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www.acasadoconcurseiro.com.br 629 Controle Externo FUNÇÕES, NATUREZA JURÍDICA, JURISDIÇÃO E CAPACIDADE NORMATIVA NATUREZA JURÍDICA E FUNÇÕES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS O fato de o TCU ser tratado, na Constituição, dentro do capítulo dedicado ao Poder Legislativo e ser mencionado como auxiliar do Congresso no exercício do controle externo gera alguma discussão sobre a natureza jurídica dos tribunais de contas. A maioria, e as maiores, bancas examinadoras de concursos entende que os tribunais de contas são órgãos independentes e autônomos. O auxílio prestado pelo tribunal de contas ao Poder Legislativo não significa subordinação. A independência e a autonomia dos TC provêm da Constituição, que atribui ao Tribunal de Contas da União competências próprias e privativas, bem como por poder o TCU agir por iniciativa própria, por possuir orçamento próprio, entre outras competências e atribuições. Ressalte-se o art. 96 da CF, que estatui atribuições relativas à auto-organização do Poder Judiciário, as quais são estendidas, no que couber, aos TC pelo art. 73 da CF. O Supremo Tribunal Federal já se posicionou de forma muito clara sobre o tema: “o Tribunal de Contas da União não é preposto do Legislativo. A função que exerce recebe diretamente da Constituição Federal, que lhe define as atribuições”. Então, temos as seguintes definições, comumente cobradas pelas bancas: Os TC POSSUEM NATUREZA JURÍDICA ADMINISTRATIVA, com INDEPENDÊNCIA e AUTONOMIA. A NATUREZA JURÍDICA DAS DECISÕES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS É ADMINISTRATIVA. Os TC NÃO POSSUEM PERSONALIDADE JURÍDICA (não são pessoas jurídicas, agem em nome do ente no qual estão inseridos – União, Estado ou Município). Os TC POSSUEM CAPACIDADE PROCESSUAL OU POSTULATÓRIA, ou seja, podem, em algumas situações, figurar no polo passivo ou ativo em juízo. Esse atributo também pode ser chamado de Personalidade Judiciária. Não confundir com personalidade jurídica. www.acasadoconcurseiro.com.br630 FUNÇÕES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS • Fiscalizadora – fiscaliza a atividade dos administradores públicos; • Consultiva – responde a consultas de determinadas autoridades; • Informativa – informa ao Congresso Nacional, quando solicitado, o andamento de trabalhos executados; • Judicante – julga as contas de gestão dos administradores públicos; • Pedagógica – orienta os gestores acerca da forma correta de aplicação da lei ou sobre oportunidades de melhoria; • Corretiva – assina prazo para a correção de irregularidades; • Normativa – edita normas em matéria de sua competência; • Sancionadora – aplica sanção aos gestores; • Ouvidoria – recebe e trata reclamações da população contra sua própria atuação contra os jurisdicionados. JURISDIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS Jurisdição (JURIS + DICÇÃO) significa dizer o direito. Há polêmica sobre a aplicabilidade da expressão ao TCU, já que alguns doutrinadores entendem que somente o Poder Judiciário possui jurisdição. O fato é que a própria Constituição Federal menciona a jurisdição do Tribunal de Contas da União, a qual é tratada tanto na LOTCU como no RITCU. Como sabemos, isso vale também para os tribunais de contas estaduais e municipais. Vejamos: Constituição Federal Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. (...) LOTCU Art. 4º O Tribunal de Contas da União tem jurisdição própria e privativa, em todo o território nacional, sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua competência. Art. 5º A jurisdição do Tribunal abrange: Controle Externo – Funções, Natureza Jurídica, Jurisdição e Capacidade Normativa – Prof. Osvaldo Perrout www.acasadoconcurseiro.com.br 631 I – qualquer pessoa física, órgão ou entidade a que se refere o inciso I do art. 1º desta Lei, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta assuma obrigações de natureza pecuniária; II – aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao Erário; III – os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou