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Apostila Tecnologia, ciência e pesquisa

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TECNOLOGIA, CIÊNCIA E 
PESQUISA 
Profª MSc. Débora Cavalheiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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BLOCO 1: PRINCÍPIOS DE TECNOLOGIA, CIÊNCIA E PESQUISA 
Caro estudante, seja bem-vindo ao Bloco 1! 
Neste bloco versaremos sobre tecnologia, ciência e pesquisa. De modo geral, apresentaremos 
os conceitos básicos desses tópicos e como se promove o desenvolvimento de uma sociedade 
por meio da interação da tecnologia com a ciência e a pesquisa. 
O esgotamento da discussão sobre os conceitos de tecnologia, ciência e pesquisa está longe de 
ser objetivo do presente texto, de fato, estas palavras terão cumprido seus papéis se 
conseguirem fomentar um questionamento, uma procura por respostas, pois, essa busca por 
conhecimento, é a base do fazer ciência, é o exercício a ser sempre praticado. 
 
 
 
 
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1.1 Definição de ciência 
 
O termo ciência deriva de scientia que em latim significa conhecimento, entretanto, o real 
significado de ciência é deveras complexo para ser obtido por uma simples permuta de termos. 
Desde tempos remotos, quando o ser humano passou a observar o meio em que vivia, a 
estabelecer relações entre o que observava e, após isso, a agir de acordo com base na análise 
feita, a ciência é praticada em certa medida (LAKATOS; MARCONI, 2007). 
De acordo com (CHIBENI, [s.d.]) o conceito de ciência passou por uma série de debates e 
construções e sua própria definição se transformou com o passar do tempo. A partir do século 
XVII, a filosofia da ciência começa a tomar corpo. Nesse período, considerado o nascer ou o 
reconhecimento da ciência, Francis Bacon (1561 – 1626) começa a se debruçar sobre a 
concepção do método científico e suas teorias são aceitas por diversos setores até hoje. 
Lakatos e Marconi (2017, p. 10) comentam sobre ciência e o método científico: 
O aspecto lógico da ciência conceitua-se como método de raciocínio e de 
inferência sobre os fenômenos já conhecidos ou a serem investigados; em 
outras palavras, o aspecto lógico constitui-se em método para a construção 
de proposições e enunciados, objetivando a descrição, a interpretação, a 
explicação e a verificação mais precisas (LAKATOS; MARCONI, 2017, p. 10) 
Para compreendermos um fenômeno e irmos além da aparência, tentando, desse modo, nos 
aproximarmos de sua essência, podemos lançar mão de diversos procedimentos, traçando 
assim um método. Os atributos desse método irão distinguir a ciência de outras formas de 
conhecimento: “É, portanto, a ciência um campo de conhecimentos com técnicas especializadas 
de verificação, interpretação e inferência da realidade” (MEDEIROS, 2014, p. 29). 
Assim, observa-se que há a sistematização de um método para obtenção de conhecimento e 
para que haja um desencadeamento lógico nas conclusões relacionadas a análise de um 
fenômeno. 
 
1.2 Definição de pesquisa 
 
O conhecimento com base científica é obtido a partir de uma determinada atividade planejada 
com um objetivo específico. A essa atividade dá-se o nome de pesquisa, ou pesquisa científica. 
 
 
 
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De maneira simplificada, a pesquisa tem por objetivo responder perguntas, ou seja, só há 
pesquisa se houver uma pergunta a ser respondida. Segundo Gil (2007 apud GERHARDT; 
SILVEIRA, 2009, p. 12), a pesquisa pode ser definida como: 
[...] procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar 
respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por 
um processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema até 
a apresentação e discussão dos resultados. (GIL, 2007 apud GERHARDT; 
SILVEIRA, 2009, p. 12) 
A pesquisa é um recurso de ampliação do conhecimento empregado quando o que se procura 
não pode ser obtido pela simples observação de algum evento. Para fazer pesquisa é necessário 
um planejamento prévio (RUDIO, 2007). 
Quanto a sua natureza, a pesquisa pode ser dividida em: 
 Pesquisa básica – “Objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da 
ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses 
universais” (GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, 2009, p. 34). Por exemplo, a pesquisa 
na matemática pura e o desenvolvimento de teorias elementares da física ou 
química são pesquisas básicas, relacionadas às ciências ditas, por alguns 
autores, como puras. 
 Pesquisa aplicada – Visa à aplicação do conhecimento desenvolvido. Como a 
pesquisa básica busca a obtenção do conhecimento, mas também, como a 
tecnologia busca algum tipo de projeção prática (CUPANI, 2016). Pesquisa que 
trata da aplicação de conceitos e conhecimentos das ciências básicas ou puras 
na aplicação de alguma análise ou produto. Por exemplo, o desenvolvimento de 
um tipo de cimento mais resistente; pesquisa sobre a violência em escolas de 
ensino médio; métodos de aprendizagem; soluções para o tratamento de 
infecções graves etc. 
 
