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Direito administrativo II: O que é um ato?: O ato é uma manifestação de vontade humana. -O ato exprime uma ação que gera efeitos e consequências. -Os atos administrativos são para toda a coletividade, expedido por uma pessoa jurídica de direito público para um interesse público. -É a manifestação de vontade unilateral da administração pública. Conceito de Atos Administrativos: “É toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública ou de quem o represente expedida no exercício da função administrativa e destinada ao cumprimento concreto da lei.” “A exteriorização da vontade de agentes da Administração Pública ou de seus delegatários, nessa condição, que, sob regime de direito público, vise à produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público” “A expressão atos da Administração traduz sentido amplo e indica todo e qualquer ato que se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema administrativo em qualquer dos Poderes. Significa apenas que a Administração Pública se exprime, na maioria das vezes, por meio de atos, de forma que, ao fazê-lo, pratica o que se denomina de atos da Administração. Pontos conceituais relevantes MANIFESTAÇÃO UNILATERAL DE VONTADE: Visa impor o cumprimento de obrigações em razão dos interesses representados pela própria Administração. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA OU QUEM A REPRESENTE: Particulares que executem funções administrativas em nome da Administração Pública podem praticar atos administrativos. (Ex: Concessionárias e Permissionárias) EXPEDIDA NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA: Os atos administrativos não se resumem aqueles praticados apenas pelo Poder Executivo. -Nem todos os atos jurídicos praticados pela Administração Pública são administrativos. DESTINADOS AO FIEL CUMPRIMENTO DA LEI: Possui caráter infralegal, não se admitindo a inovação do ordenamento jurídico. -Garante a aplicação da lei ao caso concreto. Observação especial: Os atos administrativos devem ser motivados e justificados. -Atos políticos ou de governo não são considerados atos administrativos. Ex.: veto a projeto de lei, concessão de indulto. “Alguns autores aludem também aos atos políticos ou de governo. Não concordamos, porém, com tal referência, vez que entendemos que tais atos estão fora das linhas dos atos da Administração. Estes emanam sempre da lei; são diretamente subjacentes a esta. Aqueles alcançam maior liberdade de ação, e resultam de normas constitucionais. O caráter governamental sobreleva ao administrativo.” Requisitos de Validade do Ato Administrativo: Aspectos gerais: São elementos essenciais para que o ato administrativo atenda aos interesses da coletividade. -A ausência de algum dos requisitos permite a invalidação pelo Poder Judiciário. “Tais elementos constituem os pressupostos necessários para a validade dos atos administrativos. Significa dizer que, praticado o ato sem a observância de qualquer desses pressupostos (e basta a inobservância de somente um deles), estará ele contaminado de vício de legalidade, fato que o deixará, como regra, sujeito à anulação.” REQUISITOS DE VALIDADE (FF.COM / ComiFioFó): I. Competência II. Forma III. Finalidade IV. Objeto V. Motivo I. COMPETÊNCIA: Poder atribuído em lei a determinado agente para o desempenho de suas funções. -Deve-se ficar atento à competência do agente em razão das inúmeras estruturas existentes em decorrência da forma federativa do Estado. “Competência é o círculo definido por lei dentro do qual podem os agentes exercer legitimamente sua atividade. Na verdade, poder-se-ia qualificar esse tipo de competência como administrativa, para colocá- la em plano diverso das competências legislativa e jurisdicional. O instituto da competência funda-se na necessidade de divisão do trabalho, ou seja, na necessidade de distribuir a intensa quantidade de tarefas decorrentes de cada uma das funções básicas (legislativa, administrativa ou jurisdicional) entre os vários agentes do Estado, e é por esse motivo que o instituto é estudado dentro dos três Poderes de Estado, incumbidos, como se sabe, do exercício daquelas funções.” II. FORMA: Modo pelo qual o ato se exterioriza. “De fato, uma coisa é o ato ter forma, e outra, diversa, é o ato ter forma válida. Por isso, para ser considerada válida, a forma do ato deve compatibilizar-se com o que expressamente dispõe a lei ou ato equivalente com força jurídica. Desse modo, não basta simplesmente a exteriorização da vontade pelo agente administrativo; urge que o faça nos termos em que a lei a estabeleceu, pena de ficar o ato inquinado