Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 SUMÁRIO Acmita: ver Aegirina Actinolita .............................. 004 Aegirina ................................ 006 Ágata = Calcedônia Akermanita = Melilita Albita = Plagioclásio Albitização: ver Alterações Alunitização: ver Alterações Allanita ................................. 008 Almandina = Granada Alterações ............................ 215 Alumoakermanita = Melilita Analcima .............................. 010 Anatásio ............................... 012 Andalusita ............................ 013 Andesina = Plagioclásio Andradita = Granada Anidrita ................................. 015 Anortita = Plagioclásio Anortoclásio ......................... 017 Antigorita = Serpentina Antofilita ............................... 019 Apatita .................................. 020 Apofilita ................................ 022 Aragonita ............................. 024 Arfvedsonita ......................... 025 Argilização: ver Alterações Argilominerais ...................... 027 Augita ................................... 029 Azurita .................................. 031 Barita.................................... 032 Barroisita = Hornblenda Verde Bastitização: ver Alterações Berilo .................................... 034 Biotita ................................... 035 Bitownita = Plagioclásio Bronzita: ver Enstatita Brookita ................................ 038 Brucita .................................. 039 Bustamita = Rhodonita Calcedônia ........................... 040 Calcita .................................. 042 Calcitização: ver Alterações Calcopirita ............................ 044 Calcotrichita = Cuprita Cancrinita (Grupo) ............... 046 Carbonatização: ver Alterações Cassiterita ............................ 048 Caulinitzação: ver Alterações Celadonita ............................ 050 Chabazita ............................. 052 Chamosita = Clorita Chondrodita ......................... 054 Cianita .................................. 055 Clinocloro = Clorita Clinocrisotilo = Serpentina Clinopiroxênio: ver Augita/Diopsídio Clinozoisita ........................... 057 Clorita ................................... 058 Cloritização: ver Alterações Cloritóide .............................. 060 Condrodita = ver Chondrodita Cordierita ............................. 062 Coríndon .............................. 064 Crisocola .............................. 066 Crisotilo = Serpentina Cristobalita ........................... 067 Crocidolita = Riebeckita Crossita: ver Riebeckita Cummingtonita ..................... 068 Cuprita ................................. 069 Damouritização: ver Alterações Devitrificação: ver Alterações Diopsídio .............................. 070 Distênio = Cianita Dolomita ............................... 072 Dolomitização: ver Alterações Dumortierita ......................... 073 Elaeolita = Nefelina Emery = Corindon Enstatita ............................... 074 Epidotização: ver Alterações Epidoto ................................. 076 Escapolita ............................ 078 Escolecita ............................. 080 Esfeno = Titanita Espessartita = Granada Espinélio .............................. 082 Espodumênio ....................... 084 Estaurolita ............................ 085 Esteatita: ver Talco Esteatitização: ver Alterações Estilbita ................................ 087 Eucolita: ver Eudialita Eudialita ............................... 088 Fayalita = Olivina Fengita = Muscovita Fengitização: ver Alterações Fenitização: ver Alterações Ferri-Gehlenita = Melilita Ferrosilita: ver Enstatita Fibrolita = Sillimanita Flogopita .............................. 090 Fluorapofilita = Apofilita Fluorita ................................. 092 Forsterita = Olivina Fowlerita = Rhodonita Fuchsita: ver Muscovita Gahnita = Espinélio Galaxita = Espinélio Galena ................................. 094 Gehlenita = Melilita Gipso .................................... 095 Glaucofano ........................... 097 Glauconita ............................ 099 Glimmeritização: ver Alterações Goethita ............................... 100 Granada ............................... 103 Grossulária = Granada Grunerita .............................. 106 Gugiaita = Melilita Hardystonita = Melilita Hastingsita = Hornblenda Verde Hauynita ............................... 108 Hedenbergita ....................... 112 Hematita ............................... 113 Hercynita = Espinélio Heulandita ............................ 113 Hialita = Opala Hiddenita = Espodumênio Hidroxiapofilita = Apofilita Hipersteno: ver Enstatita Hornblenda Bas. = H. Marrom 2 Hornblenda Marrom ............. 114 Hornblenda Verde ................ 116 Iddingsita: ver Alterações Idocrásio = Vesuvianita Ilmenita ................................ 118 Jade = ver Jadeita e Nefrita Jadeita ................................. 119 Kaersutita = Hornblenda Marrom Katophorita = Hornblenda Marrom Kornerupina ......................... 120 Kunzita = Espodumênio Labradorita = Plagioclásio Lapis-Lazuli = Lazurita Laumontita ........................... 121 Lawsonita ............................. 123 Lazurita = Hauynita Lepidolita ............................. 124 Lepidomelano = Biotita Leucita ................................. 125 Leucoxênio: ver Alterações Limonitização: ver Alterações Lizardita = Serpentina Lussatina = Cristobalita Lussatita = Cristobalita Magnesita ............................ 127 Magnetita ............................. 128 Malaquita ............................. 129 Marialita = Escapolita Margarita: ver Muscovita Meionita = Escapolita Melanita: ver Granada Melilita .................................. 130 Metamictização: ver Alterações Meroxeno = Biotita Mesolita: ver Escolecita Micrita = Calcita Microclínio ............................ 132 Molibdenita .......................... 134 Monazita .............................. 135 Mordenita ............................. 136 Muscovita ............................. 138 Natrolita: ver Escolecita Nefelina ................................ 141 Nefrita = Tremolita/Actinolita Noseana .............................. 144 Obsidiana = Vidro Vulcânico Ortocrisotilo = Serpentina Oligoclásio = Plagioclásio Olivina .................................. 146 Omfacita ............................... 149 Opacitização: ver Alterações Opacos ................................. 150 Opala ................................... 151 Opalização: ver Alterações Ortoclásio ............................. 153 Ortopiroxênio: ver Enstatita Ottrelita = Cloritóide Oxihornblenda = H. Marrom Paragonita: ver Muscovita Periclásio ............................. 155 Perovskita ............................ 156 Phacolita = Chabazita Piemontita ............................ 158 Pigeonita .............................. 160 Pinita = Cordierita Pinitização: ver Alterações Pirita ..................................... 162 Piritização: Ver Alterações Pirofilita ................................ 163 Piropo = Granada Pistacita = Epidoto Plagioclásios ........................ 165 Polylithionita = Lepidolita Prehnita ................................ 167 Propilitização: ver Alterações Pumpellyita ..........................169 Quartzo ................................ 170 Quelifitização: ver Alterações Quiastolita = Andalusita Rhodochrosita ...................... 172 Rhodonita ............................. 173 Riebeckita ............................ 174 Rinkita-(Ce) .......................... 176 Rubi = Coríndon Rutilo .................................... 177 Safira = Coríndon Safirina ................................. 179 Sagenita: ver Rutilo Sanidina ............................... 180 Sapphirina: ver Safirina Saussuritização: ver Alterações Schilleritização: ver Alterações Sericita = Muscovita Sericitização: ver Alterações- Serpentina ............................ 182 Serpentinização: ver Alterações Siderita ................................. 184 Siderofilita = Biotita Silicificação: ver Alterações Sillimanita ............................. 186 Sismondina = Cloritóide Sodalita ................................ 188 Spilitização: ver Alterações Stilpnomelano ...................... 189 Talco .................................... 190 Thulita = Zoisita Titanita ................................. 192 Titanoaugita = Augita Topázio ................................ 195 Tremolita .............................. 196 Tridimita ............................... 198 Trilithionita = Lepidolita Tschermakita = Hornblenda V. Turmalina (Grupo) ................ 199 Uralitização: ver Alterações Uvarovita = Granada Vermiculita ........................... 201 Vesuvianita .......................... 