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Resumo: A República

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A República de Platão
Resumo e Análise
LIVRO I
A principal questão apontada no livro I é o conceito de Justiça. Neste livro, participam 4 personagens: Sócrates, Céfalo (um homem de idade e bem de vida), Polemarco (filho de Céfalo) e Trasímaco (um sofista, amigo de Cefalo).
Sócrates voltando à Atenas é convidado por Polemarco a visitar seu pai Céfalo, chegando em sua casa iniciasse uma discussão. Inicialmente Sócrates e Cefalo discutem sobre os princípios da idade e da riqueza, visto que estes são dois aspectos visíveis em Cefalo, após isso, se introduz na conversa o conceito de Justiça. Para Cefalo justiça é dizer a verdade e devolver a cada um aquilo que foi emprestado, Sócrates o refuta com o seguinte exemplo: “ao emprestar uma arma de um indivíduo e este na hora de cobrar a sua devolução estiver mal da cabeça (louco), é justo eu devolver? ”, Cefalo acredita que não, portanto, Sócrates conclui que o conceito apontado por Cefalo não é o verdadeiro conceito de justiça.
Observa-se no livro A República que Platão busca a partir de vários conceitos, chegar a essência de cada um deles, para Platão, a origem desses conceitos de Justiça seria a ideia correta e essencial de Justiça, portanto, qualquer conceito que se permita restrições ou exceções, não são o verdadeiro conceito de Justiça, mas somente, em alguns casos, parte dele.
Ainda na casa de Cefalo, Polemarco adentra na conversa e propõe um novo conceito de Justiça: “certo estava Simonides ao dizer que Justiça é restituir a cada um o que é seu de Direito. Sócrates o refuto com o mesmo exemplo dado a Cefalo e Polemarco chega à conclusão de que Justiça é fazer o bem ao amigo e mal ao inimigo, Sócrates o refuta afirmando que o homem por muitas vezes é falho e dessa forma pode estar beneficiando um indivíduo que pensa ser seu amigo, mas na verdade é um inimigo, visto isso, Polemarco reformula sua tese dizendo que Justiça é fazer o bem ao bom amigo e mal ao inimigo mal. Aqui se percebe uma argumentação mais complexa de Sócrates: Ao fazer mal ao inimigo mal, este seu inimigo também o vera como um mal inimigo, e sendo o mal inimigo injusto, e justo praticar o mal ao inimigo mal, a própria justiça criaria injustiça e entrar-se-ia em um caos social, desta forma o conceito de Justiça de Polemarco cai por terra.
Ao entrar Trasímaco na conversa, percebe-se no livro A República, a discordância que Platão tinha em relação aos Sofistas. Trasímaco começa indagando Sócrates de que ele perguntava sobre o conceito de Justiça, mas não dava o seu próprio, Sócrates usando de ironia diz, como posso conceituar algo que não sei, Trasímaco então propõe apresentar o seu conceito de Justiça mas para isso queria uma pena de Sócrates. Vê-se nesta parte uma crítica ao Sofismo feita por Platão, Sócrates diz que a pena que pagara será o conhecimento (se você sabe, então me ensine) mas Trasímaco exige além disso, Dinheiro. 
Trasímaco apresenta sua proposta: “Justiça é a conveniência do mais forte”, Sócrates pede que se explique melhor, Trasímaco então diz que Justiça é a vontade do governante exteriorizada através das leis e cumprida pelos seus súditos. Sócrates em um primeiro momento concorda até que Trasímaco acrescenta que a vontade do governante é feita em prol dele mesmo, Sócrates então diz que a justiça está efetivamente ligada a leis e ao governante que governa, porém em detrimento de seus súditos, ele ainda afirma, um governante muitas vezes erra e assim pode criar uma lei que não expressa a sua vontade, desta forma os seus súditos estariam praticando a injustiça pensando ser Justiça, Trasímaco quebra Sócrates ao dizer: “quando falo em governante, me refiro ao mais forte, ao seu conceito máximo, nesta hipótese, o governante não é propenso a erros, não se define um médico por seus erros, mas sim por sua excelência. Visto que este argumento não servia, Sócrates se aprofunda no usado anteriormente: A arte de um médico tem como objetivo beneficiar o médico ou seu paciente? Trasímaco diz, o paciente, A Arte de um sapateiro tem como objetivo beneficiar o sapateiro ou seu cliente, O cliente conclui Trasímaco, da mesma forma, fala Sócrates, funciona a Arte de Governar, esta não é feita em prol do governante, mas de seus súditos e é por este mesmo motivo que ambas estas artes tem um salário, se estas Artes fossem autossuficiente então não seria necessário um salário aos seus praticantes. 