de vício de legalidade suficiente para provocar-lhe a invalidação. O aspecto relativo à forma válida tem estreita conexão com os procedimentos administrativos. Constantemente, a lei impõe que certos atos sejam precedidos de uma série formal de atividades (é o caso da licitação, por exemplo). O ato administrativo é o ponto em que culmina a sequência de atos prévios. Por ter essa natureza, estará sua validade comprometida se não for observado todo o procedimento, todo o iter que a lei contemplou, observância essa, aliás, que decorre do princípio do devido processo legal, consagrado em todo sistema jurídico moderno.” -Via de regra é escrito, mas há exceções. “Diversamente do que se passa no direito privado, onde vigora o princípio da liberdade das formas, no direito público a regra é a solenidade das formas. E não é difícil identificar a razão da diversidade de postulados. No direito privado prevalece o interesse privado, a vontade dos interessados, ao passo que no direito público toda a atividade deve estar voltada para o interesse público.” “Regra geral que deve nortear a exteriorização dos atos. Deve o ato ser escrito, registrado (ou arquivado) e publicado. Não obstante, admite-se que em situações singulares possa a vontade administrativa manifestar-se através de outros meios, como é o caso de gestos (de guardas de trânsito, v. g.), palavras (atos de polícia de segurança pública) ou sinais (semáforos ou placas de trânsito). Esses meios, porém, é importante que se frise, são excepcionais e atendem a situações especiais.” III. FINALIDADE: Resultado pretendido com a prática do ato. (Pressuposto teleológico) -O afastamento da finalidade pode caracterizar o desvio de finalidade. “Finalidade é o elemento pelo qual todo ato administrativo deve estar dirigido ao interesse público. Realmente não se pode conceber que o administrador, como gestor de bens e interesses da coletividade, possa estar voltado a interesses privados. O intuito de sua atividade deve ser o bem comum, o atendimento aos reclamos da comunidade, porque essa de fato é a sua função. Nesse ângulo, é imperioso observar que o resultado da conduta pressupõe o motivo do ato, vale dizer, o motivo caminha em direção à finalidade.” “Exemplo de desvio de finalidade é aquele em que o Estado desapropria um imóvel de propriedade de desafeto do Chefe do Executivo com o fim predeterminado de prejudicá-lo. Ou aquele em que se concedem vantagens apenas a servidores apaniguados. O agente, nesse caso, afasta-se do objetivo que deve guiar a atividade administrativa, vale dizer, o interesse público.” IV. OBJETO: É o que o ato determina, ou seja, a alteração provocada na órbita jurídica. -Todo ato administrativo tem um comando (declara, determina, etc.) -É o que o ato decide, opina, certifica, declara, atesta... -O objeto do ato administrativo deverá ser lícito, possível, certo e moral. “Objeto, também denominado por alguns autores de conteúdo, é a alteração no mundo jurídico que o ato administrativo se propõe a processar. Significa, como informa o próprio termo, o objetivoimediato da vontade exteriorizada pelo ato, a proposta, enfim, do agente que manifestou a vontade com vistas a determinado alvo. Pode o objeto do ato administrativo consistir na aquisição, no resguardo, na transferência, na modificação, na extinção ou na declaração de direitos, conforme o fim a que a vontade se preordenar. Por exemplo: uma licença para construção tem por objeto permitir que o interessado possa edificar de forma legítima; o objeto de uma multa é punir o transgressor de norma administrativa; na nomeação, o objeto é admitir o indivíduo no serviço público etc.” V. MOTIVO: Situação de fato e direito que fundamenta ou determina a prática do ato administrativo. “Toda vontade emitida por agente da Administração resulta da impulsão de certos fatores fáticos ou jurídicos. Significa que é inaceitável, em sede de direito público, a prática de ato administrativo sem que seu autor tenha tido, para tanto, razões de fato ou de direito, responsáveis pela extroversão da vontade. Pode-se, pois, conceituar o motivo como a situação de fato ou de direito que gera a vontade do agente quando pratica o ato administrativo.” -A importância da motivação nos atos discricionários: Margem de liberdade dado ao gestor, ao agente público, para diante do caso concreto ele tome uma melhor decisão naquele momento. “Se a situação de fato já está delineada na norma legal, ao agente nada mais cabe senão praticar o ato tão logo seja ela configurada. Atua ele como executor da lei em virtude do princípio da legalidade que norteia a Administração. Caracterizar-se-á, desse modo, a