203 Vidro Vulcânico .................... 205 Viridina = Andalusita Wernerita = Escapolita Wiluita = Vesuvianita Wollastonita ......................... 209 Zeolitas ................................ 212 Zeolitização: ver Alterações Zircão ................................... 213 Zoisita................................... 214 3 A intenção deste Guia é a de disponibilizar um material de consulta atualizado e em português que foca explicitamente a identificação de minerais formadores de rocha em lâmina delgada ao microscópio petrográfico. Os minerais são apresentados em fichas padronizadas em ordem alfabética. Ao final, o Guia ainda apresenta uma tabela com os tipos de alterações que os minerais podem apresentar. Neste contexto, o Guia não se detém na apresentação das formas cristalinas e das características físicas dos minerais (disponíveis em muitas fontes, como www.webmineral.com e www.handbookofmineralogy.org), não aborda locais de ocorrência (ver em www.mindat.org) nem faz considerações químicas ou estruturais, que devem ser buscadas em outras fontes. O Guia não é uma versão definitiva e vem sendo aperfeiçoado progressivamente. Este processo terá continuidade, com a inserção das imagens que faltam. Verifique a última versão em www.ufrgs.br/museumin/YouTube.pdf. Um complemento a este Guia é um Guia de Identificação do tipo passo-a-passo, também disponível para download no mesmo link. Ali também há links para um Guia de Minérios e um Guia de Identificação do tipo passo-a-passo de minérios. Todas as imagens são do autor. Não apresentam barra de escala em função da deficiência do equipamento usado e porque, neste caso, não se trata uma informação essencial, já que os minerais podem ocorrer em todos os tamanhos. Videos de quase todos os minerais estão disponíveis no YouTube, no canal “Heinrich Frank”. Erros e enganos são inerentes à Mineralogia e, apesar de todos os cuidados, o Guia os deve conter. Portanto, correções e observações são bem vindas pelo email heinrich.frank@ufrgs.br. Para a elaboração deste Guia foram usadas lâminas confeccionadas com verba pública, equipamentos adquiridos com verba pública; o salário do autor também provém de verba pública. Todas as imagens são do autor. Portanto, o Guia pode ser usado sem restrições para usos não- comerciais, não sendo necessário informar a fonte. Sobre o autor: Heinrich Theodor Frank é geólogo, professor de Mineralogia no Departamento de Mineralogia e Petrologia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil. Facebook: Heinrich Theodor Frank. Versão de 6 de fevereiro de 2018. Guia de Minerais Transparentes ao Microscópio Petrográfico 4 ACTINOLITA A actinolita integra o Grupo da Actinolita, que é uma série de solução sólida entre a tremolita (sem Fe), a actinolita (com Fe+Mg) e a ferroactinolita (com Fe). Para a classificação detalhada de anfibólios, consultar outras fontes. Ca2(Mg,Fe)5Si8O22(OH)2 Inossilicato, Supergrupo dos Anfibólios Monoclínica ND Cor / pleocroísmo: incolor, verde pálido a verde mais escuro, com tons de azul. Possui pleocroísmo: X = incolor, verde amarelado pálido; Y = verde-amarelo pálido, verde-azul pálido, Z = verde pálido, verde, verde-azul. Cores mais escuras e pleocroísmo mais intenso estão associadas a teores mais elevados de Fe. Relevo: moderado. Aumenta com a elevação do teor em Fe. Clivagem: {110} perfeita. Seções longitudinais mostram apenas uma clivagem, paralela ao eixo z (vertical) cristalográfico. Seções basais mostram duas clivagens que se cruzam em ângulos de 124º e 56º, formando losangos (como em todos os anfibólios). Hábito: cristais prismáticos longos, fibrosa. São formas subédricas a anédricas, mas podem ocorrer palhetas; as seções basais podem ser losangulares. Sendo um mineral típico de rochas metamórficas de grau baixo, os cristais frequentemente são muito pequenos. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência de 0,017 – 0,027, cores de 1ª ordem superior a 2ª ordem: cinza, amarelo, laranja, vermelho. Podem estar mascaradas pela cor própria do mineral. As cores diminuem com o aumento do teor em Fe. Extinção: oblíqua, com ângulo de 10 – 17º . Sinal de Elongação: SE(+). Maclas: são relativamente comuns, tanto simples como lamelares. Zonação: frequentemente zonada LC Caráter: B(-) Ângulo 2V: 65 – 86º Alteração: a actinolita altera a talco, clorita e calcita. Pode ser confundido com: tremolita é muito semelhante, mas é incolor e não apresenta pleocroísmo. Actinolita é similar a outros anfibólios: mesmo relevo alto e as duas clivagens que se intersectam em 56 e 124º nas seções basais. Anfibólios monoclínicos (como a hornblenda) possuem cor mais forte a ND. Anfibólios sódicos apresentam cores em tons de azul forte a ND. Anfibólios ortorrômbicos apresentam extinção paralela. Hornblenda é extremamente semelhante, mas actinolita apresenta um pleocroísmo mais discreto, cores bem mais pálidas a ND (importante!) e restritas ao verde (hornblenda pode ser marrom). Cummingtonita é muito semelhante, mas tende a apresentar sinal ótico positivo e possui um índice de refração mais alto. Além disso, cummingtonita frequentemente possui maclas lamelares muito finas. Wollastonita é semelhante, mas possui extinção quase paralela e possui um ângulo 2V menor. Associações: actinolita é um mineral restrito a rochas metamórficas de grau baixo. Assim, é comum em sedimentos ricos em Ca-Mg-Fe, regionalmente metamorfisados. É encontrada em rochas máficas e ultramáficas metamorfisadas. Também em xistos azuis como mineral retrógrado e em gabros como produto de uralitização ou saussuritização. Tremolita e actinolita também constituem produtos de alteração comuns de piroxênios e hornblenda e, neste caso, são conhecidas como uralita. 5Abaixo, duas sequências mostrando seções longitudinais de actinolita com seu pleocroísmo característico em tons de verde e verde-azulado. Imagens da esquerda e do centro a ND, rotacionadas em 90º uma em relação à outra. Imagem da direita a NC. Seções basais de actinolita, com seus formatos típicos em losango e mostrando duas direções de clivagem que se cruzam em 56 e 124º, formando losangos. Na imagem da esquerda, a ND, há uma grande seção longitudinal de actinolita com cores verde-azuladas, depois uma clorita verde-clara e, à direita, uma seção basal de cor verde de actinolita. A imagem do meio mostra o conjunto rotacionado em 90º, evidenciando o pleocroísmo dos minerais. A imagem da direita mostra a actinolita com cores de interferência amarelas e a clorita com cor violeta-púrpura. Macla simples em actinolita. NC. 6 AEGIRINA A aegirina forma uma solução sólida com augita. O termo intermediário é a aegirina-augita. NaFe3+Si2O6 Inossilicato, Supergrupo dos Piroxênios Monoclínica ND Cor / pleocroísmo: moderadamente a fortemente pleocróica: X = verde profundo; Y = verde grama; Z = amarelo-marrom. Zonação de cor (zonação em ampulheta!) é comum, a borda normalmente é mais escura que o núcleo dos cristais. Relevo: alta a muito alto Clivagem: {110} perfeita: são duas clivagens que se cruzam em ângulos de 87º e 93º nas seções basais (como em todos os piroxênios!). Nas seções longitudinais observa-se apenas uma clivagem. Hábito: prismática curta a acicular, hábito granular é possível. Grãos com margens pretas, textura de ampulheta possível. Seções basais com 8 lados são típicas. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência de 0,037 a 0,061, resultando em cores intensas e fortes de 3ª e 4ª ordem, que frequentemente estão mascaradas pela intensa cor própria do mineral. Extinção: oblíqua de baixo ângulo, de 0o a no máximo 12º . Sinal de Elongação: SE(-) Maclas: simples e lamelares em {100}, comuns. Zonação: frequentemente zonada. LC Caráter: B(+) ou B(-) Ângulo 2V: 60-70º, varia com a composição. Alteração: não altera com facilidade. Alteração a arfvedsonita é possível. Pode ser confundido com: anfibólios frequentemente tem um hábito alongado, mas pode ser distinguida destes pelo ângulo de quase 90º que suas clivagens formam nas seções basais (anfibólios fazem ângulos de 124 e 56º). A birrefringência e o ângulo de extinção diminuem com o aumento do teor de ferro, até chegar em aegirina-augita. Augita e diopsídio podem ser semelhantes, mas possuem ângulos 2V maiores. Piroxênios ortorrômbicos apresentam extinção reta. Associações: a aegirina é encontrada em rochas ígneas alcalinas (ricas em Na e pobres em silica) como granitos alcalinos, sienitos, fonolitos, basanitos, carbonatitos e pegmatitos. Também é encontrada em rochas metamórficas da facies xistos-azuis como riebeckita-xistos e glaucofano-xistos. Ocorre em rochas de metamorfismo regional como xistos, gnaisses e formações ferríferas bandadas (BIFs). Por metasomatismo sódico em granulitos. É mineral autigênico em alguns folhelhos e calcários impuros. Associa-se a ortoclásio, feldspatóides e anfiibólios sódicos. Acmita era um termo usado tanto para aegirinas verdes como para aegirinas marrons com terminações pontiagudas; o nome foi desacreditado em 1988. Aegirina a ND (esquerda): cores verdes intensas com pleocroísmo forte. A seção basal é menor, possui 8 lados e duas clivagens que se cruzam a quase 90º. Aegirina a NC (direita): cores intensas mascaradas pela cor verde original do mineral e zonação de cor. A seção basal apresenta naturalmente cores mais baixas. 