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Conceito de Constituição - Bernardo Gonçalves

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CONCEITO E 
CLASSIFICAÇÃO 
DAS 
CONSTITUIÇÕES
Bernardo Gonçalves Fernandes
• O que é uma Constituição?
– Problema do significado multifacetado.
– Conceitos produzidos a partir de uma pré-compreensão subjacente.
– H. Gadamerà o nosso olhar é sempre socialmente condicionado.
– F. Lassaleà ”Em todos os lugares do mundo e em todas as épocas sempre existiu e sempre existirá 
isso que chamamos de Constituição.”
• Perspectiva temporal
• Perspectiva espacial-universal
– Porém, a Constituição sempre existiu?
• Possíveis elementos materiais das comunidades:
– Identidade
– Organização Social e especialização
– Valores subjacentes
• A priori, a Constituição pode ser definida como o modo de ser de uma comunidade, sociedade ou 
Estado. 
– Constituição material/real à sociologicamente definida
– Séculos XVII e XVIII à contornos jurídico-normativos;
• Constitucionalismo e suas várias vertentes
• Conceito ocidental de Constituição
• Dois grandes objetivos do constitucionalismo:
– 1. Limitação do poder com a necessária organização e estruturação do Estado à
legitimação 
– 2. Direitos e Garantias fundamentais
• Atenção: constitucionalismo moderno Inglês, francês e americano. 
– Século XVIII à pacto fundador 
• A Constituição passa a ser entendida como ”a ordenação sistemática e racional da comunidade 
política plasmada em um documento escrito, no qual se fixam os limites do poder político e 
declaram-se direitos e liberdades fundamentais.” 
• Deixa de ser ”modo de ser” da comunidade e passa a ser ”ato constitutivo (criador, formador, 
fundante)” da comunidade;
• Ideologia liberal-burguesa;
• Governo de Leis e não dos homens;
• Essas constituições vão: 
– 1) ordenar em termos jurídicos-políticos o Estado, agora, por meio de um documento 
(pacto) escrito;
– 2) declarar nessa carta escrita um conjunto de direitos fundamentais e o respectivo modo 
de garantia; 
– 3) organizar o poder político segundo esquemas tendentes a tornar um poder limitado e 
moderado. 
• Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 1789
– 📜Art. 16: “Toute société dans laquelle la garantie des droits n’est pas assurée, ni la separation 
des pouvoirs déterminée n’a point de Constitution.”
• Jogos de poder e grupos de interesses. O que têm a ver com a Constituição?
– Art. 242 § 2o, da atual Constituição da República: “O Colégio Pedro Segundo localizado na 
cidade do Rio de Janeiro será mantido na órbita Federal.” 
• Caso Marbury x Madison (1803) realizado pela Suprema Corte Americana por meio do Chief Justice 
Marshall foi decidido pela primeira vez um conflito entre a Constituição e a legislação infraconstitucional. 
– Surgiram duas possibilidades de atuação da mais alta corte de magistrados americanos: 
• 1) a adoção do critério cronológico, no qual Lei posterior (ordinária originada do parlamento ou de 
ato executivo) revoga Lei anterior (no caso, norma consubstanciada na Constituição); ou
• 2) a adoção do critério hierárquico, no qual Lei posterior (inferior originada do parlamento ou de 
ato do executivo) não prevalece sobre Lei anterior (superior consubstanciada na Constituição). 
• Prevaleceu a segunda tese!!!
– O Chief Justice Marshall acabou afirmando que o judiciário deveria defender a Constituição em todos 
os embates e conflitos de normas infraconstitucionais (produzidas pelo legislador ordinário) e 
constitucionais
– base na doutrina dos freios e contrapesos;
– o judiciário deveria controlar a atuação dos outros poderes (legislativo e executivo) ante aos ataques à 
Constituição americana. 
• Portanto: 
– 1) A Constituição prevalece sobre todo o ordenamento ordinário, mesmo o posterior a ela, porque 
dotada de supralegalidade (doutrina da supremacia da Constituição); e 
– 2) Se a Constituição prevalece e não sucumbe às normas ordinárias contrárias a ela, os ataques (as 
infringências) serão defendidos, em regra, na maioria dos países, pelo Poder Judiciário. (doutrina do 
controle de constitucionalidade das leis). 