produção de ato vinculado por haver estrita vinculação do agente à lei. Diversa é a hipótese quando a lei não delineia a situação fática, mas, ao contrário, transfere ao agente a verificação de sua ocorrência atendendo a critérios de caráter administrativo (conveniência e oportunidade). Nesse caso é o próprio agente que elege a situação fática geradora da vontade, permitindo, assim, maior liberdade de atuação, embora sem afastamento dos princípios administrativos. Desvinculado o agente de qualquer situação de fato prevista na lei, sua atividade reveste-se de discricionariedade, redundando na prática de ato discricionário.” TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES e o controle pelo Poder Judiciário: Quando o gestor toma uma decisão ele precisa justificar e é essa justificativa facilita o controle judiciário. “Desenvolvida no Direito francês, a teoria dos motivos determinantes baseia-se no princípio de que o motivo do ato administrativo deve sempre guardar compatibilidade com a situação de fato que gerou a manifestação da vontade. E não se afigura estranho que se chegue a essa conclusão: se o motivo se conceitua como a própria situação de fato que impele a vontade do administrador, a inexistência dessa situação provoca a invalidação do ato. LAUBADÈRE, tratando dos vícios no motivo, refere-se a duas espécies, e uma delas é exatamente a falta de correspondência do motivo com a realidade fática ou jurídica. Registra o autor: “O ato administrativo pode ser ilegal porque os motivos alegados pelo autor não existiram, na realidade, ou não têm o caráter jurídico que o autor lhes emprestou; é a ilegalidade por inexistência material ou jurídica dos motivos (considerada, ainda, erro de fato ou de direito)”. Acertada, pois, a lição segundo a qual “tais motivos é que determinam e justificam a realização do ato, e, por isso mesmo, deve haver perfeita correspondência entre eles e a realidade”” --/-- ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO: Aspectos gerais: Todo ato administrativo possui atributos. São características jurídicas especiais dos atos administrativos que decorrem da supremacia do interesse público sobre o privado. Atributos elementares: I. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE: -Presume que os atos são verdadeiros, praticados conforme a lei. -Também mencionado na doutrina como veracidade. -Trata-se de presunção iuris tantum. (presunção relativa porque comporta prova em contrário). Os atos administrativos, quando editados, trazem em si a presunção de legitimidade, ou seja, a presunção de que nasceram em conformidade com as devidas normas legais. “É certo que não se trata de presunção absoluta e intocável. A hipótese é de presunção iuris tantum (ou relativa), sabido que pode ceder à prova em contrário, no sentido de que o ato não se conformou às regras que lhe traçavam as linhas, como se supunha. Efeito da presunção de legitimidade é a autoexecutoriedade, que, como veremos adiante, admite seja o ato imediatamente executado. Outro efeito é o da inversão do ônus da prova, cabendo a quem alegar não ser o ato legítimo a comprovação da ilegalidade. Enquanto isso não ocorrer, contudo, o ato vai produzindo normalmente os seus efeitos e sendo considerado válido, seja no revestimento formal, seja no seu próprio conteúdo.” II. AUTOEXECUTORIEDADE: -Permite a execução do ato, quando necessário e possível, de forma imediata e direta pela própria Administração, independentemente de qualquer ordem judicial autorizativa anterior . “Significa ela que o ato administrativo, tão logo praticado, pode ser imediatamente executado e seu objeto imediatamente alcançado. Como bem anota VEDEL, tem ele idoneidade de por si criar direitos e obrigações, submetendo a todos que se situem em sua órbita de incidência.” “A autoexecutoriedade tem como fundamento jurídico a necessidade de salvaguardar com rapidez e eficiência o interesse público, o que não ocorreria se a cada momento tivesse que submeter suas decisões ao crivo do Judiciário. Além do mais, nada justificaria tal submissão, uma vez que assim como o Judiciário tem a seu cargo uma das funções estatais – a função jurisdicional –, a Administração também tem a incumbência de exercer função estatal – a função administrativa.” Exemplos: “Exemplos conhecidos do uso dessa prerrogativa são os da destruição de bens impróprios ao consumo público e a demolição de obra que apresenta risco iminente de desabamento. Verificada a situação que provoca a execução do ato, a autoridade administrativa de pronto o executa, ficando, assim, resguardado o interesse público.” Existem exceções previstas na própria CF: Denominadas cláusulas de reserva judicial. Ex: Inviolabilidade do lar, sigilo dos dados e comunicações. (exceções à regra) “Em algumas hipóteses, o ato administrativo fica despido desse atributo, o que obriga a Administração a recorrer ao Judiciário. Cite-se, como exemplo, a cobrança de multa ou a desapropriação. Ambas as atividades impõem que a Administração ajuíze a respectiva ação judicial.” III. IMPERATIVIDADE: Permite a execução do ato, quando necessário e possível, de forma imediata e direta pela própria Administração, independentemente de ordem judicial. (vai ser cumprido independentemente de a pessoa concordar.) “Imperatividade, ou coercibilidade, significa que os atos administrativos são cogentes, obrigando a todos quantos se encontrem em seu círculo de incidência (ainda que o objetivo a ser por ele alcançado contrarie interesses privados), na verdade, o único alvo da Administração Pública é o interesse público. Decorre da imperatividade o poder que tem a Administração de exigir o cumprimento do ato. Não pode, portanto, o administrado recusar-se a cumprir ordem contida em ato administrativo quando emanada em conformidade com a lei. A exigibilidade, assim, deflui da própria peculiaridade de ser o ato imperativo.” Outros atributos encontrados na doutrina IV. EXIGIBILIDADE/COERCIBILIDADE: Permite impor sanções administrativas por violação da norma jurídica sem necessidade de ordem judicial. V. TIPICIDADE: Observância do ato típico específico para o caso concreto.- Exemplo: “Habite-se” para ocupação de imóvel construído. --/-- CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS: 1) Quanto aos destinatários: I. GERAIS/REGULAMENTARES: São aqueles que regulam uma quantidade indeterminada de pessoas que se encontram na mesma situação jurídica. São considerados de natureza legislativa, por trazerem em si os aspectos de generalidade, abstração e impessoalidade. Submetem-se, por isso, em alguns casos, ao controle concentrado da constitucionalidade. Exemplo: Edital de concurso público. “Atos gerais, também denominados de normativos, são aqueles que regulam uma quantidade indeterminada de pessoas que se encontram na mesma situação jurídica. Exemplo: os regulamentos, as instruções normativas etc. Os atos gerais ou normativos são considerados como de natureza legislativa, por trazerem em si os aspectos de generalidade, abstração e impessoalidade.” II. INDIVIDUAIS: São os que se preordenam a regular situações jurídicas concretas, vale dizer, têm destinatários individualizados, definidos, mesmo coletivamente. Apresentam destinatário certo. Ao contrário dos atos normativos, podem eles ser impugnados diretamente pelos interessados quanto à legalidade, quer na via administrativa, quer através da via judicial. Exemplo: Permissão de uso de bem público, uma licença para construção. 2) Quanto ao alcance: I. INTERNOS: Geram efeitos dentro da própria Administração. Exemplo: Portaria. II. EXTERNOS: Geram efeitos fora da Administração. Exemplo: Fechamento de estabelecimento e licença. 3) Quanto ao objeto I. IMPÉRIO: São os que se caracterizam pelo poder de coerção decorrente do poder de império (ius imperi), não intervindo a vontade dos administrados para sua prática. Praticados pela Administração em posição de superioridade diante do particular. Exemplo: desapropriação, multa, interdição de atividade, os atos de polícia, etc. “A distinção entre essas categorias de atos é antiga, originando-se do Direito francês. A despeito de frequentemente criticada, tem sido sempre trazida à tona pela doutrina. Atos de império são os que se caracterizam pelo poder de coerção decorrente do poder de império (ius imperii), não intervindo a vontade dos administrados para sua prática. Como exemplo, os atos de polícia (apreensão de bens, embargo de obra), os decretos de regulamentação etc.” II. GESTÃO: O Estado atua no mesmo plano jurídico dos particulares quando se volta para a gestão da coisa pública. Nessa hipótese, pratica atos de gestão, intervindo frequentemente a vontade dos particulares. Ou seja, são editados sobre as regras de direito privado, em posição de igualdade como particular. Não tendo a coercibilidade dos atos de império, os atos de gestão reclamam, na maioria das vezes, soluções negociadas, não dispondo o Estado da garantia da unilateralidade que caracteriza sua atuação . Exemplo: Locação de imóvel, venda de bens públicos. “O Estado, entretanto, atua no mesmo plano jurídico dos particulares quando se volta para a gestão da coisa pública (ius gestionis). Nessa hipótese, pratica atos de gestão, intervindo frequentemente a vontade de particulares. Exemplo: os negócios contratuais (aquisição ou alienação de bens). Não tendo a coercibilidade dos atos de império, os atos de gestão reclamam na maioria das vezes soluções negociadas, não dispondo o Estado da garantia da unilateralidade que caracteriza sua atuação.” 