7 Aegirinas a ND mostrando seu forte pleocroísmo entre verde-musgo profundo e amarelo-marrom. Trata-se do mesmo conjunto de cristais, girado 90º. É um pleocroísmo muito típico, raros são os minerais que apresentam um pleocroísmo semelhante. A presença de aegirina sinaliza a possibilidade da existência de minerais relativamente raros na lâmina, tais como nefelina, eudialita, rinkita e muitos outros. Aegirinas a NC: como sempre com minerais de cores fortes, as cores verdes intensas da aegirina mascaram as cores de interferência. Muito diagnóstica é a extinção quase paralela dos cristais! Seções basais de aegirina a ND, mostrando as duas direções de clivagem que se cruzam a ~90º, típico dos piroxênios. Aegirina (verde-amarela) a ND. O hábito prismático longo a acicular que a aegirina pode apresentar é um hábito muito mais típico de anfibólios do que de piroxênios. Aegirina poiquiloblástica em fonolito a ND. São cristais esqueletais, com muitas inclusões, mostrando o pleocroísmo típico, extinção quase paralela e cores de interferência fortes. 8 ALLANITA (Ca,Mn, Ce,Y, Th, La)2(Fe,Ti, Al)3O(Si2O7)(SiO4)(OH) Sorossilicato, Grupo do Epidoto. Monoclínico ND Cor / pleocroísmo: quando inalterada (não-metamicta), amarelo-cinza fraco a marrom-laranja, com pleocroísmo vermelho-marrom, também com cores verdes. Pleocroísmo moderado a forte: X = verde oliva pálido, marrom avermelhado; Y = marrom escuro, amarelo amarronzado; Z = marrom avermelhado escuro, marrom esverdeado. Se metamicta, pleocroísmo em marrom, marrom-vermelho, amarelo-marrom, marrom-esverdeado ou verde. Pode formar halos pleocróicos ao seu redor. Relevo: alto (relevo baixo em variedades fortemente metamictas). Clivagem: {001} boa, {100} má e {110} má. Normalmente não é visível. Hábito: tende a ocorrer granular anédrico, similar ao epidoto. Colunar, tabular, acicular, prismático, maciço. Pode formar halos pleocróicos ao seu redor. Pode estar envolta em epidoto e clinozoisita. Como contém Th e U, o cristal é destruído e absorve água, fazendo com que o grão incha, criando fraturas radiais para dentro dos minerais vizinhos. NC Birrefringência e cores de interferência: isótropo se metamicto ! birrefringência de 0,018 a 0,031, resultando em cores fortes de final de 1ª ordem, 2ª e 3ª ordens, que podem estar mascaradas pela intensa cor própria do mineral. Extinção: paralela nas seções longitudinais. Oblíqua com ângulo de 26 – 72º. Normalmente as cores fortes do mineral dificultam a determinação. Sinal de Elongação: não pode ser identificado devido à alta birrefringência. Maclas: polissintéticas comuns segundo {100} Zonação: quase sempre zonada; o núcleo é mais escuro que as bordas. LC Caráter: B(+) e B(-), isótropo se metamicto! Normalmente B(-), variedades são B(+). Ângulo 2V: B(-): 40 – 90º , B(+): 90-57º Alteração: a vidro, devido à radiação emitida pelos seus componentes radioativos (metamictização). Pode alterar a epidoto, formando uma textura de corona. Por intemperismo é substituída por carbonato e limonita. Pode ser confundido com: hornblenda marrom possui clivagem boa em duas direções nas seções basais (anfibólios), hábito diferente e ocorre em outras paragêneses. Associações: allanita é um mineral acessório de rochas ígneas e metamórficas. Nas rochas ígneas está presente em granitos, granodioritos, dioritos, sienitos e pegmatitos. Raramente em pegmatitos gabróicos. É encontrada raramente em xistos, anfibolitos, escarnitos ou mármores. Também ocorre como componente clástico de sedimentos. É radioativo, pode estar metamicto. Associa-se a fluorita, epidoto, muscovita,titanita, turmalina e monazita. 9 Allanita euédrica a ND, mostrando pleocroísmo em duas das suas cores possíveis, a 90º uma da outra. Allanita euédrica a Nicóis Cruzados. Allanita a Nicóis Cruzados mostrando as fraturais radiais geradas pela expansão do mineral durante sua metamictização.. Allanita metamicta com coroa de epidoto a ND (esquerda) e a NC (à direita). O epidoto mostra suas fortes cores de interferência. 10 ANALCIMA A analcima forma uma série com a pollucita e outra série com a wairakita. Na2(Al2Si4O12).2H2O Tectossilicato (Grupo das Zeolitas) Cúbico / pseudocúbico, pode ser tetragonal, ortorrômbico ou monoclínico, dependendo do ordenamento. ND Cor / pleocroísmo: incolor Relevo: moderado Clivagem: {001} má, geralmente não visível ao microscópio. Hábito: grãos anédricos, arredondados (trapezoedros), grupos radiados. Seções com 8 lados, não possui inclusões, muito menos inclusões orientadas. Pode mostrar estrutura concêntrica. A analcima geralmente ocorre como trapezoedros do Sistema Cúbico. NC Birrefringência e cores de interferência: quando ocorre intersticial é isótropa. Em grãos grandes, apresenta birrefringência anômala com cores de até 1ª ordem: preto a cinza bem claro até branco. Os cristais apresentam porções com cores distintas (preto/cinza/branco), lembra um pouco a leucita. Extinção: isótropa ou não se aplica. Sinal de Elongação: isótropa ou não se aplica. Maclas: lamelares (polissintéticas) de interpenetração, mas sem as maclas complexas generalizadas da leucita. Zonação: não apresenta. LC Caráter: isótropa, mas pode ser B(-) anômalo. Ângulo 2V: 0o a 85º Alteração: a natrolita. Pode ser confundido com: leucita, mas as maclas são diferentes. Chabazita mostra contornos cúbicos. Associações: ocorre na matriz ou em vesículas de rochas ígneas de baixa sílica, intermediárias e máficas, tipicamente basaltos e fonolitos, formada a partir de soluções hidrotermais tardias ou disseminada devido à alteração deutérica. Ocorre também em sedimentos lacustres, por alteração de piroclásticos ou argilas, ou como precipitado primário, autigênico, em arenitos e siltitos. Associa-se com zeolitas, prehnita, calcita, quartzo e glauconita. Uma abordagem detalhada da ocorrência, das formas e de outros detalhes da analcima pode ser encontrada no livro “Zeolites of the World” de Rudy Tschernich, disponível para download na internet. Informações muito detalhadas sobre as várias maneiras de ocorrência de analcima podem ser encontradas no site da Comissão de Zeolitas Naturais: http://www.iza-online.org/. 11 Dois cristais de analcima rodeados por calcita, à esquerda a ND e à direita a NC. Analcima é incolor e seu relevo é semelhante àquele da calcita. A NC percebe-se as maclas irregulares, que variam de grão em grão, e sua baixíssima birrefringência (muito escura, quase preta). Cristal idiomórfico de analcima, hexagonal (trapezoedro), a NC, envolto em calcita. Em escuro, a rocha. Neste caso as maclas estão mais simétricas. À direita, outras analcimas. Agregado de grãos de analcima a NC. As maclas irregulares dificultam o reconhecimento dos grãos individuais. Agregado de cristais de analcima submilimétricos, originalmente atapetando a parede de uma cavidade em rocha basáltica. À esquerda, a ND; à direita, a NC. 12 ANATÁSIO Brookita, anatásio, rutilo, akaogiita e TiO2 II são polimorfos de TiO2. TiO2 Óxido Tetragonal ND Cor / pleocroísmo: bastante colorido (amarelo, amarelo-marrom, marrom, azul escuro, verde- pálido, preto) com pleocroísmo fraco. O pleocroísmo fica mais forte se as cores são mais intensas. A distribuição de cores geralmente é desigual (manchas) ou zonada. Cristais de cores profundas podem ser confundidos com opacos em lâmina delgada! Relevo: muito alto Clivagem: {001} e {011} distintas. Hábito: típicamente em bipiramides muito alongadas (pontudas). Outros hábitos possíveis são tabular fino e prismático. Em lâmina delgada normalmente é granular. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência máxima de 0,073: cores fortes, intensas, de até 3ª ordem. Extinção: tende a paralela Sinal de Elongação: SE(-) Maclas: raras Zonação: sem informações LC Caráter: U(-), pode ser biaxial anômalo em cristais de cores profundas. Em cristais de cores intensas a obtenção da figura pode ser difícil. Ângulo 2V: muito pequeno se biaxial anômalo. Alteração: pode alterar a leucoxênio. Pode ser confundido com: zircão, rutilo e titanita são uniaxiais a biaxiais positivos. Associações: o anatásio é um mineral acessório comum em rochas magmáticas e metamórficas, ocorrendo também em pegmatitos. Muitas vezes é secundário, formado a partir de minerais titaníferos pré- existentes. Pode ocorrer em fendas tectônicas a partir de minerais das rochas encaixantes como xistos e gnaisses. Forma-se como produto de alteração de minerais titaníferos em rochas intemperizadas. Pode ser diagenético em sedimentos. Como é um mineral bastante resistente, é encontrado em placers (depósitos aluviais). 