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DETERMINAÇÃO DA ÍNDOLE FILOSÓFICA DO DIREITO

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DETERMINAÇÃO DA ÍNDOLE FILOSÓFICA DO DIREITO
CIÊNCIA E FILOSOFIA:
Eis aí uma noção geral do que entendemos por Filosofia, como estudo das condições últimas, dos primeiros princípios que governam a realidade natural e o mundo moral, ou compreensão crítico-sistemática do universo e da vida.
(Slide 2): O termo "ciência" pode ser tomado em duas acepções fundamentais distintas: 
a) — como "todo conjunto de conhecimentos ordenados coerentemente segundo princípios"; 
b) — como "todo conjunto de conhecimentos dotados de certeza por se fundar em relações objetivas confirmadas por métodos de verificação definida, suscetível de levar quantos os cultivam a conclusões ou resultados concordantes"¹.
A Filosofia é também "ciência" na primeira das acepções acima; é, pode-se dizer, a ciência por excelência. Resta verificar se pode ou deve ser concebida na segunda acepção restrita, que cabe à Física, à Astronomia, à Química, à Psicologia etc.,
Que representa a Filosofia perante a Ciência? 
A Filosofia é uma ciência da mesma natureza das ciências naturais, como a Física, a Química, a Astronomia, a Biologia ou, ao contrário, é ciência de ordem diversa, distinta das outras em sua essência e em seus métodos? 
Não desejamos, no entanto, concluir este primeiro contato com a indagação filosófica sem, preliminarmente, esclarecer que o termo ciência pode ser tomado em duas acepções distintas. 
(Slide 3): A Filosofia será, por certo, ciência, se dermos a esta palavra o significado lato de "sistema de conhecimentos metodicamente adquiridos e integrados em uma unidade coerente". 
Em conclusão, a Filosofia, entendida como "ciência" na primeira das acepções acima recordadas, tem por objeto indagar dos pressupostos ou condições de possibilidade de todas as ciências particulares, as quais estão sempre sujeitas a novos "testes" e verificações.
(Slide 3): O conceito de filosofia não pode ser confundido com o conceito de ciência. Pois, a filosofia é uma forma de busca racional para questões em que a própria ciência se julga impotente para responder; está ligada com a liberdade intelectual e não está obrigada a apresentar respostas, seus objetos são amplos, universais e infinitos.
 (Slide 4): A Filosofia, para ser fiel às conquistas do saber científico, deve ser, antes de mais nada, uma crítica da própria ciência, das condições de sua certeza. 
Se pretendemos integrar em unidade as diferentes formas de conhecimento, essa integração pressupõe critérios de apreciação e de estimativa, e, mais precisamente, uma indagação sobre a validez universal das ciências e de seus pressupostos lógicos. 
A especulação filosófica é sempre de natureza crítica, visando a atingir o valor essencial sobre aquilo que se enuncia sobre os homens e as coisas, e dos atos. 
Quando filosofamos, estamos sempre indagando do valor de algo. Poderíamos mesmo dizer que a Filosofia tem como problema central o problema do valor.
(Slide 4): É importante ter em mente que a filosofia, ao contrário da ciência, não refuta ou abandona uma corrente filosófica em razão de uma nova corrente. 
Na filosofia todo novo conhecimento parte de uma base anterior, assim a filosofia é construída por meio do acúmulo histórico de novas formulações em uma progressiva expansão das formas de conhecimento.
DIFERENÇA ENTRE A FILOSOFIA DO DIREITO E A CIÊNCIA DO DIREITO
(Slide 4): A diferença entre a Filosofia do Direito e a Ciência do Direito reside, no modo pelo qual cada uma delas considera o Direito: a primeira, no seu aspecto universal e, a segunda, em seu aspecto particular (Del Vecchio).
Resumindo, a Filosofia Jurídica procura estudar sobre a conceituação do Direito em si, explicando causas determinantes de sua transformação no espaço e tempo, em relação aos demais elementos sociais.
Sua finalidade é examinar o Direito, em pleno desenvolvimento, através de leis gerais do movimento. 
Sua finalidade é o próprio exercício do pensamento visando a interpretação da interpretação sendo tal exercício desprovido de pretensões finalistas.
FILOSOFIA DO DIREITO:
(Slide 5): A Filosofia do Direito abrange, diversas investigações (a lógica, a fenomenologia e a deontologia). Enfim, representa a exposição crítico-valorativa da experiência jurídica, na universalidade de seus aspectos mediante a indagação dos primeiros princípios que informam os institutos jurídicos, os direitos e os sistemas.
IMPORTANTE CONCEITO: A Filosofia do Direito é saber crítico a respeito das construções jurídicas erigidas pela Ciência do Direito e pela própria práxis do Direito, buscando os fundamentos do Direito, seja para cientificar-se de sua natureza, seja para criticar a base de suas estruturas e do raciocínio jurídico, provocando as vezes, fissuras no construído que por sobre as mesmas se ergue.
