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DISCIPLINA: 
CONTABILIDADE 
GERAL 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Edicreia Andrade dos Santos 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Olá! Quando a empresa efetua uma venda a prazo, ela não recebe o 
dinheiro no ato. O cliente lhe entrega um título de crédito, como uma duplicata 
ou uma nota promissória, na qual se compromete a efetuar o pagamento no 
futuro. Porém, a entidade não tem certeza de que o cliente pagará essa dívida 
no futuro e na data estipulada (Szuster et al., 2011). No entanto, a empresa 
precisa reconhecer esse risco de inadimplência. 
Além disso, algumas obrigações das empresas estão condicionadas à 
ocorrência de eventos futuros e incertos, por exemplo, em uma ação judicial 
trabalhista, a empresa não sabe se vai ganhar ou perder a ação e nem sabe o 
valor que poderá receber ou que terá de pagar (seriam os passivos ou ativos 
contingentes). 
Nesta aula, iremos estudar a respeito de ativos e passivos contingentes, 
perdas estimadas e suas contabilizações, com o objetivo de proporcionar a 
compreensão dos fundamentos básicos que envolvem as provisões e 
desenvolver a capacitação prática de escrituração contábil, aplicada ao registro 
contábil das perdas estimadas. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Abordaremos alguns temas importantes, os quais você confere a seguir: 
1. Provisões: Ativo Contingente e Passivo Contingente – compreender 
os principais conceitos relacionados ao estudo das provisões. 
2. Perdas estimadas no Ativo: perda estimada em Créditos de 
Liquidação Duvidosa – compreender os principais conceitos 
relacionados as perdas estimadas em Ativos. 
3. Perda Estimada em Estoques (PEE): estoques de matérias primas 
utilizadas na produção e de materiais de almoxarifado de uso geral 
–compreender os principais conceitos relacionados as perdas estimadas 
em Estoques. 
4. Estoque de Produtos Acabados para venda e de mercadorias para 
revenda, estoque de produtos para revenda, estoque de produtos em 
fabricação e perda estimada por redução ao valor recuperável – 
 
 
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aplicar os principais conceitos das perdas estimadas (ativos e estoques) 
na escrituração contábil. 
5. Formas de contabilização – aplicar os principais conceitos das perdas 
estimadas (ativos e estoques) na escrituração contábil. 
 
Provisões são consideradas expectativas de obrigações ou de perdas de 
ativos no futuro. As provisões são constituídas com o objetivo de apropriar no 
resultado de um período de apuração, custos ou despesas, que provável ou 
certamente ocorrerão no futuro. O CPC 25 (CPC 25, 2009) define provisão como 
“um passivo de prazo ou de valor incertos”. 
É nesse sentido que se insere o conceito de contingência. Ele pode ser 
definido como uma situação em que o resultado – seja ele favorável, ou não – 
depende de eventos futuros incertos. Na contabilidade, esse conceito 
restringe-se ao efeito financeiro determinado por eventos futuros que podem ou 
não ocorrer. A determinação de apresentar ou não uma contingência nos 
demonstrativos contábeis é de competência da administração e consultores da 
empresa. 
Dessa forma, uma provisão seria uma maneira de lidar com a incerteza 
de mensurar o valor e/ou o prazo de uma liquidação. É muito comum aplicar essa 
expressão (provisão) a férias e décimo terceiro salário, por exemplo. Porém, com 
base na definição dada pelo CPC 25, não são provisões, pois na verdade os 
valores são conhecidos e o prazo de liquidação também é certo. 
O CPC 25 salienta ainda: todas as provisões são contingentes porque são 
incertas quanto ao prazo ou valor. Porém, no Pronunciamento Técnico o termo 
contingente é usado para passivos e ativos que não são reconhecidos, pois a 
sua existência somente será confirmada se ocorrer ou não o evento futuro 
incerto. 
 
