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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE FÍSICA CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA JAQUELINE MAY BORSATTO TENDÊNCIAS DE PESQUISA SOBRE HISTÓRIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA CURITIBA 2016 Resumo O trabalho se propõe a classificar e analisar artigos que têm como foco de estudo a história e filosofia da ciência. Para isso, foi realizado um levantamento em oito revistas eletrônicas de acesso livre, das quais foram selecionados noventa e três artigos que expõem resultados de pesquisas realizadas sobre esse objeto de estudo. Os artigos foram classificados segundo as categorias: intervenção em sala; resenha; teoria; revisão bibliográfica; análise; opinião; relato histórico e filosófico; e outros. Nos resultados são apresentadas, em linhas gerais, as conclusões de cada categoria. Para auxiliar na análise dos dados foram construídos gráficos e tabelas, os quais permitiram verificar que a partir de 2000 com a publicação dos PCNs ouve um crescimento moderado nas investigações sobre História e Filosofia da Ciência. Além de aumento nos últimos anos de artigos com aplicação e analise de materiais contendo HFC. Também verificou-se uma a ampla variação dos gráficos, dificultando o estabelecimento de certas conclusões. Palavras-chaves: história e filosofia da ciência, pesquisa bibliográfica, artigos. Introdução e Justificativa A Física é uma ciência que está presente no cotidiano das pessoas. Entretanto, a sua disciplina no Ensino Médio nem sempre se apresenta dessa forma. O que se percebe é a ênfase em modelos matemáticos, memorização de formulas, além de formar a concepção errônea de que o cientista é um gênio, com uma “super. inteligência” muito superior a nós “seres humanos normais”. Dessa forma em sua maioria tem se afastado da realidade dos alunos. Em consequência não são poucos os estudantes que tem certa repulsão pela disciplina. Sobre o ensino de Física no Ensino Médio o Parâmetro Curricular Nacional (BRASIL, 2000) afirma que: Espera-se que o ensino de Física, na escola média, contribua para a formação de uma cultura científica efetiva, que permita ao indivíduo a interpretação dos fatos, fenômenos e processos naturais, situando e dimensionando a interação do ser humano com a natureza como parte da própria natureza em transformação. Para tanto é essencial que o conhecimento físico seja explicitado como um processo histórico, objeto de contínua transformação e associado às outras formas de expressão e produção humana. (p.22) Como observado o PCN sugere uma proposta de ensino diferente da que se tem dado nas salas de aulas. Propõe ainda, que o conhecimento físico deve ser entendido como um processo histórico. Portanto, certifica que a ciência foi construída ao longo dos anos, que a sua cronologia esteve intrinsicamente ligada a fatos ocorridos na história, como por exemplo: a fissão nuclear esteve ligada ao contexto da segunda guerra mundial; Minimizou-se o desenvolvimento cientifico na Idade Média por causa de proibições de novas ideias que contradissessem as doutrinas da Igreja Católica; O contexto da guerra fria impulsionou a corrida espacial; etc. Também, permite desmitificar a imagem dos cientistas, mostrando que eles são indivíduos como qualquer outro e muitos deles fizeram suas grandes descobertas por interesses seculares, como, vantagens financeiras, proveitos políticos, curiosidades, oportunidade de trabalho, entre outras. O documento dos Parâmetros Curriculares Nacionais argumenta ainda que: A Física percebida enquanto construção histórica, como atividade social humana, emerge da cultura e leva à compreensão de que modelos explicativos não são únicos nem finais, tendo se sucedido ao longo dos tempos, como o modelo geocêntrico, substituído pelo heliocêntrico, a teoria do calórico pelo conceito de calor como energia. O surgimento de teorias físicas mantém uma relação complexa com o contexto social em que ocorreram. (BRASIL, 2000, p. 27). Como apresentado pelo trecho do PCN acima, a Ciência de modo geral, não se desenvolveu de modo linear e pontual, mas foi uma evolução de ideias e conceitos construídos ao longo do tempo, repleta de seus altos e baixos, erros e acertos, sendo, portanto uma construção gradual, com modelos e teorias sendo substituídas por outras mais coesas. Além disso, muitas das teorias foram criticadas antes de serem aceitas, principalmente por contradizerem as suposições vigentes da época. Um exemplo disso é a própria teoria atômica, como podemos observar no