sob intervenção ou que de qualquer modo venham a integrar, provisória ou permanentemente, o patrimônio da União ou de outra entidade pública federal; IV – os responsáveis pelas contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo. V – os responsáveis por entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado que recebam contribuições parafiscais e prestem serviço de interesse público ou social; VI – todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos à sua fiscalização por expressa disposição de lei; VII – os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos repassados pela União, mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VIII – os sucessores dos administradores e responsáveis a que se refere este artigo, até o limite do valor do patrimônio transferido, nos termos do inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal; IX – os representantes da União ou do Poder Público na assembléia geral das empresas estatais e sociedades anônimas de cujo capital a União ou o Poder Público participem, solidariamente, com os membros dos conselhos fiscal e de administração, pela prática de atos de gestão ruinosa ou liberalidade à custa das respectivas sociedades. No RITCU: arts. 4º e 5º. CASOS ESPECIAIS DF: o Tribunal de Contas da União tem competência para fiscalizar a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do DF, serviços custeados pela União. DF e Territórios: o Tribunal de Contas da União tem competência para fiscalizar o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública, por disposição constitucional. Empresas públicas e sociedades de economia mista: não obstante possuam personalidade de direito privado e seus bens não sejam públicos, submetem-se a fiscalização e processo de tomada de contas especial (entendimento mais recente do Supremo Tribunal Federal, MS 25.092/DF). Conselhos de fiscalização profissional: têm natureza jurídica de Autarquias; são criadas por lei, com personalidade jurídica de direito público com autonomia administrativa e financeira; exercem a atividade tipicamente pública; os recursos por eles cobrados possuem natureza parafiscal; têm o dever de prestar contas ao Tribunal de Contas da União. www.acasadoconcurseiro.com.br632 Ordem dos Advogados do Brasil: constitui exceção à regra anterior. Por decisão do Supremo Tribunal Federal, ratificada pelo Tribunal de Contas da União, não se encontra na jurisdição do TCU. No seu poder regulamentador, os tribunais podem dispensar alguns órgãos e entidades de prestarem contas anuais em determinado período ou de forma permanente. Isso não retira sua jurisdição sobre essas unidades e seus gestores, podendo eles serem fiscalizados pelo Tribunal a qualquer tempo. Controle Externo – Funções, Natureza Jurídica, Jurisdição e Capacidade Normativa – Prof. Osvaldo Perrout www.acasadoconcurseiro.com.br 633 SLIDES Técnico (FEPESE TCE-‐SC/2014) 30 Assinale a alterna=va correta quanto às regras cons=tucionais sobre controle externo: Fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial. a) É permi=da a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais. b) A fiscalização do Estado será exercida pelo Poder Legisla=vo Federal,mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Execu=vo Estadual. c) As contas dos Municípios ficarão, durante noventa dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá ques=onar-‐lhes a legi=midade, nos termos da lei. d) A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legisla=vo Municipal, mediante controle interno, e pelos sistemas de controle interno do Poder Execu=vo Federal, na forma da lei. e) A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legisla=vo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Execu=vo Municipal, na forma da lei. REGRAS CONSTITUCIONAIS SOBRE CONTROLE EXTERNO NATUREZA JURÍDICA E FUNÇÕES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS FUNÇÕES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS Fiscalizadora -‐ fiscaliza a a9vidade dos administradores públicos; Consul@va – responde a consultas de determinadas autoridades; Informa@va -‐ informa ao Congresso Nacional, quando solicitado, o andamento de trabalhos executados; Judicante -‐ julga as contas de gestão dos administradores públicos; Pedagógica -‐ orienta os gestores acerca da forma correta de aplicação da lei ou sobre oportunidades de melhoria; Corre@va -‐ assina prazo para a correção de irregularidades; Norma@va -‐ edita normas em matéria de sua competência; Sancionadora -‐ aplica sanção aos gestores; Ouvidoria – recebe e trata reclamações da população contra sua própria atuação contra os jurisdicionados. 