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CINCO SÉCULOS DE POLACOS NO BRASIL 
Autor: Ulisses Iarochinski, doutorando em história na Universidade Iaguielônia de Cracóvia. 
Orientador: Prof. Dr hab. Piotr Franaszek 
 
A presença expressiva da etnia polaca em terras paranaenses contribuiu para que ao longo do 
tempo estudiosos considerassem como marco inicial desta imigração no Brasil, o ano de 1869. Para 
alguns, este início diz respeito ao Brasil, enquanto para outros, apenas ao Estado do Paraná. A 
discordância se deve a que este primeiro grupo de 16 famílias que chegou ao Brasil naquele ano, não 
permaneceu muito tempo, em Santa Catarina, sendo logo transmigrado para o Paraná, em 1871. 
Contudo, pesquisas apontam que o elemento polaco pisou em solo brasileiro muito antes. A 
partir destas informações, muito do que se escreveu sobre os polacos no Brasil precisa ser reavaliado. 
Quando, onde, em que condições e quantos representam a etnia do Brasil é um dos objetivos deste 
artigo. Particularmente se pretende abrir a discussão sobre a quantidade imensa de equívocos de dados 
estatísticos sobre os imigrantes polacos e seus descendcentes no Brasil. 
1.1. Marco inicial da Imigração Polaca no Brasil. 
A maioria dos pesquisadores reporta que o Comandante Redlisch trouxe os primeiros colonos 
polacos para o Brasil desde o porto de Bremen, na Confederação Alemã e os desembarcou em Itajahi, 
no Estado brasileiro de Santa Catarina. 
O navio Victoria, com escala em Antuérpia, na Bélgica, e no Rio de Janeiro, chegou ao porto 
de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, em 1869. Dali, as primeiras 16 famílias de silesianos 
polacos foram encaminhadas para Brusque. Os chefes destas famílias eram: Franciszek Polak, Mikołaj 
Wós, Bonawentura Polak, Tomasz Szymański, Szymon Purkot, Filip Kokot, Michał Prudło, Szymon 
Otto, Dominik Stempki, Kasper Gbur, Balcer Gbur, Walenty Weber, Antoni Kania, Franciszek Kania, 
Andrzej Pampuch e Stefan Kacheł. Eram no total 78 pessoas, sendo 32 adultos e 46 crianças e foram 
instaladas em Sixteen Lots, nas colônias Príncipe Dom Pedro e Itajahy. 
No ano seguinte chegaram outras 16 famílias, com 32 adultos e 54 crianças. Os chefes destas 
novas famílias eram: Fabian Barcik, Grzegorz Chyły, Leonard Fila, Baltazar Gebrza, Leopold Jelen, 
Andrzej Kawicki, Marcin Kempka, Błazej Macioszek, Walenty Otto, Wincenty Pampuch, Paweł Polak, 
Marcin Prudlik, Jozéf Purkot, Jozéf Skroch, Tomasz Szajnowski e August Walder. Os dois grupos 
somavam 164 pessoas. 
Estes mesmos pesquisadores divergem quanto ao nascimento do primeiro polono-brasileiro. 
Para alguns, no período que estes imigrantes permaneceram em Brusque não foram registrados 
nascimentos de filhos de polacos. Para eles, isto só viria ocorrer mais tarde, já na província do Paraná, 
para onde foram transmigradas as 32 famílias, em 30 de setembro de 1871. Mas a pesquisadora Maria 
do Carmo R. G. Krieger discorda, ao afirmar que, em 12 de novembro de 1869, nasceu Izabela Kokot, 
na Colônia Príncipe Dom Pedro, em Brusque, Santa Catarina. Izabela foi a primeira polaca nascida no 
 2 
Brasil. No ano seguinte, em 04 de janeiro, nasceu a segunda polaca, Juliana Gbur, que 
morreu 53 dias depois. No mesmo ano, ainda em Brusque, nasceu a terceira polaca, Zofia Moczko. O 
primeiro menino polaco, Piotr Purkot nasceu em 26 de abril de 1871. Nos registros de óbitos da Igreja 
da Colônia D. Pedro, estão os falecimentos de Jan Otto, com um ano e cinco meses, no dia 11 de 
outubro de 1870, filho de Szymon Otto e Rozalia Gabriel; Małgorzata, filha de Ignacy Mileck e 
Suzzana Kubiś, em 21 de dezembro de 1870. Em 2 de Janeiro de 1871, morreu a terceira polaca, Maria 
Anna Stemka; Em 3 de janeiro, Jan Purkot; em 14 de janeiro, Małgorzata, filha de Jan Hileck e em 26 
de fevereiro, Juliana Gbur. Todos foram enterrados no cemitério da colônia.1 
A transmigração para Curitiba foi obra Edmund Sebastian Woś Saporski2 e Antoni Zieliński 
(este era padre), que juntos empenharam-se no reassentamento de seus conterrâneos no Paraná. Para a 
concretização de seus planos, Saporski alegou às autoridades paranaenses que os polacos não estavam 
bem acomodados em Brusque, devido à proximidade com imigrantes alemães instalados ali. Na 
opinião dele, as diferenças centenárias entre alemães e polacos tinham sido transportadas para solo 
brasileiro, o que dificultava o programa de colonização brasileira. O plano de Saporski só foi sido 
possível devido às influências do Padre Zieliński na corte brasileira. O padre, que tinha sido militar no 
passado, tinha sido nomeado pároco pelo próprio imperador brasileiro. Consta que ele participou do 
Levante de Janeiro, na Polônia e por isso, foi obrigado a deixar sua nação. Dirigiu-se então para a 
Inglaterra, onde sua presença foi registrada em Liverpool, no ano de 1865. 
Provavelmente nos anos de 1865-67, Zieliński chega ao México. Após queda do arcipríncipe 
Maximiliano, abrigou-se nos Estados Unidos. Após algum tempo chegou ao Rio de Janeiro. 
Aqui ganhou amizade do duque D´Eu, genro do Imperador D. Pedro II. Zieliński gozava de 
muito prestígio na corte imperial. Ao receber a notícia, que junto com os emigrantes 
alemães, que vieram a Santa Catarina, encontrava-se um grupo dos Poloneses, consegue do 
imperador a nomeação como Pároco da Colônia Príncipe Dom Pedro neste estado. 
Temporariamente habitou na cidade de Gaspar no ano de 1869. Com o tempo conheceu 
Sebastian Woś Saporski, que veio a Blumenau de Montevidéu. O plano da migração dos 
colonos poloneses da Santa Catarina ao Paraná, não agradou muito a administração 
colonizadora local. Os membros da administração estavam sob influência dos colonos 
alemães e seus chefes. Eles acharam que seria muito mais proveitoso, que os colonos 
Poloneses – que vieram com os grupos de colonos alemães para Santa Catarina – 
permanecessem no local. Por isso eles dificultaram aos Poloneses a migração para o 
 
1 IAROCHINSKI, Ulisses. 2001. “Saga dos Polacos – A Polônia e seus emigrantes no Brasil”. Curitiba. Pág. 69. 
2 Edmund Sebastian Woś-Saporski (1844-1933). Pioneiro da colonização polaca no Brasil, chamado „pai da imigração 
polaca no Brasil”, onde chegou em 1867. Saporski guiou a chegada no Brasil do primeiro grupo colonizador, em 1869, para 
Brusque no Estado de Santa Catarina. Em 1871, assentou-os no Pilarzinho próximo a Curitiba. Neste ano é reconhecido 
como início da imigração polaca no Parana. A partir de 1894 foi editor da „Gazeta Polska”. Nos anos 912-1913 foi 
deputado da Assembléia Legislativa do Paraná, conhecido como „deputado dos colonos”. Autor recordações (traduzido 
para português em „Anais da Comunidade Brasileiro-Polonesa”, VI, 1972). W Miodunka, Władysław T. „Cześć, Jak się 
masz?”. UNB. 2001. Pág. 298. 
 3 
Paraná. Assaltaram a casa onde morava Pe. Zieliński. Informado antes do 
perigo que ele corria, abrigou-se na casa de um colono e depois emigrou para Argentina. 
Depois de algum tempo voltou para Rio de Janeiro e finalmente se estabeleceu em São 
Paulo, onde morreu. 3 
Segundo o historiador Romário Martins, Saporski visitou a região de Palmeira na província 
do Paraná ainda em 1869. Ali teve idéia de fundar uma empresa colonizadora. Obteve então concessão 
do Império para introduzir imigrantes polacos no Paraná com as mesmas vantagens dadas aos alemães 
que estavam em Santa Catarina. Assim, aquele segundo grupo de 16 famílias foi recrutado pelo 
próprio Saporski, na Polônia, em 1870. Estes silesianos por terem viajado, a partir do porto de 
Hamburgo com imigrantes alemães, foram por engano, encaminhados para Santa Catarina. 
Entretanto, Saporski e Zieliński conseguiram que eles fossem transladados para o Paraná, em 
1871. Com elas vieram as 16 famílias anteriores. Contudo, os desejos de Saporskinão foram 
totalmente satisfeitos. Problemas ocorridos na colonização de Palmeira o obrigaram a alojar as 32 
famílias em Curitiba, onde a Câmara Municipal acabou doou terrenos para a fundação da Colônia 
Pilarzinho4. 
A nova colônia curitibana não livrou os polacos dos imigrantes alemães. No Pilarzinho já se 
encontravam estabelecidas há algumas décadas famílias alemãs. A convivência não foi fácil no 
planalto curitibano. Muito dos preconceitos cultuados contra o imigrante polaco tiveram início 
justamente com concorrência “involuntária” na comercialização dos produtos agrícolas dos novos 
assentados. As famílias de imigrantes alemães, entre elas, os Schaeffer e os Weber, que abasteciam a 
cidade com verduras e hortaliças começaram a espalhar boatos de que os polacos eram beberrões, 
vagabundos e perturbadores da ordem pública. Os alemães do Pilarzinho tinham origem no primeiro 
grupo de imigrantes estrangeiros que chegou ao Paraná, em 1829 e tinham sido assentados em Rio 
Negro, quando o Paraná ainda pertencia à quinta comarca da província de São Paulo.5 
O livro “Quantos Somos e Quem Somos” de Romário Martins, considerado obra-mestra sobre 
a formação da população do Paraná6, foi base para estudos posteriores que reafirmaram esta posição de 
ineditismo colonizador dos alemães em terras paranaenses. Os que se opuseram as teorias de Romário 
Martins tiveram seus estudos desacreditados. Apesar da aura de infalível, o trabalho de Martins não 
deve ser tomando como a bíblia da historiografia paranaense. Pois cometeu muitos equívocos na coleta 
e padronização dos dados. Além disso era notório seu preconceito contra o elemento imigrante. O 
 