• Classificação Ontológica (essencialista) de Karl Löeswentein
– É a técnica de classificação das constituições que busca analisar a relação do texto da constituição 
com a realidade social;
– Trata-se da relação entre o texto (ideal) e a realidade (real): econômica, política, educacional, cultural 
e jurisprudencial do país. 
– É necessário ir ao país e analisar a adequação do texto constitucional à realidade social do país;
– Classificação:
• Normativas à são aquelas em que há uma adequação entre o texto constitucional (conteúdo 
normativo) e a real- idade social. 
– Há uma simbiose do texto constitucional com a realidade social. 
– a constituição conduz os processos de poder (e é tradutora dos anseios de justiça dos cidadãos), na 
medida em que detentores e destinatários de poder seguem (respeitam) a constituição. 
– Exemplo: Constituição Americana de 1.787.
• Nominais à não há adequação do texto constitucional (conteúdo normativo) e a realidade 
social. 
– Na verdade, os processos de poder é que conduzem a constituição e não o contrário (a constituição 
não conduz os processos de poder). Não há simbiose do texto constitucional com a realidade social, 
o que ocorre é um descompasso do texto com a realidade social (econômica, política, educacional, 
jurisprudencial etc.).
– Existe um lado positivo nessas Constituições: Este é o seu caráter educacional, pedagógico. 
– O texto é diferente da realidade social, mas, se o texto existe, ele pode, nos dizeres de Löewenstein, 
servir de “estrela guia”, de “fio condutor” a ser observado pelo país, que, apesar de distante do 
texto, um dia poderá alcançá-lo. 
– Exemplos: as Constituições brasileiras de 1934, 1946, 1988. 
• Semânticas à A Constituição semântica trai o conceito de constituição, pois legitima (naturaliza) 
práticas autoritárias de poder, ao invés de limitar o poder. 
– A constituição semântica vem para legitimar o poder autoritário. 
– Exemplos: Constituições brasileiras de 1937 (Getúlio Vargas), 1967-69 (governo militar). 
• O que é bloco de Constitucionalidade?
– Duas correntes:
• 1. É o conjunto de o conjunto de normas materialmente constitucionais que não fazem 
parte da Constituição formal (não inscritos na Constituição formal) conjuntamente com 
a Constituição formal (e suas normas formalmente constitucionais além de suas normas 
formal e materialmente constitucionais). 
– Nesses termos, poderíamos incluir no bloco de constitucionalidade as: 
• Normas infraconstitucionais materialmente constitucionais;
• Costumes jurídico-constitucionais;
• Jurisprudências constitucionais.
• 2. A doutrina pátria trabalha a noção de bloco de constitucionalidade como parâmetro 
de controle de constitucionalidade.
– Somente a Constituição formal e suas normas constitucionais expressas ou implí
citas é que servem de parâmetro para o controle de constitucionalidade.
– Portanto, o bloco de constitucionalidade, em sua a máxima extensão, (contendo as 
normas materialmente constitucionais que estão fora da constituição formal) não é 
usado como parâmetro ou verificação (análise) de compatibilidade de leis ou atos 
normativos em relação à nossa Constituição. 
– Nesse sentido, o STF ainda adota um conceito restrito de bloco de 
constitucionalidade. 
• O que é neoconstitucionalismo?
– Neoconstitucionalismos 
– “Os adeptos do neoconstitucionalismo buscam embasamento no pensamento de juristas que se 
filiam a linha bastante heterogênea (...)” 
– Composto por diversas visões sobre o fenômeno jurídico na contemporaneidade, que guardam entre 
si alguns denominadores comuns relevantes 
– Para Luís Roberto Barroso, tem-se como características principais para o surgimento desse 
fenômeno, os seguintes marcos: 
• (1) marco histórico: a formação do Estado Constitucionalde direito, cuja consolidação se deu ao 
longo das décadas finais do século XX;
• (2) marco filosófico: o pós-positivismo, com a centralidade dos direitos fundamentais e a 
reaproximação entre o direito e a ética;
• (3) marco teórico: o conjunto de mudanças que incluem a força normativa à Constituição, a 
expansão da jurisdição constitucional e o desenvolvimento de uma nova dogmática da interpreta
ção constitucional.