Portanto, é sempre atual, de vanguarda e reserva para si o direito-dever de estar empregada da preocupação em investigar as realizações jurídicas práticas e teóricas.
(Slide 6): Devemos compreender a Filosofia do Direito como desdobramento dos saberes filosóficos já estabelecidos.
A Filosofia do Direito é parte da Filosofia. Trata-se de filosofia aplicada à ciência do Direito.
Cabendo observar as mesmas técnicas e até os mesmos métodos e seguir cautelosamente os mesmos passos daquela à qual se vincula como matriz inclusive por ser anterior e mais genérica.
Para tanto, muito contribuiu a própria história do pensamento, pois até o advento de Hegel, toda a história das ideias sobre o Direito encontrava-se mesclada aos sistemas e pensamentos de filósofos (desde os sofistas até Immanuel Kant[1]).
Kant concluiu a reviravolta fundamental do pensamento ocidental aberto por Descartes (...). Projetou duas linhas de descendência: uma que resulta na diminuição ideal de Direito, caracterizando uma vertente axiológica cuja ideia central é a de liberdade, que no direito assume a forma da justiça; outra, que arremata o traço positivista do direito, cujo conceito basilar é a segurança. Joaquim Carlos Salgado. “Prefácio”. In: Gomes, Alexandre Travessoni. O fundamento da validade do direito. Kant e Kelsen. BH: Mandamentos, 2000. P.9
Então, esses eram a um só tempo, pensadores dos problemas éticos, sociais, políticos, metafísicos, estéticos, lógicos e, também jurídicos.
(Slide 6): Todavia, a Filosofia do Direito desgarrou-se de sua matriz produzindo sua própria autonomia. 
De fato, a partir de Hegel reconhece-se crescente movimento de investigação exclusivamente jurídica o que acentuou a especificidade do pensamento do Direito.
(Slide 6): O que ocorre é a especialização, pois a Filosofia do Direito tornou-se historicamente, um conjunto de saberes acumulados sobre o Direito (objeto específico) distanciando-se da Filosofia tanto quanto a Semiótica se distanciou da Lógica.
Começou a pensar o Direito em razão de sua própria complexidade, dos direitos positivos o que demanda da teoria a compreensão específica das injunções, das práticas e das técnicas jurídicas.
Desta forma, formou-se toda uma corrente de especialistas na Filosofia do Direito que sem serem filósofos de formação acadêmica, se dedicaram a estudar seu próprio objeto de atuação prático (como é o caso de Savigny, Puchta, Ihering, Windscheid, Stammler, Hans Kelsen, etc.).
(Slide 7): A questão central da filosofia do direito contemporânea reside na necessidade de um diálogo continuo com as ciências e, especialmente, com a ciência do direito, para que possa ter acesso a informações empíricas, que sirvam de alimento à reflexão crítica sobre o projeto jurídico moderno.
 A filosofia do direito não analisa as qualidades formais do direito, domínio próprio das ciências jurídicas, mas simplesmente acompanha o sentido e o horizonte do projeto jurídico moderno. 
(Slide 7): A filosofia do direito nesse papel crítico deve servir para desconstruir o paradigma,(tanto ontológico, como epistemológico e axiológico, do positivismo jurídico, marca da cultura jurídica brasileira durante o último século.
O kantismo jurídico,representado de modo privilegiado por Hans Kelsen, prejudicou a reflexão jurídica crítica ao procurar, certamente contra a intenção do próprio Kant, aprisionar o projeto jurídico moderno num espaço de pureza e recusando-se a dialogar com as convicções políticas, sociais, morais e religiosas dos indivíduos. 
(Slide 7): A filosofia do direito serve para que se possa fundamentar e analisar os argumentos, que se cristalizam na decisão judicial. 
Quando os juízes tomam posição em relação ao aborto, à eutanásia, aos direitos das minorias e outros temas, eles não oferecem uma solução definitiva para essas questões, mas sim como partícipes e interlocutores privilegiados no debate moral e jurídico que se processa no espaço público. 
A filosofia do direito não tem, portanto, a função de arbitrar o debate público, mas unicamente de acompanhar os argumentos e as razões do projeto jurídico. 
(Slide 8): A filosofia do direito não expressa uma “filosofia da consciência” (Kant, Fichte e Hegel), pois o julgamento do projeto jurídico por uma pessoa individual, importa pouco. 
A filosofia do direito é, assim, uma forma de reflexão crítica, que participa do discurso em torno do projeto jurídico da sociedade democrática contemporânea. 
Por essa razão, as razões e argumentos da filosofia do direito devem ser postos à prova no espaço público, pois é neste espaço que o “peso”, o “valor” ou a importância de cada argumento ou razão será debatido por todos e com o conhecimento de todos.
Pode-se mesmo dizer que é do convívio e do diálogo constantes que se obterão melhores e mais salutares produtos nessa área do saber humano.
A filosofia é, a princípio, o saber racional, sistemático, metódico, casual e lógico. A Filosofia é a ciência das coisas por suas causas supremas.