3 MALCZEWSKI SCHR., Zdzisław. „A presença dos poloneses e da comunidade polônica no Rio de Janeiro”. CESLA. 
Varsóvia. 1997. Pág. 19. IN: (B. Ostoja Rogulski, art. Cit., Pág. 126-127; M. Paradowska, “Wkład Polaków w rozwój 
cywilizacyjno-kulturalny Ameryki Łacińskiej”, Varsóvia 1992, Pág 214-215; Síntese histórica…, art. Cit. Pág.68; E. 
Urbański, “Pe Antoni Zieliński w Meksyku i w Brazylii” (1864-1863), Em Sylwetki polskie…Ob. Cit. Vol, II Pág. 226-228; 
T. Dworecki, “Zmagania polonijne w Brazylii”, t. IV, Varsóvia 1987, Pág. 174-175. 
4 MARTINS, Romário. 1941. “Quantos somos e Quem somos”. E. Gráfica Paranaense. Pág 67. 
5 O Paraná foi emancipado da Província de São Paulo em 1853. Até então Curitiba e Rio Negro faziam parte da quinta 
comarca de São Paulo. 
6 MARTINS, Romário. 1941. “Quantos somos e Quem somos”. E. Gráfica Paranaense. Pág. 53. 
 4 
ensaísta e crítico Wilson Martins registrou em sua obra um destes equívocos. 
Tabela 1 
Os imigrantes no Paraná de 1829 até 19347 
Etnias Números de imigrantes 
Polacos 47.731 
Ucranianos 19.272 
Alemães 13.219 
Italianos 8.798 
Pequenos grupos 9.829 
Fonte: Romário Martins. 
Contudo a tabela serve para demonstrar que antes da etnia alemã, apenas a portuguesa havia 
aportado no Brasil (ainda que como senhores da terra). Os únicos que podiam ser considerados 
imigrantes eram os escravos: “O país seria erguido pelo braço escravo: cerca de 4,5 milhões de 
negros foram trazidos da África para o Brasil ao longo de quatro séculos de tráfico”.8 Bueno 
reconhece os alemães como o primeiro grupo e aponta o ano de 1824, como o marco inicial das 
imigrações brasileiras: 
A primeira (e mais bem-sucedida) colônia alemã foi fundada em São Leopoldo (Rio Grande 
do Sul), onde os imigrantes desembarcaram em 1824. [...] Os alemães foram recrutados 
pelo major Jorge Antônio Schaeffer. [...] As primeiras 26 famílias chegaram a Porto Alegre 
em julho de 1824, após uma viagem feita sob terríveis condições. [...] Instalando-se na 
antiga Real Feitoria do Linho Cânhamo, rebatizada São Leopoldo (em homenagem à 
Imperatriz). [...] Entre 1824 e 1830, foram 4.856 os alemães que chegaram ao Rio Grande 
do Sul – a maioria vinda de Hamburgo, para instalar-se em Novo Hamburgo, erguida nos 
arredores de São Leopoldo.9 
Tal privilégio alemão seria fruto das relações familiares das casas reais brasileira e portuguesa 
com o Império Austro-húngaro na época. 
1.1.2. Os Primeiros Imigrantes Não Eram Alemães 
No “75º Aniversário da Imigração Alemã”, Lúcio Kreutz, ao analisar as estatísticas oficiais, 
concluiu que entre os anos de 1859 a 1875 chegaram ao Rio Grande do Sul, 12.563 estrangeiros, entre 
os quais, 1.452 austríacos. Kreutz confessa que esta última cifra continha certamente indivíduos da 
etnia polaca. Ele também considera que, devido à configuração político-administrativa da época, 
alguns grupos de nacionalidade tcheca, eslovaca, polaca, ucraniana, iugoslava e húngara foram 
denominados erroneamente como sendo austríacos. 
Para ele, entre os russos também existiam polacos, lituanos, estonianos, ucranianos e alemães 
 
7 Idem. Pág. 53 
8 BUENO, Eduardo. 2003. “Brasil, uma história”. 2ª. Edição. São Paulo. Ed. Ática. Pág. 264. 
9 Idem. Pág. 268. 
 5 
do Volga.10 Kreutz reconhece que entre os alemães no Brasil, os polacos estavam em maior 
número em relação às outras etnias. Devido a isso, ele aconselha subtrair os polacos e as demais 
nacionalidades dos números apresentados pelas autoridades como austríacos. É o que fez Pitoń11, 
endossando a tese e definindo que eram polacos aqueles alemães entrados no Brasil como pomeranos e 
silesianos. Pitoń, quando fez isto, buscava responder a questão de quando tinham chegado os primeiros 
imigrantes polacos no Brasil e em que quantidade. 
Discordando da maioria dos autores que afirmam serem primeiros aqueles silesianos, de 1869, 
de Brusque, transmigrados para Curitiba, em 1871, Pitoń comprova que em 1851, encontrava-se em 
Joinvile, Santa Catarina, junto Hieronim Durski12, um grupo de 13 poznanianos. A maioria dos autores 
ignora que Durski estava acompanhado de sua esposa Wincencja e de seu filho Julian. 
Pítoń mostra sobrenomes polacos entre os primeiros imigrantes alemães também no Rio 
Grande do Sul. Ele se convenceu de que Gudowski, Bilske (chegado em 1824), Bialek, Lassek, 
Pokorny, Maniecki (existente já em 1827) Tirbitzki, Barcik, Purlinski, Balik (encontrado em 1829) 
eram sobrenomes polacos. Três destes sobrenomes tiveram, posteriormente, algum relevo em estudos 
sobre a imigração polaca no Brasil como, por exemplo, Floriano Ziroiski (Zurowski?) que chegou à 
província sulista como agrimensor e está registrado como polaco-austríaco. Os demais foram 
registrados em 1849, quando o supervisor geral dos jesuítas designou dois padres de Cracóvia, 
indicados como austríacos, mas na verdade os polacos, Agostinho Lipinski e João Sedlak. 
Segundo Pitoń, outro grupo de imigrantes polacos teria precedido Durski. Na opinião dele, o 
primeiro grupo significativo de polacos em terras brasileiras chegou à província do Espírito Santo em 
1847. O grupo era formado por 120 famílias polacas vindas da Prússia Oriental e da Silésia (regiões 
ocupadas pelos prussos). A posição de Pitoń contraria as afirmações de que a presença polaca no 
 
10 KREUTZ, Lúcio. 1991. “O Professor Paroquial”. Porto Alegre: Ed. da Universidade /UFRGS; Florianópolis: Ed. da 
UFSC; Caxias do Sul: EDUCS. Pág. 44. 
11 Padre Jan Pitoń, originário de Zakopane, na Polônia, chegou ao Brasil como pároco, procedente de Cracóvia, em 1927. 
Mais tarde, na condição de Reitor da Missão Católica Polaca percorreu milhares de quilômetros evangelizando, construindo 
igrejas, capelas, orfanatos e escolas. Além das atividades religiosas, tinha como missão pessoal registrar tudo e todos que 
possuíssem ascendência polaca. Ele anotava quantos eram os integrantes da família, quem chegou primeiro, quando,quantos morreram, quantos reimigraram. Depois disso, confrontava suas pesquisas com dados de cartórios, igrejas, 
cemitérios, arquivos públicos, bibliotecas e periódicos, no Brasil e/ou na Polônia. Procurou sempre discutir com outros 
pesquisadores e na maior parte das vezes, cedia seu trabalho, que geralmente era publicado como de autoria de quem se 
servia de seus estudos. Pitoń com sua meticulosidade, com seu empenho de mais de 50 anos, reuniu números, informações 
e análises como nenhum outro o fez sobre a emigração polaca para o Brasil. O resultado de seu trabalho, infelizmente não 
está publicado. Mas está sob guarda da Universidade Jagielloński, nos arquivos da Biblioteca do Przegorzały, em Cracóvia. 
Aos 95 anos de idade, ele se confessava triste para Ulisses Iarochinski: “Um professor de Curitiba várias vezes enviou 
carta para mim. Ele pedia por minhas tabelas estatísticas. Eu então fotocopiava todo o material pedido. Depois os 
colocava no correio em pesados envelopes. Gastava meu dinheiro de aposentado para fazer isso. Nunca recebi uma carta 
de agradecimento. E o pior é que agora lendo seu livro “Saga dos Polacos” verifico que minhas tabelas estão publicadas 
nele, mas com crédito, fonte, para aquele professor”. 
12 Hieronim Durski (1817-1905). Viveu no Brasil desde 1851. Reconhecido como pai das escolas polacas, incansável 
professor em Curitiba (Portão, Campo Comprido, Órleãs), Campo Largo, São Luiz do Purunã etc. Elaborou os primeiros 
elementos polacos (em polaco e em portugguês) publicado em Poznań em 1893. Morou ao mesmo tempo na cidade de 
Joinville em 1857 e lecionou igualmente Santa Catarina.(W Kalendarzu LUDU 1971. Pág. 82) 
 6 
território do Espírito Santo iniciou em 187013 e se consolidou em 1929, com a fundação da 
colônia Águia Branca. Confirmando sua pesquisas, Pitoń recupera informação de Teodor Matejczyk: 
Na publicação, por ocasião dos 50 anos da Congregação do Vervistas no Brasil, 1895-1945, 
„Matejczyk i Gorzik”, o capelão que trabalhava no Espírito Santo somou os „Pomeranos” 
já como 770 almas. 1847/59 – Vitória 2.142 pessoas. A recapitulação do movimento 
imigratório de 1851 – 1869 se baseia na extração do seguinte conclusão: A imigração em 
massa do Brasil começa bastante antes, porque em 1851, apareceram oito famílias de 
Poznań. Esta emigração era originária da ocupação prussa, Pomerânia Ocidental, Silésia e 
Poznań. Na comparação estatística se apresenta o seguinte: „Polacos Pomeranos”, famílias 
211 com 914 pessoas; „Polacos Silesianos”, famílias 36 com 151 pessoas; Poznań, famílias 
8 com 13 pessoas; Soma: famílias 442 com 2.400 pessoas. A emigração acima mencionada 
não foi abordada com atenção, foi desconhecida e esquecida pelos pesquisadores polacos.14 
Uma década mais tarde, outro grupo chegou a Santa Cruz do Sul, na então província do Rio 
Grande do Sul. Em 1857, 320 famílias procedentes da Silésia e Pomerânia receberiam a companhia de 
um terceiro grupo, em Santa Cruz do Sul. Pitoń afirma que aqueles pomeranos eram católicos e tinham 
sobrenomes polacos. Portanto, não eram alemães, pois estes eram em sua maioria protestantes. 
Chegaram ao Estado do Espírito Santo colonizadores polacos “Pomeranos” juntamente 
com elementos de nacionalidade suíça e alemã nos 1856-1873, somando 348 pessoas, 
encaminhados através da Associação Colonial sob direção de Caetano Dias da Silva. O 
contingente trazido era de 3.600 pessoas, os quais foram assentados em terreno montanhoso 
das margens do rio Itapemirim nas colônias Santa Isabel, Santa Leopoldina. Segundo o 
diário do autor Tschudi J.J. Reisen durch Sudamerica, Leipzig, str.82: „Obstinação e força 
e a soma de 384 famílias Pomeranas chegaram nos anos 1856-1873, católicos, ao lado de 
centenas de famílias protestantes, por causa do desenvolvimento e progresso econômico.15 
Em seguida, Píton esclarece que estes polacos acostumados às planícies da Pomerânia tiveram 
muitas dificuldades de adaptação no terreno montanhoso do Rio Doce: 
A verdade é que os „Pomeranos”, grupo étnico e social diferenciado, não era acostumado 
ao terreno montanhoso e condições climáticas tropicais, contudo os primeiros trabalhos de 
colonização e colônias, verificou-se resistência e esperta no difícil cotidiano”[...] „hoje são 
Pomeranos orientais os colonizadores alemães em Santa Leopoldina, constituem a principal 
base da colônia, a qual em alguns anos se espalhou para o Norte, nas margens do Rio 
 