2 www.acasadoconcurseiro.com.br634 JURISDIÇÃO juris (direito) + dicere (dizer) Dizer o direito: poder que detém o Estado para aplicar o direito ao caso concreto 3 JURISDIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO CF Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. (...) 4 Controle Externo – Funções, Natureza Jurídica, Jurisdição e Capacidade Normativa – Prof. Osvaldo Perrout www.acasadoconcurseiro.com.br 635 JURISDIÇÃO DO TCM-‐RJ LOTCM Art. 5º -‐ O Tribunal de Contas tem jurisdição própria e priva9va, em todo o território Municipal, sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua competência. Art. 6º -‐ A jurisdição do Tribunal abrange: I. -‐ qualquer pessoa Fsica, órgão ou en9dade a que se refere o inciso II, do art. 3°, que u9lize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos, ou pelos quais o Município responda, ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária; II. -‐ aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao erário; III. -‐ os dirigentes ou liquidantes de empresas encampadas ou sob intervenção do Município, ou que, de qualquer modo, venham a integrar, provisória ou permanentemente, o patrimônio do Município ou de outra en9dade pública municipal; IV. -‐ todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos à sua fiscalização por expressa disposição de lei; 5 JURISDIÇÃO DO TCM-‐RJ LOTCM Art. 6º -‐ A jurisdição do Tribunal abrange: (...) V. -‐ os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos repassados pelo Município, mediante convênio, acordo, ajuste ou instrumentos similares; VI. -‐ os responsáveis pela aplicação dos recursos tributários arrecadados pela União e pelo Estado, entregues ao Município nos termos dos arts. 158 e 159 da ConsMtuição Federal, e dos recursos de outra natureza, exceto dos repassados pela União e pelo Estado ao Município, mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, consoante o disposto no art. 71, VI, da ConsMtuição Federal; VII. -‐ os responsáveis pela aplicação de adiantamento e de suprimento de fundos, quando as respecMvas contas forem impugnadas pelo ordenador da despesa; VIII. -‐ os responsáveis pela administração da dívida pública; 6 www.acasadoconcurseiro.com.br636 JURISDIÇÃO DO TCM-‐RJ LOTCM Art. 6º -‐ A jurisdição do Tribunal abrange: (...) IX. -‐ os administradores de en<dades de direito privado que recebam auxílio ou subvenção dos cofres públicos, com referência aos recursos recebidos; X. -‐ os responsáveis pela elaboração dos editais de licitação e dos convites, os par<cipantes das comissões julgadoras dos atos licitatórios, bem como os responsáveis e ra<ficadores dos atos de dispensa e de inexigibilidade; XI. -‐ os sucessores dos administradores e responsáveis a que se refere este ar<go, até o limite do valor do patrimônio transferido, nos termos do inciso XLV, do art. 5°, da Cons<tuição Federal; e XII -‐ os representantes do Município, nas assembléias gerais, nos conselhos fiscais e de administração das empresas estatais e sociedades anônimas de cujo capital o Município par<cipe, pela prá<ca de atosde gestão ruinosa ou liberalidade à custa das respec<vas sociedades. 