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PATOLOGIA pathos = sofrimento ou doença logos = estudo Patologia É o estudo das alterações anatômicas, químicas e fisiológicas do normal como resultado da doença em animais. Saúde É um estado de um indivíduo que vive em completa harmonia, com o seu ambiente; arredores. Doença É uma condição na qual um indivíduo apresenta um desvio anatômico, químico ou fisiológico do normal. Homeostase Mecanismo pelo qual o corpo mantém o equilíbrio funcional entre a saúde e a doença. Morfostase Equilíbrio da forma/estrutura de determinada parte do organismo. Etiologia O estudo da causa da doença. Patogênese É o mecanismo pelo qual as lesões são produzidas e progridem no corpo. Começa com a entrada da causa no corpo e termina com a recuperação ou a morte. Sinais Clínicos Indicação da existência de algo, qualquer evidência objetiva de doença, perceptível ao veterinário. Diagnóstico Arte de saber precisamente a causa de uma doença em particular. Prognóstico Estimativa de provável gravidade / resultado da doença. Necrópsia Procedimento médico que consiste em examinar um cadáver para determinar a causa e modo de morte e avaliar qualquer doença ou ferimento que possa estar presente. CÉLULA NORMAL A célula pode ser visualizada de forma simplista como um compartimento fechado por membrana, subdividido em numerosos compartimentos menores (organelas) por membranas formando uma rede citocavitária. Membranas celulares e organelas servem como alvos para lesões por micróbios, agentes ambientais nocivos e uma variedade de doenças genéticas, metabólicas e toxicológicas. Receptores citoplasmáticos e nucleares regulam o desenvolvimento, a homeostasia, o metabolismo e o envelhecimento nucleares, através da expressão gênica. Receptores de superfícies celulares são essenciais à patogênese de muitas doenças, sendo empregados por micróbios infecciosos para invadir as células ou usar os sistemas celulares durante seus ciclos de vida. Um determinado receptor proteico transmembrana participa das vias de sinalização notch. Essa via está relacionada com o desenvolvimento embrionário do tecido nervoso, vasos sanguíneos, coração, pâncreas, glândulas mamárias, linfócitos T, linhagens hematopoiéticas, etc. Nos adultos essas vias notch também atuam, por exemplo na diferenciação de células tronco entéricas em enterócitos dos vilos com funções de secreção e absorção. Alguns vírus como o parvo vírus e o corona vírus provavelmente alteram as vias de sinalização notch. LESÃO CELULAR OU PROCESSO PATOLÓGICO É o conjunto de alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que surgem nos tecidos após agressões. É dinâmico (tem um começo, evolução para a cura, cronicidade ou morte) Alterações: Macroscópicas, microscópicas, submicroscópicas, moleculares resposta: tipo, duração e gravidade (grau+extensão) consequências: tipo, estado e adaptabilidade CAUSAS DE LESÃO CELULAR A lesão aos tecidos e órgãos começam em nível celular. É importante lembrar que a célula pode ser danificada funcionalmente, mas não apresentar alterações morfológicas aparentes. Os mecanismos básicos de lesão celular são: Depleção de ATP Permeabilização de membranas celulares Desequilíbrio das vias bioquímicas Dano ao DNA Em contrapartida, as células apresentam mecanismos limitados de resposta celular frente a essas lesões: Adaptação Degeneração Morte ESTÁGIOS DA RESPOSTA CELULAR AO STRESS E LESÃO AGENTES ETIOLÓGICOS DA LESÃO CELULAR Deficiência de oxigênio O oxigênio é criticamente importante para a fosforilação oxidativa, especialmente em células altamente especializadas, como neurônios, hepatócitos, miócitos cardíacos e células tubulares renais. A hipóxia pode resultar da inadequada oxigenação do sangue como resultado de insuficiência cardíaca ou insuficiência respiratória, perda ou redução do suprimento sanguíneo (isquemia), redução do transporte de O2 no sangue (por exemplo, anemia ou toxicidade de monóxido de carbono) e bloqueio de enzimas respiratórias celulares. (toxicose por cianeto). Agentes físicos Trauma, extremos de calor e frio, radiação e energia elétrica podem ferir gravemente as células. Micróbios infecciosos Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios que redirecionam os sistemas enzimáticos da célula hospedeira para a síntese de proteínas virais e materiais genéticos em detrimento das células hospedeiras. Alterações celulares induzidas