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BNCC E O CURRÍCULO ESCOLAR

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Prévia do material em texto

BNCC E O CURRÍCULO 
ESCOLAR
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Dulcelina da Luz Pinheiro Frasseto
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
F843b
 Frasseto, Dulcelina da Luz Pinheiro
 Base nacional comum curricular – BNCC e o currículo escolar. / Dul-
celina da Luz Pinheiro Frasseto. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 200 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-307-8
1. Base nacional comum curricular - Brasil. II. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 370.110981
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
A Educação Infantil na Base Nacional Comum 
Curricular – BNCC ....................................................................... 9
CAPÍTULO 2
O Ensino Fundamental na Base Nacional Comum 
Curricular – BNCC ..................................................................... 63
CAPÍTULO 3
O Ensino Médio na Base Nacional Comum 
Curricular – BNCC ................................................................... 135
APRESENTAÇÃO
O livro de estudos que aqui se apresenta visa contribuir para sua 
compreensão sobre o currículo da Base Nacional Comum Curricular aprovada no 
ano de 2017, que dispõe sobre os objetivos de aprendizagem, competências e 
habilidades para a educação básica de todo o país. No decorrer de suas páginas, 
você vai encontrar reflexões, apontamentos, bem como o “novo” currículo da 
Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio brasileiro.
A elaboração de uma base comum curricular para a educação básica vem 
sendo preconizada na legislação brasileira desde os finais da década de 1930 
com a reforma Francisco Campos, que estabeleceu uma matriz unificada para o 
ensino primário e secundário do Brasil, observamos também nas Leis Orgânicas 
na década de 1942 esta mesma preocupação.
A Constituição Federal de 1988 e a LDB 9394/96 reforçaram essa exigência 
de uma base comum curricular de forma mais explícita. Dessa forma, foram 
elaborados os PCNs em 1998 e as Diretrizes Curriculares Nacionais em 2010, com 
intuito de atender às solicitações da legislação vigente. Com o Plano Nacional de 
Educação 2014-2024 esse assunto ficou mais evidente, vindo a ser concretizado 
no ano de 2017 com a aprovação da BNCC – Base Nacional Comum Curricular 
para a Educação Infantil e Ensino Fundamental e no ano de 2018 a Base Nacional 
Comum Curricular para o Ensino Médio.
A BNCC começou a ser estruturada no ano de 2015 e contou com a 
contribuição de diversos autores do campo educacional e com a sociedade 
brasileira, entre eles, os professores da educação básica, professores 
universitários e profissionais da educação. O processo de construção da BNCC 
provocou, no campo educacional, muitas discussões, debates e divergências, 
a ANPEd – Associação Nacional dos Pesquisadores em educação e a ABdC – 
Associação Brasileira de Currículo foram as principais oponentes da elaboração 
de uma base comum curricular. Entre as alegações contrárias, segundo essas 
associações, a BNCC não contempla as dimensões de diversidade na educação 
brasileira, caracterizando-se como um risco de retrocesso. 
A aprovação da versão final da BNCC traz consigo os encontros e os 
desencontros, os avanços e os retrocessos na elaboração do currículo que se 
mostra como um campo de disputa na educação brasileira. A versão final da 
BNCC está organizada em direitos de aprendizagem e habilidades expressos em 
dez competências gerais que norteiam o desenvolvimento escolar das crianças e 
adolescentes.
A partir de sua aprovação, todas as redes de ensinos públicas e particulares 
elaborarão seus currículos, bem como suas propostas pedagógicas baseadas 
nessa referência comum obrigatória em todo o território nacional, de acordo 
com as especificidades regionais e as particularidades locais de cada instituição 
escolar.
Caro estudante, este livro está organizado em três capítulos. Você vai 
perceber uma certa semelhança na organização dos textos estudados, bem 
como nas atividades de estudos, principalmente da Educação Infantil, pois 
procuramos separar os objetivos de aprendizagem entre as etapas da educação, 
para que você tenha melhor compreensão nos assuntos tratados em cada um, 
preservamos esse padrão didático para favorecer a leitura e a interpretação dos 
temas aqui tratados. Cada capítulo está dividido em subtópicos e em cada um 
você encontrará uma atividade de estudo para lhe proporcionar maior reflexão 
sobre o assunto.
O primeiro capítulo, A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular 
– BNCC, ajudará você a refletir sobre a organização da Educação Infantil a partir 
da BNCC, trazendo presente os marcos legais que concretizaram a BNCC. Em 
seguida discorreremos sobre os direitos de aprendizagens da Educação Infantil 
de acordo com a BNCC e, por fim, trataremos do currículo da Educação Infantil 
de acordo com a BNCC, bem como revisitaremos a história percorrida em defesa 
da Educação Infantil no Brasil, as lutas das mães trabalhadoras e as conquistas 
juntamente com os movimentos sociais feministas. Para fechar o primeiro 
capítulo, trazemos os objetivos de aprendizagens e desenvolvimento, sob o 
amparo teórico de Vigotsky e de outros autores da psicologia infantil. 
No capítulo dois discorreremos sobre o Ensino Fundamental, Anos Iniciais 
e Anos Finais na BNCC, áreas do conhecimento e competências específicas de 
cada área, currículos, objetos de conhecimentos e habilidades. Você vai poder 
refletir sobre as competências e habilidades para a etapa de alfabetização, Anos 
Iniciais e também para os Anos Finais do Ensino Fundamental, compreender 
as novidades do currículo preconizado pela BNCC e perceber as nuances da 
história dessa etapa de ensino no Brasil, assim como as mudanças positivas e os 
desafios na implementação da BNCC.
No terceiro e último capítulo será a vez do Ensino Médio. Oferecemos a você 
uma breve visão sobre a reforma do Ensino Médio a partir da Lei no 13.415/2017, 
bem como a trajetória dessa etapa de ensino no Brasil, em seguida trataremos 
do currículo, dos itinerários formativos e das competências e habilidades, suas 
implicações e possibilidades. 
Este material foi elaborado com o objetivo de ajudar você, caro estudante, 
a compreender os processos de elaboração e implementação da BNCC, bem 
como sua concretude no ambiente escolar. Para isso, é necessário que você 
faça a leitura de todo o material indicado, acesse os sites, realize as atividades 
de estudos, pois assim garantirá sua autonomia, seu aprendizado e reflexões 
próprias sobre a BNCC. Desejamos profundamente poder contribuir e almejamos 
sucesso nesta trajetória de seus estudos.
Bom trabalho!
Profa. Dulcelina Da Luz Pinheiro Frasseto
CAPÍTULO 1
A Educação Infantil na Base 
Nacional Comum Curricular – 
BNCC
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• identificar as legislações que deram base para a elaboração da BNCC;
• conhecer a trajetória histórica da Educação Infantil do Brasil;
• analisar o currículo da Educação Infantilde acordo com a BNCC;
• interpretar os novos conceitos no currículo da Educação Infantil.
10
 Bncc e o Currículo Escolar
11
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
1 Contextualização
Caro pós-graduando, certamente você já ouviu falar sobre a BNCC, 
principalmente nas escolas, nos debates e reuniões sobre a base, na mídia e nas 
redes sociais em geral, mas você conhece e já estudou a BNCC? Sabe como 
ela está organizada? Quais são suas propostas de currículo para a educação 
brasileira? É nesse viés que nos propomos discutir nesse capitulo a Educação 
Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC, possibilitando sua leitura dos 
principais assuntos, ajudar na compreensão do novo currículo e da organização 
da BNCC como um todo.
FIGURA 1 – BNCC
FONTE: <www.infoescola.com/noticias/mec-apresenta-terceira-versao-da-base-
nacional-comum-curricular-conheca-os-principais-pontos/>. Acesso em: 11 dez. 2018.
A Base Nacional Comum Curricular é um documento que expressa as 
exigências dadas pela Constituição Federal de 1988, pela LDB 9394/96 e 
acentuado no PNE 2014-2024. Nela estão contidas diretrizes para elaboração 
de currículos escolares na tentativa de superar as fragmentações históricas nos 
conteúdos ensinados nas diferentes etapas da educação básica. Está pautada 
em dez competências gerais, as quais devem reger as três etapas da educação 
básica, em que, alinhado ao fazer pedagógico escolar, os estudantes possam 
construir seus conhecimentos e desenvolver suas habilidades voltadas para 
atitudes e valores.
