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O CONCEITO DE PÓLO DE CRESCIMENTO - François Perroux

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O CONCEITO DE PÓLO DE CRESCIMENTO – FRANÇOIS PERROUX
G. Cassel – modelo de uma economia em crescimento equilibrado, em que não se modificam as proporções entre os fluxos. – A produção cresce a mesma proporção que a população. Assim o fluxo de bens produção e o de consumo permanece constante; “A economia de um período é a réplica exata do período antecedente. As quantidades são apenas multiplicadas por um dado coeficiente. ”
J. Schumpeter – circuito ampliado, diferentemente do circuito estacionário, a população, a produção e o capital aumentam de período a período, exatamente nas mesmas proporções, e em que os produtos, os serviços e a moeda descrevem os mesmos percursos, e os fluxos aumentam sem modificações de estrutura e sem flutuações.
Um dos aspectos das mudanças estruturais consiste no aparecimento e desaparecimento de indústrias, na proporção variável das diversas indústrias no fluxo do produto industrial global, ao longo de períodos sucessivos e nas taxas de crescimento diferentes para as diferentes indústrias, ao longo de um mesmo período ou períodos sucessivos.
Uma manifestação das mudanças estruturais de uma economia nacional é a difusão do crescimento de uma indústria (ou um grupo delas). O aparecimento de uma nova indústria e o crescimento de uma já existente resultam inicialmente, dos preços, dos fluxos e das expectativas.
Crescimento não aparece simultaneamente em toda parte. Manifesta-se em pontos ou polos de crescimento, com intensidade variável e expande-se por diversos canais e com efeitos finais variáveis sobre toda economia.
1 INDÚSTRIA MOTRIZ E CRESCIMENTO
Nos processos observáveis de crescimento, certas indústrias despertam nossa atenção. Elas se desenvolvem sob a forma da grande indústria moderna: separação dos fatores da produção, concentração dos capitais sob um mesmo poder, decomposição técnica das tarefas e mecanização. Apresentam taxa de crescimento do seu próprio produto mais elevadas que a taxa média de crescimento do produto industrial e da economia nacional.
O ritmo do crescimento: inicia acelerada durante uma sequência de períodos, alcança um limite, e sofre um declínio relativo (KUZNETS, 1930). Aos progressos técnicos que tais indústrias experimentam na sua fase inicial seguem por algum tempo, menores. A procura do produto torna-se menos elástica. A especulação, se fora acentuada na fase de lançamento, diminuirá.
Observando tais indústrias que oferecem estas características, são formuladas duas perguntas:
É possível elaborar analiticamente a ação exercida por uma indústria motriz sobre outra indústria?
Como se exerce a ação da indústria motriz sobre o produto global da economia?
Respondendo ao 1º item:
No equilíbrio geral da concorrência perfeita, a maximização do produto global no ponto ótimo é consequência da maximização dos lucros de cada firma individual, sendo esses lucros função de suas vendas e de suas compras no mercado de fatores. Portanto, cada firma maximiza seu próprio lucro por decisões próprias, levando em consideração o preço, que as une em uma interdependência devido à existência de um único preço.
Bem diferente é a situação em que os lucros de uma firma são função não apenas de suas vendas e de suas compras no mercado de fatores, mas também das vendas e das compras de fatores e uma outra firma 
Nesta situação já não existe um preço único. As firmas estão ligadas entre si pela venda de bens e serviços e pelas compras no mercado de fatores e, uma vez que estes elementos dependem da técnica e de suas mudanças, estão, também, por ela ligadas.
Estabelecendo uma comparação entre a firma e a indústria, o que foi apresentado a respeito das inter-relações entre firmas pode-se estender às inter-relações entre indústrias.
Os lucros em lugar de serem formados através de decisões de cada firma, no tocante às suas compras e vendas de bens e serviços, são induzidos pelas compras e vendas de bens e serviços da outra firma. Então, a ação motriz não mais decorre da procura da aquisição dos lucros por cada firma individual ligadas às outras pelo preço único, mas sim, dos lucros das firmas individuais, uma vez que cada uma arca com as consequências do nível de vendas, de compra de serviços e da técnica adotada pelas outras.
Duas consequências importantes para a compreensão do crescimento: 
Mostra como se pode fazer a expansão (a curto prazo) e o crescimento (a longo prazo) de grandes conjuntos de firmas
Põe em evidência, também a diferença entre o investimento, cujo volume e natureza são decididos segundo a rentabilidade obtida pela única firma que investe, e o investimento, cujo volume e natureza são ou seriam decididos tendo em conta os lucros e outras vantagens induzidas.