7 JURISDIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS No seu poder regulamentador, o Tribunal de Contas pode dispensar alguns órgãos e en7dades de prestarem contas em determinado período ou de forma permanente. Isso não re7ra a jurisdição do TC sobre essas unidades e seus gestores, podendo eles serem fiscalizados pelo Tribunal a qualquer tempo. OBSERVAÇÃO: -‐DF e Territórios: o Tribunal de Contas da União tem competência para fiscalizar o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública; -‐Empresas públicas e sociedades de economia mista: submetem-‐se a fiscalização e processo de tomada de contas especial; -‐Conselhos de fiscalização profissional: têm o dever de prestar contas ao Tribunal de Contas da União (exceto OAB) 8 Controle Externo – Funções, Natureza Jurídica, Jurisdição e Capacidade Normativa – Prof. Osvaldo Perrout www.acasadoconcurseiro.com.br 637 O Tribunal de Contas da União tem a natureza jurídica de um órgão (ESAF ACE/2002) a) legislaCvo b) judicante c) administraCvo d) essencial à função judicante e) essencial à função legislaCva 9 Técnico (FEPESE MP TCE-‐SC/2014) Os Tribunais de Contas são órgãos de controle externo, compete, nos termos da ConsGtuição Federal e na forma estabelecida em Leis Orgânicas suas funções, natureza jurídica e eficácia em suas decisões. Em relação ao assunto, assinale a alternaGva correta. a) Os Tribunais fiscalizam somente os recursos ordinários sob suas jurisdições. b) Cabe ao Tribunal de Contas aprovar as contas prestadas mensalmente pelo Presidente da República e pelos Governadores. c) Para assegurar a eficácia do controle e para instruir o julgamento das contas, o Tribunal de Contas efetuará a fiscalização dos atos, de que resulte receita ou despesa, praGcados pelos responsáveis sujeitos à sua jurisdição. d) No julgamento de contas, e na fiscalização que lhe compete, não cabe ao Tribunal decidir sobre a legalidade, a legiGmidade e a economicidade dos atos de gestão e das despesas deles decorrentes, bem como sobre a aplicação de subvenções e a renúncia de receitas. Trata-‐se de competência exclusiva do Poder Judiciário. e) Os Tribunais de Contas têm jurisdição própria e privaGva, em todo o território nacional, sobre as pessoas e matérias sujeitas à competência da União. 10 www.acasadoconcurseiro.com.br638 CAPACIDADE NORMATIVA (PODER REGULAMENTAR) Cons&tuição Federal Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. Art. 96. Compete priva&vamente: I -‐ aos tribunais: a) eleger seus órgãos dire&vos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garan&as processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respec&vos órgãos jurisdicionais e administra&vos;” CAPACIDADE NORMATIVA (PODER REGULAMENTAR) LO Município Art. 95 -‐ Além das atribuições definidas no art. 88, compete ao Tribunal de Contas: I -‐ eleger seus órgãos direCvos: II. -‐ elaborar seu regimento interno, com observância das normas de processo e das garanCas processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento de seus órgãos internos ; III. -‐ organizar suas secretarias e serviços auxiliares, zelando pelo exercício da aCvidade correcional; (...) Controle Externo – Funções, Natureza Jurídica, Jurisdição e Capacidade Normativa – Prof. Osvaldo Perrout www.acasadoconcurseiro.com.br 639 CAPACIDADE NORMATIVA (PODER REGULAMENTAR) LOTCM, Art. 3º -‐ Ao Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro, órgão cons;tucional de controle externo, no exercício da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, compete: XX -‐ expedir atos e instruções norma;vas sobre aplicação de leis per;nentes às matérias de suas atribuições e à organização dos processos que lhe devam ser subme;dos, obrigando o seu cumprimento, sob pena de responsabilidade; XIV -‐ decidir sobre consulta que lhe seja formulada pelos ;tulares dos Poderes, ou por outras autoridades, na forma estabelecida no Regimento Interno ou em norma específica, a respeito de dúvida suscitada na aplicação de disposi;vos legais e regulamentares concernentes à matéria de sua competência, tendo a resposta à consulta caráter norma;vo e cons;tuindo prejulgamento da tese, mas não do fato ou caso concreto; www.acasadoconcurseiro.com.br 641 Controle Externo EFICÁCIA DAS DECISÕES, REVISÃO DAS DECISÕES PELO PODER JUDICIÁRIO, CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE E OS TRIBUNAIS DE CONTAS TRIBUNAIS DE CONTAS: EFICÁCIA DAS DECISÕES Condenação em débito Art. 71 da CF: “§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.” Título executivo é o documento pronto para ser usado em processo de execução da dívida. Assim, quando o Tribunal julga as contas de um responsável, condenando-o ao pagamento de débito ou multa, não há necessidade de qualquer providência no âmbito do Poder Judiciário para reconhecimento da dívida,podendo ser dado início diretamente ao processo de execução contra o responsável. Também não há necessidade de inscrição em dívida ativa. Importante ressaltar que os tribunais de contas não possuem competência para executar seus títulos, como fica claro da decisão do STF a seguir: “Tribunal de Contas do Estado de Sergipe. Competência para executar suas próprias decisões: impossibilidade. Norma permissiva contida na Carta estadual. Inconstitucionalidade. As decisões das Cortes de Contas que impõem condenação patrimonial aos responsáveis por irregularidades no uso de bens públicos têm eficácia de título executivo (CF, art. 71, § 3º). Não podem, contudo, ser executadas por iniciativa do próprio Tribunal de Contas, seja diretamente ou por meio do Ministério Público, que atua perante ele. Ausência de titularidade, legitimidade e interesse imediato e concreto. A ação de cobrança somente pode ser proposta pelo ente público beneficiário da condenação imposta pelo Tribunal de Contas, por intermédio de seus procuradores que atuam junto ao órgão jurisdicional competente. Norma inserida na Constituição do Estado de Sergipe, que permite ao Tribunal de Contas local executar suas próprias decisões (CE, art. 68, XI). Competência não contemplada no modelo federal. Declaração de inconstitucionalidade, incidenter tantum, por violação ao princípio da simetria (CF, art. 75).” (RE 223.037) Importante destacar que a eficácia de título executivo recai sobre as decisões em que não caibam mais recursos, ou seja, que tenham transitado em julgado, como afirma o art. 178 do RITCM-RJ: www.acasadoconcurseiro.com.br642 Art. 178. A decisão do Tribunal, de que não caiba mais recurso e resulte imputação de débito ou cominação de multa, torna a dívida líquida e certa e tem eficácia de título executivo. Observar, também, que os tribunais de contas não possuem competência para executar seus títulos, conforme já decidiu o STF (RE 223.037) Além da condenação em débito, que, como vimos acima, constitui título executivo extrajudicial, há outras decisões possíveis de serem adotadas pelo TCM ao julgar ou apreciar processo, dentre as quais destacamos a determinação e a recomendação. Descumprimento de decisão As determinações do Tribunal são de cumprimento obrigatório, sob pena de aplicação de multa. O art. 3º da LEI Nº 3.714/2003 estabelece que o Tribunal poderá aplicar multa aos responsáveis por: • não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, a diligência do Relator ou a decisão do Tribunal; • reincidência no descumprimento de decisão do Tribunal. REVISÃO DAS DECISÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS PELO PODER JUDICIÁRIO Vimos na seção referente à natureza das decisões do TCU que elas são administrativas. Todas as decisões administrativas podem ser revistas pelo Judiciário, o que não é diferente com o Tribunal. O que se deve ter em mente é o que pode ser revisto pelo Poder Judiciário nas decisões do Tribunal. O Judiciário não pode rever por completo as decisões do tribunal de contas, devendo restringir-se a verificar se houve ilegalidade. Como já visto, a Constituição Federal concedeu competências e jurisdição próprias e privativa para os tribunais de contas, não podendo o Judiciário usurpar essas competências, revendo o mérito das decisões das cortes de contas. O que a Justiça irá apreciar é se foi observado o devido processo legal e, especialmente, se foram respeitados os princípios do contraditório e da ampla defesa, preceitos garantidos pelos incisos LIV e LV do artigo 5º da CF. Não cabe recurso ao Poder Judiciário das decisões dos tribunais de contas. A revisão de uma decisão de TC pelo Poder