– Reaproximação entre direito e ética, direito e moral e direito e justiça. 
– Superação da dicotomia jusnaturalismo versus positivismo
– podemos afirmar que as perspectivas neoconstitucionais se enveredam resumidamente 
pelas seguintes teses: 
• a) constitucionalização do direito, com a irradiação das normas constitucionais e valores 
constitucionais, sobretudo os relacionados aos direitos fundamentais (busca pela efetividade dos 
direitos fundamentais, tendo em vista sua eficácia irradiante), para todos os ramos do 
ordenamento, na lógica de que as normas constitucionais dotadas de força normativa devem 
percorrer todo o ordenamento e condicionar a interpretação e aplicação do direito; 
• b) reconhecimento da forca̧ normativa dos princípios jurídicos e a valorização da sua 
importância no processo de aplicação do Direito; 
• c) rejeição do formalismo e a busca mais frequente a métodos ou estilos mais abertos de raciocí
nio jurídico como: a ponderação, tópica, teorias da argumentação, metódica estruturante, entre 
outros; 
• d) reaproximação entre o direito e a moral (para alguns doutrinadores: um “moralismo jurídico” 
ou uma “leitura moral da Constituição” que se traduz numa nova relação entre o direito e a moral 
de cunho pós-positivista), com a penetração cada vez maior da Filosofia nos debates jurídicos; 
• e) a judicialização da política e das relações sociais, com um significativo deslocamento de 
poder da esfera do Legislativo e do Executivo para o Poder Judiciário (o Judiciário passa a ser um 
poder protagonista das ações); 
• f) uma releitura da teoria da norma (como já citado: reconhecimento da normatividade dos princ
ípios a exigência de procedimentos complexos como o da ponderação para o solucionamento de 
colisões entre eles), da teoria das fontes (como já dito: o desenvolvimento e fortalecimento do 
papel do judiciário bem como dos Tribunais Constitucionais para a concretização da Constituição, 
levando, com isso, a uma ampliação da judicialização das questões político-sociais assumindo o 
Judiciário um papel central) e da teoria da interpretação (como já dito: a necessidade de novas 
posturas interpretativas à luz do papel assumido pela Constituição no que tange à sua 
centralidade e força normativa, fazendo com que os antigos métodos tradicionais da interpretaçã
o, nascidos do direito privado
• Paradigmas de Estado e de Direito 
– 1. Estado Liberal – Constitucionalismo liberal – direitos individuais à vida, liberdade, propriedade, 
segurança e igualdade;
– 2. Estado Social – Constitucionalismo Social – direitos sociais à Saúde, educação, previdência 
• Sentidos ou Concepções de Constituição 
– Sentidos Clássicos:
• Sentido Sociológico: Ferdinand Lassalle, “A essência da Constituição”
– Identificação e explicitação da dinâmica de poder estabelecida em uma sociedade
– Uma investigação sobre qual seja a “Constituição” real e efetiva de um Estado e de uma 
sociedade transborda e ultrapassa os limites da ciência jurídica, sendo, na realidade, um 
problema dos sociólogos e dos cientistas políticos, que seriam mais aptos a identificar na 
dinâmica social os verdadeiros centros de poder e de decisão presentes nessa sociedade e os 
interesses aos quais esse poder serve 
– “fatores reais de poder” 
– Um dos precursores do que atualmente intitulamos de sociologia jurídica.
