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FACULDADE DE ENGENHARIA SÃO PAULO – FESP CURSO ENGENHARIA CIVIL Camila Caroline Damas 20631 Camila Teixeira de Paula Silva 21502 Danielly Braga Roma 21622 Karoline Mariana Gonçalves Freitas 21623 Thiago Moraes Pires 20630 MÉTODOS DE RESFRIAMENTO DE CONCRETO GELO X NITROGÊNIO São Paulo 2019 FACULDADE DE ENGENHARIA SÃO PAULO – FESP CURSO ENGENHARIA CIVIL Camila Caroline Damas 20631 Camila Teixeira de Paula Silva 21502 Danielly Braga Roma 21622 Karoline Mariana Gonçalves Freitas 21623 Thiago Moraes Pires 20630 MÉTODOS DE RESFRIAMENTO DE CONCRETO GELO X NITROGÊNIO Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado na Faculdade de Engenharia São Paulo – FESP, como exigência parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. Paulo César Nunes de Aquino São Paulo 2019 [FICHA CATALOGRÁFICA] [FOLHA DE APROVAÇÃO] [EPÍGRAFE] i [RESUMO] ii [ABSTRACT] iii [LISTA DE ILUSTRAÇÕES] iv [LISTA DE TABELAS] v SUMÁRIO 1/29 1 INTRODUÇÃO Ao longo dos anos, tem se tornado cada vez mais importante o estudo térmico em tecnologia do concreto, devido as grandes obras de infraestrutura, o aumento das aplicações de concreto de alta resistência e as crescentes exigências de durabilidade prescritas em normas (ERN, HELENE, 2003). Em 1900, era considerado como concreto de grandes massas o concreto ciclópico, em que eram colocadas pedras de mão no concreto normal. E não haviam cuidados em relação a seleção dos materiais, como agregados e cimento, sendo o último com elevado consumo. Eram realizados poucos metros cúbicos por dia, e não se dava muita importância ao processo de cura. Porém, com a necessidade do aumento das barragens em relação à altura e volume, foi preciso aperfeiçoar os métodos de construção e dar maior atenção na seleção e proporcionamento dos materiais (PETRUCCI, 1998). As primeiras utilizações de concreto massa convencional em barragens brasileiras remontam do início do século XX, período de crescente industrialização no país, em que as barragens do tipo gravidade foram construídas. Os progressos em projetos e métodos construtivos que ocorriam no exterior logo foram absorvidos pela tecnologia brasileira, tanto para o concreto convencional, como mais tarde, para o concreto compactado com rolo (KUPERMAN, CIFU, 2006). No início da década de 1960, na construção da usina hidrelétrica Jupiá, em decorrência dos problemas apresentados, foram implementadas soluções avançadas para a época, como a logística de concretagem de grandes volumes, a descoberta e mitigação da reação álcali-agregado, a adição de materiais pozolânicos, estudos de tensões de origem térmica, experiências com a pré-refrigeração de concretos, implantação de controle de qualidade dos materiais e concretos, entre outras. Essas aplicações e o aperfeiçoamento seguiram nas construções das usinas hidrelétricas de Ilha Solteira, Itumbiara, Água Vermelha, São Simão, Itaipu, Tucuruí, entre outras (KUPERMAN, CIFU, 2006). A Foto 1 ilustra a barragem de Itaipu em fase de construção, obra que se tornou referência nos estudos de barragens devido as suas dimensões, com 7.919 metros de extensão e altura máxima de 196 metros, e que consumiu 12,3 milhões de metros cúbicos de concreto. 2/29 Foto 1 – Barragem de Itaipu em fase de construção Fonte: Página Itaipu Binacional na Internet (2009). A origem do concreto massa se deu nas construções das barragens, mas apesar de sua abordagem ter se desenvolvido em obras para concretos de grandes volumes, seus conceitos permeiam pelas obras de concreto que tenham grandes dimensões e/ou com elevados consumo de cimento, isso inclui também a utilização de concretos com maiores resistências (MARQUES FILHO, 2011). A preocupação nesses casos é a grande concentração de calor proveniente da hidratação do cimento, que apresentam dificuldade em se dissipar para o meio. Para minimizar esse efeito são utilizadas algumas técnicas desenvolvidas pela tecnologia do concreto, como o resfriamento. Os métodos de resfriamento têm como objetivo reduzir a temperatura de lançamento do concreto, a fim de minimizar as tensões de origem térmica e evitar a fissuração. Neste trabalho, o objetivo é comparar os dois métodos de resfriamento, a substituição da água de amassamento por gelo e a utilização de nitrogênio líquido no concreto, dado que não há estudos que apresentem comparações entre essas duas técnicas em relação à logística, custo por m³, mão de obra, equipamentos, matéria prima e eficiência no processo. Sendo assim, se torna necessário o conhecimento das técnicas de resfriamento, como ferramenta para auxiliar na escolha do método em cada tipo de obra e região, considerando as suas vantagens e desvantagens. 