artigo da Oki (2009). O quesito filosófico dessa abordagem tem por intensão desenvolver uma autonomia intelectual e reflexiva, suprindo assim, a proposta da Lei de Diretrizes e Bases Curriculares (LDB), exposta no Art. 35, em que uma das finalidades do Ensino Médio é ‘’ o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico’’ (1996). Segundo Sequeira e Leite (1998, p. 157), citado no documento das diretrizes do paraná: O ensino das ciências possibilita aos estudantes perceber como as teorias atualmente aceitas se constituíram e, dessa forma, apreciar o significado cultural e a compreender a validação dos princípios e teorias científicas à luz dos tempos em que foram aceitas. Tal ensino permite, também, refletir sobre o passado para compreender o presente e se preparar para o futuro, numa sociedade científica e tecnologicamente avançada como, cada vez mais, é a que estamos vivendo. (PARANÁ, 2008, p.70) Assim como verificamos anteriormente é necessário entendermos o passado para compreendermos e tomarmos partida sobre esses avanços que se desenvolvem na nossa sociedade. Assim é de suma importância que os discentes saibam que ciência não pode ser dada como um produto acabado. Estamos em constante avanço tecnológico e científico, mudanças podem ocorrer. Entretanto essas novas descobertas não surgem do nada, é necessário tomar os conhecimentos anterior como base para a construção dos novos, além de entender como se deu o contexto nos quais se desenvolveram. Dessa forma, o ensino da história e filosofia permite aos alunos essa compreensão do passado com a parte histórica dessa abordagem e desenvolver um pensamento crítico, onde, a partir dos conhecimentos obtidos o aluno poderá assimilar interpretar, analisar e tomar posição acerca da sua realidade e até mesmo produzir novos conhecimentos com a parte filosófica. Para o uso adequado de abordagens envolvendo historia e filosofia da ciência, os professores devem saber como transpor essas histórias no ambiente da sala de aula, aproveitando o máximo destas para o aprendizado, propiciando uma visão critica dos alunos, sem compartilhar ou criar concepções errôneas delas. Por isso, conforme Martins (2007) tem se construído um vasto campo teórico de estudos e pesquisas nessa área. Existe um grande numero de artigos publicados em revistas especializadas da área que, nos eventos e congressos, destina espaços específicos para essa temática. Entretanto Martins (2007) argumenta que as principais dificuldades surgem quando passamos dessa teoria para a prática, no contexto aplicado do ensino e aprendizagem das ciências. A fim de conhecer e melhor delimitar as tendências de pesquisa que se tem produzido em torno desta temática, realizou-se um levantamento de artigos sobre Historia e Filosofia da Ciência em oito revistas eletrônicas de livre acesso.Metodologia Na pesquisa realizada utilizou-se o método de pesquisa bibliográfica, a qual, conforme Fiorentini e Lorenzato (2012) consiste na ‘’[...] revisão sistemática de outras pesquisas, visando realizar uma avaliação crítica delas e/ou produzirem novos resultados ou síntese a partir do confronto desses estudos, transcendendo aqueles anteriormente obtidos. ’’ Tomou-se como marco temporal para busca dos artigos, o ano de 1996 por ser o ano em que a nova lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei número 9394 de 20 de dezembro de 1996) entrou em vigor. As revistas pesquisadas foram as seguintes: Caderno Brasileiro de Ensino de Física; Ciência & Educação; Ciência e Ensino; Ensaio Pesquisa em educação em ciências; Investigações em Ensino de Ciências; Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências; Revista Brasileira de Ensino de Física; Física na Escola. Foi feita uma inspeção nessas revistas, filtrando no título os artigos por meio das seguintes palavras chaves: história, histórico, histórica, filosofia, filosófica e filosófico. Leu-se o resumo de cada artigo selecionado. A partir de então, foram classificados de acordo com o que evidenciavam ou declaravam ser o foco da pesquisa e foram agrupados de acordo com as seguintes categorias: intervenção em sala; resenha; teoria; revisão bibliográfica; análise; opinião; relato histórico e filosófico; e outros Na categoria “intervenções em sala” enquadram-se aqueles relatam experiências pedagógicas de uma abordagem Histórica e Filosofica da Ciência no ensino. A categoria “resenha” compreende resenha de livros de História da ciência. Na categoria “teoria” abrangem artigos que realizam um estudo teórico analisando a competência desta abordagem