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introdução Quando ocorre uma lesão da pele ou qualquer outro tecido do corpo, acidental ou cirúrgico, haverá uma cicatriz, devido aos mecanismos próprios da cicatrização. Por isso, uma cicatriz é uma marca definitiva. No entanto, o que pode variar é a qualidade da cicatriz. Uma cicatriz de boa qualidade deve ser fina, plana, com coloração semelhante ao local em que está e bem posicionada, ou seja, ficando "escondida" ou quase imperceptível no convívio social. Existem basicamente dois tipos de cicatrizes: patológicas - (quelóides e hipertróficas); Dor, coceira intensa e intervenção não somente estético inestéticas - (alargadas, deprimidas, discrômicas, alçapão, mistas) Não apresentam sintomas, porém a forma estética não é das melhores. cicatriz normal Uma cicatriz aceita como agradável, estética ou normal, deve ser fina, sem relevo na pele, de coloração semelhante a da pele local e, às vezes, torna-se quase imperceptível. Mas existe um período de evolução onde a aparência da cicatriz sofre alterações físicas típicas de cada fase. APARÊNCIA NORMAL – 1 mês de cirurgia APARÊNCIA NORMAL – 4 meses de cirurgia 1 ano –APARÊNCIA NORMAL Ação do tempo (amadurecimento) Geralmente, a cicatriz torna-se menos notável com o passar do tempo. Muitas cicatrizes, inicialmente inestéticas, tornam-se aceitáveis após um período variável de três a 18 meses ou mais. Isso é um processo natural de evolução da cicatriz. QUELOIDE É uma cicatriz espessa e elevada. Essa cicatriz em alto-relevo, geralmente, é limitada à pele, embora se estenda para os lados em relação ao ponto, ferimento ou incisão cirúrgica de origem. Devido ao fato de crescer e invadir pele vizinha, o queloide é considerado por pesquisadores como um tumor benigno cicatricial. O queloide ocorre na pele, e é um distúrbio que somente existe em humano. HIPERTRÓFICA É uma cicatriz elevada decorrente de uma resposta exagerada da pele a uma intervenção cirúrgica ou ferimento, cicatriz essa que não ultrapassa os limites ou a extensão da incisão ou ferimento inicial. Apresenta tendência à regressão; distingue-se, assim, do quelóide, que geralmente estende-se espacialmente em relação ao tamanho original da incisão cirúrgica ou ferimento. Entretanto, é usualmente confundida com o quelóide; por isso, a cicatriz hipertrófica é também conhecida como "pseudoquelóide" ou queloide falso ou não verdadeiro. A frequência de cicatriz hipertrófica é maior que do quelóide. Cicatriz retraída Cicatriz retrátil (ou cicatriz contrátil) é aquela que se apresenta tensa e repuxando, causando contratura entre os segmentos corporais envolvidos. Pode resultar de um ferimento que provoque a perda de uma área de pele, por intervenção cirúrgica, acidente ou queimadura, podendo assim formar uma cicatriz que traciona as margens da pele. Essa tração causa um processo chamado de contração. A retração resultante, além de causar dor, pode afetar um músculo e tendões vizinhos e restringir o movimento normal. Pode ainda ocasionar um transtorno maior do sistema esquelético, como um desvio do crescimento ósseo ou da coluna vertebral. Assim, a cicatriz retrátil não é somente inestética, podendo ser também, frequentemente, considerada uma cicatriz patológica. Cicatriz retraída Cicatriz alargada Apresenta-se mais rasa, frouxa e esparramada. Pode resultar de cicatrizes em pele mais fina que ficaram sujeitas a tensão nas margens, ou em casos onde houve ruptura de pontos de sutura internos ou externos, e houve, a seguir, cicatrização de uma ferida aberta (cicatriz por segunda intenção). Cicatriz atrófica Cicatriz mais profunda (afundada) que o relevo da pele ao redor. Pode ser causada por cicatrização em pele muito fina (como de pessoa idosa), em sutura ou ferimento que evoluiu com tração nas margens ou infecção. - pessoas com distúrbios de cicatrização decorrente de diabete ou qualquer outra doença metabólica - pessoas com carências nutricionais ou em regiões corporais com alterações neurológicas sensitivas como, por exemplo, as decorrentes de paraplegia por lesão medular - Cicatriz atrófica de abdomen Cicatriz discrômica Cicatriz mais escura ou clara que a pele ao redor ; pode resultar, mais comumente, em pessoas com cor de pele parda (mulatos), em cicatrizes que ficaram submetidas precocemente aos raios ultra-violetas do sol, ou em cicatrizes tratadas previamente com determinados fármacos, como ácidos e corticóides ou pela técnica cirúrgica aplicada pelo cirurgião Cicatriz mista Cicatriz que intercala em seu trajeto mais de um tipo cicatricial. Pode resultar da associação de um ou de vários tipos de cicatrizes, ou inclusive, em combinação com uma cicatriz patológica, como o quelóide ou cicatriz hipertrófica, ou até ambas simultaneamente. Cicatriz discrômica Cicatriz mista Cicatriz em alçapão Cicatriz de trajeto curvo (em forma da letra "C" ou "U"), que por isso acumula líquido linfático em sua região central, o que faz que mais tarde o centro fique mais saliente que a cicatriz propriamente dita pode resultar em consequência de ferimentos onde porções