Judiciário deve ser buscada em ação autônoma. Normalmente, busca-se atacar as decisões do TCU por meio de mandado de segurança impetrado no Supremo Tribunal Federal, contra o ato do Presidente ou do próprio Tribunal. Porém, também é possível impetrar ação ordinária, no juízo federal de primeira instância, contra a União. No caso de tribunal ou conselho de contas estadual ou municipal, a competência será definida na legislação estadual, sendo, normalmente, do Tribunal de Justiça do estado. É o que acontece Controle Externo – Tribunais de Contas – Prof. Osvaldo Perrout www.acasadoconcurseiro.com.br 643 no caso do TCM-RJ, conforme Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, art. 6º, I, b. INDEPENDÊNCIA DE INSTÂNCIAS A rejeição de denúncia por insuficiência de provas não impede a responsabilização pelos mesmos fatos em instância administrativa, uma vez que as instâncias penal e administrativa são independentes. Precedente citado: MS 21.708-DF (DJU de 18.5.2001). MS 23.625-DF. “O ajuizamento de ação civil pública não retira a competência do Tribunal de Contas da União para instaurar a tomada de contas especial e condenar o responsável a ressarcir ao erário os valores indevidamente percebidos. Independência entre as instâncias civil, administrativa e penal” (MS 25.880, STF) APRECIAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS Esse é um tema bastante debatido no mundo jurídico. O TCU já se utilizou dessa competência e o Supremo Tribunal Federal, por meio da súmula 347, a ratificou, entendendo que o Tribunal de Contas da União, no âmbito de sua competência, pode apreciar a constitucionalidade de lei ou de ato do poder público. Essa apreciação ocorre sempre de modo incidental, ou seja, ao deliberar sobre um processo, a fim de resolver o caso concreto, o TCU afasta a aplicabilidade daquele dispositivo. O debate que tem ocorrido dá-se em função de liminares concedidas pelo STF em que o Ministro-Relator afastou decisões do Tribunal e, em sua decisão, declarou-se contrário à mencionada súmula 347. De qualquer forma, a súmula continua em vigor e isso é o que importa para o concurso. • Sem previsão legal ou constitucional; • Menção no RITCM, arts. 12, III, 26, XIX, e 90, I; • Competência do Plenário; • Exame incidental, difuso, concreto; • Súmula 347 do STF: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.” CAPACIDADE NORMATIVA (PODER REGULAMENTAR) DO TRIBUNAL DE CONTAS Já dissemos que a CF, no art. 73, estende ao TCU, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. Esse artigo, entre outras coisas, dispõe que: www.acasadoconcurseiro.com.br644 “Art. 96. Compete privativamente: I – aos tribunais: a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;” LO Município Art. 95. Além das atribuições definidas no art. 88, compete ao Tribunal de Contas: I – eleger seus órgãos diretivos: II – elaborar seu regimento interno, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento de seus órgãos internos ; III – organizar suas secretarias e serviços auxiliares, zelando pelo exercício da atividade correcional; (...) LOTCM, Art. 3º Ao Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro, órgão constitucional de controle externo, no exercício da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, compete: XX – expedir atos e instruções normativas sobre aplicação de leis pertinentes às matérias de suas atribuições e à organização dos processos que lhe devam ser submetidos, obrigando o seu cumprimento, sob pena de responsabilidade; XIV – decidir sobre consulta que lhe seja formulada pelos titulares dos Poderes, ou por outras autoridades, na forma estabelecida no Regimento Interno ou em norma específica, a respeito de dúvida suscitada na aplicação de dispositivos legais e regulamentares concernentesà matéria de sua competência, tendo a resposta à consulta caráter normativo e constituindo prejulgamento da tese, mas não do fato ou caso concreto; O poder regulamentar, ou normativo, do tribunal de contas, significa o poder de regulamentar as matérias que estejam no âmbito de sua competência e