13 Assim como em 1870, quando houve uma pouco conhecida e desastrosa experiência com poloneses na Colônia Santa 
Leopoldina, núcleo Timbui. Depois eles foram para o patrimônio de Santo Antônio (Patrimônio dos Polacos). Vieram umas 
500 famílias. Mas poucos ficaram. Em 1873 eles se revoltaram e muitos foram embora. Malacarne, Altair. “São Gabriel da 
Palha – A história da Origem”. Gráfica Cricaré. Nova Venécia - ES. 2000. Pág. 88. IN: Pacheco, Renato José Costa – 
Ignatowski, Wieslau Eustachio. “Poloneses no Espírito Santo”. Departamento de Imprensa Oficial. Colatina-Es. 1972. 
14 Idem. 
15 Idem. 
 7 
Doce.16 
Estão registrados alguns imigrantes que, segundo Pitoń eram efetivamente polacos. Pois 
assim confirmam os sobrenomes Mitschitzki, Rembiński, Rafalski, Kapicki, Trzosek, Adamek e 
outros: 
Diretor de colonização Alberto Jahn, nasceu no reino Polaco, capitão de artilheria prussa, 
contratado pelo governo imperial em 1851. Após pedido de Friederic Eichman, veio como 
prusso para o Rio de Janeiro, foi transferido para São Leopoldo no Rio Grande do Sul como 
tradutor. Igualmente no Espírito Santo e no Estado do Rio Grande do Sul permaneceu 
Guilherme Mtschitzki, botânico de Gdańsk. Em 1857 existia já quatro colônias, a mais 
numerosa Santa Leopoldina, Santa Isabel 1847, Santa Teresa, Tirol, no total 7.297 pessoas. 
[...] Um dos primeiros colonizadores pomeranos Feliks Rembiński, redaktor de Mundo 
Paranaense „Świata Parańskiego”, afirmou atualmente que existiu durante 50 anos em 
Santa Leopoldina cerca de 100 – 120 famílias. Eis aqui alguns sobrenomes: Trzosek, 
Frąckowiak, Rafalski, Grałek, Jaździewski, Włodkowski, Kapicki, Gołąbek, Ponczek, 
Adamek, Rudzki, Śąryber, etc. Vivem elementos polacos „Pomeranos” originários de 
Kwidrzynia, Starogardu, católicos distinguidos entre os alemães protestantes confirmados 
pelo pastor: Urban Fischer e Wellman em seus relatórios para Conselho Evangélico e 
„Obra Missionária Luterana”, atualmente Marthin Luther Bund.17 
Além destas evidências, o relatório do pastor protestante encaminhado para o Conselho 
Evangélico Luterano menciona os conflitos existentes dentro da comunidade com elementos polacos 
católicos. 
No relatório pastoral reclamam da dificuldade ante o comportamento no culto e 
convivência. “fomos muito zombados e „vivamente hostilizados”.[...] Foi do gênero 
idiossincrético, repugnante e antipático dos protegidos. Polacos esforçam-se para se livrar 
do curado alemão e quando só se concedeu condições hospitaleiras na colônia foram 
omitidos.18 
Para Pitoń, estas diferenças são compreensíveis apenas porque eram polacos, parte dos 
integrantes daquele grupo alemão protestante. 
Outras informações dão conta de que polacos também teriam participado da construção da 
estrada de ferro unindo Vitória, no Espírito Santo, a Belo Horizonte, em Minas Gerais. Não bastassem 
os registros dos polacos na empresa construtora, também esta presença pode ser comprovada pelos 
nomes das estações de trem construídas ao longo da estrada. 
Igualmente o mesmo aconteceu no Espírito Santo. Condições como esta, aconteceram 
quando da construção da estrada de ferro Vitória – Belo Horizonte às margens do Rio 
 
16 Idem. 
17 Idem. 
18 Idem.8 
Doce. Pomeranos chegaram a Regino com os trabalhos na estrada de ferro e 
com os agricultores chegaram os trabalhadores, proletariado. A permanência na construção 
da estrada de ferro durante a prestação de serviços na estação chamada: „Baunilha dos 
Polacos”, „Patrimônio dos Polacos” e somados na capela MB Bolesnej, Santo Antonio, etc. 
Com a falta da orientação religiosa os Pomeranos aproveitaram do serviço. Capuchinhos 
do distante lugarejo Figueira.19 
A presença destes imigrantes polacos no Espírito Santo, naquela época específica, é uma 
evidência de que o grupo de Brusque (16 famílias silesianas de Sexteen Lots, da Colônia Ithajay e 
Dom Príncipe de 1869) comemorado como o marco inicial da imigração polaca no Brasil é na verdade 
o quarto e não o primeiro. 
1.1.3. Um polaco no Descobrimento do Brasil 
A honraria de ser o primeiro polaco a por os pés no Brasil sempre coube ao almirante da 
armada holandesa, Krzysztof Arciszewski20, que em 1629, invadiu o Nordeste brasileiro.21 O almirante 
polaco era contratado da firma “Companhia da Índia do Oueste”22 e lutou contra portugueses e 
espanhóis para que as capitanias de Pernambuco e parte da Bahia permanecessem sob administração 
do Reino Holandês. Junto a ele estavam outros dois polacos, “Zygmunt Szkop e Władysław Konstanty 
Witulski”.23 
A permanência de Arciszewski no Brasil merece uma atenção especial. Ele era o primeiro 
Polonês – que estando no Brasil – anotou as suas observações. Como oficial da armada 
invasora, tinha muita sensibilidade para com os indígenas. Empreendera muitas iniciativas 
na agricultura e criação de gado. Deixou Pernambuco em 1639 como general de artiliaria, 
almirante e comissário.24 
No rol dos que precederam os grupos de imigrantes do século XIX foi registrado além dos 
três militares, o Padre Wojciech Męciński, que aportou anos mais tarde na mesma cidade de Recife. 
Malczewski acrescenta que: 
No mesmo tempo encontrava-se no Brasil padre Wojciech Męciński, jesuíta, missionário. 
Nascido em 1601, morreu depois no Japão como mártir com 42 anos. No Brasil encontrou-
se por acaso. Durante a viagem de Lisboa a Goa em 1631, o navio em que viajava Męciński, 
 
19 Idem. 
20 Krzysztof Arciszewski (1592-1656). General de artileria, primeiro Polaco, o qual por três vezes esteve no Brasil, onde 
lutou pelas armas holandesas. Conseguiu vitórias no meio da Mata Redonda (1636) i em Pato Calvo (16738). Foi o 
primeiro polaco, que escreveu sobre o Brasil (entre outros versos). Passou os últimos anos de sua vida na Polônia. 
Arciszewski é um dos heróis do livro „Catatau” de Paulo Leminski. (IN pág. 298, MIODUNKA, Władysław. 2001. 
„Cześć, Jak się Masz?” Editora UnB. Brasília. 
21 Provando o ineditismo de Arciszewski existe um monumento dele, na cidade do Recife, em Pernambuco. 
22 FISCHLOWITZ, 1958 “Cristóforo Arciszweski”, Rio de Janeiro. 
23 Pág. 14 e 27. Idem. Pág. 14 e 27. 
24 MALCZEWSKI SCHR., Zdzisław. 1997. “A presença dos poloneses e da comunidade polônica no Rio de Janeiro”. 
CESLA. Varsóvia. Pág. 14. In: (M. Paradowska, “Podróżnicy..., o cit, pág. 30; B. Ostoja Rogulski, “Um século de 
colonização polonesa no Paraná”, em Boletim do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense, v. XXVIII, 
Curitiba, 1976, pág. 119). 
 9 
mudou o curso da viagem por força dos fortes ventos no Atlântico, foi levado 
até as margens do Brasil. Pe. Męciński aproveitou a sua permanência no Brasil e descreveu 
o Pernambuco e fez o mapa das redondezas.25 
Já no século 19, em 1826, chegou à corte brasileira, o capitão do exército, Edward Kacper 
Stepnowski. Ele foi o primeiro polaco a se estabelecer no Paraná, quando aquelas terras ainda faziam 
parte da província de São Paulo. Anos mais tarde, Stepnowski adquiriu terras na cidade de Castro, 
mais precisamente em 1858. 
Na lista dos precursores constam ainda: Roberto Trompowski (1829, Santa Catarina), Santim 
Languski (1841, Santa Catarina), Andrzej Przewodowski (1839, Bahia), Piotr Czerniewicz (1839, Rio 
de Janeiro), Padre Augustyn Lipiński (1849, Rio Grande do Sul), Józef Warszewicz (1850), Florestan 
Roswadowski (1850, trabalhou na construção do teatro do Rio de Janeiro), Karol Strtyński (1857, 
Minas Gerais), Fedor Ochsz (1850, Paraná), Jan Sztolzman (1862, Rio de Janeiro) e Karol 
Mikoszewski (1865). 26 Além destes imigrantes avulsos, Pitoń assinala um grupo em 1857 no Rio 
Grande do Sul, conforme mensagem governamental de 1894 do próprio Presidente daquela província 
no Sul do país. O presidente apresenta Florian Żurowski, ao mesmo tempo, que contabiliza o número 
de polacos na província: 
Relatório […] sobre a fundação e colonização da região das Missões, Santo Ângelo oferece 
dados sobre o inicio dos trabalhos entre 1857-1859, sob a direção do coronel Florian 
Żurowski. Żurowski nasceu Em Przemyśł em 1809, oficial da marina austríaca, quo Em 
1850 chegou a serviço da marinha na Argentina em 1854 para a marinha brasileira. Com a 
obtenção da cidadania 1857 se tornou diretor de colonização em Santo Ângelo. O 
governador em mensagem para a Assembléia Legislativa apresentando o Estado do Rio 
Grande do Sul relacionou o estado da colonização na região das Missões. Os primeiros 
colonizadores do Oeste foram contados como famílias polacas: „Polacos Prussianos”, 77 
famílias com 299 pessoas; „Polacos Silesianos”, 36 famílias com 151 pessoas; „Pomeranos 
Ester”, 14 famílias com 37 pessoas; No total: 127 famílias com 487 pessoas.27 
Malczewski afirma que Floriano Żurowski foi o primeiro polaco naturalizado no país, isto 
depois de “Durante algum tempo, serviu na Marinha Argentina. Chegou ao Brasil provavelmente em 
1857. Trabalhava na marcação das terras no Rio Grande do Sul. Depois foi nomeado chefe de colônia 
em Santa Cruz e Santo Ângelo”.28 Não bastasse essa correção de Pitoń, os relatos sobre a presença do 
primeiro polaco em terras brasileiras também foram corrigidos pela “Revista Veja”29 em sua edição 
especial do “Descobrimento do Brasil”, de abril de 2000, apontou a presença do primeiro elemento 
 