Trasímaco então constrói uma nova ideia, ele inverte os aspectos e diz que a justiça é ingênua, um vício e a Injustiça uma virtude, já que o homem injusto sempre passa por cima de todos e se da bem na vida (segundo a visão de Trasímaco), Sócrates espantado com esta inversão de valores o refuta dizendo: O homem justo, não busca ser justo por que tem um moralismo interior que repudia a justiça, o homem justo é justo, por que tem medo da Injustiça, ele pratica a justiça para que a injustiça não seja praticada contra ele. Trasímaco ainda convencido de que a injustiça é uma virtude utilizada pelos verdadeiros sábios, força Sócrates a sair da refutação e partir para a conceitualização. Sócrates diz, o Homem Justo busca superar o Injusto, mas nunca outro Justo, da mesma forma o Sábio busca superar o ignorante nunca outro Sábio de mesmo nível, baseado nisso Sócrates assemelha as duas ideias e ainda discorre sobre outro argumento. Imaginando gangues, ou seja, grupos de homens injustos, para que se possa efetivar um roubo deve haver, para que o plano de certo, uma justiça entre essas gangues, evitando o caos. Sócrates conclui que até mesmo no terreno dos injustos existe justiça, desta forma é necessário que a cidade seja governada por um justo que pense em seus súditos e não em si mesmo, ele ainda dá como exemplo de injusto, o tirano.
 Percebe-se um certo esquema no Livro República: Existe uma Tese inicial, uma refutação, uma reconfiguração desta Tese, uma refutação mais elaborada, e esta repetição leva ao conceito verdadeiro.
LIVRO II
Neste livro participa Sócrates, Glauco e Adimanto. Percebe-se no livro II a continuação da grande dúvida: O que é Justiça?
O livro começa logo após a discussão entre Sócrates e Trasímaco. Glauco se manifesta afirmando que de nada adiantou a discussão anterior visto que ainda estava abstrato o conceito de Justiça para ele, assim, Glauco convida Sócrates a desenvolver com ele o conceito mais definido de Justiça. Inicialmente, Glauco diz existir 3 tipos de bens: O bem como bem em si mesmo (ex: prazer), o bem como bem em si mesmo e em consequência (ex: visão, saúde) e o bem como bem apenas em consequência, neste último vale uma melhor explicação. Um exemplo seria o trabalho para aquele indivíduo que não o gosta, o trabalho não é um bem em si mais o dinheiro que se ganha a partir desse trabalho, ou seja, a consequência deste trabalho é um bem. Apresentado esses 3 tipos de bem, Glauco pede a Sócrates que aponte em qual dos bens está a Justiça, Sócrates afirma que está no bem mais perfeito de todos o segundo, ou seja, o bem que é bem por si próprio e por consequência, Glauco diz que não é este o pensamento dos sábios atenienses no geral, para estes a Justiça seria como o terceiro bem, ou seja, bem apenas como consequência, Glauco ainda diz que realmente queria acreditar que a Justiça é um bem em si própria mas ainda tinha em sua mente dúvidas do que realmente seria Justiça e pede a Sócrates que volte na argumentação de Trasímaco, dessa vez elaborada por Glauco, para que ambos cheguem em um conceito de Justiça. 
Glauco então começa dizendo que a Justiça é apenas um bem em consequência visto que o homem injusto se beneficia individualmente com a injustiça, porém tem também o risco de ser alvo de injustiça, dessa forma, com medo da injustiça, o homem convenciona a Justiça como instrumentalização da ordem social, através das leis. Glauco continua citando um mito no qual um homem consegue um anel que o deixa invisível e, a partir disso, cria uma situação hipotética para Sócrates dizendo: Se dermos um anel deste a um indivíduo justo e outro a um indivíduo injusto, vistoque ambos não estão mais submetidos a lei ou a coerção social, já que podem ficar invisíveis, os dois praticariam injustiça em benefício de si mesmo e se, mesmo assim, o homem justo permanecesse justo, todos zombariam deste por não utilizar da injustiça. Glauco ainda completa sua tese analisando dois tipos de indivíduo: o homem justo por excelência, aquele escravo a justiça e o homem injusto por excelência, aquele que é injusto em si mesmo mais justo aos olhares públicos e diz que o homem injusto por excelência possui uma vida muito melhor que o homem justo por excelência.