• Sentido Jurídico: Hans Kelsen, “Teoria Pura do Direito”
– Kelsen pretende expurgar do universo da ciência do direito todo e qualquer conteúdo que não 
possa ser reduzido ao critério de validade 
– Validadeà isto é, o fato de encontrar em uma norma que lhe é hierarquicamente superior a sua 
autorização para existência no mundo jurídico
– A Constituição adquire um significado exclusivamente normativo: 
– Kelsen traz 2 (dois) sentidos jurídicos para a constituição: 
• a) Sentido lógico jurídico: a constituição nesse sentido deve ser entendida à luz do conceito de 
norma fundamental. Esta, definitivamente não é posta no ordenamento, mas sim pressuposta 
por ele. A norma fundamental está no topo do Ordenamento Jurídico e possui duas funções: 
– 1a) dar fundamento de validade a todo sistema: ela autoriza o Poder Constituinte Originá
rio a elaborar a Constituição e determina que todos devem cumprir a Constituição; 
– 2a) Fechar o sistema jurídico: porque a norma fundamental nunca será posta por alguém, 
ela é suposta (pressuposto lógico transcendental),
• E qual seria o fundamento de validade da Constituição? É a norma fundamental 
(convenção lógico-transcendental). O fundamento de validade da norma fundamental 
é a própria norma fundamental, uma vez que ela dá fundamento de validade a outras 
normas e fecha o sistema.
• b) Sentido jurídico positivo: é a norma superior, ou seja, é a constituição como norma 
superior do Ordenamento Jurídico, que dá validade a todas as outras normas do sistema. 
Leia- se o sentido jurídico positivo é a “norma constitucional propriamente dita.”
• Sentido Político: Carl Schmitt , “Teoria da Constituição” (Verfassungslebre)
– Distinção entre “Constituição”e “Lei Constitucional”. 
– a Lei Constitucional estaria subordinada a Constituição. 
– Toda a normatividade do direito deveria ser atribuída a uma “decisão política” concreta, cuja 
magnitude e importância seriam responsáveis por dar forma e unificar a vontade política existente em 
uma comunidade; 
– a esse ato, designar-se-ia Constituição. 
– Constituição seria a decisão política fundamental do povo. 
– Seria um ato de exercício da autoridade politicamente existente, que imporia sua vontade em 
consonância com a aclamação popular e, a partir daí, daria existência jurídica as “leis constitucionais”. 
– À luz de seu “decisionismo”, para Schmitt a essência da Constituição está alocada nas decisões polí
ticas fundamentais do (titular) Poder Constituinte (que seria o povo) e não em normas jurídicas 
positivadas.
– As democracias de massa do Século XX só seriam possível com o retorno à democracia direta e 
seria efetivada por um líder, que seria ao mesmo tempo governante e governado;
• Sentido Culturalista
– Desenvolve a premissa de que a Constituição é produto da cultura (fato cultural);
– Complementa todas as concepções sociológica, jurídica e política
– Desenvolve a lógica de que a Constituição possui fundamentos diversos arraigados em:
• fatores de poder; 
• decisões políticas do povo;
• e normas jurídicas de dever ser vinculantes. 
– Ideia de uma constituição total com a junção dos aspectos econômicos, sociológicos, políticos, jurí
dico-normativos, filosóficos e morais a fim de construir uma unidade para a Constituição. 
– a Constituição se coloca como um conjunto de normas fundamentais condicionadas pela cultura total 
e, ao mesmo tempo, condicionante, numa perspectiva eminentemente dialética. 
– Ela é condicionada, mas também é condicionante
• Moderna Teoria da Constituição
• J. J. Gomes Canotilho e a constituição dirigente
– Com a ruptura em direção ao paradigma do Estado Social, denotando o esgotamento do Estado Liberal – 
notadamente, de sua postura formalista e abstencionista –, iniciou-se a discussão de que a Constituição 
também deveria passar por uma reestruturação, passando a assumir uma função dirigente
– Os direitos fundamentais passam a serem vistos como incluindo um catálogo de direitos a prestações 
positivas e, por isso mesmo, caracterizados num fazerpor parte das instituições públicas. 
– Canotilho à afirma a importância e a necessidade de que o Estado implemente medidas públicas que 
atendam as demandas sociais. 
– A Constituicã̧o passa a desempenhar um importante papel de determinação do plano de direção e de 
transformação da implementação de políticas públicas na ordem socioeconômica. 