No que concerne à Educação Infantil, essas competências 
incorporam-se aos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que 
serão tratados especificamente neste capítulo. Da mesma forma será 
discorrido sobre os direitos de aprendizagens, que segundo a BNCC 
são essenciais para que a criança tenha condições de aprender e 
a se desenvolver, são eles: Conviver; Brincar; Participar; Explorar; 
Expressar e Conhecer-se.
Cabe ressaltar que a Educação Infantil no Brasil como direito social, como 
No que concerne à 
Educação Infantil, 
essas competências 
incorporam-se 
aos objetivos de 
aprendizagem e 
desenvolvimento 
que serão tratados 
especificamente 
neste capítulo.
12
 Bncc e o Currículo Escolar
política pública educativa, resultou de um intenso e longo processo de luta, no 
qual os movimentos sociais, sobretudo os feministas, foram grandes protagonistas 
(CAMPOS; BARBOSA, 2015, p. 354). Até o início do século XX, a Educação 
Infantil era considerada uma política assistencialista. 
Somente com a Constituição Federal de 1988 a educação 
infantil passa a ser dever do Estado e, com a promulgação da 
LDB 9394/96, passa a integrar as etapas da educação básica. No 
entanto, a educação infantil torna-se obrigatória para crianças de 
4 e 5 anos no Brasil somente a partir da aprovação da Emenda 
Constitucional nº 59 /2009.
Em relação ao currículo para a educação infantil, após a 
LDB 9394/96, o MEC produziu em 2001, o RCNEI – Referencial 
Curricular Nacional para a Educação Infantil, referente às creches, 
entidades equivalentes e pré-escolas. O RCNEI é uma coleção de três volumes 
que contém orientações curriculares para a Educação Infantil e faz parte dos 
PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, elaborados pelo MEC para todas as 
etapas da educação básica. 
No ano de 2009, com a participação de professores e 
intelectuais da área da Educação Infantil o MEC elaborou as DCNEI 
– Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil, as quais 
foram regulamentadas pela Resolução CNE/CEB nº 5/2009. 
Nessa Resolução o currículo da Educação Infantil é concebido 
como um conjunto de práticas articuladas com as experiências e 
os saberes das crianças. Tais práticas são efetivadas por meio de 
relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem 
com os professores e as outras crianças (BRASIL, 2009b).
Dessa forma, podemos entender que a elaboração da BNCC 
para a Educação Infantil não partiu do nada, ou seja, já existe uma 
história de currículo produzida legalmente a partir da Constituição Federal de 
1988. Veremos então o que preservou e inovou a BNCC referente ao currículo da 
Educação Infantil em todo o território brasileiro.
No entanto, a 
educação infantil 
torna-se obrigatória 
para crianças de 4 
e 5 anos no Brasil 
somente a partir 
da aprovação 
da Emenda 
Constitucional nº 59 
/2009.
No ano de 2009, 
com a participação 
de professores e 
intelectuais da área 
da Educação Infantil 
o MEC elaborou as 
DCNEI – Diretrizes 
Curriculares 
Nacionais de 
Educação Infantil, 
as quais foram 
regulamentadas 
pela Resolução 
CNE/CEB nº 5/2009.
13
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Caro estudante, para que você possa prosseguir confiante sobre 
os estudos relacionados a currículo, indicamos o seguinte livro: 
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu (org). 
Currículo, cultura e sociedade. Trad. Maria Aparecida Baptista – 8. 
ed. São Paulo, Cortez, 2005.
2 MARCO LEGAL ATÉ CONCRETIZAR 
A BNCC 
 Como foi anunciada na apresentação deste livro, a ideia 
de elaborar uma base comum curricular para a educação brasileira 
vem sendo discutida na legislação há muito tempo, portanto foi um 
processo de longas discussões que não se produziu da noite para o 
dia. Na Constituição Federal de 1988, essa prerrogativa é acentuada 
e garantida: “Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o 
ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum 
e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais” 
(BRASIL, 1988). 
Com essa recomendação dada pela Carta Magna da Nação, uma vasta 
produção sobre currículo foi publicada, em consonância com as teorias dos 
intelectuais brasileiros, entre eles, Paulo Freire e Dermeval Saviani, que muito 
têm contribuído e fundamentado a prática docente com a criação da teoria 
histórico-critica. Constantes reflexões sobre um sistema educacional autônomo, 
com currículo emancipatório e por uma educação para a liberdade, vêm sendo 
feitas nos referenciais teóricos sobre educação no Brasil. 
No ano de 1990 o Brasil assumiu compromissos internacionais com a 
participação na Conferência Educação para Todos, em Jomtien na Tailândia, a 
partir disso, iniciou o processo de reparação do currículo e algumas reformas 
na educação foram efetivadas. Vale lembrar que foi nesse período da história 
que surgiram os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, com a instituição 
do Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003). Os PCNs não foram 
documentos obrigatórios, porém, orientadores curriculares e dignos de serem 
implementados pelas unidades escolares.
“Art. 210. Serão 
fixados conteúdos 
mínimos para o 
ensino fundamental, 
de maneira a 
assegurar formação 
básica comum e 
respeito aos valores 
culturais e artísticos, 
nacionais e 
regionais” (BRASIL, 
1988).
14
 Bncc e o Currículo Escolar
Caro pós-graduando, para saber mais sobre a Conferência 
“Educação para Todos” em Jomtien, na Tailândia, acesse: <https://
www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm>. 
E para conhecer o compromisso assinado pelo Brasil, acesse: 
<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/diretrizes_compromisso.pdf>. 
Em 1996 é aprovada a nova LDB 9394/96, em que a elaboração de uma base 
comum curricular é novamente reivindicada com muita ênfase e especificada em 
dois artigos desta lei, atendendo às recomendações da Constituição Federal. 
Artigo 9º - IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes 
para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino 
médio, que nortearão os currículose seus conteúdos mínimos, 
de modo a assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996).
 
Dada essa definição, em 2010 foi promulgada a Resolução nº 4, de 13 de 
julho de 2010, que definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais gerais para a 
educação básica com os seguintes objetivos: 
 I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação 
Básica contidos na Constituição, na LDB e demais dispositivos 
legais, traduzindo os em orientações que contribuam para 
assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco 
os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola; II – estimular a 
reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação, 
execução e avaliação do projeto político pedagógico da escola 
de Educação Básica; III – orientar os cursos de formação inicial 
e continuada de profissionais – docentes, técnicos, funcionários 
– da Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes 
entes federados e as escolas que os integram, indistintamente 
da rede a que pertençam (BRASIL, 2010b).
A elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais foi um 
marco de extrema relevância para a educação, pois estabeleceu 
reflexões pertinentes para o desenvolvimento do currículo em todas 
as etapas e abrangendo também as modalidades da educação 
básica ao tratar do currículo da Educação de Jovens e Adultos, da 
Educação Especial, da Educação Indígena, Educação Quilombola, 
entre outras.
 
Traz, em sua essência, a sistematização dos princípios 
A elaboração 
das Diretrizes 
Curriculares 
Nacionais foi um 
marco de extrema 
relevância para 
a educação, 
pois estabeleceu 
reflexões 
pertinentes para o 
desenvolvimento 
do currículo em 
todas as etapas e 
abrangendo também 
as modalidades da 
educação básica ao 
tratar do currículo 
da Educação de 
Jovens e Adultos, da 
Educação Especial, 
da Educação 
Indígena, Educação 
Quilombola, entre 
outras.
15
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
voltados para os sujeitos, ajuda a estimular a reflexão crítica na elaboração do 
projeto político pedagógico e orientar os recursos, ou seja, garantir que a lei seja 
cumprida com a presença da comunidade e com investimento adequado.
Ainda no artigo 26 da LDB/96, versa sobre o currículo para a educação 
básica.
Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental 
e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser 
complementada, em cada sistema de ensino e em cada 
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida 
pelas características regionais e locais da sociedade, da 
cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, 1996). 
Nesse artigo a LDB deixa garantida a parte diversificada do 
currículo para atender às especificidades de cada região, em cada 
realidade escolar, esta garantia também está posta na BNCC. Dessa 
forma, a escola tem autonomia para elaborar seus currículos de 
acordo com a necessidade da comunidade escolar. 
Seguindo a cronologia histórica, em 2001 foi aprovado pela Lei nº 
10.172, de 9 de janeiro, o Plano Nacional de Educação, porém, este 
PNE/2001-2011 não tratou especificamente de uma base comum.