25 Idem. Pág. 14. IN: PARADOWSKA, Maria. ”Podróżnicy..., o cit pág. 14 e 33. 
26 PITOŃ, Ks. Jan CM. 1985. Manuscrito “Chłop Polski w Brazylii oraz Liczebność Polonii”. Kraków. 
27 Idem. 
28 MALCZEWSKI SCHR, Zdzisław. “A presença dos poloneses e da comunidade polônica no Rio de Janeiro”. CESLA. 
Varsóvia. 1997. Pág. 16. In: (B. Ostoja Rogulski, art. Cit., Pág. 123). 
29 Revista semanal editada, em São Paulo, pela Editora Abril e considerada a de maior circulação e influência do país. 
 10 
polaco na expedição de Pedro Álvares Cabral (o descobridor do Brasil) em 1500. Este 
polaco seria o judeu Gaspar, na verdade o polaco Kasper, nascido na cidade de Poznań. A presença do 
polaco na expedição de Cabral é confirmada por Eduardo Bueno: 
Além de mestre João, outro personagem intrigante a bordo era Gaspar da Gama, ou Gaspar 
da Índia, que Vasco da Gama julgara ser um espião árabe e capturara em Goa, na Índia. 
Gaspar, na verdade, era um judeu polonês, de caráter errante, que vivera na Índia 30 anos 
antes. Aprisionado por Gama, terminou por conquistá-lo. Converteu-se ao cristianismo, 
adotou o nome de batismo do poderoso padrinho e foi levado para Lisboa. Passou a circular 
pela corte com desenvoltura, tornou-se íntimo de D. Manoel e embarcou como intérprete na 
viagem de Cabral.30 
O mais significativo é a informação de que Gaspar da Gama foi um dos três homens europeus 
a pisar pela primeira vez em solo brasileiro: 
Cabral decidiu enviar a terra o experiente Nicolau Coelho, que estivera na Índia com Vasco 
da Gama. Junto com ele, seguiram Gaspar da Gama, o judeu da Índia, - que além do árabe, 
falavadialetos hindus da costa do Malabar -, mais um grumete da Guiné e um escravo de 
Angola. Os portugueses conseguiram reunir, assim, a bordo de um escaler, homens dos três 
continentes conhecidos até então, e capazes de falar seis ou sete línguas diferentes.31 
Ele não foi o único Gaspar das caravelas de Cabral. Outro Gaspar foi o encarregado de 
transmitir ao Rei de Portugal a descoberta das novas terras. Este Gaspar voltou a Lisboa com as cartas 
de Pero Vaz de Caminha contando a “boa nova”. A história conta que, após 10 dias em Porto Seguro, 
Sul da Bahia, uma caravela sob o comando de Gaspar Lemos voltou a Portugal, enquanto a de Álvares 
Cabral e outras 10 caravelas partiram no dia 02 de maio de 1500, rumo à pimenta, à canela, e ao 
gengibre das Índias, tal eram as ordens reais. Gaspar da Gama, o polaco, seguiu como intérprete de 
Cabral até a Índia: 
Estabelecer relações comerciais e diplomáticas com o samorim de Calicute e de imediato 
fundar uma feitoria em pleno coração do reino das especiarias... Quantas foram as missivas 
conduziu em seu bojo é questão que jamais se elucidará. O certo é que tanto Cabral como os 
demais capitães enviaram relatos ao rei Dom Manuel. Ainda assim, três cartas 
sobreviveram. De longe a melhor e mais detalhista delas é a redigida pelo escrivão Pero 
Vaz de Caminha.32 
Malczewski também confirma a presença do primeiro polaco nas caravelas de Cabral, fazendo 
questão de assinalar, entretanto, que Gaspar da Gama não teria grandes afinidades com a terra pátria. 
Ao que tudo indica, a condição de padre católico de Malczewski, não permitiu a ele assumir a primazia 
do polaco Gaspar, por este se tratar de um judeu, como não quis contrariar os demais autores que 
 
30 BUENO, Eduardo. 1998. “A viagem do descobrimento – a verdadeira história da expedição de Cabral”. Objetiva. Rio de 
Janeiro. Pág. 42. 
31 Idem. Pág. 89 
32 BUENO, Eduardo. 2004. “Brasil: uma história”. Editora Ática. São Paulo. 2ª Ed. Pág. 30. 
 11 
elegeram o militar Arciszewski como o primeiro. 
Ao grupo dos bandeirantes poloneses é necessário incluir os grandes viajantes, 
pesquisadores de diversas especialidades, jornalistas e alguns aventureiros. Gaspar da 
Gama, chamado Gaspar da Índia, que chegou às margens do nosso continente, é 
considerado como primeiro Polonês que visitou o Brasil em 1500. Gaspar da Gama, nascido 
em Poznań, cerca de 1450. Judeu de origem, na realidade tinha pouca ligação com a 
Polônia e a sua Cultura. 33 
Com estas correções fica claro que a presença polaca em território brasileiro recua quatro 
séculos no tempo através dos pés pioneiros de Gaspar da Gama nas areias da Bahia; que o primeiro 
grande grupo polaco se estabeleceu no Espírito Santo em 1847; que Durski não estava sozinho em 
Joinville em 1853; e que Edward Kacper Stepnowski foi o primeiro fazendeiro polaco do Paraná. 
1.1.4. Fundamentos da Estatística sobre a imigração polaca 
Tornou-se lugar comum ouvir embaixadores, cônsules34, presidentes de associações culturais 
e folclóricas, políticos, professores e historiadores afirmarem que a etnia polaca esta representada por 
um milhão e meio de pessoas no Brasil. Estas pessoas, contudo, baseiam-se em fontes, que já em seu 
âmago trazem divergência de origem. Estas autoridades justificam seus números a partir de dois 
censos. O primeiro realizado pelo Cônsul Geral da Polônia para os Estados do Sul do Brasil, 
Kazimierz Głuchowski35 e publicado, em 1927, em seu livro “Materjały do Problemu Osadnictwa 
Polskiego w Brazylii” e o segundo produzido em 1937, pela União Central dos Polacos do Brasil com 
o apoio do mesmo Consulado de Curitiba. Ainda com base nestes censos, declaram que os polacos 
estão concentrados apenas nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina. Não 
contabilizam, porém, que os “polskiego pochodzenia” estão presentes também no Espírito Santo, São 
Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Minas Gerais, Brasília e 
Amazonas. 
A produção literária e acadêmica sobre imigração polaca no Brasil produzida na Polônia e no 
Brasil repete estatísticas pouco esclarecedoras, quando não, confusas. Isto impede se conhecer o 
número real de pessoas de origem polaca em território brasileiro. A maioria dos trabalhos acadêmicos 
produzidos em outros Estados do Brasil simplesmente ignora a presença e a importância da imigração 
polaca para o país. Tanto assim que a maioria dos historiadores nacionais raramente incluem os 
 
33 MALCZEWSKI SCHR., Zdzisław. „A presença dos poloneses e da comunidade polônica no Rio de Janeiro”. CESLA. 
Varsóvia. 1997. Pág. 14. IN: M. Paradowska, 1984.”Podróżnicy i emigranci, Szkice dziejów polskiego wychodźstwa w 
Ameryce Południowej”. Varsóvia, Pág. 27. 
34 O cônsul Marek Makowski assinala em seu artigo: “Dentro desse contexto, uma das primeiras perguntas que deveria ser 
discutida e respondida é por que o um milhão e meio de brasileiros descendentes de poloneses no Brasil deveriam manter 
no coração o polonismo?” (Revista “Projeções”, Nr. 9, Pág. 70, ano 2003. Braspol. Curitiba.) 
35 Kazimierz Głuchowski (Nasceu em 1885 na Polônia) – 1º cônsul Polaco em Curitiba desde 1920. Homem muito ativo, 
deu o coração e alma para os problemas dos Polonos-brasileiros nos Estados do Sul. (IN pág. 37 Kalendarz LUDU 1971. 
Gráfica Vicentina. Curitiba.). 
 12 
polacos entre os grupos imigrantes do Brasil. Assim ganham destaque apenas os 
portugueses, os italianos, os japoneses e numa posição mais abaixo, os alemães. 
Nas tabelas sobre imigração no Brasil, os polacos são inseridos apenas por pesquisadores 
paranaenses e gaúchos. Pesquiadores paulistas, cariocas, mineiros e baianos apontam que do total de 
4,7 milhões de imigrantes que chegaram ao Brasil de 1824 a 1947, os maiores grupos étnicos eram os 
italianos com 29,0%, os portugueses com 28,1%, os com espanhóis 11,5%, os alemães com 4,3% e os 
japoneses com 3,6%. Os polacos são colocados junto às demais etnias e denominados como “outros”. 
Segundo o catarinense Kreutz, contudo, não existe consenso em torno do número total de 
imigrantes que o Brasil recebeu ao longo dos anos. Ele reconhece como sendo mais provável, a cifra 
de 4.904.021 imigrantes entrados nos portos Brasileiros entre 1819 a 1947. Desse total, 235.846 são 
classificados como alemães. Para Kreutz, o Brasil teria recebido na verdade 223.000 imigrantes 
alemães até 1929. Por sua vez, o gaúcho36 Bueno afirma que até a primeira guerra mundial o Brasil foi 
destino de apenas quatro grupos étnicos: 
De 1886 a 1914, quase três milhões de estrangeiros vieram para o Brasil na tentativa de 
fazer a América: foram, mais exatamente, 2.71 milhões os imigrantes que chegaram ao país 
em 28 anos. Eles fizeram do Brasil uma das três nações do mundo que mais se abriram para 
o fluxo imigratório – EUA e Canadá são as outras duas. [...] Depois de portugueses e 
africanos, foram os italianos aqueles que chegaram em maior número ao Brasil: 1,6 milhão 
em mais de cem anos (921 mil apenas entre 1886 e 1900). O segundo maior contingente de 
imigrantes veio da Espanha: 694 mil em um século. Os alemães vêm a seguir, com 250 mil. 
Os japoneses ocupam o quarto lugar, com 229 mil imigrantes.37 
Wachowicz38 afirma que o governo imperial Brasileiro, em 32 anos de imigração, gastou 10 
milhões de libras esterlinas. Dinheiro empregado na manutenção de escritórios no exterior, contratação 
de agentes de propaganda, transporte, assentamento e colonização. Contudo, verifica-se que os polacos 
não constam da corrente imigratória que trouxe para o Brasil 4 milhões e 750 mil pessoas até 1947. Na 
tabela, Wachowicz aponta como sendo 144 mil polacos a entrarem no Brasil.Tabela 2 
Maiores imigrações do Brasil 
Nacionalidade Número de imigrantes 
Italianos 1.513.000 
Portugueses 1.462.000 
Espanhóis 598.000 
Alemães 253.000 
Japoneses 188.000 
Outras 784.000 
Total 4.748.000 
Fonte: Ruy C. Wachowicz. 
 