– Há nela uma importante função de organização de um plano normativo-material global do Estado e da 
Sociedade, dotado de um caráter aberto, que vincula os Poderes Públicos a busca por concretude dos 
anseios populares (de natureza econômica, cultural e social). 
– não se buscou anular o espaço da política, mas apenas, sujeitá-la à força imperativa das normas 
constitucionais. 
– Canotilho compreende a Constituição dirigente como um projeto de ação aberto no tempo, com os 
olhos voltados para o futuro, carecendo sempre de outras providências normativas que a 
complemente. 
– Revisão do posicionamento: Constitucionalismo Reflexivo
• defesa de um constitucionalismo moralmente reflexivo, cujas premissas se assentam numa noção 
de “eficácia reflexiva” ou de “direção indireta” por meio do desenvolvimento de instrumentos 
cooperativos que resgatem o princípio da responsabilidade e encorajem a sociedade civil. 
• O autor passa a levar em conta as mudanca̧s sociais operadas pela pluralização da sociedade 
hipermoderna, pelo advento do Estado Europeu, globalização etc., a fim de propor uma teoria 
constitucional que substitua um Direito autoritariamente dirigente e ineficaz diante do novo cená
rio imposto pela contemporaneidade 
– Constituição dirigente não morreu, morreu sim um tipo de Constituição dirigente típica de um 
paradigma de Estado e de sociedade não mais condizente com a realidade
– nos moldes de Canotilho é justamente dessa tensão entre o global e o local que se dara ́a nova 
configuração da Constituição e do constitucionalismo contemporâneo. 
• Niklas Luhmann, Teoria dos Sistemas e Constituição
– Niklas Luhmann é um dos mais importantes sociólogos jurídicos dos últimos tempos. 
– com a Modernidade, a sociedade passou a se constituir a partir de diversos sistemas (ou 
subsistemas) sociais especializados (Política, Direito, Religião, Cultura, Ciência, Economia etc.); 
de modo que cada um assumisse reações próprias e uma linguagem (a partir de um processo de 
codificação) própria.
– Há uma distinção entre o sistema e seu ambiente (entorno ou mundo circundante). 
– Cada sistema é, portanto, fechado do ponto de vista operacional e organizado a partir de seu código.
– Não há comunicação entre sistema e seu ambiente (autopoiesis). 
– Todos os acontecimentos externos são codificados e traduzidos pelo sistema a partir de sua 
linguagem própria. 
– Para tanto, ele faz uso de uma diferenciação binária funcional que separa o sistema de seu 
ambiente (por exemplo, a identificação da dupla direito/não direito).
– Na sociedade, determinados fenom̂enos provocam uma “irritação” mútua entre dois sistemas 
sociais, sendo lido por cada um, à luz de seu código – e por isso, diferentemente. 
– Luhmann chama de acoplamento estrutural.
– É sob esse prisma que a Constituição será compreendida.
– Funcionalmente, a Constituição é o produto de um acoplamento estrutural entre os sistemas do 
Direito e da Política.
– De um lado, o Direito parece depender da Política para dotar de legitimidade suas normas, já que 
esta faz uso do poder para garantir acatamento social a suas determinações, e com isso, permitir 
estabilizações. De outro, a Política se utiliza do Direito para diversificar o uso do poder 
politicamente concentrado.
– Teoria Discursiva do Direito e do Estado Democrático de Direito – Jürgen Habermas
• Habermas compreende o Direito como um importante componente da vida em sociedade. 
• Isso porque o Direito torna- se um componente do mundo da vida (pano de fundo posto a todos os 
atores sociais, responsável por nos fornecer uma sensação de previsibilidade e seguranca̧), 
coordenando os sistemas da Política e da Economia.
• O Direito é responsável por direcionar a solidariedade social para um nível pós-tradicional pela 
identificação dos destinatários das normas com os seus coautores.
• A Constituição, então, como cerne do Direito, representa, de um lado, um norte normativo por meio 
de princípios de liberdade e de igualdade e, de outro, as balizas para o sistema político que passa a 
respeitar a legitimidade discursiva e a democracia participativa. 