de pele foram levantadas (retalhos cutâneos) por fragmentos de vidro ou por queda acidental. Cicatriz por queimadura As queimaduras, assim como outros ferimentos que resultem em perda de uma grande área de pele, podem formar uma cicatriz que repuxa as margens da pele ao redor, causando um processo chamado de contração. É comum que o resultado final de uma cicatriz por queimadura seja uma cicatriz contrátil, ou também chamada de cicatriz retrátil. A contratura resultante pode afetar os músculos e os tendões vizinhos, restringindo o movimento normal (capacidade funcional) dos mesmos e, por conseguinte, da região do corpo acometida. Após algum tempo, esse fato pode ocasionar, inclusive, deformidade óssea e/ou articular. Corrigir uma contratura envolve: - substituí-la por retalho ou enxertos de pele (transplantes de pele com irrigação sanguínea própria ou a partir do leito receptor, respectivamente). - Uma técnica Zplastia que é a utilização de expansor de tecido (pele) vizinho à lesão, tem sido cada vez mais utilizadas. Se a contratura não for recente, o paciente pode necessitar de fisioterapia após a cirurgia para restaurar os movimentos. Fatores que influenciam - localização no corpo - sentido da cicatriz em relação a linhas naturais da pele - comprimento, largura, profundidade, formato da cicatriz - características genéticas de cada individuo Tratamento O tratamento adequado das cicatrizes, fundamental após qualquer cirurgia plástica, pode ajudar a evitar o aparecimento de cicatrizes hipertróficas e quelóides. Atualmente, os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos se tornaram valiosas ferramentas de auxílio a técnicas consagradas como a realização de massagens com cremes específicos e a utilização de placas de silicone, usadas para acelerar o amadurecimento das cicatrizes. Mas indiscutivelmente a técnica utilizada pelo cirurgião ao realizar a sutura (dar pontos) é o fator mais importante no resultado final da aparência da cicatriz, assim a técnica apurada (delicada), sem machucar a pele, a escolha de fios de sutura apropriados e agulhas delicadas, evitar tensão na cicatriz, são preceitos básicos para o cirurgião plástico obter uma boa cicatrização. queimaduras tratamento Remoção cirúrgica nem sempre funciona, a maior parte das vezes leva a recidiva e, em alguns casos, pior que a anterior. No entanto, quando combinada com injeção de corticóides, reduz em 50% a probabilidade de recidiva. Apenas indicado após 6 a 12 meses. Infiltração de corticóidesé uma das técnicas mais utilizadas, apresentando 50% de probabilidade de sucesso. O efeito da terapia é inibir determinadas proteínas da matriz extracelular e reduzir os inibidores da colagenase (enzima responsável pela degradação do colágeno). A aplicação é dolorosa e tem como efeitos secundários atrofia cutânea, telangiectasias, ulceração e síndrome de Cushing. Compressão pressão mantida continuamente durante 6 a 12 meses, geralmente com malha compressiva, que deve ser aplicada após completa epitelização da ferida. Suspeita-se que a compressão provoque a oclusão dos pequenos vasos, o que reduz a quantidade de fibroblastos e, como tal, a produção de colágeno. Este recurso apresenta melhores resultados no tratamento da cicatriz hipertrófica. Crioterapia esta técnica provoca a diminuição da temperatura, o que leva a lesão celular e diminuição da circulação. Esta reação não permite a normal evolução da cicatriz, o que é uma desvantagem desta técnica, pois atrasa a cicatrização e pode ainda causar hipopigmentação (perda de cor). Quando associada à infiltração de corticóides, apresenta uma taxa de êxito de 51% a 80%. Massagem associada a cremes hidratantes ou com corticóides. Apesar da massagem favorecer o processo de cicatrização e melhorar a mobilidade da cicatriz, a sua utilização deve ser ponderada já que aumenta a circulação local e por isso pode levar a uma maior produção de colágeno. Silicone (creme ou gel) controla os níveis do fator de crescimento dos fibroblastos, aumenta a temperatura e, consequentemente, aumenta a atividade da colagenase. Acredita-se ainda que a aplicação em gel tenha simultaneamente um efeito compressivo. Laserterapia o laser lesa seletivamente a microcirculação na área da lesão, o que reduz o eritema, o volume e o prurido. Os resultados serão mais satisfatórios com a combinação de outras técnicas. Ionização corrente galvânica associada a indução de produtos ativos. Entre estes podem usar-se a hialuronidase, que despolimeriza o ácido hialurónico aumentando a permeabilidade das membranas celulares. Ultra-som/Fonoforese usado para diminuir as aderências cicatriciais. Pode ainda usar-se a fonoforese que consiste na indução de produtos ativos através do ultra-som. Radioterapia uma técnica em desuso pelo risco de desencadear propriedades cancerígenas. Contudo é ponderada em adultos com quelóides graves, que resistiram aos restantes tratamentos, dada a boa eficácia da técnica. Proteção solar não se trata de um tratamento e sim prevenção, para evitar a hiperpigmentação da cicatriz (cor mais escura). antes depois