por agentes virais variam de pouco efeito a morte celular ou transformação neoplásica. A lesão causada por infecção bacteriana pode resultar da ação de toxinas potentes em células hospedeiras específicas ou de uma resposta inflamatória avassaladora ou ineficaz a replicação bacteriana descontrolada em tecido. Os agentes micóticos resistem à destruição pelo organismo que pode levar a doença inflamatória crônica progressiva com perda de tecidos normais do hospedeiro. Os agentes protozoários replicam-se em células hospedeiras específicas, resultando frequentemente na destruição de células infectadas. Os parasitas metazoários causam inflamação, distorcem o tecido e usam os nutrientes do hospedeiro. Desequilíbrios nutricionais As deficiências, os excessos e os desequilíbrios nutricionais predispõem a célula à lesão. Os animais podem se adaptar a deficiências dietéticas de curto prazo de proteínas ou calorias por meio da glicólise, lipólise e do catabolismo de proteínas musculares; porém, em longo prazo, a desnutrição resulta na atrofia de células e tecidos. Por outro lado, o excesso de calorias pode sobrecarregar as células com glicogênio e lipídios e causar obesidade e distúrbios metabólicos. Distúrbio genético Mutações, qualquer que seja sua origem, podem causar doença, podem privar uma célula de uma proteína (enzima) crítica para a função normal, podem resultar em neoplasia, ou podem ser incompatíveis com a sobrevivência celular. Alguns exemplos de doenças genéticas são defeitos de fatores de coagulação (hemofilia), doença de armazenamento lisossomal (manosidose), imunodeficiência combinada de potros árabes e defeitos de síntese de colágeno (dermatosparaxia). Além de causar doença evidente, alguns genótipos fazem com que o hospedeiro seja mais propenso a certos tipos de doença extrínseca ou intrínseca, uma condição frequentemente denominada predisposição genética. Desequilíbrio da carga de trabalho Células que estão sobrecarregadas de trabalho podem se adaptar à demanda ou eventualmente se tornarem exaustas e morrerem. Por outro lado, as células que não são mais estimuladas a trabalhar podem diminuir de tamanho e desaparecer. Substâncias químicas, fármacos e toxinas As drogas produzem seus efeitos terapêuticos modificando a função (e a morfologia) de populações específicas de células. A maioria das drogas faz com que essas células se adaptem dentro de uma faixa tolerável de homeostase. Produtos químicos, incluindo drogas e toxinas, podem bloquear ou estimular os receptores de membrana celular, alterar sistemas enzimáticos específicos, produzir radicais livres tóxicos, alterar a permeabilidade celular, danificar os cromossomos, modificar as vias metabólicas e danificar os componentes estruturais das células. Disfunção imunológica A disfunção imunológica pode causar lesão celular tanto pela ausência de resposta eficaz (imunodeficiência) aos micróbios infecciosos quanto por outros antígenos estranhos danosos ou pela resposta excessiva (reação alérgica ou de hipersensibilidade), ou reação inadequada a auto antígenos (doença autoimune). Envelhecimento Células envelhecidas podem sofrer uma vida inteira de danos ao seu DNA, ou pode haver acúmulo de detritos celulares que interferem com as funções celulares normais. Pode-se argumentar que muitos tipos de câncer são causados pela idade avançada, e não pela exposição a substâncias químicas específicas,alimentos, vírus ou outros insultos. LESÃO CELULAR REVERSÍVEL Se a lesão for breve e branda, muitas células podem se recuperar e apresentar estrutura e função normal ou quase normal. Edema celular agudo Conhecido também como degeneração hidrópica, uma vez que é causado pelo influxo de água e íons de sódio em caso da disfunção das bombas de sódio-potássio. Se não for interrompido, causa lise e morte celular. Morfologia do edema celular agudo Aspecto macroscópico O edema celular agudo aumento o volume e o peso dos órgãos parenquimatosos (fígado e córtex renal), e os torna pálidos. No SNC a cor pouca se altera, apenas o volume. Aspecto microscópico O influxo de água dilui a matriz citoplasmática e dilata as organelas para dar às células uma aparência pálida, finamente vacuolada. Aspecto ultraestrutural A célula epitelial com edema agudo perde as estruturas da membrana plasmática, como cílios e microvilos, e desenvolve “bolhas” citoplasmáticas nas superfícies celulares apicais. Significado e destino do