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SUPERDOTAÇÃO E ALTAS HABILIDADES 
Roberto Fonseca 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2018 
 
 
1 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. O aluno e a familia 
 
Objetivo: 
Entender a sequência de padrões normais do desenvolvimento de famílias tradicionais 
e modernas como facilitador/inibidor das múltiplas habilidades de um individuo 
superdotado. 
 
Introdução: 
A ocorrência de uma criança superdotada/com altas habilidades, gera uma grande 
repercursão entre pais e filhos no contexto familiar, acarretando em mudanças em suas 
interações, influenciando positiva ou negativamente o desenvolvimento da criança. 
 
Tanto a família como escola, exercem papel essencial no desenvolvimento das 
habilidades das crianças superdotadas, portanto, é de suma importância que essa família 
esteja preparada e que tenha um suporte adequado para melhor compreensão do 
comportamento e necessidades de seu filho com altas habilidades. Nesse sentido, entra a 
escola como parceira, dando suporte e orientação, promovendo estímulos nas relações 
interpessoais. 
 
1.1. O aluno e a família 
De acordo com Deslile (1992), a ocorrência do surgimento de uma criança com altas 
habilidades/superdotação no meio familiar, produz uma repercurssão nos papéis entre pais 
e filho com esse potencial, exigindo de todos os indivíduos do meio uma alteração em seus 
comportamentos. 
 
A família é o primeiro estágio social do indivíduo, onde se transmite a cultura e 
costumes, passada por gerações, associado aos conhecimentos agregados ao longo do 
tempo (DESSEN E BRAZ, 2005). A família possui uma visão crítica na incrementação dos 
talentos, posteriormente associando as mesmas funções às escolas. 
 
Os pais, normalmente, possuem pouca ou nenhum conhecimento a despeito das 
necessidades de seus filhos com altas habilidades/superdotação, ficando imprecisos 
quanto ao rumo de seus comportamentos, se estimulam ou inibem as capacidades 
inerentes ao filho “especial”. 
 
 
2 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Essa situação se dá por conta de preconceitos e esteriótipos vinculados a criança 
superdotada; sobre a hostilidade disfarçada sobre aqueles que possuem alto potencial, 
maior que o deles; limitação em seu meio de projetos adequados, de forma a ajudar seus 
filhos no processo de integração e estimulação de suas potencialidades; sobre a 
discrepância, na prática, nas orientações em relação a criação e educação de um filho 
“normal” e do seu superdotado; e pela predileção em se ter uma criança “normal” ao invés 
de um filho superdotado, com necessidades diferenciadas (COLANGELO, 1997; 
SILVERMAN, 1993; WEBB & DEVRIES, 1998). 
 
A Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação recomendou aos 
Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação, um suporte ao aluno e 
professor, com unidade específica de auxílio e orientação, informação e assistência à 
família onde se apresente uma criança superdotada, visando uma permuta constante entre 
família e escola, para que os familiares não se sintam sem apoio ou desnorteados com a 
situação. 
 
A finalidade dessa união entre família do superdotado e escola tem como objetivo um 
incremento no conhecimento e desempenho das potencialidades dessas crianças e jovens, 
proporcionando um aumento nas relações interpessoais no meio familiar e escolar. 
 
Maria Auxiliadora Dessen, sinaliza sobre a importância da família como 
impulsionadora do desenvolvimento das crianças superdotadas, ajustando conceitos, 
desafios, crenças e valores em tempos modernos. Afirma que a família é constituída por 
subsistemas integrados e interdependentes por conta das influências sociais, históricas e 
culturais de forma bilateral. (DESSEN; BRAZ, 2005). 
 
A família também é entendida como um dos primeiros estágios de socialização e 
sobrevivência da criança, com papel importante no desenvolvimento do indivíduo. 
(DESSEN, 1997; KREPPNER, 1992, 2000, 2003). 
 
1.2. Família nos tempos modernos 
Por muito tempo, o modelo de família tradicional, aceito socialmente, era composto 
por pai, mãe e filhos derivados desse relacionamento, com o patriarcalismo sendo 
imperante, sendo denominado “família tradicional nuclear” (SINGLY, 2000). 
 
 
3 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Esses padrões a despeito de conceitos sobre família têm se transformado com o 
decorrer das gerações onde “casais de genitores casados ou solteiros vivendo com seus 
filhos solteiros em uma mesma casa” (PETZOLD, 1996, p. 29), passaram a não ter a mesma 
importância, embora seja o modelo mais observado na sociedade ocidental. 
 
Outros modelos de família surgiram, com padrões diferentes dos modelos tradicionais, 
com suas particularidades afetivas e sexuais convivendo de forma harmônica na sociedade, 
de caráter legítimo (TROST, 1995). 
 
1.3. A heterogeneidade das famílias 
Hoje, percebemos que existem variadas tipologias representando o ambiente familiar, 
dentre elas, encontramos os grupos de homossexuais ou com filhos originários de 
inseminação artificial, enquanto que outras, embora já existissem, agora for a classificadas 
como “famílias reconstituídas”, onde criançaas vivem apenas com um dos seus genitores, 
normalmente por conta de morte ou divórcio (STRATTON, 2003). 
 
Resumidamente, podemos dizer que família é uma comunidade social, definido por 
convivência íntima entre váriaas gerações (PETZOLD, 1996, p. 39). 
 
As múltiplas tarefas das mulheres, não só como mães como também profissionais, 
alterou as relações maritais e parentais, surgindo um aumento no valor da presença dos 
avós e irmãos mais velhos nos cuidados com as crianças (DESSEN & BRAZ, 2000), 
derivando em uma necessidade cada vez maior de que as crianças sejam independentes 
e que tenham conhecimentos técnicos para lidar com aparelhos eletrônicos em função de 
sua alimentação. 
 
 
 
4 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
As alterações sofridas com as mudanças referentes ao modelo e as necessidades das 
famílias atuais geraram alterações em relação a educação e a socialização dos filhos 
(DESSEN, 1997; KREPPNER, 1992). 
 
1.4. Etapas evolutivas no grupo familiar 
Com a finalidade de compreender as etapas evolutivas do grupo familiar, Carter e 
McGoldrick, (1989/1995), sugeriram etapas baseado na classe média de americanos. 
 
O primeiro estágio é marcado pela apartação do jovem adulto, de sua família, que sai 
em busca de sua própria independência econômica e emocional. Nessa fase, a função 
familiar é a de não romper subtamente o elo das relações. 
 
O segundo estágio, é a ligação das famílias de origem com sua nova família, realizada 
pelo casamento, onde de dois sistemas familiares, surge um terceiro, formdo pelo casal. 
Nessa fase, pode surgir dificuldades em um ou ambos em romper as fronteiras com suas 
famílias de origem. 
 
 
 
5 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A terceira etapa desse ciclo, é a transformação do casal decorrente do nascimento 
dos filhos, onde o casal passa a ser genitores, convivendo com seus filhos pequenos. O 
principal objetivo passa a ser a promoção do desenvolvimento das crianças. 
 
O confonto mais usual nessa fase, passa a ser a discordância quanto aos cuidados e 
a despeito das divisões de tarefas em casa e com os filhos. É justamente nessa fase, onde 
encontramos o maior número de divórcios, que se origina entre o primeiro e o quinto ano 
de casamento.A quarta etapa, diz respeito as mudanças decorrentes dos períodos de adolescência 
dos filhos desse casal, onde surgem os questionamentos dos adollescentes a despeito de 
regras, conceitos familiares, limites, valores e crenças de seus genitores, em busca de suas 
identidades pessoais. 
 
É o momento que requer maleabilidade familiar, principalmente entre pais e filhos 
adolescendes, onde os pais vão progressivamente perdendo sua autoridade. Dentro dessa 
situação, surge nos pais a “crise do meio da vida”, marcada pelas ponderações sobre as 
satisfações e insatisfações pessoais dos pais, com relação ao casamento, sua vida 
profissional e pessoal (CARTER; MCGOLDRICK, 1989/1995). 
 
A quinta etapa se refere ao estágio onde as famílias estão no meio da vida, 
promovendo o suporte necessário para que os filhos possam se tornar independentes a 
 
 
6 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
ponto de criarem seus espaços pessoais e profissionais, dando continuidade ao ciclo de 
vida familiar. 
A prioridade nesse período é o encaminhamento dos filhos, já adultos enquanto 
retomam o relacionamento entre os cônjuges, facilitando a ausência dos filhos no meio 
familiar. 
 
O sexto e último estágio do ciclo familiar se refere ao período em que os genitores 
chegam a fase da “terceira idade”. O principal objetivo nessa fase é a de aceitação do 
envelhecimento e mudanças dos papéis em suas vidas, onde pais se transformam em avós, 
e filhos em pais. 
 
A maior dificuldade nesse período é a de lidarem com os problemas que surgem na 
fase madura, seu sustento através de uma aposentadoria, seu relacionamento conjugal, 
nem sempre satisfatório e a possível perda de seu conjuge (CARTER; 
MCGOLDRICK,1989;1995). 
 
1.5. A família e sua importância para o desenvolvimento de altas habilidades 
A família constitui o primeiro ambiente que possibilita a evolução do ser, promovendo 
a sobrevivência e a socialização do ser (Kreppner, 1992, 2000), proporcionando a 
organização do conhecimento inter-geracional, na manutenção e propagação de valores, 
tradições e culturas (Kreppner, 2000, 2003). 
 
 
 
7 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
De acordo com Gottlieb (2003), as experiências vividas podem decorrer de três 
formas. A primeira, denominada “indutiva”, onde o desenvolvimento da criança é 
direcionado em um sentido, mais do que em outro. 
 
O desenvolvimento da habilidade social e cognitiva se dá por experiências indutivas, 
onde o indivíduo é exposto as variadas situações, como aprendizado de outras linguas. 
Outra maneira de induzir o desenvolvimento é classificada como “facilitadora”, onde a 
maturação fisiológica e estrutural do desenvolvimento da criança é alterada de forma 
temporal e quantitativo, operando em conjunto com as experiências indutivas (Gottlieb, 
2003). A variação diz respeito a “manutenção”, com o objetivo de sustentar a integridade 
dos sistemas comportamentais e neurais formados. No caso de crianças com altas 
habilidades, cabe a família, propiciar ou não essas experiências. 
O ambiente familiar onde haja uma criança superdotada, denota característica própria, 
onde a organização gira em torno das necessidades dessa criança, com ambientes ricos 
em experiências e estímulos (Winner, 1998). 
 
Cabe aos pais fornecer padrões de contura, valores, apoiando e encorajando a 
autonomia, curiosidade e exploração de seus filhos em sua expressão verbal e emocional 
(Silverman, 1993). 
 
As famílias que apresentam filhos com altas habilidades são mais unidas, denotando 
menor conflito entre pais e filhos e com isso, apresentam taxas menores de divórcios 
(Winner, 1998). 
 
Nas relações familiares, o direcionamento da socialização está intimamente 
relacionado ao tipo de habilidade da criança. Como exemplo, podemos citar as famílias 
onde os filhos supertotados tem mais habilidade com música e atletismo, apresentando a 
socialização é mais diretiva, e artes visuais, menos diretivas e academicamente 
superdotadas apresentando uma situação intermediária. 
 
O cliclo famiiliar é alterado, quando se percebe que na família existe uma criança 
superdotada, o que normalmente ocorre aos 5 anos de idade, embora, desde o nascimento, 
essas crianças já apresentem comportamentos diferenciados (Silverman, 1993). Essa 
situação apresenta desafios específicos como desenvolver as habilidades em relação ao 
tipo de escola ideal, acelerar ou não o desenvolvimento, pulando estágios escolares, e 
 
 
8 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
mesmo a discrepância que pode surgir entre suas necessidades de habilidades especiais, 
contradizendo suas necessidades cronológicas. 
 
Resumidamente, a qualidade das relações familiares influencia muito o 
desenvolvimento das habilidades das crianças superdotadas. “A superdotação é uma 
qualidade da família, mais do que uma qualidade que diferencia a criança do resto de sua 
família” (Silverman, p. 171). 
 
 
 
9 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. Superdotação e as múltiplas inteligências 
 
Objetivo: 
Propiciar a compreensão da concepção e estimulação das múltiplas inteligências. 
 
Introdução: 
O termo "inteligência" é utilizado com grande frequência e pouco nos questionamos 
sobre o real significado e sentido da palavra. A concepção mais clássica de inteligência é 
definida por William Stern, que compreendia como “ser a capacidade pessoal para resolver 
problemas novos, fazendo uso adequado do pensamento” (AMARAL, 2007). Outros 
diversos autores, definem inteligência pelo uso de todos os equipamentos mentais que dão 
conta da adequação das tarefas da vida. O entendimento sobre a inteligencia tambem pode 
ser definido como “uma capacidade mental que pode ser medida e quantificada por meio 
dos famosos testes de QI” (AMARAL, 2007). 
 
O inicio dos estudos sobre o inivel de inteligencia teve inicio no final do século XIX, 
onde, diversos estudiosos se propuseram a realizar múltiplos testes para avaliar esse 
quesito. No inicio do século XX, o governo francês solicitou aos psicologos Binet e Simon, 
que elaborassem um exame/método que pudesse identificar crianças com deficiencia 
intelectual. Eles criaram o primeiro teste de QI (Quociente de Inteligência), em 1900 
baseando-se em uma estruturação em escala métrica para a inteligencia, partindo do 
conceito de que independentemente da condição social ou economica, o desempenho de 
uma criança é previsivel, conceituando a inteligencia como um aglomerado de processos 
de pensamentos que constituem a adaptação mental. Inicialmente, o proposito do teste era 
para identificar crianças que precisavam de ajuda na escola. O método original, criado por 
Binet, baseava-se em separar as notas por grupos de idade”, ou seja, as crianças que 
realizavam o teste e tiravam notas acima da média para crianças daquela idade, era 
considerado como um destaque, assim como quem tirava nota abaixo do que a média da 
idade, denotava a necessidade de auxilio. 
 
Os trabalhos de Binet e Simon logo foram bastante questionados, principalmente 
porque os testes pareciam não dar conta de avaliar a capacidade do indivíduo 
adulto, e também porque partiam do estudo de crianças com deficiências. Na 
realidade, os autores elaboraram uma “escala métrica da inteligência” para detectar 
na escola os retardados “perfectíveis”, ou seja, aqueles que seriam suscetíveis de 
freqüentar as classes chamadas de “aperfeiçoamento”. Contrariamente aos 
“retardados de asilo” (os incapazes de qualquer tipode aprendizado), os retardados 
“perfectíveis” poderiam adquirir elementos da instrução primária, aprender certas 
 
 
10 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
normas sociais e, assim, serem, mais tarde, socialmente utilizáveis no mercado de 
trabalho, no exercício de profissões manuais (AMARAL, 2007, p.2). 
 
Atualmente o teste possui o conceito um tanto quanto diferenciado, possuindo uma 
estrutura mais complexa. O gráfico de resultados é mundialmente conhecido como “Bell 
Curve” (Curva do Sino), denotando que as notas mais baixas são tão raras quanto as mais 
altas, onde notas abaixo de 70, são consideradas muito baixas (inteligencia abaixo da 
média) e acima de 121 muito alta (inteligencia acima da média) (AMARAL, 2007). 
 
2.1. Concepções de inteligencia 
Nas últimas cinco décadas o termo “inteligência” assumiu diversos conceitos 
diferenciados e variados. 
 
Ao lado de termos como “testes de inteligência”, “inteligência brilhante”, “pouco 
inteligente”, temos ouvido e visto aparecer “inteligência artificial”, “sistemas 
inteligentes”, “inteligência emocional”. Na verdade, mesmo os psicólogos estão 
cada vez mais reticentes quanto à possibilidade de mensuração da inteligência, 
questionando os famosos testes de QI. A própria concepção de inteligência como 
uma competência individual, como a capacidade de raciocinar, de compreender, 
desprezando-se aspectos outros da subjetividade dos indivíduos, parece hoje 
questionável. Cada vez mais ganha força uma concepção de que a inteligência tem 
aspectos múltiplos e variados na sua avaliação, e, sobretudo, questiona-se a 
relação entre inteligência e bom desempenho escolar (AMARAL, 2007, p.5). 
 
O Dr. Gardner conduz a muitos anos pesquisas sobre o desenvolvimento das 
capacidades cognitivas humanas. Em seu estudo, rompe-se a tradição comum da 
inteligência, que se define em duas suposições fundamentais: “a cognição humana é 
unitária e os indivíduos podem ser adequadamente descritos como possuidores de uma 
inteligência única e quantificável” (apud CAMPBELL et all, 2000). Seus diagnósticos de 
pesquisa sobre as capacidades humanas estabelecem critérios segundo os quais é 
possível medir se um talento é realmente uma inteligência e que cada inteligência deve ser 
uma característica de desenvolvimento do ser, ser passível de observação em pessoas 
especiais, tanto quanto em prodigíos ou em “idiotas savants” (individuos que possuam 
algum retardo intelectual/mental que demonstram talento especial em alguma área limitada, 
como memorização, rápida realização de cálculos, etc.) (CAMPBELL et all, 2000). 
 
A maioria das pessoas possuem todos os espectros das inteligências, entretanto, 
cada indivíduo denota características cognitivas diferentes. Em suma, cada ser, possuí 
quantidades variadas das oito inteligências, que são combinadas e usadas de acordo com 
 
 
11 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
as necessidades e os interesses, tornando essa combinação e seu uso extremamente 
pessoal. A restrição aos programas educacionais em predomínio de inteligencias 
relacionadas as areas linguísticas e matemáticas minimizam a importância das outras 
formas de conhecimento e de aprimoramento das outras inteligencias, com isso, muitos 
alunos que tem suas inteligencias direcionadas para as outras áreas, não conseguem 
demonstrar as inteligencias acadêmicas tradicionais e ficam confinados à baixa estima 
enquanto seus pontos fortes podem passar despercebidos e/ou serem perdidos, tanto em 
âmbito escolar quanto em questão de convivência e utilidade na sociedade em geral 
(CAMPBELL, et all, 2000). 
 
Alguns genios da humanidade sofreram pelo ensino ter apenas enfoque no 
aprendiado radicional, tal exemplo, cita-se, Einstein, que assim se referia ao seu processo 
de aprendizagem: 
 
As palavras ou a língua, escrita ou falada, não creio que desempenhem 
nenhum papel no mecanismo de meu pensamento. Os entes físicos que parecem 
servir de elementos ao pensamento são certos signos e certas imagens mais ou 
menos claras que podem ser ‘voluntariamente’ reproduzidas e combinadas. 
(HADAMARD, 1945, p. 131). 
 
Carl Jung, também relata sobre seu procresso e experiência escolar: 
 
O colégio me aborrecia. Tomava muito tempo que eu teria preferido 
consagrar aos desenhos de batalhas ou a brincar com fogo. O ensino religioso era 
terrivelmente enfadonho e as aulas de matemática me angustiavam. A álgebra 
parecia tão óbvia para o professor, enquanto que para mim os próprios números 
nada significavam: não eram flores, nem animais, nem fósseis, nada que se 
pudesse representar, mas apenas quantidades que se produziam contando... Para 
minha surpresa, os outros alunos compreendiam tudo isso com facilidade. Ninguém 
podia me dizer o que os números significavam e eu mesmo não era capaz de 
formular a pergunta. Com grande espanto descobri que ninguém entendia a minha 
dificuldade... O fato de nunca ter conseguido encontrar um ponto de contato com as 
matemáticas (embora não duvidasse que era possível calcular validamente) 
permaneceu um enigma por toda a minha vida. O mais incompreensível era a minha 
dívida moral quanto à matemática... As aulas de matemática tornaram se o meu 
horror e o meu tormento. mas como tinha facilidade nas outras matérias, que me 
pareciam fáceis, e graças a uma boa memória visual, conseguia desembaraçar-me 
também no tocante à matemática: meu boletim geralmente era bom, mas a angústia 
de poder fracassar e a insignificância da minha existência diante da grandeza do 
mundo provocavam em mim não apenas mal-estar, mas também uma espécie de 
desalento mudo que acabou por me indispor profundamente com a escola. 
(PORTAL..., [200-?]) 
 
A pesquisa mencionada, alem de expor uma família mais ampla de inteligências 
humanas, também gerou uma definição pragmática inovadora do conceito da inteligência. 
 
 
12 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Ao invés de se ter o "talento" humano em termos de uma pontuação em um teste 
padronizado, Gardner distingue inteligência como: 
 
 A capacidade para resolver problemas encontrados na vida real. 
 A capacidade para gerar novos problemas a serem resolvidos. 
 A capacidade para fazer algo ou oferecer unm serviço que é valorizado em sua 
própria cultura. 
 
A definição de Gardner da inteligência humana ressalta a natureza multicultural da 
sua teoria. 
 
2.2. Uma descrição das oito inteligências 
No livro Estruturas da Mente de Gardner (1983), o autor apresentou a sua Teoria das 
Inteligências Múltiplas, que corrobora a perspectiva intercultural da cognição humana. As 
inteligências são linguagens que todos os seres utilizam no dia-a-dia, em partes, são 
influenciadas pela cultura local que o individuo recebeu. São ferramentas de aprendizado, 
resolução de problemas e criatividade que todos os seres podem usar. 
 
 
 
A inteligência linguística consiste na habilidade de 
lidar de forma criativa com as palavras e linguagens, na 
forma diferenciada de pensar com as palavras e de usar 
essa linguagem para se expressar e apreciar 
significados complexos. Pessoas que agem assim, 
denota, elevado grau de inteligência linguística. Como 
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-mytap-
rNut0/UYBqo_lsLaI/AAAAAAAAADI/RBCicRc1ZrY/s640/inteligencias-
multiples.jpg 
 
 
13 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
exemplo de quem possui esse tipo de inteligência, estão os autores de livros, poemas, de 
jornais, dos que discursam, políticos, dos palestrantes e locutores. 
 
A inteligência lógico-matemática favorece relacionartemas de forma esquemática, 
calculando, quantificando, considerando proposições e 
hipóteses, realizando operações matemáticas complexas. A área 
no cérebro em que está localizada, fica no lado esquerdo. 
Geralmente é encontrado em cientistas, matemáticos, 
contadores, variados ramos da engenharia, técnicos e 
programadores de computação. 
 
A inteligência espacial leva a pessoa, a pensar e 
perceber o mundo de forma tridimensional, física e 
mentalmente, reais ou imaginários, como fazem os 
navegadores, pilotos, artistas plásticos, engenheiros 
em suas várias especialidades e arquitetos. Permite ao 
indivíduo perceber imagens externas e internas, 
recriar, transformar ou mesmo modificar imagens, gera a capacidade de se movimentar em 
seu cenário ou mesmo objetos pelo espaço tridimensional além de produzir ou decodificar 
informações gráficas. 
 
A inteligência cinestésico-corporal permite que a pessoa 
manipule objetos e sintonize habilidades fisicas. É a habilidade 
em se usar o próprio corpo, de forma precisa, cuja finalidade é a 
de desempenhar de forma eficaz metas e objetivos específicos. 
Ela é mais evidenciada em atletas, dançarinos, cirurgiões e 
artesãos. 
 
 
 
 A inteligência musical é evidente em individuos que possuem uma sensibilidade para 
a entonação, melodia, ritmo e tom. Surgem espontaneamente em seus pensamentos ritmos 
e melodias, são os contadores de histórias, compositores, maestros, instrumentistas, 
 
 
14 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
críticos musicais, fabricantes de instrumentos musicais e 
tambem ouvintes, que usualmente marcam ritmos com 
alguma parte de seu corpo ao ouvirem uma música. Estudos 
evidenciam que a música favorece o aumento da massa 
cinzenta cerebral. 
 
A inteligência interpessoal é a competência de interpretar e saber lidar com outros 
indivíduos diante de situações, valores, crenças, éticas costumes, interesses e motivações 
pessoais de forma efetiva e com elas através da empatia, usando mais o emocional do que 
o racional, deixando de lado pré-julgamentos e 
preconceitos. Os indivíduos com essa inteligência 
possuem grande habilidade em motivar os demais 
para o bem comum. É evidente em professores bem-
sucedidos, assistentes sociais, atores, profissionais 
da área da saúde, psicólogos, ou politicos bem-
intencionados. 
 
A inteligência intrapessoal diz respeito ao 
controle de seus sentimentos e emoções frente às 
adversidades em seu cotidiano usando esse 
conhecimento no planejamento de metas de 
objetivos e no direcionamento de sua vida. A 
direção na conquista desse tipo de inteligência 
baseia-se no autoconhecimento. Pessoas com grande inteligência intrapessoal 
normalmente é bem-sucedido em qualquer carreira e alguns especializam-se como 
teólogos, psiquiatras, psicólogos ou mesmo filósofos. 
 
A inteligência naturalista consiste em analisar e 
classificar as particularidades da flora e da fauna, de seu 
entorno e riquezas, integrando o ser humano dentro desse 
ecossistema de forma harmônica, baseado em uma 
consciência ambiental, derivada da educação ambiental. 
Incluem-se entre eles os naturalistas, botânicos, ecologistas 
e paisagistas. 
 
 
 
15 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Gardner relata que a visão sobre as inteligências não deve estar limitada à aquelas 
que ele identificou, entretanto, o mesmo acredita que as oito proporcionam maior 
compreensão e entendimento em maior amplitude do que as teorias anteriores. Ao contrario 
dos testes padrões de QI, suas medidas e quantificações, a teoria de Gardner oferece uma 
imagem expandida do que significa a inteligencia humana. O autor declara áreas de 
subinteligências contidas nas inteligências por ele declaradas. (CAMPBELL, et all, 2000). 
 
Outro fator da inteligência múltipla é que ela apresenta a capacidade de ser dividida 
em outras três categorias. Quatro das oito estão “relacionadas ao objeto” encontradas e 
moldadas em seu meio, que são as inteligências espacial, lógico-matemática, cinestésico-
corporal e naturalista. As “insentas de objetos”, representadas pelas inteligências 
linguística-verbal e musical não são relacionadas ao mundo físico, porém dependem da 
expressão da linguagem e dos sistemas musicais. A terceira e última categoria se refere as 
inteligências “relacionada às pessoas”, e não aos objetos, como as inteligências 
interpessoal e intrapessoal denotando um agrupamento de equilíbrio. 
 
Ao ver do autor e pesquisador, cada inteligência possui uma sequência própria de 
desenvolvimento, surgindo e progredindo em diferentes momentos da vida. A inteligência 
musical é a forma de inteligência humana que emerge mais precocemente, entretanto, não 
há estudos de qual seja a razão deste fato ocorrer. Gardner incute que a revelação de uma 
inteligência musical na infância, pode estar condicionada ao fato de que tal inteligência não 
nescessita de experiências adquiridas ao longo da vida, ao contrário das demais, que 
requerem interação com os objetos e pessoas para se tornare bem desenvolvidas. 
 
Segundo Gardner (1994, 2000) e Gama (1994), tais inteligências podem ser 
agrupadas da seguinte forma: 
 
 Inteligências não relacionadas aos objetos: Lingüística e Musical; 
 Inteligências relacionadas aos objetos: Lógico-Matemática, Espacial e 
Corporal- Cinestésica; 
 Inteligência relacionada ao conhecimento sobre o mundo vivo: Naturalística; 
 Inteligências vinculadas à relação pessoal: Interpessoal e Intrapessoal. 
 
