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os contos, a crianca e a afetividade

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INTRODUÇÃO
A literatura, independentemente da forma em que se apresenta, transmite e desperta emoções, sentimentos e desejos tanto nas crianças como também nos adultos.
CARNEIRO (2009), comenta que um conto sempre pode focar algum valor, mesmo que de forma sutil, a ser seguido. Assim, sentimentos ou valores como amor, bondade solidariedade, esperança, amizade, sempre estarão presentes nos contos. 
Para este mesmo autor, pode-se dizer que os contos de fada, em sua versão literária, partem do pressuposto de representarem um leitura recreativa, mas ao mesmo tempo formadora de personalidade, pois desperatm a fantasia (CARNEIRO, 2009).
Bettelheim (2005, p. 20), comenta que
Enquanto diverte a criança, o conto esclarece sobre si mesma", favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferecem significados em tantos  níveis diferentese enriquecem a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça á multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão a vida da criança.
 	A partir dessas afirmações, é possivel dizer que os contos, além de distrairem o leitor, também abordam qualidades e defeitos humanos, sem tirar a magia de sonhar. 
A literatura infantil surgiu durante o século XVII, época em que as mudanças na estrutura da sociedade desencadearam repercussões no âmbito artístico, que persistem até os dias atuais.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil – RCNEI (1998, p.143), a criança tem o primeiro contato com textos através da família, quando ouve historias, contos ou qualquer outro tipo de texto.
A narrativa pode e deve ser a porta de entrada de toda criança para o mundo criado pela literatura. Ouvindo historias a criança pode sentir emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem – estar, o medo, a alegria e tantas outras.
Coelho (1987), afirma que o homem é seduzido pelas historias desde muito pequeno, pois seja de maneira simbólica ou realista, os contos falam da vida, valores e da vida em sociedade.
A literatura infantil por iniciar o homem no mundo literário, deve ser utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade interesse da criança em analisar o mundo. 
BETTELHEIM (1985, p. 16) comenta:
Os contos de fadas têm um valor inigualável, conquanto oferecem novas dimensões à imaginação da criança que ela não poderia descobrir verdadeiramente por si só. Ainda mais importante: a forma e estrutura seus devaneios e com eles dar melhor direção `a vida.
	Dieckkman (1986) descreve que os contos de fadas são símbolos que representam dinâmica espiritual que se passa no homem.
	Para DICKMAN ( 1986, p. 53)
Os contos falam diretamente com as crianças, sem a intermediação a razão ou explicação, conselhos ou sermões. Os contos falam ao inconsciente através de imagens.”.
As imagens inseridas nos contos atraem as crianças não só pelo colorido, mas pela identificação da leitura com os personagens. A criança percebendo o personagem,imagina e acredita que ele possa existir. Crianças pequenas crêem tanto nisso que querem comprá-los em casas de brinquedos, outras querem comemorar aniversários com trajes de princesas e príncipes para sentirem-se como tais, e o final será feliz para aquele momento vivido. 
Dessa forma, deve-se destacar que a literatura infantil, quando inserida no contexto pedagógico, promove a pratica da leitura, principalmente dos contos, contribui para a formação da personalidade, propicia a formação de valores e auxilia a criança a construir normas de conduta.
	Atualmente, a prática da leitura, tanto dos alunos, quanto dos professores, se dá, na maioria dos casos, pela concepção de que ler é praticamente uma obrigação imposta pela sociedade. 
	Já se sabe que a leitura é importante em todos os aspectos de nossas vidas, a maioria das atividades que realizamos, usamos a leitura para efetuá-la.
	Mas como uma criança conseguirá entender a importância da leitura, se para ela é imposta apenas essa obrigação de ler? Será que não esta sendo imposta como forma de uma avaliação escolar? 
	Devemos rever nossas práticas em relação à leitura, para que os alunos não cheguem ao Ensino Médio, com descaso as leituras exigidas pelo professor. Podemos mostrar a eles que a leitura pode ser muito mais do que se costuma parecer, ela pode se tornar uma prática prazerosa, a partir do momento em que passarem a ter a leitura como forma de imaginação, conhecimento, descobertas etc.
	Para que os alunos possam entender a leitura como mais uma forma de comunicação, e de grande importância isso deve ser trabalhado desde a educação infantil, com formas diversificadas de trabalho que gere satisfação nos alunos, por exemplo, ao escutar uma história.
	Neste estudo, analisaremos a importância do ensino da literatura na infância e na vida escolar.
Justificativa 
Conhecimento e afeto se completam, isto é, ao mesmo tempo que a criança apresenta condições intelectuais, ela adquire condições afetivas, o que é possivelmente desenvolvido a partir do contato da criança com a literatura infantil.
	A leitura amplia os conhecimentos do educando, quando é apresentada de forma a levar os alunos tenham o habito da leitura como pratica prazerosa e interessante, pois é através da leitura que os educandos desenvolvem uma visão crítica da realidade que o cerca. 
	Para que isso aconteça de forma eficaz, há a necessidade de refletirmos sobre a prática pedagógica utilizada, para que possamos compreender a importância e a necessidade de se trabalhar a leitura de forma prazerosa, tomando cuidado com as imposições de regras e cobranças, para que os alunos se tornem bons leitores.
O interesse por esse tema é decorrente da minha prática profissional, porque trabalhando com crianças, observei que as mesmas não apresentam interesse pela leitura.
Apesar da grande estimulação visual vivenciada pelas crianças, ainda assim não apresentam interesse pela leitura.
Observo que na escola onde trabalho os alunos apresentam um poder aquisitivo satisfatório e levam livros, sendo que o mesmo não acontecem em escolas públicas localizadas em bairros que atendem populações menos favorecidas. Portanto, a partir dessa vivência tive o interesse em aprimorar meu conhecimento com relação ao incentivo à leitura.
Por isso a leitura é um instrumento que amplia a visão de mundo pra pessoas. É através dela que podemos desenvolver alguns aspectos cognitivos significativos para a aquisição do conhecimento e para uma atuação sócia mais ética, democrática e de transformação. 
A leitura nos permite ao apreciar, conhecer, compreender os fatos históricos, científicos, econômicos, políticos e culturais da nossa realidade e do mundo que nos cerca.
Sendo assim, este trabalho se justifica a partir do momento que propõe uma reflexão acerca da importância da literatura infantil na formação da criança e no desenvolvimento da afetividade.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral:
demonstrar a contribuição da literatura infantil dentro do processo de formação da personalidade das crianças da educação infantil, levando-se em consideração o desenvolvimento moral;
proporcionar aos leitores uma reflexão sobre a importância do ensino da literatura prazerosa e consequentemente a metodologia adequada a ser utilizada para o ensino da mesma;
Estimular a leitura de forma que, haja compreensão e não somente uma decodificação do que esta sendo lido;
Como objetivo específico este estudo pretende:
Apresentar aos educandos novos estímulos para com a leitura, a criticidade, a imaginação, despertando assim, o interesse em questionar, em “ saber mais.
Despertar o prazer pela leitura, criar uma reflexão crítica para uma vivência na sociedade.
Para isso, este trabalho de pesquisa busca responder ao seguinte questionamento: as escolas oferecem oportunidades de leitura às crianças e jovens nas escolas publicas permitindo-lhesa ampliação do conhecimento?