As diretrizes curriculares nacionais para a 
educação infantil, definidas pelo Conselho 
Nacional de Educação, consoante determina 
o art. 9o, IV da LDB, complementadas pelas 
normas dos sistemas de ensino dos Estados 
e Municípios, estabelecem os marcos para a 
elaboração das propostas pedagógicas para as 
crianças de 0 a 6 anos (BRASIL, 2001).
As definições sobre currículo de base comum preconizadas 
pela LDB/9394/96 podem ser garantidas pela inclusão do novo Plano 
Nacional de Educação 2014-2024, aprovado pela Lei nº 13.005, 
de 25 de junho de 2014, a elaboração da BNCC. Enumerada na 
meta 7 do plano e especificada na estratégia nº 1. 
Fomentar a qualidade da educação básica em 
todas as etapas e modalidades, com melhoria 
do fluxo escolar e da aprendizagem de modo 
a atingir as seguintes médias nacionais para 
o Ideb”: [..]. Estratégias: “7.1) estabelecer e 
implantar, mediante pactuação interfederativa, 
diretrizes pedagógicas para a educação básica 
e a base nacional comum dos currículos, 
com direitos e objetivos de aprendizagem e 
desenvolvimento dos (as) alunos (as) para cada 
Fomentar a 
qualidade da 
educação básica 
em todas as etapas 
e modalidades, 
com melhoria do 
fluxo escolar e 
da aprendizagem 
de modo a atingir 
as seguintes 
médias nacionais 
para o Ideb”: 
[..]. Estratégias: 
“7.1) estabelecer 
e implantar, 
mediante pactuação 
interfederativa, 
diretrizes 
pedagógicas 
para a educação 
básica e a base 
nacional comum 
dos currículos, com 
direitos e objetivos 
de aprendizagem 
e desenvolvimento 
dos (as) alunos (as) 
para cada ano do 
ensino fundamental 
e médio, respeitada 
a diversidade 
regional, estadual 
e local (BRASIL, 
2014).
16
 Bncc e o Currículo Escolar
Caro pós-graduando, o Plano Nacional de Educação foi 
aprovado para o decênio de 2014 a 2024, nele estão dispostas 
as metas e as estratégias para educação. Para que você possa 
conhecer essas metas e estratégias do PNE, sugerimos a leitura do 
livro: Plano Nacional de Educação 2014-2024. 
Disponível em: <http://www.observatoriodopne.org.br/uploads/
reference/file/439/documento referencia.pdf>.
ano do ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade 
regional, estadual e local (BRASIL, 2014). 
Como podemos observar, caro estudante, a elaboração da BNCC tem um 
longo caminho percorrido e presente na legislação brasileira, a sua aprovação 
vem cumprir a solicitação da Constituição Federal, da LDB/9394/96 e do 
PNE/2014-20124.
Sendo assim, no ano de 2015 deu-se início ao processo de elaboração 
da BNCC, que contou com a participação popular, ou seja, dos professores 
e profissionais da educação, na elaboração das primeiras versões. Para tanto, 
conforme Cury, Reis e Zanardi (2018, p. 61):
[...] é necessário compreender que a norma é um campo 
de disputa tanto no que toca a sua forma quanto a sua 
materialidade. Assim, ao expor que um projeto está previsto 
em lei, precisamos, criticamente, desvelar os seus interesses, 
a quem favorece e a quem não favorece.
Nesta lógica, os debates em torno da elaboração da BNCC foram expressivos 
em detalhar quais seus principais interesses e quem seriam os principais 
favorecidos, os alunos ou os professores? Haja vista que a BNCC traz orientações 
de temas e conteúdos para que sejam colocados em prática pelos professores.
17
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Para que você compreenda caro estudante, as divergências que 
surgiram em relação à BNCC e possa refletir sobre as necessidades 
da elaboração de uma BNCC, no atual momento histórico do Brasil 
em que ela foi aprovada. E para possibilitar a sua compreensão 
sobre os interesses que estão por trás de um currículo nacional. 
Indicamos o livro: A BNCC na Contramão do PNE 2014-2024: 
avaliação e perspectivas. Organização: Márcia Ângela da S. Aguiar 
e Luiz Fernandes Dourado [Livro Eletrônico]. – Recife: ANPAE, 
2018. Disponível em: <http://www.anpae.org.br/BibliotecaVirtual/4-
Publicacoes/BNCC-VERSAO-FINAL.pdf>.
Como já mencionado, a primeira versão da BNCC foi elaborada 
com a participação popular, mas em que pese à participação de 
professores e profissionais da educação, entre outras pessoas que 
contribuíram a partir de eventos escolares, regionais, bem como a 
participação pelo site da base, criado para esse fim. O MEC, sob a 
coordenação do CONSED – Conselho Nacional dos Secretários de 
Educação e da UNDIME – União Nacional dos Dirigentes Municipais 
de Educação, realizou em cada região do país e, desprezando as 
contribuições iniciais, sistematizou o texto advindo dos seminários 
regionaise aprovou a BNCC pela Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de 
dezembro de 2017, “Institui e orienta a implantação da Base Nacional 
Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das 
etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica” 
(BRASIL, 2017a). 
O MEC, sob a 
coordenação 
do CONSED – 
Conselho Nacional 
dos Secretários 
de Educação e 
da UNDIME – 
União Nacional 
dos Dirigentes 
Municipais de 
Educação, realizou 
em cada região do 
país e, desprezando 
as contribuições 
iniciais, sistematizou 
o texto advindo dos 
seminários regionais 
e aprovou a BNCC 
pela Resolução 
CNE/CP nº 2, de 
22 de dezembro de 
2017.
18
 Bncc e o Currículo Escolar
“Publicada a terceira versão da Base, de imediato ocorreram 
manifestações de variados matizes: desde os setores que 
teceram severas críticas ao documento do MEC aos setores que o 
aplaudiram” (AGUIAR, 2018, p. 86).
Segundo Aguiar (2018), o documento foi muito bem recebido, 
principalmente pelas ONGs que participam do Movimento pela 
Base Nacional Comum, Fundação Lemann, Instituto Ayrton Senna, 
Fundação Itaú Social e Movimento Todos pela Educação.
“Publicada a terceira 
versão da Base, de 
imediato ocorreram 
manifestações de 
variados matizes: 
desde os setores 
que teceram 
severas críticas 
ao documento do 
MEC aos setores 
que o aplaudiram” 
(AGUIAR, 2018, p. 
86).
Caro pós-graduando, como você percebeu, a elaboração 
da BNCC foi um processo marcado por muitas divergências. 
Disponibilizamos esse texto a seguir como leitura complementar, 
para que você possa compreender que a educação sozinha não 
consegue mudar as situações de desigualdades presente na 
sociedade brasileira, segundo os autores.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) carrega, em si, 
o sonho iluminista de universalização de direitos no tocante ao 
acesso ao conhecimento acumulado e à qualidade da educação 
que se realizaria pela distribuição igualitária e isonômica desses 
conhecimentos. Sonho esse que foi apropriado pela burguesia para 
legitimação de seus interesses com o estabelecimento de crenças e 
padrões adequados em uma sociedade marcada pela desigualdade. 
Ocorre que, mesmo com a desigualdade como questão estruturante, 
a educação escolarizada pretende promover a equidade de 
conhecimentos compreendidos como essenciais para proporcionar 
uma maior igualdade de oportunidades nas disputas por um lugar 
no mercado de trabalho e no exercício da cidadania (CURY; REIS; 
ZANARDI, 2018, p. 53)
FONTE: CURY, Carlos Roberto Jamil; REIS, Magali; ZANARDI, 
Adriano Costa. Base Nacional Comum Curricular: dilemas e 
perspectivas. São Paulo: Cortez, 2018.
19
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Caro estudante, a aprovação da BNCC não se deu meramente 
tranquila, houve e ainda há muitas divergências no campo 
educacional entre as associações educacionais que defendem 
uma educação democrática, reflexiva e inclusiva como a ANPEd – 
Associação Nacional dos Pesquisadores em Educação e a ABdC 
– Associação Brasileira de Currículo. A ANPEd enviou ao MEC 
documentos solicitando mudanças nos textos da BNCC e inferindo 
vários questionamentos. Por outro lado, os defensores da BNCC, 
MEC e membros do Conselho Nacional de Educação, ONGs, 
Institutos, Fundações, Movimento Todos pela Educação, CONSED e 
UNDIME, que veem na base uma forma de unificar parte do currículo 
e com isso diminuir as desigualdades e educar para as competências, 
na lógica do mercado. 