É óbvio que a criatividade pode se manifestar em qualquer uma das inteligências, 
entretanto, Gardner observou que a maioria das pessoas que manifestavam sua 
 
 
16 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
criatividade em um domínio específico. Como exemplo CAMPBELL et all (2000), cita 
Einstein, que por mais fosse um matemático e cientista brilhante, não exibia tal genialidade 
nas habilidades linguísticas, cinestésicas ou interpessoais. Segundo os autores, a maioria 
das pessoas parecem destacar-se apenas em uma ou duas inteligências, enquanto 
superdotados podem possuir mais variaveis, porem não todas em sua total capacidade. 
 
Segundo Renzulli (1988, p.20 apud VIEIRA, p.10) “[...] os comportamentos de 
superdotação são manifestações do desempenho humano que podem ser desenvolvidos 
em certas pessoas, em determinados momentos e sob determinadas circunstâncias”. 
Renzulli (1986) realizou uma declaração formal de que não há garantias de que uma 
concepção ou definição de altas habilidades/superdotação seja uma rotulação definitiva 
deste sujeito, pois são muitos os fatores que intervêm na sua manifestação. Com a intenção 
de tornar mais flexíveis os procedimentos de sua identificação e incluindo outras 
características que os métodos tradicionais de avaliação não contemplavam, Renzulli 
(1986, 1988, 1996, 2000) propôs a concepção de superdotação a partir do conceito dos 
Três Anéis da Superdotação. Tal abordagem é representada, graficamente, na figura 
abaixo, segundo Renzulli (1986, p.8): 
 
Assim sendo, a definição de portador de altas habilidades/superdotação 
adotada pelas instituições representativas deste segmento da população no Rio 
Grande do Sul – Associação Gaúcha de Apoio às Altas Habilidades/Superdotação 
- AGAAHSD e do Centro de Desenvolvimento, Estudos e Pesquisa nas Altas 
Habilidades da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas 
para as Pessoas Portadoras de Deficiência e de Altas Habilidades no Rio Grande 
do Sul - CEDEPAH/FADERS– está baseada na concepção de Renzulli (1986, 1988, 
 
 
17 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1996, 2000) que, a partir de uma análise de diferentes pesquisas com estes sujeitos, 
constatou a existência de três grupamentos de traços marcantes - capacidade 
acima da média, motivação e criatividade – que interagem entre si; e têm como 
suporte uma rede social composta pela família, escola, amigos dentre outros 
(VIEIRA, p.10). 
 
Segundo Vieira (-21, p.11) , os três grupos de características podem ser descritos da 
seguinte forma: 
 
 Habilidade acima da média - expressão utilizada para descrever o potencial 
de desempenho representativamente superior, em qualquer área determinada 
do esforço humano e que pode ser caracterizada por dois aspectos: habilidade 
geral e específica. A habilidade geral consiste na capacidade de processar as 
informações, integrar experiências que resultem em respostas adequadas e 
adaptadas às novas situações e à capacidade de envolver-se no pensamento 
abstrato. As habilidades específicas consistem nas habilidades de adquirir 
conhecimento, destreza e habilidade para o desempenho de uma ou mais 
atividades especializadas, dentro de um campo restrito do saber ou do fazer. 
 Envolvimento/comprometimento com a tarefa - forma refinada ou focalizada 
de motivação, que funciona como a energia colocada em ação em relação a 
uma determinada tarefa, problema ou área específica do desempenho. Renzulli 
(2000) refere que a inclusão desta característica no conceito das altas 
habilidades não é nova. Salienta estudos anteriores, como os de Galton e os 
de Terman, que indicam claramente a motivação como parte importante na 
atuação do sujeito com altas habilidades. Para Renzulli, o estudo longitudinal 
de Terman representa a investigação mais importante, amplamente 
reconhecida, e mais citada, no que se refere às características dos portadores 
de altas habilidades. Salienta que seu estudo apresenta dois períodos e que, 
geralmente, as pessoas fixam-se no primeiro, esquecendo-se que suas 
conclusões foram modificando-se progressivamente, em função das 
características da própria investigação longitudinal. Assim sendo, o autor 
ressalta, ainda, na mesma obra, que algumas destas conclusões devem ser 
consideradas. Cita que uma delas relaciona-se aos fatores de personalidade, 
determinantes extremamente importantes para o êxito, e representados pela 
“[...] persistência na finalização dos trabalhos, integração dos objetivos, 
confiança em si mesmo e carência de complexo de inferioridade”. (RENZULLI, 
2000, p. 59). 
 
 
18 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Criatividade - Renzulli (1986) refere que este terceiro grupo de traços é 
característico de todas as pessoas consideradas como portadoras de altas 
habilidades/superdotadas. Segundo Alencar e Fleith (2001), assim como na 
inteligência, na criatividade também se verifica uma diversidade de posições 
em relação a sua concepção. As autoras, entretanto, através da análise de 
diversas definições, salientam que um aspecto é comum a todas: o surgimento 
de um produto novo, reconhecido como satisfatório ou apropriado em sua 
cultura. Ostrower (1987) define criatividade como a possibilidade de dar forma 
a algo novo. Para a autora, criatividade é: 
 
[...] poder dar uma forma a algo novo. Em qualquer que seja o campo de 
atividade, trata-se, nesse ‘novo’, de novas coerências que se estabelecem para a 
mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e compreendidos em 
termos novos. O ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender; e 
esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar (OSTROWER, 
1987, p. 9). 
 
Os papel significativo que os colegas e a escola têm na identificação e 
desenvolvimento dos potenciais de individuos superdotados/altas habilidades, podem 
oferecer informações que geralmente passam despercebidas, ou que têm pouca 
importância para o adulto. 
 
O professor, oferece dados de uma vivência mais formal e acadêmica do 
aluno na sala de aula e desempenha papel importante, uma vez que, estando em 
contato com muitos e diferentes alunos, pode ter um conhecimento exaustivo das 
características e potencialidades de cada criança, indicando quais são as que se 
destacam, neste grupo. Entretanto, como destaco em Vieira (2004), a professora 
não é uma máquina, isenta de sentimentos. O aluno “diferente”, pela sua própria 
singularidade, exige que novas metodologias e alternativas sejam utilizadas para 
que o processo de ensino seja eficaz. O aluno com altas habilidades/superdotação 
está regularmente matriculado na escola regular e sua professora, geralmente, não 
tem a preparação e a informação necessária para atender a suas necessidades. 
Quero, com este pensamento, justificar alguns comportamentos agressivos ou de 
desqualificação observados nos depoimentos de alguns(mas) professores(as), pois 
entendo que o(a) professor(a) que escolheu fazer a formação na Educação Especial 
está capacitada para trabalhar com os alunos que apresentam necessidades 
educacionais especiais. Ou seja, há uma eleição profissional por esta área de 
trabalho. Já o(a) professor(a) do Ensino Básico, não tem a mesma qualificação, pois 
a disciplina que trata dos alunos com necessidades educacionais especiais ainda é 
optativa, na maioria dos cursos de Graduação. E quando existem nestes Cursos, 
abordam somente um subgrupo: o dos portadores de deficiência. 
 
É primordial para que todos que querem seguir a área da pedagogia e que venham a 
trabalhar com superdotados, reconheçam e compreendam a/as inteligência/inteligências 
que habitam em mente/corpo de um individuo, e que é possivel criar “ambientes 
inteligentes” para aprimorar o desenvolvimento dos alunos. Novos estudos sobre 
 
 
19 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
“cognições distribuidas” denotam que a inteligencia estende-se além dos individuos e é 
aperfeiçoada através do convivio com “outras pessoas, através de materiais de recurso em 
livros e banco de dados, e através dos instrumentos que usamos para pensar, aprender e 
solucionar problemas, como lápis e papel, agendas e diarios, calculadora e computadores” 
(CAMPBELL, CAMPBELL, DICKINSON, 2000). 
 
 
 
20 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. Inteligência verbal-linguística 
 
Objetivo: 
Compreender o conceito, as formas de trabalho e o papel do professor no 
desenvolvimento e aprimoramento da inteligência verbal linguística. 
 
Introdução: 
Escrever e falar de forma eficaz, ouvir com sensibilidade e ler em busca de apreender 
o conteúdo é um trabalho difícil. O entusiasmo pelas palavras, pela linguagem ao 
desfrutarem do som que delas provêm, o respeito e o uso adequado e responsável da 
escrita, desenvolve no aluno a paixão pelas palavras, pois percebe que seu bom uso, facilita 
a expressão de seus sentimentos, de sua razão ao vencer uma discussão ou ao explicar 
algo complexo gerando sensações de gratificação, estimulando-os a contunuar seu 
desenvolvimento. 
 
Leon Botstein, diretor do Bard College, descreve que “o principal instrumento de nossa 
tradição da educação é a alfabetização e o uso da linguagem”, afirmando que, “a esperança 
depende da posse da linguagem. O animal não pode ter esperança, porque não possui a 
linguagem. A esperança não é uma emoção, mas uma função da linguagem e, por isso, 
depende da educação. Para criar esperança em uma sociedade, é preciso haver 
educação.” 
3.1. Superdotados - Inteligência verbal-linguística 
"O poeta possui umarelação com as palavras que está além dos nossos potenciais 
normais, uma espécie de repositório de todos os usos conferidos a determinadas 
palavras em poemas anteriores. 
Esse conhecimento da história do uso da linguagem prepara- ou liberta - o poeta 
para realizar algumas combinações próprias à medida que constrói um poema 
original. É através dessa nova combinação de palavras, como insiste Northrup Frye, 
que temos nossa túnica maneira de criar novos mundos." 
Howard Gardner, Estruturas da Mente 
 
Segundo sugerido por Gardner a linguagem é um "exemplo proeminente da 
inteligência humana", indispensável para a sociedade humana. Observa-se a importância 
do aspecto persuasivo da linguagem, ou, em outras palavras, a capacidade de convencer 
outras pessoas a tomarem determinado curso de ação; a habilidade de memorização da 
 
 
21 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
linguagem, de usar as palavras para memorizar listas ou processos; a competencia da 
linguagem para explicar conceitos; a aptidão de realizar análises “meta-linguísticas”. 
 
O uso das palavras para comunicar e documentar, para expressar emoções 
fortes, para proporcionar música aos sons distingue os seres humanos dos outros 
animais. No início da história da humanidade, a linguagem mudou a especialização 
e a função do cérebro humano, oferecendo possibilidades para explorar e expandir 
a inteligência humana. A palavra falada possibilitou aos nossos ancestrais passar do 
pensamento concreto para o pensamento abstrato, à medida que progrediram da 
indicação dos objetos para sua nomeação e referência a eles em sua ausência. A 
leitura possibilitou aos seres humanos conhecerem objetos, lugares, processos e 
conceitos que não experimentamos manter como está pessoalmente, e a escrita 
possibilitou a comunicação com pessoas que o seu autor jamais conheceu. É através 
da habilidade de pensar com as palavras que os seres humanos podem lembrar, 
analisar, resolver problemas, planejar o futuro e criar (CAMPBELL et all, 2000, p.28). 
 
Um feto normalmente desenvolve a sua audição e a base da inteligência linguística 
verbal durante a fase intra-uterina. Diversos estudos, indicam que crianças que “ouviram 
histórias, canções e conversas antes do seu nascimento tiveram um início precoce no 
desenvolvimento da inteligência verbal-linguística”. Verney (apud CAMPBELL et all, 2000), 
atenta para a importância de haver a criação de ambientes ricos em linguagem em que os 
responsáveis pela criança às envolvam em interações verbais, “incluindo brincar com as 
palavras, contar histórias e piadas, fazer perguntas, declarar opiniões e explicar 
sentimentos e conceitos”. As crianças devem ser incluídas nas conversas e terem 
oportunidades de fazerem escolhas importantes, além de tomarem decisões. Uma criança 
nascida em um ambiente como o citado, tem maior propensão para se tornar um ouvinte 
orador, e escritor competente (CAMPBELL, et all, 2000, p.28). 
 
Em escolas, independentemente das disciplinas de aula, todas as salas devem ter 
seus ambientes ricos em linguagem, onde os alunos frequentemente possam falar, discutir 
explicar e, primordialmente, serem estimulados a curiosidade. O interesse em aprender 
aumenta quando os alunos sentem confiantes e seguros para fazer perguntas e discutir 
pontos de vista. “Expressar as idéias verbalmente é um importante e exercício 
metacognitivo, pois com frequência é escutando-nos falar ou lendo o que escrevemos que 
conseguimos insights sobre o que realmente pensamos e sabemos” (CAMPBELL, et all, 
2000, p.28). 
 
 
 
22 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Mesmo em salas de aula nas quais os alunos são antes de tudo ouvintes, essa 
habilidade raramente é ensinadas. Contudo, é ouvindo que se aprende a usar a 
palavra falada de maneira correta, efetiva e até eloquente. As deficiências nas 
habilidades de escuta são responsaveis por muitas aulas falhas, más interpretações 
e até danos físicos. Falar é outra habilidade essencial que não se desenvolve de 
maneira efetiva sem muita prática e estimulo. A escrita eficiente requer prática e 
também leitura - ampla e refletida. Na sala de aula bem-sucedida, em qualquer 
tema, todas essas quatro habilidades são contínua e ativamente desenvolvidas. O 
desenvolvimento desses quatro componentes da inteligência verbal-lingüística pode 
ter um efeito importante sobre o sucesso na aprendizagem de qualquer disciplina 
durante toda a vida (CAMPBELL, et all, 2000, p.28). 
 
3.2. Qualidades da inteligência verbal-linguística 
A leitura e a escrita compõem a muito tempo um terço da grade curricular, sendo 
instrumentos essenciais para a aprendizagem em todas as disciplinas. O autor e professor 
Stephen Tchudi discute a importancia do movimento do “desenvolvimento através do 
inglês” e observa as carastersiticas principais do modelo do crescimento pessoal, o qual: 
 
 Busca a linguagem dos alunos como ponto de partida para a instrução; 
 Permite a progressão naturaldo desenvolvimento das habilidades de 
linguagem, em vez das sequências prescritas; 
 Constrói as habilidades de acordo com o desenvolvimento, mesclando a 
instrução com o desenvolvimento cognitivo e linguístico dos alunos; 
 Conecta organicamente a linguagem e a literatura; 
 Integra os vários componentes das artes da linguagem-leitura, escrita, escuta 
e fala; 
 Usa as próprias experiências de vida dos jovens como ponto de partida para 
leitura e escrita; 
 Trata a linguaguem como um todo, em vez de dividir a instrução em diversas 
habilidades separadas. 
 
A lista que segue abaixo sugere indicadores da inteligência verbal-linguística. 
Indivíduos que possuem deficiências na escuta, de fala ou de visão, desenvolvem 
habilidades da linguagem e da comunicação de outras formas, normalmente através das 
outras inteligências discutidas ao longo dos proximos tópicos e capítulos (CAMPBELL, et 
all, 2000, p.28). É normal que uma pessoa com desenvolvimento maior na inteligência 
linguística apresente as seguintes caracteristicas: 
 
 
 
23 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Escuta e responde ao som, ao ritmo, à cor e à variedade da palavra falada; 
 Imita os sons, a linguagem, a leitura e a escrita dos outros; 
 Aprende através de escuta, leitura, escrita e discussão; 
 Escuta eficientemente, compreende, parafraseia, interpreta e recorda-se do 
que foi dito; 
 Lê eficientemente, compreende, resume, interpreta ou explica e recorda-se do 
que foi lido 
 Fala eficientemente para uma variedade de audiências, para uma variedade de 
prospósitos, e sabe como falar de maneira cimples, eloquente, persuasiva ou 
apaixonada nos momentos adequados; 
 Escreve eficientemente: compreende e aplica regras de gramática, ortografia, 
pontuação e usa um vocabulário eficiente; 
 Exibe habilidade para aprender outros idiomas; 
 Usa a escuta, a fala, a escrita e a leitura para recordar, comunicar, discutir, 
explicar, convencer, criar conhecimento, construir significado e refletir sobre a 
própria linguagem; 
 Esforça-se para melhorar seu próprio uso da linguagem; 
 Demonstra interesse por jornalismo, poesia, narração de histórias, debates, 
fala, escrita ou edição; 
 Cria novas formas linguísticas a obras originais de comunicação escrita ou oral. 
3.3. Processo de aprendizagem verbal-linguísticos 
A tendência de tentar ensinar as habilidades verbais isoladamente ou fora do contexto 
pode ser a razão de muitos alunos não as dominarem plenamente. Embora cada habilidade 
seja discutida separadamente, todas estão intimamente relacionadas e devem ser 
trabalhadasadequadamente (CAMPBELL, et all, 2000, p.28). 
 
 Estabelecimento de um ambiente de aprendizagem verbal-linguístico 
o Escutar para aprender 
o Falar 
o Ler 
o Escrever 
o A tecnologia que aprimora a inteligencia verbal-linguística 
o Resumo 
 
 
24 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3.3.1. Estabelecimento de um ambiente de aprendizagem verbal-linguistíco 
A inteligência verbal linguistica é enraizada em nossos sentimentos de competência e 
autoconfiança. Professores, podem e devem proporcionar fortes modelos, brincando com 
as palavras, compartilhando com seus alunos livros, envolvendo-se com entusiasmo nas 
discurssoes, proprocionando saídas para assistir às produções teatrais locais e contando 
histórias (CAMPBELL, et all, 2000, p.28). 
 
Contar histórias é uma estratégia para desenvolver as artes da linguagem. Esse 
método deveria ser mais utilizado para motivar os alunos, explicar os processos ou eventos, 
ou simplesmtente criar um ambiente hospitaleiro. Histórias contadas sob forma de 
parábolas são utilizadas constantemente em diversas regiões do mundo para propiciar o 
ensinamento de princípios e ensinamentos. Ao longo da história, os mitos foram inventados 
e contados para explicar fenômenos científicos, e as lendas divertiram, inspiraram e 
motivaram ou ouvintes. “A tradição oral é antiga e reconhecida como um dos modos de 
comunicação mais eficientes” (CAMPBELL, et all, 2000, p.30). 
 
O hábito de realizar a leitura em voz alta, leva o som, o ritmo e a música da linguagem 
ao ouvido, propiciando o desenvolvimento da habilidade verbal-linguístico. Frquentemente, 
os autores quando lêem suas proprias obras, conseguem ter uma percepção mais profunda 
dos seus escritos, assim como, professores ao lerem em voz alta contos ou histórias com 
entusiasmo, inspiram o interesse pela leitura, e tal interesse, pode perdurar por toda vida. 
Fazer os alunos lerem um para o outro em voz alta antes de lerem para a sala toda, pode 
desenvolver maior confiança na criança para essa segunda etapa. 
 
Oportunidades amplas de leitura, escrita e fala individualizadas proporcionam 
melhores efeitos acerca do desempenho e tendem a ser transportadas para as atividades 
de lazer. Alunos que possuem pouco domínio do corpo da literatura, precisam ser guiados, 
direcionados e incentivados para que se tornem leitores entusiasmados. O interesse pode 
aumentar a medida que pais e professores sugerem livros ou artigos relacionados aos 
interesses da criança, entretanto, esses indivíduos também precisam ser iniciados a temas 
distintos para que haja a possibilidade do campo de interesses aumentar. É interessante 
proporcionar as crianças atividades que as incentivem a desenvolver essa inteligência, tais 
quais, realizar estudos relacionados a grandes histórias, peças, poesia ou romances podem 
ser complementados com tarefas escritas, solicita ficha de leitura que relacione 
personagens e o resumo do enredo, realizar um ensaio sobre o significado de um poema 
 
 
25 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
ou tema básico de uma peça sugerir tópicos sobre os quais eles mesmos gostariam de 
escrever e aqueles que sabem que são interessantes para seus alunos (CAMPBELL, et all, 
2000). 
 
Para que haja um desenvolvimento aprimorado da inteligencia verbal-linguística 
requer-se que o aluno seja trabalhado de forma interdisciplinar e de ampla variedade de 
experiências, exercitar as habilidades de escuta, fala, leitura e escrita conduz a um 
desenvolvimento humano mais pleno e ao domínio de habilidades importantes no decorrer 
da vida: pensar, aprender, resolver problemas, comunicar-se e criar como membros ativos 
da sociedade (CAMPBELL, et all, 2000). 
 
3.3.2. 10 Procedimentos para uma escuta eficiente 
1. Encontrar áreas de interesse 
2. Julgar o conteúdo, não a comunicação 
3. Conter o seu entusiasmo 
4. Escutar em busca de idéias 
5. Ser flexível 
6. Aplicar-se na escuta 
7. Resistir às distrações 
8. Exercitar sua mente 
9. Manter a mente aberta 
10. Capitalizar sobre o fato, pois o pensamento é mais rápido que a fala 
 
OUVINTES DEFICIENTES 
1. Desligam-se de temas “àridos” 
2. Desligam-se quando acham a comunicação deficiente 
3. Tendem a entrar em discussões 
4. Escutam em busca de fatos 
5. Tomam notas intensivamente, usando apenas um Sistema 
6. Fingem estar atentos 
7. Sao facilmente distraidos 
8. Resistem ao material dificil; buscam material simples 
9. Concordam com a informação quando ela corrobora idéias preconcebidas 
10. Tendem a devanear quando os oradores são muito lentos 
 
 
26 Superdotação e Altas Habilidades 
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 OUVINTES EFICIENTES 
1. Criam oportunidades: perguntam “o que há nisso para mim? ” 
2. Julgam o conteúdo, passando por cima dos erros de comunicação 
3. Contêm o julgamento até que a compreensão seja completa 
4. Escutam em busca dos temas principais 
5. Anotam menos. Usam quatro ou cinco sistemas diferentes, dependendo do 
orador 
6. Aplicam-se bastante, exibem uma postura corporal ativa 
7. Combatem ou evitam as distrações; toleram os maus hábitos; sabem como 
se concentrar 
8. Usam material denso como um exercício para a mente 
9. Consideram pontos de vista diferentes antes de formar opiniões 
10. Desafiam, antecipam, resumem, consideram as evidencias; “escutam” as 
entrelinhas 
 
3.3.3. Escutar para aprender 
A voz humana proporciona a primeira introdução a linguagem, segundo Steil, em salas 
de aulas tradicionais, apesar de haver pouco tempo dedicado a aprender as estratégias 
para uma escuta eficiente, os alunos passam mais de 70% do tempo escutando os demais 
e aos professores. O autor afirma que a maioria das pessoas, são ouvintes deficientes. 
 
Em uma apresentação oral de 10 minutos, a maior parte dos ouvintes escuta, 
compreende, avalia, retém apenas metade do que foi dito e em 48 horas, perde 25% do 
que foi dito. Em crianças superdotadas relacionadas a inteligência verbal linguistica, essa 
escuta além de eficiente, gera ao aluno maior absorção do que foi dito, maior compreensão 
e maior retenção das informações. 
 
Procedimentos para uma escuta eficiente 
As habilidades de escuta podem ser desenvolvidas e aprimoradas em qualquer faixa 
etária da vida. Segundo os estudos realizados pela Sperry Corporation, um orador fala por 
minuto a média de 200 palavras e um ouvinte pode processar de 300 a 500. Os individuos 
que são ouvintes eficientes, usam o tempo “extra” para processar de melhor forma seus 
pensamentos retendo essas informações em maior escala. Para que os alunos aprimorem 
 
 
27 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
esse procedimento, é válido que o professor gere oportunidades para que os mesmos 
resumam e discutam o conteudo com outras pessoas no decorrer das oito horas seguintes. 
 
Escutar histórias e ler em voz alta 
Ler e contar histórias em voz alta são maneiras de aprimorar o desenvolvimento verbal 
linguístico, facilitando a aprendizagem em todas as disciplinas, como por exemplo, 
compartilhar histórias, cartas, diários de figuras históricas conhecidas, descobertas feitas 
por inventores, informações biograficas da vida de uma figura histórica, etc. Desta forma, 
alem de verem o lado humano da pessoa em questão (ativando desta forma, também a 
inteligência inter e intra pessoal), os alunos aprendem qualidades criativas importantes, 
descobrindo qualidades e habilidades semelhantes e/ou identificam novas qualidades a 
serem desenvolvidas.Escutar aulas expositivas 
O formato da aula expositiva-discusão é de suma importância para um 
desenvolvimento aprimorado na inteligência verbal linguística. É necessário que o professor 
auxilie os alunos a descobrirem novas maneiras para que haja o aprimoramento dessa 
habilidade. Segue abaixo algumas sugestões dadas por Campbell (2004): 
 
1. Apresentar “miniaula” expositiva aos alunos sobre um tópico importante. Dê o título 
da aula e peça aos alunos para usarem as seguintes práticas de escuta ativa, 
escrevendo: 
• O que ja sabem sobre o assunto; 
• Que perguntas desejam fazer a respeito; 
• Como se sentem em relação a ouvir essa exposição; 
• Informações adicionais que por ventura eles possam ter em relação ao tema 
discutido. 
 
 
 
28 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Posteriormente, quando a exposição tiver inicio, peça aos alunos para: 
• Esboçarem pontos importantes do tema; 
• Destacarem as ideias mais importantes; 
• O que aprenderam de novo; 
• Como esse tópico se relaciona com o que eles ja sabiam; 
• A importância do tema para sua vida; 
• Relacionar o assunto discutido com outro que eles dominem. 
 
2. Fazer uma miniexposição, e após o acontecimento peça aos alunos que realizem 
um texto ou esbocem tudo que lembram e categorizem as informações. Depois 
faça duplas para que eles comparem suas informações e preencham qualquer 
ponto que por ventura tenha sido omitido. 
 
3.3.4. Falar 
A fala eficiente não envolve somente as palavras que usamos, mas também a maneira 
como as dizemos, nosso tom de voz, as expressões faciais, as posturas e os gestos. 
 
 
 
Segundo Albert Mehrabian, somente 7% do que comunicamos na fala tem a 
ver com as palavras que usamos, 38% tem a ver com o tom de voz e 55% com 
as expressões faciais e linguagem corporal. Em suma, uma fala eficiente, 
envolve todas as inteligências. 
 
 
 
Os professores devem proporcionar aos alunos um ambiente com maior vocabulário, 
podendo ser trabalhado um vocabulário rebuscado e incomum na frequência, brincar com 
trocadilhos, piadas e charadas, ou descrevendo experiências pessoais de forma eloquente. 
 
A sala de aula pode e deve proporcionar um ambiente favorável para aprender a falar 
de maneira efetiva. Essa não é a sala de aula que em que o professor fala a maior parte do 
tempo! As perguntas que estimulam discussões devem provocar o raciocinio e não ser 
facilmente respondidas em poucas palavras. É importante que o professor faça perguntas 
abertas e interessantes que estimulem o raciocínio do superdotado, primordialmente sobre 
assuntos que são fora da zona de conforto dele. Disto, podem resultar discussões 
 
 
29 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
interessantes que podem conduzir insights supreendentes e a novas possibilidades de 
aprendizagem para todos os envolvidos. Superdotados possuem domínio sobre diversos 
temas e para que haja uma conversa produtiva e efetiva para o aprendizado do mesmo, é 
primordial que os discentes estejam preparados e dominem plenamente o assunto 
abordado. 
 
