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Introdução ao Direito JUSTIÇA X IGUALDADE NO SISTEMA BRASILEIRO 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. Justiça x Igualdade ................................................................................................................... 2 1.1. Igualdade ............................................................................................................................ 2 1.2. Justiça x Igualdade ....................................................................................................... 3 1.3. Sistema jurídico brasileiro ........................................................................................... 4 Exercícios ...................................................................................................................................... 5 Gabarito ........................................................................................................................................ 5 Resumo ......................................................................................................................................... 6 2 Introdução Na aula sobre Direito e Justiça, começamos nossos estudos sobre a Justiça e vimos como se deu a sua evolução na sociedade, estudando o pensamento de importantes filósofos como Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Kelsen, John Rawls e Benjamin Bentham. Vimos que o direito deve ter a justiça como seu valor máximo, ao regular a sociedade. E, ainda, estudamos algumas importantes teorias da justiça. O Estado Democrático de Direito tem como uma de suas bases fundamentais o respeito aos pressupostos de legalidade, de igualdade e da justiça. Nesta apostila, continuaremos a falar sobre justiça, dessa vez reunindo os conceitos de justiça e igualdade e verificando a importância dos dois para o direito, para que, ao final, possamos fazer as devidas correlações entre a Justiça e a igualdade dentro do ordenamento jurídico brasileiro. Objetivos • Compreender o conceito de igualdade; • Verificar a importância dos conceitos de justiça e igualdade para o Direito; • Observar a aplicação dos conceitos de igualdade e justiça no sistema jurídico brasileiro. 1. Justiça x Igualdade 1.1. Igualdade A ideia de igualdade sempre esteve conectada com outros conceitos, tais como a liberdade, a justiça, a humanidade, etc.. O primeiro sentido de igualdade que temos em mente é o de igualdade formal. Importante ressaltar que apesar do conceito de igualdade ter surgido na Grécia, referida sociedade só permitia que a cidadania fosse exercida pelos cidadãos livres, o que impedia a participação de mulheres, escravos e estrangeiros. Os romanos trataram da igualdade na Lei das XII Tábuas, que dizia que não se estabelecessem privilégios em leis. Através do Edito de Caracala (212 D.C.) a igualdade entre os povos foi garantida. 3 Posteriormente, as Revoluções: Francesa e Americana, foram outros dois marcos, por tratarem novamente do conceito. O princípio básico dos cidadãos foi incorporado ao pensamento mundial, garantindo a todos os mesmos direitos e deveres. Por fim, houve a incorporação do ideal de igualdade nas Cartas Constitucionais, regulando e garantindo a igualdade a todos os homens. Carta Basilar sobre a igualdade é a Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Organização das Nações Unidas, que em seu art. 1º declara que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Conclui-se, então, que todos são iguais perante a lei, e isso independe das condições diversas e peculiares de cada um, bem como das relações sociais e interações entre os indivíduos. Ocorre que, dentro de uma sociedade marcada por conflitos, pessoas ocupam lugares diferentes no processo produtivo, social, econômico etc. Algumas têm melhores condições para obterem e satisfazerem os bens da vida que entendem necessários, enquanto outras não possuem essa possibilidade primária. Por isso, a noção de igualdade precisa levar em conta a existência das desigualdades, inerentes à sociedade. Para Aristóteles, justiça e igualdade só seriam alcançados se indivíduos iguais fossem tratados igualmente, e desiguais, desigualmente. Neste sentido, é que temos a igualdade material, segundo a qual devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, adotando, assim, o princípio isonômico. 1.2. Justiça x Igualdade À medida que cabe ao Estado promover uma comunidade política justa, que respeite a esfera privada de cada um, de maneira que o indivíduo possa exercer sua liberdade, também lhe cabe garantir ferramentas que equalizem o sistema e permitam o desenvolvimento pleno de todos os indivíduos. Afinal, uma fórmula de igualdade reduzida a um tratamento equivalente a todos, sem qualquer distinção, conduz a uma ideia apenas formal e totalmente insuficiente, de Justiça. Por isso, o que se pode concluir é que a igualdade pressupõe a uniformidade do sistema jurídico para a sociedade, mas de forma que possibilite conceder as distinções que a própria exigência da igualdade material apresente. 