Respondendo ao 2º item:
O projeto dependerá da amplitude de seu horizonte econômico e, se consubstancia em um plano ou mais exatamente, em planos alternativos e suscetíveis de correções, no decurso de períodos sucessivos. Uma vez que esses planos sejam compatíveis com planos de outros agentes, em um mesmo conjunto, a expectativa torna-se criativa.
Se todos os fatores empregados forem ociosos e se a criação não acarretar prejuízos para nenhum outro setor, o produto da indústria irá representar aumento líquido do produto global da economia, gerado na fase antecedente.
Se uma fração dos fatores empregados for retirada dos circuitos antecedentes, com perda de produtividade em alguns de seus setores, o aumento líquido do produto global vem a ser a soma algébrica de ganhos e perdas de produtividade. 
Uma vez que a indústria nova esteja incorporada à economia, sua ação sobre o produto global, de período a período, pode ser observada analiticamente, distinguindo-se:
Sua participação própria no produto global (a dimensão do seu produto no produto global);
O suplemento de produto que induz em seu ambiente;
Com uma indústria nova não aparece isoladamente e seu crescimento é galopante, o aumento do produto global depende: a) dos níveis de produtos adicionais próprios das indústrias novas tomadas em conjunto e b) dos níveis dos produtos adicionais induzidos das indústrias novas tomadas em conjunto.
É dito que o aparecimento de uma ou várias indústrias modifica a “atmosfera” de uma época, cria um “clima favorável” ao crescimento e ao progresso.
A inovação introduz variáveis diferentes e/ou suplementares e possui efeito “desestabilizante”. Sendo a inovação bem-sucedida, constitui exemplo para outros e suscita imitações, que são elas próprias criativas.
Portanto, sendo a inovação feliz, ao suscitar um acréscimo de desigualdades entre agentes, conscientes uns e outros de suas atividades e dos resultados dessas atividades, intensifica a vontade destes, de ganho e de poderio relativos.
As inovações que ocorrem no funcionamento da economia provocam inovações na estrutura da economia; mais precisamente, mudanças nas características técnicas e econômicas das funções suscitam mudanças nas características jurídicas e políticas das instituições. Face a uma quantidade de inovações, todos os agentes capazes de formular expectativas criativas são estimulados e trazidos a uma interdependência, seja a propósito de uma série determinada de operações, durante um período relativamente curto (a “febre dos canais”, a “febre das ferrovias”, a “febre do ouro”); seja a propósito de um grande número de operações novas (mesmo se a dispersão se seu efeito no conjunto for lenta): tais operações são ( para empregar as operações correntes, embora consideradas imperfeitas) as “revoluções industriais” ou as “revoluções agrícolas”.
Embora acolha a ideia central na qual se opõe a inovação e a rotina, é muito diferente daquela que nos é oferecida por Schumpeter. Este concentra unilateralmente a atenção sobre a função dos empresários privados, mas os poderes públicos e suas iniciativas não podem ser esquecidos, bem como as pequenas inovações de adaptação. Schumpeter parte de um equilíbrio estacionário estável,cujo análogo observável seria fornecido pela contração cíclica em um país de capitalismo desenvolvido ou pela estagnação das economias anteriores ao capitalismo, mas a análise esboçada admite fundamentalmente que não há situação real que exprima o equilíbrio estacionário estável e que este último não é outra coisa senão um instrumento de registrar e classificar as mudanças e as instabilidades de um sistema.
Schumpeter elabora sua teoria para um regime de concorrência perfeita ou quase perfeita, contudo a presente análise integra as formas numerosas da concorrência monopolística no sentido mais amplo dessa palavra
2 COMPLEXO DE INDUSTRIAS E CRESCIMENTO
Ao dizer “complexo de indústrias” desejamos introduzir na análise três elementos:
Indústria chave;
O regime não-concorrencial do complexo;
O fato da aglomeração territorial
1. Considere uma indústria que tenha propriedade de aumentar suas vendas de uma ou de várias indústrias, ao aumentar suas próprias vendas (e suas compras de serviço produtivo). Chamamos por enquanto motriz a primeira indústria e a segunda, indústria movida.
A indústria motriz pode aumentar suas vendas para utilizar plenamente, e do melhor modo, os seus capitais fixos, isto é trabalhar sobre os pontos mais baixos da sua curva de custos. Quando tal indústria (não monopolista) atinge seu ótimo de vendas, mantendo seus preços, pode proceder a novos abatimentos nos preços, os quais induzem novos acréscimos no volume de vendas das indústrias movidas.
O aumento de vendas das indústrias motrizes, pode resultar de uma expectativa dos efeitos gerados sobre as indústrias movidas ou de um estímulo do Estado sob a forma de subvenção, por exemplo.