Memorização 
A memorização é uma habilidade que muitas vezes é desaprovada por professores, 
entretanto é de extrema valia, uma vez que liberta a mente auxiliando na concentração. 
Quando o aluno é solicitado a memorizar qualquer tipo de conteúdo, é importante 
compreenderem que a simples repetição tem pouco valor, a menos que seja acompanhada 
de um envolvimento ativo do aluno. 
 
3.3.5. Ler 
A literatura proporciona a base para praticar e desenvolver todo o espectro da 
inteligência verbal-linguística. Histórias, romances, biografias, ensaios, peças e poemas 
proporcionam o ponto de partida para desenvolver habilidades de escuta ativa, projetos de 
fala e escrita criativa ou analitica. Esses materiais oferecem “alimentos” para o pensamento 
e a criatividade, uma vez que exemplificam o uso efetivo da linguagem e estimulam o 
desenvolvimento intelectual (CAMPBELL, et all, 2004, p. 40). 
 
Uma forma de desenvolver essa habilidade é criar uma “biblioteca da classe”, onde 
os professores podem buscar e proporcionar aos alunos leituras adequadas para as aulas. 
Mesmo com turmas grandes, é importante que os professores identifiquem os níveis de 
desenvolvimento e os interesses dos estudantes individualmente. Toda tentativa deve ser 
feita, a fim de se ter recursos à mão para explorar seus interesses com materiais de leitura 
que sejam adequados para os diversos níveis de desenvolvimento. 
 
3.3.6. Escrever 
A escrita não pode ser isolada dos outros atos da linguagem. Segundo CAMPBELL et 
all (2004, p.42): 
[…] ela é reforçada pela fala, pela audição e pela leitura. Incorporar 
totalmente as atividades das artes da linguagem em todas as áreas de conteúdo, 
ajuda os alunos a se comuicarem de maneira mais eficaz e aprenderem de forma 
mais abrangente. Como a fala, a escrita transmite idéias de uma pessoa para outra, 
 
 
30 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
com propósitos e significados distintos. Os alunos, por meio de uma variedade de 
atividades de escrita, podem desenvolver uma idéia de público e ver a escrita como 
um ato importante que ocorre entre eles, os outros e a sociedade. […]. Assim como 
acontece com outras áreas da inteligência verbal-linglüística, é essencial que os 
professores e os pais exemplifiquem habilidades de escrita eficientes, 
demonstrando prazer no processo da escrita e esforcos para aprimorar suas 
habilidades. Os professores interessados em melhorar sua capacidade de escrever 
podem encontrar apoio e inspiração em fontes como On Writing Well, de William 
Zinsser, Writing Down the Bones, de Natalie Goldberg, ou Writing on Both Sides of 
the Brain, de Henriette Klauser. Toda turma deve ter à mão um dicionário e obras 
de referência para boa escrita. 
 
Pode-se exemplificar pontos específicos da boa escrita pensando em voz alta sobre 
como escolher um tema, ler trechos de seus próprios textos para que os alunos os avaliem, 
ou escrever comentários mais longos sobre trabalhos que os alunos tenham realizado. O 
professor pode compartilhar com os alunos textos de própria autoria em vários estágios, 
mostrando o número de revisões e correções feitas nos rascunhos subsequentes. 
 
Opções de escrita para todas as áreas de conteúdo 
Em qualquer área de conteúdo os alunos podem ser estumulados a escrever após 
realizarem uma viagem de campo, assistirem uma demonstração ou vídeo, ou ouvierm uma 
palestra importante. Explorando essas experiências, o professor pode registrar os 
comentários dos alunos na lousa e categoriza-los em tópicos separados, demonstrando a 
experiencia pessoal de cada individuo, pela mesma situação. Os alunos podem usar 
vocabulário registrado (ou seja, colocar em palavras exatamente como foi passado no caso 
de palestras ou explicações, onde há um orador explicando determinado tema), e 
acrescentar suas próprias idéias e conceitos. 
 
Opções de escrita estudantil 
 roteiros para peças e para produções de TV ou rádio 
 slogans ou cartazes chamativos 
 petições 
 diários imaginários 
 instruções 
 textos extraídos de experiência pessoal 
 escrita a partir da experiência do outro 
 canções 
 muros de graffiti 
 quadros de avisos 
 
 
31 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 rótulos e títulos 
 listas 
 anúncios 
 boletins da turma 
 poemas 
 manuais de instrução 
 coletâneas de folclore, charadas, piadas, explicações 
 panfletos, brochuras 
 cartas diálogos 
 prêmios 
 cartazes 
 marca-páginas ou capas de livros 
 prescrições de ajuda em uma área de conteúdo 
 amostras de escrita livre 
 auto-avaliações 
 listas de conferência 
 resultados 
 entrevistas 
 folhetos 
 ditados 
 ensaios editoriais 
 
Alimentar a apreciação do processo da escrita 
Segundo Campbell et all (2004, p. 44), existem 6 etapas para alimentar a apreciação 
do processo da escrita, como segue abaixo: 
 
1. Os professores podem estudar com os alunos amostra de textos escritos por 
profissionais. Podem, por exemplo, fazer uma cópia de um artigo de jornal de 800 
palavras que seja incisivo e conciso e que estimule o aluno a ler mais. Os alunos 
podem analisar o que torna o texto mais agradável e sugerir as escolhas que o 
autor poderia ter feito para melhorar seu texto. 
 
 
32 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. Os escritores locais podem fornecer os rascunhos iniciais de suas obras 
publicadas e explicar como e por que fizeram determinadas mudanças. Os alunos 
podem então, analisar os rascunhos de seus próprios escritos para determinar 
maneiras de melhorar suas tentativas iniciais. 
3. Enquanto os alunos praticam suas habilidades de escrita, é importante dar-lhes 
um retorno oportuno e freqüente. Eles podem, inicialmente, receber retorno de 
seus colegas ou até escrever cooperativamente, mas os encontros individuais com 
o professor nos vários estágios do eu trabalho proporcionam oportunidades 
importantes de retorno e orientaçaco. 
4. Os professores podem oferecer sugestões construtivas sobre os primeiros 
rascunhos e só dar a nota quando as últimas mudanças forem feitas. Em geral, é 
no processo de discussão das revisões e das correções que os alunos ão mais 
receptivos para aprender sobre a mecânica da linguagem. As aulas de pontuação, 
análise sintática gramática raramente são apreendidas quando apresentadas fora 
de contexto. Uma explicação rápida em um momento propício, quando os alunos 
estão lutando com algum problema, pode ser uma maneira mais importante 
duradoura de aprendizado. 
5. Um trabalho escrito em um processador de texto pode enganosamente ter boa 
aparência quando bem formatado; contudo, é provável que ele ainda precise de 
reelaboração. Seria interessante que os alunos imprimissem um rascunho em 
espaço duplo e depois o revisassem à mão. Eles terão, assim, um registro das 
mudanças que fizeram. 
6. Manter todos os rascunhos em seqüência em um portfólio proporciona tanto aos 
alunos quanto aos professores registros abrangentes do progresso da escrita. 
Informações específicas sobre os portfólios podem ser encontradas no capítulo da 
avaliação. 
 
3.3.7. A tecnologia que aprimora a inteligência verbal-linguística 
Da mesma forma que no século XV a imprensa revolucionou a aprendizagem, nos 
dias atuais, o computador fez esse papel, através de bancos de dados mundiais e redes de 
internet, levando aos alunos uma fonte inesgotável de informações de forma direta e 
atualizadas. 
 
 
 
33 Superdotação e Altas Habilidades 
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Programas especializados em estimular o conhecimento, incrementam as redes de 
dados, estimulando escritores iniciantes e os mais experientes, sobre todos os temas 
concebíveis, incluindo a presença on-line de especialistas para tirar dúvidas. 
As novas tecnologias empregadas em programas de computador, facilita a união de 
diferentes formas englobando palavras, imagens e sons, transformando aprendizagem em 
um mundo mágico de aventuras, levando ao aluno a obter um maior controle de sobre seus 
textos, levando-os a ficarem cada vez mais estimulados e interessados em dominar novos 
conhecimentos. 
 
A aprendizagem do aluno em digitar no computador, hoje é tão importante quando a 
escrita a lápis. O uso da tecnologia eletrônica está gerando um grande avanço no 
aprimoramento das habilidades da fala, pois faz e aproxima pessoas de diversas 
localizações do mundo. 
 
Da mesma forma que computadores tem facilitado a aprendizagem da escrita pelos 
aluos, áudios e gravações em vídeos, tanto quanto confer~encias em vídeos, tem 
desenvolvido um aumento da habilidade oral, favorecendo ao indivíduo, de forma 
progressiva, uma forma eficaz de se expressar. 
 
A tecnologia formenta oportunidades de aprendizagem para indivíduos, independente 
da idade, com incapacidades de múltiplas situações e “habilidades diferentes”, onde 
pessoas com limitações físicas falam, e o computador escreve automaticamente, de forma 
oporta, quando não conseguem falar, escrevem e o computador “fala” o que foi escrito por 
eles. 
 
O desenvolvimento das habilidades linguísticas pode ser formentado através de novos 
instrumentos eletrônicos, acessando e lidando com conteúdos e comunicação, 
aprendizagem e engrandecimento da inteligência. 
 
A tecnologia formenta oportunidades de aprendizagem para indivíduos, independente 
da idade, com incapacidades de múltiplas situações e “habilidades diferentes”, onde 
pessoas com limitações físicas falam, e o computador escreve automaticamente, de forma 
oporta, quando não conseguem falar, escrevem e o computador “fala” o que foi escrito por 
eles. 
 
 
34 Superdotação e Altas Habilidades 
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O desenvolvimento das habilidades linguísticas pode ser formentado através de novos 
instrumentos eletrônicos, acessando e lidando com conteúdos e comunicação, 
aprendizagem e engrandecimento da inteligência. 
 
 
35 Superdotação e Altas Habilidades 
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4. A inteligência cinestésico-corporal 
 
Objetivos: 
Proporcionar aos discentes a compreensão da importância da inteligência cinestésico-
corporal, as estratégias didáticas para sua aplicação, o entendimento das habilidades que 
o superdotado nessa inteligência possui e como que elas precisam ser trabalhadas para o 
aprimoramento de suas habilidades. 
 
Introdução: 
“Ah, se você pudesse pelo menos dançar tudo o que acabou de dizer, quem sabe 
eu poderia entender” 
Zorba, O Grego. Nikos Kazantzakis 
 
As pessoas, de forma geral, desde crianças à adultos consideram os canais sensoriais 
visual e auditivo, insuficientes para apreender e recordar informações, dependendo dos 
sistemas táteis e/ou cinestésicos para que isso ocorra. 
 
Os alunos, cujas inteligências estão 
voltadas ao sistema tátil, dependem do 
toque, do manuseamento de objetos, ao 
mesmo tempo que os cinestésicos precisam 
utilizar todo o corpo em suas atividades, 
visando o mesmo conhecimento. Indivíduos 
táteis ou cinestésicos aprendem 
“executando”, através dos processos 
multisensoriais. 
 
Por conta da supervalorização de outras inteligências, nas escolas, os processos de 
aprendizagem, baseados na atividade cinestésica, costumam ser subvalirozados. Gardner, 
salienta que, lamenta a perda da separação da mente do corpo, como antigo ideal Grego, 
onde a mente era desenvolvida para usar o corpo adequadamente, de forma a desenvolver 
todas as suas potencialidades. 
 
A inteligência corporal-cinestésica possui a competência de fundir corpo e mente de 
forma que haja uma performance física perfeita. Essa forma de inteligência, parte de 
 
 
36 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
processos automáticos e voluntários para diferenciadas e complexas, onde os movimentos 
exigem um senso rítmo perfeito e conversão da intenção em ação. 
 
Manisfesta-se em pessoas que não necessitam elaborar cadeias de raciocínio deforma a realizar seus movimentos, onde, na maior parte das vezes, não são explicados 
verbalmente. As atividades são manifestadas com extrema competência, diferindo limites 
entre as pessoas, como ocorre em outras inteligências. 
 
A inteligência cinestésico-corporal é o 
alicerce do auto conhecimento, pois é 
evidente que é através de nossas 
experiências sensório-motoras que 
exploramos a vida. Quando essa 
inteligência está bem desenvolvida, fica 
bem evidente, observada em atores, 
dançarinos, atletas, joalheiros, 
acupunturistas, dentistas, cirurgiões, mecânicos, escultores, pintores dentre outras 
atividades, onde se trabalha a habilidades das mãos ou com objetos. 
 
Atividades físicas, concentram a atenção dos alunos em sala de aula, codificando o 
ensino pela neuromusculatura corporal, baseado na “memória muscular” que possuímos. 
Robert McKim, descreve em seu livro “Experiences in Visual Thinking” a importância do 
raciocínio cinestésico: 
 
Considere o escultor que pensa com a argila, o químico que pensa manipulando 
modelos moleculares tridimensionais, ou o projetista que pensa reunindo e 
reorganizando composições de papelão. 
Cada um deles está pensando pela visão, tato e manipulação de materiais, 
externando seus processos mentais em um objeto físico. 
O raciocinio exteriorizado tem várias vantagens sobre o raciocínio internalizado. 
Primeiro o denvolvimento sensorial direto com os materiais proporciona uma 
alimentação sensorial - literalmente "alimento para o raciocínio". Segundo, pensar 
enquanto se manipula uma estrutura real possibilita a ocorrência de descobertas 
agradáveis - o acidente feliz, a descoberta inesperada. Terceiro, pensar no contexto 
direto da visão, do toque e do movimento envolve uma sensação de imediatismo, 
de realidade e de ação. 
Finalmente, a estrutura do raciocínio extermado proporciona um objeto para 
contemplação critica, assim como uma forma visível que pode ser compartilhada 
com um colega ou até mesmo mutuamente formulada. 
 
A medida em que o aluno passa a níveis mais elevados em sua educação escolar, 
sua aprendizagem vai se tornando progressivamente mais internalizada e menos 
 
 
37 Superdotação e Altas Habilidades 
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exteriorizada, tornando-os menos motivados, por sere ensinados através de processos 
passivos e abstratos. 
 
4.1. Listagem das qualidades tátil-cinestésicas 
De acordo com Gardner, o fato do aluno possuir habilidade em um campo cinestésico, 
não implica que tenha em outro também. Um exemplo disso, seria um indivíduo 
superdotado em mímica, teatro, apresentar limitações no esporte ou trabalhos manuais. 
 
De acordo com o levantamento realizado, algumas características indicam indivíduos 
com maior aptidão cinestésica, embora algumas áreas podem estar mais desenvolvidas do 
que outras. 
1. Explore o ambiente e os objetos através do toque e do movimento. Prefira 
tocar, manejar ou manipular o que deve ser aprendido. 
2. Desenvolva a coordenação e um senso de ritmo, 
3. Aprenda melhor através do envolvimento e da participação diretos. Lembre-
se mais claramente do que foi feito do que daquilo que foi dito ou observado. 
4. Goste de experiências de aprendizagem concretas, como viagens de campo, 
construção de modelos ou participação em representacões, jogos, reunião de 
objetos ou exereícios fisicos 
5. Mostre destreza no trabalho realizado com movimentos motores restritos ou 
amplos. 
6. Seja sensível e reaja a ambientes físicos e sistemas físicos. 
7. Demonstre habilidade para a representação, atletismo, dança, costura, 
escultura ou digitação. 
8. Demonstre equilíbrio, graça, destreza e precisão nas tarefas físicas. 
 
 
38 Superdotação e Altas Habilidades 
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9. Tenha a habilidade para aprimorar e aperfeiçoar o desempenho físico através 
da integração entre o corpo e a mente. 
10. Compreenda e viva segundo padrões fisicamente saudáveis. 
11. Possa expressar interesse por profissões como aquelas de um atleta, 
dançarino, cirurgião ou construtor. 
12. Invente novas abordagens para as habilidades físicas ou crie novas formas 
na dança, no esporte ou em outras atividades físicas. 
 
Todas as pessoas apresentam tendências e necessidades cinestésica, porém, os que 
necessitam ter a idéia baseadas em tato, raramente tem oportunidade dessa apreeensão, 
como os demais. 
 
A aprendizagem através da inteligência cinestésica é a que oferece maior bagagem 
educacional, ela é a forma mais intensa e agradável a todos os alunos, independente da 
faixa etária. Alunos desejam ser participantes ativos em sua aprendizagem, e não 
indivíduos passivos recebendo informações. 
 
A aprendizagem multisensorial, raramente está presente no ambiente escolar por 
conta de falta de modelos adequados e recursos, limitando educadores no ensino. John 
Goodland, pesquisador e estudioso do assunto, em seu livro “A Place Called School” 
declara que: 
Independetemente da matéria os alunos disseram que gostam de realizar 
atividades que os envolvem ativamente ou em que trabalham com outras pessoas. 
Estas incluíam fazer trabalhos de campo, realizar filmagens, construir ou desenhar 
coisas, fazer coleções, entrevistar pessoas, representar situações e realizar 
projetos. 
 
 
39 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.2. Processos de aprendizagem tátil-cinestésica 
Existe uma gama de dinâmicas que envolvem o sistema tátil-cinestésico, 
impulsionando o ensino dos alunos de todas as idades. Abaixo segue exemplos de 
subinteligências que devem ser desenvolvidas e/ou aprimoradas de forma com que a 
inteligência tátil-cinestésica possa ser explorada e desenvolvida de forma eficaz. 
 Ambiente físico 
 Teatro 
 Movimento criativo 
 Danca 
 Objetos de manipulacao 
 Jogos em sala de aula 
 Educação física 
 Pausas para exercícios 
 Excursões 
 
4.3. Estabelecendo ambiente físico de aprendizagem 
Os ambientes em que vivemos e trabalhamos, nos afetam diretamente, de forma física 
e psicológica, e da mesma forma, os amientes escolares, porém esses não dependem de 
nossas escolhas e gostos como fazemos nos outros espaços. 
 
Quando a sala de aula é projetada e organizada de maneira eficaz, contribui de forma 
significativa no processo de aprendizagem. Anne Taylor, arquiteta especializada em 
ambiente escolar, declara que uma sala de aula deverá servir como “um livro didático, ou 
instrumento de ensino ativo e tridimensional, e não um espaço passivo que abriga uma 
confusão de coisas”. 
 
 
40 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
As salas de aula, podem 
ser projetadas de forma a 
desenvolverem o ensino através 
da reflexão, entusiasmo e 
planejamento do ambiente de 
forma adequada, onde cada área 
da sala, independente da série, 
possa ser usada para uma 
função específica a ser 
desenvolvida, sendo visual e 
funcionalmente distinta. Em função dessas modificações da sala de aula, os educadores 
tem mais facilidade em estimular as necessidades táteis e de movimentos cinestésicos dos 
alunos. Uma atitude simples, como oferecer ao aluno o deslocamento de uma sala à outra, 
satisfaz as necessidades do levantar, se movimentar e ficar ativo. 
 
4.4. Teatro 
O teatro é uma estratégia de ensino que auxilia no aprendizado e recordações. Ele 
proporciona aos alunos oportunidades de praticamente se tornarem o que estão estudando 
e é uma maneira poderosa de proporcionar à luz ao conteúdo estudado. Aprender através 
do teatro é importante e de suma eficácia em qualquer nívelescolar, e em qualquer nível 
de inteligência. 
 
As produções de teatro envolvem e 
influenciam todas as inteligências, ler a peça, 
assumir os papéis, memorizar as falas e as 
ações, criar os trajes e os cenários, ensaiar a 
música e, por vezes, a coreografia, e 
primordialmente, representar o papel em frente 
a plateia, resulta em experiências memoráveis, 
aumento de autoconfiança e equilíbrio, além de 
uma aprendizagem por toda a vida 
(CAMPBELL, et all, 2000). 
 
 
41 Superdotação e Altas Habilidades 
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4.5. Movimento criativo 
Os teóricos do movimento, como Rudolf Laban e Henri Bergson (apud CAMPBELL, et 
all, 2000), mostram a intimidade entre as experiências não verbais do movimento e o 
pensamento abstrato e simbólico, pois pelo pensamento, podemos perceber e expressar 
nossas experiências. Em sala de aula, o aluno é solicitado a resolver problemas e analisar 
fisicamente, envolvendo sua imaginação no processo. 
 
Normalmente os 
professores não lidam bem 
com o uso dos movimentos 
em sala de aula, deixando 
de lado a valorização da 
atividade física, por suas 
limitações ou por pouca 
familiarização com o 
processo. É de suma 
importância que para o trabalho com superdotados à inteligência cinestésico-corporal, o 
professor desempenhe de ativa forma e atenção, pois essas atividades farão com que o 
aluno se sinta motivado à aula, assim como, se empenhe mais nas atividades e no 
aprendizado. Alunos que possuem essa habilidade em maior intensidade, precisam deste 
estímulo para o aprimoramento das inteligências, uma vez que esta, está diretamente 
relacionada a todas as demais. 
 
4.6. Dança 
A dança é mais uma forma de movimento criativo, pois através dela, os alunos tem a 
oportunidade de aprender, sintetizar e demonstrar conhecimento através da coreografia. 
Existem alguns livros, onde ajudam a professores a desenvolver em seus alunos as 
qualidades de espaço, tempo, números e rítmo, enquanto integram aprendizagem cognitiva 
a dança. 
 
 
 
 
 
 
 
42 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Como em todos movimentos criativos, na dança existe a necessidade do 
aquecimento, antes da exploração da dança em si, ajudando na preparação cinestésica. 
Os alunos podem usar os elementos da dança para coreografar histórias, poemas, fórmulas 
matemáticas ou mesmo acontecimentos históricos. 
 
Um exemplo citado por Campbell (et all, 2000) é em uma aula sobre os planetas, os 
alunos se colocarem no lugar deles, e realizer o movimento dos mesmos. Quando trabalha-
se a matéria abordada conjuntamente com questões táteis, como a dança, proporciona ao 
aluno a vivência daquilo, fazendo com que o mesmo, memorize a informação mais 
facilmente e a mantenha por muito mais tempo. 
 
Como ja mencionado anteriormente, a vivência das experiencias, é de suma 
importância para o melhor aproveitamento de conteúdos que se pretende passar ao aluno 
com altas habilidades cinestésicas-corporais, e a dança, pode ser usada de forma 
proveitosa para um desenvolvimento aprimorado. 
 
4.7. Objetos de manipulação 
Piaget e outros estudiosos destacavam a importância de materiais experimentados 
durante o processo de aprendizagem do aluno, ao usar blocos padronizados, cubos de 
plástico, varetas coloridas, quadros geográficos, quebra-cabeças especiais dentre outros 
objetos de manipulação, que satisfazem não só as necessidades táteis como também as 
de desenvolvimento. 
 
 
 
 
43 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Existem muitos materiais que auxiliam o ensino da 
matemática, ortografia, ciência, leitura e geografia. As vezes, 
porém, os professores não encontram materiais necessários 
disponíveis, no entanto, existe a opção de fabricação de 
objetos de manipulação para serem usados em sala de aula. 
 
É de suma importância trabalhar com superdotados a essa inteligência, os objetos de 
manipulação, pode-se utilizer como ferramenta de trabalho cartões de tarefas, quebra-
cabeça com cartões de tarefa, sucatas, carimbos, sucatas, etc. Quando houverem poucos 
recursos financeiros e materiais, o professor deve usar da imaginação para criar objetos 
que agucem essa habilidade. Através de sucatas, os próprios alunos podem criar os 
objetos, assim aproveitando para trabalhar a inteligência visuoespacial conjuntamente. 
 
Uma estratégia de trabalho com pequenos e grandes materiais, é a realização de 
maquetes. Desde maquetes de objetos quanto de casas, parques e afins. A confecção de 
uma maquete requer alta atenção e precisão do aluno. Além da maquete, uma excelente 
forma de trabalho para objetos manuais, é a pintura. A pintura, assim como a maquete, 
requer precisão aos detalhes para que saia em plenitude. O superdodato, possui alta 
precisão manual, tornando essa atividade prazerosa, fazendo com que ele absorva melhor 
o conteúdo aplicado e retenha por mais tempo a informação obtida. 
 
4.8. Jogos em sala de aula 
O ensino baseado em jogos em sala de aula tem sido defendido por muitos, pois 
promove a socialização de forma saudável para as crianças, onde aprendem a imitar e a 
assumir diversos papéis sociais, auxiliando no desenvolvimento cognitivo. 
 
Os jogos estimulam a imaginação e desafios, aumentando conhecimentos sobre 
tomada de decisões, juntamente com estímulo nas habilidades interpessoais, ajudando o 
aluno a aprender pelo prazer e entusiasmo. 
4.8.1. Caça ao tesouro em sala de aula 
A caça ao tesouro é um processo de pesquisa cinestésica muito eficaz, onde os alunos 
podem necessitar de duas a três semanas reunindo informações de forma a preparar uma 
apresentação de grupo aos seus colegas de classe. Professores podem reservar espaços 
 
 
44 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
na sala, como em quadros de aviso, carteiras e mesas, de forma a estimular seus alunos 
na exploração. 
 
Para que possa ser criado uma caça ao tesouro em sala de aula, o educador antes 
identifica um assunto que os alunos estão prestes a estudar, sendo necessário uma lista 
de 10 a 30 conceitos básicos e essenciais sobre o tema. 
 
Essa lista servirá de base a caça ao tesouro, orientando as pesquisas dos alunos. 
Quando a caça é distribuída aos alunos, eles deverão se organizer em pequenos grupos. 
Ao trabalhar em grupo, cada participante deverá ser responsável pela coleta de dois a seis 
ítens da lista. 
 
Quando os dados forem reunidos, as equipes 
apresentam o que aprenderam para os outros grupos da sala. 
Poderão ser designados pontos para cada ítem, 
transformando essa atividade em uma competição entre as 
equipes, ou não colocá-los, com a finalidade de mútua 
colaboração. 
 
Como exemplo, podemos citar uma professor de história que desejava que seus 
alunos estudassem a queda de Roma, fazendo generalizações sobre o ciclo das 
civilizações (CAMPBELL, et all, 2000). Alguns ítens que ela criou incluiam: 
 
 Encontrem três fontes escritas que descrevam o declínio do Império Romano. 
Comparem e contrastem suas versões do que aconteceu 
 Identifiquem e assistam a um filme ou vídeo sobre a queda de Roma. 
 Identifiquem e entrevistem um adulto com conhecimento do assunto sobre as razões 
do declínio. Podem ser outros professores de estudos sociais da escola, membros 
da comunidade ou professores de história da universidade local 
 Reúnam dados sobre os sistemas monetários de Roma e suas deficiências. 
 Reúnam dados sobre líderes e militares de Roma. 
 Reúnam dados sobre os paísesque cercam Roma e sua força crescente. 
 Selecionem todas as informações importantes dos itens anteriores. 
 