Metodologia
	Para a realização deste trabalho será utilizada a pesquisa bibliográfica sobre o tema, pesquisa de artigos e outras publicações destinadas à educação infantil.
Como descritores, serão utilizados: literatura infantil, contos de fadas, educação infantil, afetividade, desenvolvimento moral,prática pedagógica.
No primeiro capitulo, será feita uma explanação sobre a literatura infantil destacando-se a importância e influência dos contos na formação da personalidade das crianças da educação infantil. 
O segundo capitulo tratará da utilização dos contos dentro da escolas.
No terceiro capitulo serão destacadas as metodologias utilizadas para se trabalhar contos na pratica pedagógica.
	Por fim, será feita a conclusão, destacando-se os principais pontos desta pesquisa
	
I OS CONTOS, CRIANÇA E A AFETIVIDADE
Segundo Piaget, desde o início, o bebê se envolve em um processo de adaptação, tentando compreender o mundo ao seu redor. Ele assimila as informações que chegam ao conjunto limitado de esquemas com os quais nasce – olhar, ouvir, sugar, segurar – e acomoda tais esquemas com base em suas experiências. Esse é o ponto de partida de todo o processo de desenvolvimento cognitivo, conforme Piaget, que se processa concomitantemente com o desenvolvimento afetivo. (COUTINHO E MOREIRA,2001)
A partir da década de 40 os estudos piagetianos voltaram-se prioritariamente para a análise do desenvolvimento das estruturas cognitivas do sujeito. A afetividade é a parte do psiquismo de mais abrangente domínio da atividade pessoal, sendo mesmo a base que a há de mais fundamental na conduta e nas reações individuais. Seu domínio incorpora a sensibilidade corporal, física, interna e externa, abrangendo as sensações corpóreas dos órgãos internos e a sensibilidade táctil, até a interpretação subjetiva das vivências, consciente ou inconsciente, dependendo das características pessoais.( PIAGET, 1974)
O autor considera importante tanto a cognição como o afeto para a adaptação ao mundo exterior; Sobre o qual Piaget (1974, p.24.) afirmava que “ambos são indissociáveis, irredutíveis e complementares”.
Para o ele o aspecto afetivo envolve a energética, ou seja, o motor da ação e o conhecimento, a sua estruturação. A ação, para alcançar um objetivo necessita de instrumentos fornecidos pela inteligência, de modo que o desejo é preciso, conforme mobiliza o sujeito para seguir em direção ao objetivo, revelando um querer, o qual se encontra embasado na afetividade.
Neste sentido, a partir de uma perspectiva piagetiana, o conhecimento evolui de um estado inicial, centrado na própria ação para a construção de um universo objetivo e descentrado; a afetividade, entretanto, evolui de um estado de não-diferenciação entre o eu e o mundo para um processo diferenciado, no qual são comuns as trocas entre o eu e as pessoas, entre o eu e as coisas, que vêm a ser os interesses variados dos indivíduos.
Piaget (1967) na década de 60 começou sua investigações referentes à inteligência, numa tentativa de quantificação, tendo em vista à padronização de testes, pois ao aplicá-los, o autor demonstrou um maior interesse pelas respostas incorretas ao em vez das corretas, passando por uma busca de entendimento dos processos mentais que a criança usara para chegar à emissão daquela resposta. A partir de seus contatos com os testes de inteligência e tendo despertado a curiosidade cientifica para a pesquisa dos processos cognitivos, o autor passou a observar o desenvolvimento de seus próprios filhos, registrando suas reações desde os primeiros dias de vida.
Vinha (2000) também aponta Piaget tratando do desenvolvimento do aspecto afetivo da criança, uma vez que a afetividade para ele “ consiste na mola propulsora do comportamento”.(p. 183).
Montovani De Assis ( 1982) afirma, baseada na proposta piagetiana, que:
a afetividade é intrapessoal, incitando a motivação, curiosidade, necessidade, esforço e interesse; e interpessoal, norteada de atrações, simpatias e antipatias”(p.183).
Neste contexto, segundo esta mesma autora, é importante que o professor promova o sentimento de amizade, simpatia e auxílio mútuo entre as crianças, visto que a motivação para cooperar depende do fato de as crianças se importarem com seus relacionamentos, esforçando-se para descentrar-se tentando coordenar os pontos de vista. 
Assim Montovani De Assis (1982) entende que os relacionamentos mais estáveis não surgem de uma hora para outra e nem são impostos, soa desenvolvidos mediante a vivência e a interação entre os pares. Os autores avaliam que o ambiente escolar pode influenciar, de maneira positiva ou negativa o processo de auto-valorização, dependendo do tipo de relação que a criança estabelece com os seus pares e com os adultos nesse ambiente.
Segundo Mantovani De Assis (opus cit.), para que haja simpatia é preciso também que as trocas afetivas, que se realizam com base numa escala de valores comuns, sejam deficitárias, isto é, que exija esforços de um dos parceiros, mas que haja um mínimo de equilíbrio ou enriquecimento mútuo, o qual resultará em reciprocidade nas atitudes das pessoas.
Deste relacionamento com pares e adultos as crianças do estágio pré- operatório, que se inicia por volta dos dois anos, é caracterizada pelo aparecimento da função simbólica, é o inicio da apresentação por meio de um sistema de símbolos e de signos, e o inicio da socialização assegurada pelas trocas de sentimentos que as crianças experimentamos.
Montovani De Assis (1982) acentua que é comum observar-se em sala de aula que as crianças que brincam mais tempo juntas são aquelas que possuem mais interesses em comuns e se entendem bem, isto é têm desenvolvido a afetividade. Nesta situação, o aspecto afetivo tem uma profunda influencia sobre o desenvolvimento intelectual, PIS ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento e ainda pode determinar sobre que conteúdo a atividade intelectual se concentrará.
Segundo Piaget (1967), o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências valores e emoções em geral. Neste aspecto, a auto-estima mantém uma estreita relação com a motivação ou o interesse da criança para aprender. O afeto é o principio norteador da auto estima.
A criança que se sente amada, aceita, valorizada e respeitada, adquire autonomia, confiança para aprender a amar desenvolvendo um sentimento de auto-valorização e importância. A auto- estima é uma coisa que aprende. Se uma criança tem uma opinião positiva sobre si mesma e sobre os outros, terá maiores condições de aprender.
A criança, em seu dia-a-dia vivencia situações que as levam a experimentar sentimentos de sucesso e fracasso. Sucesso quando conseguem executar uma tarefa escolhida, ou quando sua produção é valorizada; fracasso quando não conseguem se sair bem ou quando não realizam uma atividade satisfatória.
De acordo com Vinha (2000), o professor deve criar na escola uma ambiente com uma atmosfera socialmente livre de tensões, uma vez que propostas as atividades, as crianças devem ter êxito; pois se fracassarem elas terão idéia do insucesso, ficando com uma imagem negativa de si mesma. Para que esse ambiente ocorra, é imprescindível planejar as atividades à altura da competência das crianças, necessárias ao desenvolvimento e à construção do conhecimento.