TEMA 1 – PROVISÕES: ATIVO CONTINGENTE E PASSIVO CONTINGENTE 
Uma provisão pode ser constituída por uma empresa para se 
salvaguardar de um futuro gasto com obrigações já ocorridas e que ainda não 
tem prazos nem valores definidos e confiáveis de liquidação. 
 
 
 
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Nesse sentido, faz-se necessário definir ativos e passivos contingentes. 
Conforme o CPC 25 (2009), “ativo contingente é um ativo possível que resulta 
de eventos passados e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência 
ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da 
entidade”. Em consonância com os princípios contábeis, as contingências ativas 
(que seriam ganhos) não devem ser reconhecidas contabilmente enquanto a sua 
obtenção não estiver assegurada. Por exemplo, em uma causa judicial, deve-se 
registrar um resultado favorável à empresa apenas quando ele efetivamente 
ocorrer, caso contrário pode-se apenas divulgar a expectativa da empresa. 
Já passivo contingente é definido pelo CPC (2009) como 
(a) uma obrigação possível que resulta de eventos passados e cuja existência será 
confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos 
não totalmente sob controle da entidade; ou 
(b) uma obrigação presente que resulta de eventos passados, mas que não é 
reconhecida porque: 
(i) não é provável que uma saída de recursos que incorporam benefícios 
econômicos seja exigida para liquidar a obrigação, ou 
(ii) o valor da obrigação não pode ser mensurado com suficiente confiabilidade. 
 
Ao contrário da contingência ativa, a contingência passiva pode ser 
provisionada quando: 
 For provável que eventos futuros e/ou a experiência passada venham a 
confirmar o fato e quando. 
 A perda puder ser razoavelmente estimada. 
 
Porém, mesmo que o valor não possa ser estimado, a empresa pode optar 
por divulgar as informações relevantes em notas explicativas, para que os 
usuários tenham conhecimento desse possível risco e perda. 
Quando a empresa for divulgar informações sobre as contingências 
passivas (perdas) deve-se levar em consideração: 
 Se a natureza dessa contingência é trabalhista, previdenciária, tributária, 
cível, ambiental etc. 
 Apresentar uma descrição pormenorizada do evento contingente que 
envolve a empresa. 
 A chance de ocorrência da contingência (provável, possível ou remota), 
 
 
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 A situação (exemplo: se o processo judicial está sendo julgado em última 
instância). 
 Uma avaliação acerca desse risco de perda e seus impactos sobre a 
empresa. 
 
Além disso, é necessário diferenciar-se as provisões de outros passivos 
da empresa, como por exemplo, Contas a Pagar. Nas provisões há a incerteza 
sobre o prazo ou o valor do desembolso futuro necessário para sua liquidação. 
Por outro lado, nas contas a pagar, temos passivos a pagar devido ao 
recebimento de serviços ou de bens que já foram faturados e que tenham um 
contrato com o fornecedor. 
Conforme o CPC 25, para que uma provisão seja reconhecida é 
necessário que: “i) a empresa possua obrigação presente que seja resultado de 
evento passado; ii) seja provável desembolso de recursos que gerem benefícios 
econômicos; iii) possa ser feita estimativa confiável do valor a ser pago.” Na 
sequência apresenta-se um resumo de quando reconhecer ou não a 
contingência. 
 
Quadro 1 – Quando reconhecer ou não a contingência 
Tipo de Contingência Probabilidade Tratamento 
Ativa 
Praticamente certa Reconhecer o ativo 
Provável Divulgar 
Possível ou Remota Não divulgar 
Passiva 
Provável e mensurável com 
segurança 
Provisionar 
Provável mas não mensurável 
com segurança 
Divulgar 
Possível Divulgar 
Remota Não divulgar 
 
 
 
 
 
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O CPC 25 apresenta o seguinte modelo ilustrativo de uma árvore de 
decisão para resumiras solicitações para o reconhecimento das provisões e 
passivos contingentes. 
 
Figura 1 – Árvore de decisão 
 
Fonte: CPC 25, 2006. 
 
