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O conceito de política

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Ciência Política 
 
 
 
 
O CONCEITO DE POLÍTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
Introdução ...........................................................................................................................................2 
 
Objetivos ..............................................................................................................................................2 
 
1. Conceito de Política ...................................................................................................................2 
1.1. Grécia Antiga...............................................................................................................................2 
1.2 Revoluções Liberais do Século XVIII ............................................................................... 4 
 
Exercícios .............................................................................................................................................6 
 
Gabarito ...............................................................................................................................................7 
 
Resumo ................................................................................................................................................7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
Esta aula aborda o conceito e a origem da palavra política. Atualmente a 
palavra é utilizada no cotidiano e possui vários sentidos: como a política de uma 
empresa, uma pessoa política ou a política pública. 
A palavra é de origem grega, por isso abordaremos como ela era exercida na 
Grécia Antiga dentro da pólis. Também será apresentada a compreensão de cidadania 
dos gregos e as especificidades dos governos de Atenas e Esparta. 
Na segunda parte da aula serão destacados os ideias das revoluções liberais 
dos séculos XVIII e sua relação com a definição de Ciência Política. Apontando 
questões sobre o Estado e a dominação em Weber e o caráter interdisciplinar da 
Ciência política. 
Objetivos 
• Compreender o conceito de política desde a Grécia Antiga. 
• Apresentar as revoluções Liberais do século XVIII. 
 
1. Conceito de Política 
 1.1. Grécia Antiga 
A palavra política, vem do grego pólis e significa cidade, é a arte de governar a 
cidade ou o Estado. A política na Grécia antiga se concretizava na fala e na 
participação dos cidadãos que buscavam por meio do discurso chegarem a um 
consenso, visando o bem comum. 
A pólis, também era conhecida como cidade-estado. Havia a ágora, praça 
central em que se praticava o comércio e as reuniões dos cidadãos que visavam 
resolver os assuntos da pólis. Somente quem vivia na pólis era considerado cidadão. 
 A cidadania era um privilégio de poucos, ou seja, havia os cidadãos (que 
precisavam ser filhos de pai e mãe cidadãos e ter mais de 18 anos) e os não cidadãos 
(mulheres, estrangeiros e escravos). Portanto, a cidadania era obtida por nascimento, 
o grego possui a cidadania da pólis a qual pertenciam os seus pais. 
Atenas é conhecida como o berço da democracia, palavra que vem do grego 
“dêmos” que significa povo e “ kratia” que quer dizer força ou poder, (governo do povo 
ou para o povo), que proporciona a liberdade de pensamento, o direito de não 
concordar com algo o que nos remete a ideia de sociedade justa e livre. 
 
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Atenas foi fundada pelos povos Jônios, localizada na planície Ática, na região 
do mar Egeu, possui um relevo montanhoso e solos férteis, onde foi possível 
desenvolver o comércio com o Mediterrâneo. Atenas no século VIII a. C, teve seu poder 
nas mãos dos Arcondes (grupo de Magistrados) pessoas com alto grau de 
conhecimento inclusive jurídico. Eram responsáveis pelo exército e pela justiça. 
Para se tornar um Arconde, era necessário possuir terras, escravos e ser nobre 
(aristocrata). Os nobres integravam o Areópago, conselho legislativo e judiciário da 
pólis ou cidade-estado. Enquanto a nobreza dominava as terras e a política, os 
pequenos proprietários empobreciam e se endividavam se tornando escravos. 
Quando Sólon se torna Arconte, ele aumenta a participação pública nas 
decisões, cria leis comuns a todos e um Conselho com 400 membros que passaria a 
ser chamado de Bulé. Posteriormente, o populista aristocrata Clístenes se torna 
Arconte, por meio da força e do apoio popular, a partir desse momento o poder do 
governante é limitado pelo povo. 
Assim, ampliou-se o número de cidadãos na política, mas a maioria da 
população era excluída da cidadania ateniense. Quem não possuía posses ou fosse 
estrangeiro (metecos), mesmo que vivessem há várias gerações na pólis e serem 
homens livres não eram cidadãos. Além da Bulé, Clístenes, fortaleceu a Eclésia, 
conselho de cidadãos que se reunia mensalmente para discutir sobre as decisões 
públicas. E criou o Ostracismo, instituição que exilava os cidadãos considerados uma 
ameaça para a democracia. 
Durante o governo de Péricles (461 - 429 a. C) os cidadãos estavam insatisfeitos 
com o Areópago, ele então retirou parte dos poderes para enfraquecer a aristocracia, 
mas manteve as restrições relacionadas a cidadania. O exercício da democracia em 
Atenas era direto e plebiscitário, o que fortalecia a Assembleia diante das constantes 
consultas. 
A democracia Ateniense consolidou-se no governo de Péricles, garantindo a 
isonomia (igualdade de todos perante a lei) e a isegoria (igualdade de direito ao 
acesso a palavra na assembleia), além da isocracia (igualdade de participação no 
poder). Os atenienses acreditavam que havia igualdade perante a lei, pois 
respeitavam as regras que foram por eles mesmos criadas, no entanto, essa igualdade 
não era para todos, mas somente para os cidadãos que possuíam diretos políticos. 
Abordaremos agora a cidade de Esparta, fundada na Lacônia, região da 
Península do Peloponeso, pelos dórios. 
A aristocracia dória criou uma estrutura voltada para ação militar. A cidade era 
dirigida por uma diarquia, dois reis governavam ao mesmo tempo, tinham funções 
militares e religiosas, ou seja, além de comandar o exército eram sumos sacerdotes e 
juízes supremos. 
 