36 Gaúcho é designativo gentílico de pessoa natural do Estado do Rio Grande do Sul. 
37 BUENO, Eduardo. 2003. “Brasil, uma história”. 2ª. Edição. São Paulo. Ed. Ática.. Pág. 264. 
38 Paranaense é designativo gentílico de pessoa natural do Estado do Paraná. 
 13 
Para Correa dos Santos39, o número de imigrantes italianos é bastante superior 
aos números das demais etnias. Seguindo a tendência dos pesquisadores paulistas40, Correa dos Santos 
reproduz tabela, que embora, seja significativa a diferença de período de abrangência e de quantidade 
de imigrantes entrados no país, reafirma a posição dos maiores grupos imigratórios brasileiros: 
Tabela 3 
Imigração no Brasil de 1820 a 190841 
Etnias Números 
Italianos 1.277.040 
Portugueses 672.213 
Espanhóis 303.508 
Alemães 96.006 
Austríacos 62.209 
Russos 60.374 
Franceses 20.261 
Turcos-Árabes 14.961 
Ingleses 12.177 
Suíços 9.528 
Belgas 3.803 
suecos 3.799 
Outras nacionalidades 170.298 
Total 2.656.177 
Fonte: Rosoli, Gianfusto (org.) Emigrazione Europeo e Popolo Brasiliano. Roma. 
A tabela do italiano Gianfusto Rosoli é muito provavelmente baseada em estudos de 
pesquisadores paulistas. Mesmo em menor número do que os polacos, representantes de outras etnias 
como os suecos, belgas e suíços estão representados na tabela. 
1.1.5. A confusão estatística 
O cônsul Głuchowski, em detalhada pesquisa realizada em cada localidade com forte presença 
polaca, encontrou números que viriam a ser base da maioria dos estudos subseqüentes sobre o assunto. 
Głuchowski concluiu42 que, em 1920, habitavam 9.000 polacos em Curitiba, 8.500 polacos em 
Araucária, 25.002 polacos nas vilas e colônias da periferia de Curitiba e outros 57.780 polacos no resto 
do Brasil. Głuchowski totalizou 100.282 polacos no país. Em suas somas, muitas vezes, ele 
arredondava cifras, como por exemplo, ao encontrar 62.786 polacos no Sul do Brasil, no período de 
1871-1894, assumiu o valor de 63 mil43. Pitoń reproduziu estes números de Głuchowski: 
Tabela 4 
Polacos e Ucranianos 
Período estatístico Número de imigrantes 
1871 – 1889 8.080 Polacos 
 
39 Catarinense é designativo gentílico de pessoa natural do Estado de Santa Catarina. 
40 Paulista é designativo gentílico de pessoa natural do Estado de São Paulo. 
41 Santos, R. I. C. In: „Terra Prometida – Emigração italiana: mito e realidade”. Ed. da Univale. Itajaí. 1998. Pág. 64. In 
de Rosa, L. “L`Imigrazione italiana in Brasile: um bilancio”. In: Rosoli, G. (org.) Emigrazione Europeo e Popolo 
Brasiliano. Roma. Centro Studi Emigracioze, 1987. Pág. 154. 
42 GŁUCHOWSKI, Kazimierz. 1924. „Materiały do problemu Osadnictwa Polskiego w Brazylii”. Wydawnictwo Instytutu 
Naukowego do Badań Emigracji i Kolonizacji. Warszawa. Pág. 107. 
43 Esta controvérsia está presente nas Pág. 25 e 29 de „Materiały do problemu Osadnictwa Polskiego w Brazylii”. 
 14 
1890 – 1900 62.786 Polacos 
1901 – 1910 6.500 Polacos e 17.545 Ucranianos 
1911 – 1914 14.730 Polacos e 14.550 Ucranianos 
Total 92.096 Polacos e 32.095 Ucranianos 
Fonte: Ks. Jan Pitoń 
A diferença na somatória não é erro de Pitoń, mas do próprio Głuchowski. Nesta tabela são 
apenas 92.096 polacos e não os anteriores 102.282. Em sua obra, o cônsul Głuchowski se justifica 
dizendo que baseou sua estimativa populacional nos dados organizados por Edmund Woś Saporski e 
de estatísticas do governo brasileiro e de pesquisadores polacos. Muito em função disso, os dados não 
são lógicos. É evidente a grande margem de erro. Contudo, pesquisadores como Michał Sekuła44, em 
1927, e Edmundo Gardoliński45, em 1970, aceitaram estas estimativas sem reservas. Apesar de sabedor 
da importância de seus números, Głuchowski, na apresentação de seu trabalho, desculpava-se pela 
maneira como chegou a eles: 
O material, no qual se baseia meu trabalho foi reunido durante anos a partir de diferentes 
publicações polacas, recortes de jornais, fotografias, literatura sobre o Brasil e 
especialmente sobre o Paraná, em diferentes idiomas. Anotações que estão à disposição 
daqueles que seriamente se interessem pelo problema dos dados, que queiram completar as 
informações que eu possa ter esquecido. Escrevi apenas sobre a questão polaca, 
relacionada precisamente com informações gerais sobre o país, sobre o Paraná e o Brasil. 
Não estive exatamente nos Estados e acrescento que não escrevi sobre isto, como faria um 
perfeito perito sobre o tema.46 
Pitoń demonstra a flagrante diferença entre as 42.046 pessoas da página 30 do livro 
“Materiały do Problemu Osadnictwa Polskiego w Brazylii” com as 38.223 pessoas em outra página da 
mesma obra. Głuchowski cometeu vários equívocos, encontrados não só neste livro como também em 
suas publicações posteriores. Pitoń recupera uma das cifras de Głuchowski para lembrar a longa 
polêmica entre Józef Góral47 e Sekuła. Embora ambos tenham se utilizado dos mesmos dados de 
 
44 Michał Sekuła (Naceu em1884 em Garwolinie, Polônia. Combatente da independência da Polônia pelo partido PPS. 
Desde 1908 atua no Paraná como professor e instrutor educacional, leciona e administra o funcionamento organizacional 
das escolas. Junto com Władysław Wójcik organiza escolas ao longo do Rio Ivaí. Elabora excelente relatório das visitas às 
escolas de região de Palmeira, Ponta Grossa e Guarapuava. Escreve séries monográficas sobre os Polonos no Brasil como 
„Kolonie polskie w Paranie” (1928), „Osadnictwo polskie w Mun. Palmyra”, „Szkołe polskie w Brazylii” (1929), „Z 
dorzecza Ivai”, „Słowianie” (Lud, 1962) e outros. Organiza além disso, junto com Roman Paul, Krzesimowski e 
Jeziorowski a escola média de Malet. Atua como instrutor no funcionamento das escolas no Rio Grande do Sul (Guarani e 
outros). Na pág. 33, Kalendarz LUDU 1971. Gráfica Vicentina. Curitiba. Brasil. 
45 Edmund Gardoliński (Nasceu em 1914 em São Mateus do Sul – Paraná). Engenheiro, elaborou a monografia „Emigracja 
i Kolonizacja Polska w Rio Grande do Sul”. Está inserido na Enciclopédia do Estado riograndense, publicada em 1958, 
Tomo V. (IN pág. Kalendarz LUDU 1971. Gráfica Vicentina. Curitiba. Brasil.) 
46 GŁUCHOWSKI, Kazimierz. 1924. „Materiały do problemu Osadnictwa Polskiego w Brazylii”. Wydawnictwo Instytutu 
Naukowego do Badań Emigracji i Kolonizacji. Warszawa. Pág. 7. 
47 Padre Józef Góral (Missionário, nasceu em 1885 e morreu em 1954) Exercício. Estudos realizados no Księży Misjonarzy 
de Cracóvia. Nomeado capelão em 1899 pelas mãos do cardeal Puzyny. Chegou ao Brasil em 1911, residiu em 
Massaranduba até 1920. Entre 1920-21 foi o primeiro redaktor do semanário LUD, o qual foi fundado em outubro de 1920. 
Durante 30 anos foi vigário na Paróquia do Bairro Abranches, em Curitiba (1921-1951). Diretor da “Irmã Misericordiosa”, 
vice-provincial polaco, publico o Dicionário Brasileiro-Polaco e Polsko-brazylijski, gramática do idioma polaco, 
conversação, fundamentos de redação polaca e série de trabalhos esparsos na temática religiosa e científico-popular. Foi 
 15 
Głuchowski, os resultados são completamente diferentes. 
Głuchowski na obra - Na Antypodach - de 1927, nas tabelas sobre a divisão das famílias, 
excessivamente aumenta a coletividade polaca. Alem disso na publicação não se decide por 
uma mesma cifra. Por exemplo, na página 31 de - Na Antypodach - figura na tabela 102.096 
pessoas e no periódico trimestral - KwartalnikuEmigracyjnym -, de 1927, ele mesmo 
fornece o total de 185.992 pessoas. Esta diferença proporcionou longa discussão e polêmica 
entre o semanário LUD do padre Józef Góral e o Michał Sekuła.48 
A grande diferença entre Pitoń e os demais é que este não se ateve apenas às tabelas de 
Głuchowski, mas a uma exaustiva pesquisa em 52 anos de trabalho sacerdotal no Brasil. Ele pesquisou 
não só nas estatísticas oficiais do governo brasileiro, mas também nos arquivos públicos, nos cartórios, 
nas paróquias, nas páginas de jornais e revistas, além de muita entrevista e enquete nas localidades 
com predominância da etnia polaca. 
Os dados estatísticos organizados empiricamente pelo agrimensor Edmund Sebastian Woś 
Saporski foram basicamente reproduzidos nas páginas da imprensa em idioma polaco de Curitiba. 
Segundo Saporski, teriam vindo para o Paraná até o ano de 1912, 56.950 imigrantes polacos. No Jornal 
curitibano “Diário da Tarde”, publicação em língua portuguesa, Saporski não diferenciou a etnia 
polaca da ucraniana. Simplesmente denominou aquele contingente expressivo de imigrantes como 
sendo “Eslavos”: 
Tabela 5 
População Polaca 1871-1912 
Período estatístico Número de Eslavos 
1871 – 1889 5.690 
1890 – 1893 11.370 
1894 – 1900 16.350 
1901 – 1912 23.540 
Total 56.950 
Fonte: jornal “Diário da Tarde”, 10 de fevereiro de 1916, Curitiba. 
A publicação destas estimativas de Głuchowski de 1927, em que pese suas incoerências, não 
causou tantos estragos, como uma segunda estimativa da década seguinte, adotada como base por 
quase todos os pesquisadores da etnia polaca no Brasil. Os novos números vieram com o Censo da 
CZP - Centralny Związek Polaków w Brazylii, ou União Central dos Polacos no Brasil, apoiado pelo 
Consulado Geral da Polônia, de Curitiba. Neste Censo de 1937, os polacos somaram 88 mil pessoas no 
Paraná, ou 9,46% da população do Estado. 
A partir de então, utilizou-se apenas os 10%. De forma incorreta transpuseram este percentual 
para períodos subseqüentes. Equivocadamente estes números passaram a ser fonte exclusiva de 
estudos e repetidos à exaustão. Entre os dois censos, em menos de 15 anos a etnia polaca dobrou no 
 