Dessa forma, conclui-se que uma contingência ativa não é provisionada e 
pode ser apenas reconhecida no ativo quando estiver certa de ocorrer. Já a 
contingência passiva pode ser provisionada quando for provável a sua 
ocorrência e puder ser estimado de maneira confiável, caso contrário, será 
apenas divulgada como passivo contingente. 
Além das dificuldades acerca do reconhecimento ou não de uma provisão, 
permeia outro aspecto: determinar o valor dessa provisão, ou seja, a sua 
mensuração. Para isso, geralmente a empresa contrata um especialista, de 
 
 
 
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modo que o grau de incerteza sobre esse valor seja minimizado. Vejamos o 
seguinte exemplo apresentado no CPC 25 (2006). 
A entidade vende bens com uma garantia segundo a qual os clientes estão cobertos 
pelo custo da reparação de qualquer defeito de fabricação que se torna evidente 
dentro dos primeiros seis meses após a compra. Se forem detectados defeitos 
menores em todos os produtos vendidos, a entidade irá incorrer em custos de 
reparação de 1 milhão. Se forem detectados defeitos maiores em todos os produtos 
vendidos, a entidade irá incorrer em custos de reparação de 4 milhões. A 
experiência passada da entidade e as expectativas futuras indicam que, para o 
próximo ano, 75 por cento dos bens vendidos não terão defeito, 20 por cento dos 
bens vendidos terão defeitos menores e 5 por cento dos bens vendidos terão 
defeitos maiores. Dessa forma a entidade avalia a probabilidade de uma saída para 
as obrigações de garantias como um todo. O valor esperado do custo das 
reparações é: (75% x 0) + (20% x $ 1 milhão) + (5% de $ 4 milhões) = $ 400.000 
 
 
TEMA 2 – PERDAS ESTIMADAS NO ATIVO: PERDA ESTIMADA EM CRÉDITOS 
DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA 
Em conformidade com as alterações da legislação nacional, a partir do 
ano de 2010, houve algumas mudanças nos critérios de reconhecimento e 
mensuração de itens patrimoniais. Um deles é a Provisão para Créditos de 
Liquidação Duvidosa (PCLD). Essa conta teve sua nomenclatura modificada 
para Perdas Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD) e 
passou a ser mensurada por meio das perdas efetivamente incorridas (CPC 38). 
Vale ressaltar que pela legislação anterior, as perdas eram calculadas com base 
em estimativas e/ou probabilidades de sua ocorrência. Porém, continua-se a 
efetuar a estimativa de perdas em contas a receber, que representa a incerteza 
no recebimento dos valores. 
Por ser uma conta patrimonial, a PECLD é uma forma de proteção contra 
o risco de crédito atualmente constituída das perdas que efetivamente 
ocorreram. Essa alteração foi necessária, pois antes a metodologia de 
reconhecimento e mensuração era feita por probabilidades. Algumas empresas 
reconheciam as perdas com base na média de inadimplência dos três últimos 
exercícios. Outras empresas (públicas) registravam a perda quando havia um 
atraso de 90 ou 180 dias no pagamento da fatura. 
 
 
 
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Nesse sentido, apresentamos um exemplo para realizar a contabilização 
da PECLD. 
Consideramos a seguinte situação patrimonial da empresa GI S.A. em 
20X5. 
 
Quadro 2 – Situação patrimonial da empresa GI S.A. em 20X5 
Ativo Passivo e Patrimônio Liquido 
Caixa 18.000 
Duplicatas a receber 39.000 
Estoque 57.000 
Contas a pagar 15.000 
 
Patrimônio Líquido 
Capital 75.000 
Lucros 24.000 
Total 114.000 Total 114.000 
 
No demonstrativo, a empresa tem $ 39.000 em Duplicatas a Receber, 
porém, somente $ 36.000 serão efetivamente recebidos por ela. Dessa forma, a 
empresa precisa registrar uma perda estimada de $ 3.000 efetuando o seguinte 
lançamento: 
Débito – Despesa com PECLD 3.000 
Crédito – PECLD 3.000 
 
Nesse caso, a conta Despesa com PECLD é uma conta de Resultado e a 
Conta PECLD é uma conta redutora do Ativo, sendo apresentada logo abaixo 
das duplicatas a receber. 
O cálculo da PECLD pode ser previsto das seguintes formas: 
 Pela análise individual dos devedores, ou seja, verificando-se em cada 
caso a possibilidade de recebimento ou não. 
 Determinação da perda aplicando-se uma percentagem sobre vendas, 
considerando o histórico. 
 Aplicação de uma percentagem sobre o saldo dos créditos a receber no 
fim do período. 
 
