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1. INTRODUÇÃO AO MODERNISMO – TERCEIRA FASE
A terceira fase do modernismo também é conhecida como “geração de 45” ou “geração pós-modernismo” começa em 1945. Alguns afirmam que se estende até 1980 outros que só vai até 1960 e outros ainda afirmam que se estende até hoje.Enquanto a primeira geração era radical, contestadora e libertadora a 3 geração era mais formal.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Contexto Histórico
Quando surgiu a terceira geração do modernismo, em 1945, era o fim da Segunda GuerraMundial e também o fim do Estado Novo (1937- 1945) - que foi a ditadura implementada no pais pelo governo de Getúlio Vargas. Apesar da Guerra Fria e da Corrida Armamentista esse é o período politico menos conturbado se comparado as outras gerações.
2.2. Características
Sem mais a preocupação de protestar e criticar a sociedade por causa do fim da Segunda Guerra Mundial e o fim do Estado Novo, os artistas se sentem muito mais livres para fazerem o que quisessem em suas obras. Abandonaram os ideais da Semana de Arte Moderna, portanto, não se obrigavam a aproximar sua obra da realidade brasileira, nem queriam ser obrigados a aproximar a linguagem com a popular. Nessa fase, seus representantes buscavam refletir a psicologia humana – assim como no realismo. As principais características gerais da terceira geração modernista são:
A ficção desenvolve a sondagem interior;
A linha regionalista acrescenta à análise social as preocupações metafísicas e universalistas;
Renova-se a estrutura narrativa, devido à aguda consciência do fazer literário;
Exploram-se as potencialidades da linguagem;
A poesia volta-se para preocupações de caráter formal, busca-se a essência do poético, a linguagem despoja-se, os poetas demonstram aguda consciência estética;
Manifesta-se a tendência ao intelectualismo e ao hermetismo;
Desenvolvimento do teatro e da crítica literária.
2.2.1 Características da Prosa e Ficção
O terceiro período do modernismo é representado principalmente pela prosa, havendo a publicação de vários contos, crônicas e romances. Há também a continuidade de três tendências já ocorridas na segunda fase do modernismo:
Prosa Urbana: A principal caraterística da prosa urbana é sua ambientação nos espaços da cidade, em detrimento do campo e do espaço agrário;
Prosa Regionalista: A prosa regionalista absorve aspectos do campo, da vida agrária, da fala coloquial e regionalista; 
Prosa Intimista: A prosa intimista é determinada pela exploração de temas humanos e, portanto, é mais íntima, psicológica e subjetiva. 
As coordenadas estilísticas que regem a ficção experimental do terceiro tempo modernista afastam-se das técnicas tradicionais do romance. A narrativa referencial, ligada a acontecimentos e em ordem cronológica linear, é totalmente rompida.
Narrativas interiorizadas- fluxo da consciência:as narrativas são centradas em momentos de vivência interior das personagens.
Narrativas confidencias em primeira pessoa: o narrador funciona como uma pessoa que confessa, e o leitor como confidente.
Narrativas que aproxima a prosa da poesia: as narrativas adquirem elementos típicos de poesia tais como o ritmo, a rima, aliterações cortes e deslocamento da sintaxe, vocabulário insólito e neologismos.
2.2.2 Características da Poesia e Concretismo
Ainda que a prosa tenha sido o tipo de texto mais explorado na terceira geração modernista, a poesia é apresentada mediante aspectos de equilíbrio, e por isso, os poetas do momento eram chamados de “Neoparnasianos”,buscando uma poesia mais “equilibrada e séria” e tendo como modelos os Parnasianos e Simbolistas Preocupa-se novamente com a estética, metrificação, versificação, além da busca da perfeição e do culto à forma.
A partir de 1952 surge a poesia concretista, reação contra a lírica discursiva e frequentemente retórica da geração de 45. Essa nova poesia procura se filiar às experiências mais ousadas das vanguardas dos século XX. Suas características são:
Linguagem sintética, referindo-se ao dinamismo da sociedade industrial;
Valorização da palavra solta (som, forma visual, carga semântica) que se fragmenta e recompões na página;
Espaço gráfico para lhe estruturar, em função de que deverá ser lido/visto;
Utilização de objetos para fazer poesia.
