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DISCIPLINA: CONTABILIDADE GERAL AULA 4 Prof.ª Edicreia Andrade dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Olá! Quando a empresa efetua uma venda a prazo, ela não recebe o dinheiro no ato. O cliente lhe entrega um título de crédito, como uma duplicata ou uma nota promissória, na qual se compromete a efetuar o pagamento no futuro. Porém, a entidade não tem certeza de que o cliente pagará essa dívida no futuro e na data estipulada (Szuster et al., 2011). No entanto, a empresa precisa reconhecer esse risco de inadimplência. Além disso, algumas obrigações das empresas estão condicionadas à ocorrência de eventos futuros e incertos, por exemplo, em uma ação judicial trabalhista, a empresa não sabe se vai ganhar ou perder a ação e nem sabe o valor que poderá receber ou que terá de pagar (seriam os passivos ou ativos contingentes). Nesta aula, iremos estudar a respeito de ativos e passivos contingentes, perdas estimadas e suas contabilizações, com o objetivo de proporcionar a compreensão dos fundamentos básicos que envolvem as provisões e desenvolver a capacitação prática de escrituração contábil, aplicada ao registro contábil das perdas estimadas. CONTEXTUALIZANDO Abordaremos alguns temas importantes, os quais você confere a seguir: 1. Provisões: Ativo Contingente e Passivo Contingente – compreender os principais conceitos relacionados ao estudo das provisões. 2. Perdas estimadas no Ativo: perda estimada em Créditos de Liquidação Duvidosa – compreender os principais conceitos relacionados as perdas estimadas em Ativos. 3. Perda Estimada em Estoques (PEE): estoques de matérias primas utilizadas na produção e de materiais de almoxarifado de uso geral –compreender os principais conceitos relacionados as perdas estimadas em Estoques. 4. Estoque de Produtos Acabados para venda e de mercadorias para revenda, estoque de produtos para revenda, estoque de produtos em fabricação e perda estimada por redução ao valor recuperável – 3 aplicar os principais conceitos das perdas estimadas (ativos e estoques) na escrituração contábil. 5. Formas de contabilização – aplicar os principais conceitos das perdas estimadas (ativos e estoques) na escrituração contábil. Provisões são consideradas expectativas de obrigações ou de perdas de ativos no futuro. As provisões são constituídas com o objetivo de apropriar no resultado de um período de apuração, custos ou despesas, que provável ou certamente ocorrerão no futuro. O CPC 25 (CPC 25, 2009) define provisão como “um passivo de prazo ou de valor incertos”. É nesse sentido que se insere o conceito de contingência. Ele pode ser definido como uma situação em que o resultado – seja ele favorável, ou não – depende de eventos futuros incertos. Na contabilidade, esse conceito restringe-se ao efeito financeiro determinado por eventos futuros que podem ou não ocorrer. A determinação de apresentar ou não uma contingência nos demonstrativos contábeis é de competência da administração e consultores da empresa. Dessa forma, uma provisão seria uma maneira de lidar com a incerteza de mensurar o valor e/ou o prazo de uma liquidação. É muito comum aplicar essa expressão (provisão) a férias e décimo terceiro salário, por exemplo. Porém, com base na definição dada pelo CPC 25, não são provisões, pois na verdade os valores são conhecidos e o prazo de liquidação também é certo. O CPC 25 salienta ainda: todas as provisões são contingentes porque são incertas quanto ao prazo ou valor. Porém, no Pronunciamento Técnico o termo contingente é usado para passivos e ativos que não são reconhecidos, pois a sua existência somente será confirmada se ocorrer ou não o evento futuro incerto. TEMA 1 – PROVISÕES: ATIVO CONTINGENTE E PASSIVO CONTINGENTE Uma provisão pode ser constituída por uma empresa para se salvaguardar de um futuro gasto com obrigações já ocorridas e que ainda não tem prazos nem valores definidos e confiáveis de liquidação. 