 
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Após a estimação da perda, a empresa constatou que um título do cliente 
João da Silva no valor de $ 1.000 tornou-se incobrável. Logo, precisa efetuar a 
baixa desse título da seguinte forma: 
Débito – PECLD 1.000 
Crédito – Duplicatas a receber 1.000 
 
Vale ressaltar que tal contabilização será efetuada diretamente na conta 
redutora do ativo, a PECLD, e não em uma conta de resultado, como despesa. 
Visto que a “provisão” é efetuada com base em estimativas, pode-se 
incorrer em erros tanto mediante estimativa de um valor maior que o ocorrido ou 
por um valor menor que o ocorrido. Quando a estimativa for menor que o valor 
real, efetua-se apenas um ajuste, lançando a débito o valor restante em uma 
conta de resultado, que será caracterizado como uma perda não esperada. 
Quando o valor estimado da perda for maior que o efetivo valor da perda, efetua-
se o seguinte registro contábil: 
Débito – PECLD 500 
Crédito – Despesa com PECLD 500 
 
No exemplo, a empresa havia registrado uma PECLD de $ 3.000, mas na 
verdade a perda ocorrida foi de apenas $ 2.500. Logo, a diferença será 
contabilizada. 
 
 
TEMA 3 – ESTOQUE DE PRODUTOS ACABADOS PARA VENDA E DE 
MERCADORIAS PARA REVENDA, ESTOQUE DE PRODUTOS PARA 
REVENDA, ESTOQUE DE PRODUTOS EM FABRICAÇÃO E PERDA ESTIMADA 
POR REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL 
Conforme Ferreira (2009), no Balanço Patrimonial os direitos que tiverem 
por objeto mercadorias e produtos da empresa, como matérias-primas, produtos 
em fabricação e bens em almoxarifado serão avaliados pelo custo de aquisição 
ou produção deduzido das provisões (para efetuar o ajuste ao valor de mercado 
quando este for inferior). 
 
 
 
 
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Para tanto, considera-se como valor de mercado para matérias-primas e 
bens em almoxarifado o preço de reposição (mediante compra no mercado) e, 
para os bens destinados à venda, considera-se como valor de mercado o preço 
da venda. Quanto aos produtos acabados e em elaboração, este serão avaliados 
pelo seu custo de produção (conforme será visto no próximo tema). 
O estoque de matérias-primas é representado por todos os materiais que 
serão utilizados no processo produtivo. O setor de almoxarifado é responsável 
pela verificação de toda a documentação de entradas e saídas. As entradas, 
quando de origem externa, são denominadas de compras e as entradas de 
origem interna podem ser devoluções ou produtos acabados pela produção e 
que se destinem a outra operação. Já as saídas do almoxarifado podem ser 
destinadas ao setor de produção ou para outros setores da empresa. Podem 
também ocorrer quando da baixa por obsolescência, devolução aos 
fornecedores, entre outros. 
Vale ressaltar: o custo de aquisição ou produção deve ser deduzido de 
provisão para efetuar o ajuste ao valor de mercado (se este for menor). Vejamos 
o seguinte exemplo de uma indústria que possui os seguintes estoques.Quadro 3 – Estoques de uma empresa 
Matérias-primas Valor de aquisição Valor de mercado Provisão 
A 100,00 90,00 10,00 
B 300,00 310,00 - 
C 250,00 230,00 20,00 
 650,00 630,00 30,00 
 
