interferindo em suas propriedades mecânicas. 4 Material ρ (t/m3) f(MPa) f/ρ Madeira à tração 0,5 – 1,2 30-110 60-90 Madeira à compressão 0,5 – 1,2 30-60 50-60 Aço à tração 7,85 250 32 Concreto à compressão 2,5 40 16 Comparação de propriedades de alguns materiais estruturais 5 6 Cerne: região de células inativas, com boa resistência. Madeira mais indicada para uso estrutural. Alburno ou branco: região de células vivas, com média resistência estrutural e grande quantidade de seiva. Deve ser usada com restrições para fins estruturais, porque apresenta grande possibilidade de deterioração por organismos vivos. Medula: Parte morta da árvore, sujeita ao ataque de fungos, sem interesse de aplicação. É comumente removida no beneficiamento do tronco. Casca: Sem utilidade na construção civil. Aneis de crescimento: Crescem anualmente e determinam a idade da árvore. https://pt.wikipedia.org/wiki/Madeira#/media/File:Taxus_wood.jpg Aneis de crescimento: não crescem de forma uniforme ao longo do ano, variando conforme a disponibilidade de luz, calor e água. Região mais escura: região menos porosa, crescida em condições de menor luz, calor e água (outono e inverno). Região mais clara: região mais porosa, crescida em condições favoráveis de luz, calor e água (primavera e verão). As árvores crescem mais nestas estações. 8 Madeiras em geral duras, escuras, pesadas Regiões tropicais e quentes Madeiras mais claras, não tão duras e pesadas Regiões temperadas Madeiras mais esbranquiçadas, fibrosas e mais leves Regiões frias Estrutura, resistência e peso específico das árvores: dependem da região onde elas se reproduzem e crescem.. Tração paralela às fibras Ensaios mecânicos feitos na madeira Compressão paralela às fibras Ensaios mecânicos feitos na madeira Flexão estática Cisalhamento paralelo às fibras Ensaios mecânicos feitos na madeira Compressão perpendicular às fibras Fendilhamento Resistência ao impacto: para análise do comportamento sob cargas dinâmicas Dureza Característica importante na aplicação da madeira. Madeiras muito úmidas ou muito secas podem ser inadequadas ao uso. Umidade Alteração nas dimensões da peça provocada pela perda ou ganho de umidade. A maior alteração ocorre na direção transversal às fibras, sendo praticamente desprezível na direção longitudinal. Retração É diferente nas diversas direções da madeira. As dilatações térmicas perpendiculares às fibras são bem maiores que as paralelas, chegando até a 20 vezes mais. Dilatação térmica Características físicas da madeira Não apresenta as mesmas características físicas em todas as direções. As características na direção das fibras longitudinais são muito diferentes das que se observam na direção normal a elas. São consideradas três direções principais: longitudinal, radial e transversal. L = longitudinal R = radial T = transversal Anisotropia A diferença de propriedades entre as direções radial e tangencial raramente tem importância prática, bastando diferenciar as propriedades na direção das fibras principais (direção longitudinal) e na direção perpendicular às mesmas fibras. Anisotropia: justifica a análise da madeira a partir de três direções principais: radial, longitudinal e transversal. • Na madeira, a variação dimensional é caracterizada pelas propriedades de retração e de inchamento. • Em razão das especificidades anatômicas, estes fenômenos referem-se às três direções principais: axial (ou longitudinal), radial e tangencial. • • A estabilidade dimensional está diretamente relacionada à presença da água no interior da madeira. A relação entre contração tangencial (CT), contração radial (CR), contração longitudinal (CL) e contração volumétrica (CV), com o teor de umidade, é aproximadamente linear, conforme cada caso: Cálculo exemplo de contração da madeira devido à secagem Defeitos da madeira As peças de madeira utilizadas em construção podem apresentar uma série de defeitos que prejudicam a resistência, o aspecto ou a sua durabilidade. Esses defeitos podem ter origem da constituição do tronco ou do processo de preparação das peças. Imperfeições da madeira nos pontos dos troncos onde existiam galhos. Galhos ainda vivos durante o abate da árvore produzem nós firmes, enquanto galhos mortos originam nós soltos, que podem cair durante o corte com a serra, produzindo orifícios na madeira. Quando isso ocorre, as fibras longitudinais sofrem desvios de direção, ocasionando redução na resistência à tração. Nós Defeitos da madeira Fotografia de nó vivo (a) e morto (b). (a) (b) Aberturas nas extremidades das peças, produzidas pela secagem mais rápida da superfície. Ficam situadas em planos longitudinais