13 ANDALUSITA Al2SiO5 Nesossilicato (polimorfos Al2SiO5: sillimanita, cianita e andalusita) Ortorrômbico ND Cor / pleocroísmo: Geralmente incolor. Mais raramente colorida em cores fracas, neste caso fracamente pleocróica: X = rosa pálido em faixas ou zonas, Y,Z = incolor ou verde pálido. Teores de Mn resultam em cores esverdeadas, teores de Fe em cores rosadas. Relevo: médio a alto. Clivagem: {110} perfeita: seções longitudinais (prismáticas) apresentam uma direção só, nas seções basais há duas clivagens quase perpendiculares entre si (ângulo de 89º). Geralmente estas clivagens não são visíveis, apenas grãos bem grandes permitem a visualização da clivagem. Hábito: cristais granulares euédricos, prismas curtos de seção quadrada (muito característica!) com extinção diagonal. Na variedade quiastolita há inclusões de grafita pretas ao longo de duas direções perpendiculares entre si, formando uma cruz. Também fibrosa, compacta ou maciça. NC Birrefringência e cores de interferência: a birrefringência é baixa, de 0,007 a 0,013, resultando em cores de 1ª ordem, cinzentas, no máximo amarelo palha de primeira ordem. Extinção: paralela nas seções longitudinais (prismáticas), simétrica nas seções basais (que apresentam duas direções de clivagem quando os grãos são bem grandes). Sinal de Elongação: SE(-) nas seções longitudinais. Diagnóstico! Maclas: raramente apresenta macla de interpenetração em forma de cruz. Zonação: não apresenta. LC Caráter: B(-). A variedade verde de andalusita, com Mn, denominada de viridina, apresenta-se B(+). Ângulo 2V: 71º - 86º Alteração: a andalusita altera-se a damourita (ver “damouritização” em “Alterações”), gerando pseudomorfoses completas. Também altera a sericita, clorita, sillimanita e cianita. Pode ser confundido com: sillimanita possui birrefringência bem maior e o ângulo 2V é menor e SE(+),cianita possui extinção oblíqua. Algumas andalusitas incolores assemelham-se a ortopiroxênios, mas ortopiroxênio possui SE(+). Associações: a andalusita é característica de rochas de metamorfismo de contato e de rochas de metamorfismo regional de grau baixo a médio como xistos, filitos e ardósias. É um mineral comum e bem distribuído, associado a cordierita, estaurolita, granada, sillimanita, cianita, clorita, muscovita, biotita e plagioclásio. Mais raramente ocorre em granitos e em veios hidrotermais de alta temperatura (pegmatitos). Cristais de andalusita em xisto, mostrando as típicas seções losangulares, quadradas a retangulares, algo alteradas a sericita. No centro dos grãos, as inclusões pretas de grafita podem formar uma cruz. Esquerda: ND. Direita: NC. 14 Uma seção longitudinal e duas seções basais de andalusita, à esquerda a ND e à direita a NC. Diagnósticas são as formas, a ausência de clivagem e as inclusões pretas de grafita no núcleo dos cristais. Os grãos estão bastante alterados, mas a extinção paralela e o SE(-) continuam presentes. Seção basal de andalusita a ND e a NC mostrando alteração parcial. Nitidamente se observa as porções inalteradas com relevo mais alto e a alteração com relevo mais baixo. Nas porções inalteradas ocorrem as cores de interferência cinzas, típicas da andalusita. A andalusita pode apresentar um hábito fibroso, como na imagem ao lado, obtida a ND. Também pode apresentar-se com cores rosas, que é o caso aqui – é uma andalusita com Fe. Se as fibras são muito finas, é necessário identificar alguns cristais maiores para detectar o pleocroísmo rosa: veja as imagens abaixo, de cristais com pleocroísmo entre rosa e incolor. Andalusita fibrosa a NC. 15 ANIDRITA CaSO4 Sulfato (Anidro) Ortorrômbico ND Cor / pleocroísmo: incolor. Anidritas de cores violetas apresentam pleocroísmo: X = incolor a amarelo muito claro ou rosa, Y = violeta claro ou rosa, Z = violeta. Relevo: baixo. Clivagem: {010} perfeita, {100} muito boa e {001} boa a imperfeita. O conjunto das 3 clivagens cria fragmentos cúbicos. Quando os cristais são tabulares, mas muito finos, geralmente não se observa clivagem. Em cristais mais largos torna-se visível a clivagem paralelamente ao alongamento. A clivagem pode estar deformada. Hábito: cristais tabulares, granulares anédricos a subédricos, maciça, fibrosa (radial ou plumosa), encurvada, formas concrescionárias contorcidas. São possíveis agregados radiais de cristais tabulares de gipso e anidrita, pois os dois minerais geralmente ocorrem juntos. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência alta, de 0,042 a 0,044: cores intensas, muito coloridas, até o verde de 3ª ordem. Extinção: paralela às direções de clivagem. Sinal de Elongação: SE(+) ou SE(-), não é diagnóstico. Maclas: são comuns as maclas simples ou repetidas (lamelas polissintéticas por deformação por pressão) segundo {011}. Maclas de contato são raras. Zonação: não apresenta. LC Caráter: B(+) Ângulo 2V: 36 – 45º Alteração: a gipso, por hidratação. Esta hidratação aumenta o volume em até 60% e inicia pelos planos de clivagem. Pode ser confundido com: gipso, mas a anidrita possui relevo maior e birrefringência alta. Associações: A anidrita é um constituinte principal de topos de domos de sal e em rochas sedimentares evaporíticas, fornando-se pela desidratação do gipso. Comuns são agregados de gipso e anidrita, com os cristais aproximadamente com o mesmo hábito, mas o gipso a NC possui cor de interferência cinza e a anidrita cores intensas. Em veios hidrotermais associa-se a zeolitas. Também pode ser encontrada em rochas ígneas, depósitos de fumarolas e em chaminés hidrotermais de fundo oceânico, de margens divergentes. Associa-se a halita, gipso, talco, quartzo, calcita, ilita, magnesita, celestita e enxofre nativo. Anidrita (colorida) e gipso (cinza) a NC, uma associação muito característica, exibindo os cristais tabulares longos que são um dos hábitos que a anidrita pode apresentar. 16 Anidrita e gipso a ND (à esquerda) e a NC (à direita). A ND, ambos são incolores, possuem relevos um pouco distintos e podem mostrar clivagem se os cristais não forem muito finos ou pequenos. A NC, o gipso é cinza enquanto a anidrita apresenta estas cores intensas. Agregado radial de cristais tabulares longos de anidrita (colorida) e gipso (cinza), a NC. Esta estrutura é denominada de “flor de gelo”. Em preto, buracos na lâmina delgada. Cristais de anidrita a NC mostrando suas típicas cores de interferência intensas e coloridas e maclas, que são as bandas coloridas paralelas que podem ser vistas nos cristais (lembram muito as maclas da calcita). Cristais de anidrita a NC, mais largos e, com isso, mostrando sua clivagem, cuja qualidade varia de perfeita a imperfeita. 17 ANORTOCLÁSIO (K,Na)AlSi3O8 Tectossilicato, Grupo dos Feldspatos. Triclínico, pseudo-monoclínico. ND Cor / pleocroísmo: incolor, nunca apresenta cor muito menos pleocroísmo. Pode estar turvo (cores castanhas, amareladas, etc.) devido à alteração a argilominerais. Relevo: muito baixo, negativo. Clivagem: {001} perfeita e {010} boa, normalmente não são visíveis ao microscópio devido ao baixo relevo. Também apresenta partições em 4 direções. Hábito: normalmente forma cristais prismáticos curtos com seções de forma rômbica (losangular). Também ocorre tabular. Tipicamente é encontrado como fenocristal euédrico em uma matriz de grãos muito finos (textura porfirítica a pórfira) em rochas vulcânicas. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência de 0,005 a 0,008: cores de cinza muito escuro a cinza claro até branco (semelhante a plagioclásios, feldspatos potássicos (microclínio, ortoclásio, sanidina) e quartzo). Extinção: oblíqua em 5º Sinal de Elongação: não se aplica. Maclas: segundo Baveno, Carlsbad e Manebach. Macla da albita (polissintética) e maclas segundo a Lei da Periclina produzem uma macla em xadrez em {100} (muito diagnóstica!). Zonação: muito frequentemente zonado. LC Caráter: B(-) Ângulo 2V: 34 – 60º Alteração: altera a sericita e/ou caulinita, o que deixa o mineral turvo (enevoado, de cores cremes, marrons). Em rochas de idades geológicas maiores podem ocorrer exsoluções. Pode ser confundido com: microclínio, porque as maclas em parquê (“xadrez”) do anortoclásio são semelhantes àquelas do microclínio, mas o microclínio é de rochas plutônicas e o anortoclásio é de rochas vulcânicas. Leucita também apresenta maclas em um padrão semelhante, mas apresenta birrefringência mais baixa e outros hábitos. Associações: o anortoclásio, um mineral relativamente abundante, é um feldspato alcalino de alta temperatura com uma composição entre sanidina (rica em K) e albita (rica em Na). É encontrado em rochas vulcânicas ricas em Na como riolitos alcalinos, trquitos e fonolitos. Também ocorre em intrusões rasas (hipabissais).18 Abaixo, 3 fenocristais de anortoclásio em rocha vulcânica de matriz de granulação muito fina. Imagens à esquerda a ND, à direita a Nicóis Cruzados. A ND, apresenta-se turvo devido a alteração a argilominerais. A NC, apresenta as maclas típicas. 