no ensino e/ou apresentam propostas de como empregar HFC no ensino. A categoria “revisão bibliográfica” traz artigos que analisam trabalhos já publicados. Na categoria “analise” estão aqueles que buscam examinar a qualidade da informações históricas apresentadas determinados materiais didáticos. Já na categoria “opinião” foi agrupados aqueles que procuram investigar as visões de indivíduos acerca do uso de elementos HFC e como tem se usufruído desse recurso. Por sua vez a categoria “relato histórico e filosófico” é composta por artigos que narram fatos históricos da ciência. Resultados Quantitativos O número de publicações nas revistas pesquisadas que tinham como objeto de estudo história e filosofia da ciência resultou em 93 artigos. O gráfico 1 a seguir mostra o número de produções por ano. Figura 1: Número de artigos sobre HFC publicados por ano Percebe-se que houve um crescimento moderado no número de publicações sobre HFC a partir do ano de 2001, que pode ser explicado pela elaboração do PCN em 2000, que como foi relatado na introdução deste trabalho, ampara o uso Historia e Filosofia da Ciência no ensino. Mas fica evidente também, uma ampla variação no gráfico, talvez isso seja pela delimitação da pesquisa, a qual se restringiu em buscas apenas por palavras chaves nos títulos . 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Nº de artigos X ano O gráfico 2 traz o número de artigos cujo objeto de estudo é história e filosofia da ciência e que foram publicados nas revistas consultadas. Figura 2: Número de artigos sobre HFC encontrados em cada revista Observa-se que a revista “ciência e educação” tem a maior quantidade de artigos relacionados à temática pesquisada. Talvez seja pelo fato de não abranger apenas a área de física, mas a de ciências em geral. Incluindo assim artigos de historia e filosofia da biologia, química, entre outros. Já o Gráfico 4 mostra o número de artigos publicados de acordo com as categorias que foram construídas. 18 35 2 4 4 8 19 5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Número de Artigo X Revista Série1 Figura 3: Número de artigos publicados por categoria A Tabela 1 traz o número de artigos publicados por categoria desde o ano de 1996, marco temporal inicial da pesquisa. Ano Intervenção em sala Resenha Revisão bibliográfica Teoria Opinião Relatos históricos Análies Outros 1996 1 0 0 1 0 0 0 0 1997 0 0 0 0 0 2 1 0 1998 1 0 0 3 0 0 1 0 1999 0 1 0 0 0 0 0 0 2000 0 1 0 0 0 1 0 0 2001 0 0 0 1 0 3 2 0 2002 2 0 0 0 0 0 0 0 2003 1 0 0 0 0 2 0 0 2004 1 0 0 1 1 3 1 0 2005 0 0 0 1 0 0 4 1 2006 0 0 0 0 0 3 0 0 2007 1 1 0 1 1 1 0 1 2008 1 2 0 2 0 1 1 0 2009 4 0 1 1 0 1 0 0 0 5 10 15 20 25 Nº de publicações X categoria 2010 1 0 0 1 1 0 0 0 2011 2 0 0 1 0 0 1 1 2012 1 0 0 0 0 0 2 2 2013 1 1 2 1 0 0 1 0 2014 1 0 1 0 0 0 0 0 2015 1 0 0 1 0 3 2 0 2016 2 0 1 0 0 1 0 1 Tabela 1: Categorias A análise da tabela 1 mostra que ouve um aumento nos últimos anos de artigos relacionados à aplicação de HFC em sala e de análise de materiais contendo HFC. Quanto às outras categorias há diferentes variações entre os anos. Análise dos resultados Análise da Resenha Durante a pesquisa encontrou-se 6 resenhas de livros sobre história e filosofia da ciência. Das quais, cinco delas se encontram no Caderno Brasileiro do Ensino de Física e uma na revista de Ensino Pesquisa em Educação em Ciências. A primeira é sobre o livro “Breve história da Ciência Moderna” escrito por Marco Braga, Andreia Guerra e José Cláudio Reis. A segunda é sobre o livro “O universo dos Quanta” de Olival Freire Júnior e Rodolfo Alves de Carvalho Neto. A terceira é sobre o livro “Os raios N de René Blondlot uma anomalia na História da Física” escrita por Roberto de Andrade Martins. A quarta é sobre o livro “Estudos de História e Filosofia das Ciências: subsídios para aplicação no ensino” de Cibelle Celestino Silva. A quinta é sobre o livro “Temas de História e Filosofia da Ciência no Ensino” escrito por Luiz O. Q. Peduzzi, André F. P. Martins e Juliana M. H. Ferreira. A sexta é sobre o livro “Memórias do Invisível” de Marcos César Danhoni Neves. Análise da Revisão Bibliográfica Na categoria Revisão Bibliográfica contém cinco artigos, cada um deles faz um levantamento bibliográfico distinto. O artigo de Polito e Silva Filho (2013) faz uma revisão conceitual dos principais elementos relacionados com as filosofias naturais dos chamados filósofos Pré-Socráticos, tendo como foco: salientar a íntima conexão existente entre concepções propriamente científicas e concepções filosóficas de caráter mais geral; e