membro nonorário da Associação „Krzyża Polonia Restituta”. Morreu no bairro de Abranches em 1954. (IN Kalendarz 
LUDU 1970, pág. 123. Curitiba. Brasil.) 
48 PITOŃ, Ks. Jan CM. 1983. Manuscrito.“Chłop Polski w Brazylii oraz Liczebność Polonii”. Kraków. Pág. 26. 
 16 
Paraná, embora não ter havido entrada significativa de novos imigrantes polacos naquele 
período e mesmo após. Muitos dos que defendem a população de 1,5 milhão de polacos no Brasil não 
distinguem imigrantes legais, de ilegais, de descendentes, de naturalizados e/ou de estrangeiros. Estes 
cálculos se baseiam na população atual do Estado do Paraná de 9.000.000 de habitantes49. Assim, 
define-se 900.000 polacos no Estado. Os 40% restantes, ou 600.000 são alocados no Rio Grande do 
Sul (Głuchowski), Santa Catarina e outros Estados. Quando questionados, justificavam que a 
“Comissão das Comemorações do Centenário da Imigração de 1971” definiu assim o contingente 
imigratório polaco para o Brasil. Na falta de melhor apuração, aquela Comissão do Centenário optou 
convencionar o total oficial. O censo de 1937 da CZP - União Central dos Polacos no Brasil aumentou 
o número de polacos em mais de 90 mil pessoas em relação às estimativas de Głuchowski50. Pitoń 
resume o censo do CZP: 
Tabela 6 
População Polaca em 1937 
Estados População geral Polacos População restante % Polacos no Estado 
Paraná 937.000 88.605 848.395 9,46% 
Santa Catarina 1.147.000 23.272 1.123.728 2,03% 
Rio Grande Sul 3. 000.000 80.000 2.920.000 2,66% 
Total 5.084.000 191.877 4.892.123 3,77% 
Fonte: Jan Pitoń 
Neste resumo, entretanto, verifica-se que o Rio Grande do Sul possuía 41,69%, enquanto 
Santa Catarina apenas 12,12%. O Paraná apresentava os restantes 46, 19%. Mas é sabido que em São 
Paulo, (núcleos de Pariquera-Açu, Sorocaba, Itaporanga, São Paulo e Santos) existiam consideráveis 
índices de polacos, além do Rio de Janeiro e Águia Branca, no Espírito Santo. 
1.1.6. Falta de Padronização Estatística 
Os equívocos do censo são comprovados através das mesmas fontes já apresentadas. Além 
delas, a divergência existente entre os autores baseados naqueles dados reforça a tese de falta de 
padronização estatística. Enquanto Ruy C. Wachowicz da UFPR e Mariano Kawka da Universidade 
Andrade defendem o número de polacos no Paraná em 88 mil pessoas, Marcin Kula, da Universidade 
de Varsóvia, afirma que a etnia estava distribuída nos Estados brasileiros nas proporções: 
Tabela 7 
Polônia Brasileira51 
Estados Números de polacos 
Paraná 92.000 
Rio Grande do Sul 83.000 
Santa Catarina 28.000 
São Paulo 12.000 
Espírito Santo 1.500 
 
49 Segundo Censo IBGE 2000, a população do Paraná é de 9.493.540 pessoas. 
50 No Anexo C estão tabelas da CZP - Consulado para o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 
51 KULA, Marcin. 1981. “Polonia Brazylijska”. Warszawa. Pág. 18 
 17 
Outros Estados 500 
Total 217.000 
Fonte: Marcin Kula 
No relatório do secretário Arthur Pereira de Cerqueira, da Secretaria de Estado dos Negócios 
e de Obras Públicas e Colonização do Paraná há uma tabela com as entradas de imigrantes registrando 
53.047 pessoas de diversas etnias. O período compreende a última década do século 19 e nela se nota 
que o maior contingente chegou nos anos de 1889, de 1891 e de 1896. Contudo, estes dados divergem 
de outras fontes. Alguns pesquisadores alegam que estes números se referiam apenas aos imigrantes 
que davam entrada através do Porto de Paranaguá. Não são contabilizados neste relatório os que 
chegaram via terrestre, pelas divisas de Estados e fronteiras dos países vizinhos. 
Tabela 8 
Imigrantes de 1889 a 190052 
Ano de entrada Número de imigrantes 
1889 16.812 
1890 2.812 
1891 10.844 
1892 984 
1893 273 
1894 67 
1895 6.351 
1896 13.048 
1897 308 
1898 310 
1899 1.024 
1900 216 
TOTAL 53.047 
Fonte: Acervo do Arquivo Público do Paraná 
Ao contrário de Saporski, Cerqueira diferenciou os polacos dos ucranianos como os 
relacionou de acordo com a procedência, anotando áreas de ocupação estrangeira: 
Tabela 9 
Polacos e outros53 
Etnia segundo a procedência Números de imigrantes 
Polacos prussos e russos 26.027 
Polacos austríacos 20.020 
Alemães e outros 2.000 
Italianos 5.000 
Fonte: Acervo do Arquivo Público do Paraná 
Aos tantos números veio se juntar mais 46.027 polacos entrados no Brasil, entre 1889 e 1900, 
período conhecido como “Gorączka Brazylijska” (Febre brasileira). Nesta totalização há que se 
considerar que entre os 2.000 alemães, desembarcaram outros polacos.54 Wilson Martins, que após a 
publicação de sua obra “Brasil Diferente: ensaio sobre fenômenos de aculturação no Paraná”, acabou 
 
52 Secretaria de Estado dos Negócios e de Obras Públicas e Colonização do Paraná, Relatório anual de 31 de dezembro de 
1900. Arquivo Público do Paraná. 
53 Idem 
54 Idem. 
 18 
granjeando para si a revolta da comunidade polaca (por revelar preconceito infundado 
contra a etnia), assegura que sempre foi difícil ter o número efetivo de imigrantes que chegaram ao 
Paraná. Segundo ele, “não só porque as pesquisas estatísticas sempre foram, a esse respeito, as mais 
contraditórias e falhas, como ainda por escaparem a todo controle, os estrangeiros vindosde outras 
regiões do país, em particular da província e depois Estado de Santa Catarina e que, como é natural, 
não foram recenseados pelos respectivos serviços”.55 O ensaísta Martins denuncia também o 
“patriotismo” bastante comum entre os estudiosos de imigrações de aumentar os números da própria 
etnia e diminuir a estatística das outras. 
Acrescente-se a isso certas confusões de nacionalidades, como as que fizeram contarem-se 
duas vezes os russo-alemães (como russos e como alemães) ou a que jamais distinguiu os 
austríacos e suíços dos alemães e os poloneses dos ucranianos, o que, de resto, não impede 
que, em muitas listas, cada uma dessas nacionalidades compareça autonomamente. [...] A 
maior parte desses erros, ou dessas falhas é puramente acidental, ou se devem aos métodos 
defeituosos pelos quais, até recentemente, se faziam estatísticas no Brasil; muitas vezes, 
porém, certos autores aumentavam patrioticamente os contingentes das respectivas 
nacionalidades, diminuindo proporcionalmente os de outras.56 
Romário Martins não foi unanimidade. O ensaísta Wilson Martins apresenta aspectos 
negativos na pessoa e no trabalho do mais importante historiador paranaense: “É o engano cometido 
por Romário Martins que, embora sem afirmá-lo expressamente, parecia inclinar-se por uma 
subestimação da influência, considerando apenas o número de estrangeiros entrados no Paraná”.57 
Wilson Martins comparou o historiador Romário com o inspetor de colonização: 
É interessante confrontar as estimativas otimistas de Manoel Ferreira Correia com as 
pessimistas de Romário Martins, cuja má vontade com relação ao vulto da influência 
estrangeira é conhecida. Este último dava 3.627 estrangeiros em 1873, 45.134 em 1900 e 
62.757 em 1920, sempre mais ou menos um terço dos números supostos pelo primeiro. É que 
Romário Martins se atinha à verdade estatística (na medida em que aí se puder falar de 
verdade), enquanto Manoel Ferreira Correia – com um agudo senso das coisas e uma 
inteligência que ainda não vi suficientemente valorizada – preferia a verdade sociológica. 58 
O próprio Romário Martins reconhecia em seu trabalho a precariedade das informações que 
utilizava, afirmando que os dados oficiais eram pouco informativos; quando muito, eram simples 
conjecturas; que os cálculos sem base alguma se transformavam em definitivos; que as referências 
quase sempre eram incompletas e a maioria das fontes eram notas esparsas. 59 Para ele, os dados 
 
55 MARTINS, Wilson. 1989. “Um Brasil Diferente: ensaio sobre fenômenos de aculturação no Paraná”. 2ª ed. São Paulo: 
T.A. Queiroz, Pág. 116. 
56 Idem. Pág. 116. 
57 Idem. Págs. 68 e 69 
58 Idem. Págs. 68 e 69 
59 MARTINS, Romário. 1941. “Quantos somos Quem somos”. Gráfica Paranaense. Pág. 116 
 19 
coletados pelo agrimensor Sebastião Saporski e pelo inspetor de colonização Manoel 
Francisco Ferreira Correia inseriam-se na categoria dos ponderáveis, porque eram “duas autoridades 
seguramente, porque o primeiro foi o introdutor do elemento polaco no Paraná e sempre acompanhou 
o seu desenvolvimento, e o segundo por largos anos ocupou o cargo de Inspetor Federal da 
Colonização no Estado”.60 O inspetor Ferreira Correia mereceria ainda outros comentários de 
Romário Martins. As estatísticas do inspetor Ferreira Correia publicadas, em 1927, na Gazeta, da 
Bolsa do Rio de Janeiro configuravam um estudo que, 
Embora pequeno, contém considerações gerais apreciáveis por provirem de sua autorizada 
opinião sobre o assunto. Calcula o antigo Inspetor do Serviço Federal do Povoamento, que 
de 1827 até 1927 foram encaminhados para o Paraná 115.000 imigrantes poloneses, 
alemães, italianos, russos, austríacos e em menores proporções holandeses, franceses, 
ingleses, espanhóis, portugueses, rumáicos, noruegueses, búlgaros, etc.. Diz que esses 
imigrantes foram colonizados em 30 municípios e “disseminados” numa superfície de 
50.000 quilómetros, que representa a quarta parte do território do Estado, com 17.000 lotes 
rurais “aproximadamente”, onde estão localizadas “umas 15.000 famílias de pequenos 
agricultores brasileiros, poloneses, alemães, italianos, austríacos, russos e de outras 
nacionalidades”.61 
Na reprodução dos dados do Inspetor, Romário Martins admite que em 1927, as vinte mil 
famílias são compostas por aproximadamente 100 mil imigrantes: 
E conclue o ex-Inspetor do Serviço de Colonização: “Pode-se calcular que dos 115.000 
imigrantes entrados dentro de um século, 70.000 estabeleceram-se definitivamente nas 
colônias, 30.000, constituídos de jornaleiros, artífices e de outras profissões fixaram 
residência em diferentes localidades do Estado e os restantes 15.000 retiraram-se para 
outros Estados ou voltaram para suas pátrias na Europa”. Esses 70.000 imigrantes 
agricultores representam hoje (1927) pelo menos 100.000 colonos, pelo natural crescimento 
da população colonial, constituindo cerca de 20.000 famílias. 62 
A reprodução dos números de Saporski é considerada por Ianni como equivocada, pois ela 
não é homogênea. Ianni alerta que, “Inexplicavelmente, o próprio Romário Martins, apresenta, á p. 63 
da obra citada, como sendo de 48.131, o número de polacos entrados no Paraná naquele mesmo 
período”.63 Nesta confusão de números, Ianni se valeu dos números de Edwino Tempski quando este 
“alega que entre os anos de 1870 e 1920, chegaram ao Paraná entre 55000 e 60000 polacos, 
aproximadamente”.64 É impossível basear qualquer estudo em dados tão diferentes. Não bastassem 
 