 Nesse sentido, vale refletir: 1 – A BNCC vai superar as 
desigualdades educacionais? Como? 2 – Se já existem as Diretrizes 
Nacionais Curriculares, é necessária uma base? 
Por considerarmos importante o conhecimento das competências gerais da 
Educação Básica proporcionadas pela BNCC, ponderamos ser conveniente elencá-
las na íntegra, já que por elas deve perpassar toda a organização curricular. São 
dez as competências, que se desdobram no tratamento pedagógico das três etapas 
(Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), articulando-se com os 
objetivos de aprendizagem, na construção de conhecimentos, no desenvolvimento 
de habilidades e na formação de atitudes e valores (BRASIL, 2017b). 
QUADRO 1 – COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO 
BÁSICA DE ACORDO COM A BNCC
Nº Competências
1 Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o 
mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, 
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade 
justa, democrática e inclusiva.
2 Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das 
ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imagina-
ção e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, 
formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) 
com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3 Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais 
às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção 
artístico-cultural.
20
 Bncc e o Currículo Escolar
4 Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, 
e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos 
das linguagens artísticas, matemática e científica, para se expressar e 
partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes 
contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5 Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comuni-
cação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas 
sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar 
informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer prota-
gonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6 Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de 
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações 
próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da 
cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência 
crítica e responsabilidade. 
7 Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para for-
mular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que 
respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental 
e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posiciona-
mento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 
8 Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, com-
preendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e 
as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9 Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, 
fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos hu-
manos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de 
grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem 
preconceitos de qualquer natureza. 
10 Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilida-
de, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios 
éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
FONTE: A autora, adaptado de BNCC, Brasil (2017b).
Para que você compreenda como funciona BNCC, é 
imprescindível realizar sua leitura, para tanto, acesse a BNCC e leia 
com atenção. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 10 nov. 2018.
21
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Lei Finalidade
Caro pós-graduando, como você pode perceber, a BNCC é 
um documento legal, portanto, é obrigatória sua implementação,as instituições de ensino têm dois anos para realizar essa tarefa, 
que inclui também a formação inicial e continuada dos professores, 
material didático, referenciais curriculares das redes de ensino e 
currículo das escolas.
Como observamos, após a abertura democrática no Brasil, foram 
elaborados três importantes documentos de orientações pedagógicas 
para a educação infantil, a RCNEI, a DCNEI e, por último, a BNCC. 
Trataremos com mais detalhes sobre esses documentos nas páginas 
seguintes.
A BNCC é um 
documento 
legal, portanto, 
é obrigatória sua 
implementação, 
as instituições de 
ensino têm dois 
anos para realizar 
essa tarefa, que 
inclui também a 
formação inicial 
e continuada 
dos professores, 
material didático, 
referenciais 
curriculares das 
redes de ensino 
e currículo das 
escolas.
Organize um quadro com as principais legislações que deram 
base legal para a constituição da BNCC, contemplando a lei e sua 
finalidade.
3 OS DIREITOS DE APRENDIZAGENS 
DA EDUCAÇÃO INFANTIL DE 
ACORDO COM A BNCC
Caro pós-graduando, iniciamos agora uma conversa sobre direitos, os quais 
a Educação Infantil conquistou até chegar aos direitos de aprendizagens como 
22
 Bncc e o Currículo Escolar
preconiza a BNCC. Vamos iniciar por um direito que é público e 
subjetivo garantido pela Constituição Federal. “VII - atendimento ao 
educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de 
programas suplementares de material didático escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde. § 1º O acesso ao ensino 
obrigatório e gratuito é direito público subjetivo” (BRASIL, 1988).
Refletir sobre direitos nos leva a pensar: como vemos a infância hoje? 
Como podemos nos preparar para com elas atuar? Qual é o papel da infância na 
sociedade moderna? Segundo Bazilio e Kramer (2006, p. 85):
Desde que Ariès publicou, nos anos de 1970, seu estudo sobre 
o aparecimento da noção de infância na sociedade moderna, 
sabemos que as visões sobre a infância são construídas social 
e historicamente: a inserção concreta das crianças e seus 
papeis variam com as formas de organização social.
Philippe Ariès é um teórico francês, considerado um marco no 
desenvolvimento de estudos no campo de comportamento e atitudes 
humanas. A partir da obra História social da criança e da família, fez 
com que a criança viesse a ocupar um espaço na sociedade em 
que antes era considerada como um adulto em miniatura. Desde 
os escritos de Ariès, desencadearam-se outras pesquisas sobre a 
infância e a partir disso os direitos, como o investimento na área 
social e educacional para crianças e adolescentes. 
A partir de seus estudos, outros autores passam a compreender 
que a Infância é socialmente construída, pois depende do meio 
social onde a criança está inserida, dessa forma, podemos pensar 
que a infância de uma criança que mora em uma periferia é bem 
diferente da infância de uma criança que mora em um condomínio 
no centro da cidade, por exemplo. Na escola, essas diferenças são perceptíveis 
e influenciam no contexto de aprendizagem, caso a escola e o professor não 
estejam preparados para atuar. 
Para que você possa se aprofundar sobre os direitos das 
crianças menores, indicamos a leitura do seguinte livro: 
BAZILIO, Luis Cavalieri; KRAMER, Sonia. Infância, educação e 
direitos humanos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
§ 1º O acesso ao 
ensino obrigatório 
e gratuito é direito 
público subjetivo” 
(BRASIL, 1988).
Philippe Ariès é 
um teórico francês, 
considerado 
um marco no 
desenvolvimento de 
estudos no campo 
de comportamento 
e atitudes humanas. 
A partir da obra 
História social da 
criança e da família, 
fez com que a 
criança viesse a 
ocupar um espaço 
na sociedade em 
que antes era 
considerada como 
um adulto em 
miniatura.
23
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Os primeiros passos da educação infantil no Brasil deram-se 
a partir da segunda metade do século XIX, até então não existiam 
creches ou parques infantis. As crianças órfãs ou abandonadas do 
meio rural eram atendidas pelas famílias de fazendeiros e na zona 
urbana as crianças abandonadas pelas mães, por serem filhos 
ilegítimos de moças de classe alta, eram recolhidas nas “rodas de 
expostos” existentes em algumas cidades do Brasil no século XVIII 
(OLIVEIRA, 2015).
Os primeiros passos 
da educação infantil 
no Brasil deram-se 
a partir da segunda 
metade do século 
XIX, até então não 
existiam creches ou 
parques infantis.
FIGURA 2 – RODA DE EXPOSTOS
FONTE: <http://almanaque.weebly.com/roda-dos-
expostos.html>. Acesso em: 11 nov. 2018.
Pequenos traços de proteção à infância se iniciaram com 
a proclamação da República: a fim de combater a grande taxa de 
mortalidade infantil, foram criadas entidades de amparo. Como “as 
creches, os asilos e internatos, destinados na época para cuidar de 
crianças pobres” (OLIVEIRA, 2005, p. 92).
Segundo a autora, em 1875, no Rio de Janeiro, e em 1877, em 
São Paulo, foram criados os primeiros jardins de infâncias, no modelo 
francês, sob os cuidados de entidades privadas e alguns anos 
depois surgiram os primeiros Jardins de Infâncias públicos, porém 
destinados aos filhos dos mais ricos, com uma proposta pedagógica 
baseada em Friedrich Froebel.
Pequenos traços de 
proteção à infância 
se iniciaram com 
a proclamação da 
República: a fim de 
combater a grande 
taxa de mortalidade 
infantil, foram 
criadas entidades 
de amparo. Como 
“as creches, os 
asilos e internatos, 
destinados na 
época para cuidar 
de crianças pobres” 
(OLIVEIRA, 2005, 
p. 92).
24
 Bncc e o Currículo Escolar
Froebel foi um educador alemão, para ele os currículos das 
escolas devem estar baseados nas atividades e interesses desde o 
nascimento e em cada fase da vida infantil, os jardins de Infâncias 
eram considerados como um jardim de flores, cujos jardineiros eram 
os professores.
Com a industrialização e urbanização no início do século XX, 
foi necessário admitir grande número de mulheres para trabalharem 
nas fábricas criadas na época. Com isso, surgiram novas demandas, 
como um local para o cuidado das crianças. Dessa forma, por meio 
de reivindicações, lutas de sindicatos e mulheres operárias, as 
empresas foram levadas a aderir ao projeto de creches no local de 
trabalho.