 
45 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Façam um quadro que explique as possíveis causas e efeitos envolvidos na queda 
de Roma. 
 Deem uma opinião informada sobre o declínio de Roma, indo além das razões 
citadas acima, e fundamentem suas declarações. 
 Criem um recurso visual que explique o modo de seu grupo ver os ciclos da 
civilização. 
 Comparem e contrastem a teoria da civilização do seu grupo com a cultura norte-
americana atual. 
 
A caça ao tesouro é uma estratégia de ensino cinestésica imensuravelmente eficaz, 
pode e deve ser trabalhada em qualquer disciplina e para todos os temas. Com essa 
atividade, o aluno precisa viver o jogo, aproveitando em maior escala o tema abordado. 
 
4.9. Educação física 
Estão surgindo novas definições sobre a educação física, fugindo do padrão de uma 
aula que se dá em ginásios ou quadra de esportes de três a mais vezes por semana. 
 
Em 1986, o Comitê de Resultados da Associação Nacional de Esporte e Educação 
Física, definiu a educação física como “pessoa fisicamente educada”, enfatizando o aspecto 
principal da inteligência cinestésica, ao conhecer e participar de ações que provovam a 
saúde do indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
46 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.9.1. Características de uma pessoa fisicamente educada 
Segundo Capbell (et all, 2000): 
 
 Uma pessoa fisicamente educada adquiriu as habilidades necessárias para 
realizar várias atividades físicas. Ela passa a usar conceitos de consciência 
do corpo, consciência do espaço, esforço e relacionamentos; demonstra 
competência em várias habilidades individuais e em grupo, apresenta 
proficiência em algumas formas de atividade física e aprendeu a adquirir 
novas habilidades físicas. 
 Uma pessoa fisicamente educada é fisicamente preparada pode avaliar, 
adquirir e manter esse preparo, formulando programas pessoais segundo 
um treinamento e princípios de condicionamento. 
 Uma pessoa fisicamente educada participa regularmente de atividades que 
melhoram a saúde pelo menos três vezes por semana, escolhe e participa 
de atividades físicas no seu cotidiano. 
 Uma pessoa fisicamente educada identifica benefícios, custos, obrigações, 
riscos e fatores de segurança envolvidos em suas atividades físicas. 
Conhece as regras e estratégias e os comportamentos adequados para as 
atividades selecionadas, e compreende que o bem-estar envolve mais do 
que estar fisicamente preparada. Além disso, reconhece que a participação 
em atividades físicas pode melhorar o conhecimento multicultural e 
internacional e proporcionar a oportunidade de diversão, auto expressão e 
comunicação. 
 
De acordo com o mesmo autor, para que haja um resultado adicional no desempenho 
fisíco, é necessário a união entre corpo e mente equilibrados, ou seja, precisa que haja a 
inteligência cinestésica-corporal e a intrapessoal bem trabalhadas e em bom 
desenvolvimento. 
 
4.9.2. Educação para a aventura 
Educação para a aventura é instigar os alunos a novos jogos ou atividades externas 
que confrontem os alunos com desafios físicos. Um exemplo de educação para a aventura 
é a “teia de aranha”. Esse desafio tem por objetivo fazer com que um grupo de alunos 
percorra uma teia de náilon até o centro ou no final de um túnel, sem tocar no material da 
 
 
47 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
rede. Caso algum aluno toque na rede a “aranha imaginaria” surge e eles irão precisar 
começar novamente do inicio. A rede deve ser presa nas extremidades, em pontos mais 
altos e mais baixos, dificultando a locomoção. Deve-se criar aberturas de tamanhos 
diferentes, levando em consideração o tamanho dos alunos daquele grupo. Os alunos do 
mesmo grupo podem se ajudar a passar pela teia, entretanto, uma vez que o aluno chegou 
ao final do túnel ou ao centro da teia, ele não poderá mais auxiliar os colegas. 
 
4.10. Pausas para exercícios 
Frequentemente, alunos permanecem sentados em suas cadeiras por longo período 
de tempo, com respiração superficial, sendo essa lenta e inadequada, não sendo correta 
para a manutenção do relaxamento do corpo e atenção mental. 
 
Breves exercícios, realizados em ambientes abertos, ou mesmo em sala de aula com 
portas e janelas abertas, facilitando a circulação do ar, proporcionam um aumento na 
disposição do aluno e sua energia, melhorando sua atenção. 
 
4.10.1. Energizadores rápidos 
Durante as aulas, pode ocorrer dos alunos parecerem estar letárgicos. Usando 
algumas atividades, pode-se sanar essa questão. Alguns exemplos de atividades são: 
rotacionar os quadris; rotações do pescoço; rotações dos ombros; estiramento dos braços 
(esticar um braço e uma mão de cada vez, fazendo um movimento de agarrar – alternar os 
braços); respiração profunda (estender os braços com as mãos abertas; empurrar com as 
palmas, inspirer e estender o corpo para cima. Expirar e voltar à posição inicial). Pode-se 
trabalhar essas atividades de forma aleatórias, ou conjuntamente (CAMPBELL, et all, 
2000). 
 
 
48 Superdotação e Altas Habilidades 
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4.10.2. Exercicios com os olhos 
Os exercicios para a vista, são imprescindíveis, após intensa leitura, horas na frente 
do computador ou do celular. Durante as aulas, acontece de alguns alunos precisarem de 
pausas por “dor na vista” ou fibrilamento dos olhos. Isso denota exaustão da vista. Nesses 
casos, é necessário que haja uma pausa e que se faça exercicios de relaxamento para os 
olhos. 
 
Para aliviar os olhos, pode-se colocar as mãos em forma de conha sobre os olhos e 
olhe para a escuridão durante um ou dois minutos. Depois abra bem os olhos e gire-os no 
sentido horário, posteriormente, inverta o sentido. Estenda o braço com o polegar para cima 
faça movimentos circulares e acompanhe o movimento com a visão, primeiramente em 
sentido horario, e depois no inverso. Com a mão aberta, traga-a até o nariz, e depois 
estenda o braço lentamente, assim como anteriormente, acompanhando com os olhos o 
movimento. Fixe os olhos em um objeto próximo que esteja estático por meio minuto, depois 
fixe a visão em um objeto, também estático, que esteja a longa distância, e repita esse 
procedimento com os mesmos objetos de alternadamente (Campbell, et all, 2000). 
 
Esses exercicios auxiliam no relaxamento da visão, fazendo com que na volta a leitura, 
os musculos dos olhos se adaptem e consigam voltar a ler naturalmente. 
 
4.11. Excursões 
Quando se realizam excursões bem planejadas, os alunos obtém experiências de 
aprendizagem de grande importância, principalmente se estão vinculadas as matérias 
estudadas em sala de aula. 
 
Essas excursões podem variar desde 
caminhadas pelas matas a museus, 
fonecendo conhecimento concreto e 
empírico. Alunos resistentes em sala de aula 
são, normalmente muito motivados nessas 
experiências, reunindo informações para ser 
exposta posteriormente em relatórios, 
apresentações visuais, bancos de dados ou 
pesquisas posteriormente usadas. 
 
 
49 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.12. A tecnologia que aprimora a inteligência cinestésica 
A aprendizagem através da tecnologia é extremamente ativo e interativo, se usado da 
maneira adequada. O uso de computadores, tablet, celular, Ipad, Smartwatch necessitam 
de coordenação entre olhos e mãos para que possa ser usadoadequadamente, como 
digitar no teclado, usar o mouse ou tocar na tela e nos touch dos aparelhos eletrônicos 
atuais. Essa atividade cinestésica, auxilia a aprendizagem, transformando o aluno em 
participante ativo de sua aprendizagem. 
 
No video game, a tomada de decisão rápida, associada a coordenação de mãos e 
olhos, conjuntamente com a rápida experimentação em hipóteses deve-se ao envolvimento 
total do jogador e sua resposta física, com habilidade durante os desafios. 
 
 
 
50 Superdotação e Altas Habilidades 
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5. Inteligência visuoespacial 
 
Objetivos: 
Compreender o conceito e o papel do professor no desenvolvimento da inteligência 
visuoespacial, além das formas de trabalho necessárias para o aprimoramento de 
indivíduos com altas habilidades relacionados a essa inteligência. 
 
Introdução 
“Eu descobri que podia dizer coisas com cores e formas para as quais eu não tinha 
palavras” 
Georgia O’Keefe 
 
Segundo Campbell (et all, 2000) as representações visuais são “um meio de se 
conhecer o mundo mais antigo que o simbolismo linguístico”. Os registros fósseis denotam 
que os mecanismos da visão foram desenvolvidos muito antes dos referentes a fala, 
atuando como importantes instrumentos de conhecimento para os primeiros seres 
humanos. Os primeiros registros dos desenhos humanos foram inspirados pela inteligência 
visuoespacial, como exemplo, podemos citar a Era Glacial, entre 60.000 a 10.000 a.C., 
onde os habitantes das cavernas pintaram figuras de animais e cenas representando suas 
experiências pessoais. 
 
Essas imagens pictóricas finalmente conduziram ao desenvolvimento da escrita e 
da matemática. A linguagem desenvolveu-se a partir das imagens para pictogramas 
e daí para códigos simbólicos tornando-se cada vez mais abstrata. Atualmente, a 
maior parte dos programas educacionais enfatiza a importancia dos símbolos 
abstratos na leitura, na escrita e na aritmética, freqüentemente subestimando outros 
aspectos da inteligência visuoespacial (CAMPBELL et all, 2000, p.102). 
 
A inteligência visuoespacial inclui diversas habilidades relacionadas, segundo 
Campbel (et all, 2000, p.102) algumas dessas habilidades são a “discriminação visual, 
reconhecimento, projeção, imagens mentais, raciocínio espacial, manipulação de imagens 
e duplicação de imagens internas ou externas”, qualquer delas podendo ser expressa por 
uma única pessoa. Como exemplo de indivíduos com superdotação em relação a 
inteligência visuoespacial, temos Leonardo da Vinci, manifestando suas habilidades em 
grandes obras de arte, outro que pode ser citado é Newton, que expressou sua capacidade 
quando visualizou o universo como uma reunião de partes inter-relacionadas. 
 
 
51 Superdotação e Altas Habilidades 
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Embora essa visualização espacial seja fundamental para essa inteligência, ela não 
está intrinsecamente relacionada aos olhos, o ver ou a visão, podendo também, ser 
desenvolvida por cegos. Neste capítulo, estaremos dissertando sobre essa inteligência 
tanto como visual quanto como espacial, pois as pessoas percebem e processam a 
informação através de ambas as modalidades. 
 
5.1. Compreendendo a inteligência visuoespacial 
A inteligência visuoespacial é a habilidade competente para a capacidade de 
orientação no mundo físico e por realizar transformações sobre estas percepções 
 
Compreende a capacidade de visualizar e representar graficamente idéias visuais 
ou espaciais e de orientar-se, de forma apropriada, a partir de uma matriz espacial. 
As pessoas que têm esta inteligência mais desenvolvida conseguem construir 
mentalmente um mundo e operar nele. Seus componentes centrais são, segundo 
Armstrong (2001): capacidade de perceber o mundo viso-espacial com exatidão e 
de realizar transformações nas próprias percepções iniciais. Esta inteligência é 
caracterizada em profissionais como decoradores, arquitetos, web-designers, e em 
outros profissionais da construção civil. Nas crianças, ela pode ser identificada, 
segundo Ramos-Ford e Gardner (1991), através da facilidade para montar quebra-
cabeças, de resolver problemas espaciais ou na atenção aos elementos do design 
de uma escultura. As principais formas de identificar e de estimular esta inteligência, 
para Antunes (1998), são através dos jogos de lateralidade e de orientação espaço-
temporal, fixando conceitos como dentro - fora, em torno de, em cima - em baixo etc 
(VIEIRA, -21, p.7). 
 
Muitos alunos respondem de melhor forma que outros em relação a filmes, televisão, 
projeção de slides, cartazes, mapas, 
diagramas, computadores e materiais 
com códigos de cores. Além da 
observação, também, pode-se aprimorar 
a aprendizagem através de materiais, 
que se denominam “instrumentos visuais” 
ou “signos visuais”, tais materiais podem 
ser computadores, telescópios, câmeras 
de foto e vídeo, estênceis, símbolos, 
meios artísticos e materiais de desenho 
e/ou construção. Normalmente, alunos 
superdotados da inteligência 
visuoespacial são capazes de chegar a 
 
 
52 Superdotação e Altas Habilidades 
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soluções singulares e não-convencionais para problemas artísticos e criativos, por meio de 
instrumentos que Ihes permitem expressar sua visão singular. 
 
O ambiente da sala de aula pode tornar-se mais estimulantes e convidativos a esses 
alunos, uma vez que o professor invista em “humor visual”, ou seja, trabalhar visualmente 
através de caricaturas, cartazes espirituosos e gravuras humorísticas ou fotografias 
relacionadas à matéria que está sendo estudada, proporcionando aos alunos mensagens 
agradáveis sobre a aprendizagem. 
 
5.2. Listagem das qualidades visuoespaciais 
Segundo Robert McKim, no livro Experiences in Visual Thinking, “o pensamento visual 
permeia toda atividade humana”. Inteligência visuoespacial não permeia apenas em ambito 
artista, também pode ser notada em cirurgiões, engenheiros, executivos, arquitetos, 
matemáticos, carpinteiros, mecânicos, treinadores de futebol, pessoas pensando no que 
vestir no dia a dia e sonhadores. 
 
O pensamento visuoespacial está subjacente às figuras que se movem em um jogo 
de xadrez, à organização da programação do dia, à colocação dos móveis em um 
aposento ou à leitura de mapas em uma viagem. Nem todos os alunos visualmente 
capazes mostram as mesmas habilidades. Alguns podem ser talentosos em pintura, 
outros na construção de modelos tridimensionais e outros, ainda, na crítica de belas-
artes (CAMPBELL, et all, 2000). 
 
Ainda segundo Campbell (et all, 2000, p.103) é muito provável em pessoas com uma 
inteligência visuoespacial bem desenvolvida: 
 
 Aprenda através através da visão e da observação. Reconheça fisionomias, objetos, 
formas, cores, detalhes e cenas. 
 
 
53 Superdotação e Altas Habilidades 
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 Navegue o seu eu e os objetos efetivamente através do espaço, como ao 
movimentar-se através de aberturas, encontrar a saída de uma floresta sem uma 
trilha, dirigir um automóvel pelo tráfego ou remar uma canoa em um rio. 
 Perceba e produza imagens mentais, pense através de imagens e visualize detalhes. 
Use as imagens visuais como auxílio para recordar informações. 
 Decodifique gráficos, tabelas, mapas e diagramas. Aprenda por meio de 
representação gráfica ou meios visuais. 
 Goste de rabiscar, desenhar, pintar, esculpir ou reproduzir de qualquer outro modo 
objetos em formas visíveis. 
 Goste de construir produtos tridimensionais, como objetos de origami, pontes e 
casas de brinquedo ou containers. É capazde mudar mentalmente a forma de um 
objeto - como, por exemplo, dobrar uma folha de papel até transformá-la em uma 
forma complexa e visualizar sua nova forma, ou mentalmente mover os objetos no 
espaço para determinar como eles interagem com outros objetos, como as 
engrenagens que fazem parte de uma máquina. 
 Veja as coisas de maneiras diferentes ou a partir de "novas perspectivas", como o 
espaço negativo em torno de uma forma, assim como a própria forma, ou detecte 
uma forma "oculta" em outra. 
 Perceba tanto padrões óbvios quanto padrões sutis. 
 Crie representação concreta ou visual da informação. 
 Seja versada na projeção representativa ou abstrata. 
 Expresse interesse ou aptidão para ser um artista, fotógrafo, engenheiro, artista 
gráfico, arquiteto, designer, crítico de arte, piloto ou outras profissões que exijam 
habilidades visuais. 
 Crie novas formas de meios visuoespaciais ou obras de arte originais. 
 
 
54 Superdotação e Altas Habilidades 
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Esses 12 itens são apenas algumas das possíveis expressões a inteligência 
visuoespacial. É importante ressaltar que a inteligência visuoespacial é subjacente a toda 
atividade humana e não pode e ser restringida a uma única lista de características. 
5.3. Processos de aprendizagem visuoespaciais 
Em diversos ambientes de ensino, a inteligência visuoespacial é desprezada ao 
domínio das artes visuais, e, devido a isso, muitos alunos deixam de aproveitar 
oportunidades para desenvolver e/ou aprimorar as habilidades perceptivas, visuais e 
estéticas. McKim em seu livro Experiences in Visual Thinking, identifica três amplos 
componentes das imagens 
visuais: “as imagens externas 
que percebemos, as imagens 
internas que sonhamos ou 
imaginamos e o tipo de imagens 
que criamos através de rabiscos, 
desenhos ou pinturas”. Segundo 
o mesmo, o pensamento visual 
consiste no que vemos, 
imaginamos ou desenhamos. 
 
As estratégias instrutivas que se deve ter com indivíduos com altas habilidades 
relacionadas a inteligência visuoespacial, deve ser relacionado a cada uma dessas três 
habilidades atentando-se também a as subinteligências que estão dentro do âmbito maior: 
 
 Estabelecimento de um ambiente de aprendizagem visual 
 Representação pictórica 
 Instrumentos de registro 
 Visual e estímulo cerebral 
 Visualização 
 Variedade visual no material de aprendizagem 
 Jogos de tabuleiro e de cartas 
 Arquitetura 
 As artes visuais 
 
 
 
55 Superdotação e Altas Habilidades 
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5.4. Estabelecimento de um ambiente de aprendizagem visual 
Com um bom planejamento, esforço e até com a ajuda dos próprios alunos, o 
ambiente de aula pode ser transformado em locais esteticamente agradáveis, 
proporcionando maior conforto visual a todos. 
 
A iluminação pode ser melhorada com 
lâmpadas de amplo espectro, a disposição das 
cadeiras pode ser colocada em forma de semicírculo 
ou círculo que, em geral, é preferível em comparação 
as fileiras de cadeiras, pois os alunos podem interagir 
com mais facilidade e o professor consegue ter maior 
domínio sobre todos, as peças de mobília podem ser 
mais convidativas, como com poltronas e cadeiras confortáveis ou almofadas, os tecidos 
ou tapetes coloridos e brilhantes podem ser 
implementados, assim como trabalhos artísticos, 
cartazes ou tabelas expostos de maneira sugestiva e 
vegetações (plantas e flores de diversas espécies) 
podem estabelecer um ambiente positivo, que recebe 
os alunos com vitalidade visual. 
 
Com esforço e respeito dedicado ao ambiente visual, o professor pode transformar a 
sala de aula em um grande instrumento de aprendizagem. Abaixo, seguem algumas 
sugestões para aprimorar e valorizar a dimensão visual da sala de aula. 
 
5.4.1. Instrumentos visuais 
Segundo Campbell (et hall, 2000) os instrumentos visuais, como papel, giz, lápis, 
canetas hidrográficas, pinturas, câmeras, computadores, vídeos, projetores suspensos, 
entre outros, devem estar sempre prontamente disponíveis para uso de alunos e 
professores, uma vez que esses recursos ampliam o horizonte visual, espacial e criativo. 
 
5.4.2. Áreas exclusivas para exposição 
No intuito de evitar uma sobrecarga visual, deve-se selecionar os espaços que serão 
destinados para a exibição de trabalhos artísticos, mensagens ou fotografias, murais, 
quadros de avisos. 
 
 
56 Superdotação e Altas Habilidades 
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5.4.3. Estímulos periféricos 
Segundo Campbell (et all, 2000), “a teoria da aprendizagem acelerada sugere que a 
quantidade de aprendizagem pode ser muito aumentada”. Uma das estratégias de 
aprendizagem acelerada indicada pelo autor, explora a percepção periférica humana, tanto 
para ensinar quanto facilitar a memória a longo prazo. O Dr. Georgi Lozan criador de 
métodos de aprendizagem acelerada, declara que: 
 
[...] o material visual periférico é registrado no subconsciente da mente e pode ser 
prontamente recordado quando ativado posteriormente em uma lição. Em estudos 
búlgaros de turmas de ensino de língua estrangeira para adultos, assim como de 
turmas elementares de leitura e matemática, os alunos eram capazes de recordar 
maior número de informações, quando havia estímulos periféricos na sala, ainda 
que sua atenção consciente não estivesse dirigida para esses elementos visuais. O 
uso de periféricos na aprendizagem acelerada é considerado um componente visual 
importante para imergir os alunos na matéria (LOZAN, apud CAMPBELL et all, 
2000) 
 
Os professores interessados em proporcionar os estímulos periféricos devem reunir e 
depois exibir cópias de trabalhos artísticos, cartazes, fotografias, tabelas, mapas ou 
citações que reforcem o ensino dos tópicos. Entretanto, deve-se atenção para o fato de 
que, uma informação visual, uma vez exibida, perde rapidamente seu interesse e impacto 
e para que esses estímulos permaneçam excitantes, os recursos visuais necessitam de 
variações, devendo ser trocados ou de alguma maneira modificados uma vez por semana. 
 
5.4.4. Comunicação não-verbal 
As atitudes posturais do professor projetam diversas mensagens enquanto aos alunos 
enquanto eles assistem e interpretam a aula. Conseguir harmonia entre gestos e palavras 
tem um efeito positivo acerca do ensino e com a comunicação em geral. Há nítida diferença 
entre um professor que esteja entusiasmado com o trabalho do aluno, para o que não 
esteja! As atitudes, formas posturais e características fisionômicas refletem seu estado em 
posição a cada situação, podendo entusiasmar e estimular a aula, ou ter o efeito 
completamente reverso. Assim como, também pode-se notar o empenho e consistência do 
aluno em sala por suas expressões corporais. 
 
 
 
57 Superdotação e Altas Habilidades 
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Trabalhar em si e no aluno a linguagem corporal é de extrema valia, proporcionando 
uma melhor comunicação entre alunos e professor. Pode-se trabalhar essa habilidade 
através de imagens, filmagens mimicas, entre outras formas (CAMPBELL, et all, 2000) 
 
5.5. Representação pictórica 
Para alunos com a altas habilidades relacionadas a inteligência visuoespacial, é de 
extrema valia o uso de quadros, diagramas ou fotografias como auxilio para a linguagem 
falada ou escrita, facilitando a aprendizagem e reforçando a retenção das informações. 
Para indivíduos com superdotação nessa inteligência, cabe perfeitamente a frase “uma 
imagem vale mais que mil palavras”, certamente, as imagens para aprimoramento da 
inteligência visuoespaciatem um valor inestimável. As representações gráficas das 
informações que são aplicas em sala de aula, desempenha funções educacionais valiosas: 
“elas apresentam, definem, interpretam, manipulam, sintetizam e demonstram dados” 
(CAMPBELL et all, 2000, p. 105). 
 
Os estímulos visuais melhoram o ensino, pois tornam mais claros os conceitos que 
os professores estão explicando, e proporcionam aos alunos os meios visuais para 
compreenderem e comunicarem o que aprenderam. No entanto, muitos professores 
e alunos hesitam em usar a representação pictórica por falta de familiaridade com 
as técnicas gráficas e a suposição incorreta de que essas imagens devem ser 
representadas com arte. Em vez de enfatizar exibições estéticas refinadas, tanto os 
alunos quanto os professores podem usar tais instrumentos para explorar o tema 
em questão (CAMPBELL et all, 2000, p. 105). 
 
Há muitas formas de representação pictórica que podem ser empregadas de modo 
eficaz na sala de aula. Aquelas descritas nesta seção incluem fluxogramas, resumos 
visuais, quadros gerais, modelos de quadros visuais e muitas estratégias de anotação. 
 
 
 
58 Superdotação e Altas Habilidades 
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5.5.1. Fluxogramas 
O conceito que Campbell (et all, 2000 p.105) da ao fluxograma é de que eles 
“descrevem a estrutura dos conceitos e simbolizam a direção do fluxo entre as idéias”. 
Qualquer assunto, aula, ou contexto de qualquer disciplina, seja em matemática, história, 
ciências, saúde, literatura ou instruções pode ser facilmente ilustrado em forma de 
fluxograma. Essa estratégia de trabalho, proporciona ao aluno com altas habilidades uma 
visão mais complexa e um entendimento superior sobre o tema, fazendo com que eles 
captem mais facilmente os conceitos ilustrados. 
 
Os fluxogramas, podem ser simples ou complexos, podendo ser de qualquer tamanho 
e forma. Um grande fluxograma pode ser feito em materiais diferentes, como em papel 
pardo, uma cortina de box, ou até mesmo no chão, sendo desenhado com fitas e tintas. A 
criatividade deve imperar no formato que o fluxograma será desenvolvido e nos materiais 
que serão utilizados, pode-se utilizar de formas geométricas ou formas livres, incluindo 
retângulos, círculos, triângulos ou até mesmo em formato de nuvens, qualquer tentativa é 
válida de ser usada para "representar" o fluxo dos conceitos que estão sendo explicados. 
O objetivo dessa estratégia é que os alunos experimentem de forma cinestésica e visual, 
enquanto criam e/ou percorram pelo fluxograma com seus próprios pés. Em fluxogramas 
maiores, pode-se em vez de ser conduzido apenas para uma direção, pode haver duas ou 
mais setas partindo de qualquer componente do mesmo, denotando as diferentes opções 
para chegar no ponto principal. 
 
Os fluxogramas podem ser utilizados tanto para os professores transformarem suas 
informações passadas no mesmo (fazendo com que o aluno com altas habilidades para a 
inteligência visuoespacial, compreenda e fixe melhor o conteúdo), quanto para os alunos 
demonstrarem sua compreensão da sequência conceitual apreendida. Como exemplos de 
fluxogramas, segue abaixo dois formatos que Campbeel (et all, 2000) exemplifica em seu 
livro Ensino e aprendizagem por meio das Inteligências Múltiplas 
 
 
59 Superdotação e Altas Habilidades 
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5.5.2. Resumos visuais 
O resumo visual é uma abordagem gráfica (assim como os fluxogramas), onde os 
alunos precisam “preencher os espaços” de um parágrafo, relatório ou resumo que seja de 
preferência do professor. Esses resumos visuais auxiliam os alunos a identificarem os 
componentes primordiais das tarefas escritas, tornando como uma associação de assunto 
e “chave do assunto”. 
Muitos alunos que não dominam em maior escala a inteligência verbal linguística, 
precisam desse suporte, sentindo-se menos ameaçado quando organizam seus 
pensamentos em uma forma visual. Ao utilizar este processo visual, o indivíduo, não só tem 
uma melhoria na compreensão da tarefa escrita, como também, aprende a organizar os 
pensamentos de modo visual. 
 
 
60 Superdotação e Altas Habilidades 
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 Existem diversas formas de criar resumos visuais, pode-se também trabalhar com as 
cores e diversos formatos! Assim como o fluxograma, os resumos visuais precisam “chamar 
a atenção” do aluno para que o mesmo compreenda de distinta forma o conteúdo ensinado, 
devido a isso, também é de suma importância, assim como no fluxograma, a utilização da 
criatividade para explorar as diversas formas, cores e modos de construir e organizar esses 
resumos visuais. 
 