60 Idem. Pág. 116 
61 Idem. Pág. 116. 
62 Idem. Pág. 117 e 118 
63 IANNI, Octávio. A situação social do polonês In: Raças e Classes Sociais no Brasil. Editora Brasiliense, 3ª Edição. São 
Paulo. 1987. Pág 172. 
64 Idem. Pág 172. IN: TEMPSKI, Edwino Donato. 1953. “Os Poloneses e o Paraná”, in Ilustração Brasileira, edição 
comemorativa do Centenário do Paraná. Ano XLIV, nº. 224, Rio de Janeiro, págs. 158-159; citação extraída da pág. 158. 
 20 
estas dificuldades, muitas publicações seguintes apenas reproduziram dados fornecidos 
por viajantes polacos. Estes se baseavam em simples observações e coletas sem nenhum padrão. É o 
caso de Stawinski: 
Em 1900, o Dr. José Siemiradzki recenseou 95.000 poloneses em todo o território brasileiro. 
Em 1902, os jornalistas Léon Bielecki e Casimiro Warchalowski divulgaram uma estatística, 
segundo a qual o número de poloneses no Brasil seria de 75.000 almas. Em 1908, o escritor 
Bernardo Zdanowski admitiu que no Brasil devia haver cerca de 140.000 poloneses e filhos 
de poloneses. Em 1909, o erudito historiador Estanislau Klobukowski, depois de visitar os 
núcleos de poloneses no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, constatou que o 
número de poloneses no Brasil não era superior a 80.000.65 
Mais adiante, ele recolhe dados de Góral: 
Em 1918, ao término da primeira guerra mundial, o Pe. José Góral publicou os seguintes 
dados estatísticos: no Rio Grande do Sul, 39.000 poloneses; em Santa Catarina, 13.800; no 
Paraná, 60.000; nos outros Estados, 5.200. Ao todo, havia no Brasil 120.000 poloneses e 
filhos de poloneses.66 
Stawinski também reproduz os números de Jedlinski: 
Frei Honorato Jedlinski, em seu relatório sobre a imigração polonesa rio-grandense 
apresenta, em 1906, o seguinte quadro estatístico de famílias polonesas existentes nos 
diversos núcleos do RS: 200 famílias na cidade de Porto Alegre; 120 em Pelotas; 150 em 
Rio Grande, 450 em D. Feliciano e Encruzilhada do Sul; 280 em Mariana Pimentel e 
cercanias de P. Alegre; 170 na Colônia Alfredo Chaves (Veranópolis); 20 em Faria Lemos, 
município de Bento Gonçalves; 60 em Santa Teresa, município de Bento Gonçalves;100 em 
Capoeira e distrito de Vista Alegre; 150 na Colônia Nova Bassano, 180 em Guaporé e São 
Luís da Casca; 40 em Esperança (Vespasiano Corrêa); 90 em Antônio Prado. 40 em Nova 
Roma do Sul; 280 em São Marcos; 30 em Caxias do Sul; 90 em Santo Antônio da Patrulha; 
240 em Jaguari; 120 na Barra do Ouro, da Conceição; 300 em Guarani das Missões; 350 
em Ijuí. 67 
Stawinski reconhecia que os dados nem sempre correspondiam à realidade. Na maioria das 
vezes, nada mais eram do que aproximações estatísticas: “Os dados de Frei Honorato Jedlinski são 
incompletos. O número global de 3.450 famílias polonesas com 20.700 almas representa, apenas, uma 
realidade aproximativa, constatada por quem, de 1901 a 1906, visitara pessoalmente os mencionados 
núcleos poloneses espalhados no Estado”.68 
Em 1928, Michał Pankiewicz afirmava, que os polacos no Brasil somavam 200.000 pessoas. 
 
65 STAWINSKI, Alberto Victor. 1999. “Primórdios da imigração Polonesa no Rio Grande do Sul, 1875 – 1975”. Edições 
Est, Porto Alegre, Brasil. Pág.81 
66 Idem. Pág. 81 
67 Idem. Pág. 81. 
68 Idem. Pág. 80. 
 21 
Número bastante acima dos apresentados por Głuchowski e Saporski para o mesmo 
período. Wachowicz reproduz os números de Głuchowski, mas altera o período para 1869 a 1914 e 
acrescenta que num período mais recente chegaram ao Brasil mais 25.014 polacos. O período 
analisado por Wachowicz compreendeu 1935 a 1970. A cada novo estudo publicado ele alterava a 
totalização anterior do número de imigrantes. Ao tomar como base de cálculo, o período compreendido 
entre 1869 e 1970, apresentou o total de 130.292 imigrantes polacos no Brasil.69 O periódico em 
idioma polaco, o Dzim Ruski70, publicou no fim da II Guerra Mundial, que o número de imigrantes no 
Brasil havia ultrapassado 300.000 polacos. Não há referências de fontes e tampouco informação de se 
tratar realmente de imigrantes entrados através dos serviços de polícia de fronteira. A disparidade de 
totalizações concorria para aumentar a dúvida e confundir ainda mais as estatísticas da imigração 
polaca no Brasil. 
1.1.7. Disparidades acentuam equívocos 
Jan Pitoń, embora tendo reunindo dados das mais diversas fontes, também não respondeu 
efetivamente quantos representantes da etnia polaca existem no Brasil. Sua preciosidade e detalhe na 
coleta dos dados não o levam a declarar se os números apresentados em seus estudos contemplam 
filhos, netos ou somente os nascidos na Polônia. Em uma de suas tantas tabelas, indica claramente a 
disparidade dos diversos autores: 
Tabela 10 
Todos os estatísticos71 
Autores dos dados Números de polacos 
Consulado Austríaco C.K. (Prawda 1900, nr. 30 19.399 
Namiestnictwo de Lwów 18.475 
Siemiradzki 25.000 
Krzysztof Groniowski 17.806 
Kazimierz Głuchowski 15.000 
Romário Martins 61.646 
Saporski (menos Ucranianos) 28.555 
Antony Hempel (Paraná 1890 –1891) 12.000 – 15.000 
Józef Góral (LUD 26 de outubro de 1927) 66.000 
Szymowski (instrutor escolar) 1924 120.300 
Józef Stańczewski ( Świat Parański, nr. 6, 1925) 125.000 
Fonte: Jan Pitoń 
Sekuła publicou, no jornal “LUD” no ano de 1927, estudos estatísticos sobre a participação 
populacional dos polacos no país, assumindo os dados de Głuchowski, porém ampliando-os com 
outras fontes. Entretanto, em função de seu contínuo estudo foi alterando substancialmente seus 
números ao longo do tempo. Em 1970, Sekuła causou enorme polêmica ao publicar novos dados 
estatísticos, recompilados durante anos. Desta vez, porém, foi maior do que aquela que sustentada no 
 
69 WACHOWICZ, Ruy C. 1987. “Aspectos da imigração polonesa no Brasil”. Curitiba. In: Biblioteca da Casa da 
Memória de Curitiba. 
70 Dzim Ruski, “Polacy w Brazylii”, Kalendarz LUDU 1948, Gráfica. Vicentina. Curitiba. Pág. 109. 
71 PITOŃ, KS. Jan CM. 1985. “Chłop Polski w Brazylii oraz Liczebność Polonii”. Kraków. 
 22 
“LUD” com o Padre Góral. Dessa vez, Sekuła justificando seus “exageros” apresentava 
um contingente bastante expressivo, até então ignorado, no Estado de São Paulo. Muitos o taxaram 
simplesmente de exagerado, outros, de inventor de estatísticas. 
Tabela 11 
Os números de Sekuła. 72 
Estados 1938 1970 Crescimento 
Paraná 82.675 307.360 224.695 
Santa Catarina 43.085 89.000 63.000 
Rio Grande do Sul 54.860 256.200 186.530 
São Paulo e outros 21.500 190.360 168.860 
Total 205.470 842.920 637.500 
Fonte: Jan Pitoń 
Góral, o primeiro a polemizar com Sekuła, havia apresentado seus números pela primeira vez 
em 1927. Estes eram relativos ao ano de 1918. Mais tarde, no “Kalendarz LUDU 1936”, Góral 
aumentou consideravelmente seus totais anteriores. Sustentava então, que a população de polaca tinha 
atingido 123.000 pessoas no Brasil. Este total divergia dos números de Głochowski e alterava tudo o 
que se tinha escrito até então a respeito de estatísticas polacas no país. Góral não só estava 
apresentando os tradicionais Estados sulistas, como acrescentava Estados, como a Guanabara e outros 
que definiu como “dispersos”: 
Tabela 12 
Os números de Góral73 
Estados Números de polacos 
Paraná 66.000 
Rio Grande do Sul 36.000 
Santa Catarina 14.000 
São Paulo 3.000 
Rio de Janeiro 1.000 
Dispersos 3.000 
Total 123.000 
Fonte: Jan Pitoń 
Os números de Sekuła, 842.920 e os de Józef Zając74, 849.000 polacos foram bastante 
criticados na imprensa curitibana da época. Os opositores afirmavam que os dois autores primavam 
pelo disparate. Para estes críticos, o padrão estimativo aceito era o de 102.596 polacos e divulgados 
por Gluchowski em 1927. Mesmo assim, consideraram os 144.000 defendidos por Wachowicz. O 
professor Stefan Szumowski foi outro que encontrou números muito diferentes dos apresentados nos 
censos de 1927 e 1937: 
 