19 ANTOFILITA (Mg,Fe)7Si8O22(OH)2 Inossilicato, Supergrupo dos Anfibólios Ortorrômbica ND Cor / pleocroísmo: normalmente incolor, mais raramente verde pálida ou amarelo pálida. Se rica em Fe, pleocroísmo moderado em cores marrons, marrom-amareladas, marrom- acinzentadas, azul-acinzentadas a verde e lilás. Relevo: médio Clivagem: perfeita segundo {210}, gerando duas clivagens nas seções basais com ângulos de 54,5º e 125,5º entre si. Nas seções prismáticas apenas uma clivagem. Outras clivagens em {010} e {100}, ambas distintas. Hábito: normalmente lamelar ou fibroso, asbestiforme (por isso o nome de “asbesto-cinza). Também como agregados de cristais prismáticos sem terminações bem desenvolvidas. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência média, variando de 0,017 a 0,023, resultando em cores de 1ª ordem superior e de segunda ordem: laranja, vermelho intenso. Extinção: paralela nas seções longitudinais (diagnóstica!), simétrica nas seções basais. Sinal de Elongação: SE(+) Maclas: não apresenta maclas. Zonação: não apresenta zonação. LC Caráter: B(+) ou B(-) Ângulo 2V: 57 - 80º Alteração: sem informações. Pode ser confundido com: actinolita e tremolita possuem extinção oblíqua. Associações: A antofilita é encontrada apenas em rochas metamórficas de grau médio a alto, ocorrendo em anfibolitos, antofilita-cordierita-gnaisses, metaquartzitos, formações de ferro (BIFs), granulitos, antofilita- talco-xistos derivados de sedimentos argilosos, cornubianitos, rochas ígneas máficas a ultramáficas. Também se forma como produto de reação retrógrada. Antofilita a Nicóis Descruzados: cores pálidas, hábito acicular, relevo médio. Antofilita a Nicóis Cruzados: cores de final de 1ª ordem, extinção paralela e Sinal de Elongação positivo. 20 APATITA (Ca5(PO4))3(F,OH,Cl) Fosfato Hexagonal ND Cor / pleocroísmo: incolor. Muito raramente é azul pálido ou cinza pálido. Muito raramente apresenta pleocroísmo fraco. Relevo: moderado. Clivagem: {0001} má, {10-10} má. Normalmente não são visíveis em lâmina delgada. Os prismas podem exibir fraturas espaçadas. Hábito: euédrico, prismático longo (“bastão”) com pontas arredondadas e seções hexagonais, agregados fibrosos, radiados. Em rochas ígneas máficas a apatita forma prismas hexagonais curtos; em rochas ígneas félsicas forma prismas longos e finos. Apatitas de rochas metamórficas (mármores!) ocorrem como grãos prismáticos longos a anédricos grandes. Em rochas plutônicas (carbonatitos!) formam grãos grandes anédricos. Se ocorrer como inclusões em biotita e hornblenda possui halos pleocróicos escuros. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência de 0,001 a 0,007: cores de interferência de início de primeira ordem, sempre em tons de cinza, não alcança o amarelo-palha. As seções basais hexagonais sempre estão extintas a NC (isótropas) e, via de regra, não fornecem figuras de interferência. Extinção: paralela nos cristais prismáticos (importante!). Sinal de Elongação: SE(-) nos cristais prismáticos. Maclas: raramente apresenta maclas. Zonação: não apresenta zonação. LC Caráter: U(-), difícil de obter em seções hexagonais. Apatita de rochas carbonáticas é biaxial com ângulo 2V de até 20º . Ângulo 2V: de até 20º em apatita de rochas carbonáticas. Alteração: geralmente inalterada, ocorre inclusive como grãos detritais em rochas sedimentares. Pode ser confundido com: diagnósticas são a baixa birrefringência, as seções hexagonais, o relevo médio e o caráter uniaxial. Nefelina também é U(-), mas possui relevo mais baixo, tende a anédrica e geralmente está alterada. Berilo e quartzo possuem relevo mais baixo. Apatita colorida pode ser confundida com turmalina. Colofano (veja abaixo) é criptocristalino ou isótropo. Sillimanita possui hábito semelhante, mas é biaxial e possui cores de interferência intensas. Vesuvianita possui índices de refração mais altos (relevo mais alto). Associações: é o fosfato mais comum, um acessório comum que ocorre em grãos muito pequenos em quase todas as rochas magmáticas, onde é um dos primeiros minerais a cristalizar. Em rochas metamórficas é estável em extensa faixa de pressão e temperatura. É abundante em carbonatitos, lamprófiros e em alguns escarnitos. Em rochas sedimentares a apatita é comum como grão detrital e forma camadas, podendo exibir formas oolíticas, esferulíticas e botrioidais. Colofano é uma forma criptocristalina a amorfa de apatita que se originou de material esqueletal (ossos). 21 Seção longitudinal de um prisma curto de apatita de rocha ígnea a ND e a NC. Tipicamente forma um bastão de pontas arredondadas de relevo médio e com extinção paralela. Seção basal hexagonal de um prisma curto de apatita de rocha ígnea a ND e a NC. Às vezes a seção é menos perfeita, mas sempre tende a hexagonal. A NC é isótropa (seção de isotropia = perpendicular ao eixo óptico). Apatita acicular (bastões finos incolores de relevo médio) ao lado de biotita (marrom) a ND. As seções basais hexagonais podem estar ausentes ou muito mal desenvolvidas. Apatita acicular (bastões finos incolores de relevo médio) como inclusão em biotita (marrom) a ND. Todas as apatitas possuem um halo pleocróico (escuro) ao seu redor. Apatita em mármore a NC: os grãos são grandes, irregulares, às vezes prismáticos, biaxiais com ângulo 2V expressivo. Ao seu redor, calcita. Em carbonatitos as apatitas podem ser muito semelhantes. 22 APOFILITA O nome “apofilita” foi desacreditado pela IMA em 1978 e substituído pelos termos fluorapofilita (KCa4Si8O20(F,OH).8H2O) e hidróxiapofilita (KCa4Si8O20(OH,F).8H2O). A diferenciação entre os dois minerais é possível apenas por análise química. KCa4Si8O20(F / OH).8H2O Filossilicato Tetragonal ND Cor / pleocroísmo: incolor. Relevo: baixo. Clivagem: {001} perfeita. Hábito: cristais prismáticos formados por prisma, bipirâmide e pinacóide. Pode formar cristais pseudocúbicos. O pinacóide pode dominar, gerando cristais tabulares de largura variável, podem ser tabulares finos. Maciço. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência de 0,002: cores de interferência muito escuras, quase pretas. Cores de interferência anômalas muito fortes podem ocorrer, gerando cores semelhantes às cores de interferência da titanita. Extinção: tende a paralela à clivagem e forma (importante!). Sinal de Elongação: SE(+) , raramente SE(-). Não é diagnóstico. Maclas: macroscopicamente apresenta maclas múltiplas. Zonação: não apresenta zonação. LC Caráter: U(+), pode ser biaxial anômalo. Ângulo 2V: pequeno se for biaxial anômalo. Alteração: sem informações. Pode serconfundido com: zeolitas possuem relevo mais baixo e tendem a biaxiais (com exceção da chabasita, que não apresenta clivagem). Nefelina e marialita ocorrem em outras paragêneses. Gipso pode ser semelhante, mas tem extinção oblíqua com exceção das seções paralelas ao eixo b, quando a extinção é paralela. Associações: a apofilita não é um mineral formador de rocha, sendo relativamente rara. É de origem hidrotermal e geralmente ocorre em cavidades e fraturas de rochas vulcânicas basálticas como mineral secundário. Raramente ocorre associada a tactitos e anfibolitos como produto de alteração hidrotermal em fraturas. Também raramente ocorre em escarnitos e em cavidades de granitos. Em rochas basálticas associa-se a calcita e zeolitas. Em anfibolitos, tactitos e escarnitos associa-se a datolita, pectolita e prehnita. 23 Apofilita em uma vesícula de rocha basáltica (a rocha está à esquerda na imagem). A ND (esquerda) a apofilita é incolor e de relevo baixo e, neste caso, não mostra sua clivagem (seção paralela à clivagem {001}). A NC (direita) a apofilita mostra uma cor de interferência anômala semelhante àquela da calcita. Vários grãos de apofilita a ND (esquerda) e a NC (direita). Dois grãos não mostram clivagem, mas o grão da direita mostra a clivagem perfeita, que está na diagonal. As cores de interferência são cremes a castanhas e a extinção é paralela à clivagem. Dois grãos grandes de apofilita em contato a NC, exibindo cores castanhas de interferência. O grão da esquerda mostra sua clivagem, enquanto o grão da direita não mostra clivagem. 