5.6. Instrumentos de registro visual e estímulo cerebral 
“Tomar nota” costuma ser uma ferramenta de grande valia para aprimorar essa 
inteligência. O ato de anotar com suas próprias palavras, ao invés da cópia literal, 
proporciona maior armazenamento das informações, codificação e organização dos dados, 
estímulo das associações, inferências e interpretações, e também, concentração da 
atenção no que é realmente importante. A cópia, transcrita de forma literal, é ineficiente em 
comparação com a anotação pessoal da informação obtida. 
 
Trabalhar com palavras-chave (nomes, verbos, etc.) destacam-se de forma mais 
eficaz no material escrito ou falado, gerando imagens, fazendo com que a informação seja 
absorvida de forma mais eficaz e fique armazenada por mais tempo. 
 
Existem diversas novas formas visuais que ampliam as abordagens e valorizam vários 
fatores que melhoram a recordação. 
 
 
 
61 Superdotação e Altas Habilidades 
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5.6.1. Mapeamento de conceitos 
O mapeamento de conceitos é um organizador gráfico. Para criar mapas de conceito 
ler um texto, artigo ou material desejado pelo professor e identificar os conceitos-chave 
apresentados. Após, deve-se compilar uma lista com os principais conceitos, situando do 
conceito mais amplo para os menos, em outras palavras, do macro para o micro. A ordem 
e organização dos conceitos exige que o aluno absorva pelas palavras-chave a informação 
obtida e gere uma ordem para a organização das idéias. 
 
Os mapas de conceitos devem ser elaborados no formato de árvore, com o conceito 
mais abrangente no alto. A segunda fileira de conceitos, deve ser colocado os que sejam 
ligados diretamente ao conceito principal, e, as linhas de conexão, devem ser rotuladas 
com verbos adequados para reforçar o significado da relação entre as palavras. Na terceira 
linha, dá-se continuidade da mesma forma, sempre seguindo uma hierarquia de conexões, 
e assim sucessivamente até que todas as idéias estejam expressas. Pode-se acrescentar 
vínculos cruzados quando houver relacionamento entre uma parte e outra do mapa. 
 
Segue abaixo um exemplo de mapeamento realizado por Correia, Silva e Romano 
(2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
62 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5.6.2. Mapeamento mental 
A estratégia eficiente de anotação visual 
criada por Tony Buzan e apresentada no livro Use 
Both Sides of Your Brain, recomenda uma 
abordagem espacial, não linear, para tomar notas, 
explorando a capacidade natural da mente de 
trabalhar de maneira integrada, inter-relacionada e 
complexa, sendo semelhante aos métodos 
anteriores, entretanto este, apresenta ramos de 
informações mais complexos, ou seja, de forma mais global, partindo da idéia central e 
gerando um quadro de tópicos. 
 
Os mapas mentais auxiliam na organização e recordaçãode informações escritas 
e/ou verbais, planejamento e avaliação de projetos/eventos ou registro visual de uma 
reunião, podendo ser extremamente uteis no dia a dia. 
 
Muitos alunos que possuem a inteligência visuoespacial acima da média, gostam de 
trabalhar desta forma, criando o mapeamento mental e símbolos ou imagens para ilustrar 
seus conceitos e também para embelezar seus trabalhos. 
 
 
 
 
63 Superdotação e Altas Habilidades 
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5.7. Visualização 
A visualização é a capacidade de construir mentalmente ou recordar representações 
visuais, grandes invenções e descobertas partiram de ideias, uma imagem clara ou uma 
visão. Trabalhar com a visualização em sala de aula é de extrema importância, fazendo 
com que o aluno gere instrumentos para aprender, conhecer, descobrir e estimular a 
produzir suas próprias ideias e imagens mentais. 
5.7.1. Técnicas de memória visual 
Os antigos gregos, a partir de histórias e contos, geraram formas de memorização 
seguindo o princípio da associação. A associação consiste primordialmente na 
ligação/conexão entre uma ideia e outra. Segundo Capbell (et all, 2000 p.115), quando 
“aprendemos técnicas mnemônicas que enfatizam as interconexões, podemos aumentar 
nossa capacidade para armazenar e recordar muito mais do que esperamos”. 
 
A associação de itens, relacionando as palavras com partes da casa do aluno ou 
quarto, também é eficiente. Deste modo os alunos associam mentalmente cada item de 
uma lista com um objeto do quarto. Exemplo: 
 Trapézio 
 Malabarista 
 Ginete 
 Acrobata 
 Maquiagem 
 
Os alunos podem associar o trapézio pendurando no teto, o malabarista em cima da 
cama, o ginete saindo do quarto, o acrobata na frente do espelho e a maquiagem numa 
penteadeira. É obvio que cada aluno terá a sua interpretação para as palavras e o local do 
quarto. Essa técnica auxilia no desenvolvimento e na habilidade de memorizar, além de 
instigar a criatividade desse indivíduo. 
5.8. Variedade visual no material de aprendizagem 
O interesse e entusiasmo dos alunos pelos materiais didáticos pode ser criado com 
alterações visuais caracterizadas pela forma, cor ou imagens. 
 
 
 
64 Superdotação e Altas Habilidades 
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A cor é um componente importante do pensamento visual. Ela distingue ideias, 
orienta a atenção e melhora a lembrança. A cor pode destacar informações 
impressões repetidas, materiais didáticos, tópicos de conferências, ilustrações no 
quadro-negro, quadro de avisos, anotações de aula e lições de casa (CAMPBELL, 
et all, 2000). 
 
5.8.1. Destaque com cor 
 
A cor pode e deve ser usada como instrumento didático. As 
cores podem ser utilizadas tanto para ensinar algo, como nas 
correções, onde coloca-se os erros em uma cor e os acertos em 
outra. Procedimentos de cor similares (próximas) e sequenciais, 
podem ser usadas para seguir diretrizes, tomar notas ou 
memorizar qualquer tipo de sequência. As cores têm o dom de 
gerar uma identidade visual para o tema, assim como para subtemas. A partir do uso delas, 
o entendimento dos alunos sobre os temas abordados se torna mais amplo, uma vez que 
eles começam a associar a cor com o assunto abordado. 
 
5.8.2. Variação das formas 
A variedade visual é o processo de acrescentar elementos gráficos, variações de 
fontes, letras maiores e menores, caixas, símbolos, etc., aos materiais didáticos. Em alunos 
que possuem uma inteligência visual em maior âmbito, e a verbal-linguística prejudicada, 
pode utilizar da técnica de colocar as letras que eles errem em maior escala, chamando a 
atenção para elas e melhorando na sua lembrança a forma correta de escreve-las: 
 
caSa danÇa Jeito 
 
Outra forma de ajuda-los na concentração é sugerir que os mesmos visualizem as 
palavras e suas formas. As formas das palavras podem ser destacadas da seguinte forma: 
 
 geometria híbrido 
 
 
65 Superdotação e Altas Habilidades 
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5.9. Jogos de tabuleiro e de cartas 
Os jogos de tabuleiro tendem a estimular a imaginação dos alunos, além de 
proporcionar maior entusiasmos nas aulas. Os jogos com peças móveis desfiam a 
imaginação do jogador, exercem a habilidade da memória e a inteligência visuo espacial. 
O xadrez é um excelente exemplo de jogo de tabuleiro que melhoram a capacidade de 
pensar e aprender do aluno, além do pensamento crítico, tomada de decisão, raciocínio 
lógico e espacial e a tomada de estratégia. Os jogos não precisam ser pré-fabricados, pode-
se elaborar um jogo abordando a matéria discutida. 
 
Os jogos de cartas também são eficientes instrumentos visuais de aprendizagem. As 
cartas podem se tornar de extrema eficácia, sendo adaptadas para quaisquer matérias, 
como exemplo, um jogo de álgebra pode ter equações quadricas ou expansões 
polinômicas. O professor deve usar a criatividade para elaborar esses jogos didáticos 
relacionando-os a sua matéria, e assim, ampliando a capacitação desse aluno de 
entendimento. 
5.10. Arquitetura 
O estimulo da arquitetura para crianças superdotadas na 
inteligência visuoespacial é de total eficácia e proveito. Deve-
se trabalhar desde a época escolar, ampliando os horizontes 
deste aluno. De acordo com Campbell (et all, 2000 p.120) “a 
arquitetura consiste em um meio efetivo para os alunos 
aprenderem e aplicarem a matemática, a física, as habilidades 
de pensamento crítico e criativo, o raciocínio espacial, a 
resolução de problemas e colaboração”. A arquitetura oferece “vias de acesso” para 
conteúdos que até então eram abstratos ou desestimulantes. 
 
O aprendizado acerca da arquitetura pode ser amplo ou 
ser singular, seguindo preceitos de um projeto, ensinando ao 
aluno o pensar espacial de um arquiteto e conjuntamente 
demonstrar o aprendizado em vista do mundo real, ou seja, 
pode-se trabalhar acerca do projeto arquitetônico, resolução 
criativa, aproveitamento de espaços, o conteúdo das matérias através do ambiente 
construído, natural e cultural, interligando a matemática, a ciências e a arte. 
 
 
 
66 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5.11. Artes visuais 
Normalmente as artes visuais são abordadas de duas maneiras: ensinando-as como 
matérias distintas e independentes e integrando-as em todas as matérias, como 
instrumento de ensino e aprendizagem. 
 
As artes visuais do desenho, da pintura, da escultura, dos projetos, e da colagem 
normalmente estão integradas na sala de aula do ensino fundamental. Entretanto, 
quando as crianças crescem, essas atividades são caracteristicamente omitidas de 
seus estudos e são oferecidas apenas como aulas de arte separadas (CAMPBELL, 
et all, 2000) 
 
As aulas estimulantes para alunos de altas habilidades, precisam de intenso 
planejamento e estrutura dos professores e equipe pedagógica. A partir de aulas criativas, 
inovadoras, com características impares, os alunos, não só apreendem bem, como 
também, se beneficiam de processos artísticos fundamentais da resolução de problemas, 
auto-expressão e criatividade. 
 
 
 
67 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. Inteligência intrapessoal 
 
Objetivos: 
Proporcionar aos alunos o conhecimento e a compreensão sobre o conceito da 
inteligência intrapessoal, as formas de trabalho necessárias para o aprimoramento dessa 
habilidade no superdotado e o papel do professor para desenvolvimento da mesma. 
Exemplificar gênios dahumanidade que possuíam a inteligência intrapessoal. 
 
Introdução: 
 
“O que está atrás de nós e o que está adiante de nós são ninharias em comparação 
com o que está dentro de nós” 
Oliver Wendell Holmes 
 
Educadores e psicólogos cada vez mais se 
debruçam para pesquisar as altas habilidades. 
Introvisão, aptidões artísticas, imaginação e 
criatividade têm sido motivo de muitas discussões e 
investigações. Além dos indivíduos com altas 
Habilidades/Superdotação sofrerem agressões físicas, psicológicas veladas no meio 
escolar sendo chamados de NERDs, CDFs, puxa saco de professores, e outros 
estereótipos, há uma intolerância em nossa cultura com comportamentos independentes 
ou socialmente divergentes, que acabam por impedir que estes indivíduos possam se 
expressar. 
 
No ambiente escolar, o aprendente deveria ter no professor alguém que pudesse criar 
situações de aprendizagem, de tal forma, que os levasse a pensar, para que a partir do 
pensar, pudesse ser livre para levantar hipóteses e ser 
recompensado quando usasse o pensamento criativo sem 
sanções sociais, ao contrário do que geralmente ocorre, 
quando o Bullying no ambiente da escola é sinal que 
habilidades como a intrapessoal, não são reconhecidas. 
 
 
68 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6.1. A importância inteligência intrapessoal 
Livres e estimulados para pensar, os 
aprendentes com altas habilidades, quando tem 
acesso aos recursos que o progresso 
tecnológico os oferece cada vez mais, torna 
possível, solucionar muitos problemas em 
minutos e eliminando ações enfadonhas de 
certas espécies de solução. 
 
 
Se considerarmos o contexto do mundo profissional, onde as pessoas atuam e vivem 
a maior parte de seu tempo, é fácil entender a importância de tornar esse ambiente e 
relacionamento positivo. É assim que surge a necessidade da intervenção dos professores 
para valorizar os aprendentes que são dotados de alta habilidade intrapessoal, assim como, 
criar situações que possam despertar tal habilidade naqueles que apesar de ter outras 
potencialidades despertas com maior evidencia tenham acesso a situações que possam 
conjuga-las. 
 
 
 
69 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Gardner (2000) assevera que a inteligência 
para ser compreendida em sua amplitude não é 
uma faculdade única, se expressa em várias 
áreas, as quais podem estar interligadas, e desta 
forma, “o que significa ser inteligente é uma 
questão filosófica profunda, uma questão que exige base em biologia, física e matemática” 
(GARDNER, 2000, p. 34) 
 
Devemos nos situar que vivemos num momento de mudanças muito expressivas nos 
dias de hoje nas relações recreativas, educacionais, econômicas e sobretudo no que refere 
aos valores, onde o motor moral se assenta na emoção, mas que deve ser filtrada pela 
razão e pelo discernimento. Todos são dotados de inteligências, mas algumas se destacam 
das demais, se situam acima da média e a Secretaria de Educação Especial (1995) entende 
que: 
 
[...] altas habilidades referem-se a comportamentos observados e/ou relatados que 
confirmem a expressão de “traços consistentemente superiores” em relação à uma 
média [...] em qualquer campo do saber ou do fazer. Deve-se entender por “traços” 
as formas consistentes, ou seja, aquelas que permanecem com frequência e 
duração no repertório dos comportamentos da pessoa, de forma a poderem ser 
registrados em épocas diferentes em situações diferentes (BRASIL, MEC/SEESP, 
1995, p.13). 
 
Se recursos intangíveis se apresentam neste século, como o a informação e o 
conhecimento – ambos imprescindíveis e essenciais para vida diária e por este motivo, 
muito concorridos, procurados e valorizados por todos, estes indivíduos dotados de altas 
habilidades deveriam ter o respaldo de políticas que os atendessem em suas necessidades 
de uma forma mais específica. 
 
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 
(2008), afirma que: 
 
Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em 
qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, 
liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade, 
grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu 
interesse (BRASIL, 2008, p.15). 
 
 
 
70 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Imaginemos estas “mentes brilhantes” 
tendo como ferramenta os recursos 
tecnológicos, com as suas inúmeras fontes de 
informações criando a possibilidade de serem 
agentes de profundas mudanças, indo muito 
além das habilidades de raciocinar, planejar, 
resolver problemas e pensar, mas 
desenvolvendo habilidades mentais associadas 
ao emocional e social. Esta inteligência foi 
denominada por Gardner, por inteligência 
intrapessoal, que é fruto de um alto grau de 
consciência. 
 
Sem a presença expressiva desta habilidade, as informações que estão 
abundantemente a nossa disposição pelos meios de comunicação, redes sociais, são 
ineficazes, prova que o número de pessoas com transtornos e conflitos aumentam cada 
vez mais nas estatísticas, devido às dificuldades em encontrar pessoas com “autoridade 
moral”. 
 
Você que está lendo esta aula, se tivesse agora, de procurar 
uma pessoa para consultar, para uma importante decisão da sua 
vida, quantas pessoas você poderia contar? Com certeza você 
procuraria uma pessoa com uma notável inteligência intrapessoal, 
pessoa esta, que engloba a inteligência lógica, emocional e social. 
Alguém que tenha a capacidade de discernimento (lógica), 
capacidade de entender-se a si mesma e consequentemente os 
outros e que tenha a consciência que fomos construídos num 
grande sistema de relacionamento. 
 
 
 
71 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Certamente esta pessoa escolhida será alguém que tem um caráter essencial, agrega 
valores, que segundo Lau (2008, p.6) “a quantidade atual de informação requer pessoas 
que validem e avaliem a informação para comprovar a validade. A informação, por si só, 
não torna as pessoas letradas”. 
 
Portanto, é na inteligência Intrapessoal (inteligência do eu) e, portanto, da autoestima, 
do autoconhecimento e da automotivação; que podemos abrir a porta das soluções 
equilibradas para os conflitos éticos que envolvem os indivíduos, dotada da capacidade de 
buscar estratégias e investigações da psique humana, a partir dos seus pontos fortes e 
fracos, de suas potencialidades e competências, para 
 
Identificar as próprias capacidades, habilidades, interesses e áreas de dificuldade; 
refletir sobre sentimentos, experiências e conquistas; basear estas reflexões para 
compreender e orientar o próprio comportamento [e assim], ter uma visão sobre os 
fatores que permitem que o indivíduo tenha facilidade ou dificuldade em uma área 
(CHEN; GARDNER, 2005, p.97) 
 
 
 
72 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6.2. As altas habilidades na Inteligência Intrapessoal 
A pessoa dotada de alta inteligência intrapessoal é 
capaz de “pensar sobre o pensar” (metacognição) e manter 
tudo que faz nos trilhos, saber como estão as suas 
operações mentais, e ajusta-las quando necessário 
(metaemoção) regulando os seus impulsos e sentimentos. A 
partir deste exercício, ele passa a ter maior compreensão e maior percebimentos do que 
os outros estão sentindo. 
 
É aquele que está em busca permanente- tem discernimento, ponderação, 
moderação, temperança. Estes atributos dão a ele a habilidade de lidar com os seus limites 
e potenciais fazendo com que saiba administrar suas próprias sensações, agindo de uma 
forma harmoniosa com bases nesta vivência. 
 
Gardner assevera que as inteligências são potenciais “poder vir a ser”, aquilo que não 
pode ser visto mas pode ser atualizado, que estão em vias de realização, que podem ser 
ativadas dependendo dos valores de uma cultura e pelas decisões que venham a ser 
tomadas. 
 
Constatamos na história, homens como Freud, Dalai Lama e Gandhi que apesentaram 
altas habilidades na inteligência intrapessoal e nos deixou um legado de cura pela fala, de 
pesquisa sobre a práxis espiritual e de uma impressionante liderança pacifista. 
 
Albert Einstein com a sua altíssima inteligência lógico-matemática, em um de seus 
voos pela sua provável segunda inteligência, a intrapessoal, sobre Gandhi declara que “as 
próximas gerações dificilmente acreditarão que alguém como ele de fato andou, em carne 
e osso, por este planeta”. 
 
 
73 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Psicanalistas, religiosos e políticos aqui representados, são exemplos e modelos que 
se a inteligência segundo Gardner são potencias a serem desenvolvidas, abre para nos 
educadores uma grande possibilidade de sermos agentes de grandes mudanças. 
 
A exemplo de Mohandas Gandhi, que por opção direcionou a sua 
vida por princípios morais que deixam muitos cristãos ruborizados, tem 
sido ela a inspirar e despertar a inteligência intrapessoal de outros 
grandes homens como Martin Luther King e Mandela com os seus 
princípios da “Não Violência” e da “Verdade”. 
 
A inteligência intrapessoal está sempre em diálogo com pessoas que 
aprenderam a buscar a auto realização. Apesar de graus variados, os 
aprendentes devem ser encorajados para o despertar esta importante 
potencialidade, porque nela será capaz de discernir a forma mais 
harmoniosa de assegurar que as suas decisões sejam as mais 
acertadas para o seu bem e para o bem coletivo. 
 
A pessoa dotada de alta habilidade intrapessoal pode ser reconhecida quando sabe 
lidar com as sombras da vaidade, o veneno do ciúme, o incêndio da cólera e tem 
consciência que dia tem a sua lição, cada experiência deixa o seu valor. 
 
São pessoas que tem clareza de quem é, reconhece as virtudes 
e defeitos, compreende perfeitamente o “conhece-te a ti mesmo” 
inscrito no Oráculo de Delfos, sabe que a vida tem uma chave para a 
felicidade e que reside no saber controlar as suas emoções. É uma 
habilidade que deveria ser mais valorizada nos meios acadêmicos 
 
 
74 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
porque é o “coração” ou a “alma” em todas as demais inteligências, para que estas sejam 
bem-sucedidas. 
 
Como podem os professores/educadores ajudar os alunos/crianças/jovens no 
desenvolvimento desta inteligência: 
- Promovendo a definição de objetivos pessoais e realistas e a definição de 
estratégias adequadas. 
- Ajudando-os a estabelecer metas pessoais para o seu estudo, de acordo com os 
seus objetivos, as suas dificuldades e o seu ritmo. 
- Levando-os a praticar uma autoavaliação da sua aprendizagem após cada sessão 
de estudo. 
- Sugerindo-lhes a redação de um "diário de estudo" depois de cada sessão de 
estudo, com as reflexões sobre o que acabaram de estudar e a ligação disso com 
outros assuntos. 
- Proporcionando diferentes estratégias de aprendizagem e promovendo uma 
autoavaliação da sua utilização, para que cada aluno se torne mais consciente do 
seu estilo de aprendizagem. 
 
A inteligência intrapessoal é essencial para o exercício de diversas profissões. Os 
investigadores, os psicólogos, os filósofos, os autores e os atletas de alta 
competição são alguns dos profissionais que precisam de a ter bem desenvolvida. 
Contudo as competências que a caracterizam são também indispensáveis para se 
conseguir definir um percurso de vida que tenha em conta, por um lado, as 
características pessoais e, por outro, os objetivos a atingir, contornando mais 
facilmente as dificuldades e rentabilizando mais eficazmente as potencialidades. O 
papel dos educadores junto das crianças e dos jovens nesta área é, por isso, de 
grande importância. (ZENHAS, 2005) 
 
Algumas das características da inteligência intrapessoal são pessoas que tem 
facilidade em lidar com situações que dependem delas e a partir do seu autoconhecimento 
administram cada ação que realizam para o seu desenvolvimento pessoal, mas que se 
transbordam em ações solidárias. Apresentam auto compreensão, autoestima elevada, 
determinação e persistência, maior capacidade de realização, capacidade de despertar o 
melhor de si em todas as situações, facilidade de resolução de conflitos, independência 
para criar o próprio caminho, foco e concentração nas atividades desempenhadas e muita 
disciplina. 
 
 
 
75 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Altas 
Habilidades/Superdotação 
Práticas 
 
Inteligência lógico-matemática 
Busque fazer cálculos matemáticos mentalmente e resolva 
problemas e testes. Jogar cartas também ajuda, 
principalmente o poker, que é um ótimo jogo matemático. 
 
 
 
Inteligência linguística 
A leitura é a principal forma de ampliar seu vocabulário. 
Escrever histórias e poemas também desenvolverá sua 
inteligência linguística. Tente fazer mais apresentações e 
discursos e não deixe o medo de falar em público dominar 
você. Ele é um dos medos mais comuns entre as pessoas e 
com a prática você conseguirá superá-lo. 
 
 
Inteligência musical 
Escute mais música e preste atenção à letra e aos sons, pois 
eles estimulam novos caminhos e conexões cerebrais. Cante 
no banho, no carro, no karaokê. Pense na possibilidade de 
participar de algum coral. Aprenda a tocar algum instrumento, 
qualquer um. 
 
 
Inteligência espacial 
Deixe o GPS um pouco de lado. Tente decorar mapas de ruas 
e experimente caminhos alternativos para chegar ao seu 
destino. Jogos de labirinto, sudoku ou xadrez exploram a sua 
capacidade espacial de imaginar movimentos e fazer jogadas. 
Inteligência corporal 
cinestésica 
Pratique esportes que ampliem sua consciência corporal, yoga, 
pilates. Dance mais. Participe de um clube de teatro ou grupo 
de improviso. 
 
Inteligência interpessoal 
Experimente praticar desafios que ampliam a capacidade 
interpessoal, como negociações, mediações, vendas. 
Converse mais com pessoas e converse com mais pessoas. 
Sempre pratique a empatia. 
Inteligência intrapessoal 
Reserve parte do seu dia para a auto-reflexão e o 
autodesenvolvimento. A meditação pode ajudar a aumentar a 
consciência sobre seu corpo e suas emoções. Estabeleça 
desafios e metas para sua própria vida e busque caminhos 
para alcançá-los. 
Inteligência naturalista 
Faça mais passeios ao ar livre, como caminhar em parques, 
praças, sítios e busque contemplar o ambiente ao seu redor. 
Jardinagem e compostagem podem ser ótimas atividades para 
desenvolver nossa inteligência natural, mesmo em ambientes 
urbanos. 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em: https://manifesto55.com/teoria-das-inteligencias-multiplas-empatia-e-diversidade-na-escola-e-
no-trabalho/ Acesso em: 26 jun. 2018. 
 
 
76 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. Inteligência intrapessoal 
 
Objetivo: 
Proporcionar aos discentes o entendimento sobre a inteligência interpessoal, seu 
conceito, suas características,sua importância, exemplos de ícones e de pessoas 
superdotadas dessa habilidade, além, das estratégias de trabalho pedagógicas para melhor 
desenvolvimento desses indivíduos. 
 
Introdução: 
“Para que a civilização sobreviva, precisamos elevar ao ponto 
máximo a ciência dos relacionamentos humanos – a capacidade 
de todos os povos, de todos os tipos, de viverem juntos, no 
mesmo mundo, em paz” 
Franklin Delano Roosevelt 
 
A inteligência interpessoal nos permite entender e compreender as outras pessoas e 
comunicarmo-nos com elas, observando diferenças no temperamento, opiniões, ações, 
humor, motivações e nas habilidades. Essa inteligência inclui a capacidade de formar e 
manter relacionamentos, para criarmos personalidades dentro de grupos (assumir papeis), 
seja como líder ou membros dos mesmos. Superdotados dessa inteligência possuem 
habilidades sociais aprimoradas, normalmente identificando-se como líderes. Indivíduos 
que demonstrem compromissos autênticos em relação a outras pessoas e/ou a grupos, e, 
também, a capacidade (seja práticas ou ideais) para melhorar a vida dos outros exibem 
uma inteligência interpessoal positivamente desenvolvida (CAMPBELL, et all, 2000) 
 
Discentes que possuem essa inteligência em nível de superdotação, apreciam a 
interação com outras pessoas. Devido a capacidade de influenciar as pessoas ao seu redor, 
em geral, eles costumam se destacar em trabalhos em grupo, nos esforços de equipe e em 
projetos cooperativos. Alguns tendem a ser sensíveis aos sentimentos dos demais, curiosos 
com respeito às variações multiculturais nos estilos de vida ou interessados na importância 
social dos estudos em sala de aula. 
7.1. Compreendendo a inteligência interpessoal 
Educar é um processo que se constrói nas relações interpessoais e que ao conviver 
com o outro, ocorre profundas mudanças o tempo todo. Para que este processo se efetive 
 
 
77 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
é necessário que haja a intervenção de profissionais competentes e recursos 
educativos/educacionais para construir as potencialidades dos educandos. Não importando 
que sejam, precoces nos casos de indivíduos que apresentam habilidades específicas 
(crianças que lê antes dos 4 anos), sejam prodígios, (crianças que em uma idade precoce 
demonstram um desempenho ao nível de um profissional adulto a exemplo de Mozart) ou 
sejam gênios, que implica na transformação de um campo do conhecimento com 
consequências fundamentais e irreversíveis a exemplo de Einstein, Freud, Leonardo da 
Vinci, Stephen Hawking. 
[...] determinados segmentos da comunidade permanecem igualmente 
discriminados e à margem do sistema educacional. É o caso dos superdotados, 
portadores de altas habilidades, “brilhantes” e talentosos que, devido a 
necessidades e motivações específicas – incluindo a não aceitação da rigidez 
curricular e de aspectos do cotidiano escolar – são tidos por muitos como 
trabalhosos e indisciplinados, deixando de receber os serviços especiais de que 
necessitam, como por exemplo o enriquecimento e aprofundamento curricular. 
Assim, esses alunos muitas vezes abandonam o sistema educacional, inclusive por 
dificuldades de relacionamento. (BRASIL, Parecer CNE/CEB Nº 17/2001, p. 19) 
 
 
 
78 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Quando o professor se depara com educandos com “traços consistentemente 
superiores” em relação à média, demonstrando interesse, criatividade, motivação e 
empenho pessoal é sinal que são indivíduos talentosos e com habilidades com alto 
desempenho. 
Altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a 
dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem 
condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem receber desafios 
suplementares em classe comum, em sala de recursos ou em outros espaços 
definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para concluir, em menor tempo, a série 
ou etapa escolar 
 
 
 
 
79 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Há alunos com altas habilidades/superdotação que demostram potencial elevado 
vinculadas a relação pessoal, com uma imensa capacidade de lidar com outras pessoas e 
realizar os seus objetivos. Com respostas acertadas, discernimento, adequado estado de 
humor, se transformam em líderes por saberem persuadir, envolver os seus liderados. 
 