jurisdição. Usando dessa competência, o TCM elaborou seu Regimento Interno e, com base neste, detalha e especifica os assuntos de sua competência, por meio, principalmente, de atos normativos, que são de cumprimento obrigatório pelos jurisdicionados, sob pena de responsabilidade. De forma a cobrir situações não previstas em seus normativos, e dar cumprimento ao que dispõe a Constituição, de que sejam respeitadas as normas de processos e as garantias processuais, o RITCM prevê, em seu art. 270, que se aplicam aos seus processos, subsidiariamente, as normas processuais em vigor, desde que sejam compatíveis com a Lei Orgânica. Assim, o Código de Processo Civil e as demais normas processuais em vigor podem ser, subsidiariamente, aplicadas nos processos do TCU. Embora a resposta a consulta não se trate de exercício do poder normativo, destaque-se o caráter normativo que possui essa resposta, obrigando a que os jurisdicionados adotem a interpretação dada pelo Tribunal. Controle Externo – Tribunais de Contas – Prof. Osvaldo Perrout www.acasadoconcurseiro.com.br 645 SLIDES CAPACIDADE NORMATIVA (PODER REGULAMENTAR) LOTCM, Art. 3º -‐ Ao Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro, órgão cons;tucional de controle externo, no exercício da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, compete: XX -‐ expedir atos e instruções norma;vas sobre aplicação de leis per;nentes às matérias de suas atribuições e à organização dos processos que lhe devam ser subme;dos, obrigando o seu cumprimento, sob pena de responsabilidade; XIV -‐ decidir sobre consulta que lhe seja formulada pelos ;tulares dos Poderes, ou por outras autoridades, na forma estabelecida no Regimento Interno ou em norma específica, a respeito de dúvida suscitada na aplicação de disposi;vos legais e regulamentares concernentes à matéria de sua competência, tendo a resposta à consulta caráter norma;vo e cons;tuindo prejulgamento da tese, mas não do fato ou caso concreto; TRIBUNAIS DE CONTAS: EFICÁCIA E EXECUÇÃO DAS DECISÕES Condenação em débito Art. 71 da CF: “§ 3º -‐ As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de Etulo execuGvo.” Os tribunais de contas não possuem competência para executar seus Etulos. (STF RE 223.037) www.acasadoconcurseiro.com.br646 TRIBUNAIS DE CONTAS: EFICÁCIA E EXECUÇÃO DAS DECISÕES Antes da execução... RI, Art. 179 – O responsável será no6ficado para, no prazo de trinta dias, efetuar e comprovar o recolhimento da dívida. Art. 182. Expirado o prazo sem manifestação do responsável, o Tribunal poderá: I. -‐ determinar o desconto integral ou parcelado da dívida nos vencimentos, salários ou proventos do responsável, observados os limites previstos na legislação per6nente; ou II. -‐ autorizar a cobrança judicial da dívida por intermédio por intermédio da Procuradoria Especial, junto à Procuradoria Geral do Município. TRIBUNAIS DE CONTAS: EFICÁCIA E EXECUÇÃO DAS DECISÕES Antes da execução... Art. 180 – Em qualquer fase do processo, o Tribunal poderá autorizar o recolhimento parcelado da importância devida, em até trinta e seis parcelas, incidindo sobre cada uma delas os correspondentes acréscimos legais. § 1º – Em se tratando de servidor, o Tribunal, por solicitação do mesmo, poderá autorizar o desconto em folha. § 2º – A falta de recolhimento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor. Art. 181 – Comprovado o recolhimento integral, o Tribunal formalizará a quitação do débito ou da multa com a publicação no Diário Oficial do Município. Parágrafo único – O pagamento integral do débito ou da multa não importa em modificação do julgamento quanto à irregularidade das contas. Controle Externo – Tribunais de Contas – Prof. Osvaldo Perrout www.acasadoconcurseiro.com.br 647 Descumprimento de decisão As determinações do Tribunal são de cumprimento obrigatório, sob pena de aplicação de multa. O art. 3º da LEI N.