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A estrutura do governo espartano era formada pela Gerúsia (conselho de 28 
anciãos com mais de 60 anos) cujas funções eram tomar decisões importantes e 
elaborar as leis. A Ápela (assembleia formada por todos cidadãos com mais de 30 
anos) escolhia os membros da Gerúsia e ratificava ou não as suas decisões. Havia 
também os Éforos (vigilantes) que comandavam reuniões da Gerúsia e da Ápela, 
fiscalizavam a vida pública e econômica dos cidadãos. 
Esparta apresentava uma estrutura de sociedade hierarquizada, por três 
grupos distintos: espartanos ou esparcitas, descendentes dos dórios, e por esse 
motivo possuíam privilégios e viviam sob rígida disciplina militar. Os periecos, antigos 
povos habitantes da região da Lacônia, dedicavam se ao artesanato e comércio, sem 
direitos políticos, porém livres. Por último os hilotas, servos que trabalhavam nas 
terras dos espartanos. 
Em Esparta, a educação tinha como foco a formação de militares, os meninos 
de sete anos eram entregues ao Estado para se tornarem soldados, no treinamento 
eram submetidos a fome, frio e castigos físicos, situações que seriam vivenciadas na 
guerra. 
As mulheres eram preparadas desde a infância para gerarem crianças robustas 
e saudáveis. As espartanas podiam acompanhar seus maridos em reuniões e 
compartilhar tarefas do lar, ou seja, uma espécie de liberdade, que não ocorria em 
outras cidades- estado.SAIBA MAIS! 
 
 
1.2 Revoluções Liberais do Século XVIII 
No século XVIII os regimes europeus passaram por uma série de crises geradas 
a partir de contestações ao sistema econômico e político inspiradas nas ideias 
iluministas que atravessam o atlântico chegando até a América. Nesse período 
espalharam-se as ideias de liberdade, de igualdade, de utilização da razão e de críticas 
ao poder vigente. Assim no final desse século ocorrem a Revolução Americana (1776) 
e a Revolução Francesa (1789). 
O liberalismo do século XVIII era a doutrina na qual a burguesia se identificava, 
pois ela fazia oposição ao mercantilismo, a intervenção do Estado na economia e ao 
Em Atenas só era cidadão todo homem livre maior de 
18 anos, filho de pai e mãe ateniense. 
Em esparta, somente os espartanos (descendentes 
dos dórios) eram cidadãos. 
 
 
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absolutismo que restringia a participação da sociedade nas decisões políticas. Após 
as revoluções as ideias liberais foram colocadas em prática com a instauração de 
monarquias constitucionais ou repúblicas, ameaçadas pelos movimentos de 
restauração do absolutismo. 
Com as revoluções liberais do século XVIII, a política passou a ser abordada 
como uma das atividades relativas ao controle do Estado. A Ciência Política passou a 
tratar o assunto como algo inerente ao comportamento humano. 
O filósofo alemão, Max Weber (1864-1920), na obra “A Política como vocação 
(2015)” afirma que a sociedade deve funcionar em sincronia, o cidadão trabalha e 
paga os seus tributos, enquanto o Estado deve agir como empresa com caráter de 
instituição política. Ele precisa ser racional e possuir um funcionalismo especializado 
para o progresso da economia. 
O autor considera que o Estado possui uma relação íntima com a violência, ou 
seja, é uma relação de dominação de homens sobre homens apoiada em uma 
violência legítima. 
Com essa nova forma de concepção política, Max Weber, na sua obra 
“Economia e Sociedade (2000)”, afirma a ocorrência de três tipos de dominação: a 
tradicional, a carismática e a racional legal. Veremos cada uma abaixo: 
A tradicional baseada na crença das instituições, dos costumes e das regras 
tradicionais de domínio por um indivíduo ou grupo de pessoas, podemos exemplificar 
com sociedades feudais, patriarcais e coronelismo. É uma dominação sólida e estável 
pois está aprofundada pela consciência coletiva. 
A carismática baseava-se na crença, por parte dos dominados, nas qualidades 
excepcionais de um indivíduo, um ser superior aos demais, o que lhe permite exercer 
liderança e controle. Vale lembrar as lideranças religiosas e políticas, que dominam 
uma sociedade com seu poder. 
A racional legal está alicerçada em normas, regras aprovadas e aceitas por 
toda uma sociedade, como por exemplo a burocracia moderna. Essa dominação seria 
o modelo de Estado Moderno, em que relações entre os cidadãos e o Estado são 
totalmente marcadas pela impessoalidade, norteada por regras e normas 
convencionadas e seguidas por todos membros da sociedade, sem distinção. 
Maurice Duverger, com sua obra “Ciência Política, Teoria e Método (1976, p.9)” 
compreende que a Ciência Política é relativamente nova, e, portanto, temos apenas 
uma vaga noção sobre ela. O autor afirma ainda que ela atravessa por diversas áreas 
de conhecimentos e acaba sendo influenciada por outras ciências. 
Para o autor, é possível situar uma definição de Ciência Política com base em 
dois aspectos: o geográfico e o histórico. O geográfico busca situar a Ciência Política 
 