• Habermas desenvolve o princípio discursivo democrático à visa a explicar o sentido da prática da 
autodeterminação dos membros de uma comunidade jurídica – estabelecida livremente – que 
reconhece seus membros como parceiros livres e iguais 
• a Constituição é condição recíproca para o exercício da soberania popular e dos direitos 
fundamentais, no momento em que passa a institucionalizar o sistema de direitos – o conjunto de 
direitos (fundamentais) que os membros de uma comunidade atribuem-se reciprocamente quando 
decidem regular legitimamente sua convivência por meio do Direito Positivo. 
• Constituição Simbólica e Transconstitucionalismo de Marcelo Neves
– A Constituição é dotada de um caráter eminentemente simbólico, para o qual há uma hipertrofia do 
elemento político-ideológico em detrimento da natureza jurídico-normativa – própria do Direito. 
– Simbólico é a dimensão em que o discurso conotativo é mais forte que o discurso denotativo, ou seja, 
que o sentido manifesto, é menos relevante do que o sentido latente;
– É característica da legislação simbólica sua ineficácia. 
– Mas este não é seu problema principal, mas sim, a sua falta de vigen̂cia social. 
– Uma vez que a norma jurídica não apenas regula uma conduta, fixando uma direção para o agir, mas, ainda, 
visa assegurar expectativas de comportamento generalizáveis, a estrutura da legislação simbólica 
prejudica, principalmente, esse segundo prisma, já que deixa de ser levada como uma orientação normativa 
do agir, ou seja: a lei existe, fixa uma conduta, mas ninguém socialmente espera que tal conduta seja 
observada. 
– Tipologia das legislações simbólicas:
• 1) Fórmula de compromisso dilatório;
• 2) Confirmação de valores sociais de um grupo (contra outro grupo ou outros grupos);
• 3) Legislação-Álibi. 
– Advém dessa questão o constitucionalismo simbólico:
• a constituição simbólica:
– por um lado, revela um aspecto negativo, que é, justamente, o seu déficit de concretização jurídico-
normativa, o que leva à perda da Capacidade da Constituição generalizar expectativas de 
comportamento – função própria do Direito. 
– Por outro lado, também acaba revelando um aspecto positivo no que concerne ao seu papel ideológico-
político, o que faz com que a Constituição se transforme em uma instância reflexiva de um sistema 
jurídico, aproximando as expectativas sociais e canalizando argumentos em prol da formação de um 
consenso discursivo. 
• O risco é de que a constituição simbólica crie um simulacro de realidade 
• o sistema jurídico perderia sua capacidade de gerar seu próprio código, já que encontra na 
Constituição sua matriz geradora.
• Com tudo isso, o princípio da legalidade acaba por não se realizar de modo suficiente, e, com isso, 
perde-se a condição de manutenção de uma igualdade perante a lei – que, no máximo, se transforma 
em figura retórica do discurso do poder. 
• Transconstitucionalismo
• transconstitucionalismo pode ser definido como o entrelaca̧mento de ordens jurídicas diversas 
(estatais, transnacionais, internacionais e até mesmo supranacionais) em torno dos mesmos 
problemas de natureza constitucional. 
• em nossa sociedade hipercomplexa, estaríamos diante de um novo paradigma constitucional, que 
abala com as nossas pré-compreensões subjacentes (arraigadas pelo direito nacional-estatal 
clássico e pelo direitointernacional clássico)
• problemas, por exemplo, em torno de direitos fundamentais, ou mesmo de separação e 
limitação de poderes (envolvendo conflitos entre o Judiciário e o Executivo de um Estado 
nacional contra organizações internacionais ou contra um outro Estado nacional) passam, 
efetivamente, a serem debatidos e discutidos por tribunais de ordens jurídicas diversas, podendo 
apresentar soluções diversas à luz dos contextos (e percepções) em que são analisados. 
• Exemplos: 
– a) o caso de Caroline de Mônaco II, julgado em 1999 (BVerfGE 101, 361). 
• o Tribunal Constitucional Alemão afirmou, de forma categórica, que figuras 
proeminentes (como uma princesa), diante da imprensa, não têm a mesma garantia de 
intimidade que o cidadão comum. 