 A autora fundamenta:
Ao escolher as atividades que deseja realizar, a criança já experimenta um sentimento de liberdade. Além disso, ela mesma deve autoavaliar-se intercambiando suas opiniões com os colegas e o professor, verificando a atividade da melhor maneira possível, se progrediu, etc. Ao participar das decisões que dizem respeito à organização da classe ou de eventos, do planejamento e da avaliação do dia de trabalho, poderá estar manifestando sentimentose emoções, de modo natural, sem ser coagida”. (p.185)
A professora deve também observar a maneira pela qual as crianças se relacionam umas com as outras, procurando facilitar as relações inter-individuais baseadas na simpatia e minimizar as antipatias. É preciso intervir criando situações favoráveis para que o relacionamento entre crianças seja satisfatório.
Para manter um clima favorável, Mantovani De Assis (1982) recomenda os jogos de cooperação, por constituírem um meio de minimizar as relações deficitárias. Nesses jogos as crianças se agrupam de acordo com seus interesses, para fazerem juntas alguma coisa que elas próprias tenham escolhido. Enquanto brincam, juntas as crianças tem oportunidade de se entenderem e de manterem as trocas afetivas positivas.
Neste aspecto, Tortella ( 1996) acentua que a criança desde pequena procura outras crianças para brincar e compartilhar sues jogos. Este relacionamento é importante em sua vida e contribui para seu desenvolvimento. A descoberta da amizade constitui um passo na construção de afetos e também na aquisição do conhecimento social.
Para a autora o afeto é importante na construção da inteligência, pois quando se diz que uma pessoa tem que resolver um problema, supõe-se que haja interesse de sua parte para resolvê-lo, caso contrário, não se constituiria um problema. Assim sendo, para que a inteligência possa funcionar, o sujeito deve estar interessado, motivado e afetivamente ligado a um determinado objeto, que pode ser físico, um acontecimento, ou ainda uma pessoa. 
Tortella (1996) esclarece que:
O que Piaget diz é que sem uma atitude emocional construtiva em relação aos outros, a criança não poderia construir aquela regulações simbólicas que eventualmente podem se tornar o arcabouço lógico da coordenação do conhecimento necessário” (p.87)
	
Compreende se o interesse está relacionado a um sistema de valores, que ao longo do desenvolvimento tendem a ser diferentes, assim sendo, é o interesse que vai determinar a finalidade da ação para que a criança possa desenvolvê-la. Valores que estão ligados a afeto, não só como força motora, mas também como fonte de informação, afetividade e relações interpessoais.
Deste modo, acredita-se que a criança necessita de atos afetivos concretos para compreender o mundo, assim como precisa agir concretamente sobre os objetos para adquirir conhecimentos. 
Tortella (ibid) ilustra:
 Quando uma criança pequena quer demonstrar algo que ainda não sabe expressar, utiliza-se de atos concretos para manifestar seu desejo. Em situações que a criança morde ou bate em outra para lhe tomar o brinquedo que deseja. Em criança maiores, elas expressam seus desejos fazendo “ graças” para chamar a atenção sobre si mesma” (p.88) 
Entretanto Vinha (2000) comenta que não basta apenas um bom estímulo para a criança interessar-se. A autora aponta que a relação estímulo-resposta para Piaget (1967) tem outro significado, pois para ele: “O indivíduo não responde qualquer estímulo,mas sim aos estímulos que podem ser assimilados, ou seja, aqueles que podem ser compreendidos pelas estruturas de que o sujeito dispõe”(p.189).
Nota-se que o estímulo deve ser desencadeador da atividade cognitiva da criança, por isso, o educador deve propor situações interessantes em que a criança demonstre estar motivada e curiosa para resolver um problema. Portanto, a criatividade é outra dimensão do aspecto afetivo, que pode ser entendida como a capacidade de inventar, ter idéias novas, de resolver problemas de diferentes maneiras. Implica na criação de soluções novas para um mesmo sujeito, relacionando-o a sua maneira. (PIAGET, 1967)
Outra característica da afetividade no estágio das operações concretas é a vontade, no qual a criança torna-se capaz de efetuar operações mentalmente, enquanto divide as partes,colocando idéias em sequência e iniciando a construção de pensamento.(PIAGET,1967)
Ao estágio das operações concretas corresponde os afetos normativos que são regulados pela vontade. Sua aparição é tardia, por ser equivalente afetivo das operações da lógica e seu exercício esta ligado à existência de sentimentos morais, ou seja, a vontade é confundida com outros mecanismos.
Segundo Piaget (1967):
Freqüentemente, ela é reduzida a simples manifestações de energia do sujeito, tanto que se diz que a criança pequena tem vontade quando persevera até atingir o seu objetivo”(p134).
Para Piaget (1967) a vontade é confundida com o ato intencional. É inútil quando já existe a firme intenção de realizar uma ação.ao contrario, a vontade aparece quando diante de conflitos, o sujeito oscila entre o prazer e um dever. Nesse conflito, há sempre uma tendência mais forte, o prazer; e uma tendência superior, porem mais frágil naquele momento, qual o autor define:
[...]o ato da vontade consiste, portanto, não em seguida a tendência inferior e forte (ao contrario, fala-se neste caso, de um fracasso da vontade ou de uma vontade fraca), mas em reforçar a tendência superior e frágil, fazendo-a triunfar (p.134.)
Dessa maneira, tanto o interesse como a vontade são reguladores da energia que impulsiona a conduta, que vem a ser a afetividade. Desde que o sujeito se interessa por um trabalho, encontra, as forças necessárias para realizá-lo.
Entre a inteligência, a vida social e a afetividade existe numa estreita relação,de forma que cada ponto de equilíbrio atingido pelo sujeito em desenvolvimento, representa um progresso nesses três aspectos. A verdadeira essência da inteligência é a formação progressiva das estruturas operacionais e pré- operacionais. Na relação entre inteligência e o afeto; o afeto faz ou pode causar a formação de estrutura cognitivas. 
Entretanto, existe um paralelismo entre o desenvolvimento da afetividade e o dos instrumentos do pensamento ou estruturas mentais, sendo ambos indissociáveis numa mesma ação. (SOUZA e COSTA, 2004)
Na literatura relacionada à educação, os termos comumente utilizados para definir comportamentos do domínio afetivo são: sentimentos, atitude, interesses, apreciação e valores; componentes esses que se somam promovendo o desenvolvimento do educando e sua socialização, de modo que o torne participativo. Neste sentido, a educação deve ter como objetivo de ensino a aprendizagem também dos sentimentos pessoais e interpessoais, trabalhados na escola não como apêndice, mas como uma finalidade da estrutura curricular, ou seja, abordando sentimentos humanos. (SOUZA e COSTA, 2004)
Luck E Carneiro (1985) consideram, nessa gama de desenvolvimentos que:
A promoção desse desenvolvimento não deve estar voltada única e exclusivamente para futuros papeis sociais do aluno, para as responsabilidades que virá a ter, pois, educação não é tão somente o preparo para vida, mas sim a própria vida.”(p.29)
	
Portanto o processo educativo é visto como social, assim, o desenvolvimento de atitudes de focalizar “o aqui e agora”, bem como as atitudes necessárias ao educando com relação aos papéis que desempenha como estudante, colega, amigo, membro de um uma grupo e de uma instituição.
	Considerando todos esses aspectos, entende-se que desenvolver e humanizar a aprendizagem, tomando como base as relações interpessoais na sala de aula, é um desafio para o educador porque os educandos aprendem quando possuem algum motivo, algum interesse profundo em assimilar novos conhecimentos ou adquirir novos hábitos e atitudes.