edema celular agudo LESÃO CELULAR IRREVERSÍVEL E MORTE CELULAR Na lesão grave, prolongada ou repetitiva, o edema pode progredir para além do ponto em que passa a ser irreversível e é o primeiro estágio no processo de morte celular. MORTE CELULAR A morte celular é parte essencial do desenvolvimento embrionário e maturação do feto e da homeostasia das populações de células somáticas adultas. Porém a morte celular também é uma resposta sem volta à lesão grave. A morte celular assume uma de duas formas morfológicas: necrose ou apoptose. Morte celular por NECROSE Ou morte por oncose (necrose oncótica), significa a morte por aumento de volume da célula que acaba com a ruptura das membranas celulares. Tende a envolver grupos ou zonas de células e estimula a uma reação inflamatória devido à liberação do conteúdo celular na MEC. Aspecto morfológico das células e tecidos necróticos Logo após a morte, o tecido necrótico pode apresentar as mesmas características macroscópicas observadas no edema celular agudo (aumento de volume palidez). Com o tempo, a necrose passa a ser mais óbvia, com perda de detalhes estrutural e da demarcação do tecido viável adjacente. Alterações histológicas na necrose Picnose (condensação nuclear com encolhimento e basofilia intensa), cariorrexia (fragmentação nuclear) ou cariólise (dissolução ou perda nuclear). As células mortas também podem apresentar eosinofilia citoplasmática intensa devido à desnaturação de proteínas e à perda de ribossomos, o que resulta na perda de basofilia. Mais tarde, a célula morta pode apresentar palidez citoplasmática, aumento de volume, formato arredondado e descolamento da membrana basal ou das células adjacentes. Tipos de necrose oncótica NECROSE COAGULATIVA Refere-se à desnaturação de proteínas citoplasmáticas fazendo com que a célula necrótica apresente citoplasma opaco e com eosinofilia intensa. É uma resposta inicial típica Á hipóxia, isquemia ou lesão tóxica. Apresenta picnose, cariorrexia ou cariólise, mas os contornos celulares ainda são visíveis à análise histológica. Macroscopicamente, a necrose coagulativa é uma área acastanhada-pálida a cinza-pálida. É visto classicamente no rim, fígado e músculo, e o tecido necrótico acaba por lisar em alguns dias e ser fagocitado. NECROSE CASEOSA É uma lesão mais antiga com perda completa da arquitetura celular ou tecidual. Macroscopicamente, o cáseo pode ser observado como um exsudato branco-amarelado de aspecto coalhado, granular ou laminado no centro do granuloma ou do abcesso crônico. Histologicamente, a lise de leucócitos e células parenquimatosas converte o tecido necrótico em substância eosinofílica granular e amorfa – cujos contornos celulares não são visíveis – com debris nucleares basofílicos. A necrose caseosa é proeminente nos granulomas da tuberculose bovina, causada pelo Mycobacterium bovis. NECROSE LIQUEFATIVA As células são lisadas e o tecido necrótico é convertido a uma fase fluida. É o tipo usual de necrose no SNC (chamada de malácia), embora os próprios corpos celulares dos neurônios mostrem inicialmente necrose de coagulação, seguida de liquefação. A morte hipóxica das células no SNC resulta na rápida dissolução enzimática do neuropilo (liquefação); isso se dá provavelmente pela ausência de interstício fibroso para sustentação do tecido. Fora do SNC, a necrose liquefativa é mais frequentemente encontrada como parte da infecção bacteriana piogênicas da inflamação supurativa (rica em neutrófilos), é observada no centro de abcessos. NECROSE GANGRENOSA Tende a se desenvolver no aspecto distal das extremidades, como os membros, cauda ou pavilhões auriculares, ou em porções dependentes dos órgãos como as glândulas mamárias ou lobos pulmonares. A gangrena pode ser: Úmida: área de tecido necrótico (geralmente necrose de coagulação), que é ainda mais degradada pela ação liquefativa de bactérias saprófitas (vivem em matéria orgânica morta) que geralmente causam putrefação (definida como decomposição da matéria orgânica por microrganismos). os tecidos ficam macios, úmidos e avermelhados, de cor marrom a preto, e se as bactérias saprófitas produzem gás, como geralmente produzem, então podem ocorrer bolhas de gás e um odor podre e podem se desprender. Microscopicamente, inicialmente as áreas de necrose da coagulação contêm algumas bactérias em proliferação. Estes rapidamente proliferam e produzem liquefação e, dependendo das bactérias, bolhas