• A Corte Constitucional Alemã decidiu que as fotos tiradas de Caroline de Mon̂aco por 
paparazzi, mesmo na esfera privada (da intimidade), não poderiam ser proibidas.
• Nesses termos, o Tribunal proibiu apenas fotos que atingiam os filhos da princesa, 
porque eram menores.
• Porém, acontece que, no caso Caroline Von Hannover versus Germany (Caroline versus 
Alemanha), de 24 de julho de 2004, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) 
decidiu contrariamente ao Tribunal Constitucional Alemão, exarando que “não há 
liberdade de imprensa que atinja a intimidade da princesa, mesmo sendo ela uma 
figura pública”. 
– b) Colisão entre o art. 7 da Convenção Americana de Direito Humanos e o art.5, LXVII da 
Constituição brasileira de 1988. 
• A Convenção (CADH) no citado artigo proíbe a prisão do depositário infiel e a CR/88 permite 
a prisão civil do mesmo. 
• O STF enfrentou questão referente ao tema, no RE 466.343/SP (e também no RE 349.703/RS 
e HC 87585/TO). 
• Em 03.12.2008, o STF decidiu que os Tratados Internacionais de Direito Humanos, quando 
não aprovados nos termos do art. 5o, § 3o da CR/88 (procedimento equivalente ao das 
Emendas Constitucionais) serão considerados normas supralegais (hierarquia supralegal), 
ou seja, abaixo das normas constitucionais, mas acima da leis ordinárias 
– A conclusão é que o transconstitucionalismo, apesar das barreiras, está (ainda que 
contrafactualmente) em processo de desenvolvimento, e a cada dia mais 
• Pluridimensão de Constituição de José Adércio Leite Sampaio
– É necessária a mudança de entendimento concernente à Constituição é necessária, pois a teoria 
política e constitucional vem passando, nos últimos vinte anos, por reviravoltas acerca do que seja 
uma concepção adequada de Constituição para nossos tempos atuais. 
– Apenas para citar exemplos dessas mudanças, tem-se o aumento da complexidade social sempre 
crescente, a submissão da ordem econom̂ica estatal às pressões de um grande capital 
internacional, a defesa de um multiculturalismo cosmopolita etc. 
– Por pluridimensionalidade quer-se afirmar a abertura espacial, temporal, semântica e pluralista 
de Constituição. 
– Ela se chama ‘pluridimensional’ exatamente porque resulta da conjugação dialética das dimensões 
normativo- textual (enunciados de norma), fático-limitador-interativo (a complexidade do real) e 
volitivo-pragmático (do querer e da ação) 
• Constitucionalismo Plurinacional da América Latina e a ruptura paradigmática
– Nasce, sobretudo, a partir das Constituições da Bolívia de 2009 e do Equador 2008. 
– Representa uma ruptura com as tradicionais bases do constitucionalismo clássico e do 
neoconstitucionalismo de matriz europeia. 
– O Constitucionalismo Plurinacional está adstrito a um Estado plurinacional que se contrapõe aos 
Estados Modernos e aos seus respectivos ordenamentos jurídicos.
• Os Estados nacionais modernos foram criados a partir de uma lógica da homogeneização e 
uniformização, sendo desde a origem Estados que visariam a negar a diversidade.
– Predominância dos valores europeus e de um processo civilizatório eurocêntrico que determina a 
homogeneização de um modelo de vida, de Estado, de Constituição e de ”direitos humanos de 
origem europeia”.
• Nós e outros; iguais e diferentes; superiores e inferiores;
• ”Culturicídio”
– Constituição da Bolívia
• Definição de 36 povos originários que passaram a ter participação ampla e efetiva em todos os 
níveis de Poder estatal e na economia;
• Cota de parlamentares oriundos dos povos indíginas; 
• Propriedade exclusiva sobre recursos florestais e hídricos de suas comunidades;
• Equivalência entre a justiça tradicional indígena e a formal ordinária da Bolívia 
• É a busca por um constitucionalismo democrático, plural e multicultural de cunho inclusivo.

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