Nesse caso, a provisão deverá ser constituída para as matérias-primas A 
e C (porque o valor de mercado é inferior ao custo de aquisição). O ajuste será 
efetuado da seguinte forma 
Débito – Despesa com Provisões 30,00 
Crédito – Provisão para ajuste ao valor de mercado 30,00 
 
A conta de ajuste é uma conta redutora do Ativo Circulante. Logo, tem-se 
$ 650,00 em estoques de matérias-primas, menos $ 30,00 do ajuste, resultando 
 
 
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em um valor contábil das matérias-primas de $ 620,00. O registro da perda 
estimada em estoques ocorre quando os estoques das empresas se tornaram 
obsoletos, ou então se deterioraram ou foram roubados, de modo que o valor do 
estoque seja reduzido. 
Ferreira (2009) salienta que, para o caso dos estoques de mercadorias e 
dos demais bens em almoxarifado, os procedimentos são iguais ao caso das 
matérias-primas. Nesse sentido, os custos de aquisição devem representar 
todos os gastos até a sua possível comercialização ou utilização na produção. 
Logo, esse valor engloba os gastos com as compras desses bens, mais fretes, 
seguro, impostos de importação, sendo que o único cuidado é quanto ao ICMS 
e ao IPI. 
 
TEMA 4 – ESTOQUE DE PRODUTOS ACABADOS PARA VENDA E DE 
MERCADORIAS PARA REVENDA, ESTOQUE DE PRODUTOS PARA 
REVENDA, ESTOQUE DE PRODUTOS EM FABRICAÇÃO E PERDA 
ESTIMADA POR REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL 
Estoque refere-se a todos os bens tangíveis que a empresa mantém para 
venda ou uso próprio ou aqueles que se destinam ao consumo na produção de 
mercadorias para venda (Portal de Contabilidade). Dessa forma, os estoques 
podem ser representados por mercadorias para revenda, produtos acabados, 
produtos em elaboração, matérias-primas, almoxarifado, importações em 
andamento, entre outros. O CPC 16 ainda complementa: 
 Os itens existentes fisicamente em estoques, excluindo-se aqueles que 
estão fisicamente na empresa, mas não são de propriedade da empresa, 
tais como aqueles recebidos em consignação, por exemplo; 
 Os itens de propriedade da empresa que estão em poder de terceiros para 
conserto, por exemplo. 
 
Os Produtos em Elaboração englobam os gastos de fabricação, os custos 
de materiais e a mão de obra, que consequentemente serão alocados ao preço 
dos produtos que estão em processo de fabricação ou industrialização. Essa 
apuração poderá ser efetuada ao longo do período (mediante um sistema de 
 
 
 
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custos integrado com a contabilidade) ou somente no fim do período. O último 
caso poderá ser contabilizado da seguinte forma: 
Débito – Produtos em elaboração (Ativo Circulante) 
Crédito – Custo dos Produtos Vendidos (Conta de Resultado) 
 
Os Produtos Acabados referem-se a produtos terminados e fabricados 
pela própria empresa, que estão disponíveis para a venda. Eles podem estar 
estocados na própria empresa ou em estabelecimentos (depósitos) de terceiros. 
A contabilização da transferência de Produtos em Elaboração para Produtos 
Acabados ocorre da seguinte forma: 
Débito – Produtos Acabados 
Crédito – Produtos em Elaboração 
 
Essas duas contas pertencem a uma subclassificação da conta de 
Estoques do Ativo Circulante. Na sequência, apresenta-se a contabilização da 
baixa dos Produtos Acabados, devido à realização de uma venda. 
Débito – Custo dos Produtos Vendidos (Conta de Resultado) 
Crédito – Produtos Acabados 
 