radiais, atravessando os anéis de crescimento. Como evitar: secagem lenta e uniforme da madeira. Fendas • Fendas periféricas • e fendas no cerne. Separação entre os anéis de crescimento, provocada por secagem inadequada ou pela ação de intempéries. Gretas • Gretas parciais e greta completa 1 1 2 Curvaturas nas direções transversal e longitudinal da peça, provocadas por secagem inadequada. Abaulamento e arqueadura Fungos, cupins, moluscos e crustáceos marinhos são exemplos de agentes biológicos que se instalam na madeira para se alimentar de seus produtos. Causam descoloração, desintegração e furos na madeira. Deterioração por fungos e insetos • Exemplo de madeira atacada por fungos. A vulnerabilidade da madeira ao ataque biológico depende de: • camada do tronco de onde foi extraída a madeira – o alburno é mais sensível à biodegradação do que o cerne; • espécie da madeira – algumas espécies são mais resistentes; • condições ambientais – caracterizadas pelos ciclos de reumidificação, pelo contato com o solo, com água doce ou salgada. Pode ser combatida através da aplicação de tratamentos químicos (preservativos). • Preservativos oleosos - aqueles cuja natureza é oleosa. • Preservativos oleossolúveis - aqueles que são dissolvidos em algum tipo de solvente orgânico. • Preservativos hidrossolúveis - aqueles cujo dissolvente é a água. Deterioração por fungos e insetos • Apesar de serem combustíveis, as peças de madeiras podem ter ótimo desempenho em situações de fogo, desde que bem projetadas e construídas. • Peças robustas de madeira se oxidam mais lentamente devido à baixa condutividade de calor, guardando um núcleo de material íntegro (propriedades mecânicas inalteradas) por um longo período de tempo. Vigas de madeira e aço após um incêndio: a estrutura em aço se deformoucompletamente, enquanto que a viga de madeira ainda sustenta sua carga mesmo após o contato com o fogo em altas temperaturas. Resistência ao fogo pela madeira - Evitar a presença de muita umidade, dando declividade no terreno ou elevando a área a ser construída. - Sempre que possível, manter os apoios de pilares a uma distância mais ou menos 15 cm do piso. - Remover entulhos da obra. - Blocos de concreto com pilares embutidos, não devem apresentar fissuras ou trincas e possuir um sistema de drenagem na sua parte inferior, para evitar o armazenamento de água. - Utilizar tintas ou produtos impermeabilizantes incolores. - Verificar a qualidade da madeira, evitando a presença de alburno, rachaduras e sinais de ataque de fungos e insetos. - Fazer uso de beirais grandes para proteção de chuva e sol. - Manter um espaço entre o forro e a telha para ventilação ou colocar uma manta impermeabilizadora. - Utilizar espécies de madeira que apresentem a durabilidade natural necessária para o uso em questão. - Usar sistema construtivo que apresente uma certa facilidade na substituição de peças, que elimine a possibilidade de acúmulo de água e que permita a maior ventilação possível. Cuidados recomendados no uso da madeira Devido a organização estrutural do tecido, que retém pequenos volumes de ar em seu interior, a madeira impede a transmissão de ondas de calor ou frio, tornando-se, assim, um mau condutor térmico (baixa condutividade térmica), isolando calor ou frio. Condutividade térmica No Brasil, a madeira dura é proveniente de árvores frondosas (com folhas achatadas e largas). São de crescimento lento, como a peroba, o ipê, a aroeira e o carvalho, entre outras. As madeiras duras e de melhor qualidade são chamadas madeiras de lei. Isso porque quando os portugueses chegaram ao Brasil, perceberam que já havia uma retirada indiscriminada de madeira de boa qualidade das florestas, e por interesses econômicos, baixaram uma lei que proibia a sua retirada sem autorização. Madeiras duras Tipos de madeira para construção No Brasil, as madeiras macias são provenientes de árvores coníferas (folhas em forma de agulha). Apresentam crescimento rápido, como os pinheiros. A dureza está mais relacionada à estrutura celular, do que à resistência em si. Algumas árvores frondosas produzem madeiras de resistência baixa. Madeiras pesadas são sempre mais resistentes. Madeiras macias Aquelas isentas de nós, com pouquíssima tolerância a outras defeitos. São muito caras e usadas em situaçõe especiais. Madeiras de primeira categoria Classificação comercial de madeira para construção Aquelas que apresentam pequena incidência de nós: os que ocorrem, devem ser firmes. Podem apresentar outros defeitos. São as mais usadas com função estrutural e para a construção civil em geral. Madeiras de segunda categoria Aquelas que apresentam nós em ambas as faces e maior frequência de outros defeitos. Não são recomendadas para uso estrutural. Madeiras de terceira categoria Corte da árvore Processamento da madeira (beneficiamento) Retirada da casca Corte de toras de 5 a 6 metros Desdobra- mento em pranchas Secagem Cortes posteriores 34 36 • Tora de madeira para desdobramento 38 Produz material menos homogêneo, mas é mais barato que o desdobramento radial. Desdobramento (ou tangencial) paralelo das toras http://grandpacliff.com/Science/Thinking.htmhttp://guitarra99.