Em 1923, a primeira regulamentação sobre o trabalho da 
mulher previa a instalação de creches e salas de amamentação 
próximas do ambiente de trabalho e que estabelecimentos 
comerciais e industriais deveriam facilitar a amamentação 
durante a jornada das empresas (OLIVEIRA, 2005, p. 97).
Segundo Oliveira (2005), nesta mesma década, ocorreu o primeiro 
Congresso Brasileiro de Proteção à Infância, com discussões de temas voltados 
à educação moral e higiênica. Com o manifesto dos pioneiros da educação nova 
em 1932, entre outros pontos que defendiam o manifesto, estava a educação pré-
escolar, instituída como base do sistema escolar.
“Desde o início do século até a década de 50, as poucas 
creches fora das indústrias eram de responsabilidade de entidades 
filantrópicas laicas e principalmente religiosas” (OLIVEIRA, 2005, 
p. 100). Até essa época eram quase inexistentes as instituições 
públicas para atender a essa etapa da educação, uma das mudanças 
significativas ocorreu com a Lei de Diretrizes de Base da Educação, 
Lei no 4024/61, que estabeleceu a educação como direito de todos a 
ser dada no lar e na escola.
Art. 23. A educação pré-primária destina-se aos menores até 
sete anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins-
de-infância. Art. 24. As emprêsas que tenham a seu serviço 
mães de menores de sete anos serão estimuladas a organizar 
e manter, por iniciativa própria ou em cooperaçãocom os 
poderes públicos, instituições de educação pré-primária 
(BRASIL, 1961).
Froebel foi um 
educador alemão, 
para ele os 
currículos das 
escolas devem 
estar baseados 
nas atividades e 
interesses desde 
o nascimento e 
em cada fase da 
vida infantil, os 
jardins de Infâncias 
eram considerados 
como um jardim 
de flores, cujos 
jardineiros eram os 
professores.
“Desde o início do 
século até a década 
de 50, as poucas 
creches fora das 
indústrias eram de 
responsabilidade 
de entidades 
filantrópicas laicas 
e principalmente 
religiosas” 
(OLIVEIRA, 2005, 
p. 100).
25
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Caro estudante, antes de continuarmos nossa discussão sobre 
os direitos de aprendizagens das crianças na Educação Infantil, 
é conveniente fazer as seguintes reflexões: Quais as causas e os 
motivos que levaram o Brasil a não investir em Educação Infantil por 
tanto tempo? Pense nisso. E você, frequentou uma creche? Seus 
filhos frequentaram, ou ainda frequentam? O que você acha da 
Educação Infantil oferecida nas escolas públicas e particulares de 
hoje? 
As iniciativas populares, as discussões e algumas legislações 
foram todas alteradas com o governo militar instaurado no Brasil em 
1964. A Lei no 5.692/71 apenas fez uma menção mínima à educação 
infantil. “§ 2º Os sistemas de ensino velarão para que as crianças de 
idade inferior a sete anos recebam conveniente educação em escolas 
maternais, jardins de infância e instituições equivalentes” (BRASIL, 
1971).
Devido ao crescimento do operariado na década de 70, a organização 
dos trabalhadores intensificou os movimentos de luta pela preocupação com 
a segurança dos pequenos e fez com que as creches e a pré-escola fossem 
novamente reivindicadas e defendidas por vários movimentos sociais. Essa 
pressão levou o Ministério de Educação e Cultura a criar o Serviço de Educação 
pré-escolar em 1975, a coordenadoria de Ensino pré-escolar e um programa 
nacional de educação pré-escolar de massa, o projeto casulo (OLIVEIRA, 2005). 
Com o término do governo militar em 1985, foi elaborado o Plano de 
Desenvolvimento Nacional e com ele foram incluídas novas políticas para as 
creches, com a ideia de responsabilidade sobre a educação infantil do Estado e 
das empresas, e não mais apenas à mulher trabalhadora e/ ou à família.
As iniciativas 
populares, as 
discussões e 
algumas legislações 
foram todas 
alteradas com o 
governo militar 
instaurado no Brasil 
em 1964.
26
 Bncc e o Currículo Escolar
Esse processo de reconhecimento do direito teve sua grande 
conquista na Constituição Federal de 1988, a primeira da história 
nacional a definir a educação infantil como direito das famílias e das 
crianças (CAMPOS; BARBOSA, 2017, p. 355). 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado 
mediante a garantia de: (EC no 14/96, EC no 53/2006 e EC 
no 59/2009) I – educação básica obrigatória e gratuita dos 
4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada 
inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não 
tiveram acesso na idade própria; IV – educação infantil, em 
creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade 
(BRASIL, 1988).
Com a Constituição Federal de 1988, inicia-se uma nova história 
na educação brasileira, principalmente para a Educação Infantil, que se tornou 
obrigatória e gratuita através das Emendas Constitucionais 14/96 e 59/2009, a 
partir dos quatro anos de idade. 
Para atender às exigências da Constituição Federal, a LDB nº 9394/96 
reservou três artigos assim descritos: 
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, 
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança 
de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, 
intelectual e social, complementando a ação da família e da 
comunidade. (Artigo com redação dada pela Lei nº 12.796, de 
4/4/2013) (BRASIL, 1996).
A Novidade que a LDB traz nesse capitulo é a inclusão da 
educação infantil como parte da educação básica, constituindo a 
primeira etapa e presa pelo desenvolvimento integral da criança, 
um avanço significativo em relação a todo o percurso da Educação 
Infantil no Brasil. 
No Artigo 30, a LDB especifica onde será ofertada a educação 
infantil. 
A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades 
equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - 
pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos 
de idade. (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de 
4/4/2013) (BRASIL, 1996). 
Nesses termos, a Lei garante a possibilidade de um espaço educativo para 
que as famílias deixem seus filhos seguros e sob a responsabilidade do Estado. 
O Artigo 31 da LDB no 9394/96 trata da organização da educação infantil, como a 
avaliação por meio de registros de desenvolvimento das crianças; sobre a carga 
Esse processo de 
reconhecimento 
do direito teve sua 
grande conquista na 
Constituição Federal 
de 1988, a primeira 
da história nacional 
a definir a educação 
infantil como direito 
das famílias e das 
crianças (CAMPOS; 
BARBOSA, 2017, p. 
355). 
A Novidade que 
a LDB traz nesse 
capitulo é a inclusão 
da educação infantil 
como parte da 
educação básica, 
constituindo a 
primeira etapa 
e presa pelo 
desenvolvimento 
integral da criança, 
um avanço 
significativo em 
relação a todo 
o percurso da 
Educação Infantil no 
Brasil. 
27
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Caro pós-graduando, a escritora brasileira Zilma Ramos de 
Oliveira, em seu livro Educação Infantil: fundamentos e métodos, 
faz um apanhado sobre as questões referentes à educação infantil 
no Brasil, com uma contextualização histórica mundial e nacional da 
educação infantil, traz as conquistas, a legislação e os métodos para 
trabalhar com as crianças. Escreve esse livro especialmente para 
formação de educadores, por isso é imprescindível a sua leitura. 
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação infantil: fundamentos 
e métodos. 2. ed. (Coleção Docência em formação). São Paulo: 
Cortez, 2005. 
horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 
200 (duzentos) dias de trabalho educacional e sobre o atendimento em 4 (quatro) 
horas parcial e 7 (sete) horas para a jornada integral; atendimento, controle de 
frequência e expedição de documentos. 
Caro estudante, como você pode perceber, tanto a Constituição Federal 
como a LDB no 9394/96 expressam os direitos de aprendizagem da criança. Para 
transformar esse direito em práticas pedagógicas é necessário um currículo que 
possibilite a garantia desses direitos. Sendo assim, inicia-se um novo processo de 
elaboração de referências e diretrizes curriculares para a Educação 
Infantil, os quais veremos mais adiante. 
O Plano Nacional de Educação – PNE 2014-2024 não trata 
especificamente de currículo, no entanto, preza pelas matrículas 
nessa etapa de ensino, a meta 1 fala em universalizar a Educação 
Infantil e para atingir a essa meta traz duas estratégias: estimular 
as instituições de pesquisas e Pós-Graduação para elaboração de 
currículos e estimular o acesso à Educação Infantil em tempo integral.
PNE - Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na 
pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de 
idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de 
forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das 
crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE.
Atingir essa meta significa dobrar o número de matrículas em creches e 
pré-escola, o que implica abertura de novas vagas e consequentemente novas 
Estimular as 
instituições de 
pesquisas e 
Pós-Graduação 
para elaboraçãode currículos e 
estimular o acesso 
à Educação Infantil 
em tempo integral.