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em um conjunto de ciências enquanto o histórico a situa enquanto desenvolvimento 
ao longo do tempo. 
Para avançar nessa conceituação, Duverger fala da Ciência Política como um 
multi método de pesquisa onde predomina a perspectiva interdisciplinar. Contrapõe-
se técnicas quantitativas e qualitativas que permita a descrição e explanação dos 
assuntos. 
 
DICA! 
 
 
Exercícios 
Leia com atenção as perguntas e assinale a alternativa que responde 
corretamente cada uma delas nos exercícios a seguir: 
 
1. Em qual situação o termo Política pode ser utilizado atualmente? 
 
a. Numa atividade voltada ao poder e controle do Estado, com finalidade de 
comandar a sociedade. 
b. Numa atividade apenas ligada ao Estado, mas sem interesse de controle 
social, nem de poder. 
c. A política está claramente ligada a partidos, com ideologias diversas. 
d. Se encaixa em resolver pequenos conflitos humanos. 
 
2. Todo homem grego era considerado um cidadão? 
 
a. Sim, pois uma vez nascido na Grécia a pessoa era um cidadão grego. 
b. Não, só era considerado um cidadão grego, aquele que se interessasse e 
participasse da política, além ser maior de 18 anos, ter prestado serviço 
militar, possuir renda e ser homem livre. 
c. Sim, após completar a maioridade, automaticamente era considerado um 
cidadão grego. 
Uma dica importante, procure entender os termos mais 
“estranhos”, como Ágora=Praça, 
Gerúsia = conselho de 28 anciãos maiores de 60 anos, 
entre outros que aparecem no texto. 
 
 
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d. Apenas os homens com mais de 18 anos e as mulheres maiores de 21 anos 
eram considerados cidadãos gregos. 
 
 
3. A partir das Revoluções Liberais, o entendimento de política pode ser 
interpretado como: 
 
a. Algo ligado a economia do Estado. 
b. A ampliação das mulheres na participar da política. 
c. A atividades relativa ao controle do Estado. 
d. A implantação da igualdade social. 
Gabarito 
1. Correta A, hoje em dia a política é ligada ao controle do Poder. 
 
2. Correta B, Na Grécia Antiga, só era considerado cidadão grego, aquele que se 
interessasse e participasse da vida política da Pólis, além ser maior de 18 anos, ter 
prestado serviço militar, possuir renda e ser homem livre. 
 
3. Correta C com as Revoluções Liberais, política passou a indicar atividade com 
intenção de controle do Estado. 
Resumo 
A Política nos tempos antigos era algo muito sério, onde para ser um cidadão 
pleno teria que ter participação na vida política da Cidade-Estado. 
Os cidadãos jovens aprendiam com os mais idosos, considerados senadores, 
que tomavam a palavra na Assembleia, em Ágora, e ali passavam horas incessantes 
discursando sobre temas pertinentes: a filosofia, política, sociologia, para construir 
um futuro melhor para suas pólis. 
Esparta tem características voltadas para educação militar, Atenas também se 
preocupa com essa questão, porém valoriza mais a filosofia, arte, teatro. 
Com as Revoluções Liberais, houve uma mudança neste cenário, dando a 
Política um aspecto de domínio, deter o poder de uma sociedade, onde o pensamento 
coletivo existe, mas o individual também. 
Houve uma nova ideia de Política, onde os liberais expressavam e punham em 
prática suas formas de governo: uma sociedade que trabalha, recolhe tributos, o 
Estado se mostra forte, porém existe uma ideia que o homem seria parte das 
 
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engrenagens de uma sociedade. Quando alguma situação foge à regra, a engrenagem, 
(o homem trabalhador) deverá ser substituído. Em linhas gerais, esse pensamento 
coloca o ser humano em segundo plano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências bibliográficas 
AFRANIO, et all. Sociologia em Movimento. 1ª ed. São Paulo: Ed. Moderna, 2013. 
 
DUVERGER, Maurice. Ciência Política, Teoria e Método. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1976. 
 
WEBER, Max. A Política como Vocação. Trad. E Notas. Marco Antonio Cassanova. São Paulo: Martin Claret. 2005. 
 
WEBER, Max. Economia e Sociedade – Fundamentos da sociologia compreensiva. 4ª. ed.Vol. I e II. Brasília: Ed. 
UnB, 2000.

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