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Trespasse no Direito Brasileiro

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Disciplina: Direito Empresarial Professor: Garbe 
Aluna: Vanessa Xavier de Sousa Nunes RA: 1789334 
Curso: Direito – 3º semestre TURMA: 003203C02 
O TRESPASSE NO DIREITO BRASILEIRO 
Sumário 
INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 1 
DEFINIÇÃO E OBJETIVO DO TRESPASSE ............................................................................ 2 
RESPOSSABILIDADE DAS DÍVIDAS ....................................................................................... 3 
DA TRANSFERÊNCIA DOS CONTRATOS E DOS CRÉDITOS .............................................. 4 
DA IMPOSSIBILIDADE DE CONCORRÊNCIA ......................................................................... 5 
REFERÊNCIAS: ......................................................................................................................... 5 
 
Resumo: 
O presente artigo busca discorrer sobre o contrato de compra e venda de um 
estabelecimento comercial, seus efeitos e as consequências no âmbito da 
responsabilidade civil, tributária e trabalhista. Para isso, recorre a legislação que pelos 
artigos 1.144 ao 1.149 do Código Civil Brasileiro de 2002, regulamenta este importante 
negócio jurídico denominado trespasse. 
Palavras-Chave: Trespasse; Estabelecimento; negócio jurídico. 
INTRODUÇÃO 
Atividades de compra e venda estão intrinsicamente ligadas a humanidade 
desde a era paleolítica, na qual as pessoas necessitavam trocar constantemente 
produtos para satisfazer seus interesses. Após a revolução industrial, tal atividade se 
consolidou e hoje cotidianamente, todos nós nos envolvemos nessa relação 
interpessoal, que em geral não produz efeitos jurídicos complexos. 
No entanto, eximindo-se dessa regra, temos o trespasse, atividade comumente 
conhecida pelo termo “passa-se o ponto”, que se trata da venda de um 
estabelecimento comercial. Tal exceção está diretamente ligada ao fato de que essas 
incorporações vendidas possuem funcionários, credores, devedores, contratos e 
créditos que são afetados de imediato com essa relação, dessa forma, é evidente a 
necessidade de tal liame ser regulamentada por lei. 
DEFINIÇÃO E OBJETIVO DO TRESPASSE 
As primeiras corporações empresariais surgiram na idade média, chamadas de 
maqaradas. Essas instituições foram criadas pelos mulçumanos e tinham como 
objetivo permitir que indivíduos pudessem investir sem comprometer seu patrimônio 
pessoal. A deficiência desse sistema, estava no fato de que tais instituições possuíam 
prazo de validade, deixando de existir, obrigatoriamente, após o falecimento dos seus 
membros. 
No entanto, para atender princípios econômicos-sociais, estabeleceu-se o 
trespasse, um contrato de compra e venda que tem como objeto a transmissão do 
estabelecimento. 
Esse estabelecimento é composto por todos os elementos corpóreos e 
incorpóreos, que em conjunto, o empresário utiliza para o exercício da atividade 
comercial, conforme regulamentado pelo artigo 1.142 do Código Civil. 
Essa relação representa grande relevância para a economia, pois é através 
dela que se permite a manutenção da atividade empresarial. Como consequência dar-
se a otimização dos ativos assim como, evita-se a deterioração e desvalorização do 
patrimônio empresarial e aproveita-se o aviamento do estabelecimento alienado. 
REQUISITOS DO TRESPASSE 
O contrato de trespasse produz efeitos entre o alienante e o adquirente a partir 
da sua existência. No entanto, para surtir efeitos perante terceiros é necessário 
cumprir alguns requisitos, dentre eles o presente no artigo 1.144 do Código Civil, que 
expõe: 
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, 
o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá 
efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da 
inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no 
Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na 
imprensa oficial. 
Além disso, com o objetivo de evitar fraudes contra credores, é disciplinado no 
artigo 1.145, como proceder caso o alienante seja insolvente. Assim, nas letras da lei, 
se o alienante não possuir bens suficientes para resolver o passivo, a eficácia do 
contrato fica condicionada ao pagamento dos credores ou à anuência destes, que 
devem manifestar-se no prazo de 30 dias - sob pena de aceitação tácita - após 
notificação da pretensão de trespasse. 
Outrossim, a Lei de Recuperação de Empresas e Falência, reforça a proteção 
supracitada, trazendo uma penalidade ao alienante insolvente que efetuar a venda do 
estabelecimento comercial, sem anuência dos credores, expondo no artigo 94 o 
seguinte: 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
III - pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer 
parte de plano de recuperação judicial: 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, 
sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com 
bens suficientes para solver seu passivo. 
RESPOSSABILIDADE DAS DÍVIDAS 
 A operação de trespasse não se restringe apenas a transferência do 
estabelecimento comercial. Com a alienação dessa corporação, importantes áreas 
jurídicas são afetadas, sendo assim, é de grande relevância para o Direito, 
regulamentar a responsabilidade civil, tributária e trabalhista decorrente dessa 
transação. 
Em se tratando da responsabilidade civil, o artigo 1.146 do Código Civil 
determina que o trespassário passe a responder imediatamente pelas dívidas desde 
que regularmente contabilizadas. No entanto, o alienante responde solidariamente 
pelo prazo de um ano, contando-se o prazo em relação aos débitos vencidos a partir 
da data da publicação e, aos demais a partir da data do vencimento. 
Já, tratando-se da responsabilidade tributária, de acordo com o inciso I do artigo 
122 do Código Tributário Nacional, em regra, as obrigações fiscais recaem sobre 
aquele que pratica o ato gerador da dívida. No entanto, no artigo 133 do mesmo 
código, dispõe sobre a transferência dos débitos tributários em razão da venda do 
estabelecimento empresarial, estabelecendo o seguinte: 
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito 
privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo 
de comércio ou estabelecimento comercial, industrial 
ou profissional, e continuar a respectiva exploração, 
sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou 
nome individual, responde pelos tributos, relativos ao 
fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data 
do ato: 
I - integralmente, se o alienante cessar a exploração 
do comércio, indústria ou atividade; 
II - subsidiariamente com o alienante, se este 
prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a 
contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em 
outro ramo de comércio, indústria ou profissão. 
No âmbito trabalhista, a Consolidação das Leis de Trabalho, regula para que 
contratos de trabalho não sejam afetados com a transferência do estabelecimento. 
Estes contratos somente se rescindem com a cessação das atividades da empresa. 
Dessa forma, posicionando-se pela proteção para com os trabalhadores, a CLT traz 
em seu artigo 448 e 448-A o seguinte texto: 
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica 
da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos 
empregados. 
Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de 
empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as 
obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os 
empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de 
responsabilidade do sucessor. 
Em resumo, temos que, de acordo com a nossa legislação atual, diante de um 
contrato de trespasse, as dívidas civis somente serãosub-rogadas, ou seja, somente 
o adquirente irá suceder o alienante, caso essas estejam contabilizadas. Já, as dívidas 
ficais e trabalhistas independem de contabilização para essa sub-rogação. 
DA TRANSFERÊNCIA DOS CONTRATOS E DOS CRÉDITOS 
Conforme disposto no artigo 1.148 e 1.149 do Código Civil, a venda do 
estabelecimento compreende todos os bens e todos os negócios jurídicos por ele 
compreendidos, sejam passivos ou ativos. 
Dessa forma, em se tratando dos contratos relativos a utilização do 
estabelecimento, com o trespasse, ocorre a sub-rogação do alienante pelo adquirente. 
No entanto, a lei deixa em ressalvo as hipóteses em que o contrato é singularmente 
pessoal, facultando a parte contrária a rescindir o contrato em até 90 dias a contar da 
data da publicação da transferência, desde que configurada a justa causa. 
Outrossim, o artigo 1.149 determina que a partir da venda do estabelecimento, 
o adquirente faz jus aos créditos relativos a esse, e os efeitos relativos a essa 
transferência atinge de imediato terceiros, ficando exonerado, aquele que de boa fé 
efetuar o pagamento ao cedente. 
DA IMPOSSIBILIDADE DE CONCORRÊNCIA 
Para impedir a concorrência desleal, o Código Civil traz no texto do seu artigo 
1.147, norma que proíbe o alienante de concorrer com o adquirente pelo prazo de 5 
anos, desde que não haja cláusula contratual dispondo o contrário. O objetivo de tal 
norma, é, conforme leciona Eduardo Goulart Pimenta: 
“impedir que o alienante do estabelecimento venha a 
disputar o mercado com o adquirente, comprometendo o 
potencial de lucratividade (aviamento) inerente à 
universalidade patrimonial adquirida.”1 
Assim, é razoável que o novo proprietário não deseje ter como concorrente 
imediato o próprio cedente, afinal é evidente a possibilidade de desvio de clientela, 
violando assim o princípio da boa-fé objetiva. 
CONCLUSÃO 
Diante dos argumentos jurídicos apresentados, é evidente a importância da 
existência do contrato de trespasse, já que representa grande relevância para 
economia, possibilitando a imortalidade do comércio, outrora inexiste. Por tamanha 
relevância, é de interesse das Ciências jurídicas regulamentar tal procedimento, isso 
pois, os efeitos decorrentes desse negócio atingem a esfera que ultrapassa as partes 
que o assinam. 
 