28
 Bncc e o Currículo Escolar
construções de Jardins de Infâncias e creches em geral. E como 
realizar isso? Se o Brasil congelou por 20 anos os investimentos 
no setor público pela PEC – Projeto de Emenda Constitucional nº 
241, renomeada pelo Senado Federal com o nº 55/2016. Segundo 
Amaral (2016, p. 654): 
Esses 20 anos, que se estenderão até 2036, abrangerão o 
período do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela 
Lei 13.005, de 25 de junho de 2014, o PNE (2014-2024), e 
também o período do próximo PNE, que deverá ser o de 2025 
a 2035. 
Para o autor, essa Emenda à Constituição significa a morte 
do PNE, pois pensa ser difícil o MEC vencer as disputas por mais recursos 
financeiros no contexto dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo.
Para Campos (2018, p. 163), “[...] Das crianças entre zero e três anos de 
idade, a frequência à creche, embora tenha crescido significativamente no país, 
ainda se encontra longe da meta de 50% estabelecida pelo PNE 2014/2024, que 
repetiu a mesma meta adotada no PNE anterior”.
E como realizar 
isso? Se o 
Brasil congelou 
por 20 anos os 
investimentos no 
setor público pela 
PEC – Projeto 
de Emenda 
Constitucional nº 
241, renomeada 
pelo Senado Federal 
com o nº 55/2016.
Caro, pós-graduando, o site a seguir nos fornece vários tipos de 
informações e estatísticas sobre a educação. Portanto, acesse-o e 
descubra, por exemplo, se o PNE conseguiu atingir os objetivos da 
meta 1 no ano de 2016:
<http://inep.gov.br/artigo2/-/asset_publisher/GngVoM7TApe5/
content/censo-escolar-2016-reforca-desafios-para-universalizacao-
da-educacao-no-brasil/21206?inheritRedirect=false>. 
Algo que chama atenção no PNE 2014/2024 é a estratégia de número 9 da 
meta 1, o que o PNE pretende fazer com essa estratégia? Que as instituições e 
os grupos citados garantam a elaboração de currículos? Se estiver se referindo à 
BNCC, houve participação de várias instituições de ensino, como as universidades 
e professores em geral na elaboração. Porém, se essa articulação estiver ligada 
ao apoio financeiro para publicação ou realização de pesquisas, o PNE não deixa 
claro como será esse estímulo. 
29
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Que tal, antes de prosseguirmos, relembrarmos alguns pontos 
importantes sobre a educação infantil? Então vamos lá!
1 Procure em um dicionário da Língua Portuguesa o significado 
de “subjetivo” para interpretar o que diz a Constituição Federal 
sobre o ensino público no Brasil. “O acesso ao ensino obrigatório 
e gratuito é direito público subjetivo”. 
2 Qual é a sua concepção de infância? O que você entende por 
essa etapa do desenvolvimento da criança? 
3 Faça uma interpretação dos três artigos da LDB que tratam sobre 
a educação infantil:
Estratégia número 9 da meta 1 do PNE. Estimular a articulação 
entre pós-graduação, núcleos de pesquisa e cursos de 
formação para profissionais da educação, de modo a garantir 
a elaboração de currículos e propostas pedagógicas que 
incorporem os avanços de pesquisas ligadas ao processo de 
ensino-aprendizagem e às teorias educacionais no atendimento 
da população de 0 (zero) a 5 (cinco) anos (BRASIL, 2014).
Essa estratégia de número 9, da meta 1 do PNE, transfere a responsabilidade 
para as Instituições de ensino, aos cursos de formação, aos grupos de pesquisa a 
elaboração de um currículo que atenda à população de zero a cinco anos, porém, 
não esclarece se esse currículo será nacional, local ou institucional. 
Estratégia número 17 da meta 1 do PNE. Estimular o acesso à 
educação infantil em tempo integral, para todas as crianças de 
0 (zero) a 5 (cinco) anos, conforme estabelecido nas Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 
2014). (grifo nosso) 
Como já citado, com o frágil investimento em educação após a PEC 55/2016, 
se torna mais difícil para o Brasil atingir as metas propostas no PNE. Embora 
a estratégia seja “estimular”, como estimular sem investimento, sem condições 
efetivas para o acesso ao ensino?
30
 Bncc e o Currículo Escolar
Conviver: com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes 
grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento 
de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre 
as pessoas.
Brincar: cotidianamente de diversas formas, em diferentes 
espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), 
ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus 
conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências 
emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e 
relacionais. 
Participar: ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do 
planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo 
educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais 
como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, 
desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, 
decidindo e se posicionando.
Explorar: movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, 
palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, 
objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando 
seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades – as 
artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
Expressar: como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas 
necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, 
descobertas, opiniões, questionamentos por meio de diferentes 
linguagens.
Após visitarmos um pouco da história da Educação Infantil no Brasil, 
principalmente com as indicações de leituras (livros e site), podemos perceber 
que as lutas encampadas no decorrer dessa história aconteceram para além de 
aprendizagens, primeiramente em busca de direitos de cuidados, de amparo, 
posteriormente pelo direito a um espaço infantil e principalmente pelo direito de 
ser criança. 
Com isso chegamos aos seis direitos de aprendizagens e é a partir deles 
que a BNCC sugere a elaboração dos currículos para esta etapa da educação no 
Brasil.
Chamamos atenção para a leitura e reflexão desses seis direitos 
de aprendizagem para a educação infantil: 
31
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Conhecer-se: e construir sua identidade pessoal, social e cultural, 
constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de 
pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, 
brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em 
seu contexto familiar e comunitário (BRASIL, 2017b).
Caro estudante, os direitos de aprendizagens da educação infantil são 
como seta para que as escolas construam a partir deles o fazer pedagógico, por 
isso é de suma importância que sejam refletidos, estudados e problematizados 
coletivamente no ambiente escolar. Na sequência deste texto você acompanhará 
o processo histórico de elaboração do currículo para educação infantil após a LDB 
no 9394/96 e com as novidades da Base Nacional Comum Curricular.
Para prosseguir bem firme nessa discussão, solicitamos que 
você pare um instante e faça a leitura do artigo BNC e educação 
infantil: quais as possibilidades? De Rosânia Campos e Maria 
Carmen Silveira Barbosa. Disponível em: <http://retratosdaescola.
emnuvens.com.br/rde/article/view/585/659>. Acesso em: 11 nov. 
2018.
4 CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO 
INFANTIL DE ACORDO COM A BNCC
 
Caro pós-graduando, como você define currículo? O que compõe um 
currículo escolar? Você já participou de alguma discussão sobre currículo? Essas 
perguntas servem para nos orientar em nossa prática diária, sendo o currículo 
toda a ação realizada no ambiente escolar, expresso tambémnos ritos e nos atos, 
como transformar em escrita pedagógica? As discussões e grupos de estudos 
entre os pares é uma forma perfeita de construção de conhecimento e elaboração 
de um currículo. Segundo Miguel Arroyo (2008, p. 18),
[...] o currículo é o polo estruturante de nosso trabalho. As formas 
em que trabalhamos, a autonomia ou a falta de autonomia, as 
cargas horárias, o isolamento em que trabalhamos...dependem 
ou estão estreitamente condicionados às lógicas em que 
se estruturam os conhecimentos, os conteúdos, matérias e 
disciplinas nos currículos.
32
 Bncc e o Currículo Escolar
Para o autor, o currículo está intimamente ligado à cultura escolar, sua 
organização dos tempos e espaços de trabalho e sobretudo na identidade 
profissional de cada professor.
O processo de elaboração de currículo para a Educação Infantil 
no Brasil teve início com a integração das creches e pré-escolas nos 
sistemas de ensino com a LDB no 9394/96. A partir dessa exigência, 
ampliou-se o debate sobre como e o que seria uma proposta de 
currículo para essa etapa de ensino.
A busca dessa proposta partiu da consideração de que todos 
os ambientes educacionais são culturalmente construídos, 
moldados por gerações de atividade e criatividade humanas 
e mediados por complexos sistemas de crenças ligadas aos 
objetivos e prioridades para a aprendizagens (OLIVEIRA, 
2005, p. 168).