24 ARAGONITA CaCO3 Carbonato – Grupo da Aragonita Ortorrômbico ND Cor / pleocroísmo: incolor, não apresenta pleocroísmo. Relevo: o relevo varia entre baixo e moderado a alto a cada 90º ao giro da platina em cristais com clivagem bem definida. Este fenômeno foi apelidado de “pleocroísmo de relevo” e é típico dos carbonatos (calcita, dolomita, aragonita, siderita, rhodocrosita e magnesita). Quando microcristalinos, estes carbonatos não apresentam o “pleocroísmo de relevo”. Clivagem: {010} distinta, {110} má e {011} má. Normalmente apenas uma clivagem é visível em lâmina delgada. Hábito: prismas curtos ou longos, acicular, tabular, estalagtítico, colunar, agregados radiados, crostas fibrosas de cristais aciculares finos, coralóide, reniforme, pisolítico, globular. Maclas comuns (veja abaixo). NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência extrema de 0,156, resultando em cores fortes e coloridas de 3ª e 4ª ordem, difíceis de determinar. São cores em tons cremes. Extinção: paralela nas seções longitudinais e simétrica nas seções basais. Sinal de Elongação: de difícil determinação devido à birrefringência extrema. Maclas: Maclas cíclicas em {110}, resultando nos típicos agregados pseudo- hexagonais. Maclas polissintéticas geram lamelas ou estrias finas paralelamente a {100}. Zonação: sem informações. LC Caráter: B(-) Ângulo 2V: 18 – 19º Alteração: transforma-se em calcita, pseudomorfos são possíveis. Pode ser confundido com: calcita possui duas clivagens que se cruzam a 120 e 60º e é U(-). Associações: a aragonita, um dos 3 polimorfos de carbonato de cálcio (outros: calcita, vaterita), forma-se quase sempre a baixas temperaturas e próximo à superfície. Como é metaestável, converte para calcita com o tempo. Não existe aragonita de tempos geológicos passados. Ocorre em rochas sedimentares relativamente recentes, em evaporitos, fontes quentes e cavernas (“flos-ferri”). Também no metamorfismo da fácies xistos azuis (alta pressão, baixa temperatura), em amígdalas e fraturas em basaltos e andesitos e como um componente secundário em rochas ultramáficas alteradas. Aragonita. A ND (esquerda) é incolor, com apenas uma clivagem (na vertical) e com alguns indícios de maclas (barras coloridas diagonais). A NC (direita) apresenta extinção paralela (as clivagens coincidem com o fio vertical do retículo na posição de extinção), as maclas ficam mais visíveis e é B(-). 25 ARFVEDSONITA “Arfvedsonita” não é um mineral, mas apenas um termo genérico usado para os minerais do Grupo da Arfvedsonita. Este Grupo é composto por flúor-arfvedsonita, magnésio-arfvedsonita, magnésio-flúor- arfvedsonita e arfvedsonita potássica. A diferenciação dos membros do Grupo ao microscópio não é possível. [Na] [Na2] [Fe2+4Fe3+] Si8O22(OH)2 Inossilicatos, Supergrupo dos Anfibólios Monoclínico ND Cor / pleocroísmo: azul a verde-amarronzado e cinza-azulado, possui pleocroísmo moderado a forte em cores intensas: X = azul-verde a azul-verde profundo; Y = verde- azulado pálido a azul-cinza; Z = verde-amarelado pálido, verde escuro, cinza-azul esverdeado. Relevo: alto Clivagem: {110} perfeita: nas seções basais duas clivagens perfeitas formando um ângulo de 124 e 56º entre si, nas seções longitudinais apenas uma clivagem. Partição em {010}. Hábito: cristais prismáticos espessos alongados segundo o eixo z, tabulares segundo {010} , aciculares, granulares, também poiquilíticos (textura de peneira = “sieve texture”) NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência de 0,010 a 0,012, cores de cinza a amarelo de até 1ª ordem superior, fortemente anômalas, frequentemente mascaradas pelas intensas cores próprias do mineral. Com o aumento do teor em Fe a refração aumenta e as cores de interferência decrescem. Extinção: tende a oblíqua, de 0 a 30º Sinal de Elongação: SE(-). As cores fortes da arfvedsonita dificultam sobremaneira a determinação do Sinal de Elongação. Maclas: simples em (100) e lamelares. Zonação: frequentemente zonada LC Caráter: B(+) e B(-) Ângulo 2V: normalmente 70-80º (pode variar de 0 a 100º dependendo da composição química). Alteração: não. Pode ser confundido com: glaucofano ocorre em paragêneses diferentes e possui cores diferentes. Turmalina pode ser similar, mas é U(-) e apresenta cores em manchas e zonas. Aegirina também apresenta cores fortes e pleocroísmo intenso, mas é um piroxênio e apresenta seções basais com duas clivagens se cruzando em ângulos de quase 90º. Associações: a arfvedsonita forma uma solução sólida com eckermannita e ocorre em rochas ígneas alcalinas raras como granitos alcalinos, sienitos, nefelina-sienitos, sienitos sódicos e pegmatitos associados, traquitos e fonolitos. Em vulcânicas como panteleritas e comendaditas. Associa-se a riebeckita, aegirina, aegirina-augita, hastingsita, kataphorita, feldspato alcalino (e anortoclásio em rochas vulcânicas) e nefelina. 26 Arfvedsonita euédrica. À esquerda, a ND, observa-se as cores fortes e pleocroísmo forte em cores verdes e azuis (!). O relevo é alto e a clivagem um pouco difícil de se ver. Ao seu redor, feldspatos alterados a argilominerais (cinzentos) e quartzo (incolor). À direita, arfvedsonita euédrica a NC: as cores originais fortes mascaram as cores de interferências de 1ª ordem. Seção longitudinal de arfvedsonita, à esquerda e no centro a ND mostrandoseu pleocroísmo desde verde quase preto até verde amarelado. À direita, a NC, as cores fortes mascaram sua cor de interferência. A extinção é praticamente paralela e o Sinal de Elongação, devido às cores fortes, é de difícil determinação. Vários cristais de arfvedsonita a ND (à esquerda) e a NC (acima). A ND, nos cristais bem escuros (quase pretos), sempre há uma nítida cor azul associada. A NC se torna evidente a ausência de cores de interferência superiores à 1ª ordem, sempre considerando as cores intensas da arfvedsonita, que mascaram as cores de interferência. 27 ARGILOMINERAIS Argilominerais são filossilicatos que ocorrem em tamanhos muito pequenos (“tamanho argila”, correspondendo a tamanhos inferiores a 2 micra) e, por isso, não podem ser identificados ao microscópio petrográfico. A técnica analítica mais usual para sua identificação é a Difratometria de Raios X, que submete as amostras a 3 análises (natural, glicolada e calcinada) que, em conjunto, permitem identificar o(s) argilomineral(is) presente(s). Um argilomineral muito comum em lâminas delgadas é a caulinita, que se forma por alteração de feldspatos (tanto feldspatos potássicos como feldspatos calco-sódicos). O processo é denominado de “caulinitização” ou “argilização”. Forma-se não apenas caulinita, mas também argilominerais do Grupo da Montmorilonita, geralmente por processos intempéricos. Estes argilominerais são visíveis como uma turvação nos feldspatos anteriormente límpidos. São cores cremes, rosadas a castanhas, cores que podem ser vistas inclusive observando a lâmina delgada a olho nu. O grau de turvação varia desde muito baixo (o feldspato está quase inalterado) até muito forte. Feldspatos muito alterados não mostram mais as cores de interferência cinzentas que lhes são características, pois os argilominerais turvam completamente todo o cristal. A alteração a argilominerais (e outros produtos de alteração como sericita) é um aspecto diagnóstico para feldspatos em geral em relação a quartzo. Argilominerais são filosilicatos e, como tal, desenvolvem cristais em formato de folhas ou placas, que se agregam em pilhas (“livros” = “booklets”), em forma de leque, formar agregados esféricos, fibras, pontes e outras morfologias. Diversos argilominerais desenvolvem-se nas rochas, como esmectitas, caulinita, dickita, ilita e outros. Temos que ter bem presente, portanto, que nas lâminas delgadas que estamos analisando há, quase sempre, grande quantidade de argilominerais, de uma ou mais espécies. Sua identificação óptica não é possível, mas sua presença pode indicar que o mineral altera facilmente, o que pode ser diagnóstico. A menção aos argilominerais, referindo-se ao seu aspecto (cores) e ao sítio onde se desenvolvem (centro ou borda do cristal, ao longo das fraturas ou clivagens, etc.) é um aspecto importante da descrição dos minerais presentes na lâmina delgada. A seguir seguem algumas imagens de Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) de algumas espécies de argilominerais. Três cristais de ortoclásio, aproximadamente retangulares, com outros grãos menores de ortoclásio, com alteração a argilominerais (caulinita e outros). A ND (à esquerda) apresentam cores castanhas e a NC (à direita) as cores de interferência cinzentas dos feldspatos mostram-se manchadas, “sujas”, devido à presença das argilas. Os grãos de quartzo ao redor mostram-se límpidos, já que quartzo nunca altera. 