de gás. Seca: pode ser causada por toxinas ingeridas (envenenamento por ergot e festuca) ou frio (picada de gelo). após necrose, os tecidos são esgotados de água, por exemplo, por baixa umidade, e essa desidratação resulta em mumificação. Não há proliferação de bactérias, pois os tecidos secos não proporcionam um ambiente favorável à sua proliferação e disseminação. De maneira grosseira, o tecido está enrugado, seco e marrom a preto e as partes afetadas podem se desprender. Gasosa: envolve proliferação bacteriana anaeróbica com produção de gás. Os tecidos afetados são de um vermelho escuro ao preto com bolhas de gás e um exsudato fluido que pode conter sangue. Microscopicamente, as lesões são caracterizadas por necrose de coagulação muscular, exsudato sero-hemorrágico e formação de bolhas de gás. NECROSE DO TECIDO ADIPOSO (ESTRETONECROSE) Pode ser de quatro tipos: nutricional, enzimática, traumática e idiopática. Nutricional: esteatose ou lipidose hepática, em geral é decorrente de dietas ricas em ácidos graxos insaturados e pobres em vitamina E. O tecido adiposo afetado é firme, nodular e castanho-amarelado. Enzimática: observada principalmente no tecido adiposo peripancreático. Macroscopicamente observa-se tecido adiposo firme e nodular, com depósitos calcáreos esbranquiçados, decorrentes da saponificação. Traumática: ocorre após contusões ou pressão crônica do tecido adiposo contra proeminências ósseas. Dificilmente ocorre inflamação e saponificação. Idiopática: um exemplo é a necrose da gordura abdominal de bovinos. Tende a se desenvolver no te4cido adiposo abundante do mesentério e no tecido retroperitoneal de vacas supercondicionadas. Sequelas de Necrose Oncótica A necrose incita uma reação inflamatória notável na maioria dos tecidos, exceto o SNC no tecido viável circundante. Portanto, os focos necróticos são frequentemente cercados por uma faixa bem delimitada de glóbulos brancos e a hiperemia da inflamação. O objetivo é digerir (por enzimas heterolíticas dos leucócitos) e liquefazer o tecido necrótico para que possa ser removido por macrófagos e difusão em vasos sanguíneos e linfáticos e substituído por tecido normal (regeneração) ou tecido conjuntivo fibroso (cicatrização). A cura de um abscesso ocorre após o pus sequestrado ser fagocitado e / ou realizado pelos linfáticos. O processo é muito acelerado pela drenagem, seja pela ruptura parao exterior ou pela drenagem cirúrgica do abscesso. O material não liquefeito é fagocitado por macrófagos e removido por via linfática ou veias. Um fragmento de material necrótico, especialmente osso, pode resistir à degradação e formar um sequestro. Isso pode causar irritação crônica e retardar o reparo. Morte celular por APOPTOSE A morte celular apoptótica é um processo de condensação e encolhimento. É uma forma de morte celular programada importante no desenvolvimento embrionário, na homeostasia e na involução de órgãos ou tecidos privados de estimulação por hormônios ou fatores de crescimento. Aspecto Morfológico da Apoptose Há a formação de vesículas na membrana plasmática para a formação dos corpos apoptóticos ligados à membrana que contém fragmentos nucleares, organelas e citosol condensado. A membrana plasmática que cerca os corpos apoptóticos impede o desenvolvimento da inflamação, mas expressa fatores que atraem fagócitos e estimulam a heterofagia. LESÃO CELULAR CRÔNICA E ADAPTAÇÕES CELULARES Autofagia Evoluiu como um mecanismo de sobrevida celular durante a isquemia em resposta à perda de fatores de crescimento ou estímulos hormonais. Na autofagia as células consomem suas próprias organelas danificadas, em uma função de automanutenção e proteínas e carboidratos citosólicos como fonte de nutrientes. No caso de lesão repetitiva ou contínua que não é letal de modo inerente ou imediato, as células de muitos tipos diferentes podem sobreviver, até mesmo sem recuperação completa, por meio da adaptação, que inclui: Hipertrofia Aumento no tamanho celular decorrente do aumento do número e tamanho das organelas Hiperplasia Aumento no número celular, somente em células capazes de realizar mitose Metaplasia Alteração de um tipo celular diferenciado em outro da mesma camada germinativa Displasia Diferenciação anormal com características de atipia celular. Pode ser um precursor de neoplasia maligna Atrofia Diminuição do tamanho celular decorrente da redução do número e tamanho das organelas