Luck E Carneiro (1985) Explica que o desenvolvimento de consciência critica, capacidade de escolha, integração à realidade, capacidade de inovação e adaptabilidade, fundamenta-se tanto no desenvolvimento de habilidades como no de atitudes e afirma, considerando os argumentos relativos à questão de doutrinação, que é impossível se omitir a promoção do desenvolvimento de atitudes na escola com a necessidade de agir, assim o processo de ensino aprendizagem deve ser desenvolvido de forma que o educando faça suas descobertas.
Esses procedimentos apontados na educação para norteara aprendizagem e as atitudes absorvem e refletem diferenças de cultura e classe social, razão para que a organização dos objetivos, a metodologia do processo educativo deva ser ajustada de acordo com os diferentes grupos de alunos, de turma para turma, de escola para escola e de ano para ano, com o objetivo de promover o desenvolvimento e a construção da afetividade
A Literatura Infantil e principalmente, os contos de fadas podem ser decisivos para formação da criança em relação a si mesma e ao mundo à sua volta. O que as crianças encontram nos contos são, na verdade, categorias de valores que são eternos. O que muda é apenas o conteúdo rotulado de bom ou mau, certo ou errado. 
Segundo Bettelheim ( 1985), a criança é levada a se identificar com o herói bom e belo não devido a sua bondade ou beleza, mas por sentir nele a própria personificação de seus problemas infantis: seu inconsciente desejo de bondade e beleza e,principalmente, sua necessidade de segurança e proteção. Pode assim superar o medo que a inibe e enfrentar os perigos e ameaças que sente à sua volta, podendo alcançar gradativamente o equilíbrio adulto. 
O autor afirma que a área do maravilhoso, da fabula, dos mitos e das lendas tem linguagem metafórica que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das crianças e relata que,
 Só partindo para o mundo é que o herói dos contos de fadas( a criança) pode se encontrar; e fazendo – o, encontrará também o outro com quem será capaz de viver feliz para sempre, isto é, sem nunca mais ter de experimentar a ansiedade da separação. O conto de fadas é orientado para o futuro e guia a criança , em termos que ela pode entender, tanto na sua mente inconsciente quanto consciente, a abandonar seus desejos de dependência infantil e conseguir uma existência mais satisfatoriamente independente”.( BETTELHEIM, 1985, p.19).
 
 Bettelheim (1985, p. 21) o conto diverte a criança, esclarece sobre si mesma e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. O autor complementa que o prazer equivale ao encantamento, por isso ele considera o conto uma obra de arte:
Os contos são impares, não só como uma forma de literatura, mas como obras de artes integralmente compreensíveis para as crianças, como nenhuma outra forma de arte o é. Como sucede como toda grande arte, o significado mais profundo do conto de fadas será diferente para cada pessoa, e diferente para a mesma pessoa em vários momentos de sua vida” 
Desse modo compreende-se que a criança extrairá significados diferentes Fo mesmo conto conforme seus interesses e necessidades do momento.
Cashdan (2000) questiona: “O que torna o conto tão cativante?” (p.24). Para este autor, os contos são uma fonte incomparável de aventuras. São aventuras repletas de suspense que exercitam a imaginação; são mais que treinamento, pois atrás das cenas dos personagens, há dramas que refletem eventos que acontecem no interior da criança, de modo que se torna atraente á medida que a criança enfrentam conflitos internos no processo de crescimento. 
Segundo este autor, o modo pelo qual os contos resolvem esses conflitos é oferecendo às crianças um palco onde elas podem representá-los. Neste contexto, os contos são semelhantes ao psicodrama.
Cashdan, (2000, p.33) afirma:
Os contos são os psicodramas da infância. Por trás dessas divertidas incursões pelo reino da fantasia existem dramas reais, que espelham lutas reais(...) È por isso que os contos de fadas são tão cativantes. Eles não apenas entretêm, mas tocam em sentimentos poderosos que, de outra forma, talvez permanecessem escondidos” 
Cashdan (2000) considera a bruxa uma personagem fundamental nos contos, embora ela seja uma rainha de coração negro, a diabólica feiticeira ou vingativa madrasta, é facilmente identificada pela ameaça que apresenta para o herói ou heroína. A bruxa também aumenta os defeitos e fragilidades interiores do leitor. Ele exemplifica a bruxa do conto João e Maria , que leva a gula ao extremo, a bruxa de A Pequena Sereia, de Walt Disney, que é abertamente luxuriante, personificando aspectos poucos saudáveis do eu, contra os quais as crianças lutam. Branca de Neve e a cinderela são mais exemplos notáveis da mulher malévola, que assume o papel de madrasta, que insulta a vida da heroína. Nesses exemplos, a natureza feiticeira da madrasta é denunciada pelo uso da magia.
Na visão de Bettelheim ( 1985, p. 348) cada conto é um espelho mágico que reflete algum aspectos de nosso mundo interior, e dos passos necessários para evoluirmos da imaturidade para a maturidade. O autor, neste contexto, assegura:
Para os que mergulham naquilo que os contos têm a comunicar, estes se tornam lagos profundos e calmos que, de início, parecem refletir nossa própria imagem. Mas logo descobrimos sob a superfície os turbilhões de nossa alma, sua profundidade e os meios de obtermos paz dentro de nós mesmos e em relação ao mundo, o que recompensa nossas lutas.” 
Coelho (1987) engrandece a importância do acervo dos contos ou contos maravilhosos, comparando-os às pegadas daquilo que, desde as origens dos tempos, os homens quiseram dizer com eles, uma vez que a imaginação popular não tem fronteiras,vem se guardando e se transformando há milênios, por isso , precisa-se compreender até que ponto eles interferem ou acrescentam na afetividade infantil. 
Compreende-se, pois que através da história, as velhas estórias são narradas, o percurso dos contos, enquanto narrativa tem prosseguimento. A leitura dos contos tem tradição e cada época, aproveitará dessa aventura.
A infância é fundamental para aprendermos a entender como viver e como funciona a vida em sociedade. Bettelheim (1985), afirma que a medida que a criança se desenvolver pode ser preparada para ter um significado no viver. E assim as experiências que vive são o suporte que formarão sua personalidade e sua forma de entender e conviver com o mundo. Existe muitas formas de habilitar uma criança para viver em grupos mas nessa reflexão vamos optar apenas pela riqueza que os clássicos contos de fadas proporcionam a uma criança. 
Ainda segundo este mesmo autor, a melhor forma de transmitir valores culturais para uma criança é através da literatura “que canaliza melhor este tipo de informação”.
Para Bettelheim (1985), para que uma história interesse uma criança é necessário que “prenda à atenção e consiga entretê-la e despertar a curiosidade, tornar clara suas emoções, sugerir soluções, por isso a preferência das crianças pelos clássicos.
Amarilha (1997, p. 19) também ressalta que “pelo processo de ‘viver’ temporariamente os conflitos, angústias e alegrias dos personagens da história, o receptor multiplica as suas próprias alternativas de experiências do mundo, sem que com isso corra risco algum”. Os contos asseguram à criança que, por mais que ela possa ter problemas, será capaz de superá-los como o herói dos contos. 