4) Quanto ao grau de liberdade do administrador I. ATO VINCULADO: São aqueles que o agente pratica reproduzindo os elementos que a lei previamente estabelece. Ao agente, nesses casos, não é dada liberdade e apreciação da conduta, porque se limita, na verdade, a repassar para o ato o comando estatuído na lei. Ou seja, há apenas a averiguação de conformidade entre o ato e a lei. “Atos vinculados, como o próprio adjetivo demonstra, são aqueles que o agente pratica reproduzindo os elementos que a lei previamente estabelece. Ao agente, nesses casos, não é dada liberdade de apreciação da conduta, porque se limita, na verdade, a repassar para o ato o comando estatuído na lei. Isso indica que nesse tipo de atos não há qualquer subjetivismo ou valoração, mas apenas a averiguação de conformidade entre o ato e a lei. Exemplo de um ato vinculado: a licença para exercer profissão regulamentada em lei. Os elementos para o deferimento desse ato já se encontram na lei, de modo que ao agente caberá apenas verificar se quem o reivindica preenche os requisitos exigidos e, em caso positivo, deverá conferir a licença sem qualquer outra indagação.” II. ATO DISCRICIONÁRIO: Nestes é a própria lei que autoriza o agente a proceder a uma avaliação de conduta, obviamente tomando em consideração a inafastável finalidade do ato. A valoração incidirá sobre a conveniência e oportunidade, de modo que este, na atividade discricionária, resulta essencialmente da liberdade de escolha entre alternativas igualmente justas, traduzindo, portanto, um certo grau de subjetivismo. 5) Quanto à formação: I. ATOS SIMPLES: Se o ato emana da vontade de um só órgão ou agente administrativo, pouco importando a natureza, se unipessoal ou colegiada. Exemplo: Declaração de comissão parlamentar de inquérito. II. ATOS COMPOSTOS: Nele, não se compõe de vontade autônomas, embora múltiplas vontades. Há, na verdade, uma só vontade autônoma, ou seja, de conteúdo próprio. As demais são meramente instrumentais, porque se limitam à verificação de legitimidade do ato de conteúdo próprio. Resultam, portanto, da vontade única do órgão, ficando, entretanto, na dependência de confirmação por outro superior para se tornarem exequíveis. Exemplo 1: Afastamento sem vencimentos de servidor público. Exemplo 2: Embargos propostos por agente fiscal do trabalho III. ATOS COMPLEXOS: São aqueles cuja vontade final da Administração exige a intervenção de agentes ou órgão diversos, havendo certa autonomia, ou conteúdo próprio, em cada uma das manifestações. Resultam, portanto, da manifestação de vontade de mais de um órgão e agentes que se fundem para a prática de um ato uno. Exemplo: Investidura de Ministro do STF, que se inicia pela escolha do Presidente da República; passa, após para aferição do Senado Federal; e culmina com a nomeação. --/-- Espécies de atos administrativos: Atos normativos: Emitem comando geral e abstrato que viabiliza o cumprimento da lei. -São atos que regularizam tal assunto. Exemplos: Decretos, regulamentos, resoluções. EX: Uber. Atos ordinatórios: Disciplinam o funcionamento da Administração e a condução funcional de seus agentes no desempenho de suas atribuições. (poder hierárquico). EX: Instruções; circulares; avisos; ordens de serviços e ofícios. Atos negociais: Manifesta a vontade da administração em concordância com o interesse dos particulares. -Negocia com o particular. EX: Licença ambiental; autorização p/ fazer quermesse; permissão para banca de jornal. Atos enunciativos: Certificam ou atestam uma situação existente, não contendo manifestação de vontade da Administração Pública. EX: Certidões e atestados. EX: Certidão de contribuição; atestado de antecedêntes criminais. Atos punitivos: Aplicam sanções a particulares ou servidores que pratiquem condutas irregulares. EX: Multa, interdição de atividades e destruição de coisas (Vigilância Sanitária) --/-- Extinção dos atos administrativos: Extinção natural: Ocorre quando o ato administrativo produz todos os efeitos jurídicos que ensejaram sua prática. -A cessação dos efeitos independe de pronunciamento estatal. EX: Autorização para conduzir veículo automotor. Anulação: Ocorre por razões de ilegalidade.