Entra na conversa então Adimanto, irmão de Glauco, e usa de uma série de aspectos culturais para defender o irmão. Ele diz que uma mãe ao pedir que os filhos sejam justos para assim serem honrados e trazer ao nome da sua família valor, está demostrando o fato de a justiça ser um bem consequencial e não em si mesma, além disso ainda diz, a justiça está muito mais ligada ao âmbito da cidade/social do que ao âmbito individual visto que para um indivíduo, ser injusto é bom, mas para a cidade traz caos social.
Visto tamanha argumentação, Sócrates diz acreditar que na verdade a Justiça se encontre tanto no indivíduo quanto na cidade, ou seja, ela é um bem em si mesma e em consequência. Para isso Sócrates convida seus companheiros a construírem uma cidade ideal afim de encontrar nesta o conceito de Justiça. Em um primeiro momento Sócrates deixa claro que, como objetivo inicial, vai primeiro buscar a Justiça na Cidade e não no indivíduo. Ele começa então, falando sobre a origem da cidade que nada mais é que uma consequência da necessidade humana de convívio social, visto que esta é a sua natureza, posteriormente, trata sobre as profissões dessa cidade: para que uma cidade funcione é necessário um leque de profissões, os indivíduos dessa cidade devem se especializar cada um em uma única arte, em busca de serem o melhor possível naquela determinada profissão, assim haveria uma profissionalização das artes. Terminado esse assunto Sócrates passa a falar da Classe dos Guardiões, aqueles que lidam com a arte da guerra, estes, deveriam ter uma educação diferenciada para adquirirem um certo instinto filosófico. Sócrates compara esses Guardiões com um cão doméstico, este é manso com aquele que conhece, e adverso com aquele que não conhece, da mesma forma é o Guardião, este é um amigo do saber, ou seja, é bom aos conhecidos e mal aos desconhecidos. Usando este argumento ele faz analogia tanto a questão da guerra, ser bom com seu povo e feroz com os outros povos, como a questão do conhecimento, já que amigo do saber é a própria definição de filosofia. Voltando a Educação destes Guardiões ele especifica que não deveria ser ensinado a estes, as obras de Homero e Esiado, visto que estes representavam Deuses com falhas humanas e tanto para Platão como para Sócrates, Deus é bom, não aceita defeitos. Esta fala fecha o Livro II e quebra uma argumentação anterior de Adimanto que dizia que era possível ser injusto a vida inteira e depois fazer Sacrifícios aos Deuses para se redimir.
LIVRO III
Neste capitulo se abordara mais especificadamente os guardiões, além da Educação, Estamentos, Justiça, ainda com os mesmos indivíduos: Sócrates, Glauco e Adimanto.
O livro III continua a discussão entre Sócrates, Glauco e Adimanto, que formulavam uma cidade ideal afim de descobrir nela o conceito de Justiça, nesta formulação falam sobre a classe dos Guardiões que deveriam receber, segundo Sócrates, uma Educação diferenciada. Iniciado o livro III, Sócrates diz existir 3 tipos de narrações poéticas: Primeiro, aquela onde o narrador e o personagem não se confundem, segunda, aquela que o narrador e o personagem se confundem a todo tempo e terceira aquela onde o narrador confunde-se com o personagem em alguns momentos e em outros não. Sócrates usa destes tipos para explicar que os Guardiões devem ter em sua formação apenas o primeiro exemplo de narração, assim estes não vão se confundir ou imitar certos atos ou classes, se tornando homens moderados que se identificam com o caráter digno. Sócrates ainda fala sobre a necessidade de desmistificar o medo por Hades, já que os Guardiões não deveriam temer a morte no sentido de covardia
Entrando no tema da Poesia, Sócrates junto de Glauco que era músico, separa a poesia em odes e canções, fragmentando a música em três elementos: letra, harmonia, ritmo. Após fazer uma censura sobre vários temas musicais que não deveriam ser ensinados aos Guardiões, sobra a estes músicas de violência, coragem, resistência, autocontrole e paz e persuasão. Sócrates então afirma que até os maiores desejos se tornariam moderados e harmônicos com a educação através da música.