	A criança não ira somente conhecer problemas postos na historia lida ou ouvida, ela poderá internalizá-los e isso pode instigá-la a pensar sobre essas situações, pois o enredo apresenta problemas existenciais que geralmente são resolvidos. A proposta do conto maravilhoso vai ampliando a capacidade imaginativa e o seu desenvolvimento poderá auxiliar no controle de emoções, vivenciando conflitos através da fantasia (VIGOTSKY apud SEITENFUS, 2009). 
Ao interagir com tais historias, a criança enfrenta modos alternativos para solucionar questões de ordem pratica. Entende-se, a partir de Vygotsky (1997), que tudo que existe no universo da cultura tem origem na atividade criadora. Qualquer invenção humana – a roda, o carro, o edifício entre outras – são, simplesmente, novas combinações de elementos retirados da realidade, submetidos a modificações e a re-elaborações em nossa imaginação e, quanto mais o ser humano estiver exposto a experiências variadas,
mais ampla poderá ser sua atividade criadora.(SEITENFUS, 2009)
Para Vygotsky (1997, p. 11), 
os processos criadores acontecem com toda força desde a mais tenra infância” e são muito importantes. Durante o desenvolvimento infantil, a criança cria, vive e combina elementos retirados de situações reais e imita o que vê de maneira fantasiosa. 
	Destaca-se, a partir do pensamento desse autor, que a imaginação infantil não e mais rica do que a do adulto, pois a imaginação depende de elementos extraídos de experiências, e a criança ainda tem poucas vivencias. A criança parece pertencer mais ao mundo da fantasia e possuir uma inclinação a leitura de contos de fadas pela natureza dessa modalidade textual. E importante, pois, alimentar as crianças intelectualmente, lendo e ouvindo historias. (SEITENFUS, 2009)
A leitura faz-se muito importante em nossa vida pois ela faz com que possamos aprender, ensinar, evoluir, entre outros. A sua grandiosidade não deve ser compreendida somente como estratégias para a alfabetização, ou como um ler corretamente, mas também como uma leitura que permite a interpretação, a compreensão daquilo que se lê.
A literatura nos permite fazer viagens, ir a mundos desconhecidos, distantes, irreais. Faz nossa imaginação fluir sem que nada nos atrapalhe. Quem nunca ouviu uma história e ficou imaginando os mínimos detalhes, como se estivesse vivendo aquele momento?
Se para nós adultos, a leitura viajar, fantasiar, colorir um mundo diferente, imagine o que ela não é capaz de fazer na imaginação de uma criança. 
Ao escutar histórias, as crianças desenvolvem suas criatividades, aumentam sua criticidade, e satisfazem suas necessidades de descobertas. Através das histórias, as crianças podem vivenciar situações, descobrir respostas para suas dúvidas, instigar suas curiosidades, além de ampliar seu vocabulário, desenvolver melhor suas idéias, seus valores e sentimentos, tudo o que irá auxiliá-la em seu desenvolvimento.
	O faz-de-conta é fator importante no desenvolvimento de uma criança, e ele pode ser praticado também através das leituras, sendo que as crianças têm a capacidade de se imaginarem participantes ativos das histórias.
Segundo Yunes e Ponde o hábito da leitura é formado antes mesmo da criança aprender a ler da forma convencional, pois é através da escuta das histórias que acontece a relação dela com o mundo. (YUNES, PONDE,1988 , p.60) 
	A partir disto podemos perceber a importância de inventar, contar, recontar, sem a proibição da fala da criança, pois esta proibição pode causar uma inibição, e esta inibição gerar diversos problemas.
	Ao deixar que a criança conte, reconte e invente histórias, estamos proporcionando a construção do pensamento dela em relação à leitura. Ela pode perceber que a leitura não é um castigo, que não existe respostas prontas, e sim que podemos ter momentos de intenso prazer com a leitura.
	Para que a criança se torne um bom leitor e sinta todas as sensações acima citadas, é preciso que ela tenha um bom incentivo. É preciso que a literatura seja trabalhada com ela de forma clara, objetiva e prazerosa.
	Um dos pontos importantes no trabalho com a literatura é fazer despertar nas crianças o prazer de realizar inúmeras descobertas em um livro, ema revista, um jornal, etc. Os textos, as histórias têm que ser de interesses delas, pois de nada adiantaria fazer a leitura de um texto cientifico, por exemplo, a uma criança de Educação Infantil ou do Ensino Fundamental. A leitura tem que ter relação com seu cotidiano, com suas alegrias e tristezas, de seus sentimentos, suas curiosidades e de seus desejos.
	As crianças sentem uma irresistível vontade de imitar as atitudes dos adultos, e isso pode ser utilizado para incentivá-la em seu contato com os livros, pois a sua própria curiosidade a fará buscar respostas dentro dele.
	Mesmo que a criança ainda não consiga ler convencionalmente, ela é capaz de fazer a leitura das imagens apresentadas nos livros. Se oferecermos a elas um livro ilustrado com algum tema relacionado ao comportamento dos adultos, provavelmente notaremos interesse de sua parte, pois procurará as respostas para suas duvidas ali.
O psicanalista francês René Diatkine, em uma entrevista a revista Veja (1993, p. 7,8), defendeu a leitura dos contos infantis para a formação de adultos saudáveis, dizendo o seguinte:
	(...) é o jogo entre a linguagem do cotidiano e do contexto dos contos que enriquece o imaginário infantil [...] a leitura não deve ser encarada como aprendizado puramente escolar. Ler um conto é uma brincadeira que deve ser repartida com prazer; as crianças precisam de histórias que as levem a conhecer outro mundo. (DIATKINE, 1993, p. 7,8) 
Mesmo que muitos pais e professores ignorem que a fantasia, as brincadeiras e a imaginação façam parte do desenvolvimento de uma mente saudável e criativa, e ainda que ajudem a superar ansiedade, conflitos e medos, aprendendo a controlar seus impulsos e esperar momentos adequados para resolver seus problemas, isto fica claro quando a criança inicia seu contato com a escola, pois ela passa a ampliar seu contato com os livros e com as historinhas.
2 UTILIZAÇÃO DOS CONTOS DENTRO DAS ESCOLAS
	
Pregnolato (2012 on line) afirma que os contos de fadas exercem uma influência muito benéfica na formação da personalidade pois é através dele que as crianças assimilam valores diversos, ao colocar-se no lugar do personagem.
De acordo com esta mesma autora, conflitos internos importantes, inerentes ao ser humano, como a inevitabilidade da morte, o envelhecimento, a luta entre o bem e o mal, a inveja e tantos outros são tratados nos contos de fadas de modo a oferecer desfechos otimistas. 
	Durante os primeiros anos de vida da criança, são construídos e desenvolvidos maneiras particulares de ser e esquemas de relações com o mundo e com as pessoas. Elas vão construindo suas matrizes de relações a partir de sua interação com o meio: o seu comportamento emocional, individualização do próprio corpo, formação da consciência de si, são processos paralelos e complementares do desenvolvimento da criança (em seus primeiros anos) e é nesta fase que prevalecem os critérios afetivos sobre os lógicos e objetivos.
De acordo com Piaget, as crianças adquirem valores morais não só por internalizá-los ou observá-los de fora, mas por construí-los interiormente através da interação com o meio ambiente. Nesta fase, ouvir histórias - principalmente os contos -, entre outras atividades, é possibilidade real de desenvolvimento e aprendizagem.