tornar evidente que as elaborações e aquisições dos filósofos Pré-Socráticos não figuraram como meras relíquias, relegáveis a um papel de dispensável curiosidade histórica. O artigo de Pena e Teixeira (2013) investiga parâmetros para avaliar a produção literária em História e Filosofia da Ciência (HFC) voltada para o ensino e divulgação das ideias da Física, a partir dos aspectos positivos e negativos apontados por autores de resenhas de livros didáticos, paradidáticos, de divulgação científica e/ou de artigos/ensaios enfocando a HFC. O escrito de Vital e Guerra (2016) realiza uma pesquisa qualitativa a partir da análise de dissertações e produtos educacionais elaborados por concluintes do Mestrado Profissional. Os resultados demonstram que as simplificações e os constrangimentos provocados pela transposição didática das informações pelos professores expressam a complexidade que permeia a inserção da abordagem histórica no ensino. O artigo de Schimer e Sauerwein examina os artigos que apresentaram propostas para a sala de aula, relacionadas à HFC, entre os anos de 2001 e2010 das quatro revistas melhor avaliadas pela CAPES no país. A fim de verificar quais os recursos didáticos utilizados no trabalho com HFC, como se apresentam suas funções didáticas e se há avaliação de seu papel nas propostas implementadas em sala de aula. Os resultados mostraram que os recursos mais utilizados são textos, mas há também imagens, poesias, contos, discussão de filmes e peças de teatro. O escrito de Lemes e Porto (2013) apresenta um levantamento bibliográfico acerca das questões mais discutidas da área da filosofia da química para mostrar como a contemporânea filosofia da química pode promover reflexões entre os educadores, auxiliando a escolha sobre o que ensinar, e como ensinar, em disciplinas e cursos de química. Análies da Opinião Dos três artigos desta categoria, o primeiro, de Martins (2007), intitulado “História e Filosofia da Ciência no ensino: Há muitas pedras nesse caminho...”, relata os resultados de uma pesquisa empírica, de natureza diagnóstica, que buscou investigar as principais dificuldades e experiências de licenciandos, alunos de pós-graduação e professores da rede pública acerca do uso da História e da Filosofia da Ciência para fins didáticos. Os resultados suscitam uma série de questões para reflexão,que transcendem a preocupação com a produção de material didático de qualidade. O conhecimento pedagógico do conteúdo, a ser melhor considerado nos cursos de formação inicial, parece ser decisivo na superação de visões ingênuas sobre o trabalho com a História e Filosofia da Ciência. No segundo, de Cuellar Fernandez, et al. (2010) nomeado “La importancia de la Historia de la Química en la enseñanza escolar: análisis del pensamiento y elaboración de material didáctico de profesores en formación” , é examinado a posição de um grupo de professores em formação sobre as implicações didáticas de se incluir a história da química no ensino. O outro artigo, “A história da ciência na prática de professores portugueses: implicações para a formação de professores de ciências”. escrito por DUARTE (2004) investiga as práticas de professores portugueses e suas percepções relativamente à sua formação e à importância conferida à História da Ciência. Com base nesses resultados serão retiradas algumas implicações para a formação de professores. Análise da intervenção em sala Esta categoria pode ser dividida em dois grupos: o primeiro envolvendo alunos de graduação e o segundo, alunos de nível médio. Oito dos vinte e um artigos que relatam o uso de HFC em sala de aula foram aplicados a estudantes do curso superior. Os outros trezes se aplicaram a alunos do ensino médio. Sobre o grupo de intervenção em sala usando HFC no curso superior Quatro artigos apresentam resultados de experiências aplicados aos alunos que mostram a eficiência de ensino mediante uma abordagem histórica. Um emprega HFC em projeto de extensão realizados com alunos do curso de licenciatura em Física. Outro a partir de questionários abertos aplicados aos alunos analisou a importância de uma disciplina de História da ciência para um curso de graduação. Outro descreve uma experiência em que licenciando constroem propostas de ensino envolvendo História da Ciência como uma alternativa aos modelos tradicionais de ensino. Outro busca discutir as implicações da HFC para o ensino e para a formação de professores. A respeito do grupo envolvendo alunos do ensino médio. Um dos artigos relata experiência de apresentação de conteúdos de Física usando