4 Nesse sentido, faz-se necessário definir ativos e passivos contingentes. Conforme o CPC 25 (2009), “ativo contingente é um ativo possível que resulta de eventos passados e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da entidade”. Em consonância com os princípios contábeis, as contingências ativas (que seriam ganhos) não devem ser reconhecidas contabilmente enquanto a sua obtenção não estiver assegurada. Por exemplo, em uma causa judicial, deve-se registrar um resultado favorável à empresa apenas quando ele efetivamente ocorrer, caso contrário pode-se apenas divulgar a expectativa da empresa. Já passivo contingente é definido pelo CPC (2009) como (a) uma obrigação possível que resulta de eventos passados e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da entidade; ou (b) uma obrigação presente que resulta de eventos passados, mas que não é reconhecida porque: (i) não é provável que uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos seja exigida para liquidar a obrigação, ou (ii) o valor da obrigação não pode ser mensurado com suficiente confiabilidade. Ao contrário da contingência ativa, a contingência passiva pode ser provisionada quando: For provável que eventos futuros e/ou a experiência passada venham a confirmar o fato e quando. A perda puder ser razoavelmente estimada. Porém, mesmo que o valor não possa ser estimado, a empresa pode optar por divulgar as informações relevantes em notas explicativas, para que os usuários tenham conhecimento desse possível risco e perda. Quando a empresa for divulgar informações sobre as contingências passivas (perdas) deve-se levar em consideração: Se a natureza dessa contingência é trabalhista, previdenciária, tributária, cível, ambiental etc. Apresentar uma descrição pormenorizada do evento contingente que envolve a empresa. A chance de ocorrência da contingência (provável, possível ou remota), 5 A situação (exemplo: se o processo judicial está sendo julgado em última instância). Uma avaliação acerca desse risco de perda e seus impactos sobre a empresa. Além disso, é necessário diferenciar-se as provisões de outros passivos da empresa, como por exemplo, Contas a Pagar. Nas provisões há a incerteza sobre o prazo ou o valor do desembolso futuro necessário para sua liquidação. Por outro lado, nas contas a pagar, temos passivos a pagar devido ao recebimento de serviços ou de bens que já foram faturados e que tenham um contrato com o fornecedor. Conforme o CPC 25, para que uma provisão seja reconhecida é necessário que: “i) a empresa possua obrigação presente que seja resultado de evento passado; ii) seja provável desembolso de recursos que gerem benefícios econômicos; iii) possa ser feita estimativa confiável do valor a ser pago.” Na sequência apresenta-se um resumo de quando reconhecer ou não a contingência. Quadro 1 – Quando reconhecer ou não a contingência Tipo de Contingência Probabilidade Tratamento Ativa Praticamente certa Reconhecer o ativo Provável Divulgar Possível ou Remota Não divulgar Passiva Provável e mensurável com segurança Provisionar Provável mas não mensurável com segurança Divulgar Possível Divulgar Remota Não divulgar 6 O CPC 25 apresenta o seguinte modelo ilustrativo de uma árvore de decisão para resumiras solicitações para o reconhecimento das provisões e passivos contingentes. Figura 1 – Árvore de decisão Fonte: CPC 25, 2006. Dessa forma, conclui-se que uma contingência ativa não é provisionada e pode ser apenas reconhecida no ativo quando estiver certa de ocorrer. Já a contingência passiva pode ser provisionada quando for provável a sua ocorrência e puder ser estimado de maneira confiável, caso contrário, será apenas divulgada como passivo contingente. Além das dificuldades acerca do reconhecimento ou não de uma provisão, permeia outro aspecto: determinar o valor dessa provisão, ou seja, a sua mensuração. Para isso, geralmente a empresa contrata um especialista, de 7 modo que o grau de incerteza sobre esse valor seja minimizado. Vejamos o seguinte exemplo apresentado no CPC 25 (2006). A entidade vende bens com uma garantia segundo a qual os clientes estão cobertos pelo custo da reparação de qualquer defeito de fabricação que se torna evidente dentro dos primeiros seis meses após a compra. Se forem detectados defeitos menores em todos os produtos vendidos, a entidade irá incorrer em custos de reparação de 1 milhão. Se forem detectados defeitos maiores em todos os produtos vendidos, a entidade irá incorrer em custos de reparação de 4 milhões. A experiência passada da entidade e as expectativas futuras indicam