Os contos de fadas exercem um grande fascínio nas crianças, são caminhos de descoberta e compreensão do mundo. Segundo Bettelheim dentro do texto: “O conto de fadas procede de uma maneira consoante ao caminho pelo qual uma criança pensa e experimenta o mundo; por esta razão os contos de fadas são tão convincentes para elas”.
Aguiar (2001)� apud Barreto (2010 on line), coloca que os contos infantis:
É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, das dificuldades, dos impasses, das soluções, que todos atravessamos e vivemos de um jeito ou de outro, através de problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelos personagens de cada história (cada um a seu modo…). E assim consegue esclarecer melhor os nossos problemas ou encontrar um caminho possível para a resolução deles […]
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI), diz que os desenvolvimentos da identidade e da autonomia estão intimamente relacionados com os processos de socialização. Nas interações sociais se dá a ampliação dos laços afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos, contribuindo pra que o reconhecimento de outro e a constatação das diferenças entre as pessoas sejam valorizadas e aproveitadas para o enriquecimento de si próprios (BRASIL, 1998).
Oliveira (2010 on line) descreve que os contos de fadas sempre estiveram presentes nas sociedades e embora no começo nãotenham sido criados especificamente para a criança, ao longo dos séculos as intervenções de grandes autores, esse contexto ao longo dos séculos começou a mudar e os contos de fadas começaram a uma contribuir de forma bastante satisfatória para a educação. 
Isso porque no interior dos contos de fadas É possível encontrar valores que se referem ao acontecimento da vida, mesmo que ao analisarmos sua linguagem fantasiosa possamos considerá-la mistificadora, como defendem alguns. A linguagem do conto é encantadora, construída apropriadamente para falar ao interior da alma infantil, obedecendo apenas às leis da verossimilhança da ficção. Contudo, está ligada ao que realmente acontece no mundo. (OLIVEIRA, 2010 on line).
E quando se trata do ambiente escolar, é possível dizer que é o adulto leitor que mostra ás crianças o significado da escrita que está nos livros. Ao escutar uma história, as crianças entram na narrativa e compartilham as sensações dos personagens. Assim esse seria o momento de ampliar o repertorio e dar maior organização ao pensamento. (SANTAURO e ANDRADE, 2008).
A contação de histórias ocorre no mundo escolar há muitos anos e, muitos professores ainda não descobriram que os contos de fadas podem ajudá-los em sua missão de educadores, dessa forma a partir desse tema é importante identificar qual o momento de audição de histórias, perceber também através das histórias como elas podem auxiliar no processo de desenvolvimento individual dos alunos, tanto dentro da escola, como também nas suas relações sociais em outros espaços SANTAURO e ANDRADE, 2008).
Os contos de fadas têm a o papel de incentivar a leitura e a fruição da literatura como arte, objetivando transmitir valores que determinam atitudes éticas, que possibilitam a melhor convivência no ambiente escolar. Através de contos de fadas lidos na sala de aula pelos próprios alunos ou contados pelos professores, é possível perceber que as crianças experimentam estados afetivos diferentes daqueles que a vida real pode lhes proporcionar. Assim a presença da literatura infantil na escola representa um estimulo forte a aprendizagem da leitura. Adquirindo gosto pela leitura a criança passara a escrever melhor, e terá um repertorio amplo de informações (SANTAURO e ANDRADE, 2008).
No mundo atual a literatura infantil surge como uma fonte de conhecimento que enriquece a formação da criança desde o seu primeiro contato coma com as histórias infantis. De acordo com o RCNEI, “é também por meio da possibilidade de formular suas próprias questões, buscar respostas, imaginar soluções, formular explicações, expressar suas opiniões, interpretações e concepções de mundo, confrontar seu modo de pensar com os de outras crianças e adultos, e de relacionar seus conhecimentos e idéias a contextos mais amplos, que a criança poderá construir conhecimentos cada vez mais elaborados”.(BRASIL, 1998, p.172). 
Nesse aspecto o professor tem um papel essencial, pois dentro do contexto da literatura a função pedagógica implica na ação educativa do livro sobre a criança. Através das histórias infantis o professor pode despertar a criatividade, a autonomia e a criticidade da criança. Portanto, a contação de histórias ajuda a desenvolver nas crianças uma postura investigativa tornado-as assim capazes de construir planejamentos que considerem a pluralidade, diversidade étnica, religiosa, cultural, identidade e autonomia, ou seja, que levem a um conhecimento do mundo. 
Sabe-se que um dos grandes problemas dos professores é que os alunos não sabem ler instruções, não entendem o que se pergunta. Além disso, observei melhor entrosamento social entre os alunos e destes com a professora (PAVONI, 1989).
A literatura infantil deve estar marcada pelo interesse literário e deve proporcionar à criança o exercício da imaginação, exemplos de moral e momentos de prazer espiritual além de destacar o belo, portanto um livro, que reúne essas características é considerado uma ótima literatura infantil. Mesmo tendo essa importância para a formação da criança percebe-se claramente que a literatura infantil não é muito utilizada no ambiente escolar e social e muitas vezes quando são é apenas como distração e não como um dos instrumentos para a integração da criança no contexto social. 
Se cada um conhecer bem a herança tradicional do seu povo, é certo que se admirará com a semelhança que encontra, confrontando-a com a dos outros povos. É um humanismo básico, uma linguagem comum, um elo entre as raças e os séculos. (MEIRELES, 1979).
Segundo o RCNEI, o trabalho educativo pode, assim, criar condições para as crianças conhecerem, descobrirem e ressignificarem novos sentimentos, valores, idéias, costumes e papeis. (BRASIL, 1998).
Bettelheim (1978), diz que a aquisição de habilidades, inclusive a de ler, fica destituída de valor quando o que se aprendeu a ler não acrescenta nada de importante á nossa vida, isso por que o autor afirma que todos tendemos a avaliar os méritos futuros de uma atividade na base do que ela oferece no momento.
O professor deve observar que quando as histórias contadas aos alunos são ocas não ajudam a enriquecer a vida da criança, porque o que na verdade é importante para o seu desenvolvimento seria o que é significativo para ela naquele estágio em que ela se encontra. Assim o autor traz alguns aspectos que devemos perceber;Para que uma história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações: Resumindo, deve de uma vez só vez relacionar-se com todos os aspectos de sua personalidade, e isso sem nunca menosprezar a criança, buscando dar inteiro crédito a seus predicamentos e, simultaneamente, promovendo a confiança nela mesma e no seu futuro. (BETTELHEIM, 1978).
Como destacou Bettelheim (1978) a criança precisa desenvolver uma confiança nela mesma e no seu futuro e sendo assim o educador precisa ter uma consciência do se papel em sala e de como ele pode auxiliar o aluno nessa caminhada de descobertas.
É evidente que a escola possui um importantíssimo papel para incentivar os alunos ao habito de se ouvir historias, despertará na criança a curiosidade,que facilitara a aprendizagem e contribuirá nos aspectos como:senso - critico afetividade,criatividade e raciocínio.a literatura infantil deve estar presente na escolaridade infantil para auxiliar na formação de futuros leitores e escritores. 