3/29 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4/29 A crescente demanda gerada pela humanidade por infraestrutura adequada resultou na necessidade da construção de grandes empreendimentos, colocando o concreto no patamar dos materiais mais consumidos no mundo (PEDROSO, 2009). As propriedades do concreto que se destacam frente a outros materiais são a sua versatilidade e durabilidade, além do seu baixo custo, sendo assim, em empreendimentos com volumes significativos, o concreto têm sido eleito como o material principal (MARQUES FILHO, 2011). Nessas aplicações onde o volume é expressivo, a geração de calor provocada pela hidratação do cimento eleva a temperatura do concreto, o que pode vir a gerar processos de fissurações que comprometem a durabilidade e a segurança das estruturas. Portanto, cuidados especiais devem ser tomados, e por isso, é tratado como algo específico e fora do convencional, no meio técnico é denominado como concreto massa (MARQUES FILHO, 2011). 2.1 Concreto Massa O American Concrete Institute (ACI) define como concreto massa qualquer volume de concreto com dimensões grandes o suficiente que requeiram medidas a serem tomadas perante a geração de calor, provocada no processo de hidratação do cimento, e a consequente, fissuração proveniente das variações volumétricas (ACI, 2005). Segundo Metha e Monteiro (1984) estruturas de concreto massa são aquelas de grande volume de material, tais como vigas, pilares, estacas de grandes obras, comportas, barragens, que requeiram meios especiais para combater a geração de calor e a mudança de volume devido à retração com o resfriamento. Nas definições apresentadas, é notável a preocupação da geração de calorprovocada pelo uso do cimento. Isso porque, quando os grãos do cimento entram em contato com a água, eles se hidratam, e essa reação de hidratação é um processo exotérmico, portanto, libera calor, conhecido como calor de hidratação, que é uma característica intrínseca do material. Porém, quando tratamos de estruturas de grandes dimensões e volumes, essa geração de calor no interior da peça gera um gradiente de temperatura em relação aos bordos externos (COELHO, et al, 2014). A diferença de leitura de temperatura entre dois pontos de um volume de concreto, dividida pela distância entre os mesmos, é denominado de gradiente 5/29 térmico, e expresso no sistema internacional em ºC/m (CARLSON, 1937 apud ERN; HELENE, 2003). Na Figura 1apresentamos um gráfico característico que representa essa variação da temperatura na estrutura de concreto massa com o tempo. Figura 1– Variação da temperatura na estrutura com o tempo Fonte: ERN, HELENE (2003). Sendo assim, a estrutura terá dificuldade de dissipar esse calor, pois a superfície externa irá perder calor para o ambiente e resfriar mais rápido que o seu núcleo (ERN; HELENE, 2003). Nessas condições, se o concreto não puder se movimentar livremente irá produzir elevadas tensões de origem térmica decorrentes desse processo de hidratação do cimento, e encontrará dificuldade em se dissipar para o meio circundante. A preocupação é que durante o arrefecimento da temperatura do concreto, podem surgir tensões de tração que, se forem superiores à resistência à tração do material podem provocar fissurações (KUPERMAN, 2005). Essa retenção de calor se dá devido o concreto apresentar baixa condutividade térmica, e por isso, retém o calor gerado causando o aumento de temperatura e a expansão do concreto. Sendo assim, peças com mais de um metro de espessura tem dificuldade de trocar calor no sentido vertical, dado que em seu centro há condições adiabáticas (MONTE JÚNIOR, et al, 2016). Esse acréscimo de temperatura atinge o seu máximo entre as idades de 18h e 48h após a concretagem, isso irá variar em decorrência de alguns parâmetros de dosagem, geometria, e condições ambientais em que a peça estará exposta (ERN; HELENE, 2003). 