Além dessa operação, registra-se ainda a Receita de Vendas. 
As mercadorias para a revenda são obtidas acabadas de terceiros, 
apenas com a finalidade de venda, não sofrendo nenhuma transformação na 
empresa. Outro caso são os Estoques de Terceiros, como o recebimento de 
materiais de um cliente para industrialização, efetuado por encomenda do 
cliente. Nesse sentido, a contabilização da entrada desses materiais que serão 
posteriormente processados será a seguinte: 
Débito – Estoque de Terceiros (Ativo Circulante) 
Crédito – Estoques a Industrializar (Passivo Circulante) 
 
Caso se considere que a empresa tenha prestado o serviço e agora fará 
a devolução desse material ao cliente, deveremos efetuar o lançamento inverso 
ao anterior. Além disso, será lançado o valor cobrado pelo serviço prestado da 
seguinte forma: 
Débito – Clientes 
Crédito – Receita de Serviços de Industrialização (Conta de Resultado) 
 
 
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Além disso, o valor dos produtos deve ser ajustado ao valor de mercado. 
Isso é denominado redução ao valor recuperável (também conhecido como 
Teste de Impairment). Reduzir um Ativo ao seu valor recuperável significa 
assegurar que este Ativo não será registrado contabilmente por um valor superior 
àquele passível de ser recuperado por uso ou até mesmo por venda. No caso 
das matérias primas, compara-se o valor com o preço de reposição, e no caso 
de bens destinados à venda compara-se com o preço de realização destas 
vendas. Dessa forma, em conformidade com o CPC 01, os Ativos, quando estão 
avaliados por valor não recuperável no futuro, a contabilidade deve reconhecer 
essa redução por meio da constituição de uma estimativa de perdas. No caso 
das perdas nos estoques (por causa da obsolescência), efetua-se a 
contabilização da seguinte maneira: 
 
Débito – Perdas com Estoques Obsoletos (Conta de Resultado) 
Crédito – Provisão para Perdas em Estoques (Conta Redutora de Estoques) 
 
Neste tema, foi possível perceber os aspectos especiais de cada 
elemento do estoque e como sua contabilização deve ser feita. É importante o 
estudo da natureza do lançamento, lembrando sempre que a elaboração dos 
lançamentos contábeis deve seguir criteriosamente o regime de competência. 
Ou seja, o registro deve ocorrer no exato momento da confirmação da ação – 
neste caso, no momento em que há alguma modificação nos estoques. 
 
 
TEMA 5 – FORMAS DE CONTABILIZAÇÃO 
Nesta seção serão apresentados alguns exemplos de contabilização das 
provisões. De forma bem simplificada, a contabilização envolve contas de 
resultado (despesas) e contas patrimoniais (Passivo Circulante ou Passivo Não 
Circulante). 
Débito – Despesa com Provisão 
Crédito – Provisão. 
 
Porém, vale ressaltar: nem sempre o valor provisionado é igual ao valor 
quitado ao fim. Para isso, deve-se efetuar um ajuste. Por exemplo, suponhamos 
 
 
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que um funcionário moveu uma ação judicial contra a empresa. Sendo provável 
que a empresa perderia a ação, ele efetuou uma provisão no valor de $ 
50.000,00. Entretanto, após o julgamento, o valor da indenização devida ao 
funcionário foi fixado em $ 45.000,00. Dessa forma, efetuam-se os seguintes 
lançamentos: 
Débito – Despesa com Provisões Trabalhistas 50.000 
Crédito – Provisão Trabalhista 50.000 
 
Débito – Provisão Trabalhista 45.000 
Crédito – Provisão Trabalhista a Pagar 45.000 
 
E, por fim, a reversão do valor excedente será efetuada da seguinte forma: 
Débito – Provisão Trabalhista 5.000 
Crédito – Reversão da Provisão (conta de resultado) 5.000 
 
Porém, o inverso também poderá ocorrer, ou seja, o valor que a empresa 
provisionou poderá ser inferior ao valor fixado no fim do julgamento. Por 
exemplo, suponhamos que o valor fixado fosse, na verdade, de $ 60.000,00. 
Débito – Despesa com Provisões Trabalhistas 50.000 
Crédito – Provisão Trabalhista 50.000 
 