Nessa perspectiva, cabe nos perguntar, como elaborar uma 
boa proposta pedagógica em contextos tão desiguais e de múltiplas 
culturas? Sabemos que isso implica na formação dos professores, na 
integralização de seus saberes acadêmicos e de suas experiências 
vividas e de sua visão de mundo, tudo isso interligado com o 
currículo. Em contexto brasileiro não é tarefa fácil, pela extensão 
cultural e pela cultura de ensino historicamente construída nessa 
etapa de ensino em nosso país.
Construir uma proposta pedagógica implica a opção por 
uma organização curricular que seja um elemento mediador 
fundamental da relação entre a realidade cotidiana da criança 
– as concepções, os valores e os desejos, as necessidades e 
os conflitos vividos em seu meio próximo – e a realidade social 
mais ampla, com outros conceitos, valores e visões de mundo 
(OLIVEIRA, 2005, p. 169).
O currículo não deve ser considerado como uma “camisa de 
força”, engessado, mas levar sempre em consideração o contexto 
histórico, a realidade escolar e as concepções daqueles que 
estão envolvidos no processo, os professores, a escola, os pais, a 
comunidade e funcionários. A partir da escuta dialogada, portanto, 
uma construção coletiva.
O processo de 
elaboração de 
currículo para a 
Educação Infantil 
no Brasil teve início 
com a integração 
das creches e 
pré-escolas nos 
sistemas de ensino 
com a LDB no 
9394/96. A partir 
dessa exigência, 
ampliou-se o debate 
sobre como e o que 
seria uma proposta 
de currículo para 
essa etapa de 
ensino.
O currículo 
não deve ser 
considerado como 
uma “camisa de 
força”, engessado, 
mas levar sempre 
em consideração o 
contexto histórico, 
a realidade escolar 
e as concepções 
daqueles que 
estão envolvidos 
no processo, os 
professores, a 
escola, os pais, 
a comunidade e 
funcionários. A partir 
da escuta dialogada, 
portanto, uma 
construção coletiva.
33
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Este pequeno texto complementar retirado do livro O aluno como 
invenção (p. 95), do escritor catedrático de Didática e Organização 
Escolar da Universidade de Valência, José Gimeno Sacristan, nos 
ajuda a compreender que a partir do contexto econômico podemos 
identificar a existência de muitos tipos de infância e de muitas formas 
de vivê-la. 
A INFÂNCIA INVISÍVEL NO PARAÍSO DAS CRIANÇAS VISÍVEIS
Uma criança que pede esmola ao lado de uma mãe prostrada no 
chão, o olhar perdido de um menor faminto, um bebê grudado no 
seio esquálido que o amamenta, um pequeno que (mochila repleta 
às costas) desce do automóvel paterno à porta de uma bonita escola, 
um menor que cuida do gado na zona rural, uma menina muçulmana 
que deve sair à rua escondendo seu rosto por um véu, um menor 
europeu que cumpre 10 anos de escolaridade obrigatória e um 
menino de rua na favela do Rio de Janeiro são seres que têm muito 
pouco em comum; talvez somente o direito teórico de compartilhar 
alguns graus mínimos de dignidade, aspiração que elaboramos 
culturalmente como desejável e que não é realidade para muitos. 
A vida presente e futura dessas crianças tão diferentes, suas 
experiências, sua percepção e valorização do mundo têm pouco em 
comum. Pensar em categorias de seres humanos de forma abstrata 
– como é o caso da infância, ou como é a de aluno –, como se todos 
tivessem um mesmo tipo de vida e desenvolvimento, é uma ficção 
intelectual e uma irresponsabilidade moral. 
Foi a partir dessa concepção que em 1998 o Ministério da Educação 
organizou juntamente com professores e especialistas da área o Referencial 
Curricular Nacional para a educação infantil (RCNEI), com o objetivo de atender a 
LDB 9394/96. Esse documento de orientação representou um grande avanço para 
o momento, por ser o primeiro referencial para esta etapa de ensino. Integrante 
dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o Referencial Curricular Nacional para 
a Educação Infantil elenca os objetivos, os conteúdos e orientações didáticas 
pedagógicas. 
34
 Bncc e o Currículo Escolar
Esse referencial se concretizou baseado em dois âmbitos de 
experiências: formação pessoal e social e conhecimento de mundo, 
desdobrando-se em eixos de trabalho, como identidade e autonomia, 
movimento, artes visuais, música, linguagem oral e escrita, natureza 
e sociedade, e matemática. A partir desses eixos foram organizados 
os fazeres pedagógicos escolares na Educação Infantil. A figura a 
seguir mostra claramente a organização dos referenciais curriculares 
para a Educação Infantil.
Esse referencial se 
concretizou baseado 
em dois âmbitos 
de experiências: 
formação 
pessoal e social 
e conhecimento 
de mundo, 
desdobrando-se em 
eixos de trabalho, 
como identidade 
e autonomia, 
movimento, artes 
visuais, música, 
linguagem oral e 
escrita, natureza 
e sociedade, e 
matemática. 
FIGURA 3 – REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
35
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
FONTE: A autora, adaptado de BRASIL (RCNEI/MEC, 2001).
Caro estudante, pare e pense: Você conhece as RCNEI? 
O que você acha dessa orientação curricular proposta para a 
Educação Infantil?
No ano de 1999 foi aprovada a Resolução CEB nº 1, que instituiu a as 
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil com os seguintes 
fundamentos norteadores: 
a) Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da 
Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum; b) Princípios 
Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da 
Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática; c) Princípios 
Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da 
Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais (BRASIL, 
1999). 
Essas diretrizes orientaram o currículo da Educação Infantil, por cerca de 10 
anos, sendo substituída pela Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, que 
fixa as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, substitui 
36
 Bncc e o Currículo Escolar
a Resolução nº 1 de 1999. 
Os princípios fundamentais nas Diretrizes anteriormente 
estabelecidas (Resolução CNE/CEB nº 1/99 e Parecer CNE/
CEB nº 22/98) continuam atuais e estarão presentes nestas 
diretrizes com a explicitação de alguns pontos que mais 
recentemente têm se destacado nas discussões da área.São 
eles: Princípios éticos; Princípios políticos; Princípios estéticos 
(BRASIL, 2013a, p. 87-88).
Essa Resolução esclarece as características da Educação Infantil como 
instituição de ensino e não mais como assistência social. Além de preservar os 
princípios norteadores da Resolução CEB nº 1, de 7 de abril de 1999, traz no 
Art. 4º que as propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar 
que a criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos 
que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia e constrói sua 
identidade (BRASIL, 2009b). 
Art. 8º A proposta pedagógica das instituições de Educação 
Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso 
a processos de apropriação, renovação e articulação de 
conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, 
assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à 
confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência 
e à interação com outras crianças (BRASIL, 2009b).
Dito em outras palavras, as Diretrizes Curriculares Nacionais 
para a Educação Infantil (DCNEI), de 2009, colocam a criança como 
foco, afirmam a importância do acesso ao conhecimento cientifico 
e cultural, eixos estruturantes nas interações e brincadeiras que 
serviram como uma fundamentação teórica para a Base Nacional 
Comum Curricular. 
“Outro ponto a ser observado é o marco conceitual da relação 
entre o cuidar e o educar das DCNEI, algo que a Base valida e 
reforça” (TREVISAN, 2017, p. 16). 
“Outro ponto a 
ser observado é o 
marco conceitual 
da relação entre o 
cuidar e o educar 
das DCNEI, 
algo que a Base 
valida e reforça” 
(TREVISAN, 2017, 
p. 16).
Caro pós-graduando, vamos pensar um pouco. As DCNEI são 
consideradas como um avanço significativo para o currículo da 
Educação Infantil. Em sua opinião, é necessária uma BNCC? Haja 
vista que as DCNEI contemplam todas as exigências de ensino e 
aprendizagem para essa etapa de ensino?
37
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Por último, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) institui e orienta a 
implantação de um planejamento curricular ao longo de todas as etapas da Educação 
Básica. A educação infantil está organizada de acordo com a BNCC em três grupos: 
Bebês (de 0 a 1 ano e 6 meses); Crianças menores (de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 
11 meses); Crianças maiores (de 4 anos a 5 anos e 11 meses). A BNCC dialoga com 
a DCNEI, porém traz um detalhamento maior ao elencar os campos e os objetivos de 
aprendizagem. 
Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens e o 
desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes 
as interações e a brincadeira, assegurando-lhes os direitos de 
conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-
se, a organização curricular da Educação Infantil na BNCC está 
estruturada em cinco campos de experiências, no âmbito dos quais 
são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento 
(BRASIL, 2017b).