-Pode ser promovida pela própria Administração e Poder Judiciário -Produz efeitos ex tunc. Portanto, retroage. Desde o nascimento do ato já era irregular. -Em regra não gera o dever de indenizar, ressalvadas as hipóteses de comprovação de dano especial para o qual não tenha colaborado. EX: Contratação com uma empresa pela administração pública sem licitação. Revogação: Ocorre por critérios de conveniência e oportunidade. Pode ser promovida apenas própria Administração. Produz efeitos ex nunc. Só cessa efeitos futuros. EX: Pedir para as escolas filmarem os alunos cantando o hino nacional. Não há ilegalidade neste caso, mas por conveniência pode ser revogado. Cassação: Ocorre quando o administrado deixa de preencher condição necessária para continuar desfrutando por razões de ilegalidade. EX: Motorista que tem permissão para ser taxista e fica cego; Hotel que se transforma em “casa de tolerância” (puteiro). Caducidade: Ocorre com a sobrevinda de norma legal que proíbe situação antes autorizada. Renúncia: Beneficiário do ato abre mão de vantagem desfrutada. --/-- Convalidação dos atos administrativos: -Trata-se de forma para sanar falhas leves do ato a fim de preservar sua eficácia. É possível desde que não proporcione lesão ao interesse público, prejuízo a terceiros e o vício seja sanável. (art.55,L.9784/99). EX: Concurseiro passou em um concurso, porém o seu nome estava com uma letra diferente do RG. Convalida-se a sua admissão, pois não gera prejuízo. --/-- Contratos administrativos: Quando há no contrato, a presença da administração pública, seja no polo ativo, passivo, ou até mesmo em ambos. Contrato: Instrumento jurídico para regularizar um acordo de vontades. Conceito: “Ajustes que a Administração, nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para a consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de direito público.” (Di Pietro) “O ajuste firmado entre a Administração Pública e um particular, regulado basicamente pelo direito público, e tendo por objeto uma atividade que, de alguma forma, traduza interesse público.” Pontos relevantes: -Há diferença entre os contratos da administração para os contratos administrativos. -Prevalência do regime de direito público. --/-- Características: a. Submissão ao Direito Administrativo: Prevalece os princípios e normas aplicáveis ao Direito Público a fim de viabilizar o adequado atendimento dos serviços públicos. b. Presença da Administração em pelo menos um dos polos: A presença da Administração é condição necessária, mas não suficiente para caracterizar um contrato como administrativo. c. Desigualdade entre as partes: Contratos administrativos caracterizam-se pela verticalidade, pois a Administração Pública ocupa uma posição de superioridade diante do particular. d. Mutabilidade: Inaplicabilidade relativa do pacta sunt servanda Cabe modificação unilateral diante de causas supervenientes de interesse público. e. Existência de cláusulas exorbitantes: Poderes especiais para a administração dentro do contrato, projetando-a para uma posição de superioridade em relação ao contratado. f. Formalismo: O contrato administrativo não tem forma livre, devendo observar o cumprimento e requisitos intrínsecos e extrínsecos. --/-- Sujeitos do contrato administrativo: “O sujeito e o objeto têm qualificações especiais: o sujeito é sempre um agente investido de prerrogativas públicas, e o objeto há de estar preordenado a determinado fim de interesse público.” a. Regra geral: Contratante: O órgão ou entidade signatária do instrumento contratual. “Agentes da Administração: São todos aqueles que integram a estrutura funcional dos órgãos administrativos das pessoas federativas, em qualquer dos Poderes, bem como os que pertencem aos quadros de pessoas da Administração Indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). O único pressuposto exigido para sua caracterização é que, no âmbito de sua competência, exerçam função administrativa. Estão, pois, excluídos os magistrados e os parlamentares, quando no exercício das funções jurisdicional e legislativa, respectivamente; se, entretanto, estiverem desempenhando eventualmente função administrativa, também serão qualificados como agentes da Administração para a prática de atos administrativos. Os agentes delegatários: A seu turno, são aqueles que, embora não integrando a estrutura funcional da Administração Pública, receberam a incumbência de exercer, por delegação, função administrativa (função delegada). Resulta daí, por conseguinte, que, quando estiverem realmente no desempenho dessa função, tais pessoas estarão atuando na mesma condição dos agentes da Administração, estando, desse modo, aptas à produção de atos administrativos. Estão nesse caso, para exemplificar, os agentes de empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, e também os de pessoas vinculadas formalmente à Administração, como