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AULA-04. IESO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 1. Classificação das Normas Constitucionais quanto ao grau de eficácia e aplicabilidade. As normas constitucionais são dotadas de variados graus de eficácia jurídica e aplicabilidade, de acordo com a normatividade que lhes tenha sido outorgada pelo constituinte. O Constitucionalismo moderno refuta a ideia de não existir eficácia em qualquer uma das normas constitucionais. Logo, todas as normas constitucionais são dotadas de eficácia, assim a discussão doutrinária é relativa ao grau de eficácia dessas normas jurídicas, considerando que o grau de eficácia existente nas normas Constitucionais varia de uma norma para outra. Na classificação quanto à eficácia das normas Constitucionais temos a Doutrina de José Afonso da Silva, que é, sem dúvida, a classificação mais adotada pela doutrina, vejamos: Normas de eficácia Plena Normas de eficácia contida Normas de eficácia limitada As normas de eficácia plena São aquelas que desde a entrada em vigor produzem, ou tem possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente, as interesses, comportamento e situação que o legislador constituinte direta e normativamente, quis regular. Nesse tipo de norma não existe a necessidade de criação de novas normas legislativas para que lhe completem o alcance e sentido, ou lhes fixe o conteúdo. São normas de aplicabilidade direita, imediata e integral. Normas de eficácia contida As normas de eficácia contida são aquelas que o constituinte regulou suficientemente os direitos relativos á determinada matéria, mas deixou um espaço restrito para a atuar com discricionariedade o poder público. Nos termos em que a lei estabelecer. São normas de aplicabilidade direita, imediata, mas não integral. Exemplos disso são os conceitos ético-jurídicos com determinado grau de variação, vejamos: Tais limitações podem decorrer de uma norma infraconstitucional, como é o caso do art5. VIII e XIII. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; XIII - e livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; As restrições também podem advir da própria constituição, exemplo disso são os artigos 136 a 141, que ao falarem da declaração do estado de defesa e estado de sítio restringem os direitos fundamentais no advento desses institutos. Também existe outro tipo de restrição que as normas de eficácia contida podem ter, que são decorrentes do próprio uso, como são nesse caso conceitos ético-jurídicos com um grau de indeterminação podem sofrer alterações, tais como ordem pública, segurança nacional, integridade nacional, bons costumes, perigo público. O art. 5, XIII é um exemplo clássico de norma de eficácia contido, pois assegura, desde logo, o exercício de qualquer trabalho, sujeitando-se ao legislador ordinário, disso pode-se retirar dupla interpretação: 1. Enquanto não estabelecidas em lei as qualificações necessárias para o exercício de determinada profissão, seu exercício será amplo, qualquer pessoa poderá exercê-lo. 2. Em um momento seguinte, quando a lei vier a estabelecer qualificações profissionais necessárias para o exercício dessa profissão, só poderá exercê-la aqueles que atenderem essas qualificações, constantes na lei. NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA As normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que não produzem efeitos com a simples entrada em vigor. Seus efeitos essenciais, o legislador constituinte, por algum motivo, não estabeleceu sobre a matéria uma normatividade para isso bastante, deixando essa tarefa para o legislador ordinário ou a outro órgão do Estado. São de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente a partir de uma norma infraconstitucional ulterior que lhe devolva a eficácia. Enquanto não editada essa legislação infraconstitucional integrativa, não tem força para produzir seus efeitos. Tendo essas normas dois grupos: 1. As definidoras de princípios institutivo ou organizativo; 2. As definidoras de princípios programáticos. As definidoras de princípios institutivo ou organizativo são aquelas onde o legislador constituinte traça esquemas gerais de estruturação e atribuições de órgãos, entidades ou institutos, para que, em um momento posterior, sejam estruturados em definitivo mediante lei. São exemplos: “ a lei disporá sobre a criação, estruturação e atribuições dos ministérios” art. 88, “ a lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos territórios” art 33. Por sua vez as normas constitucionais definidoras de princípios institutivo ou organizativos podem ser impositivas ou facultativas. São impositivas aquelas em determinam ao legislador, em termos peremptórios, a missão de uma legislação integrativa (por exemplo, art 20, §2, art 33, art 88. Art. 20, § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. São facultativas aquelas que não impõem uma obrigação, mas se limita a dar ao legislador ordinário a possibilidade de instituir ou regular a situação nelas delineadas, exemplos art 22 parágrafo único; art 25§ 3º, art 125 § 3º. Art. 22, parágrafo único: Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Art. 25 § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. As normas constitucionais definidoras de princípios programáticos são aquelas em que o constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se a lhes traçar os princípios e diretrizes, para serem cumpridos por órgãos integrantes dos poderes constituídos, visando a realização de fins sócias dos Estado. Disciplina pelo Poder Público interesses econômicos-sociais, tais como: Justiça social, valorização do trabalho; amparo à família; combate ao analfabetismo. Esse grupo é composto de normas programáticas, de que são exemplos o art. 7, XX E XXVII; art. 173.1 Assim a norma programática é de eficácia limitada, são normas que traçam programas e diretrizes futuras, apenas atingindo sua eficácia quando tais programas e diretrizes chegam ao seu objetivo. 1 LIVRO DE MARCELO ALEXANDRINO. Tais normas não são desprovidas de qualquer eficácia jurídica, elas são dotadas da chamada eficácia negativa: 1. Revogam as normas contrárias aos seus ditames, o direito infraconstitucional anterior a norma programática não é recepcionado-efeito paralisante-. 2. Impedem que seja produzidas normas ulteriores a constituição que contrariem os programas por ela estabelecidos- eficácia impeditiva. 3. Também serve como parâmetro interpretativopara as demais normas constitucionais.
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