 
72 Idem. 
73 Idem. 
74 Józef Zając (Nasceu 1914) em Marianpolu próximo a Halicza. Fez seus estudos no Misjonarzy Święcenia kapłańskie, 
tendo concluído em 1939. Chegou no Brasil neste mesmo ano – duas semanas antes de começar a II Guerra. Trabalhou com 
padre em Mafra, depois como professor no “Małego Seminarium” onde criou uma orquestra. Na redação do LUDU 
trabalhou em dois períodos, de 1947 a 1948 e de 1960 a (?).(Kalendarz LUDU 1970, pág. 124). 
 23 
Tabela 13 
Números de Szumowski 75 
Estados Números 
Paraná 72.420 
Rio Grande do Sul 37.140 
Santa Catarina 10.740 
Total 120.300 
Fonte: Jan Pitoń 
A Sociedade “Polonia” de Varsóvia, em 1947, publicou que a etnia estava representada por 
180.000 pessoas no Brasil, enquanto Bohdan Lepecki dizia categoricamente que a soma chegava a 
300.000. Zając no “Kalendarz LUDU” recopilou dados e afirmava que, em 1937, os polacos eram 
210.000; e que 17 anos mais tarde, em 1954, eram 420.000. Finalmente em 1971, os polacos 
ultrapassaram os 849.000. Entretanto, ele não especificou se nesta soma estavam apenas os nascidos na 
Polônia, ou também os descendentes brasileiros e naturalizados. Zając dizia que no “Kalendarz LUDU 
1936” foram divulgadas as diferenças das estatísticas dos 35 anos anteriores, baseadas na média de 6 
pessoas por família de emigrantes. Naquela edição, o número foi de 180.000. Zając assinala que os 
números do Consulado Geral da Polônia, em Curitiba, de 1937 eram 219.000 e não os 191.877 
divulgados pela CZP. A conclusão que ele faz sobre a quantidade de elementos da etnia polaca em 
território brasileiro somando os 9 mil polacos que chegaram após a II Guerra Mundial, ao número de 
840 mil, faz crer que ele os considerava todos como nascidos na Polônia e não também no Brasil: “Em 
1937 havia no Brasil 210.000 polacos.Depois de 17 anos, ou seja, em 1954 já eram 420.000 polacos. 
Nos próximos 17 anos (ou seja no próximo ano) serão 840.000 polacos. Se nesta soma acrescentamos 
pelo menos mais 9.000 Polacos quo chegaram depois da II Guerra Mundial, teremos a última soma de 
849.000”.76 Quando acrescenta que havia seis pessoas por família e que o número era de 849 mil e não 
acima de um milhão, desmente que todas as pessoas nesta cifra, imigraram da Polônia. 
Sabemos, que não faltam notáveis compatriotas, os quais afirmam, que os Polacos no Brasil 
é um grupo de mais de um milhão. Contudo, trabalhando nas estatísticas nos anos 
anteriores e feitos cálculos de acordo com aumento natural no Brasil, adicionados à 
chegada de Polacos depois da II Guerra, bem como adotando uma média de 6 pessoas por 
família (calculando óbitos), podemos chegar a uma soma de aproximadamente 849 mil 
Polacos no Brasil.77 
Outro estudo polêmico é o de Smolana. Reunindo dados de fontes oficiais, ele apresentou 
tabelas que merecem comparação. Nesta, estão os emigrantes e os retornados entre 1918 e 1929, 
período que coincide com a restauração do Estado Polaco: 
 
 
75 ZAJĄC, Ks. Józef. 1971. „Liczba Polaków w Brazylii (Números de Polacos no Brasil)”. Kalendarz LUDU-1971. 
Gráfica Vicentina. Curitiba. Pág. 136. 
76 Idem. Pág. 136. 
77 Idem. 
 24 
Tabela 14 
Emigração do Brasil nos anos 1918-1929 78 
Ano Emigrantes Reemigrandos 
1918 – 1920 613 - 
1921 653 - 
1922 776 - 
1923 717 - 
1924 2.513 58 
1925 *1.383 74 
1926 2.490 40 
1927 3.376 108 
1928 4.402 55 
1929 8.732 134 
Total 25.655 469 
Fonte: A. Zarychta, Dwudziestolecie emigracji z Polski 1918-1938, AAN-MSZ 9886, k. 140, 142. * Migracja roczna 
1918-1941, AAN-MSZ 9870, k11 podaje, że w 1925 r. wyemigrowało do Brazylii 1.918 osób. 
 
Smolana afirma, que em 1930 viviam no Brasil 202.000 polacos. Uma diferença de 100 mil 
indivíduos. O que é muito, se for considerado que tal cifra foi apresentada apenas três anos após 
Głuchowski ter publicar sua longa estatística. 
Tabela 15 
Polacos no Brasil em 1930 79 
Estados Soma de Polacos 
3 Estados Sulistas PR, S.C., RG 195.000 
São Paulo e Minas Gerais 3.000 
Rio de Janeiro 1.200 
Espírito Santo 2.000 
Outros Estados 800 
Total 202.000 
Fonte: Pismo S. Dłuskiego, chargé d´affaires a.i. Poselstwa RP w Rio de Janeiro do MSZ, z 4 lutego 1930 r., AAN-
NSZ, 10357, k.60. 
Na década seguinte o fluxo de emigrantes continuou em direção ao Brasil e países da América 
Latina. Os polacos chegados ao Brasil, não foram, entretanto, tão significativo: 
Tabela16 
Emigração para o Brasil nos anos 1930-1939 80 
 
Ano 
Números de emigrantes Números de reemigrantes 
Mínimo Máximo Mínimo Máximo 
1930 3.430 *4.719 340 
1931 1.111 *1.315 151 
1932 1.019 *1.142 40  281 
1933 1.627 46  194 
1934 2.004 *2.380 39 *274 
1935 1.314 42 
1936 2.598 105 
1937 1.966 102 
1938 635 107 
Total 15.704 17.696 972 1.595 
 
78 SMOLANA, Krzysztof. 1981. „Rozmieszczenie Polaków w Ameryce Łacińskiej w latach 1869-1939” – Liczba I, CZ I, 
Wrocław, Pág. 436. 
79 Idem. Pág. 437. 
80 Idem. Pág. 449. 
 25 
Fonte, do Tabeli 11/: A. Zarychta, Dwudziestolecie..., ANN-MSZ 9886, k.140, 142. 
* Sekretarz Poselstwa RP w Rio de Janeiro, dr. J. Wagner do Ministerstwa Przemysłu i Handlu w sprawie ruchu 
emigrantów i pasażerów do Brazylii, ANN-MSZ 2435, k.33-34 
 Sekretarz Poselstwa RP w Rio de Janeiro, dr. J. Wagner do Ministerstwa Przemysłu i Handlu w sprawie 
ruchu emigrantów i pasażerów. Poufne z 15 stycznia 1936 r., ANN-MSZ, k.74. 
Smolana observando as cifras de outros autores concluiu, que antes da segunda guerra 
mundial estavam no Brasil, 250 mil polacos. Além destes, estavam também 11.500 judeus. Ele não 
afirma se estes eram polacos, mas os coloca junto a estes e também aos ucranianos. 
Nos resultados nos anos 1930-1938 residiam no Brasil cerca de 15 mil pessoas da Polônia. 
Neste, para o Rio Grande do Sul, havia sido dado nos anos 1930-1937, de acordo com os 
dados brasileiros, 3.577 pessoas. Em relação a todos DOS polono-brasileiros, os números 
realtivos não eram tão grandes. Tranferidos em 1938 para o Brasil através da „Światowy 
Związek Polaków z Zagranicy spis Polaków”, interrompidos pela campanha nacjonalista do 
presidente Getulio Vargas, mostrou o seguinte número: no Estado do Paraná – 88.605 
Pessoas, no Rio Grande do Sul – 80.000 e em Santa Catarina – 23.372 Polacos; total 
191.977 pessoas. J. Gieburowski alertou, quo nestes três Estados nos total os Polacos 
oscilou ao redor de 220 mil. Para o Estado de São Paulo e todos os localizados ao Norte 
destes Estados M. Sekuła deu um aumento no número de emigrantes nos anos 1930-1940 – 
12 mil pessoas. Estimativa simultânea de aumento natural no grupo polaco nesce período e 
para o mesmo território de 15 mil pessoas. 81 
Mais adiante, Smolana faz uma recapitulação dos dados e acrescenta os Ucranianos e os 
Judeus, sem entretanto, mencionar se estes Judeus seriam originários da Polônia. 
Recapitulando, no período anterior a explosão da II Guerra Mundial no Brasil eram 
conhecidos cerca de 247-250 mil Polacos. Ao lado desta massa de quase um quarto de 
milhão estavam localizados assim: Ucranianos – 22,5 mil – 36 mil; Judeus – 11,5 mil – 20 
mil. Destes no Paraná 15 mil Ucranianos e 2 mil Judeus, no Rio Grande do Sul – 2 mil 
Ucranianos e 3 mil Judeus, em Santa Catarina – 3,5 mil Ucranianos e 500 Judeus, e em 
outros Estados 2 mil Ucranianos e 6 mil Judeus. Quantos nestes dados são verdadeiros, não 
há maneira de comprovar. 82 
Entretanto, em outra tabela, Smolana ao relacionar os polacos em 19 países da América 
Latina antes da II Guerra Mundial, concorda que os cidadãos polacos eram 296 mil no Brasil e 126 mil 
na Argentina, ou seja, discordando de seus próprios dados. 
Tabela 17 
Cidadãos polacos na América Latina em 193983 
pais Número de cidadãos Polacos 
 Mínimo Máximo 
Brasil 281.000 296.000 
Argentina 126.00 
 
81 Idem. Pág. 450 e 451. 
82 Idem. Pág. 450 e 451. 
83 Idem. Pág. 446. 
 26 
Paraguai 17.000 
Uruguai 8.730 
Colômbia 700 1.500 
Peru 400 
México 4.000 5.000 
Costa Rica 330 
Panamá 90 
Curaçao 60 
Honduras 35 
Trinidad 77 
Guatemala 50 
Salvador 3 
Chile 380 
Venezuela 400 
Bolívia 150 
Equador 50 
Dominicana 35 
Total 441.150 456.290 
Fonte: A Zarychta, Dwudziestolecie...AAN-MSZ, 9886, k.59. AAN-MSZ – Arch. Akt Nowych – Minist. 
Sprawiedliwość i Zagraniczny. 
1.1.8. Números oficiais do Governo Brasileiro 
De sua parte, o principal órgão de recenseamento do governo brasileiro, o IBGE – Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatísticas há décadas não inclui em suas inquietações, seja em forma de 
perguntas, ou de estudos, a origem étnica do brasileiro. 
No censo de 1920, o IBGE concluiu que existiam 30.635.605 de habitantes no país e 685.711 
no Paraná. Destes, 1.565.961 eram estrangeiros e de 24.417 não se conhecia as nacionalidades. No 
Estado do Paraná, havia 62.753 estrangeiros e outros 357 com nacionalidade ignorada; enquanto na 
capital Curitiba, contavam-se 78.986 habitantes, 11.612 estrangeiros e 121 de nacionalidade ignorada. 
Nos anos posteriores, o IBGE apresentou as nacionalidades dos imigrantes. Contudo, continuava a não 
mencionar os polacos.84 Em 1935, entraram no país 29.585 novos imigrantes, sendo: 1º - Japoneses, 
3.611; 2º - Portugueses, 3.327; 3º - Alemães, 2.423; 4º - Italianos, 2.127; 5º - Polacos, 1.428; 6º - 
Espanhóis, 1206. Aparece pela primeira vez referência aos polacos. No

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