que, para o próximo ano, 75 por cento dos bens vendidos não terão defeito, 20 por cento dos bens vendidos terão defeitos menores e 5 por cento dos bens vendidos terão defeitos maiores. Dessa forma a entidade avalia a probabilidade de uma saída para as obrigações de garantias como um todo. O valor esperado do custo das reparações é: (75% x 0) + (20% x $ 1 milhão) + (5% de $ 4 milhões) = $ 400.000 TEMA 2 – PERDAS ESTIMADAS NO ATIVO: PERDA ESTIMADA EM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA Em conformidade com as alterações da legislação nacional, a partir do ano de 2010, houve algumas mudanças nos critérios de reconhecimento e mensuração de itens patrimoniais. Um deles é a Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD). Essa conta teve sua nomenclatura modificada para Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) e passou a ser mensurada por meio das perdas efetivamente incorridas (CPC 38). Vale ressaltar que pela legislação anterior, as perdas eram calculadas com base em estimativas e/ou probabilidades de sua ocorrência. Porém, continua-se a efetuar a estimativa de perdas em contas a receber, que representa a incerteza no recebimento dos valores. Por ser uma conta patrimonial, a PECLD é uma forma de proteção contra o risco de crédito atualmente constituída das perdas que efetivamente ocorreram. Essa alteração foi necessária, pois antes a metodologia de reconhecimento e mensuração era feita por probabilidades. Algumas empresas reconheciam as perdas com base na média de inadimplência dos três últimos exercícios. Outras empresas (públicas) registravam a perda quando havia um atraso de 90 ou 180 dias no pagamento da fatura. 8 Nesse sentido, apresentamos um exemplo para realizar a contabilização da PECLD. Consideramos a seguinte situação patrimonial da empresa GI S.A. em 20X5. Quadro 2 – Situação patrimonial da empresa GI S.A. em 20X5 Ativo Passivo e Patrimônio Liquido Caixa 18.000 Duplicatas a receber 39.000 Estoque 57.000 Contas a pagar 15.000 Patrimônio Líquido Capital 75.000 Lucros 24.000 Total 114.000 Total 114.000 No demonstrativo, a empresa tem $ 39.000 em Duplicatas a Receber, porém, somente $ 36.000 serão efetivamente recebidos por ela. Dessa forma, a empresa precisa registrar uma perda estimada de $ 3.000 efetuando o seguinte lançamento: Débito – Despesa com PECLD 3.000 Crédito – PECLD 3.000 Nesse caso, a conta Despesa com PECLD é uma conta de Resultado e a Conta PECLD é uma conta redutora do Ativo, sendo apresentada logo abaixo das duplicatas a receber. O cálculo da PECLD pode ser previsto das seguintes formas: Pela análise individual dos devedores, ou seja, verificando-se em cada caso a possibilidade de recebimento ou não. Determinação da perda aplicando-se uma percentagem sobre vendas, considerando o histórico. Aplicação de uma percentagem sobre o saldo dos créditos a receber no fim do período. 9 Após a estimação da perda, a empresa constatou que um título do cliente João da Silva no valor de $ 1.000 tornou-se incobrável. Logo, precisa efetuar a baixa desse título da seguinte forma: Débito – PECLD 1.000 Crédito – Duplicatas a receber 1.000 Vale ressaltar que tal contabilização será efetuada diretamente na conta redutora do ativo, a PECLD, e não em uma conta de resultado, como despesa. Visto que a “provisão” é efetuada com base em estimativas, pode-se incorrer em erros tanto mediante estimativa de um valor maior que o ocorrido ou por um valor menor que o ocorrido. Quando a estimativa for menor que o valor real, efetua-se apenas um ajuste, lançando a débito o valor restante em uma conta de resultado, que será caracterizado como uma perda não esperada. Quando o valor estimado da perda for maior que o efetivo valor da perda, efetua- se o seguinte registro contábil: Débito – PECLD 500 Crédito – Despesa com PECLD 500 No exemplo, a empresa havia registrado uma PECLD de $ 3.000, mas na verdade a perda ocorrida foi de apenas $ 2.500. Logo, a diferença será contabilizada. TEMA 3 – ESTOQUE DE PRODUTOS ACABADOS PARA VENDA E DE MERCADORIAS PARA REVENDA, ESTOQUE DE PRODUTOS PARA REVENDA, ESTOQUE DE PRODUTOS EM FABRICAÇÃO E PERDA ESTIMADA POR REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL Conforme Ferreira (2009), no Balanço Patrimonial os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos da empresa, como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado serão avaliados pelo custo de aquisição ou produção deduzido das provisões (para efetuar o ajuste ao valor de mercado quando este for inferior). 