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Plano de Aula: Forças Armadas e Segurança Pública

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Plano de Aula: FORÇAS ARMADAS E SEGURANÇA PÚBLICA 
DIREITO CONSTITUCIONAL II - CCJ0020 
Título 
FORÇAS ARMADAS E SEGURANÇA PÚBLICA 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
6 
Tema 
FORÇAS ARMADAS E SEGURANÇA PÚBLICA 
Objetivos 
 Compreender a estrutura das instituições responsáveis pela defesa da 
soberania interna e externa brasileiras. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Forças armadas 
2. Segurança pública 
DAS FORÇAS ARMADAS 
Componentes das Forças Armadas: 
Conforme determina o art. 142 da Carta Fundamental, 
As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições 
nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade 
suprema do Presidente da República (conferir art. 84, XIII da CF). 
Destinação constitucional: 
O art. 142 da Constituição Federal estabelece a destinação das Forças Armadas da forma a seguir 
relatada: 
(a) Defesa da Pátria contra ameaças externas, 
(b) Garantia dos poderes constitucionais 
(c) Por iniciativa de qualquer dos Poderes Constitucionais, excepcionalmente lhes cabe a defesa da lei e 
da ordem, digo excepcionalmente pois a defesa da lei e da ordem é atribuição ordinária das forças de 
segurança pública que compreendem a Policia Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal e as 
Policias Civis e Militares Estaduais e do Distrito Federal. Cumpre ressaltar, por fim, que a defesa da lei e 
da ordem depende da iniciativa dos Poderes Constitucionais, a saber, Presidente da Republica, 
Presidente do Congresso Nacional ou Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
A obrigação militar: é obrigatório para todos nos termos da lei (143), sendo, no entanto reconhecida a 
escusa de consciência no termos previstos no art. 5º, VIII, que desobriga o alistamento em épocas de 
paz, desde que cumprida prestação alternativa. Cumpre ressaltar que o descumprimento da prestação 
alternativa tem o condão de gerar a perda dos direitos políticos, conforme art. 15, IV. 
Organização militar e seus servidores: seus integrantes têm seus direitos, garantias, prerrogativas e 
impedimentos definidos no §§ 2º e 3º, do art. 142, desvinculados, assim, do conceito de servidores 
públicos, por força da EC-18/98. 
Deste modo, dispõe os mencionados parágrafos, 
§ 2º - Não caberá "habeas-corpus" em relação a punições disciplinares militares. 
"O sentido da restrição dele quanto às punições disciplinares militares (artigo 142, § 20º, da Constituição 
Federal). (...) O entendimento relativo ao § 2º do artigo 153 da Emenda Constitucional nº 1/69, segundo o 
qual o princípio, de que nas transgressões disciplinares não cabia habeas corpus, não impedia que se 
examinasse, nele, a ocorrência dos quatro pressupostos de legalidade dessas transgressões (a 
hierarquia, o poder disciplinar, o ato ligado à função e a pena susceptível de ser aplicada 
disciplinarmente), continua válido para o disposto no § 2º do artigo 142 da atual Constituição que é 
apenas mais restritivo quanto ao âmbito dessas transgressões disciplinares, pois a limita às de natureza 
militar." (HC 70.648, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 04/03/94) 
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das 
que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: 
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo 
Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou 
reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais 
membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; 
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente será 
transferido para a reserva, nos termos da lei; 
"O Plenário desta Corte, recentemente, ao julgar o RE nº 163.204, firmou o entendimento de que, em face 
da atual Constituição, não se podem acumular proventos com remuneração na atividade, quando os 
cargos efetivos de que decorrem ambas essas remunerações não sejam acumuláveis na atividade. 
Improcedência da alegação de que, em se tratando de militar que aceita cargo público civil permanente, a 
única restrição que ele sofre é a prevista no § 3º do artigo 42: a de ser transferido para a reserva. A 
questão da acumulação de proventos com vencimentos, quer se trate de servidor público militar, quer se 