Como afirma Cademartori� (1986, p.66) apud Silva (2009 on line): 
No entanto, a literatura tem um papel no desenvolvimento lingüístico e intelectual do homem e, desse modo articula-se com interesses que a escola propala com seus, cabe a tentativa de explicitar qual poderia ser a relação da literatura com a criança a partir do inicio da escolaridade. 
As historias infantis são caminhos que devem ser explorados pelo educador, de maneira a não desperdiçá-la apenas como conteúdo para a aprendizagem, há de se considerar as caracteristicas do universo infantil ajudando em seu desenvolvimento, as histórias, devem suscitar nas crianças momentos de prazer onde será experimentado novas sensações, mundos a serem descobertos, fantasias a serem vividas, historias que povoaram a mente infantil, indicando que os heróis também sofrem, e que o mocinho ao fim de muito sofre encontra a felicidade (SILVA, 2009 on line). 
O momento do faz de conta, a hora de se ouvir uma historia não deve ser vista apenas com um fazer pedagógico A criança que tem contato com a literatura passa a ser agente de seus próprios pensamentos e de sua aprendizagem, torna-se autônoma, sendo apenas criança, com sua espontaneidade, percepções e parecenças (SILVA, 2009 on line). 
No processo dinâmico da construção de conhecimento o que se pretende da criança é que ela realize plenamente as suas potencialidades, que transponha os seus próprios limites, que se desenvolva. O desenvolvimentoacontece num processo de aprendizagem contínua, em que a criança vai incorporando novos conhecimentos, habilidades e valores próprios da sociedade em que ela vive (SILVA, 2009 on line).
 As aprendizagens que a criança conquista através das suas vivências interferem na sua conduta, no seu modo de agir e de responder aos desafios da vida continuamente, dia após dia. Os limites estabelecidos pela consciência daquilo que se sabe diante do que não sabe, são desafiantes; é a própria desordem das certezas cognitivas e ao mesmo tempo é aquilo que provoca o interesse pela busca de reorganização dessa ordem alterada. 
Taille� (1992) apud Silva (2009 on line) escrevendo sobre a importância de se promover na escola desafios cognitivos para que a criança transponha seus próprios limites, responde o que se entende por desenvolvimento: “Ora, o que é desenvolver-se e aprender? É justamente se descentrar, abrir horizontes, construir novas estruturas, mais ricas e mais complexas”.
O professor quando aproxima seus alunos da leitura e dos contos de fadas está na verdade abrindo a possibilidade de que os educandos possam elaborar e amadurecer sua própria linguagem literária e com isso também a escrita é favorecida, pois crianças escreverão como crianças e jamais como adultos em miniaturas (ROSIS, 2010 on line).
Dessa forma, o imaginário infantil pode ser compreendido como um dos fatores construtores da personalidade das crianças, pois esse imaginário apela para modelos sociais fazendo com que a criança descubra-se em relação ao outro, elaborando o seu ideal de Eu, tendo por base as pessoas do seu convívio (ROSIS, 2010 on line).
Contudo cabe salientar que o trabalho com os contos de fadas não deve ser pautado em atividades obrigatórias, como fichas de leitura ou algo parecido, assim o professor não estará auxiliando os seus alunos a encontrarem o mundo mágico dos contos de fadas, mas sim, os afastará pra sempre do maravilho universo da literatura(ROSIS, 2010 on line). 
Ao contrário as atividades que trabalham com literatura infantil devem focar na discussão a cerca dos seus enredos, bem como, sobre a conduta das personagens etc. Assim as escolas estarão contribuindo com a formação de leitores críticos, capazes de receber tudo que uma boa história traz ao passo que estabelecerão relações mesmo que inconscientemente, a cerca de suas vidas (ROSIS, 2010 on line). 
Assim as narrativas estarão tomando o lugar de “instrumento” facilitador da compreensão de mundo A leitura pode e é necessária ser estimulada desde cedo. No entanto, é importante que o professor da educação infantil tenha uma preocupação com os livros a serem trabalhados com seus alunos (ROSIS, 2010 on line). 
A escolha correta, e um planejamento coerente com a leitura a ser realizada irão despertar nas crianças o interesse e motivação que farão parte de uma experiência rica em suas vidas. 
Ao escolher o livro de história o professor precisa então, ter noção dos muitos interesses apresentados por seu público e atentar para aspectos fundamentais na hora dessa escolha, como as imagens, as ilustrações trazidas, o tema da historia, as cores apresentadas, a linguagem do texto etc. 
Existem situações em que o professor acredita estar levando algo satisfatório, mas para as crianças se revela pouco interessante e assim ocorre algo muito comum com os profissionais que não utilizam critérios de escolha: o desinteresse e dispersão dos alunos pela história contada nos momentos de leitura. 
Sobre isso, Gomes (2011) nos fala sobre a importância da observação dos seguintes aspectos: ilustração, propriedade da imagem, estética coerente com o tema e as emoções sugeridas pela obra, destaque dos elementos figurativos (cor, tamanho de imagens, disposição espacial) e quantidade ótima de detalhes.
É comum, educadores apresentarem, em algumas situações, obras literárias para as crianças manuseá-las, mesmo assim, as mesmas não se mostrarem motivadas nem mesmo interessadas pelo material. 
 Por este motivo, se dá o grande valor para adequação dos livros a faixa etária como também aos estágios psicológicos de cada criança. Estes precisam ser observados e levados em consideração na hora das escolhas desses materiais. Nessa perspectiva, Coelho (2002), afirma que os estágios psicológicos da criança são um importante fator para a apropriação dos textos e por isso considera as diversas etapas do desenvolvimento infantil.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), entre suas várias orientações sugere que: 
Os professores deverão organizar a sua prática de forma a promover em seus alunos: o interesse pela leitura de histórias; a familiaridade com a escrita por meio da participação em situações de contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Isto se fará possível trabalhando conteúdos que privilegiem a participação dos alunos em situações de leitura de 8 diferentes gêneros feitas pelos adultos como contos, poemas, parlendas, trava-língua etc. propiciar momentos de reconto de histórias conhecidas com aproximação da história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos ou sem a ajuda do professor (p.117).
O profissional da educação terá uma posição importante e decisiva para transformar o mundo da leitura em um mundo de prazer para os seus alunos, rodeando a escola de livros e materiais em espaços aconchegantes e próprios para a contação de história, seja na biblioteca ou em cantinhos para a leitura.
 O professor deve abolir de sua prática pedagógica a idéia da obrigatoriedade da leitura e dos alunos verem essa prática como algo punitivo e obrigatório, pois tais momentos devem ser os mais acolhedores possíveis fazendo com que o educador se empenhe não somente nas escolhas, mas também no modo como conduzirá as atividades que envolvem a prática de leitura, instigando a interação das crianças o tempo todo com o professor e colegas de classe, estimulando sua imaginação e criticidade. Cavalcanti (2002), nos fala que o leitor infantil pode ser muito facilmente envolvido pelo momento da contação, desde que o processo seja bem conduzido. Em seu livro Caminhos da Literatura Infantil e Juvenil, a autora nos coloca que existem varias formas de o momento da leitura ser prazeroso, dinâmico e de estímulos para novas descobertas, impulsionando o leitor a reflexão a partir do texto contado. 
Gomes (2011) em seu artigo nos mostra a importância de atentar, entre outros aspectos, ao tema da história a ser apresentado para as crianças e nesse sentido, chama a atenção para a necessidade de priorizar temáticas que cativem e despertem na criança o interesse e motivação na hora da leitura.
