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Supremacia branca: A supremacia branca pode ser definida como a dominação exercida pelas pessoas brancas em varias esferas da vida social. Essa dominação resulta de um sistema que por seu próprio modo de funcionamento atribui vantagens e privilégios políticos, econômicos e afetivos a pessoas brancas. A existência dessa supremacia branca é afirmada por muitas explicações sobre o racismo. O problema de considerar o racismo como obra da supremacia branca ocorre quando se considera esse termo fora de um contexto histórico. Não há uma essência branca impressa na alma dos indivíduos de pele clara que os levaria a arquitetar sistemas de dominação racial. Dizer que o racismo é resultado de uma histórica e fantasmagórica supremacia branca reduz o combate ao racismo a elementos retóricos, ocultando sua determinações econômicas e políticas. Não é uma questão de negação que uma grande característica do racismo é o domínio de um um determinado grupo racial sobre outro, mas a questão está em saber como e em que circunstâncias essa dominação acontece. Existem muitas teorias também sobre a questão da “branquitude” que é definida como uma posição em que sujeitos que ocupam esta posição foram sistematicamente privilegiados no que diz respeito ao acesso a recursos materiais e simbólicos, gerados inicialmente pelo colonialismo e pelo imperialismo, e que se mantém e são preservados na contemporaneidade. A supremacia branca é uma forma de hegemonia, ou seja, uma forma de dominação que é exercida não apenas pelo exercício bruto do poder, pela pura força, mas também pelo estabelecimento de mediações e pela formação de consensos ideológicos. A dominação racial é exercida pelo poder, mas também pelo complexo cultural em que as desigualdades, a violência e a discriminação racial são absorvidas como componentes da vida social como uma rede na qual os sujeitos brancos estão consciente ou inconsequentemente exercendo- o em seu cotidiano por meio de pequenas técnicas que constituem efeitos específicos e locais de desigualdades raciais. Na ideia da psicóloga e escritora Maria Aparecida Bento, o racismo funciona como um tipo de “pacto narcísico” entre brancos em que as condições de privilégio racial não são colocadas em questão. Assim como o privilégio faz de alguém branco, são as desvantagens sociais e as circunstâncias histórico-culturais, e não somente a cor da pele ou o formatos do rosto, que fazem de alguém negro. Características físicas ou práticas culturais são apenas dispositivos materiais de classificação racial. Ser branco é atribuir identidade social racial aos outros e não ter uma. É uma raça que não tem raça. O branco periférico precisa a todo instante reafirmar sua branquitude, pois ela está sempre posta em dúvida. A formação cultural, político institucional e econômica específica de cada país será determinante para que a condição de negro e de branco seja atribuída aos indivíduos. Racismo e meritocracia: Um dos grandes problemas vivenciados em uma sociedade permeada por conflitos e antagonismos de classe, de raça e sexuais é como compatibilizar a desigualdade com parâmetros culturais baseados em ideologias universalistas, cosmopolitas e, portanto, politicamente impessoais, A meritocracia é não apenas economicamente eficaz, mas também um fator de estabilização política. A desigualdade educacional está relacionada com a desigualdade social, reafirmando o imaginário que, em geral, associa a competência e mérito a condições como branquitude, masculinidade e heterossexualidade e cisnormatividade. No brasil, a negação do racismo e a ideologia da democracia racial sustentam-se pelo discurso da democracia. A meritocracia avaliza a desigualdade, a miséria e a violência, pois dificulta a tomada de posições políticas efetivas contra a discriminação racial. No contexto brasileiro, o discurso da meritocracia é altamente racista, uma vez que promove a conformação ideológica dos indivíduos a desigualdade social. Racismo e política: O racismo é principalmente uma relação de poder que se manifesta em circunstâncias históricas. Na perspectiva estrutural, se considerarmos o racismo um processo histórico e político, a implicação é que precisamos analisá-lo sob a óptica da institucionalidade e do poder. A política, devido a características específicas da sociedade contemporânea, passa pelo Estado, ainda que não se restrinja a ele. O movimento pela abolição da escravidão de luta pelos direitos civis e contra a segregação racial são exemplos de um fazer político que, mesmo confrontando às instituições, foi em alguma medida conformado pela dinâmica jurídico-estatal. O racismo não poderia se reproduzir se, ao mesmo tempo, não alimentasse e fosse também alimentado pelas estruturas estatais. O Estado moderno é o Estado racista. O racismo não é um dado acidental, mas um elemento constitutivo dos Estdos Modernos. O Estado tem uma grande influência na formação racial e na exclusão racial. Estado e racismo nas teorias liberais: Nas teorias liberais sobre o Estado há pouco, senão nenhum, espaço para o tratamento da questão racial. O racismo é visto como uma irracionalidade em contraposição à racionalidade do Estado, manifestadas na impessoalidade do poder e na técnica jurídica. Tal visão sobre o Estado se compatibiliza com a concepção individualista sobre o racismo, em que a ética e, em último caso, o direito devem ser o antídoto contra atos racistas. As teorias que analisam o Estado do ponto de vista da ética se restringem a descrever aspectos institucionais ou jurídicos da organização política. Estado, poder e capitalismo: Uma definição de Estado que pode contemplar a questão racial em termos estruturais, para quem o Estado é a “condensação material de uma relação social de força”. A materialidade do Estado enquanto um complexo de relações sociais indissociável do movimento da economia. Mas ainda persiste uma dúvida: por que essa relação material de força tomou a forma de um poder centralizado, impessoal e que é visto como separado da sociedade? É apenas com o desenvolvimento do capitalismo que a política assume a forma de um aparato exterior, relativamente autônomo e centralizado, separado do conjunto das relações sociais, em especial das relações econômicas. Sem liberdade individual, igualdade formal e propriedade não poderia haver contratos, mercado e, portanto, capitalismo. Ração e nação: A ideologia nacionalista é central pra a construção de um discurso em torno da unidade do Estado a partir de um imaginário que remonte a uma origem ou a uma identidade comum. O nacionalismo preenche as enormes fissuras da sociedade capitalista. Representatividade importa:
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