Desde de criança quando dotado desta alta habilidade, apresenta uma percepção dos 
seus próprios sentimentos que verbaliza com os seus brinquedos. 
 
 
 
Jogos que estimulam a empatia, que o faz se colocar no lugar do outro, favorecem o 
despertar destas potencialidades e exercitar a liderança que é o que evidencia esta alta 
habilidade, 
Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em 
qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, 
liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, 
envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. 
(SEESP, 2008, p.9) 
 
É importante enfatizar que o superdotado é aquele indivíduo que, significativamente é 
superior em alguma área do conhecimento quando comparado. Apresentando habilidades 
acima da média, envolvimento com a tarefa e criatividade. 
 
 
 
 
80 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Estes indivíduos, que se estima de 15 a 20%, quando devidamente identificados, 
podem ser beneficiados pelas políticas públicas, recebendo programas de atendimento e 
desfazer conceitos errôneos dos seus comportamentos. 
 
Art. 7º Os alunos com altas habilidades/superdotação terão suas atividades de 
enriquecimento curricular desenvolvidas no âmbito de escolas públicas de ensino 
regular em interface com os núcleos de atividades para altas 
habilidades/superdotação e com as instituições de ensino superior e institutos 
voltados ao desenvolvimento e promoção da pesquisa, das artes e dos esportes. 
(Resolução nº4, 2009) 
 
É bom lembrar que a superdotação além do cognitivo, também se expressa no seu 
mundo afetivo, seja na forma de expressar-se enquanto pessoa, seja na vivência e 
maturidade socioemocional. 
 
A alta habilidade interpessoal, nasce de um suporte afetivo significativo dos pais, que 
permite a criança a autonomia para mais ampla experimentação do mundo externo e 
exploração em ambientes ricos em experiências favorecendo a construção dos seus 
talentos. 
7.2. Modelo dos três anéis 
O pesquisador Joseph Renzulli, educador norte americano, na década de 70 elaborou 
um modelo de enriquecimento escolar que intitulou de “Modelo dos três anéis” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
81 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Potencial de desempenho representativamente superior em qualquer área 
determinada do esforço humano e que pode ser caracterizada por dois aspectos: 
Habilidade geral: capacidade de processar as 
informações, integrar experiencias, que resultem em 
respostas adequadas e adaptadas a novas situações e a 
capacidade de envolver-se no pensamento abstrato. 
Habilidades especificas: que consistem nas habilidades 
de adquirir conhecimento e destreza numa ou mais áreas 
específicas. 
 
 
É o expressivo interesse que o sujeiro apresenta em 
relação a uma determinada tarefa, problema ou área 
especifica do desempenho, e que caracteriza-se 
especialmente pela motivação, persistencia e empenho 
nesta tarefa.Constitui o terceiro grupo de traços característicos a todas 
as pessoas com altas habilidades e define-se pela 
capacidade de juntar diferentes informações para encontrar 
novas soluções. Caracteriza-se pela fluência, flexibilidade, 
sensibilidade, originalidade capacidade de elaboração e 
pensamento divergente. 
 
Os fatores de personalidade são: percepção de si mesmo e auto eficácia, coragem, 
caráter, intuição, charme ou carisma, fortaleza do ego, senso de destino, atração pessoal. 
 
Os fatores ambientais são: origem socioeconômica, personalidade dos pais, nível de 
educação dos pais, estímulos na infância, interesses, posição na família, educação formal, 
disponibilidade de modelos, doenças físicas e bem-estar. 
 
 
82 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
 
A partir das nossas reflexões a respeito das crianças com superdotação podemos 
concluir que estas crianças adquirem e retém informações rapidamente e surge muitas 
vezes o problema da impaciência diante da lentidão dos colegas e irritação frente as rotinas 
e repetições. Está sempre em busca de significados, é curiosa e com atitudes inquisitivas, 
e geralmente acabam por fazer perguntas que incomodam, esperando dos outros assim 
como ela ter vasta gama de interesses. 
 
Amplo vocabulário e proficiência verbal e com amplas informações em áreas 
avançadas, muitas vezes levando-a ao tédio com a escola e com os colegas e interpretado 
pelos outros como o “sabe tudo”. 
 
 
83 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Apresenta pensamento criativo elevado com altas expectativas, porem em muitas 
circunstâncias é intolerante ou crítico 
7.3. Exemplo de superdotado na inteligência interpessoal 
Como pudemos estudar, a inteligência Interpessoal se expressa pela habilidade de 
entender as intenções, motivações e desejos dos outros. Abaixo temos um lindo exemplo 
de inteligência interpessoal. 
 
Ryan nasceu no Canadá em maio de 1991, ou seja, hoje (2012) tem 21 anos. Quando 
pequeno, na escola, com apenas seis anos, sua professora lhes falou sobre como viviam 
as crianças na África. 
 
Profundamente comovido ao saber que algumas até morrem de sede, que não há 
poços de onde tirar água, e pensar que a ele bastavam alguns passos para que a água 
saísse da torneira durante horas. 
 
Ryan perguntou quanto custaria para levar água a eles. A professora pensou um 
pouco, e se lembrou de uma organização chamada WaterCan, dedicada ao tema, e lhe 
disse que um pequeno poço poderia custar cerca de 70 dólares. 
 
Quando chegou em casa, foi direto a sua mãe Susan e lhe disse que necessitava de 
70 dólares para comprar um poço para as crianças africanas. 
 
Sua mãe disse-lhe que ele deveria consegui-los e foi-lhe dando tarefas em casa com 
as quais Ryan ganhava alguns dólares por semana. 
 
Finalmente reuniu os 70 dólares e pediu à sua mãe que o acompanhasse à sede da 
WaterCan para comprar seu poço para os meninos da África. Quando o atenderam, 
disseram-lhe que o custo real da perfuração de um poço era de 2.000 dólares. 
 
Susan deixou claro que ela não poderia lhe dar 2.000 dólares por mais que limpasse 
cristais durante toda a vida, porém Ryan não se rendeu. Prometeu aquele homem que 
voltaria… e o fez. 
 
 
84 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Contagiados por seu entusiasmo, todos puseram-se a trabalhar: seus irmãos, vizinhos 
e amigos. Entre todo o bairro conseguiram reunir 2.000 dólares trabalhando e fazendo 
mandados e Ryan voltou triunfante a WaterCan para pedir seu poço. 
 
Em janeiro de 1999 foi perfurado um poço em uma vila ao norte de Uganda. A partir 
daí começa a lenda. Ryan não parou de arrecadar fundos e de viajar por meio mundo 
buscando apoios. 
 
Quando o poço de Angola estava pronto, o colégio começou uma correspondência 
com as crianças do colégio que ficava ao lado do poço, na África. 
 
Assim, Ryan conheceu Akana: um jovem que havia escapado das garras dos exércitos 
de meninos e que lutava para estudar a cada dia. Ryan sentiu-se cativado por seu novo 
amigo e pediu a seus pais para ir vê-lo. 
 
Com um grande esforço econômico de sua parte, os pais pagaram sua viagem a 
Uganda e Ryan, em 2000, chegou ao povoado onde havia sido perfurado seu poço. 
Centenas de meninos dos arredores formavam um corredor e gritavam seu nome. 
 
Sabem meu nome? Ryan perguntou a seu guia. 
Todo mundo que vive 100 quilômetros ao redor sabe - ele respondeu. 
 
Hoje em dia, Ryan – com 21 anos - tem sua própria fundação e conseguiu levar mais 
de 400 poços à África. Encarrega-se também de proporcionar educação e de ensinar aos 
nativos a cuidar dos poços e da água. Recolhe doações de todo o mundo e estuda para ser 
engenheiro hidráulico. Ryan tem-se empenhado em acabar com a sede na África. 
7.4. Listagem das qualidades interpessoais 
A inteligência interpessoal é uma das características mais importantes do intelecto 
humano, uma vez que o uso criativo da mente humana é manter eficientemente a 
sociedade. Devido a capacidade de previsão e compreensão social, muitas pessoas são 
capazes de considerar as consequências de suas próprias ações, antecipar o 
comportamento dos outros, determinar os potenciais benefícios e as perdas e enfrentar 
com sucesso questões interpessoais no âmbito local e além dele (CAMPBELL, et all, 2000). 
 
 
85 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Segundo os mesmos autores, é provável que uma pessoa com superdotação na 
inteligência interpessoal possua: 
 
1) Seja ligada aos pais e interaja com as outras pessoas; 
2) Forme e mantenha relacionamentos sociais; 
3) Reconheça e use várias maneiras de se relacionar com as outras pessoas; 
4) Perceba os sentimentos, pensamentos, motivações, comportamentos, e os estilos 
de vida das outras pessoas; 
5) Participe de esforços cooperativos e assuma vários papéis adequados, desde 
deixar-se conduzir, até liderar atividades em grupo; 
6) Influencie as opiniões ou as ações das outras pessoas; 
7) Compreenda e comunique-se efetivamente, de modos tantos verbais quanto não-
verbais; 
8) Adapte o comportamento a diferentes ambientes ou grupos e a partir de informações 
de outras pessoas; 
9) Perceba perspectivas diferentes em qualquer questão social ou política; 
10) Desenvolva habilidades de meditação, organizando outras pessoas para uma causa 
comum ou trabalhando com outras pessoas de diferentes idades ou origens; 
11) Expresse interesse por profissões voltadas para as relações interpessoais, como 
ensino, o trabalho social, o aconselhamento, o gerenciamento ou política; 
12) Desenvolva novos processos ou modelos sociais. 
7.5 Características 
 Característica: Amplo vocabulário e proficiência verbal: tem amplas informações em 
áreas avançadas 
 Problema: Torna-se entediado com a escola e colegas; visto pelos outros como o 
"sabe tudo" 
 Características: pensamento crítico elevado; tem altas expectativas: é autocritico 
e avalia os demais. 
 Problema: Intolerante ou critico dos demais; pode tornar-se desencorajado ou 
deprimido; perfeccionista 
 Características: intensa concentração: longos períodos de atenção e áreas de 
interesse; persistência comportamento dirigido às metas. 
 Problema: Resiste à interrupção; negligencia deveres ou pessoas durante períodos 
de interesse focalizados; obstinação. 
 
 
86 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Características: sensibilidade e intensidade emocionais;empatia para com os 
outros; desejo de ser aceito. 
 Problema: sensibilidade excessiva à crítica e/ou à rejeição dos colegas; espera que 
os outros tenham valores semelhantes; sente-se diferente e alienado 
 Características: independente; prefere trabalho individualizado; confiante em si 
mesmo. 
 Problema: pode rejeitar o que é imposto pelos pais ou colegas; não conformista. 
 Características: criativo, gosta de novas maneiras de fazer as coisas. 
 Problema: é rejeitador e tende a rejeitar o que é tido como conhecido; seu 
pensamento e ação divergentes podem levar à rejeição por parte dos pares e a ser 
visto como diferente e fora do compasso. 
 
 
O professor de música de Beethoven uma vez disse que como compositor, ele era 
"sem esperança”. 
Isaac Newton-que descobriu o cálculo, desenvolveu a teoria da gravitação 
universal, originou as três leis do movimento – tirava notas baixas na escola. 
O Walt Disney foi despedido pelo editor de um jornal porque ele "não tinha boas 
ideias e rabiscava demais" 
O Dr. Robert Jarvick foi rejeitado por 15 escolas americanas de medicina. Ele 
inventou o coração artificial. 
John Kennedy recebia em seus boletins constantes observações de "baixo 
rendimento" e tinha dificuldades em soletrar. 
Albert Einstein tinha dificuldades de ler e soletrar e foi reprovado em matemática. 
 
 
7.5. Desenvolvendo as habilidades interpessoais 
Nossas percepções dos outros e das diferentes situações originam-se de nossas 
experiências de vida, sistema de valores, suposições e expectativas. Apesar de ser fácil 
saber que todos os indivíduos são diferentes, não é fácil internalizar este fato. É necessário 
esforço repetitivo e continuo para enxergar o mundo através dos olhos dos outros e 
compreender as situações de pontos de vista diferentes. (CAMPBELL, et all, 2000). 
 
Em um mundo cada dia mais globalizado, complexo e com mais meios de 
comunicação facilitada, é necessário que os alunos desenvolvam o “pluralismo intelectual”, 
que é a capacidade para analisar ou avaliar perspectivas diferentes ou opostas. 
 
 
87 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
É tarefa da escola: 
 
 Estimular o desenvolvimento do talento criador e da inteligência em todos os seus 
alunos, e não só naqueles que possuem um alto QI ou que tiram as melhores notas; 
 Desenvolver comportamentos de superdotação em todos aqueles que têm 
potencial; 
 Desenvolver uma grande variedade de alternativas ou opções para atender as 
necessidades de todos os estudantes; 
 Estabelecer um ambiente interpessoal positivo 
 Ensinar sobre aprendizagem cooperativa 
 Auxiliar os alunos a trabalharem de melhor forma no gerenciamento de conflitos 
 Ensinar os alunos a respeitar as diferenças (opiniões, culturas, etc.) 
 Desenvolver perspectivas múltiplas 
 Proporcionar aos discentes, maiores informações para que os mesmos tenham 
maiores perspectivas para os problemas e resoluções de problemas locais e/ou 
globais 
 Aplicar a educação multicultural 
 
É importante ressaltar que: 
 Os superdotados não são um grupo homogêneo. 
 Necessitam de um currículo diferenciado, que atenda suas necessidades escolares 
especiais e suas habilidades específicas. 
 
 
 
(a) a superdotação emerge ou "seesvai" em diferentes épocas e sob diferentes 
circunstâncias da vida de uma pessoa; assim, os comportamentos de 
superdotação podem ser exibidos em certas crianças (mas não em todas elas) em 
alguns momentos (não em todos os momentos) e sob certas circunstâncias (e não 
em todas as circunstâncias de sua vida). 
 
 
 
 
 
 
 
 
88 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. Inteligência lógico matemática e a inteligência musical 
 
 
Objetivo: 
Compreender o conceito, características e formas de trabalho indicadas para 
indivíduos com superdotação relacionadas a inteligência lógico-matemática e/ou musical. 
 
Introdução: 
“Este grande livro que fica o tempo todo aberto diante dos nossos olhos, o 
universo, só pode ser lido quando estivermos aprendido a linguaguem e nos 
tornando familiarizados com o jeito em que ele está escrito. Está escrito em 
linguagem matemática, e sem esse meio é impossivel compreendermos 
uma única palavra.” 
Galileu, 1663 
 
 
A inteligência lógico-matemática manifesta-se através da facilidade com cálculos, na 
capacidade de notar a geometria dos espaços, na facilidade e satisfação de criar e 
solucionar problemas lógicos e para perceber que “o livro da natureza está escrito em 
símbolos matemáticos” (ANTUNES, 1999). Essa inteligência, costuma aparecer em 
engenheiros, físicos, jogadores de xadrez ou decifradores de enigmas e matemáticos. 
Como exemplo de superdotados podemos citar Galileu, Euclides, Newton, Bartrand Russel, 
Einstein, entre outros. 
 
O estimulo para a inteligência lógico matemática, inicia-se muito cedo, desde quando 
o bebê consegue conquistar a habilidade de achar um objeto entre o cobertor e permanecer 
com o ele em mãos. Por volta dos seis anos, a materialização dos objetos no cotidiano 
desse indivíduo aprimora a inteligência lógico-matemática, nota-se quando a criança 
começar a fazer comparativos e aprende a “decifrar e a comparar objetos grandes e 
pequenos, grossos ou finos, estreitos e largos, próximos e distantes, iguais ou diferentes” 
(ANTUNES, 1999). 
 
8.1. Compreendendo a inteligência lógico-matemática e suas qualidades 
No centro da capacidade matemática, está a capacidade de reconhecer e resolver 
problemas. Apesar de algumas culturas supervalorizarem essa inteligência, Gardner 
sustenta que essa inteligência não é superior as outras, nem tão pouco universalmente 
mais valorizada. É importante ressaltar, que cada inteligência possui e sustenta seus 
 
 
89 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
próprios mecanismos de ordenação, seus princípios, suas operações básicas e meios que 
a inteligência lógico-matemática não pode relevar. 
 
Segundo Gardner, a inteligência lógico-matemática abrange muitos tipos de raciocínio 
e abrange três campos amplos, mas inter-relacionados: a matemática, a ciência e a lógica. 
É primordial entender que assim como as demais inteligências, essa também possui muitas 
subdivisões e que uma pessoa com a inteligência lógico-matemática bem desenvolvida, 
costumar apresentar as seguintes características: 
 
1) Reconhecer os objetos e suas devidas funções no ambiente; 
2) Tenha bom discernimento em questões relacionadas a quantidade, tempo, causa e 
efeito; 
3) Use símbolos abstratos para realizar a representação de objetos e conceitos 
concretos; 
4) Demonstre habilidade na resolução de problemas lógicos; 
5) Costuma perceber e conectar padrões e relacionamentos; 
6) Levante e teste hipóteses; 
7) Use diversas habilidades matemáticas, como, realizar estimativas, cálculos com 
algoritmos, interpretações de estatísticas e representação visual de informações em 
forma gráfica. 
8) Goste de operações complexas, como cálculos, físicas, programação de computador 
ou métodos de pesquisa; 
9) Pense matematicamente, reúne evidencias, cria hipóteses, formula modelos, 
desenvolve contraexemplos e constrói argumentos fortes; 
10) Usa a tecnologia para resolver problemas matemáticos; 
11) Expressa interesse por carreiras como contabilidade, tecnologia de computação, 
direito, engenharia e química. 
12) Crie novos modelos ou faça novas descobertas em ciência ou matemática. 
 
 
 
 
 
90 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educaçãoa Distância 
8.2. Processo de aprendizagem lógico-matemática. 
Durante as últimas décadas, diversas profissionais e organizações reivindicam novas 
formas de ensino de matemática, sendo enfatizado primordialmente a “consciência e a 
apreciação do papel da matemática na sociedade, a capacidade de raciocínio e comunicar-
se matematicamente, de resolver problemas e de aplicar a matemática à vida cotidiana dos 
alunos” (CAMPBELL, et all, 2000). Igualmente, semelhantes recomendações seguem 
acerca da disciplina de ciências, onde diversos pesquisadores e organizações sugerem o 
ensino referente as habilidades do processo de investigação científica, aplicar os conceitos 
básicos da ciência quando adequado, usar a ciência na tomada diária de decisões e ajudar 
os discentes a reconhecer que a ciência, a tecnologia e a sociedade influenciam uma as 
outras. É importante desenvolver nos alunos o raciocínio lógico de ordem mais elevada, 
assim como o ensino de habilidades de resolução de problema de tomada de decisões. 
8.3. Estabelecimento de um ambiente de aprendizagem lógico-matemático 
 O ensino da lógica 
 Lógica dedutiva 
 Lógica indutiva 
 Processos de raciocínio matemático 
 Trabalhar com números 
 Problemas narrados das diversas disciplinas acadêmicas 
 Sequenciação 
 Temas matemáticos para todas as disciplinas 
 A tecnologia que aprimora a inteligência lógico-matemática 
 
Sedungo as recomendações de mudanças curriculares e pedagógicas, descritas no 
relatório The Curriculum and Evaluation Standards for School Mathematics, de 1989 
A aprendizagem deve envolver os alunos tanto intelectual quanto fisicamente. Eles 
devem tornar-se aprendizes ativos, desafiados a aplicar seu conhecimento prévio e 
passar por situações novas e cada vez mais difíceis. As abordagens de ensino 
devem envolver os alunos no processo de aprendizagem e não apenas lhes 
transmitir informações. 
 
 
 
 
 
91 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A ênfase desse relatório transfere o papel tradicional do aluno de aprendiz passivo, 
para aprendiz ativo. Os processos de aprendizagem ativa que melhoram o raciocínio lógico, 
seguem: 
 Usar diversas estratégias de questionamento; 
 Propor aos discentes problemas abertos a serem resolvidos; 
 Construir modelos de conceitos fundamentais; 
 Fazer os alunos demonstrarem seu entendimento usando objetos concretos; 
 Prever e verificar resultados lógicos; 
 Solicitar aos discentes que justifiquem suas afirmações e/ou opiniões; 
 Proporcionar oportunidades para a observação e a investigação; 
 Encorajar os alunos a construírem significados a partir de seus estudos e 
pesquisas; 
 Relacionar conceitos e/ou processos matemáticos a outras disciplinas e à vida 
real. 
8.3.1. o ensino da lógica 
Aristóteles inventou e integrou a disciplina da “lógica” aos parâmetros escolares. Ela 
está relacionada aos aspectos dos argumentos, validade, prova, definição e consistência. 
Antes de incorporar a lógica formal aos alunos, é conveniente explicar que a lógica examina 
como os argumentos são construídos. Segundo Campbell (et all, 2000), os argumentos 
lógicos são representados em dois tipos de declarações: as premissas que determinam a 
evidencia e as conclusões que são extraídas das premissas. 
 
Há diversos tipos de lógicas, dentre eles, as mais comuns são a lógica dedutiva e a 
lógica indutiva. Na lógica dedutiva, a conclusão segue as premissas estabelecidas 
enquanto na lógica indutiva, a conclusão é desenvolvida passo a passo, de âmbito 
particular, para o geral. O método cientifico usa ambos os tipos de lógica, e, as hipóteses, 
normalmente, são desenvolvidas acerca do raciocínio dedutivo, e as teorias pelo raciocínio 
indutivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
92 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Determinar um problema 
 
 Formular a hipótese ou explicação 
 
 Observar e experimentar 
 
 Interpretar os dados 
 
 Extrair as conclusões 
8.3.2. Lógica dedutiva 
O raciocínio dedutivo se inicia com uma regra geral e tenta provar que os dados são 
consistentes com a generalização. Alunos com desenvolvimento nessa habilidade, 
normalmente, costumam enxergar essa lógica na ação e na dedução de forma muito clara 
e coesa. 
 
Os silogismos são formas lógicas de resolução de problemas, é o principal instrumento 
para se chegar em conclusões cientificas. Aristóteles, determinou que algumas preposições 
poderiam ser inferidas como verdadeiras, se as premissas fossem verdadeiras, como por 
exemplo: 
 
Todos os homens são mortais. 
Sócrates é um homem. 
Portanto, Sócrates é mortal. 
 
Segundo Campbell (et all, 2000), estrutura dos silogismos é sempre consistentes. A 
primeira linha refere-se e proporciona uma informação ou premissa que descreve o 
substantivo como membro de um conjunto. A segunda linha refere-se uma premissa 
adicional que descreve um novo substantivo em relação ao subconjunto. A conclusão é a 
terceira afirmação em um simbologismo que permite extrair conclusões lógicas baseadas 
no fato de ser membro de um conjunto/subconjunto. Nesses casos, a conclusão é apoiada 
ou provada pelas premissas, e o silogismo é considerado válido. Os silogismos ensinam os 
alunos a estabelecer premissas e a determinar conclusões lógicas ou ilógicas. 
 
 
93 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8.3.2.1. Diagrama de Venn 
O diagrama de Venn são silogismos 
visuais. O criador desse diagrama foi John 
Venn que projetou-os usando círculos 
superpostos para comparar ou contrastar 
conjuntos de informações. Em suma, o 
diagrama são dois círculos entrecruzados 
resultando em três áreas distintas, sendo os 
dois círculos maiores os assuntos propostos, e, 
na intersecção deles, o resultado obtido. 
 
Os diagramas de Venn mais complexos, podem ser traçados por três (ou mais) 
círculos sobrepostos, resultando em sete áreas distintas (ou mais, dependendo do número 
de círculos sobrepostos). No exemplo abaixo, segue a triple bottom, que representa a 
sustentabilidade, realizada com base nos diagramas de Venn. 
 
8.3.3. Lógica indutiva 
Conforme Aristóteles, a lógica indutiva define-se em “ uma passagem do individual 
para o universal”. A lógica indutiva, tem por premissa raciocinar a partir dos fatos 
particulares para uma conclusão geral. Normalmente se usa a lógica indutiva para resolver 
problemas que não possui respostas únicas. Quando o raciocínio indutivo é usado, os 
fragmentos de informação podem ser transformados em uma generalização. 
 
 
94 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A analogia é um tipo de raciocínio indutivo. Uma analogia revela relacionamentos 
proporcionais, como A está para B, assim como C está para D. É um método de 
comparativos de um item ou circunstância conhecidos com outro. 
8.3.3.1. Analogias 
São estruturadas como dois pares ou 
conjuntos de palavras. O primeiro par 
revela um relacionamento similar e o 
segundo conjunto, quando completado, 
revela um relacionamento similar. “Os 
temas dos dois pares podem ser 
diferentes, mas o relacionamento são os 
mesmos” (CAMPBELL et all, 2000). Para 
resolver uma analogia, deve-se observar, o primeiro par de palavras para determinar seu 
relacionamento, e, posteriormente deve-se relacionar a terceira palavra com a primeira para 
entender sua similaridade, e, depois então, determinar a que esteja faltando. 
 
8.4. Processos de raciocinio matemático 
A matemática, podeser considerada por muitos, uma disciplina difícil e abstrata. 
Entretanto, para superdotação, relacionados as habilidades lógicos matemáticas, as 
construções de ideias, passa a ser um recurso simples, rápido e conceitual. É comum, 
indivíduos com superdotação, nesta inteligência, apresentarem facilidades em 
padronizações, gráficos e na criação e decifração de códigos, terem a curiosidade de 
entenderem como as coisas funcionam, desmontarem e montarem objetos em plena 
sincronia, além de solucionar problemas com máxima eficiência e rapidez. 
8.4.1. Padronizações 
A padronização é uma forma de trabalho 
que envolvem padrões, no intuito de estabelecer 
relações básicas que permeiam a lógica, a 
natureza e o universo. Os padrões são 
encontrados em tudo, desde uma cerâmica, até 
nas formas das galáxias. A matemática é 
baseada em padrões e a capacidade de 
reconhece-los e utiliza-los é um instrumento 
 
 
95 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
valioso na resolução de problemas. Pode-se trabalhar com padrões em qualquer disciplina, 
e, com isso, o aluno pode descobrir, explorar e criar harmonia de configuração. 
 