A indústria-chave aquela que induz a totalidade de um conjunto (matéria-prima, energia, transportes...) por exemplo, de uma economia nacional, um acréscimo global de vendas muito maior que o acréscimo de suas próprias vendas. Quer dizer que não se pode organizar uma lista de indústrias-chaves com suas características exteriores e técnicas.
Toda estrutura de uma economia articulada existe indústrias que constituem pontos privilegiados de aplicação das forças ou dinamismos de crescimento. Quando essas forças provocarem aumento das vendas de uma indústria-chave, provocarão também expansão e crescimento, de grande vulto, no conjunto mais amplo.
2. Frequentemente o regime do complexo industrial, é, por si mesmo, “desestabilizante”, por ser uma combinação de forma oligopólicas. O monopólio parcial pode (e provavelmente o fará) impor um acordo às pequenas firmas satélites ou participar delas, empregando suas reservas acumuladas.
A ação “desestabilizante” de cada um desses regimes (monopólio, duopólio e oligopólio) tomados isoladamente, constitui um surto de crescimento quando, a longo prazo, a firma dominante eleva a produtividade da indústria e realiza uma acumulação de capital eficiente, superior àquela que teria ocorrido no caso de uma indústria submetida a um regime de maior concorrência. Ainda assim, esses regimes industriais não revelam, por si mesmos, a instabilidade de um complexo industrial, no qual as indústrias são fornecedoras e clientes umas das outras.
O conflito ou cooperação dos planos das grandes unidades e de seus grupos coordenados e arbitrados pelo Estado agem sobre preços, vendas de mercadorias e as compras de serviços. É a resultante dessas forças que provoca a expansão e o crescimento dos conjuntos de indústrias movidas.
3. A territorial adiciona suas consequências específicas à natureza da atividade (indústrias-chave) e ao regime não-concorrencial do complexo.
Em um polo industrial complexo, geograficamente aglomerado e em crescimento, registram-se efeitos de intensificação das atividades econômicas, devido à proximidade e aos contatos humanos. A aglomeração industrial urbana suscita tipos de consumidores com padrões de consumo diversificados e progressivos, em comparação com os do meio rural
No âmbito da produção, tipos de produtores (empresários, trabalhadores qualificados quadros industriais) formam-se e mutuamente se influenciam, criam suas tradições e eventualmente participa, do espírito coletivo. 
A esses efeitos de intensificação, adicionam-se os efeitos das disparidades inter-regionais. O polo industrial complexo, aglomerado, modifica seu meio geográfico imediato, e se for poderoso, a estrutura inteira da economia nacional em que estiver situado.
Como centro de acumulação e aglomeração de recursos humanos e de capitais fixos, dá origem a outros centros, e quando estes forem interligados através de transportes e vias intelectuais, verificar-se-ão mudanças de grande alcance nos horizontes econômicos e nos planos de produtores e consumidores.
O crescimento do mercado no espaço, quando provém da comunicação de polos industriais e, mais geralmente, de polos de atividades territorialmente aglomeradas, é precisamente o contrário do crescimento igualmente distribuído: opera-se por concentração de meios em ponto de crescimento do espaço, de onde se irradiam, em seguida, correntes de troca.
3 CRESCIMENTOS DOS POLOS E CRESCIMENTO DAS ECONOMIAS NACIONAIS 
A economia nacional em crescimento nos oferece uma combinação de conjuntos relativamente ativos (indústrias motrizes, polos de indústrias e de atividades geograficamente aglomeradas) de conjuntos relativamente passivos (indústrias movidas, regiões dependentes dos polos). Os primeiros transmitem aos últimos os fenômenos de crescimento.
Na apreciação do poderio econômico comparativo das nações são as mudanças evidentes doravante impostas. Portanto, há duas consequências fundamentais para a análise do crescimento econômico:
Há atualmente um conflito entre os espaços econômicos das grandes unidades econômicas (firmas, indústrias, polos) e os espaços politicamente organizados dos Estados nacionais, pois seu crescimento depende de importações e exportações, de centros de aprovisionamento e de mercados exteriores ao mercado nacional. As grandes unidades econômicas são instrumentos da prosperidade e as armas do poderio do Estado nacional. Portanto uma combinação frequente de poderes privados e de poderes públicos na gestão dessas unidades
Enquanto persistirem as políticas nacionais e nacionalistas em um mundo em que são sobrepujadas pela técnica e pelo desdobramento da vida econômica, subsistirão dissipações, que constituem mesmo na ausência de conflitos violentos, entraves ao crescimento. Cada Estados se esforça em explorar os polos em que dispõe em seu território, em benefício de seus cidadãos. Emprega parte dos recursos limitados humanos, capitais reais e monetários de que dispões para excluis seus concorrentes das vantagens que poderá tirar da posse exclusiva dos polos de crescimento. Daí, então, o combate aos oligopólios quase públicos.

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