trate de servidor público civil, se disciplina constitucionalmente de modo igual: os proventos não podem 
ser acumulados com os vencimentos." (MS 22.182, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 10/08/95) 
III - O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública 
civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ficará agregado ao respectivo 
quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antigüidade, 
contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, 
sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos 
termos da lei; 
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; 
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos; 
"Se o militar da ativa é alistável, é ele elegível (CF, art. 14, § 8º). Porque não pode ele filiar -se a partido 
político (CF, art 42, § 6º), a filiação partidária não lhe é exigível como condição de elegibilidade, certo que 
somente a partir do registro da candidatura é que será agregado (CF, art. 14, § 8º, II; Cód. Eleitoral, art. 
5º, parágrafo único; Lei nº 6.880, de 1980, art. 82, XIV, § 4º)." (AI 135.452, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 
14/06/91) 
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele 
incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de 
tribunal especial, em tempo de guerra; 
"É tradição constitucional brasileira que o oficial das Forças Armadas só perde posto e patente, em virtude 
de decisão de órgão judiciário. No regime precedente à Emenda Constitucional nº 1, de 1969, a perda do 
posto e patente podia decorrer da simples aplicação da pena principal privativa de liberdade, desde que 
superior a dois anos; tratava-se, então, de pena acessória prevista no Código Penal Militar. No regime da 
emenda Constitucional nº 1, de 1969, a perda do posto e patente depende de um novo julgamento, por 
tribunal militar de caráter permanente, mediante representação do Ministério Público Milita r, que venha a 
declarar a indignidade ou incompatibilidade com o oficialato, mesmo que o oficial haja sido condenado, 
por Tribunal Civil ou Militar, a pena privativa de liberdade superior a dois anos, em sentença transitada em 
julgado. Não se pode equiparar a decisão prevista no art. 93, §§ 2º e 3º da Constituição, à hipótese de 
decisão de Conselho de Justificação (Lei nº 5.836, de 05/12/1972). Por força da decisão de que cuida o 
art. 93, §§ 2º e 3º, da Lei Maior, pode ser afastada a garantia constitucional da patente e posto. Nesse 
caso, a decisão possui natureza material e formalmente, jurisdicional, não sendo possível considerá -la 
como de caráter meramente administrativo, à semelhança do que sucede com a decisão de Conselho de 
Justificação. Cabe, assim, em princípio, recurso extraordinário, de acordo com o art. 119, III, da 
Constituição contra acórdão de Tribunal Militar permanente, que decida nos termos do art. 93, §§ 2º e 3º, 
da Lei Magna. Aplica-se idêntico entendimento, em se tratando de oficial de Pol ícia Militar e de decisão de 
Tribunal Militar estadual." (RE 104.387, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 09/09/88) 
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois 
anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso 
anterior; 
"A EC nº 18/98, ao cuidarexclusivamente da perda do posto e da patente do oficial, não revogou o art. 
125, § 4º, do texto constitucional originário, regra especial nela atinente à situação das praças." (RE 
358.961, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 12/03/04) 
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV e no art. 37, 
incisos XI, XIII, XIV e XV; 
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras 
condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as 
prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas 
atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra. 
"Princípio Isonômico. Código Penal e Código Penal Militar. O tratamento diferenciado decorrente dos 
referidos Códigos tem justificativa constitucionalmente aceitável em face das ci rcunstâncias peculiares 
relativas aos agentes e objetos jurídicos protegidos." (RE 115.770, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 21/02/92) 
http://www.vemconcursos.com/opiniao/index.phtml?page_id=1897 
Antônio Henrique Lindemberg Baltazar 
 