8.4.2 Códigos 
Os códigos são ferramentas de trabalho que envolvem os alunos em uma busca ativa 
de padrões. Alunos com habilidades matemáticas, tem facilidade e prazer em decifrar 
códigos e decodificar mensagens que contém informações de conteúdo. Segundo 
Campbell (et all, 2000) 
Uma mensagem codificada enviada por um general de guerra para outro pode 
proporcionar aos alunos importantes informações sobre geografia, estratégias de 
batalha ou figuras históricas importantes. Outra mensagem codificada pode 
proporcionar informações sobre as regras de gramática ou de ortografia. As notas 
de uma partitura musical podem ser facilmente codificadas para que os alunos de 
música decifrem sua melodia. Os alunos de artes plásticas podem criar ideogramas 
inteligentes para se comunicarem (CAMPBELL, et all, 2000, p.63). 
 
Algumas estratégias de trabalho podem ser utilizadas quando pretende-se trabalhar 
com códigos, segue abaixo, algumas das infinitas possibilidades que se possa criar e/ou 
modificar: 
 
 Fazer códigos alfabéticos nos quais cada letra do alfabeto representa a letra 
que vem antes dela, depois dela, duas antes ou duas depois, ou até mesmo, 
criar mistura de padrões para que os alunos decifrem; 
 Fazer códigos numéricos nos quais 1 representa o A, 2 o B, e assim por diante. 
Pode-se criar infinitas variações e os números podem retroceder ou serem 
contados de cinco em cinco; 
 Trabalhar com o código Morse (tradicional linguagem de sinais do telégrafo), 
pode ser usado com sons, sinais de luz ou pulsações eletrônicas; 
 
 
96 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Os códigos de símbolos apresentam ícones ou ideogramas que representam 
letras ou números. O sistema de símbolos opcional da maioria dos teclados de 
computador, celular, tablete etc., assim como algumas fontes simbolizadas nos 
editores de texto, compõe bons códigos. Entretanto, não é necessário privar-
se exclusivamente aos símbolos pré-existentes, pode-se criar novos símbolos 
e utilizar deles para criar os códigos. 
8.5. Trabalhar com números 
Os números e o raciocínio numérico tendem a aparecer de 
forma abundante em todas as disciplinas e questões pessoais. 
O aluno com desenvolvimento superior para com esta 
habilidade, costuma encontrar as respostas e resoluções para os 
problemas a partir de porcentagens, medidas, cálculos, 
geometrias, proporções, probabilidades, médias, etc. 
 
As médias e porcentagens podem ser utilizadas para diversas áreas da vida, sendo 
aplicáveis em várias situações do cotidiano. As medidas, podem ser trabalhadas referindo-
se a tamanhos, pesos, medida liquida, distancia, velocidade ou movimento, temperatura e 
tempos. Para aprimorar essa habilidade, é interessante proporcionar aos alunos atividades 
de conversão, onde eles precisem transformar de uma medida para outr. Também é 
importante que eles saibam fazer medições com precisão e/ou quando houver necessidade 
também saber fazer as estimativas dessas medidas. 
 
Os cálculos são de suma importância para o desenvolvimento do aluno superdotado. 
Diversas atividades podem ser trabalhadas com os mesmos. Entre elas segue, disposto 
por Silva, (2018): 
 
 Materiais utilizados: Folha sulfite, lápis de escrever, borracha, papel cartão colorido, 
tesoura, cola e projetor. 
 Observação: Acompanha os slides para aplicação da oficina. Objetivo Geral: Com 
esta oficina, pretende-se que os alunos aprendam um pouco sobre Álgebra, ao 
construir a parte algébrica existente nas atividades. 
 Duração: 3 a 4 aulas. Roteiro de desenvolvimento 
 
 
97 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Atividade 1: Coloque os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 dispostos nas nove casas 
de maneira que a soma dos três algarismos de qualquer reta e qualquer diagonal 
resulte 15. 
 Solução: 
 
 
 
As probabilidades são as chances de que um 
determinado evento venha a ocorrer. O trabalho através de 
jogos é valido para trabalhar essa habilidade. Principalmente 
jogos com dados, cartas ou moedas, há a possibilidade de 
utilização dessa estratégia de ensino para aprimoramento da 
inteligência. 
 
A geometria precisa ser trabalhada especificamente e 
afundo. Segundo Rambo (2016), o perfil de alunos 
superdotados em relação a inteligência matemática não se 
adapta a metodologias tradicionais de ensino-aprendizagem, 
com mera transmissão de conhecimentos, eles necessitam de 
mais informações uma vez que possuem perfil em que se 
veem como responsáveis pela construção do próprio 
conhecimento e segundo Renzulli “deverão ser produtores de 
novos conhecimentos ao invés de meros consumidores de informações existentes” 
(RENZULLI, 1986; RAMBO, 2016). 
 
Como citado por Rambo (2016), o trabalho com caleidoscópios, são interessantes e 
de extrema valia, uma vez que se trabalha com a construção de figuras isométricas e a 
 
 
98 Superdotação e Altas Habilidades 
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exploração das transformações geométricas no plano como: rotação, translação, reflexão, 
translação refletida ou reflexão transladada, entre outras. 
Um exemplo de atividade acerca da geometria, disposto por Silva (2018), segue: 
 
 Atividade: Levar os alunos em um ambiente aberto para tirar fotos. Neste momento 
os alunos irão tirar fotos, cujas poses darão uma noção diferente de dimensão, onde 
coisas impossíveis parecem acontecer. Posteriormente, solicitar aos alunos que 
façam croquis do espaço e/ou das fotos. Essa foto deverá ser dividida pelo número 
de alunos que estarão presentes no momento. Cada aluno deverá ficar com uma 
parte das imagens e reproduzi-la em uma folha. Ao final da atividade, o professor 
deverá juntar todas os croquis e formar uma grande imagem reproduzindo a original. 
 Objetivo: Verificar se os alunos conseguem reproduzir na prática várias imagens 
utilizando ilusão de ótica em ambiente com dispersão de atenção. Trabalhar com os 
alunos sobre os ângulos e as geometrias do espaço. 
 Observação: Os alunos deverão perceber que quanto mais próximo da câmera o 
objeto estiver, maior será o ângulo formado entre ele e a câmera, fazendo o objeto 
parecer na foto maior do que na realidade. Em contrapartida, quando mais longe 
estiver o objeto da câmera, menor será o ângulo formado entre ele e a câmera, e 
assim menor o objeto parecerá na foto. 
 
Não é primordial um desenho de qualidadeartística e sim de qualidade geométrica, 
onde eles expressem (cada um de sua forma), a noção de espaço, geometria, ângulos e 
formas. 
 
Duração: 50 minutos. 
 
8.6. A tecnologia que aprimora a inteligência lógico-matemática 
A inteligência lógico-matemática, tem diversas tecnologias que auxiliam em seu 
desenvolvimento e aprimoramento. Atualmente, a quantidade de games, tecnologia 
multimídia, androides, iphones, jogos de RPG, computadores, notebooks, ipads, tablets, 
smartwatch, entre outras tecnologias, auxiliam o desenvolvimento matemático desses 
indivíduos. A informação adivinda da internet provem maior compreensão sobre o assunto 
escolhido, independente da área, e, para esses alunos, gera uma enorme facilidade de 
autoconhecimento para as áreas afins. Diversos sites proporcionam a esses indivíduos 
 
 
99 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
oportunidades estimulantes para exercitar e aprimorar as habilidades de raciocínio, 
matemática, lógica, de código e lógica. 
 
Trabalhar a tecnologia e suas múltiplas facetas relacionadas a inteligência matemática 
é uma excelente forma de aprimorar o desenvolvimento desses alunos superdotados, 
proporcionando a eles, maior compreensão, entendimento e vontade de estudar, uma vez 
que se domínio parte da matemática para as outras. 
 
8.7. Compreendendo a Inteligência Musical 
“A música é a manifestação do espirito humano, semelhante à linguagem. 
Seus maiores praticantes têm transmitido à humanidade coisas impossíveis 
de serem ditassem qualquer outra linguagem. Se não desejamos que essas 
coisas permanesçamtesourosmortos, precisamos fazer o máximo para que 
o maior número possível de pessoas compreenda seu idioma”. 
 
Zoltan Kodaly. A Zanei Iras-Olvasas Modszertana 
 
Segundo diversos autores, a música é uma das mais 
antigas formas de arte, da qual utiliza a voz humana e o corpo 
como instrumentos naturais e meios de auto expressão. Essa 
habilidade, acompanha o indivíduo, desde a fase intrauterina, 
iniciando-se nessa fase pelo ritmo do batimento cardíaco da 
mãe, e, convivendo uma vida toda, posteriormente, com o ritmo 
do próprio batimento cardíaco, além da respiração, com os 
ritmos mais sutis e suaves da atividade metabólica e das ondas cerebrais. Absolutamente 
todos os seres humanos, são inerentes as habilidades musicais, que seguem desde feto, 
até a morte. 
 
Entre os quatro e seis anos de idade, há o período de 
principal e fundamental valia para o desenvolvimento 
dessa inteligência, onde há etapas de desenvolvimento 
devido a sensibilidade aguçada ao som e a frequência. 
Durante esse período, um ambiente musical rico, pode 
proporcionar uma base mais complexa para a capacidade 
musical posterior. 
 
 
 
100 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Segundo Campbell (et all, 2000), “a inteligência musical envolve suas próprias regras 
e estruturas de pensamento, não necessariamente vinculadas a outros tipos de 
inteligência”. Gardner (1994), essa afirmativa quando sugere que todas as inteligências 
podem ser aplicadas distintamente de outras, como exemplo é possível ter-se memória 
musical e não ter a linguística, ou ter-se percepção espacial, mas não a interpessoal e 
assim por diante. Segundo citado pelo autor, existem formas independentes de percepção 
para cada inteligência, memória e aprendizado, em cada área ou domínio, com possíveis 
semelhanças entre as áreas, mas não necessariamente possuindo uma relação direta entre 
elas. 
 
 Gardner afirma em Estruturas da Mente que qualquer indivíduo normal que teve 
exposição frequente a música, pode manipular o som, o ritmo e o timbre para participar de 
alguma habilidade de atividades musicais. A partir disso, podemos refletir sobre a seguinte 
questão: se um indivíduo normal pode manipular o som, ritmo e timbre, os potenciais de um 
superdotado em exposição e aprimoramento constante podem ser extraordinários! 
 
 As bases para o interesse e aprimoramento da habilidade musical podem surgir 
independentemente de idade, gênero ou formas, devendo-se investir nesse potencial, 
proporcionando uma base maior para sua inteligência. Devido à forte conexão da música 
com as questões emocionais, ela deve ser trabalhada em sala de aula, ajudando a criar um 
ambiente emocional positivo que auxilie a desencadear a aprendizagem. 
 
Segundo Chiarreli e Barreto (2014), as atividades de musicalização possibilitam que 
o discente conheça melhor a si mesmo, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, 
e, conjuntamente, permitam a comunicação com o outro. Weigel (1988) e Barreto (2000) 
afirmam que atividades podem contribuir de maneira indelével como reforço no 
desenvolvimento cognitivo/ linguístico, psicomotor e sócio afetivo da criança, da seguinte 
forma: 
Desenvolvimento cognitivo/ linguístico: a fonte de conhecimento da criança são 
as situações que ela tem oportunidade de experimentar em seu dia a dia. Dessa 
forma, quanto maior a riqueza de estímulos que ela receber melhor será seu 
desenvolvimento intelectual. Nesse sentido, as experiências rítmico musicais que 
permitem uma participação ativa (vendo, ouvindo, tocando) favorecem o 
desenvolvimento dos sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons ela 
desenvolve sua acuidade auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar ela está 
trabalhando a coordenação motora e a atenção; ao cantar ou imitar sons ela está 
descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o ambiente em que 
vive. 
 
 
101 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Desenvolvimento psicomotor: as atividades musicais oferecem inúmeras 
oportunidades para que a criança aprimore sua habilidade motora, aprenda a 
controlar seus músculos e mova-se com desenvoltura. O ritmo tem um papel 
importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda expressão 
musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reação 
motora e aliviando as tensões. Qualquer movimento adaptado a um ritmo é 
resultado de um conjunto completo (e complexo) de atividades coordenadas. Por 
isso atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas, pés, são 
experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o 
senso rítmico, a coordenação motora, fatores importantes também para o processo 
de aquisição da leitura e da escrita. 
Desenvolvimento sócio afetivo: a criança aos poucos vai formando sua 
identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando 
integrar-se com os outros. Nesse processo a autoestima e a auto realização 
desempenham um papel muito importante. Através do desenvolvimento da 
autoestima ela aprende a se aceitar como é, com suas capacidades e limitações. 
As atividades musicais coletivas favorecem o desenvolvimento da socialização, 
estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Dessa forma a criança 
vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao expressar-se musicalmente 
em atividades que lhe deem prazer, ela demonstra seus sentimentos, libera suas 
emoções, desenvolvendo um sentimento de segurança e auto realização 
(CHIARRELLI; BARRETO, 2014, p.3). 
8.8. A música e a matemática 
Normalmente as pessoas conhecem a Escala Natural de Dó. Assim ela é formada: 
Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó. 
 
O que a maioria desconhece, é o porquê dessa denominação. O intervalo a seguir 
denota que “para acharmos as notas de uma escala e descobrirmos os acordes do campo 
harmônico de determinada nota. Simplificando, a fórmula a seguir mostra por que a escala 
de Dó é formada daquele modo” (MONTALVÃO, 2010, p.119) 
Todos “+1” simbolizados,representam mais um tom, ou seja, Dó mais um, é igual a 
Ré, que mais um, é igual a Mi, e assim sucessivamente. O esquema exposto por Montalvão 
(2010, p.11) mostra a escala natural de dó: 
 
 
 
 
102 Superdotação e Altas Habilidades 
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Para que se ache o campo harmônico de cada nota, deve-se adicionar “menor” na 
segunda, terceira, sexta e sétima nota da escala. Assim sendo, o campo harmônico de Dó 
segue: 
 
Segundo Montalvão (2010, p.120), quando um compositor resolve fazer uma música, 
ele precisa decidir o tom em que ela será tocada, e, para isso, “ele usará aquele intervalo 
anteriormente mencionado e pegará as notas do campo harmônico do tom escolhido, 
porque elas se relacionam bem, existe certa harmonia entre elas”. O campo harmônico 
traduz algo que sabemos por instinto, ou seja, institivamente, tentando achar uma 
sequência melódica que nos agrade. 
 
As harmonias fundamentais, são resultantes de relações que, segundo Montalvão 
(2010, p. 121), 
São as mais simples e mais facilmente perceptíveis, são o dobro, o triplo, o 
quádruplo (isto é, algumas oitavas acima), a unidade mais a metade (1+1/2 = 3/2), 
ou seja, o intervalo de quinta (que é a nota Sol, por exemplo, na escala de Dó), a 
unidade mais o terço (1+1/3 = 4/3), que é a relação de quarta (que é a nota Fá na 
escala de Dó). 
 
Em suma, os sons que nos parecem agradáveis aos ouvidos, são correspondentes a 
números proporcionados, e esses números e proporções seriam a causa da beleza 
musical. Ou seja, quanto mais “a relação numérica é simples, mais harmonioso é o 
intervalo, mais facilmente o ouvido capta a harmonia, e mais rapidamente a razão a 
compreende” (Montalvão, 2010, p.121). 
 
Alunos que possuem superdotação relacionados 
a inteligência musical e que também possuam essa 
duperdotação na lógico-matemática, conseguem ver a 
música através dos números, simplificando-as, 
reproduzindo-as, e criando novas melodias e 
conceitos. 
 
 
103 Superdotação e Altas Habilidades 
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Os sons utilizados para produção de música possuem determinadas características 
físicas, tais como frequências e presença de harmônicos. 
A música é a arte dos sons e a consonância das ondas sonoras é o que torna 
possível a música na nossa vida. As regras para se combinar sons consonantes são 
bem conhecidas, tendo sido estabelecidas ao longo da evolução da música. Os 
elementos básicos são as notas e os intervalos entre as notas, cujas propriedades 
principais são a frequência (da nota) e a consonância (do intervalo). Se duas notas 
musicais tem frequências f1 e f2, respectivamente, o intervalo entre estas notas é 
definido pela relação r = f2 : f1. Embora a frequência seja uma grandeza contínua, 
a música é composta por sons consonantes, sendo que os intervalos de interesse 
musical se manifestam como frações de uma oitava, assim chamada por conter oito 
notas (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, Dó) dentro do intervalo de frequência f (Dó) : f (dó) = 
2 (MONTALVÃO, 2010, p.121). 
O som é produzido por objetos em vibração. O objeto vibra e produz um som. Mas é 
importante ressaltar que nem sempre o que nós ouvimos pode ser considerado um som, 
ele pode ser assim dividido: 
 
“Som” é o resultado de uma frequência constante, ou seja, uma vibração regular. 
“Ruído” é o resultado de uma frequência não constante, ou seja, irregular. 
 
 
 
A escala musical corresponde, na realidade, a um conjunto de frequências que 
identificam as diversas notas musicais. Todo e qualquer barulho é uma nota, e sua 
classificação dependerá do número de vibrações 
 
 
 
 
A matemática está diretamente relacionada as questões de vibrações por segundo de 
uma nota e a frequência de notas musicais audíveis dentro de seus intervalos. Pitágoras 
foi quem estabeleceu uma escala de sons adequados ao uso musical, formando uma série 
a partir da fração 2/3. Essa escala, com doze notas, é chamada dodecafônica, e é usada 
praticamente no mundo todo, com exceção da cultura chinesa e algumas outras. Pitágoras 
descobriu em quais proporções uma corda deve ser dividida para a obtenção das notas 
musicais 
No início, sem altura definida, sendo uma tomada como fundamental e a partir dela, 
gerar-se-á a quinta e terça através da reverberação harmônica. [...]. Prendendo-se 
a metade da corda, depois a terça parte e depois a quinta parte conseguiremos os 
intervalos de quinta e terça em relação à fundamental. A chamada série harmônica. 
À medida que subdividimos a corda obtemos sons mais altos e os intervalos serão 
diferentes. E assim sucessivamente (MONTEVÃO, 2010, p.125). 
 
 
104 Superdotação e Altas Habilidades 
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Pitágoras também descobriu que frações simples das notas, tocadas juntamente com 
a nota original, produzem sons agradáveis e que as frações mais complicadas, tocadas 
com a nota original, produzem sons desagradáveis. 
8.9. Listagem das qualidades musicais 
Existe uma gama de capacidades musicais, e, é pouco provável que um único 
individuo as incorpore por completo. O talento da inteligência musical não precisa 
necessariamente compreender todos os quesitos elencados de desenvolvimento. Nota-se 
que por vezes, um aluno com alta capacidade de compreender os ritmos e timbres, não 
possui necessariamente uma voz aflorada ou tem capacidade superior de conhecimento 
teórico musical. Segue abaixo uma listagem de qualidades musicais para maior 
compreensão do tema: 
 
1- Ouça e responda com interesse a uma variedade de sons, incluindo a voz humana, 
os sons ambientais e a música, e organize esses sons em padrões significativos 
2- Aprecie e busque oportunidades para ouvir música ou sons ambientais no 
ambiente da aprendizagem. Anseie ficar por perto e aprender com a música e com 
os músicos. 
3- Reaja à música cinestesicamente, regendo, executando, criando ou dançando; 
emocionalmente, reagindo aos humores e aos andamentos da música; 
intelectualmente, através da discussão e da análise da música e/ou esteticamente, 
avaliando e explorando o conteúdo e o significado da música. 
4- Reconheça e discuta diferentes estilos e gêneros musicais e variações culturais. 
Demonstre interesse no papel que a música tem desempenhado e continua a 
desempenhar nas vidas humanas. 
5- Colecione música e informações sobre música de várias formas, tanto gravadas 
quanto impressas; muitos podem colecionar e executar instrumentos musicais, 
incluindo sintetizadores. 
6- Desenvolva a capacidade para cantar e/ou tocar um instrumento, sozinho ou com 
outras pessoas. 
7- Use o vocabulário e as notações da música. 
8- Desenvolva uma estrutura pessoal de referência para ouvir música. 
9- Aprecie improvisar e brincar com os sons e, quando ouvir um segmento musical, 
possa completar uma frase musical de modo que faça sentido. 
 
 
105 Superdotação e Altas Habilidades 
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10- Possa apresentar sua própria interpretação do que um compositor está 
comunicando através da música e também analisar e criticar as peças musicais. 
11- Possa expressar interesse em profissões que envolvam a música, como ser 
cantor, instrumentista, engenheiro de som, produtor, crítico, fabricante de 
instrumentos, professor ou regente 
12- Possa criar composições e/ou instrumentos musicais originais 
8.10. Processo de aprendizagem musical 
Os indivíduos superdotados na inteligência musical, podem desenvolver suas 
habilidades equilibrando suas capacidades relacionadas a execução, audição e criação, 
bem como, também, a reflexão sobre a música. As atividades musicais, podemser usadas 
como estratégias para o aprendizado de diversos conteúdos escolares. Segundo Campbell 
(et all, 2000, p.134), quando se incorpora a música em sala de aula, tendem a surgir 
benefícios adicionais: “a apreciação e a habilidade musical podem desenvolver-se em 
professores e alunos que anteriormente não tinham habilidade musical”. 
 
Estratégias de ensino: 
 Estabelecendo um ambiente de aprendizagem musical 
 Ouvir musica 
 Música para o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades 
 Prepara-se para cantar 
 Notação musical 
 Criar canções sobre a matéria 
 Estimular a criatividade através da música 
 Fabricar instrumentos em sala de aula 
 Tecnologias que aprimoram a inteligência musical 
8.10.1. Estabelecendo um ambiente de aprendizagem musical 
A música quando usada em som ambiente, tem a capacidade de concentrar melhor a 
atenção e melhorar os níveis de energia física. Ela pode criar uma atmosfera positiva, que 
vai ajudar aos alunos a se concentrarem para o aprendizado, deixando esvair os problemas, 
sentimentos e preocupações que obtiveram em suas vidas pessoais. 
 
Como forma de utilização, é importante conscientizar anteriormente os alunos de 
como a música pode influenciar e melhorar o cotidiano deles. Somos cercados por 
 
 
106 Superdotação e Altas Habilidades 
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influencias musicais todos os dias, através de diversos meios, e, para aumentar a 
consciência musical, é importante que os alunos conheçam os diversos estilos musicais, 
aprendam o momento de ouvi-los e de como aprecia-lo. As diretrizes para o uso da música 
como plano de fundo na sala de aula, podem seguir da seguinte forma: 
 
1- Escolher o equipamento musical (de preferência de boa qualidade); as caixas 
devem ser colocadas em mais de um ponto da sala (de preferência em lados 
opostos e em distância considerável uma das outras), proporcionando efeito 
sonoro mais eficaz. 
2- As músicas devem ser escolhidas de forma a melhorar o desempenho dos alunos 
para cada tipo de atividade. Normalmente, músicas que tenham tom de agitação, 
podem dispersar a atenção dos discentes (dependendo do que se pretende atingir 
com aquela música), e, as músicas calmantes podem acalma-los (em excesso, 
podem provocar devaneios, induzindo-os ao sono). Devem ser escolhidas músicas 
para “acalmar” os inquietos e/ou estimular alunos cansados e sonolentos. 
3- Devem ser utilizadas principalmente no início da aula, durante leitura silenciosa, 
sessões de trabalho individual, períodos de estudo, provas e períodos de 
transição. 
4- Não se deve utilizar as músicas de fundo em todo período de aula, diversas 
pesquisas denotam que o uso de músicas durante atividades verbais, podem 
prejudicar o aprendizado. Recomenda-se que o uso da música seja feito por alguns 
minutos por aula, fazendo a ponte entre matérias, auxiliando no despertar ou 
acalmar a classe, ou, para gerar atividades diferentes. Esses minutos, 
proporcionam aos alunos estimulação rítmica sem desconforto para com aqueles 
que com ela se sentem distraídos. 
 
 
 
Além de criar um ambiente adequado ao trabalho, a música pode ser usada para 
propósitos específicos, como relaxamento, revigoramento, concentração e facilitar as 
transições. 
 
 
 
 
 
107 Superdotação e Altas Habilidades 
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Conforme Barreto (2000, p.45): 
Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode 
contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se 
adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora, 
etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao 
desenvolvimento. 
 
Segundo Gainza (1988 apud CHIARRELLI; BARRETO, 2014, p.6) as atividades 
musicais em ambiente escolar podem ter objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos: 
 
 Físico: oferecendo atividades capazes de promover o alívio de tensões devidas 
à instabilidade emocional e fadiga; 
 Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga 
emocional através do estímulo musical e sonoro; 
 Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e 
desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão. 
8.10.2. Ouvir música 
O compartilhamento de estilos e composições musicais em 
sala podem lançar bases para o desenvolvimento do gosto e da 
apreciação musical. É de suma importância que o professor 
ofereça oportunidades aos discentes de ouvirem, cantarem e 
dançarem diversos estilos musicais, inclusive, canções folclóricas 
do seu país nativo e de outros países. Os interesses musicais dos 
alunos podem ser ampliados quando se estuda o papel da música 
as culturas do mundo e as vidas de diversos compositores e executantes. 
 
Sempre que possível, os alunos devem ter a oportunidade de frequentar concertos e 
ouvir músicos consagrados, e, aos casos de superdotados, se identificarem ao estilo e a 
personalidade da música daquele estilo. 
 
As leituras de canções eu contém informações do currículo, são valiosos instrumentos 
de trabalho. Indivíduos com altas habilidades musicais, possuem maior facilidade em fixar 
letras de músicas, porque correlacionam as letras as melodias, memorizando de melhor 
forma os conteúdos aplicados nas diversas áreas do conhecimento. 
 
 
108 Superdotação e Altas Habilidades 
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8.10.3 Música para o aprimoramento de habilidades 
A música é incrivelmente eficiente para melhorar e aprimorar várias habilidades físicas 
e mentais. O ritmo e o fluxo da música podem, de várias maneiras resultar em aumento da 
coordenação, da regularidade e da velocidade da atividade. 
 
Ensinar ortografia de novas palavras com música não somente é engraçado, como, 
acelera a aprendizagem. As palavras podem ser soletradas cantando-se no ritmo e 
acentuando-se algumas letras que são esquecidas ou confundidas com frequência. Para 
isso também, pode-se utilizar de instrumentos, associando-se as notas as letras. 
 
A música pode ser aplicada não somente em ortografias, deve-se utiliza-la para 
desenvolvimento e aprendizado de todas as disciplinas acadêmicas. A música é uma 
linguagem falada em todas as culturas, ela oferece uma maneira importante e estimulante 
de aprender sobre diversos assuntos em diversas culturas. A matemática pode ser 
aprendida de forma clara e coesa também. A exemplo dessa disciplina, pode-se trabalhar 
com frações, fórmulas geométricas, e diversos aspectos, como citados em outros itens 
desse capitulo. 
 