28 Esmectitas-Fe revestindo parede de vesícula em rocha basáltica. Macroscopicamente são pretas, lembrando biotita. Esmectita em cutícula e como franja em favo Dickita substituindo caulinita vermicular e em booklets Franjas de clorita e quartzo prismático Ilita fibrosa Esmectita como favos e pontes. 29 AUGITA A augita é um clinopiroxênio e integra a série de solução sólida diopsídio – augita – hedenbergita. (Ca,Mg,Fe,Al,Ti)2(Si,Al)O3 Inossilicato, Supergrupo dos Piroxênios Monoclínica ND Cor / pleocroísmo: Normalmente verde muito pálido, pode ser incolor, cinza, marrom pálido ou verde amarronzado. Pleocroísmo normalmente inexistente ou fraco. Cores mais fortes podem mascarar o pleocroísmo (x = verde fraco ou verde azulado; y = verde pálido, marrom, verde ou verde azulado; z = verde amarronzado pálido, verde ou amarelo- verde). Se com Ti (>3% TiO2 = titanoaugita) tem pleocroísmo distinto a forte de marrom pálido, violeta amarronzado ou violeta. Se com Fe, é mais escura, com pleocroísmo fraco. Relevo: médio a alto Clivagem: {110} boa a distinta, exibindo nas seções basais duas clivagens que formam ângulos de 87º e 93º entre si. Nas seções prismáticas apenas uma clivagem. Hábito: formas prismáticas, equidimensionais, colunares. Cristais anédricos e massas são comuns. Seções basais perfeitas possuem 4 ou 8 lados. Titanoaugita pode mostrar textura em ampulheta (“hourglass”). NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência de 0,018 – 0,034: cores de 1ª ordem superior a 2ª ordem superior: cores intensas, amarelo, vermelho, etc., cinza apenas nas seções perpendiculares a um dos eixos óticos (seções de isotropia). Extinção: oblíqua, com ângulo entre 35 e 48º. Paralela nas seções (010); pode apresentar extinção em ampulheta. Sinal de Elongação: não pode ser determinado. Maclas: frequentes, simples a lamelares segundo {100} e {001}. Podem se combinar para um padrão espinha-de-peixe. Lamelas de exsolução de ortopiroxênios podem estar presentes. Zonação: frequentemente zonada. LC Caráter: B(+) Ângulo 2V: 25º a 61º Alteração: pode alterar para anfibólios verdes (hornblenda, actinolita), às vezes marrons (uralitização). Em rochas magmáticas pode alterar a clorita e, em alguns casos, para celadonita, formando pseudomorfoses. Sob metamorfismo de baixo grau, altera a clorita, epidoto e talco. Intemperismo forma carbonato (calcita), hematita e quartzo. Pode ser confundido com: A distinção entre os vários clinopiroxênios (augita, diopsídio e pigeonita) pode ser muito difícil a impossível. O que facilita a identificação é o conhecimento da paragênese (tipo de rocha, minerais associados). Alguns autores informam que a distinção entre os clinopiroxênios só pode ser realizada com o auxílio de uma platina universal. Pigeonita possui um ângulo 2V < 30º. Hedenbergita possui relevo um pouco mais alto. Titanoaugita apresenta pleocroísmo forte. Ortopiroxênios (enstatita, etc.) possuem extinção paralela e birrefringência menor. Omfacita e jadeita ocorrem em outras paragêneses. Olivina não mostra clivagem, apresenta birrefringência mais alta e extinção paralela. Associações: ocorre em rochas ígneas máficas a intermediárias (gabros, basaltos, olivina-gabros, lamburgitos e peridotitos) e em seus equivalentes metamórficos. Às vezes em gnaisses e granulitos. Titanoaugita está restrita a rochas ígneas básicas a intermediárias. 30 Cristais de augita em uma rocha basáltica, com opacos (pretos) e plagioclásios (cinza-branco a NC, maclas polissintéticas). A ND (esquerda) são diagnósticos o relevo médio-alto e a clivagem de piroxênio. A NC(direita) são diagnósticas as cores fortes e a extinção oblíqua. Fenocristais de augita a NC com maclas simples; as duas da direita também com zonação. Fenocristal de augita a NC com zonação em ampulheta. Maclas cíclicas em augita, formadas por vários cristais individuais que se interpenetram. A macla, em seção, toma a forma de uma roda ou estrela. NC. 31 AZURITA – Cu3(CO3)2(OH)2 A azurita é um carbonato secundário de cobre e, como o próprio nome indica, possui uma cor azul profunda inconfundível, extremamente característica. Forma cristais prismáticos que são translúcidos nas arestas agudas. Os cristais atingem até 30 cm de comprimento e mais de 100 formas combinadas foram registradas. A azurita pode formar agregados bandados, com camadas alternadas com malaquita (verde) ou cuprita (vermelha). Forma-se na zona de oxidação da porção superior de minérios sulfetados de cobre, associados a rochas carbonáticas, quase sempre a partir de enargita, famatinita ou tennantita-tetraedrita. É um minério muito secundário de cobre. Associa-se a malaquita, crisocola, calcocita, calcopirita, cobre nativo, limonita, brochantita, antlerita, tenorita, atacamita, cuprita, cerussita, shattuckita, lirconita, connelita, smithsonita, wad, calcita e dolomita, formando um conjunto de minerais muito coloridos. A azurita, uma vez exposta à atmosfera, é instável e frequentemente é substituída pseudomorficamente pela malaquita, por isso a azurita é bem mais rara que a malaquita. Ao microscópio, a azurita é transparente e continua apresentando a sua cor azul profunda muito característica, mesmo na espessura de 30 micra. Observando a lâmina delgada a olho nu, este azul já é muito evidente. Em função desta cor forte, a aparência da azurita praticamente não muda entre ND e NC. A ND, apresenta relevo alto e intenso pleocroísmo em azul. Há uma clivagem perfeita em {011}, uma clivagem boa em {100} e uma clivagem em traços em {110}. O hábito tende a prismático e tabular. A NC, possui extinção oblíqua porque é monoclínica. A birrefringência máxima é 0,108, mas as cores de interferência são mascaradas pela sua cor azul intensa. O Sinal de Elongação é de difícil determinação em função do azul intenso. A LC é B(+) com um ângulo 2V de 68º. Novamente a cor azul intensa dificulta ou impossibilita a obtenção da figura. Azurita a ND (esquerda) e a NC (direita), associada a outro mineral secundário de cobre, de cor verde. Percebe-se que a cor da azurita não muda muito de ND a NC, mas a NC alguns cristais estão em posição de extinção (pretos), o que não ocorre a ND, quando há apenas pleocroísmo. A clivagem é difícil de ver e outras propriedades também não são fáceis de determinar. 32 BARITA BaSO4 Sulfato Ortorrômbico ND Cor / pleocroísmo: geralmente incolor. Pode ser pleocróica em tons suaves nas seguintes cores (X,Y,Z): marrom: amarelo-palha, amarelo-vinho, violeta; amarelo: amarelo pálido marrom, amarelo marrom, marrom; verde: quase incolor, verde pálido, ametista; azul-verde: azul-violeta, verde azulado, violeta. Relevo: moderado Clivagem: {001} perfeita, {210} menos perfeita, {010} imperfeita. A clivagem é visível apenas nos cristais maiores. Quando visível, pode apresentar-se pseudo- cúbica. Hábito: geralmente cristais tabulares, finos a espessos, que podem formar agregados em roseta (radiais). Barita pode apresentar muitos hábitos diferentes: elongada, prismática, equidimensional, concrescionária, fibrosa, nodular, estalagtítica, bandada, terrosa ou maciça. Baritas granulares são comuns. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência baixa, de 0,011 a 0,012: cores cinzentas até amarelo- laranja de 1ª ordem. Extinção: paralela na direção da clivagem (001), simétrica em {001} (seções basais), oblíqua em seções com outra orientação. Sinal de Elongação: SE(+) Maclas: raras, lamelares, polissintéticas por {110}. Zonação: não apresenta zonação. LC Caráter: B(+) Ângulo 2V: 36 - 40º Alteração: pode ser substituída por SiO2 e carbonatos. Calcedônia forma pseudomorfoses sobre barita. Pode ser confundido com: a barita é um mineral mais raro que facilmente passa despercebida devido à sua infinidade de hábitos diferentes. Celestita (SrSO4) forma uma série com barita e é muito semelhante, mas possui índices de refração menores. Gipso é muito semelhante, mas possui relevo baixo. Associações: a barita ocorre em depósitos hidrotermais como mineral de formação tardia, associada a quartzo e calcita, com ou sem sulfetos associados. Ocorre como mineral acessório em rochas ígneas. Em carbonatitos e em rochas calcárias, arenitos e algumas concreções. Pode formar concresções em arenitos (“rosas do deserto”). Como componente primário de depósitos de sulfetos maciços vulcanogênicos submarinos e “black smokers”. Associa-se a fluorita, calcita, dolomita, rodocrosita, gipso, esfalerita, galena, estibnita e outros sulfetos. 