os serviços sociais autônomos (SESI, SENAI etc.). Averbe-se, porém, que, fora do exercício da função delegada, tais agentes praticam negócios e atos jurídicos próprios das pessoas de direito privado.” Contratado: Pessoa física ou jurídica signatária de contrato com a Administração Pública. a. Contratos administrativos plurilaterais: Não há a presença de particulares. As partes pactuantes são diversas entidades federativas firmando compromisso para defesa de interesses comuns e não conflitantes. --/-- Exigência de licitação prévia: Em regra, a celebração do contrato administrativo exige prévia licitação, exceto nos casos de contratação direta previstos na legislação. Ausência de licitação torna o contrato inexistente, inválido e ineficaz. Competência legislativa: Compete privativamente à União criar normas gerais sobre licitações e contratos administrativos. (art. 22, XXVII, CF) -Poderiam os Estados e Municípios editarem regras complementares?: Poderiam, mas normalmente não o fazem. Por evitar confusões. Cláusulas exorbitantes: Característica fundamental dos contratos administrativos: Exorbitante ≠ abusivo São cláusulas exorbitantes previstas na lei n. 8.666/93: a. Exigência de garantia; b. Alteração unilateral do objeto; c. Rescisão unilateral; d. Fiscalização; e. Aplicação de penalidades; f. Ocupação provisória. a. EXIGÊNCIA DE GARANTIA: -Necessidade de previsão no instrumento convocatório. (edital) -Finalidade da garantia: Assegurar que tem capacidade de dar continuidade na execução do serviço. -Cabe ressaltar que é o contratado quem escolhe qual forma vai oferecer essa garantia. Valor da garantia: A garantia não pode exceder a cinco por cento do valor do contrato. Caso existam atualizações no contrato o valor da garantia também pode ser reajustado. (art. 56, §2) Obras de grande vulto e alta complexidade: Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiro consideráveis, demonstrados através..... Quando o contrato exige entrega de bens pela administração: Nos casos de contratos que importem na entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens. Restituição da Garantia: A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a execução do contrato e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente. Opções do contratado no oferecimento da garantia: -Caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública; -Seguro –garantia; -Fiança bancária. b. ALTERAÇÃOUNILATERAL DO OBJETO: Possibilidade de modificação unilateral para melhor adequação às finalidades de interesse público. Limites da alteração unilateral: -Até 25%, para obras, serviços ou compras; -Até 50%, no caso de reforma em edifício ou equipamento. Efeitos da alteração unilateral para o equilíbrio contratual: Restabelecimento do equilíbrio econômico- financeiro. RESCISÃO UNILATERAL: Possível diante de problemas no cumprimento pelo particular ou interesse da própria administração. FISCALIZAÇÃO: Representante e eventual contratação de terceiros. Não cumprimento das determinações de correntes da fiscalização: Enseja possível rescisão APLICAÇÃO DE PENALIDADES: Sanções Administrativas para inexecução do contrato/Processo Administrativo. Penalidades cabíveis: A) Advertência; B) Multa; C) Suspensão temporária do direito de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, por prazo não superior a dois anos; D) Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração. Comentários Especiais: Duração dos efeitos da declaração de inidoneidade: A inidoneidade vai permanecer enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade. ▪ Reabilitação: Será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior (dois anos). Limites da declaração de inidoneidade e suspensão: Efeito Restritivo ou Extensivo? 1ª Teoria: Efeito restritivo: Os efeitos da suspensão aplicam-se tão somente às entidades da federação em que a sanção foi aplicada. Fundamento: Autonomia das pessoas da federação e ofensa ao princípio da competitividade. 2ªTeoria: Efeito restritivo para a suspensão e extensivo à declaração, ou seja, neste último aplica-se a todos os entes federativos. 3ª Teoria: Adotada por Carvalho Filho. Sempre é extensiva . OCUPAÇÃO PROVISÓRIA: Possibilidade no caso dos serviços essenciais. Aplica-se a bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato. Visa garantir a apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado ou na hipótese de rescisão do contrato administrativo. https://professorgomes.files.wordpress.com/2019/03/04.-contratos-administrativos.pdf https://morumbidireito.files.wordpress.com/2015/09/direito-administrativo-28c2aa-ed-2015-josc3a9-dos- santos-carvalho-filho.pdf