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html Produz material mais homogêneo, mas é mais caro que o desdobramento paralelo. Desdobramento radial das toras http://guitarra99.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html Uma vez seca, a madeira recebe novo desdobramento para que atinja medidas comerciais conhecidas. Ocorre normalmente na serraria / madeireira / carpintaria. O aparelhamento de peças é feito a partir deste processamento. Processamento secundário É composta por: • Água livre: preenche os poros • Água de impregnação: adere às células • Água de constituição: faz parte da química da madeira, nunca é eliminada. Madeira verde: tem cerca de 30% de umidade. Madeira meio seca: tem grau de umidade acima de 23% Madeira comercial: tem umidade entre 18 e 23% - aceita-se grau a partir e 15%. A madeira estrutural deve ter um grau de umidade compatível com o meio ambiente onde ela será usada. Caso contrário, a madeira irá ceder ou retirar umidade do meio ambiente. Consiste em se eliminar: • Água livre • Água de impregnação Secagem da madeira Umidade da madeira 43 É feita ao ar livre, pelo empilhamento da madeira na horizontal e elevada do piso, com sarrafos de madeira seca como separadores. É feita em área coberta e aberta nos lados, para que o vento, a temperatura e umidade do ar ambiente se encarreguem de secá-la até atingir a umidade de equilíbrio do local. A função dos separadores é permitir que a circulação do ar entre as peças retire a umidade da madeira. Pode levar de 1 a 3 anos, dependendo do tipo de madeira. Secagem natural da madeira 45 É bem mais rápida que a natural e permite um maior controle dos defeitos de secagem e a obtenção de teores de umidade bem inferiores à umidade de equilíbrio regional. Consta de uma câmara fechada com dispositivos para fornecer calor, umidade e ventilação, dentro da qual a madeira vai passando. A umidificação é feita através da injeção de vapor de água a baixa pressão e a circulação do ar através de ventiladores. Demora de dez a trinta dias por polegada de espessura da prancha. Secagem artificial da madeira • Equipamento de • secagem de madeira São as madeiras com seção transversal composta por uma peça de madeira, que pode ser bruta, falquejada ou serrada. Madeiras maciças Classificação de peças estruturais • Bruta ou roliça – troncos, e servem para estacas, escoramentos, colunas, etc. • Falquejada - tem as faces laterais aparadas a machado, formando seções maciças, quadradas ou retangulares. • Serrada – é o produto estrutural de madeira mais utilizado. O tronco é cortado em serrarias, em dimensões padronizadas para o comércio, passando depois por um período de secagem. Serrada Falquejada Bitolas comerciais de madeiras serradas Produto estrutural muito utilizado nos países da Europa e América do Norte. A madeira selecionada é cortada em lâminas, de 15mm a 50mm de espessura, que são coladas sob pressão, formando grandes vigas, em geral de seção retangular. Madeira laminada e colada Classificação de peças estruturais Processo Produtivo da MLC Fonte: http://madeiralaminadacolada.com/processo- producao.php http://madeiralaminadacolada.com/ Emendas em peças de madeira laminada e colada Tração paralela às fibras Ensaios mecânicos feitos nas emendas de madeira Compressão paralela às fibras Flexão estática Cisalhamento paralelo às fibras Compressão perpendicular às fibras Fendilhamento • REBELLO, Yopanan. Bases para projeto estrutural na Arquitetura. São Paulo: Zigurate Editora, 2007. • QUOIRIN, N. S. R. Diagnóstico de Defeitos em Madeira por Tomografia de Raios X. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Materiais e Processos , Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2004. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/biblioteca/trabalhos/trabalhos/Dissertacao_Nil ton.PDF. Acessado em 26/08/2012. • Melo, Julio Eustaquio de. Sistemas estruturais em madeira. Universidade Federal de Brasília, 2013. • Melo, Julio Eustaquio de. Boletim 1: Informações básicas sobre a aquisição e utilização da madeira serrada. Referências 53
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