como material instrucional histórias infantis. Os demais expõem resultados que evidenciam a viabilidade de HFC, sendo que, alguns mostraram que a contextualização histórica produziu maior envolvimento dos alunos, e tem papel fundamental para se inserir um novo conteúdo. Análise da categoria Análise Dos dezesseis artigos desta categoria nove buscam analisar como é apresentada a História e Filosofia da Ciência nos livros didáticos. Um examina como ela é mostrada em museus. Outro apresenta alguns exemplos históricos onde, por conta de poucas informações, ou informações distorcidas, a interpretação histórica é passível de mudanças. Outro faz uma abordagem crítica de duas séries produzidas pela televisão brasileira: Poeira das Estrelas e Mundos Invisíveis, no que tange ao uso de narrativas históricas para discutir aspectos da natureza da ciência. O próximo artigo, atenta para as transformações sofridas pelo experimento de Stern-Gerlach, desde os primeiros registros até a forma como ele aparece nos livros didáticos. Há outro que investiga elementos acerca da visão de cientista e atividade científica presentes na obra Ponto de Impacto de Dan Brown. O penúltimo apresentar uma análise do texto teatral Oxigênio visando à abordagem da HFC. E o ultimo verifica alguns erros comuns cometidos por autores que escrevem sobre história da ciência. Dos que analisam livros didáticos. O primeiro verifica especificamente a história da eletricidade. O segundo confere a história da dupla hélice do DNA. O terceiro investiga a história da ciência nos livros de Química do PNLEM de 2007. O quarto inspeciona conteúdos metodológicos presentes em livros didáticos de Geologia Introdutória. O quinto busca evidenciar a concepção de História da Biologia, para tanto examina três coleções de livros de Biologia destinados ao Ensino Médio, e alguns livros universitários usados em cursos de formação de professores. O sexto fiscaliza a estrutura histórico-conceitual dos programas de pesquisa de Darwin e Lamarck e sua transposição para o ambiente escolar. O sétimo, atenta para a história da Ótica. O oitavo verifica a história da Química em dez livros didáticos. E o nono inspecionou alguns livros didáticos da biologia em relação a geração espontânea, a teoria da “evolução” de Lamarck e a teoria cromossômica da hereditariedade. Análise da Teoria Dos quinze artigos que compõe esta categoria 4 discutem o potencial de HFC de melhorar o ensino-aprendizagem, sendo que, dentro destes quatro sugerem propostas de utilização de História da Ciência no ensino. Dois artigos discutem formas de se abordar HFC na sala de aula. O primeiro apresenta quando se utilizar esta abordagem e o segundo defende que ao ser abordada deve contemplar a concepção realista das teorias científicas. Três são voltados significativamente na área de historia na matemática. O primeiro propõe a construção de uma interface entre história e ensino de matemática a partir de um diálogo entre historiadores e educadores da matemática. No segundo relata-se algumas reflexões sobre a participação da história na formação inicial de professores de Matemática. O terceiro apresenta argumentos teóricos de historia que podem enriquecer o ensino de Matemática. Um artigo apresenta e discute o alcance e limites de analogias e metáforas construídas a partir de resultados alcançados na Filosofia e História da ciência. Análise de relatos históricos e filosófico Os 21 artigos desta categoria, apresentam relatos de episódios históricos distintos, o que não lhes permite sub categoriza-los. Sendo assim, apresentaremos a seguir o tema de cada artigo individualmente: Portolés e Cabo (1997) descrevem a evolução das ideias dos cientistas acerva do vácuo ao longo da evolução da ciência. Silveira e Peduzzi (2006) Examina-se o papel da experimentação na gênese de conhecimentos relativos a três episódios da descoberta científica: a física de Galileu, a teoria da relatividade restrita e o modelo atômico de Bohr. Nascimento Junior (2001) estabelecem o caminho percorrido pelo idealismo em sua participação naconstrução das Ciências da Natureza desde a antigüidade até o final do século XX. Silva e Martins (2003) discutem o trabalho sobre luz e cores de Newton publicado em 1672 para vermos exemplos de questões que podem ser abordadas em sala de aula através da História da Ciência. Nascimento Junior (2003) apresentam fragmentos da história das concepções de mundo na construção das ciências da natureza. Indo das certezas medievais ate as dúvidas pré-modernas. Medeiros (2004) colocam em uma perspectiva