Os campos de experiências listados pela BNCC buscam integrar as experiências 
cotidianas das crianças, bem como seus saberes aos conhecimentos que fazem 
parte do patrimônio cultural. Baseados no que dispõem as DCNEI, os campos de 
experiências preservam os saberes e conhecimentos fundamentais a ser propiciados 
às crianças.
Caro estudante, importante você estudar os campos de 
experiência propostos pela BNCC para a Educação Infantil, pois são 
eles que definem como deve ser o currículo a ser trabalhado nas 
escolas de todo o país. 
QUADRO 2 – CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS EDUCAÇÃO INFANTIL – BNCC
O eu, o outro e o nós
Definição: É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo 
um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos 
de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras 
experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem per-
cepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultanea-
mente, identificando-se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que partici-
pam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia 
e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio.
38
 Bncc e o Currículo Escolar
Como a escola deve proceder: Por sua vez, na Educação Infantil, é preciso criar opor-
tunidades para que as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, 
outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do 
grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o 
modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e 
reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos.
Corpo, gestos e movimentos
Definição: Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou in-
tencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, 
o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-se, brincam 
e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, 
tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferen-
tes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas 
se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As 
crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus 
gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, 
ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua 
integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois 
ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para 
a emancipação e a liberdade, e não para a submissão.
Como a escola deve proceder: A instituição escolar precisa promover oportunidades 
ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na intera-
ção com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, 
olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso 
do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, 
caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, 
dar cambalhotas, alongar-se etc.).
Traços, sons, cores e formas
Definição: Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, lo-
cais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de 
experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como 
as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografa etc.), a música, o teatro, a dan-
ça e o audiovisual, entre outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por 
várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a 
autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, 
canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tec-
nológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças 
desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da 
realidade que as cerca.
Como a escola deve proceder: Portanto, a Educação Infantil precisa promover a parti-
cipação das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação 
artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da 
expressão pessoal das crianças, permitindo que se apropriem e reconfigurem, perma-
nentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertóriose 
interpretar suas experiências e vivências artísticas.
39
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Escuta, fala, pensamento e imaginação
Definição: Desde o nascimento, as crianças participam de situações comunicativas 
cotidianas com as pessoas com as quais interagem. As primeiras formas de interação do 
bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro e 
outros recursos vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro. Progressiva-
mente, as crianças vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais recursos de 
expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna – que se torna, pouco a 
pouco, seu veículo privilegiado de interação.
Como a escola deve proceder: Na Educação Infantil, é importante promover experi-
ências nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua participação na 
cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em conversas, nas descrições, 
nas narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com as múlti-
plas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencen-
te a um grupo social. 
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
Definição: As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, 
em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito peque-
nas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia 
e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo 
físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os tipos de materiais e as possibi-
lidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e 
sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; 
quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas 
experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, 
com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, 
dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, 
reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais 
cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. 
Como a escola deve proceder: Portanto, a Educação Infantil precisa promover expe-
riências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar 
e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar 
respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando 
oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e 
sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.
FONTE: A autora, adaptado de Brasil (2017b). 
Caro pós-graduando, no decorrer da história do currículo brasileiro para a 
Educação Infantil, antes da BNCC, tivemos as RCNEIs e as DCNEIs, documentos 
considerados importantes pelos professores da área e pelos pesquisadores 
sobre currículo da Educação Infantil. Sua materialização em sala de aula muito 
contribuiu com os educadores de educação infantil, despertando debates, estudos 
e reflexões. Espera-se que os mesmos estudos, debates e reflexões ocorram na 
unidade escolar com o currículo da BNCC, sendo a escola o principal campo de 
implementação. 
40
 Bncc e o Currículo Escolar
Por considerarmos documentos importantes, trazemos as concepções de 
currículo e outros elementos presentes em cada um dos documentos citados.
QUADRO 3 – CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO
RCNEI DCNEI BNCC
Objetivos gerais:
• Desenvolver imagem posi-
tiva
• Descobrir-se, conhecer-se.
• Estabelecer vínculos afeti-
vos.
• Ampliar as relações sociais.
• Observar e explorar os am-
bientes.
• Brincar.
• Linguagem corporal, 
musical, plástica, oral e es-
crita.
• Conhecer as manifesta-
ções culturais.
Objetivos gerais: 
• Garantir à criança acesso 
a processos de apropriação, 
renovação e articulação de 
conhecimentos e aprendiza-
gens de diferentes linguagens.
• Garantir assim como 
o direito à proteção, à 
saúde, à liberdade, à confian-
ça, ao respeito, à dignidade, à 
brincadeira, à convivência e à 
interação com outras crianças.
 Currículo: 
• Conjunto sistematizado de 
práticas culturais no qual se 
articulam as experiências 
e saberes das crianças, de 
suas famílias, dos profissio-
nais e de suas comunidades 
de pertencimento e os co-
nhecimentos que fazem parte 
do patrimônio cultural, artísti-
co, científico e tecnológico.
Competências 
gerais:
• Conhecimento 
h is tor icamente 
construído.
• Pensamento 
científico, crítico 
e criativo.
• Senso estético 
e repertório cul-
tural.
• Comunicação.
• Cultura digital.
• Autonomia.
• Empatia, diálo-
go
 e cooperação.
• Autoconheci-
mento
 e autocuidado.
• Argumentação.
• Autogestão.
Baseado nos princípios:
• Respeito à dignidade.
• O direito de brincar.
• Acesso aos bens sociocul-
turais.
• Socialização, participação e 
inserção.
• Atendimento, cuidados e 
desenvolvimento de identi-
dades.
Função sociopolítica e 
pedagógica das Instituições 
de Educação Infantil:
• Prever condições para o tra-
balho coletivo.
• Organização de 
materiais, espaços e tempos 
que assegurem.
Direitos de 
aprendizagem:
• Conviver.
• Brincar.
• Participar.
• Explorar.
• Expressar.
• Conhecer-se.
41
A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1 
Formação pessoal e social: 
• Identidade. 
• Autonomia.
Concepção de criança:
• A criança, centro do planeja-
mento curricular.
• Sujeito histórico e de direi-
tos.
• Brincar dá à criança oportu-
nidade para imitar o conhecido 
e construir o novo.
Campos de 
experiências:
• O eu, o outro e 
o nós.
• Corpo, gestos 
e movimentos.
• Traços, sons, 
cores e formas.
• Escuta, fala, 
pensamento e 
imaginação.
• Espaço, tem-
pos, quantidades, 
relações e trans-
formações.
Conhecimento de Mundo:
• Movimento.
• Música.
• Artes Visuais.
• Linguagem oral e escrita.
• Natureza e sociedade.
• Matemática.
Proposta pedagógica como 
um conjunto de princípios:
• Princípios éticos.
• Princípios políticos.
• Princípios estéticos.
Objetivos de 
aprendizagem 
específicos em 
três etapas:
• Bebês (0 a 1 
ano e 6 meses)
• Crianças bem 
pequenas (1 ano 
e 7 meses a 3 
anos e 11 me-
ses).
• Crianças pe-
quenas (4 anos a 
5 anos e 11 me-
ses)
Trabalho pedagógico:
• Projeto pedagógico.
Avaliação:
• Processual e incidir sobre 
todo o contexto de aprendiza-
gem.
FONTE: A autora, adaptado de Brasil (1998, 2009b, 2017b).
42
 Bncc e o Currículo Escolar
Etapa Campo de 
experiência
Objetivos de 
aprendizagem
Escolha um campo de experiência para cada uma das etapas 
da Educação Infantil e organize em um quadro os objetivos de 
aprendizagem que o professor poderá desenvolver com essas 
crianças, de acordo com as definições da BNCC. 
5 OS OBJETIVOS DE 
APRENDIZAGENS E 
DESENVOLVIMENTO
Os estudos psicológicos realizados nos cursos de Pedagogia 
fornecem bases teóricas que nos possibilita compreender os 
conceitos de aprendizagem e de desenvolvimento da criança, para 
tanto, nos valemos da teoria de alguns psicólogos educacionais. 
Para Vigotsky (2010, p. 98), “a zona de desenvolvimento proximal 
provê psicólogos e educadores de um instrumento através do qual 
se pode entender o curso interno do desenvolvimento”. Para o autor:
[...] a distância entre o nível de desenvolvimento real, que 
se costuma determinar através da solução independente de 
problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado 
através da solução de problemas sob a orientação de um 
adulto ou em colaboração

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