4 1.3. Sistema jurídico brasileiro O art. 5º da CF, em seu caput já trata da igualdade. Aqui, o que se verifica é a igualdade formal, qual seja a igualdade positivada, genérica e abstrata, presente na norma. CAI NA PROVA! De acordo com ela, os legisladores não podem criar ou editar normas que a violem. Assim, garante o tratamento igualitário de acordo com a lei para os cidadãos. Também limita o intérprete da lei, que não pode realizar atos atentatórios ao conceito de igualdade formal. A Constituição Federal garante a igualdade formal também em outros artigos, de maneira implícita, quando trata da igualdade racial, igualdade religiosa, jurisdicional, tributária e trabalhista. Nada obstante, tutela a igualdade material em outros dispositivos, determinando que pessoas desiguais sejam assim tratadas. Neste sentido, exemplificativamente, o texto constitucional prevê a assistência jurídica integral e gratuita aos hipossuficientes (art. 5º, LXXIV, da CRFB), bem como licença à gestante (art. 7º, XVIII, da CRFB). Assim, cabe ao Direito, mediante a análise do caso concreto, buscar a aplicação da lei possibilitando a sua eficácia no mundo fático. Deve, então, haver a verificação de quais desigualdades são relativas a cada qualidade considerada, analisar os critérios que permitam um tratamento desigual (fatores econômicos, históricos, sociais, etc.), mas isonômico, para que o princípio da isonomia possa alcançar sua máxima direção e alcance. Constituição Federal, Art. 5º, caput: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”. 5 Exercícios 1) (OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA/ÁREA DE DIREITO – ABIN – CESPE - 2010) Os princípios gerais da ordem econômica, previstos na CF, fundam-se na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa, que, nãosendo absoluta, deve conformar-se a alguns princípios, tais como a defesa do consumidor, o direito à propriedade privada e a igualdade de todos perante a lei. CERTO ( ) ERRADO ( ) 2) (ANALISTA DE SISTEMAS JUDICIÁRIO – TJ- SP – VUNESP – 2012) As cotas raciais em universidades brasileiras são constitucionais, decidiram ontem, por unanimidade, ministros do Supremo Tribunal Federal. “A partir desta decisão, o Brasil tem mais um motivo para se olhar no espelho da história e não corar de vergonha”, disso o presidente do Supremo, Carlos Ayres Brito. (Folha de S. Paulo, 27- 4-2012. Adaptado). Sobre o entendimento da legalidade do “sistema de cotas” é correto afirmar que: a) Envolveu uma intensa disputa no Judiciário, que refletia a visão governista e oposicionista que se debatiam no Congresso Nacional, sobre o modelo educacional do país. b) Representa uma mudança parcial, pois está restrita às Universidades Federais. c) Considera que a reserva de vagas em instituições de ensino público busca a “igualdade material”: a criação de oportunidades para quem não as tem em situações normais. d) Determina que as condições de acesso e de ensino nas Universidades Federais sejam diferenciadas para estudantes que possuem origem racial diferente. e) Considera que o sistema represente a justiça social, mas também considera que a discriminação racial e social deva aumentar no meio estudantil. Gabarito 1) CERTO, conforme art. 170 da CF e seus incisos, que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social que observem os princípios da soberania nacional, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, e defesa do consumidor. 6 2) c). Como vimos nesta apostila a igualdade material é a manifestação da igualdade nos fatos, que vai além da igualdade formal, qual seja, aquela que está positivada na lei. Com a possibilidade de reserva de quotas nas universidades, o sistema jurídico buscou dar acesso ao ensino àqueles que não possuiriam tal oportunidade em razão de questões previas e históricas, e por isso realizou a igualdade material. Resumo Nesta aula, vimos o conceito de igualdade, que pressupõe a uniformidade do sistema jurídico para a sociedade, mas de forma que possibilite conceder as distinções que a própria exigência da igualdade material apresente. Ao aprofundar seu estudo, vimos explicações sobre a igualdade formal (qual seja, a igualdade positivada, genérica e abstrata, presente na norma) e material (tratar os desiguais de maneira desigual, de acordo com suas desigualdades), para correlacionamos o seu conceito com a questão da justiça. Por fim, tratamos de ambos os assuntos em âmbito do sistema jurídico brasileiro, onde percebemos que só há igualdade se houver justiça, bem como que a justiça só é alcançada a partir do tratamento igualitário. Assim, passamos a compreender que cabe ao Direito, mediante a análise do caso concreto, buscar a aplicação da lei possibilitando a sua eficácia no mundo fático, através da igualdade formal, que permitirá a concretização da igualdade material. 7 Referências bibliográficas FIGUEIREDO, Fábio Vieira. Coleção Concursos: técnico e analista: questões comentadas – São Paulo: Saraiva, 2014. Disponível em: <www.lelivros.love>. Acesso em: 12/02/2019 às 15h42min. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Introdução do Estudo do Direito: teoria geral do direito. 3ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Editora Método, 2015. Disponível em: <www.lelivros.love>. Acesso em: 11/02/2019 às 08h00. OLIVEIRA, Fabio Alves Gomes. Justiça e Igualdade em Ronald Dworking: o leilão hipotético e a divisão igualitária de recursos. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/Redescricoes/article/view/15207>, Acesso em: 12/02/2019 às 11h30min. REALE, Miguel. Lições preliminares do Direito. 27ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2002. Disponível em: <www.lelivros.love>. Acesso em: 11/02/2019 às 08h00. TABORDA, Maren Guimarães. O princípio da igualdade em perspectiva histórica: conteúdo, alcance e direções. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/viewFile/47142/45717>. Acesso em: 12/02/2019 às 12h00.
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