33 Barita como preenchimento de poros em um arenito com grãos de quartzo. Imagem a NC. Cristais tabulares de barita a ND (acima) e a NC (à direita). A forma é muito típica e as cores de interferência normalmente não alcançam o amarelo de 1ª ordem. Cristais maiores podem exibir a clivagem pseudo-cúbica característica. Imagem obtida a ND com o diafragma fechado em mais de 60%. Baritas grandes a NC, com o cristal do centro mostrando extinção paralela à forma e à melhor clivagem. Cristais idiomórficos de barita, tipicamente terminando em um ângulo agudo, semelhante a um formão. Desta forma característica provém um dos nomes em alemão para a barita: “Meisselspat” (“Meissel” = formão, “Spat” = cristal com clivagem). Imagem a NC. 34 BERILO Variedades do berilo: esmeralda (verde), água-marinha (azul-celeste), heliodoro (verde-amarelado), morganita (rosa), goshenita (incolor), berilo-vermelho e berilo-dourado. Be3Al2(Si6O18) Ciclossilicato Hexagonal ND Cor / pleocroísmo: incolor. Raramente apresenta pleocroismo entre azul pálido a verde pálido. Relevo: moderado. Clivagem: (0001) má. Não é visível ao microscópio. Hábito: prismático curto a longo, tabular, frequentemente anédrico a euédrico, granular. Pode conter grande quantidade de inclusões ou se apresenta cataclástico (quebrado em vários fragmentos angulares). NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência de 0,004 a 0,007, resultando em cores de primeira ordem: cinza escuro a claro até branco. Devido à alta dureza do berilo (Mohs: 7,5 – 8), é possível que os grãos estejam fora da espessura padrão da lâmina de 30 micra e com cores laranjas a vermelhas. Extinção: paralela. Sinal de Elongação: SE(-) Maclas: raras Zonação: não LC Caráter: U(-). Pode ser B(-) anômalo. Ângulo 2V: pode mostrar um ângulo 2V anômalo de 0-6º. Alteração: raramente altera a partir de fraturas e margens. Por alteração hidrotermal passa a muscovita. Pode ser confundido com: O berilo é muito semelhante a vários minerais comuns e facilmente passa despercebido. Quartzo possui relevo mais baixo e é U(+). Apatita possui relevo mais alto. Nefelina possui paragênese diferente. Topázio é B(+) e possui relevo mais alto. Coríndon possui relevo bem mais alto. Associações: berilo é típico de pegmatitosgraníticos. É raro em sienitos nefelínicos e em rochas metamórficas como mica-xistos e mármores. Pode ocorrer em veios hidrotermais, tanto de temperaturas baixas como de temperaturas altas. Berilo vermelho ocorre em cavidades em riolitos, com topázio. Associa- se a muscovita, lepidolita, quartzo, feldspato, espodumênio, ambligonita, cassiterita, turmalina, topázio e columbita-tantalita. Duas seções hexagonais de berilo com muscovita associada. À esquerda, a ND: incolor, relevo médio (algo mais baixo que o relevo da muscovita), sem clivagem. À direita, a NC: cores de interferência cinzas (a seção basal está isótropa = seção de isotropia da indicatriz óptica). As muscovitas apresentam cores intensas. A LC apresenta uma figura uniaxial negativa bem definida. 35 BIOTITA “Biotita” não é um mineral, mas apenas um termo genérico que se aplica aos membros meroxeno, lepidomelano e siderophyllita da Série da Biotita, composta por flogopita (Fe 0-20%, Mg 100-80%), meroxeno (Fe 20–50%, Mg 80-50%), lepidomelano (Fe 50-80%, Mg 50-20%) e siderophyllita (Fe 80- 100%, Mg 20-0%). Vermiculita é um produto de alteração de biotita e flogopita (ver ficha). K(Mg,Fe)3AlSi3O10(OH,O,F)2 Filossilicato (Grupo das Micas: 47 membros) Monoclínica ND Cor / pleocroísmo: fortemente pleocróica de claro (X) para escuro (Y,Z) em cores marrons, verde-marrons ou vermelho-marrons. Raramente em cores amarelas ou vermelhas. Cores ficam mais intensas com teores mais elevados de Fe. Em grãos alterados o plecoroísmo fica mais fraco ou está ausente. Relevo: médio a alto. Clivagem: {001} perfeita se o grão não está alterado. A clivagem se dispõe paralelamente ao alongamento do grão. Grãos alterados mostram pouca ou nenhuma clivagem. Hábito: tabular, geralmente lamelar segundo o eixo z, formando grãos retangulares. É subédrica a euédrica, pode formar prismas pseudo-hexagonais, raramente visíveis na lâmina. Se a biotita contém inclusões de minerais radioativos como zircão ou allanita, ocorrem halos pretos ao redor destas inclusões. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência alta, de 0,03 a 0,08: cores fortes, de 3ª ordem superior a 4ª ordem. As fortes cores da biotita normalmente mascaram suas cores de interferência. Extinção: normalmente paralela e mosqueada, pode ser levemente oblíqua até 9º. Pode ser ondulante em grãos dobrados. Em grãos alterados não é mais mosqueada. Sinal de Elongação: SE(+) em relação à clivagem, como todas as micas. Maclas: Maclas simples pelos planos (001) são possíveis, mas normalmente não são observáveis. Zonação: às vezes zonada. LC Caráter: B(-) Ângulo 2V: 0 - 25º Alteração: em rochas vulcânicas a biotita pode sofrer oxidação (oxibiotita) e perda de água, conduzindo à opacitização, que é a substituição da biotita (e da hornblenda singenética) por um agregado de grão fino de magnetita, hematita, espinélio e piroxênio. A opacitização inicia pelas bordas da biotita (formando crostas pretas, opacas). A exsolução de Ti na biotita forma inclusões de finas agulhas de rutilo (sagenita). Durante metamorfismo regressivo (“diaphthoritic alteration”) a biotita altera para clorita, epidoto, carbonato, quartzo e outros. Durante o intemperismo a biotita perde a cor (hidrobiotita ou vermiculita) e altera para um agregado de carbonato, limonita e quartzo. Consultar ficha de vermiculita! Pode ser confundido com: flogopita é da série, é semelhante, mas tem pleocroísmo mais fraco. Hornblenda marrom tem extinção oblíqua e clivagem diferente. Turmalina é U(-) e não tem clivagem, apenas fraturas perpendiculares ao alongamento. Stilpnomelano é muito semelhante, mas não tem extinção mosqueada (importante!), seu pleocroísmo é mais colorido e possui duas clivagens (uma má). Associações: biotita é muito comum. Ocorre em muitas rochas ígneas (rochas silícicas e alcalinas como granitos, dioritos, gabros e peridotitos) e metamórficas (como xistos, filitos, cornubianitos e gnaisses). Também é encontrada em rochas sedimentares imaturas, mas altera para argilominerais. 36 Abaixo, uma sequência de três biotitas de pleocroísmos e cores de interferência diferentes. As imagens da esquerda e do centro são a ND (rotacionadas em 90º); a imagem da direita é a NC. Como era de se esperar em um grupo de minerais biaxiais com composições químicas bem variadas, as cores mudam bastante. Outras cores e tonalidades, tanto a ND como a NC, são possíveis (e.g., vermelhas). Porfiroblasto de biotita em rocha metamórfica (xisto). Observa-se o alinhamento dos cristais de biotita, bem como das muscovitas e dos quartzos na matriz. À esquerda, a ND. À direita, a NC. 37 Biotita alterada, o que é muito comum. Da esquerda para a direita, as primeiras duas imagens mostram a biotita alterada a ND, rotacionada. Percebe-se que não há mais pleocroísmo, ou então o pleocroísmo ficou muito mais fraco. Também não é mais possível observar clivagem. A terceira imagem é a NC, mostrando que as típicas cores intensas da biotita também não ocorrem mais. A imagem da direita mostra que, a NC na posição de extinção, não há mais extinção mosqueada, que é diagnóstica para micas sem alteração. Biotita em rocha vulcânica. Estas biotitas em rochas vulcânicas frequentemente são euédricas (idiomórficas), mas alteram com facilidade, desenvolvendo uma borda preta de opacas (óxidos de Fe). À esquerda e no centro, biotita já alterada a ND, à direita, biotita a NC. É necessário cuidado porque hornblenda marrom também ocorre nestas rochas e sua alteração pode ser similar. Biotita euédrica em rocha vulcânica a NC. A biotita está completamente alterada para clorita, que mostra uma de suas cores de interferência anômalas, o chamado “Azul de Berlim”, que lembra o azul da calça jeans. Bandas paralelas de pequenos cristais de biotita em rocha metamórfica, uma situação muito comum. Frequentemente estas biotitas ocorrem misturadas com muscovitas. Imagem a ND. 38 BROOKITA Brookita, anatásio, rutilo, akaogiita e TiO2 II são polimorfos de TiO2 TiO2 Óxido Ortorrômbica ND Cor / pleocroísmo: marrom amarelado a marrom escuro com pleocroísmo muito fraco entre amarelado, avermelhado, laranja a marrom. Cristais de cores profundas podem ser confundidos com opacos em lâmina delgada! Relevo: muito alto Clivagem: {120} indistinta e {001} em traços, não visíveis ao microscópio. Hábito: tabulares segundo {010} ou elongados, também piramidais e pseudohexagonais. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência máxima de 0,117: cores fortes de até 3ª ordem. Extinção: paralela Sinal de Elongação: sem informações Maclas: não apresenta Zonação: sem informações LC Caráter: B(+). Pode simular ser uniaxial! Ângulo 2V: 0 – 28º Alteração: não altera Pode ser confundido com: anatásio é muito parecido. Associações: ocorre como mineral acessório em fendas tectônicas em xistos e gnaisses. Forma-se em zonas de metamorfismo de contato e veios hidrotermais de pequena espessura. É um mineral detrital comum.
Compartilhar