º 3.714/2003 estabelece que o Tribunal poderá aplicar multa aos responsáveis por: -‐ não atendimento, no prazo fixado, sem causa jusPficada, a diligência do Relator ou a decisão do Tribunal; -‐ reincidência no descumprimento de decisão do Tribunal. TRIBUNAIS DE CONTAS: EFICÁCIA E EXECUÇÃO DAS DECISÕES CONTROLE EXTERNO REVISÃO DAS DECISÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS PELO PODER JUDICIÁRIO •Natureza das decisões do TCU: administra5vas => podem ser revistas pelo Judiciário. •O que pode ser revisto? => legalidade, especialmente incisos LIII a LIV do ar5go 5° da CF : Ø competência; Ø devido processo; Ø contraditório e ampla defesa. •O que não pode ser revisto: mérito da decisão. www.acasadoconcurseiro.com.br648 REVISÃO DAS DECISÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS PELO PODER JUDICIÁRIO Não cabe recurso ao Poder Judiciário das decisões dos tribunais de contas. Os recursos cabíveis tramitam no próprio Tribunal. A revisão de uma decisão de TC pelo Poder Judiciário deve ser buscada em ação autônoma (mandado de segurança ou ação ordinária). REVISÃO DAS DECISÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS PELO PODER JUDICIÁRIOINDEPENDÊNCIA DE INSTÂNCIAS A rejeição de denúncia por insuficiência de provas não impede a responsabilização pelos mesmos fatos em instância administra<va, uma vez que as instâncias penal e administra<va são independentes. Precedente citado: MS 21.708-‐DF (DJU de 18.5.2001). MS 23.625-‐DF “O ajuizamento de ação civil pública não re7ra a competência do Tribunal de Contas da União para instaurar a tomada de contas especial e condenar o responsável a ressarcir ao erário os valores indevidamente percebidos. Independência entre as instâncias civil, administra7va e penal” (MS 25.880, STF) Controle Externo – Tribunais de Contas – Prof. Osvaldo Perrout www.acasadoconcurseiro.com.br 649 REVISÃO DAS DECISÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS PELO PODER JUDICIÁRIO FCC -‐ 2007 – Auditor TCE-‐AM É correto afirmar: a) As decisões do Tribunal de Contas são decisões administraAvas que, embora com força de Gtulo execuAvo, poderão ser reapreciadas pelo Poder Judiciário. b) O Poder Judiciário não poderá reapreciar as decisões do Tribunal de Contas, pois estas têm força de Gtulo execuAvo. c) As decisões do Tribunal de Contas não possuem força de Gtulo execuAvo, e por isso poderão ser reapreciadas pelo Poder ExecuAvo. d) As decisões do Tribunal de Contas têm caráter judicial por possuírem força de Gtulo execuAvo. e) O Poder Judiciário não poderá reapreciar as decisões do Tribunal de Contas, pois estas têm força de Gtulo judicial. REVISÃO DAS DECISÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS PELO PODER JUDICIÁRIO FCC – 2005 -‐ Procurador de Contas -‐ TCE-‐PI 51. Nos termos do inciso II do art. 71 da CF, compete ao Tribunal de Contas julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos. Tal julgamento tem a) força de coisa julgada administraJva. b) força de preclusão. c) força de lei, sendo inapreciável pelo Judiciário ou pelo LegislaJvo. d) força de coisa julgada, não podendo ser anulado sequer pelo Judiciário. e) presunção de legalidade, podendo ser anulado pelo Judiciário. www.acasadoconcurseiro.com.br650 REVISÃO DAS DECISÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS PELO PODER JUDICIÁRIO CESPE -‐ 1996 – Auditor TCU) A Cons7tuição Federal e a Lei Orgânica do TCU (Lei n.o 8.443/92), visando dar maior eficácia aos julgamentos realizados pelo TCU, criaram várias inovações em nosso sistema de controle de contas públicas. Com relação a esse tema, julgue o item a seguir. Em decorrência da autonomia das instâncias administra7va e judicial, ainda que determinado responsável tenha sido absolvido em processo penal por insuficiência de provas, poderá ser condenado pelo TCU. CONTROLE EXTERNO APRECIAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS •Sem previsão legal ou cons2tucional • Menção no RITCM, arts. 12, III, 26, XIX, e 90, I. •Competência do Plenário •Exame incidental, difuso, concreto. •Súmula 347 do STF: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a cons2tucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.” Prof. Osvaldo Perrout
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