histórica o tratamento algébrico precoce que, costumeiramente, é dedicado ao ensino elementar da Aritmética. Mattos e Hamburger (2004) Propoe que uma evolução de idéias científicas seja usada como instrumento de aprendizagem de conteúdos específicos e, em particular, para ressaltar como os conteúdos se articulam entre as disciplinas, usando com exemplo, um estudo sobre a proposta do "demônio de Maxwell". Melo e Peduzzi (2007) apresenta uma articulação entre a história da óptica e as principais características da filosofia histórica de Gaston Bachelard. Batista (2004) mostra uma aplicação ao estudo de HFC concernente ao entendimento do decaimento β, que leva à primeira identificação das interações fracas. Raicik e Peduzzi (2015) descrevem o percurso histórico de Charles Du Fay, um filósofo natural do início do século XVIII que entregou-se a uma intensa busca por encontrar mecanismos que pudessem explicar certos fenômenos elétricos ainda não compreendidos na sua época. Leite, Ferrari e Delizoicov (2001) buscam estabelecer relações entre a produção científica de Mendel e o contexto social, histórico e econômico de sua época. Silva Neto e Freire Junior (2016) exibe uma breve discussão histórica e conceitual sobre a invenção do maser e do laser. Dias (2001) faz uso da história na clarificação de conceitos e expõem um estudo conceitual da Teoria do Calor. Neves (2000) mostra a longa e contraditória história sobre a noção do conceito de força, mostrando a confusão e a multiplicidade de conceitos que hoje encontram-se diferenciados. Bassalo (1997) exibe como se deu a evolução do estudo de movimento relativo, examinando os trabalhos de Zenão de Eléia, Giordano Bruno, Galileu, Newton, Clairaut, Euler, Coriolis, Mach e Einstein. Martins e Silva (2015) relata uma visão histórica geral sobre o desenvolvimento dos trabalhos de Isaac Newton a respeito da óptica, desde suas primeiras investigações em 1664 até o final de sua vida, quando publicou as várias edições de seu livro Opticks. Porto (2015) faz uma apresentação histórica da dinâmica newtoniana do movimento curvilínea. Rocha (2009) usa uma abordagem histórica do conceito de campo. Godel (2006) discute o conceito de tempo na teoria da relatividade geral e viagens no tempo. Dahmen (2006) debate o envolvimento de Albert Einstein com a Filosofia. . Considerações finais As análises dos artigos permitiram inferir que a tendência das investigações sobre os diversos aspectos relacionados à história e filosofia da ciência. Os resultados tiveram uma ampla variação, dificultando o estabelecimento de certas conclusões, talvez devido à delimitação da pesquisa, que se restringiu em buscas apenas por palavras chaves nos títulos. Apesar disso pode se constatar um aumento nos últimos anos de artigos com aplicação e analise de materiais contendo HFC, além de um crescimento numero de publicações a partir do ano de 2001. Este trabalho exigiu uma análise subjetiva para o seu enquadramento e definição das categorias. Referências dos artigos analisados LONGUINI, Marcos Daniel; NARDI, Roberto. Como age a pressão atmosférica? Algumas situações-problema tendo como base a história da ciência e pesquisas na área. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 26, n. 1, p. 7-23, maio 2009. BATISTA, Irinéia de Lourdes. Resenha: Breve história da Ciência Moderna: A belle-époque da ciência (séc. XIX) - Marco Braga, Andreia Guerra e José Cláudio Reis. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 25, n. 3, p. 601-605, dez. 2008. PENA, Fábio Luís Alves; FILHO, Aurino Ribeiro. O uso didático da história da ciência após a implementação dos parâmetros curriculares nacionais para o ensino médio (PCNEM): Um estudo a partir de relatos de experiências pedagógicas publicadas em periodicos nacionais especializados em ensino d. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 26, n. 1, p. 48-65, maio 2009. VILLANI, Alberto et al. Filosofia da ciência, história da ciência e psicanálise: Analogias para o ensino de ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 37-55, jan. 1997. MARTINS, André Ferrer Pinto. História e Filosofia da Ciência no ensino: Há muitas pedras nesse caminho... Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 24, n. 1, p. 112-131, abr. 2007. LIMA, Maria Conceição Barbosa; ALVES, L. de A.; LEDO, R. A. Gonçalves. Contando história .... Apresentamos a Física. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 13, n. 2, p. 89-107, jan. 1996. PORTOLÉS, Joan Josep Solaz; CABO, Magdalena Moreno-. 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