Débito – Provisão Trabalhista 50.000 
Débito – Despesa com Indenização Trabalhista 10.000 
Crédito – Provisão Trabalhista a pagar 60.000 
 
Surge assima conta de Despesa com Indenização para efetuar o registro 
da diferença do valor que deverá ser pago pela empresa. Agora, suponhamos 
que o processo movido pela empresa seja arquivado. O lançamento a ser 
efetuado é o seguinte: 
Débito – Provisão Trabalhista 50.000 
Crédito – Reversão da Provisão (conta de resultado) 50.000 
 
 
 
 
 
 
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TROCANDO IDEIAS 
A seguir, indicamos algumas leituras importantes. 
A respeito de Provisão, Ativo e Passivo Contingente: 
 CASO PRÁTICO: provisões e passivos contingentes – prov. para riscos 
fiscais, trabalhistas e cíveis. Manual de Contabilidade On-line, 3 abr. 
2014. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=NiJekqFjDUg>. Acesso em: 8 dez. 
2016. 
 DICA #01: FCC (CPC 25 – Provisões, passivos contingentes e ativos 
contingentes). Contabilizando, 23 de jan. 2016. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=saaPgNu4FD8>. Acesso em: 8 dez. 
2016. 
 
A respeito de Perda Estimada de Estoques: 
 CASO PRÁTICO: Estoques das atividades operacionais e consumo 
interno – perdas estimadas Estoques. Manual de Contabilidade On-line, 
3 abr. 2014. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=W90eA5vyqK4>. Acesso em: 8 dez. 
2016. 
 
A respeito de Redução ao Valor recuperável: 
 SCARPIN, J. E. Redução ao Valor Recuperável de Ativos: CPC 01 – Teste 
de impairment. Jorge Eduardo Scarpin, 26 jun. 2013. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=w3R3qESks20>. Acesso em: 8 dez. 
2016. 
 SCARPIN, J. E. CPC 01: Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Jorge 
Eduardo Scarpin, 19 ago. 2013. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=fjzG7e64l4k>. Acesso em: 8 dez. 
2016. 
 
 
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NA PRÁTICA 
Efetue a contabilização de uma perda de $ 5.000,00 em duplicatas a 
receber. Posteriormente a empresa percebeu que a perda era na verdade de $ 
4.000,00. Faça o ajuste. 
 
Resposta: 
Débito – Despesa com PECLD 5.000 
Crédito – PECLD 5.000 
 
Débito – PECLD 1.000 
Crédito – Despesa com PECLD 1.000 
 
Efetue a contabilização de uma perda de 2.000 devido a obsolescência 
dos produtos. 
Resposta: 
Débito – Perdas com Estoques Obsoletos 2.000 
Crédito – Provisão para Perdas em Estoques 2.000 
 
 
SÍNTESE 
Devido às alterações na legislação brasileira, com a convergência aos 
padrões internacionais, foram feitas algumas modificações em determinados 
conceitos contábeis. O conceito de provisões é um dos que sofreram tais 
alterações, o que impactou na Perda Estimada do Ativo, principalmente nos 
créditos de liquidação duvidosa, assim como na conceituação e reconhecimento 
dos ativos e passivos contingentes. Outro conceito introduzido com essas 
mudanças foi o valor recuperável dos ativos, tanto no Estoque quanto no 
imobilizado. 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento 
Técnico CPC 01: Redução ao Valor Recuperável de Ativos. (2010). Disponível 
em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>. 
Acesso em: 8 dez. 2016. 
_____. Pronunciamento Técnico CPC 16: Estoques. (2009). Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso 
em: 8 dez. 2016. 
_____. Pronunciamento Técnico CPC 25: Provisões, Passivos Contingentes e 
Ativos Contingentes. (2009). Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso 
em: 8 dez. 2016. 
_____. Pronunciamento Técnico CPC 38: Instrumentos Financeiros: 
Reconhecimento e Mensuração. (2009). Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso 
em: 8 dez. 2016. 
FERREIRA, R. J. Contabilidade Básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 
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