(Slide 8): A Filosofia do Direito deve ocupar-se do justo e do injusto, e é esse seu objeto.
Será, portanto, como contemplação valorativa do direito, a teoria do direito justo (Stammler).
No entanto, para outros, o justo e o injusto estão fora do alcance do jurista, e correspondem ao objeto de estudo da Ética (Hans Kelsen que aplica ao tema da justiça à teoria dos valores, a mesma metodologia usada ao construir a teoria pura do Direito – registrando a cientificidade como não-valoração).
Ainda no entendimento de outros pensadores, a Filosofia do Direito deve ser estudo combativo sendo inata a sua missão de lutar contra a tirania. 
(Slide 8): Resumindo, a Filosofia Jurídica procura estudar sobre a conceituação do Direito em si, explicando causas determinantes de sua transformação no espaço e tempo, em relação aos demais elementos sociais.
Sua finalidade é examinar o Direito, em pleno desenvolvimento, através de leis gerais do movimento. Sua finalidade é o próprio exercício do pensamento visando a interpretação da interpretação sendo tal exercício desprovido de pretensões finalistas.
(Slide 8): Em resumo, a filosofia do direito tem um papel a exercer na contemporaneidade, que deve refletir-se no ensino jurídico, papel que consiste em acompanhar o desenvolvimento dos argumentos e das razões do projeto jurídico. 
Ela faz com que tenhamos uma abordagem crítica do Direito e da Lei, submetendo os valores subjacentes e os critérios de aplicação a uma constante avaliação crítica. 
Também deve servir para identificar os diferentes parâmetros culturais ou filosóficos que justificam o Direito e a Lei.
 É através da filosofia do direito que iremos analisar as diferentes concepções sobre as relações entre o direito e a moral, entre a sociedade e a indivíduo, a responsabilidade dos indivíduos, como agentes morais e jurídicos, as diferentes concepções de justiça e outros topos do mesmo gênero. 
(Slide 9): As metas e tarefas da Filosofia do Direito são:
a) Proceder à crítica das práticas, das atividades e atitudes dos operadores de Direto;
b) Avaliar e questionar a atividade legisferante bem como oferecer suporte reflexivo do legislativo;
c) Proceder à avaliação do papel desempenhado pela ciência jurídica e o próprio comportamento do jurista ante ela;
d) Investigar as causas de desestruturação, enfraquecimento do sistema jurídico;
e) Depurar a linguagem jurídica, os conceitos filosóficos e científicos do Direito;
f) Investigar a eficácia dos institutos jurídicos, sua atuação social e seu compromisso com as questões sociais, seja o que se refere aos indivíduos, seja quanto aos grupos, a coletividade, seja no que tange as preocupações humanas universais;
g) Esclarecer e definir a teleologia do Direito, seu aspecto valorativo e suas relações com a sociedade e os anseios culturais;
h) Resgatar as origens e valores fundantes dos processos e institutos jurídicos;
i) Por meio da crítica conceitual institucional, valorativa, política, procedimental auxiliar o juiz no processo decisório.
FILOSOFIA DO DIREITO E MÉTODO
(Slide 10): A razão é o critério para a análise filosófica, isto é encontrar a causa das coisas por intermédio da reflexão. 
A filosofia almeja conhecer e contemplar a realidade racionalmente. 
(Slide 10): Assim, esta disciplina tem como tarefas a contribuição na investigação de conceitos, por meio de uma reflexão crítica sobre as construções, práticas, fatos e normas jurídicas.
Durante a atividade profissional o aplicador do Direito encontra conceitos em que as disciplinas positivas (também chamadas de dogmáticas) não são capazes de definir: temas como a justiça, a dignidade humana, a igualdade, a liberdade, o bem comum e a moralidade. Quem irá completar o conteúdo destes conceitos é a Filosofia do Direito.
É importante ressaltar que o Direito somente se justifica em sua finalidade se souber utilizar de modo adequado estes conceitos. 
EX: Podemos falar que uma regra está de acordo com o ordenamento jurídico, mas outra coisa bem diferente. É afirmar que uma lei está de acordo com os critérios de justiça. Neste segundo caso apenas o exercício filosófico poder· verificar tal afirmação. 
(Slide 10): A filosofia ao utilizar como método de análise a razão tem como objetivo encontrar as causas das coisas por meio da reflexão, isto favorece o profissional do Direito, pois em muitos casos ele deverá avaliar de modo crítico o direito positivo e sua aplicação à luz dos critérios de justiça. 
Essa é uma das razıes para que a disciplina tenha sido incluída nas provas e concursos públicos, assim como no Exame da Ordem: motivar a reflexão sobre o exercício da advocacia e resgatar a sua essência.
FILOSOFIA DO DIREITO: É o exercício da filosofia em temas pertinentes ao Direito
 CONTEÚDO: busca explicar a totalidade das coisas
 MÉTODO: razão
 OBJETIVO conhecer e comtemplar a realidade

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