10 Para tanto, considera-se como valor de mercado para matérias-primas e bens em almoxarifado o preço de reposição (mediante compra no mercado) e, para os bens destinados à venda, considera-se como valor de mercado o preço da venda. Quanto aos produtos acabados e em elaboração, este serão avaliados pelo seu custo de produção (conforme será visto no próximo tema). O estoque de matérias-primas é representado por todos os materiais que serão utilizados no processo produtivo. O setor de almoxarifado é responsável pela verificação de toda a documentação de entradas e saídas. As entradas, quando de origem externa, são denominadas de compras e as entradas de origem interna podem ser devoluções ou produtos acabados pela produção e que se destinem a outra operação. Já as saídas do almoxarifado podem ser destinadas ao setor de produção ou para outros setores da empresa. Podem também ocorrer quando da baixa por obsolescência, devolução aos fornecedores, entre outros. Vale ressaltar: o custo de aquisição ou produção deve ser deduzido de provisão para efetuar o ajuste ao valor de mercado (se este for menor). Vejamos o seguinte exemplo de uma indústria que possui os seguintes estoques.Quadro 3 – Estoques de uma empresa Matérias-primas Valor de aquisição Valor de mercado Provisão A 100,00 90,00 10,00 B 300,00 310,00 - C 250,00 230,00 20,00 650,00 630,00 30,00 Nesse caso, a provisão deverá ser constituída para as matérias-primas A e C (porque o valor de mercado é inferior ao custo de aquisição). O ajuste será efetuado da seguinte forma Débito – Despesa com Provisões 30,00 Crédito – Provisão para ajuste ao valor de mercado 30,00 A conta de ajuste é uma conta redutora do Ativo Circulante. Logo, tem-se $ 650,00 em estoques de matérias-primas, menos $ 30,00 do ajuste, resultando 11 em um valor contábil das matérias-primas de $ 620,00. O registro da perda estimada em estoques ocorre quando os estoques das empresas se tornaram obsoletos, ou então se deterioraram ou foram roubados, de modo que o valor do estoque seja reduzido. Ferreira (2009) salienta que, para o caso dos estoques de mercadorias e dos demais bens em almoxarifado, os procedimentos são iguais ao caso das matérias-primas. Nesse sentido, os custos de aquisição devem representar todos os gastos até a sua possível comercialização ou utilização na produção. Logo, esse valor engloba os gastos com as compras desses bens, mais fretes, seguro, impostos de importação, sendo que o único cuidado é quanto ao ICMS e ao IPI. TEMA 4 – ESTOQUE DE PRODUTOS ACABADOS PARA VENDA E DE MERCADORIAS PARA REVENDA, ESTOQUE DE PRODUTOS PARA REVENDA, ESTOQUE DE PRODUTOS EM FABRICAÇÃO E PERDA ESTIMADA POR REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL Estoque refere-se a todos os bens tangíveis que a empresa mantém para venda ou uso próprio ou aqueles que se destinam ao consumo na produção de mercadorias para venda (Portal de Contabilidade). Dessa forma, os estoques podem ser representados por mercadorias para revenda, produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas, almoxarifado, importações em andamento, entre outros. O CPC 16 ainda complementa: Os itens existentes fisicamente em estoques, excluindo-se aqueles que estão fisicamente na empresa, mas não são de propriedade da empresa, tais como aqueles recebidos em consignação, por exemplo; Os itens de propriedade da empresa que estão em poder de terceiros para conserto, por exemplo. Os Produtos em Elaboração englobam os gastos de fabricação, os custos de materiais e a mão de obra, que consequentemente serão alocados ao preço dos produtos que estão em processo de fabricação ou industrialização. Essa apuração poderá ser efetuada ao longo do período (mediante um sistema de 12 custos integrado com a contabilidade) ou somente no fim do período. O último caso poderá ser contabilizado da seguinte forma: Débito – Produtos em elaboração (Ativo Circulante) Crédito – Custo dos Produtos Vendidos (Conta de Resultado) Os Produtos Acabados referem-se a produtos terminados