Valdez e Costa (2007), afirmam que 
Pensar e preparar o ambiente onde serão desenvolvidas as leituras como também o modo como serão realizadas farão uma grande diferença, pois dependendo da maneira como foi pensada, preparada e realizada, o leitor infantil pode ser muito facilmente envolvido durante o momento da contação de histórias (p.173).
A relação entre a criança e o professor, é determinante para o êxito do ensino e da transformação das crianças em adultos saudáveis, que é a verdadeira finalidade da escola. 
Para Jung (1981)� apud Saiani (2003), o importante é a escola libertar a criança de sua identidade com a família e torna-la consciente de si própria. Sem essa consciência, ela nunca saberá o que deseja de verdade, estando sempre dependente da família, procurando apenas imitar os outros. “Ninguém, absolutamente ninguém, está com sua educação terminada ao deixar o curso superior”. Ou seja: o educador não deve ser apenas portador da cultura de modo passivo, mas também desenvolvê-la por meio de si próprio (JUNG, 1981, p.61 apud SAIANI, 2003, p.26).
Os contos de fadas, segundo Saiani (2003), são um canal entre o professor e a criança no trabalho afetivo, ajudando-a a superar seus problemasinteriores, possibilitando que o intelecto possa se desenvolver e trabalhar com o mínimo de interferências emocionais.
O ingressar da criança na escola leva-a a se deparar com uma série de 
oportunidade, com angústias diversas, com novos “encargos” sociais e com necessidade de externalizar e de elaborar os conflitos próprios do seu desenvolvimento. Dificuldades, não só no aprendizado da criança, mas em todo o seu crescimento, ocorrerão com mais freqüência caso ela não elabore sentidos para sua vida. 
O conto de fada é um instrumento importante para auxiliar a criança a lidar com a ansiedade e a superar obstáculos. Dessa forma, é de extrema importância investigar como o conto de fada é utilizado na educação infantil, porque é um gênero literário que propicia a projeção de fantasias inconscientes e universais, que trata da realização de desejos e se relaciona às angústias inerentes ao processo de desenvolvimento, representando acontecimentos psíquicos diferentes da realidade fatual, podendo, então, auxiliar na formação e construção da subjetividade da criança. 
Segundo Radino (2001), os contos de fadas como projeção de fantasias inconscientes, ajudam a elaborar conflitos inerentes ao processo de desenvolvimento e socialização e propiciam a construção de um sistema metafórico e simbólico e, por isso, são considerados como um rico instrumento pedagógico. 
Mas, eles, embora pouco utilizados no dia-a-dia por professores de educação infantil, perdem sua função lúdica e estética quando empregados como subsídios para atividades pedagógicas e transformados em pretextos para tarefas escolares – “A literatura infantil, a partir de uma perspectiva pedagógica, prioriza uma função social, educativa e formativa, em detrimento de sua função artística e estética” (ZILBERMAN, 1987, p.118). 
O conto de fada é utilizado no cotidiano escolar de forma relacionada à concepção de infância que permeia o discurso pedagógico. A infância, inserida em uma instituição escolar, tem sua fantasia e criatividade normatizadas e encaixa-se em um modelo cientificamente determinado. 
Radino (2003 p. 28) ressalta que: 
O modelo educacional pelo qual passaram nossos professores de educação infantil segue um modelo totalitário de saber, no qual o professor é respeitado como técnico, devendo atuar profissionalmente de forma eficaz e rigorosa. Dessa forma, o ensino é considerado uma intervenção tecnológica, na qual a investigação é baseada no paradigma processo-produto e a formação do professor ocorre por competências. Felizmente essa concepção está sendo bastante questionada e há uma mobilização em busca de uma melhor formação profissional, que possa atender a criança não só no seu aprendizado, mas, também, nos seus aspectos emocionais. 
Na educação infantil, uma função alfabetizadora está por trás da forma como os contos de fadas são transmitidos para as crianças. A escola menospreza a função da oralidade na formação da subjetividade e valoriza exageradamente a escrita. A escola, segundo Radino (2003), não está preparada para acolher a criança em sua totalidade, nem para aceitar suas emoções e sua fantasia como componentes do seu processo de conhecimento. Contudo, não podemos esquecer que a escola, na prática, lida com o imaginário infantil. 
Assim, o estudo da origem dos contos de fadas desde suas narrativas orais, das formas como são apresentados às crianças, da função que os contos de fadas têm de transmitir saberes e de inserir a criança em um mundo cultural e metafórico, auxiliando no seu processo de simbolização, são passos necessários para se seguir quando se defende a importância da fantasia no desenvolvimento humano. 
Também é importante situar como os contos de fadas se tornaram literatura infantil, já que eram histórias contadas para um público adulto, quais os primeiros contos de fadas literários e seus autores, que modificações sofreram em função das apropriações pelas crianças e das transformações da concepção de infância. 
Conforme Áries (1981), até o século XVI, as crianças viviam no anonimato, sem haver um lugar no mundo que as valorizassem. Há necessidade também de se compreender, pela psicanálise, o imaginário infantil, o processo de simbolização e de sublimação, e o porquê o conto de fada pode auxiliar a criança a se inserir em um mundo cultural e social. 
A psicanálise oferece o suporte teórico necessário para a compreensão do imaginário infantil e da fantasia como parte integrante da aprendizagem da da criança. A magia do conto de fada está em deixá-lo fluir, em dar asas à imaginação, em possibilitar que professor e alunos compartilhem novas emoções e em criar um modelo de educação que acolha a fantasia e a criatividade da criança. 
A magia do conto de fada está em deixá-lo fluir, em dar asas à imaginação, em possibilitar que professor e alunos compartilhem novas emoções e em criar um modelo de educação que acolha a fantasia e a criatividade.
CONCLUSÃO
Ao longo deste trabalho de pesquisa que buscou demonstrar a contribuição da literatura infantil dentro do processo de formação da personalidade das crianças da educação infantil, levando-se em consideração o desenvolvimento moral. 
Diante das fundamentações e praticas aqui destacadas pode-se perceber que a questão da leitura e da literatura infantil dentro do ambiente escolar é uma questão ainda a ser refletida e discutida.
Isso porque as praticas pedagógicas ainda não proporcionam aos leitores uma reflexão sobre a importância do ensino da literatura prazerosa, os educadores, apesar do grande avanço, ainda deixam a desejar em ralação as estratégias e metodologias utilizadas. 
Geralmente a pratica e o ensino da leitura visam somente a decodificação de símbolos e não conseguem estimular a leitura de forma que, haja compreensão do sentido do que se esta lendo.
Durante a realização deste trabalho observou-se que a escola ainda não consegue formar indivíduos letrados, efetivamente, a escola alfabetiza, pratica e promove a leitura de diferentes gêneros, mas não ainda forma leitores.
	Para que isso aconteça é necessário que os educando tenham a oportunidade de receber estimulação a partir da leitura, para que possam exercer sua criticidade, a imaginação e o senso investigativo. É preciso que a leitura os oportunize vivenciar situações criativas e curiosas, pois somente ler para aprender não traz estimulo e nem curiosidade para as crianças. É fundamental que a pratica da leitura desperte o interesse saber mais.
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