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A FORMAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL SOB NOVA

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Universidade Federal do Tocantins
Ciências Econômicas
Campus Universitário de Palmas
Disciplina: Eco Bras I /2019.2
Profª: Dr ª Yolanda Abreu
Academico: Diana Ferreira Gomes
A FORMAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL SOB NOVA ÓTICA - José Flávio Motta Iraci del Nero da Costa
	Pg.1
	“A historiografia econômica brasileira marcou-se pela elaboração, ainda na primeira metade deste século, de uma interpretação acerca do processo de formação econômica e social do Brasil assentada na ênfase posta na produção para exportação. Assim, em Formação do Brasil Contemporâneo: colônia, publicado em 1942, Caio Prado Júnior explicitava o sentido da colonização, conceito fundamental a embasar a aludida interpretação: "No seu conjunto, e vista no plano mundial e internacional, a colonização dos trópicos toma o aspecto de uma vasta empresa comercial, mais completa que a antiga feitoria, mas sempre com o mesmo caráter que ela, destinada a explorar os recursos naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu. É este o verdadeiro sentido da colonização tropical, de que o Brasil é uma das resultantes; e ele explicará os elementos fundamentais, tanto no econômico como no social, da formação e evolução históricas dos trópicos americanos. { ... } Se vamos à essência da nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada mais que isto. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção a considerações que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras. Tudo se disporá naquele sentido: a estrutura, bem como as atividades do país" (PRADO JÚNIOR, 1981, p. 31-32).”
	Pg.2
	“As críticas ao modelo de Caio Prado Júnior, que marcam o evolver da historiografia a partir de meados dos anos 1960 e, sobretudo, no decênio de 1970, não obstante as discrepâncias, muitas vezes de fundo, que as diferenciam umas das outras, apresentam a característica comum de defenderem a necessidade, para um melhor entendimento do processo de formação econômica e social do Brasil, de se voltar a atenção, essencialmente, para o universo colonial, propugnando-se uma efetiva inflexão "para dentro" da economia brasileira. Compondo as críticas aludidas, destacam-se as interpretações de Antônio Barros de Castro, Ciro Flamarion S. Cardoso e Jacob Gorender.”
	Pg.3
	“ A década de 1970, além dos desenvolvimentos teóricos referidos no item II acima, colocou-se igualmente como marco inicial de produção de um vasto material historiográfico, assentado na integração de fontes primárias de variados tipos. Essa produção - na qual se inserem com destaque os trabalhos realizados no campo da demografia histórica 5 - evidenciou à saciedade a relevância dos processos econômicos que se davam na órbita interna da economia brasileira e, por essa via, corroborou, com farto embasamento empírico, a insuficiência da "visão exportacionista" à la Caio Prado. Mais ainda, essa mesma produção historiográfica, amiúde de caráter monográfico, ao ilustrar, cabal e inequivocamente, a multiplicidade e a complexidade definidoras do universo.”
	Pg.5
	
	“O segundos dos aspectos fundamentais da interpretação de Fragoso que deve ser sopesado diz respeito à radicalização da crítica ao modelo de Caio Prado Júnior mediante a defesa de uma reprodução autônoma da economia brasileira. Há, aqui, que reproduzir o seguinte questionamento, de Ciro Cardoso: "Tendo combatido por muitos anos as posturas que enfatizam unilateralmente as relações metrópole-colônia ou centro-periferia, a extração de excedentes, o capital mercantil (hipostasiado em 'capitalismo comercial') e mais em geral a circulação de mercadorias como locus explicativo privilegiado, só posso me regozijar com esses novos e sólidos argumentos { dos estudos preocupados em evitar o viés exportador-JFM/INC } . Desde que, também neste caso, não se ceda à tentação de mais uma ênfase unilateral. { As análises que incorporam tais argumentos-JFM/INC } não estarão esquecendo exageradamente, empurrando um tanto para fora do horizonte, a dependência colonial e neocolonial - e as determinações e condicionamentos que ela sem qualquer dúvida implicava (ainda que tais análises tenham demonstrado que algumas das determinações imputadas a fatores externos eram falsas) ? Fique como questão a ser pensada esta minha dúvida" (CARDOSO et alii, 1988, p. 58)..”
	Pg.6
	“Nessa perspectiva, a crítica a Caio Prado assume o seguinte teor: a limitação que marca seu modelo "{ ... } deveu-se ao fato de ele haver transposto para o plano fenomênico, sem as necessárias e devidas mediações, elementos próprios do que considerou a essência de nossa formação e da sociedade aqui constituída. Reduzido, assim, o plano do concreto, ao que se poderia entender ser seu determinante em última instância, a elementos de sua pretensa 'essência' - que não se exaure em tais elementos, diga-se com ênfase - , resta-nos uma caricatura de vida econômica e social, desfigurada, rígida, descarnada, apartada da experiência do dia-a-dia, perdem-se a especificidade e as peculiaridades do escravismo moderno { ... } e se fica às voltas com um 'sentido' abstrato, imaterial, que faz com que nos sintamos tão incomodados, tão 'desconfortáveis', quando confrontamos nossa visão daquela sociedade com a que derivamos da leitura dos escritos de Caio Prado Júnior" (COSTA, 1995, p. 26).”

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