Estando Glauco e Adimanto de acordo, Sócrates parte para o papel do Juiz. Segundo ele, o Juiz tem de reger outras almas usando da sua própria, porem este não deve se corromper ou ao menos possuir vícios e injustiça em sua alma. É crucial para Sócrates que o Juiz seja alguém velho, dessa forma, não através de experiência com sigo mesmo, mas observando a injustiça nos outros este poderia identificá-la sem estar em contato com ela, e sim através do conhecimento. Contudo, diz Sócrates, se o sistema de Educação proposto anteriormente for realmente efetivado não será necessário um juiz ou um tribunal já que a Justiça será ensinada a todos os jovens e estes terão em sua concepção de vida o sentido de justo., dessa forma, novamente Sócrates volta ao termo Justiça, achando aqui sua origem, a Educação.
Depois de certas indagações de Adimanto, Sócrates parte para o questionamento: Quem deve governar? Ele afirma, o governante deve ser escolhido entre os mais velhos, inteligentes e que melhor cuidem do interesse do Estado, além disso ele propõe testes de persuasão ao estudo dos Guardiões e afirma ser necessário observar o desenvolvimento destes na Educação.
Por fim Sócrates aborda o conto Fenício e aborda 3 estamentos nos quais buscaria em sua cidade: Um pouco de Ouro aos governantes, Prata aos auxiliares, ferro e bronze aos trabalhadores e agricultores e no caso dos Guardiões, como estes já teriam almas de ouro jamais teriam ouro concreto em vida, ou seja, sempre seriam pobres. Esta questão de não dar Ouro aos pobres é discutida por Adimanto, porém, apenas no próximo livro.
LIVRO IV
Neste livro discute-se sobre as diferenças econômicas, a felicidade da cidade, a organização dos estamentos, as virtudes, novamente com Sócrates, Glauco e Adimanto.
O livro se inicial com Glauco abordando se seria realmente certo não dar dinheiro aos Guardiões e se fazendo isso, não estariam eles condenando os Guardiões, Sócrates diz que não, já que este tem o poder de administrar a cidade e a felicidade da cidade. Ao meu ver, lembrando que agora darei minha opinião e está pode estar equivocada, Sócrates quer dizer que o título de Governante é algo que tem muito mais valor que o dinheiro, além disso, como o próprio Sócrates aponte, estes eram educados para não se apegarem aos desejos e vícios, dessa forma concluo que um governante por excelência não buscaria a riqueza, mas o bem estar de sua cidade.
Visto isso Sócrates apresenta os possíveis problemas que um desiquilibro econômico causaria a cidade corrompendo sua harmonia e sua defesa, para isso ele usa da analogia do homem que se dedica em excesso a música (alma) ou a ginastica (corpo). Ele aponta que a partir da riqueza surge a preguiça e o luxo e a partir da pobreza surge a rudez e o desleixo para com o trabalho, assim Sócrates conclui que a cidade deve ser vista como um único corpo onde cada um é essencial para o funcionamento harmônico dela, ele conclui dizendo que a cidade não pode ser nem muito pequena, ao ponto de não ser autossuficiente e nem muito grande, ao ponto de não permanecer unida.
Percebe-se durante todo o livro de Platão a busca pelo equilíbrio. Tanto o excesso quanto a falta, causariam problemas tanto ao indivíduo quanto a cidade e até mesmo o conceito de justiça entra aqui neste sentido de equilíbrio e moderação.
Sócratescontinua sua construção a cidade perfeita dizendo que os indivíduos dessa, devem ser educados a cidadania e ao papel do cidadão desde ainda jovens e que seja dado a cada um dos indivíduos aquilo que é devido a eles, dessa forma o cidadão não irá buscar aquilo que não lhe é devido e os estamentos se manterão fixos e organizados, assim cada homem estará em sua propicia alma e a cidade será organizada, ou seja feliz.