6/29 A Foto 2 ilustra um evento de concretagem de um bloco principal de fundação de grande dimensão e volume, no empreendimento The Lake Gramercy Park, localizada em Barueri/SP. Foto 2 – Concretagem do bloco principal do empreendimento The Lake Gramercy Park Fonte: Do próprio autor. Os parâmetros básicos que influenciam no estudo do concreto massa, em geral são: o tipo de cimento, que está atrelado ao calor de hidratação, ao consumo de cimento por m3 de concreto, devido à elevação adiabática da temperatura do concreto, a litologia do agregado, atrelado a difusividade térmica, a temperatura ambiente, a temperatura de lançamento do concreto fresco, a geometria da estrutura de concreto, a altura das camadas de concretagem, o intervalo de lançamento das camadas de concretagem, a transmissão superficial de temperatura, como o tipo de cura e fôrmas e as propriedades mecânicas do concreto (FUNAHASHI, KUPERMAN, ROSSINI, 2012). Nesse caso, se torna necessário realizar o estudo térmico, porque não significa que em todos os casos irá ocorrer fissuração, por isso, nesse tipo de projeto devem ser considerados princípios básicos que orientem a seleção de materiais, dosagens e práticas de construção para controlar a temperatura. E por meio de software baseado no método dos elementos finitos, simular a evolução tridimensional de temperaturas e tensões através de modelos matemáticos (FUNAHASHI, 2011). 7/29 A seguir, apresentamos um exemplo de estudo térmico em um bloco de fundação, por meio do software B4cast, que foi utilizado para simular as evoluções de temperaturas e tensões que ocorreriam num modelo tridimensional de elementos finitos. Na Figura 2 é apresentada a malha de elementos finitos e na Figura 3 as isotermas de uma das seções estudadas, em que é evidente que no centro as temperaturas são mais elevadas em relação às bordas externas. Figura 2 – Malha de elementos finitos de um bloco de fundação Fonte: FUNAHASHI, KUPERMAN, ROSSINI (2011). Figura 3 – Simulação térmica em uma das seções do bloco – 152 horas após o inicio da concretagem Fonte: FUNAHASHI, KUPERMAN, ROSSINI (2011). 2.2 Propriedades térmicas do concreto 8/29 Para analisarmos o concreto massa é necessário entendermos suas propriedades térmicas, pois elas que irão ditar o comportamento do material quanto a sua liberação de calor para o meio. Sendo essas propriedades: massa específica (ρ), condutividade térmica (k), difusividade térmica (δ), calor específico (c) e coeficiente de dilatação térmica (α). Massa específica (ρ) - é a relação entre a massa de um corpo sobre o volume que esse corpo ocupa. Sendo assim ela mede o grau de concentração de massa em determinado volume. Esta propriedade depende dos seguintes fatores: teor de água e de finos, agregados utilizados na mistura, índice de vazios e temperatura do concreto. Quanto maior a quantidade de água menor será a massa específica. Já a temperatura do concreto está relacionada com o aumento da massa específica. Condutividade térmica (k) – é a capacidade do material de conduzir calor, sendo definido como a relação entre o fluxo de calor através de uma espessura unitária, sobre uma área unitária também podendo ser relacionada com o gradiente térmico (COUTO, 2018). De acordo com Khan (2001), os principais dependentes desta propriedade são: a composição do concreto, teor de umidade, características mineralógicas do agregado, densidade e temperatura do concreto. Vale ressaltar que quanto maior a condutividade térmica maior será a temperatura do concreto. De acordo com Furnas (1997), podemos obter este valor através da Equação 1: k = δ.c.