e fabricados pela própria empresa, que estão disponíveis para a venda. Eles podem estar estocados na própria empresa ou em estabelecimentos (depósitos) de terceiros. A contabilização da transferência de Produtos em Elaboração para Produtos Acabados ocorre da seguinte forma: Débito – Produtos Acabados Crédito – Produtos em Elaboração Essas duas contas pertencem a uma subclassificação da conta de Estoques do Ativo Circulante. Na sequência, apresenta-se a contabilização da baixa dos Produtos Acabados, devido à realização de uma venda. Débito – Custo dos Produtos Vendidos (Conta de Resultado) Crédito – Produtos Acabados Além dessa operação, registra-se ainda a Receita de Vendas. As mercadorias para a revenda são obtidas acabadas de terceiros, apenas com a finalidade de venda, não sofrendo nenhuma transformação na empresa. Outro caso são os Estoques de Terceiros, como o recebimento de materiais de um cliente para industrialização, efetuado por encomenda do cliente. Nesse sentido, a contabilização da entrada desses materiais que serão posteriormente processados será a seguinte: Débito – Estoque de Terceiros (Ativo Circulante) Crédito – Estoques a Industrializar (Passivo Circulante) Caso se considere que a empresa tenha prestado o serviço e agora fará a devolução desse material ao cliente, deveremos efetuar o lançamento inverso ao anterior. Além disso, será lançado o valor cobrado pelo serviço prestado da seguinte forma: Débito – Clientes Crédito – Receita de Serviços de Industrialização (Conta de Resultado) 13 Além disso, o valor dos produtos deve ser ajustado ao valor de mercado. Isso é denominado redução ao valor recuperável (também conhecido como Teste de Impairment). Reduzir um Ativo ao seu valor recuperável significa assegurar que este Ativo não será registrado contabilmente por um valor superior àquele passível de ser recuperado por uso ou até mesmo por venda. No caso das matérias primas, compara-se o valor com o preço de reposição, e no caso de bens destinados à venda compara-se com o preço de realização destas vendas. Dessa forma, em conformidade com o CPC 01, os Ativos, quando estão avaliados por valor não recuperável no futuro, a contabilidade deve reconhecer essa redução por meio da constituição de uma estimativa de perdas. No caso das perdas nos estoques (por causa da obsolescência), efetua-se a contabilização da seguinte maneira: Débito – Perdas com Estoques Obsoletos (Conta de Resultado) Crédito – Provisão para Perdas em Estoques (Conta Redutora de Estoques) Neste tema, foi possível perceber os aspectos especiais de cada elemento do estoque e como sua contabilização deve ser feita. É importante o estudo da natureza do lançamento, lembrando sempre que a elaboração dos lançamentos contábeis deve seguir criteriosamente o regime de competência. Ou seja, o registro deve ocorrer no exato momento da confirmação da ação – neste caso, no momento em que há alguma modificação nos estoques. TEMA 5 – FORMAS DE CONTABILIZAÇÃO Nesta seção serão apresentados alguns exemplos de contabilização das provisões. De forma bem simplificada, a contabilização envolve contas de resultado (despesas) e contas patrimoniais (Passivo Circulante ou Passivo Não Circulante). Débito – Despesa com Provisão Crédito – Provisão. Porém, vale ressaltar: nem sempre o valor provisionado é igual ao valor quitado ao fim. Para isso, deve-se efetuar um ajuste. Por exemplo, suponhamos 14 que um funcionário moveu uma ação judicial contra a empresa. Sendo provável que a empresa perderia a ação, ele efetuou uma provisão no valor de $ 50.000,00. Entretanto, após o julgamento, o valor da indenização devida ao funcionário foi fixado em $ 45.000,00. Dessa forma, efetuam-se os seguintes lançamentos: Débito – Despesa com Provisões Trabalhistas 50.000 Crédito – Provisão Trabalhista 50.000 Débito – Provisão Trabalhista 45.000 Crédito – Provisão Trabalhista a Pagar 45.000 E, por fim, a reversão do valor excedente será efetuada da seguinte forma: Débito – Provisão Trabalhista 5.000 Crédito – Reversão da Provisão (conta de resultado) 5.000 Porém, o inverso também poderá ocorrer, ou seja, o valor que a empresa provisionou poderá ser inferior ao valor fixado no fim do julgamento. Por exemplo, suponhamos que o valor fixado fosse, na verdade, de $ 60.000,00. Débito – Despesa com Provisões Trabalhistas 50.000 Crédito – Provisão Trabalhista 50.000 Débito – Provisão Trabalhista 50.000 Débito – Despesa com Indenização Trabalhista 10.000 Crédito – Provisão Trabalhista a pagar 60.000 Surge assima conta de Despesa com Indenização para efetuar o registro da diferença do valor que deverá ser pago pela empresa. Agora, suponhamos que o processo movido pela empresa seja arquivado. O lançamento a ser efetuado é o seguinte: Débito – Provisão Trabalhista 50.000 Crédito – Reversão da Provisão (conta de resultado) 50.000 15 TROCANDO IDEIAS A seguir, indicamos algumas leituras importantes. A respeito de Provisão, Ativo e Passivo Contingente: CASO PRÁTICO: provisões e passivos contingentes – prov. para riscos fiscais, trabalhistas e cíveis. Manual de Contabilidade On-line, 3 abr. 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NiJekqFjDUg>. Acesso em: 8 dez. 2016. DICA #01: FCC (CPC 25 – Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes). Contabilizando, 23 de jan. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=saaPgNu4FD8>. Acesso em: 8 dez. 2016. A respeito de Perda Estimada de Estoques: CASO PRÁTICO: Estoques das atividades operacionais e consumo interno – perdas estimadas Estoques. Manual de Contabilidade On-line, 3 abr. 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=W90eA5vyqK4>. Acesso em: 8 dez. 2016. A respeito de Redução ao Valor recuperável: SCARPIN, J. E. Redução ao Valor Recuperável de Ativos: CPC 01 – Teste de impairment. Jorge Eduardo Scarpin, 26 jun. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=w3R3qESks20>. Acesso em: 8 dez. 2016. SCARPIN, J. E. CPC 01: Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Jorge Eduardo Scarpin, 19 ago. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fjzG7e64l4k>. Acesso em: 8 dez. 2016. 16 NA PRÁTICA Efetue a contabilização de uma perda de $ 5.000,00 em duplicatas a receber. Posteriormente a empresa percebeu que a perda era na verdade de $ 4.000,00. Faça o ajuste. Resposta: Débito – Despesa com PECLD 5.000 Crédito – PECLD 5.000 Débito – PECLD 1.000 Crédito – Despesa com PECLD 1.000 Efetue a contabilização de uma perda de 2.000 devido a obsolescência dos produtos. Resposta: Débito – Perdas com Estoques Obsoletos 2.000 Crédito – Provisão para Perdas em Estoques 2.000 SÍNTESE Devido às alterações na legislação brasileira, com a convergência aos padrões internacionais, foram feitas algumas modificações em determinados conceitos contábeis. O conceito de provisões é um dos que sofreram tais alterações, o que impactou na Perda Estimada do Ativo, principalmente nos créditos de liquidação duvidosa, assim como na conceituação e reconhecimento dos ativos e passivos contingentes. Outro conceito introduzido com essas mudanças foi o valor recuperável dos ativos, tanto no Estoque quanto no imobilizado. 17 REFERÊNCIAS CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 01: Redução ao Valor Recuperável de Ativos. (2010). Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em: 8 dez. 2016. _____. Pronunciamento Técnico CPC 16: Estoques. (2009). Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em: 8 dez. 2016. _____. Pronunciamento Técnico CPC 25: Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. (2009). Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em: 8 dez. 2016. _____. Pronunciamento Técnico CPC 38: Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração. (2009). Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em: 8 dez. 2016. FERREIRA, R. J. Contabilidade Básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2009. IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade Comercial: atualizado conforme Lei n. 11.638/07 e Lei n. 111.941/09. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARION, J. C. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo Atlas, 2009. PADOVEZE, C. L. Manual de Contabilidade Básica: contabilidade introdutória e intermediária. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PORTAL DE CONTABILIDADE. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br>. Acesso em: 8 dez. 2016. SZUSTER, N. et al. Contabilidade Geral. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
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