Já organizado todo esse sistema, Sócrates dá por concluído a fundação da cidade ideia deixando aos seus companheiros acharem onde está a justiça, a injustiça e qual delas traria felicidade ao indivíduo. Sócrates ainda afirma, que uma cidade fundada da forma como eles estabeleceram produziria: sabedoria, coragem, moderação e justiça, passa então a especificar cada um desses aspectos identificados posteriormente como virtudes.
Sabedoria: Para Sócrates, Sabedoria era saber escolher, contudo a três tipos de escolha: do saber, das diferentes áreas do conhecimento e a do conjunto da cidade, todavia, Sócrates conclui que como a escolha do conjunto da cidade engloba todas as outras áreas é nesta que está a verdadeira sabedoria.
Coragem: A cidade corajosa se define pela aquela que saber escolher com perfeição aos seus cidadãos o que deve se temer, para isso, novamente, Sócrates fala da importância da Educação dos cidadãos ainda jovens afim de fixar ainda mais os aspectos que deve se temer.
Temperança/moderação: Sócrates ira dizer a moderação se assemelha a harmonia já que ambas buscam estabelecer um domínio sobre o prazer e os desejos. Diferente do que Sócrates havia dito anteriormente sobre a música e a harmonia, aqui temos uma distinção, neste contexto harmonia não tem a ver com a música mais sim com um controle de si mesmo. Para melhor explicar, Sócrates aponta o seguinte: o indivíduo tem em sua alma uma parte melhor e uma parte pior, a racional entre outros aspectos, e a suscetível aos desejos, quando a melhor parte se sobressai sobre a pior existe moderação, no contrário o indivíduo se vê submisso aos prazeres e desejos. Diferentemente das 2 virtudes citadas anteriormente, que poderiam pertencer a um único grupo da cidade, a temperança deve estar presente em todos.
Justiça: Finalmente se estabelece então, o conceito tão procurado por Sócrates e seus conterrâneos. Para Sócrates a Justiça em relação a cidade nada mais é que cada um ocupar aquilo que lhe é devido por natureza, lembrando que isto já havia sido abordado anteriormente como necessário para a cidade ser feliz. Visto isso percebemos que para haver Justiça em uma cidade está deve apresentar todas as outras Virtudes, portanto a Justiça é a maior Virtude de todas, uma cidade só é justa quando em sua alma esta tem sabedoria, coragem e temperança.
Discutido as virtudes e finalmente a Justiça em relação a cidade, ou seja, em relação a consequência, falta ainda estabelecer a Justiça no indivíduo, como um bem em si. Sócrates aproveitando de sua construção da Justiça em relação a cidade, não tenta criar uma nova abordagem e sim observar se é possível estabelecer na alma do indivíduo o mesmo que se estabeleceu na alma da cidade.
Antes, vale explicar um pouco melhor o conceito de alma para os gregos, pois quando se fala em “alma da cidade” ou “alma do indivíduo” não estamos nos referindo a concepção atual de alma como nosso espirito. Para os Gregos alma ou psyké significa “ser”, trata-se da essência do homem, aquilo além do corpo, seu interior, de grosso modo o seu psíquico.
Estabelecido o conceito de Alma de forma sucinta visto que Alma para os Gregos é um assunto extremamente complexo, voltemos a análise de Sócrates, este começa com uma indagação: seria possível o Homem sofrer efeitos contrários de uma mesma parte da Alma? Chegando à conclusão de que isso seria impossível já que é o mesmo que dizer que um objeto está em movimento e parado ao mesmo tempo, Sócrates diz então que muitas vezes um homem tem fome, mas mesmo assim não se alimente, existe aí uma disparidade da alma dividida entre a parte que deseja (irracional) e a parte do controle (racional). Sócrates passa a analisar então se a ira estaria no lado irracional, mas percebendo que só se tem ira ligado a paixão por causa dos pressupostos racionais, ele conclui que a ira está no lado racional, Glauco então pergunta se a Ira seria, pois, parte da razão? Sócrates chega a síntese que não, já que os bebes antes mesmo de desenvolver a razão já possuem ira, dessa forma eles descartam essa ideia e afirmam que a ira está em outra parte da alma a irascível. 