γ (equação 1) Onde: k = condutividade térmica → [W/m/K)] ou [J/m/s/K)] δ= difusividade térmica → [m²/s] ou [m²/dia] c = calor específico → [J/kg/K)]; γ = massa específica → [kg/m³]. Difusividade térmica (δ) – representa a velocidade da variação de temperatura dentro de uma massa. Sendo assim ela pode ser vista como um índice da facilidade com a qual o concreto pode variar a sua temperatura (ABNT, 2012). De acordo com Capelo (2014), ela também indica a facilidade com que o concreto suporta variações de temperatura e expressa sua capacidade de difusão de calor em todas as direções. Ela depende do teor inicial de umidade da mistura, do grau de hidratação do cimento e da exposição á secagem. Pode ser obtida através da Equação 2: 9/29 𝛿 = ఘ (equação 2) Onde: K = condutividade térmica; c = calor específico; ρ = massa específica do concreto. Calor específico (c) - é a expressão da capacidade de armazenamento de calor de determinado material. Corresponde à quantidade de calor necessária para elevar um grau de temperatura de uma unidade de massa. Tem como dependentes: temperatura do ambiente, massa específica do material, teor de umidade, dimensão máxima do agregado. De acordo com Andrade (1997), o calor específico aumenta com o aumento da temperatura, com a diminuição da massa específica e com aumento da umidade. 2.3 Fatores de influência na temperatura Por possuir alto calor de hidratação devido à reação exotérmica, que ocorre devido a mistura entre a água e o cimento, a elevação da temperatura do concreto gerada nessa reação pode ocasionar fissuras e patologias na peça em que o concreto está sendo aplicado. Alguns fatores podem influenciar em como irá ocorrer à liberação do calor gerado nessa reação. De acordocom Carneiro, et al (2011), os principais fatores são: temperatura do ambiente, consumo de cimento, exposição ao sol, processo de cura do concreto, temperatura de lançamento do concreto, tipo de cimento e os materiais utilizados. Segundo a NBR 7212 (ABNT, 2012) a temperatura de lançamento do concreto deve estar entre 5°C a 30°C, caso seja maior que esses valores ela poderá elevar a temperatura do próprio concreto, o que irá propiciar fissuração por origem térmica. Já com relação ao consumo de cimento, quanto menor o consumo adotado menor será a temperatura ocasionada pela reação exotérmica do concreto. Segundo Gambale (2010), o cimento é a única fonte geradora de calor, por conta disso a análise de seu consumo é de suma importância. Outro fator que influencia na temperatura do concreto é a exposição ao sol que o mesmo está condicionado. De acordo com Carneiro, et al (2011), o calor absorvido externamente pode fazer com que a temperatura final do material seja acima do que foi esperado e previsto. Por isso, em casos onde ocorra exposição do material a 10/29 mesma deve ser levada em consideração ou procurar uma maneira de proteger a peça concretada. O processo de cura do concreto é uma das maneiras de se aliviar a temperatura da peça. Porém, esse processo proporciona um alívio na camada superficial da estrutura concretada. Sendo assim, a temperatura interna não obtém grande variação durante esse processo. A temperatura de lançamento do concreto é indispensável quando se está analisando o concreto massa, pois essa temperatura quando somada a temperatura gerada pela reação de hidratação do cimento pode ocasionar valores indesejáveis na estrutura analisada (CARNEIRO, et al, 2011). O tipo de cimento utilizado influência no calor gerado na hidratação do concreto. Segundo Couto (2018), cimentos com maiores teores de aluminato de cálcio e silicato tricálcico possuem maior calor de hidratação. 2.4 Métodos de resfriamento Quando lidamos com concreto massa as altas temperaturas no seu interior podem causar fissurações por meio da elevação da tensão máxima de tração (MEHTA & MONTEIRO,1994). A análise e determinação das tensões do concreto decorrente da temperatura podem ser feita por meio da utilização da fórmula das tensões máxima, uma vez que as tensões de tração dependem diretamente dos gradientes de temperatura. Pode-se fazer a análise apenas para a seção vertical que vem da base da peça passando pelo seu centro de massa, é justamente nesse ponto que se apresenta o maior gradiente de temperatura (ARAÚJO,2013 apud KUPPERMAN 2005). A tensão máxima pode ser calculada por meio da Equação 3: σct = Kr Ec (t) α ΔT (equação 3) Onde: Kr = Grau de restrição expresso em (%); Ec = Módulo de elasticidade expresso em (GPa); α = Coeficiente de expansão térmica expresso em (°C-1); ΔT = Variação de temperatura expresso em (°C); 11/29 Avaliando as variáveis que interferem no cálculo de tensão máxima, segundo Metha e Monteiro (2008), a variação de temperatura é o fator que pode ser alterado com maior facilidade. Visto que em obras de grande porte, o concreto utilizado deve possuir características de alto desempenho. 