 
ARTIGO CRÍTICO SOBRE O MINISTÉRIO DA DEFESA E A SUA RELAÇÃO COM AS FORÇAS 
ARMADAS 
 
ZAVERUCHA,Jorge. A fragilidade do Ministério da Defesa Brasileiro. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782005000200009 
 
(RESUMO) O presente artigo apresenta os diversos momentos por que passou o Ministério da Defesa, 
desde sua criação no segundo mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso (1999 -2002) até o 
atual governo de Luís Inácio Lula da Silva (2003-2006), com os respectivos ministros da Defesa. Visto 
como uma etapa importante na reconstitucionalização do país, na medida em que prevê a submissão dos 
comandantes das Forças Armadas a um ministro civil, e embora alguns analistas considerem que essa 
submissão de fato ocorre, procuramos indicar as resistências e as insubordinações militares ao poder 
civil, provenientes de um legado autoritário. Na medida em que o Ministério da Defesa não consegue 
implementar uma política própria, em que os militares seguiriam as orientações dos civis, o artigo conclui 
considerando a fragilidade política e institucional do Ministro da Defesa, civil, ante o os comandos 
militares, que conservam alto grau de autonomia decisória em relação à estrutura do Ministério. 
 
 
ARTIGO CRÍTICO SOBRE EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS NA SEGURANÇA PÚBLICA 
 
NÓBREGA JÚNIOR, José Maria Pereira da. A MILITARIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA: UM 
ENTRAVE PARA A DEMOCRACIA BRASILEIRA . http://www.scielo.br/pdf/rsocp/v18n35/v18n35a08.pdf 
 
(RESUMO) A manutenção dos militares e o aumento de suas prerrogativas no âmbito da questão da 
segurança pública são critérios que limitam a autonomia civil nas áreas de gestão, planejamento e ações 
estratégicas em segurança. Esse legado autoritário na Constituição Federal e em algumas instituições do 
poder coercitivo, com destaque para o Ministério da Defesa e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), 
faz que a democracia no Brasil não se consolide, pois o controle de civis em seus comandos é bastante 
frágil. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é demonstrar que o processo de militarização da s egurança 
pública limita a democracia brasileira. Mesmo depois de termos redemocratizado o país, em moldes 
procedurais submínimos, a questão da segurança interna permanece de forma bastante acentuada nas 
mãos dos verde oliva, o que gera falta de controle civil sobre os militares, atributo imprescindível para a 
consolidação da democracia, além de limitações sérias em defender os direitos dos cidadãos. 
Observando tais detalhes, percebo que o atual quadro da segurança pública do Estado brasileiro 
contempla, no máximo, uma semidemocracia. 
 
Aplicação Prática Teórica 
Caso Concreto: Um integrante da polícia militar de determinado estado da Federação pretende participar 
de processo eleitoral na condição de candidato a vereador do município onde reside. O militar con ta com 
onze anos de serviço na polícia militar e não possui filiação partidária, mas entende que o art. 142, § 3.º, 
inciso V, da Constituição Federal, que proíbe que o militar, enquanto em serviço ativo, possa estar filiado 
a partido político, aplica-se apenas aos militares federais. Assim, ele pretende participar da convenção 
partidária que vai oficializar a relação de candidatos de determinado partido, orientado que foi no sentido 
de que o registro da candidatura suprirá a ausência de prévia filiação partidária. Nessas circunstâncias, o 
militar solicita aos seus superiores a condição de agregado, pois é sua intenção, se não for eleito, retornar 
aos quadros da corporação. 
Considerando a situação hipotética apresentada, responda, de forma fundamentada, às se guintes 
perguntas. 
a)Pode o policial militar ser candidato a vereador sem se afastar definitivamente da corporação? 
b)Está correto o entendimento segundo o qual a vedação de filiação partidária, enquanto em serviço ativo, 
não se estende aos militares dos estados? 
c)Está correta a orientação no sentido de que o registro da candidatura suprirá a falta de filiação 
partidária? 
d)Poderá o militar, se não for eleito, retornar aos quadros da polícia militar?

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