Descoberto as três partes da alma, Sócrates confirma sua suspeita de que a alma do indivíduo pode ser análoga a alma da cidade que também tem três classes distintas, basta então analisar se o surgimento da Justiça na alma do indivíduo ocorre da mesma forma como na cidade. Na alma humana, deve se originar do mesmo modo que se origina na cidade, isto é, a partir do funcionamento ordenado e orgânico de todas as suas partes. Esta alma, assim como a cidade, deve ser governada por seu elemento racional, ordenando as outras partes através da educação propiciada pela música e pela ginástica. 
Por último Sócrates busca resolver o problema abordado no Livro I: a Justiça traria infelicidade ao Justo. As 4 virtudes identificadas na Cidade e posteriormente no indivíduo mantem a alma saudável, sobrando como motivo de doença, o vício, a efemeridade, e a fraqueza da alma, ou seja, a injustiça. Analisando de forma um pouco melhor percebemos que como o perfeito funcionamento da alma da cidade e analogamente a do indivíduo, gera justiça e com isso felicidade, e sendo justiça cada um ocupar aquilo que lhe é seu de direito por natureza, então a Injustiça para a cidade, é quando o indivíduo procura aquilo que não lhe é devido, por isso Sócrates ainda fala sobre a importância da cidade não acumular riquezas, visto que, por exemplo, se um ferreiro adquire riquezas, logo ele não vai mais querer ser um ferreiro. Percebe-se novamente o equilíbrio aqui, da mesma forma é a alma do indivíduo, se esta não estiver em perfeito funcionamento, em equilíbrio, lembrando que equilíbrio é temperança e temperança é razão sobre os desejos, esta será corrompida, doente e não terá justiça e assim não será feliz.
LIVRO V
Neste livro se identifica a questão da mulher, do filósofo e da opinião. Participa deste capitulo: Sócrates, Glauco, Adimanto, Polemarco e Trasímaco.
O livro se inicia com Sócrates finalizando a questão do livro anterior dizendo que não vale a pena viver quando a alma está corrompida pela injustiça. O filósofo então passa a tratar dos tipos de governo e durante sua explicação, Polemarco cochicha a Glauco perguntando se ele e seu irmão deixariam Sócrates pular a questão da mulher, da procriação e do casamento em sua cidade ideal. Sócrates relutante em falar sobre o assunto acaba sedento visto que seus interlocutores o acham de extrema importância. O leitor deve entender que até mesmo naquela época assuntos como a mulher e o casamento eram extremamente polêmicos e se tratados de forma ingênua poderiam expor a pessoa ao ridículo. Sócrates compara as mulheres a um cão de guarda, assim como fez com os Guardiões, está deveria ser vigilante embora mais fraca. A problemática começa aí visto que então as mulheres deveriam ter o mesmo ensino dos guardiões e entre outras coisas treinar ginastica nuas, algo que causa certa comoção entre seus interlocutores. O assunto se volta para a Justiça no sentido de que todos dever fazer aquilo que lhe compete, dessa forma à mulher cabe dar à luz e ao homem cabe procriar, da mesma forma a mulher na questão profissional deve ocupar aquilo que lhe compete, porém como o homem é mais forte que a mulher está fica em segundo plano. Trasímaco neste momento fica feliz de não ter saído da conversa, afinal ele acabou de ver Sócrates falando em outras palavras sobre seu princípio do “mais forte”. Sobre o casamento, o filósofo diz ser correto, assim como acontece na natureza, casar os homens mais fortes com as mulheres mais fortes o máximopossível de vezes enquanto os fracos, o mínimo possível. Os cônjuges deveriam procriar só em sua melhor idade e seriam controlados pelos governantes afim de que a cidade nem cresça muito ou pouco.