2.4.1 Métodos de resfriamento com gelo O método mais usual para resfriamento do concreto é a utilização de gelo. Segundo Metha e Monteiro (1994), o uso de gelo é considerado o mais eficiente, pois o mesmo absorve cerca de 317 Btu/kg quando ele se altera para o estado líquido. O primeiro registro de utilização desse método foi no início da década de 1940, na construção da Barragem de Norfork pela empresa Corps of Engineers (METHA & MONTEIRO, 2008). Com relação a mistura do gelo a mesma pode ocorrer de duas maneiras: mistura no balão de mistura ou dentro do caminhão betoneira. Estudos de casos mostram que o mais usual é se acrescentar o gelo no próprio caminhão betoneira (FUNAHASHI, 2010). O método constitui em despejar gelo em raspas ou moído no caminhão betoneira enquanto o mesmo está na usina, a fim de estabilizar a temperatura no trajeto. Para isso é realizado um estudo da quantidade de gelo a ser adicionada de acordo com o traço do concreto (KUPERMAN, et al, 2010). Por meio do estudo térmico, determina-se qual a temperatura que o concreto tem que estar no momento do lançamento. Sendo assim, deve-se considerar o prazo do trajeto a ser realizado pelo caminhão betoneira, pois o concreto deve estar 100% homogeneizado antes da conclusão da mistura (METHA & MONTEIRO, 1994). Além disso, caso o trajeto seja extenso pode ocorrer aumento da temperatura do material o que acarreta em perda de eficiência do método. 2.4.2 Métodos de resfriamento com nitrogênio O resfriamento com nitrogênio apresenta maiores dificuldades operacionais (FAUSTO, et al, 2009), além de ser um material de alto custo. Sendo assim, esse método é mais utilizado em obras de grandes volumes. 12/29 O nitrogênio pode ser misturado após a mistura do concreto ou durante a mistura do concreto. Segundo Fausto, et al, (2009), o segundo método é mais eficaz pois reduz o consumo de nitrogênio e aumenta o ganho de tempo de operação. Para isso, o nitrogênio líquido é injetado durante a operação de mistura do concreto no próprio tambor do misturador da usina de concreto. Deve-se levar em conta a pressão de aplicação do nitrogênio. Com pressões menores do que 4kgf/cm² pode acontecer a gaseificação do nitrogênio antes que ele entre em contato com a mistura de concreto, o que acarreta em perda de eficiência. E com pressões maiores que 11kgf/cm² pode ocorrer a gaseificação no nitrogênio em contato com ar ou com as partes metálicas do caminhão betoneira, enquanto o jato de nitrogênio se mistura no ambiente (FAUSTO, et al, 2009). 2.5 Efeitos provocados pela temperatura Conforme mencionado anteriormente, temperaturas elevadas durante o processo de hidratação do concreto podem acarretar fissuras, deformação térmica oriunda das tensões de tração e compressão no interior da peça, em função da superfície perder calor com maior facilidade, tendendo a encurtar, e o núcleo a liberar calor pela massa, por estar na fase de aquecimento. De acordo com Metha e Monteiro (2008), durante a concepção do projeto dos elementos estruturais, admite-se a possibilidade de fissuração devido aos ciclos térmicos e de umidade, porém com um detalhado estudo, as fissuras podem ser limitadas e controladas, já que a preocupação principal tanto no projeto, quanto na construção das estruturas de concreto massa, é de que a estrutura concluída permaneça monolítica, livre de fissuras. Fissuras são aberturas que afetam a superfície do elemento estrutural tornando-se um caminho rápido para a entrada de agentes agressivos à estrutura. De acordo com Figueiredo (1989), o termo fissura é utilizado para designar a ruptura ocorrida no concreto sob ações mecânicas ou físico-químicas. Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), as fissuras são consideradas agressivas quando sua abertura na superfície do concreto armado ultrapassa os seguintes valores: a) 0,2 mm para peças expostas em meio agressivo muito forte (industrial e respingos de maré); 13/29 b) 0,3 mm para peças expostas a meio agressivo moderado e forte (urbano, marinho e industrial); c) 0,4 mm para peças expostas em meio agressivo fraco (rural e submerso). O posicionamento das fissuras nos elementos estruturais, a abertura, trajetória e espaçamento, podem indicar a causa ou as causas que motivaram o aparecimento desta patologia. Em sua pesquisa sobre as fissuras de concreto armado, Dal Molin (1988), detectou as principais causas de fissuras e as suas respectivas incidências, apresentada na Figura 4. Figura 4 – Tipos e incidência de fissurasem concreto armado. Fonte: DAL MOLIN (1988) Outras condições patológicas podem ser encontradas de acordo com a intensidade das deformações térmicas, como: Trincas: aberturas maiores de 0,5 mm, conforme apresentado na Foto 3; Rachaduras: possuem aberturas acentuadas e profundas, maiores que 1 mm, conforme apresentado na Foto 4; Fendas: São aberturas superiores a 1,5 mm de espessura, podendo abrir a peça de um lado ao outro, conforme apresentado na Foto 5. 14/29 Foto 3 – Exemplos de fissuras e trincas. Fonte: MAPA DA OBRA (2016) Foto 4 – Exemplo de rachadura. Fonte: MAPA DA OBRA (2018). TRINCA FISSURA 15/29 Foto 5 – Exemplo de fenda. Fonte: JUHANI VIITANEN Fissuras derivadas de elevadas temperaturas, podem ocasionar redução da capacidade de resistência global dos elementos estruturais, como fundações, vigas- paredes, pilares-parede e lajes maciças. Fator que tende a reduzir a durabilidade do concreto, já que possibilita a entrada de agentes agressivos com celeridade, sendo que em certas dimensões, pode-se comprometer a vida útil dos elementos estruturais do empreendimento, podendo até seccionar uma peça, em função do alto calor de hidratação gerado pela matriz cimentícia, já em outros casos, onde ocorre o controle adequado do gradiente térmico através dos métodos de resfriamento, as fissuras térmicas podem ser moderadas, não agravando os problemas patológicos decorrentes deste fenômeno, apresentando leves fissuras na superfície, que facilmente podem ser tratadas (MOURA; SANTOS; ACWEB). A ocorrência de gradiente térmico elevado durante o processo de hidratação do concreto pode ocasionar desequilíbrio sistêmico da microestrutura do concreto, tanto pelas questões de estabilidade da etringita, composto químico mineral de sulfato de cálcio e alumínio hidratado, que reage nos primeiros instantes do contato entre o cimento e a água, com a formação acicular (agulhas), responsáveis pelo fenômeno da pega e desenvolvimento da resistência inicial, o trissulfoaluminato de cálcio hidratado, que após alguns dias da hidratação, dependendo da relação alumina- 16/29 sulfato do cimento Portland, pode se tornar instável e se decompor para formar o monossulfoaluminato hidratado, que tem a forma de placa hexagonal, microestrutura perfeita de um concreto hidratado, porém em temperaturas acima de 65°C, a etringita não é uma fase estável, por não se decompor, conforme apresentado na Figura 5, imagens de análise em microscópio eletrônico de varredura (METHA & MONTEIRO, 2008). Figura 5 – Cristais prismáticos de etringita em pasta de cimento pozolânico. Fonte: Página Federal Highway Administration na Internet (2006). Essa neoformação da etringita em altas temperaturas no processo de cura, juntamente com a exposição à alta umidade durante o processo de serviço, pode desencadear um quadro de etringita tardia, fenômeno que pode promover expansão e consequente fissuração, e como resultado temos a ruptura e lascamento do material do elemento estrutural (MELO, 2010). 17/29 3 ESTUDOS DE CASO 3.1 Concreto resfriado com gelo 3.2 Concreto resfriado com nitrogênio 4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS MÉTODOS AVALIADOS 5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 18/29 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Commitee 207. Guide to Mass Concrete. ACI 207.1R-05. ACI, 2005. COELHO, et al. Influência das propriedades térmicas do concreto massa na análise da temperatura em estruturas de grandes dimensões. 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