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EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS A eficácia jurídica da norma está relacionada à potencialidade de condicionar o ordenamento jurídico. É clássica a lição do professor José Afonso da Silva sobre a eficácia/aplicação das normas constitucionais em três grupos, a saber, normas de eficácia plena, normas de eficácia contida e normas de eficácia limitada. A propósito, é aquela adotada pelo STF. Anote-se que não há norma constitucional destituída, completamente, de eficácia. É que mesmo as normas constitucionais de eficácia limitada criam o dever de atuação do legislador ordinário e tem o condão de revogar a legislação infraconstitucional com ela incompatível. Sobre as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, a teor do contido no § 1º do art. 5º, da CR/88, possuem aplicabilidade imediata, vale dizer, os preceitos consagradores dos direitos mais caros podem ser invocados independentemente de qualquer condicionamento ou regulamentação. Normas de eficácia plena As normas de eficácia plena caracterizam-se por serem auto executáveis, ou seja, de aplicabilidade imediata, integral e direta. Sendo assim, não dependem de atos normativos de legislação infraconstitucional. Aliás, não se cogita dessa possibilidade, de seu campo de abrangência ser reduzido por qualquer outra norma. São chamadas de normas auto-aplicáveis. Logo, são aquelas normas que, desde a entrada em vigor da Constituição, já estão aptas a produzir todos os seus efeitos. Por isso, são definidas como de aplicabilidade direta, imediata e integral. José Afonso da silva (Aplicabilidade das normas constitucionais. São Paulo. Malheiros. 1998, p. 89) cita como exemplos de normas constitucionais de eficácia plena: [...]as hipóteses contempladas nos arts. 21 (competência da União), 25 a 28 e 29 e 30 (competências dos Estados e Municípios), 145, 153, 155 e 156 (repartição de competências tributárias), e as normas que estatuem as atribuições dos órgãos dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário (arts. 48 e 49, 51 e 52, 70 e 71, 84 e 101-122). Outros exemplos: 2º; 14, §2°; 17, §4°; 19; 20; 21; 22; 24. Normas de eficácia contida As normas constitucionais de eficácia contida são dotadas de aplicabilidade direta, imediata, mas não integral (o legislador pode restringir a sua eficácia). Portanto, são aquelas que desde a promulgação da CF estão aptas a produzir todos os seus efeitos, mas que poderão ter o seu campo de abrangência reduzido por outra norma. Como exemplo de norma de eficácia contida o art. 133 da CF/88: “o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. Logo, poderá haver lei infraconstitucional que limite o exercício da advocacia. Outra, talvez a mais citada pelos manuais, é aquela do art. 5º, XIII, da CF/88, consagrador da liberdade profissional. Michel Temer as designas de normas constitucionais de eficácia redutível ou restringível. Importantíssimo gizar que essa restrição pode se dar tanto por norma da própria Constituição como por uma norma infraconstitucional. Normas de eficácia limitada Já as normas constitucionais de eficácia limitada têm a sua aplicabilidade indireta, mediata e diferida (postergada, pois somente a partir de uma norma posterior poderão produzir eficácia). Logo, necessitam da interposição do legislador através de uma norma infraconstitucional. https://jus.com.br/tudo/advocacia Assim, as normas de eficácia limitada não produzem seus efeitos essenciais e é dependente de regulamentação posterior a fim de lhe tornar eficaz. Luís Roberto Barroso, sobre a norma constitucional de eficácia limitada, dispõe: [...]normas de eficácia limitada são as que não receberam do constituinte normatividade suficiente para sua aplicação, o qual deixou ao legislador ordinário a tarefa de completar a regulamentação das matérias nelas traçadas em princípio ou esquema. Estas normas, contudo, ao contrário do que ocorria com as ditas não autoaplicáveis, não são completamente desprovidas de normatividade. Pelo contrário, são capazes de surtir uma série de efeitos, revogando as normas infraconstitucionais anteriores com elas incompatíveis, constituindo parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade por ação e por omissão, e fornecendo conteúdo material para a interpretação das demais normas que compõem o sistema constitucional. (Curso de Direito Constitucional Contemporâneo – Os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: Saraiva 2ªed. 2010. p. 250.) As normas de eficácia limitada podem, ainda, ser divididas em dois grupos, quais sejam, normas de princípio institutivo (ou organizativo) e normas de princípio programático. As normas de eficácia limitada de princípio institutivo (ou organizativo) são aquelas em que, longe de serem consagradoras de direitos fundamentais, apenas indicam a estruturação dos órgãos, instituições e entidades. São exemplos os seguintes artigos do texto constitucional: Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios. Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública. Por sua vez, as normas de eficácia limitada de princípio programático são as que traçam programas (diretrizes) que devem ser buscados e alcançados pelo poder público. São as que estabelecem programas, metas, objetivos a serem desenvolvidos pelo Estado, típicas das Constituições Dirigentes. Impõe um objetivo de resultado futuro ao Estado, direcionando as ações legislativas dos órgãos estatais. Não diz como o Estado deverá agir, mas o fim a ser atingido. Como exemplos, os arts. 3º e 7º, IV. Ainda, os artigos 196, 205, 215 e 217 da Constituição Federal. Enfim, são políticas públicas próprias de uma Constituição dirigentes, ou seja, aquela que traz um direcionamento e à atuação dos governantes. Distinção entre normas de eficácia contida e normas de eficácia limitada Por último, é preciso dizer que a diferença principal entre as normas constitucionais de eficácia contida e as de eficácia limitada é que a primeira produz efeitos desde logo (direta e imediatamente), podendo, entretanto, ser restringidas. A segunda (eficácia limitada), só pode produzir efeitos a partir da interferência do legislador ordinário, ou seja, necessitam ser “regulamentadas”. Vejam dicas para diferenciar as “contidas” das “limitadas”: 1) Em regra, sempre que houver expressões como “salvo disposição em lei” será norma de eficácia contida. 2) Em regra, sempre que tiver expressões como “a lei disporá” será norma de eficácia limitada. 3) Enquanto não houver lei a disciplinar norma de eficácia contida, esta poderá ocorrer de forma plena. Na norma de eficácia limitada ocorre o contrário, pois é impossível o seu exercício enquanto não houver a sua regulamentação, https://www.esquematizarconcursos.com.br/artigo/administracao-publica-direta-e-indireta https://www.esquematizarconcursos.com.br/artigo/sentidos-da-constituicao
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