Posteriormente se entra na discussão de qual seria o melhor bem e respectivamente o pior mal para a cidade, Sócrates chega à conclusão de que o melhor bem seria a união quando regulamentada pelos princípios da harmonia e moderação. Para isso, a cidade deve estar de acordo entre o “meu” e o “não é meu” em outras palavras deve ser justa, da mesma forma, uma cidade desunida automaticamente se torna injusta e assim caótica. Voltando novamente a questão dos guardiões, o filósofo vai dizer que as crianças deveriam ser levadas ao campo de batalha para observar e aprender e serem ensinadas a terem honra para que não escravizassem outros gregos ou destruíssem suas terras quando os dominasse. Toda essa perfeição criada por Sócrates começa a gerar dúvida em seus interlocutores que perguntar se seria realmente possível tudo isso existir. Sócrates os refuta dizendo que não é esta a questão, a cidade ideia deve ser utilizada para se analisar as cidades reais e expor seus problemas afim de que se faça mudanças e tornem as cidades mais justas. Para isso Sócrates diz ser necessário apenas uma mudança, colocar como governante o filósofo, afinal, se não temos como transformar um governante em um filósofo transforme então um filósofo em governante. Sócrates então define o filósofo: é aquele que capta a essência das coisas enquanto outros fingem saber a essência (sofistas) e outros de nada sabem (ignorantes). O filósofo então chega a discussão da Opinião: a ciência busca as coisas que “são” enquanto a opinião busca as coisas que “parecem ser”, entretanto esta não é o mesmo que ignorância que seria o “não ser”, segundo o filosofo, a opinião é um meio termo, ela não capta a essência das coisas, mas sim uma impressão destas.
LIVRO VI
Neste livro se aborda o filósofo, o bem e o mito da caverna. Novamente temos os mesmos interlocutores apresentados anteriormente.
O livro começa com todos concordando que o filósofo deveria ser o governante, afinal este enxerga a essência das coisas, repudia a mentira, é moderado e justo, com exceção de um. Adimanto vai se contrapor contra Sócrates dizendo que o filósofo é um ser extravagante, por muitas vezes desonesto, e inútil a cidade. Todavia, diz Sócrates, a grande maioria não capta a essência das coisas como o filosofo e por isso passam a não o entender e repudia-lo. Entre os Sofista e o Filósofo o primeiro tem melhor olhar diante da sociedade visto que o Filósofo é alvo do orgulho ferido de outros, sendo imposto contra ele barreiras no ambiente público e privado impedindo-o de governar
É importante diz o Sócrates, ou melhor dizendo, neste caso, Platão que o governante conheça entre todas as coisas o Bem, já que as outras virtudes só se tornam uteis através dele. Surge neste momento uma não concordância entre os interlocutores sobre o conceito de Bem, o filósofo então diz ser muito complexo para esta conversa falar sobre o Bem em si, mas falaria sobre seu filho, prometendo pagar a dívida do pai um outro dia. Sócrates começa falando sobre os sentidos, em especial a visão, já que esta precisa de um aspecto a mais do que os outros para funcionar, a luz. O sol é a causa da luz, mas não é o olho nem mesmo a visão, ainda assim, a visão é o mais solar dos sentidos. O sol, portanto, é a causa da visão que pode ser visto por ela, da mesma forma, no mundo das essências o bem é o sol para o mundo sensível. Dessa forma, o que concede verdade as coisas conhecidas e o poder de conhecer ao conhecedor é o Bem e embora este seja a cauda da verdade e do conhecimento, não é a mesma coisa, pelo contrário, é maior e mais belo, da mesma forma o Sol é a causa da luz e da visão, mas não são a mesma coisa. Uma alma quando se fixa sobre algo iluminado pela verdade e pelo conhecimento, possui inteligência enquanto outra que se fixa sobre a obscuridade do “pensar ser” é turva e duvidosa
Sócrates conta então aos seus interlocutores o mito da caverna: homens nasceram dentro de uma caverna, acorrentados, e nunca viram a luz do sol ou o exterior dessa caverna. Eram colocados a estes, sombras projetadas na parede da caverna nas quais os homens acreditavam ser a verdade, o real. Um dia um destes homens se solta e consegue sair da caverna e entra em contato direito com a luz do sol, em um primeiro momento essa luz é dolorosa, mas logo se acostuma. Tendo este conhecido a verdade, o verdadeiro real, volta a caverna para avisar aos seus companheiros, mas estes por sua convicção própria negam o homem. Platão então faz uma classificação do Bem até a ignorância: Inteligência, entendimento, crença e opinião, sendo o entendimento o feito pela ciência, a inteligência aquele que detém o filosofo e crença e opinião aqueles suscetíveis as coisas sensíveis.

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