REFERÊNCIAS: 
• BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 1a edição. São 
Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. 
• MIRANDA, Maria Bernadete. Curso teórico e prático de direito empresarial. 
Rio de Janeiro: GZ, 2010. 
• NEGRÃO, Ricardo - Manual de direito comercial e de empresa. São Paulo: 
Saraiva, 2009. 
• PIMENTA, Eduardo Goulart. O estabelecimento. Apud: RODRIGUES, 
Frederico Viana (Org.). Direito de empresa no Novo Código Civil. Rio de 
Janeiro: Forense, 2004 
• ROCHA FILHO, José Maria. Curso de Direito Comercial. vol 1. Belo 
Horizonte: Del Rey, 1993. 
• REQUIÃO, Rubens -Curso de direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2007. 
 
1 PIMENTA, Eduardo Goulart. O estabelecimento. Apud: RODRIGUES, Frederico Viana (Org.). Direito de 
empresa no Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004, pag. 107 
	INTRODUÇÃO
	DEFINIÇÃO E OBJETIVO DO TRESPASSE
	RESPOSSABILIDADE DAS DÍVIDAS
	DA TRANSFERÊNCIA DOS CONTRATOS E DOS CRÉDITOS
	DA IMPOSSIBILIDADE DE CONCORRÊNCIA
	Para impedir a concorrência desleal, o Código Civil traz no texto do seu artigo 1.147, norma que proíbe o alienante de concorrer com o adquirente pelo prazo de 5 anos, desde que não haja cláusula contratual dispondo o contrário. O objetivo de tal norm...
	CONCLUSÃO
	Diante dos argumentos jurídicos apresentados, é evidente a importância da existência do contrato de trespasse, já que representa grande relevância para economia, possibilitando a imortalidade do comércio, outrora inexiste. Por tamanha relevância, é de...

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