 
109 Superdotação e Altas Habilidades 
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Criar canções sobre as matérias pode ampliar o 
aprendizado. Deve-se utilizar canções apropriadas ao nível 
de idade, conhecimento e faixa etária dos alunos 
envolvidos, fazendo uma relação entre peças musicais 
familiares ou criadas, dando ritmo a elas. Quando a turma 
canta a matéria, não aprende somente a disciplina 
aplicada, mas também, melhora a atmosfera afetiva da sala 
e amplia suas habilidades musicais. 
 
A música pode servir como forma de inspiração, estimulando imagens e sentimentos 
e suscitando enredos. Quando os discentes escrevem letras para as músicas em sala de 
aula, as energias criativas são liberadas, fazendo com que elas escrevam com maior 
produtividade, prazer, facilidade e profundidade. 
 
Além das atividades de escrita, os alunos também podem explorar outras maneiras 
de sair da letargia e despertar a criatividade musical. Pode-se executar música enquantoos alunos estão preparando projetos em sala de aula, realizando leitura silenciosa, 
trabalhando em grupos cooperativos, fazendo provas, memorizando fatos ou roteiros, ou 
trabalhando de forma criativa em computadores/tablets/celulares. 
 
 
 
Oficina de enriquecimento musical do programa de atenção a alunos precoces 
com comportamento de superdotação (pApCs). Artigo cientifico de Koga e 
Chacon, 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
110 Superdotação e Altas Habilidades 
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8.10.4. Fabricar instrumentos musicais em sala de aula 
Quando os alunos têm a oportunidade de fabricar seus próprios instrumentos 
musicais, eles aumentam a compreensão da própria música. 
 
 
Instrumentos podem ser fabricados a partir de objetos recicláveis e/ou comuns no dia 
a dia. Pode-se utilizar tampas de panela, lixas, canecas de café, pregos, caixas, linhas de 
pescar, bambus, madeira dura, latas de metal, elásticos, garrafas pet, moedas, areia, canos 
de pvc, tampinhas de refrigerante, botões, colheres, etc. 
 
É interessante trabalhar também a criação de novos instrumentos, onde os alunos, 
recebem diversos materiais e a partir deles, criam seus próprios instrumentos, deixando a 
imaginação deles, guia-los. 
 
Uma vez criados os instrumentos, pode-se toca-los de forma individual, para que os 
alunos notem a qualidade e intensidade, da frequência e nota dos sons, tanto quanto, pode-
se trabalha-los posteriormente de forma conjunta, remetendo a uma orquestra. 
 
O professor pode sugerir que os alunos façam 
instrumentos musicais representativos dos quatro grupos 
instrumentais encontrados em qualquer orquestra: cordas, 
sopro, metais e percussão. Outra possibilidade, é agrupar 
os instrumentos em categorias comumente, usadas por 
etnomusicólogos para descrever instrumentos do mundo 
todo: membranofones; cordofones; idiofones; aerofones e 
eletrofones. 
 
 
 
111 Superdotação e Altas Habilidades 
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Com acesso a instrumentos na sala de aula, alunos e professores podem 
experimentar criar composições originais, acrescentar acompanhamento musical às 
canções ou apresentar obras instrumentais. Arranjos orquestrais também podem ser 
explorados. Os professores podem dividir os alunos em grupos para criar ecos, omitir 
alguns instrumentos e apresenta-los depois no decorrer da canção, ou pouco a pouco ir 
omitindo os instrumentos, até que apenas um permaneça tocando suavemente. O 
procedimento também pode ser feito de forma inversa, acrescentar um a um, até que todos 
estejam tocando. 
8.11. A tecnologia que aprimora a inteligência musical 
O desenvolvimento da inteligência musical pode ser aprimorado pela tecnologia da 
mesma forma que a todas as inteligências. Atualmente, existem diversos aplicativos de 
celular que auxiliam nesse desenvolvimento, assim como, também, diversos programas 
para computadores e notebooks, que auxiliam no aprendizado de notas e melodias e como 
trabalha-las da melhor maneira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
112 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 9. A inteligência naturalista 
Objetivo: 
Proporcionar ao discente uma maior compreensão da importância da inteligência 
naturalista, seu conceito, ícone histórico, entender as habilidades que essa inteligência 
proporciona e como trabalhar em sala de sala com crianças superdotadas dessa 
inteligência. 
 
Introdução: 
Gardner, em 1995, expandiu sua listagem de sete inteligências para oito, ao incluir a 
inteligência naturalista, que antes era parte integrante de outras duas inteligências, a lógico-
matemática e a visoespacial. Ele relata que, as habilidades básicas do indivíduo dotado de 
inteligência naturalista "é capaz de reconhecer a fauna e a flora, fazer distinções coerentes 
no mundo natural, e usar tal capacidade de maneira produtiva (na caça, no cultivo da terra, 
na ciência biológica)". 
 
Os naturalistas também são habilidosos em reconhecer componentes de grupos ou 
espécies, observar a existência de outras espécies e compreender os relacionamentos 
entre várias espécies. Todas as pessoas, possuem habilidades ligadas a inteligência 
naturalista, observada quando identificamos plantas, pessoas, animais e outras 
peculiaridades em nosso meio ambiente. 
 
No processo de interação com o 
ambiente físico em que vivemos, apuramos 
o sentido de causa e efeito, percebendo 
padrões previsíveis de influência e 
comportamento, tal qual o clima sazonal e 
as correspondentes transformações em 
plantas e animais. Por meio das habilidades 
perceptuais dos naturalistas, confrontamos dados, identificamos características, colhemos 
significado, formulando e testando hipóteses. 
 
 
 
 
113 Superdotação e Altas Habilidades 
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9.1. Compreendendo a inteligência naturalista 
Gardner, argumenta que a inteligência naturalista foi desenvolvida por conta das 
necessidades do ser humano em busca da sobrevivência, pois dependia do conhecimento 
a respeito das espécies úteis e nocivas, das alterações climáticas e dos recursos que 
promovessem a alimentação. 
 
Hoje, o ambiente é completamente diferente do que foi a 100 mil anos atrás, onde 
havia grandes extensões de terras inexploradas, associado a uma grande variedade e 
riqueza na fauna e flora. Passamos a maior parte de nossas vidas em locais fechados, com 
ruas asfaltadas, com raras oportunidades de interagir om a natureza. Entretanto, tal 
interação não se faz necessária para que a inteligência naturalista seja desenvolvida. 
 
A capacidade em observar, classificar e categorizar podem ser ampliadas e utilizadas 
a objetos artificiais. É o que observamos em pessoas que colecionam selos, moedas, 
figurinhas para álbuns, etc. O desenvolvimento das habilidades da inteligência naturalista 
independe da interação direta com o mundo natural e da observação visual. Gardner 
adverte que pessoas deficientes visuais discriminam espécies ou itens materiais apenas 
pelo toque, enquanto outros o fazem pelos sons. 
 
Esse tipo de inteligência é observada em muitas 
áreas de pesquisa científica, como botânica, biologia, 
zoologia ou entomologia, onde pesquisam origens, 
crescimento e estrutura dos seres vivos, estabelecendo 
sistemas de classificação de plantas e animais. 
 
As habilidades dos naturalistas vão além das taxonomias, com estudos científicos, 
cuja finalidade é a de determinar a classificação sistemática de diferentes coisas em 
categorias, incluindo a capacidade de dedicar-se a uma diversidade de plantas e animais, 
discriminar padrões em todas as áreas de competência humana. Gardner relata também 
que, trabalhos artísticos e práticas espirituais que envolvam o mundo natural, revelam 
características da inteligência naturalista, indo além quando pressupõe que a identificação 
e classificação das múltiplas inteligências tenham advindo das habilidades da inteligência 
naturalista. 
 
 
114 Superdotação e Altas Habilidades 
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As culturas valorizam quem consegue distinguir as espécies 
úteis das nocivas, classificando suas propriedades e usos, tanto 
quanto se valoriza cozinheiros, jardineiros, agricultores, 
pecuaristas e caçadores, representantes da inteligência 
naturalista. Algumas pessoas com suas inteligências naturais mais 
aguçadas criam produtos ou teorias cujos aspectos, cruzam as 
fronteiras culturais, sobrevivendo e sendo repassada ao longo dasgerações. É o caso de Charles Darwin, George Washington 
Carver, Raquel Carson, Luther Burbank e Jane Goodhal do mundo 
vivo e de suas criaturas. 
 
A curiosidade científica e suas avaliações detalhadas ajudam a humanidade a 
perceber fenômenos decorrentes do aspecto macrocosmo, como o espaço infinito, tanto 
quanto do microcosmo, proveniente do interior de uma célula. 
 
9.2. O legado de Rachel Carson 
Formada em zoologia em 1932 pela Universidade Jonhs 
Hopkins, Carson foi contratada pelo Departamento de 
Pesqueiros dos EUA, escrevendo textos radiofônicos sobre a 
vida marinha. Dando continuidade à sua profissão, tornou-se a 
primeira bióloga pelo Departamento Norte-Americano de 
Pesqueiros, escrevendo sobre a preservação de recursos 
naturais, com artigos científicos. Em seu tempo livre, escreveu 
diversos livros. 
 
A despeito do que escrevia, Carson buscava passar informações a respeito do milagre 
e belezas do mundo vivo, dando ênfase de que a humanidade era somente uma parte de 
um mundo muito maior da natureza e que nos diferenciávamos por alterar essa natureza, 
às vezes, de forma irreversível. 
 
Embora suas obras tenham tornado Carson conhecida, foi através de seu livro Silent 
Spring (1962) que houve um despertar da consciência ambiental em todo mundo. Nessa 
obra, foi documentado as consequências negativas do uso de pesticidas, onde propôs 
alterações no uso de produtos sintéticos. 
 
 
115 Superdotação e Altas Habilidades 
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Rachel Carson, recebeu diversos prêmios e medalhas por conta de sua atuação como 
ambientalista, sendo homenageada em 1970 com seu nome em um dos 508 refúgios dos 
EUA. No ano de 1980, em homenagem póstuma, recebeu condecoração cívica máxima do 
país, a Medalha de Liberdade do Presidente. No discurso, foi descrita como: 
Bióloga de voz clara e suave, ela convidava o público a compartilhar seu amor pelo 
mar e, ao mesmo tempo, alertava claramente os norte-americanos sobre o perigo 
que o ser humano representa para o seu próprio meio ambiente. Sempre 
interessada, sempre eloquente, ela criou uma onda de consciência ambiental que 
não desapareceu (CAMPBELL, et all, 2000). 
 
9.3. Listagem das qualidades da inteligência naturalista 
Todos indivíduos nascem com a inteligência naturalista, explorando seu meio 
ambiente através dos sentidos, das percepções sensoriais, da observação ativa e da 
reflexão a respeito de nossas percepções, cujas faculdades são inerentes a mente e corpo. 
 
As crianças, de modo geral, externam essa 
inteligência de variadas formas. Umas desejam 
entender como as coisas funcionam, outras, se 
encantam com o desenvolvimento, com o 
crescimento das coisas, algumas, manifestam 
vontade de explorar ambientes naturais, cuidando 
de seus habitantes, enquanto outras demonstram 
prazer em classificar objetos e identificar padrões. 
Percebe-se em alguns alunos, a capacidade de observar e memorizar distinções pelo 
mundo natural e/ou objetos, interagindo com suas criaturas ou sistemas. 
 
Segundo Campbell (et all, 2000, p.206) é impossível entender a enorme extensão da 
expressão naturalista em uma listagem simples, porém serão descritas algumas delas. 
Possivelmente, um indivíduo com inteligência naturalista bem desenvolvida: 
 
1) Explore os ambientes humano e natural com interesse e entusiasmo. 
2) Procure oportunidades para observar, identificar, interagir ou cuidar de objetos, 
plantas ou animais. 
3) Categorize ou classifique os objetos segundo suas características. 
4) Reconheça padrões entre os membros de uma espécie ou classe de objetos, 
 
 
116 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5) Procure aprender sobre os ciclos de vida da flora ou da fauna ou sobre a produção 
de objetos feitos pelo homem. 
6) Queira entender "como as coisas funcionam". 
7) Seja interessada em saber como os sistemas mudam e se desenvolvem. 
8) Mostre interesse no relacionamento entre as espécies e/ou na interdependência dos 
sistemas natural e feito pelo homem. 
9) Use instrumentos como microscópios, binóculos, telescópios, cadernos de 
observação e computadores para estudar organismos ou sistemas. 
10) Aprenda taxonomias para as plantas e os animais ou outros sistemas de 
classificação para estruturas linguísticas ou padrões matemáticos, como, por 
exemplo, números de Fibonacci ou fractais. 
11) Possa mostrar interesse em profissões como biologia, ecologia, química, zoologia, 
silvicultura ou botânica. 
12) Desenvolva novas taxonomias, teorias dos ciclos de vida, ou revele novos padrões 
e interconexões entre objetos ou sistemas. 
 
9.4. Processos de aprendizagem naturalista 
O principal objetivo é a de sugerir estratégias didáticas que unam as habilidades do 
pensamento naturalista em várias disciplinas, principalmente quando nos referimos aos 
superdotados. As capacidades essenciais da inteligência naturalista envolvem observar, 
refletir, estabelecer conexões, classificar, integrar e comunicar percepções a respeito do 
mundo natural e o que é feito pelo ser humano. Essas atividades em classe, se tornam 
investigativas e pessoal, como fazer uma pergunta interdisciplinar, como por exemplo: "Por 
que esse item (um fato matemático, um padrão de folha, um verso de um poema, etc.) é 
assim? Essa pergunta pode ser feita sobre diversos assuntos, estimulando alunos a 
formularem significados por si mesmos, comparando depois com seus colegas de classe, 
de acordo com o correto na disciplina dada. 
 
É fato notório que, a educação ambiental, desempenha um grande papel no 
desempenho das habilidades naturalistas. De acordo com a afirmação de Rachel Carson: 
"Para uma criança manter viva a sua percepção inata do maravilhoso, ela precisa 
da companhia de pelo menos um adulto que possa compartilhar com ela tal 
experiência, redescobrir com ela a alegria, a excitação e o mistério do mundo em 
que vivemos." 
 
 
117 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Foram sugeridas por CAMPBELL (et all, 2000, p.206), 
algumas atividades de forma a facilitar o ensino pelo professor 
às crianças, alimentando sua excitação e mistério ao explorar 
o mundo natural e o mundo feito pelo ser humano, no ambiente 
em que vivemos: 
 
 Estabelecimento de um ambiente aprendizagem naturalista 
 Temas do currículo naturalista 
 Melhorar a observação 
 Perceber os relacionamentos 
 Formular hipóteses e experimentá-las 
 Centros de aprendizagem naturalistas 
 Atividade naturalista ao ar livre 
 Aprender naturalmente 
 A tecnologia que aprimora a inteligência naturalista 
 
9.5. Estabelecimento de um ambiente de aprendizagem naturalista 
Não é preciso estar em contato com o campo para se desenvolver um pensamento 
naturalista. Os alunos podem explorar vários lugares e coisas, como interior e exterior de 
sua escola, geladeiras, armazéns e armários, poças de água, suas mãos e o próprio céu, 
de dia ou a noite. Podem, inclusive, usar meios tecnológicos para viajar sobre montanhas, 
ir ao fundo do oceano ou mesmo espaço. 
 
Edward T. Clark, ex-professor de educação ambiental, sugere uma estrutura 
conceitual alternativa: " Quando o 'ambiente' é entendido como todo o contexto de nossas 
vidas, como a interconexão entre biologia, tecnologia e cultura, a educação ambiental deve 
ser encarada como o maior quadro a proporcionar significado a todos os estudos." 
 
 
118 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
9.5.1. O grande quadro 
Uma forma de orientar os alunos a perceberem 
o "quadro mais amplo" é a"conexão entre as coisas", 
compartilhando uma fotografia da terra vista do 
espaço, mostrando a Terra, como sistema único, 
interconectado, onde todos os fenômenos naturais e 
humanos são subsistemas de um sistema maior, 
planetário, tanto quanto coração e pulmões de um indivíduo são subsistemas de um corpo. 
Todas as disciplinas escolares, embora independentes entre si, são parte de um sistema 
mais amplo do trabalho para compreender nossas experiências e relacionamentos com o 
meio em que vivemos. 
9.5.2. Desenvolver a mente interdisciplinar através da observação 
Reuff, em The Private Eye Project, propõe um comportamento interdisciplinar usando 
lupas e habilidades do pensamento de nível superior, essa forma curricular consiste em um 
processo de quatro etapas: 
 
 Etapa 1. Os alunos observam um objeto do cotidiano através de lupas para aumentar 
sua consciência visual, habilidades de observação e para estimular a admiração e a 
excitação com relação ao mundo natural. 
 Etapa 2. Eles criam analogias de suas observações ampliadas para personalizar sua 
aprendizagem e fortalecer a concentração. 
 Etapa 3. Eles desenham o que viram através das lupas em diferentes escalas para 
conseguir uma apreciação estética 
 Etapa 4. Eles teorizam "Por que este objeto é assim?" Para aprender como a função 
dirige a forma na natureza e para praticar a teorização como cientistas. 
 
Resumidamente, deverá haver uma interação entre a observação com a lupa, fazer 
analogias e desenhar as observações obtidas. 
 
 
 
 
 
 
 
119 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Uma forma de trabalho com superdotados em inteligência naturalista, é inserir esse 
meio em seu estilo de vida. Um trabalho que pode ser realizado, de forma efetiva, é a 
criação de hortas, jardins e/ou espaços onde esses indivíduos possam praticar suas 
habilidades. 
 
Através desta forma, a criança pode praticar o 
uso da ecologia, partir da semeadura e cultivo de 
vegetais. No grupo de Precoces do Núcleo de 
Atividades de Altas Habilidade/Superdotação (NAAH/S 
- RECIFE), essa prática já é ativa e proporciona muitos 
benefícios. Além da semeadura e manutenção das 
mudas os discentes compreendem que num vaso e/ou 
jardim, não existem só as vegetações. Um pequeno mundo age em torno dessas (insetos, 
anelídeos, etc.), formando assim um micro ecossistema. 
 9.5.3. O desenho como observação atenta 
De acordo com Frederick Frank, em The Zen of Seeing, (CAMPBELL, et all, 2000, p. 
211), “Aprendi que aquilo que eu não desenhei, jamais realmente vi e que, quando eu 
começo a desenhar uma coisa comum, percebo como ela é extraordinária”. O desenho é 
uma excelente forma de registrar, interpretar e ampliar as nossas observações sobre 
variados assuntos. 
 
De acordo com Mona Brookes, um dos passos para se desenvolver as habilidades de 
desenho, seria “não conversar conosco mesmo”, esquecendo os estereótipos e focar em 
curvas, ângulos, círculos, pontos e linhas retas e assim, reproduzir uma representação mais 
precisa de nossos desejos. Outra forma, seria a de esboço rápido de uma memória de 
algum objeto simples, podendo ser, inclusive, um lápis ou uma laranja. Depois do esboço, 
apresentar os objetos para simples observação. 
9.5.4. Diários de campo 
Para que haja uma boa interação com a natureza, se 
faz necessário manter um registro sempre que estiver em 
contato com ela, denominado de diário de campo, onde se 
anotam dados, esboços, perguntas e reações que poderão 
ser revistas em situações posteriores, compartilhando com o 
grupo. Manter diário com as próprias observações requer 
 
 
120 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
prática, sendo iniciado por observação simples de uma única coisa ou objeto, para 
posteriormente expandir em experiências mais complexas, preferencialmente em ambiente 
natural. 
 
Possíveis perguntas formuladas pelos naturalistas sobre o que observam, para serem 
anotadas nos diários: 
 
 Qual a temperatura, a umidade e a luz solar nessa área? 
 Como é o terreno local? Montanhoso, coberto de vegetação ou plano? 
 Descreva a qualidade do solo: é rochoso, escuro, arenoso ou pantanoso? 
 Quantas plantas e animais existem lá? Eles são do mesmo tipo? 
 Eles parecem saudáveis? 
 O que sua presença lhe diz sobre o ambiente local? 
 Por que você acha que estas plantas e animais vivem neste habitat? 
 Em que aspectos as plantas e os animais de uma área diferem das de outra? 
 Faça um esboço de uma ou mais plantas ou animais que você gostaria de 
estudar mais. 
 Cite algo que lhe faz pensar a partir de suas observações. 
 
9.5.5. Fazer coleções 
Em seu livro Life on Earth, David 
Attenborought, relata o fato de Charles Darwin, 
naturalista do HMS Beagle, ter vindo à América 
do Sul em 1831, com 24 anos de idade, e que, 
em uma floresta aos redores do Rio de Janeiro, 
em um único dia, em pequena área: “...coletou 
68 espécies diferentes de pequenos besouros. 
O fato de haver tal variedade de espécies de 
um mesmo tipo, o impressionou... ele ficou profundamente intrigado com essa enorme 
multiplicidade de formas”. Vinte e sete anos depois, Darwin publicou “A Origem das 
Espécies por Meio da Seleção Natural”. 
 
 
 
 
121 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Uma das maneiras simples de ensinar alunos a classificar e observar detalhes dos 
fenômenos naturais e dos provocados pelos homens, é fazer coleções. Elas podem ser da 
flora, da fauna, livros, automóveis, ou qualquer coisa que seja apropriada para conteúdo de 
ensinamento. 
 
9.5.6. Alunos como colecionadores 
Existem quatro etapas para realizar uma coleção, que incluem: 
I. Identificar o que será coletado. 
2. Garantir recipientes ou livros adequados para a coleção. 
3. Colecionar de maneira responsável; 
4. Classificar e rotular sua coleção. 
 
Seria ideal que, antes do aluno iniciar sua coleção individual, fosse estimulado pelo 
professor a realizar em classe, uma coleção coletiva, onda cada um trouxesse um exemplar 
do material solicitado à turma, como por exemplo, uma flor ou tipo de folhagem. Cabe ao 
educador organiza-las na entrega em espaços adequados, no mesmo recipiente. Os itens 
devem ser identificados e rotulados segundo suas características, como nomes comuns e 
científicos, classificando e posteriormente, criando gráficos sobre proporções de um tipo 
comparado ao restante encontrado. 
 
 Os quatro passos para se criar coleções estão descritos abaixo em maiores detalhes: 
 
 PASSO 1: Para começar a colecionar é necessário decidir em relação aos itens 
adequados a serem colecionados. Em estudos sociais, estes podem ser fotos ou 
cartões escritos à mão com os nomes de cidades, estatutos, países, mulheres 
famosas ou diferentes estruturas governamentais. Em ciências, podem ser 
desenhados cartões de células, nuvens, estrelas ou galáxias. Em matemática, os 
alunos podem colecionar fórmulas, quadros de temperatura do jornal, listas do 
mercado de ações ou anúncios. 
 PASSO 2: Identificar os recipientes apropriados para as coleções dos alunos. Estes 
podem incluir cadernos caixas de ovos, caixas de sapatos pequenas ou caixas de 
papelão (talvez divididas em partes com tiras de papelão), recipientes de plástico, 
caixas de joias ou livros em branco feitos à mão. Álbuns de recortes funcionam 
melhor para itens planos, como flores e folhas prensadas, cartões, selos e gravuras. 
 
 
122 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 PASSO3: Quando os alunos estiverem prontos para começar suas coleções, reveja 
com eles as etiquetas e as regras das coleções. Ao colecionar espécimes naturais, 
eles devem abster-se de remover itens de terra protegidas ou de propriedade 
privada, evitar plantas ou animais venenosos, usar luvas ou outro equipamento, 
quando necessário, e ter respeito a todas as formas de vida. Com relação aos itens 
feitos pelo homem, devem pedir permissão antes de coletar espécimes de suas 
casas, escolas ou qualquer outro lugar. 
 PASSO 4: Após os espécimes terem sido coletados, os alunos devem organizá-los 
em diferentes categorias, como sementes, flores, folhas ou casca de árvore. Não há 
limites para o número e os tipos de categorias para realizar a separação. Com 
referência às coleções que não sejam de flora e fauna, algumas categorias podem 
incluir idade, variedade, marca, função, realizações, país de origem, equipe e média 
de pontos em esportes. Os objetos naturais podem ser separados por função, 
tamanho, forma, cor, idade ou variedade. 
 
Os espécimes devem ser colocados criteriosa e artisticamente nos recipientes. Os 
alunos devem confeccionar rótulos para os itens individuais. Se estiverem trabalhando com 
flora ou fauna, devem ser solicitados a rotular seus espécimes com seus nomes comuns e 
com seus nomes científicos. Há dezenas de guias disponíveis nas bibliotecas e nas livrarias 
e internet para ajudar os alunos a identificarem plantas e animais. A série de Roger Tory 
Peterson é bastante conhecida, mas há outras sobre pássaros, árvores, insetos, flores, 
cogumelos, mamíferos e animais em risco de extinção. A série Audubon de 1998, intitulada 
First Field Guides, são também excelentes recursos (CAMPBELL, et all, 2000). 
9.5.7. A tecnologia que aprimora a inteligência naturalista 
Em um período onde a tecnologia é parte integrante do ambiente escolar, fazer com 
que o ambiente natural seja, da mesma forma, acessível aos alunos, facilita seu 
desenvolvimento naturalista. 
 
À proporção que as novas tecnologias se tornam 
parte integrante de nosso dia a dia, é primordial que a 
interação e as experiências no mundo natural sejam 
estimuladas proporcionalmente. As novas tecnologias, 
facilitam aos alunos entender o mundo além de seu meio 
ambiente, mostrando como as ações afetam o mundo em que vivemos. 
 
 
123 Superdotação e Altas Habilidades 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Ler o artigo de Nicolliere e Velasco (2009): A INTELIGÊNCIA NATURALISTA: um 
novo caminho para a educação ambiental. 
Disponível em: http://www.revistarede.ufc.br/rede/article/view/9. 
Ler o artigo de Teixeira et all (2012): A INTELIGÊNCIA NATURALISTA E A 
EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS: UM NOVO CAMINHO PARA UMA 
EDUCAÇÃO CIENTÍFICA. Disponível em: 
 http://files.ensinodeciencia.webnode.com.br/200000820-
3ae573bdf6/2012_A%20inteligência%20naturalista%20e%20a%20educação%20
em%20espaços%20não%20formais.PDF 
 
 
 
 
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In: FLANAGAN, D.P.; HARRISON, P.L. (Ed.) Contemporary intelectual assessment: 
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CHIARELLI, L.K.M ; BARRETO, S.J. A música como meio de desenvolver a 
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Disponível em: https://www.meloteca.com/musicoterapia2014/a-musica-como-
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CORREIA P.R.M.; Silva, A.C.; Romano Junior, J.G. Mapas conceituais como 
ferramenta de avaliacao na sala de aula. Rev. Bras. Ensino Fís. vol.32 no.4 São 
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GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas - a Teoria na Prática. Editora Artmed, 
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GARDNER, Howard. Inteligência: um conceito reformulado. Rio de Janeiro: 
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KOGA, F.O; CHACON, M.C.M. Oficina de enriquecimento musical do programa de 
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