2.3. Principais Autores e Obras
Os três principais autores da terceira fase do Modernismo e suas obras são, na poesia: 
Ferreira Gullar - pseudônimo de José Ribamar Ferreira.Obras: Um Pouco Acima do Chão [1949], A Luta Corporal [1954], Poemas [1958], João Boa-Morte, [cordel, 1962], Quem Matou Aparecida? [cordel, 1962], A luta Corporal e Novos Poemas [1966], entre outras.
João Cabral de Melo Neto – Obras: Pedra do Sono[1942], O Engenheiro[1945], Psicologia da Composição [1947], O Cão sem Plumas [1950],Morte e Vida Severina[1955], entre outras.
Mário Quintana – Mário de Miranda Quintana. Obras: A Rua dos Cataventos[1940], Canções[1946], Sapato Florido[1948], O Aprendiz de Feiticeiro[1950], Espelho Mágico[1951], entre outras.
Os quatro principais autores da terceira fase modernista no Brasil e suas obras são, na prosa: 
Clarice Lispector – Obras: Perto do Coração Selvagem[1944]; O Lustre[1946]; A Cidade Sitiada[1949];Alguns Contos[1952]; Laços de Família[1960]; A Legião Estrangeira[1964], entre outras. 
Guimarães Rosa - João Guimarães Rosa. Obras: Sagarana[1946], Corpo de Baile, depois desdobrado em Manuelzão e Miguilim[1956], Noites do Sertão[1956], Grande Sertão: Veredas[1956], entre outras. 
Rubem Braga – Obras:  O Morro do Isolamento[1944], Ai de Ti Copacabana [1960], A Traição das Elegantes[1967], Crônicas do Espírito Santo[1984], entre outras.
Rubem Fonseca – José Rubem Fonseca. Obras: Os prisioneiros[1963],A coleira do cão [1965], Lúcia McCartney [contos, 1967], O caso Morel[1973], Feliz Ano Novo [1975], O homem de fevereiro ou março[1973], entre outras.
2.4. Guimarães Rosa e Clarice Lispector
Apesar do destaque de cada um dos autores ser equivalente, as obras de Guimarães Rosa e Clarice Lispector têm muitas diferenças. O foco e especialidade de Guimarães é a regionalidade, o sertanejo, a vida rural no Nordeste. Já as obras de Clarice trabalham bem mais o intimismo, a psicologia, a conversa da personagem consigo mesma por meio de pensamentos – características do movimento Modernista, mas destacando-se as obras de Clarice. Outro contraste entre ambas as obras é: Guimarães traz suspense em suas obras, enquanto Lispector aborda a vida cotidiana, produzindo suas obras sobre os mínimos detalhes de um “dia normal”.Ao ler duas obras famosas, uma de cada autor (A terceira margem, de Guimarães Rosa, e a Mal-estar de um anjo, de Clarice Lispector), podemos notar também semelhanças. O narrador está em primeira pessoa, e dessa forma, o olhar sobre outra personagem é feito sob a ótica dele, que não apenas nos conta como aconteceu cada uma das situações, mas também nos revela o pensamento de cada um deles. Ambos são considerados instrumentalistas, por usar as palavras e a preocupação com a perfeição da linguagem, mesmo em prosa, como instrumentos para produzir suas obras. 
2.5. João Cabral de Melo Neto
A poesia de 45, representada na obra de João Cabral de Melo Neto, edifica-se como a arte da palavra. O poeta apresenta-nos uma poesia de busca pela palavra exata, em um exercício de lapidação da palavra e do próprio poema. É uma poesia com a objetividade de uma pedra. EmA Educação pela Pedra, metonímia à produção de João Cabral, observamos a objetividade e crueza da palavra, em meio à aridez da existência retratada. Temos aí duas preocupações exemplares do poeta: a metalinguagem e a denúncia social.
Em certa medida, podemos dizer que João Cabral buscou fazer na poesia o que Graciliano fizera na prosa, radicalizando a experiência desse, numa linguagem que se pretende tão objetiva que, comumente, abre mão da adjetivação em seus textos, mesmo quando essa seria esperável.

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