Quanto aos seus objetivos, ela pode ser: 
 Pesquisa exploratória – essa modalidade é realizada para obter conhecimento 
sobre uma realidade quase ou totalmente desconhecida. Os seus resultados 
rotineiramente fornecem subsídios a novas pesquisas que poderão ser feitas 
com maior precisão, derivadas desse conhecimento prévio. Medeiros (2014) 
 
 
 
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coloca que esse tipo de pesquisa visa à obtenção de informações sobre o objeto 
pesquisado, subsidiando a formulação de hipóteses. 
 Pesquisa descritiva – estuda, registra e interpreta os fatos estudados sem a 
interferência do pesquisador. Alguns exemplos dessa modalidade são a 
pesquisa eleitoral e a pesquisa de opinião. 
 Pesquisa explicativa – esse tipo de pesquisa é realizado quando há necessidade 
de saber o porquê de uma determinada situação. Nesse caso, o objeto da 
pesquisa tem observadas suas características e, numa etapa posterior, é 
realizada uma análise que visa compreender os mecanismos por trás dessa 
realidade ora mensurada. 
Por fim, sobre a pesquisa científica, Medeiros (2014) coloca que esta: 
[...] objetiva fundamentalmente contribuir para a evolução do conhecimento 
humano em todos os setores, da ciência pura, ou aplicada; da matemática ou 
da agricultura, da tecnologia ou da literatura. Ora, tais pesquisas são 
sistematicamente planejadas e levadas a efeito segundo critérios rigorosos 
de processamento das informações. Será chamada pesquisa científica se sua 
realização for objeto de investigação planejada, desenvolvida e redigida 
conforme normas metodológicas consagradas pela ciência (MEDEIROS, 2014, 
p. 30). 
Assim, veremos nos próximos blocos que há um rigor no levantamento de dados, suas 
interpretações e conclusões, diferenciando a pesquisa de experiências empíricas do cotidiano. 
 
1.3 Definição de tecnologia 
 
Veloso (2011) definirá tecnologia como tudo o que não existindo na natureza o ser humano 
desenvolverá ou inventará para facilitar seu cotidiano, ampliando seus poderes e superando 
suas limitações. 
Desse modo, nota-se que a tecnologia tem forte ligação com a pesquisa aplicada. A tecnologia 
permeia nossas vidas e o nosso cotidiano, porém, conceituá-la pode não ser algo tão corriqueiro. 
O que a maioria das pessoas associa com tecnologia são equipamentos e programas ligados à 
eletrônica e à informática, como supercomputadores, laptops e smartphones. (VELOSO, 2011). 
Ao longo da história, vários avanços tecnológicos foram obtidos. O termo tecnologia não se 
aplica exclusivamente a artefatos e técnicas virtuais ou digitais. Assim, a manipulação de pedras 
 
 
 
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e pedaços de madeira para a elaboração de ferramentas como lanças e martelos rudimentares 
até o smartphone mais moderno são igualmente tecnologia, já que são transformações da 
natureza feitas pelo homeme utilizadas para facilitar seu cotidiano de trabalho. 
Veloso (2011) coloca que o avanço tecnológico se dá como evolução no tempo, sendo assim um 
processo de construção histórica. O autor coloca também que a tecnologia veio não para 
diminuir o trabalho do homem, mas sim para que possamos avançar e produzir mais com o 
mesmo esforço. 
 
1.4 Relação entre tecnologia, ciência e pesquisa 
 
No nosso dia a dia é grande a importância desse ciclo: é da ciência, pesquisa e tecnologia que 
derivam ferramentas muito úteis para a nossa vida, seja na indústria, na saúde e em outras 
áreas. Com a busca por novos conhecimentos será possível avançar para o desenvolvimento de 
novos saberes científicos, bem como tecnologias e soluções para a vida do ser humano. 
A ciência e a tecnologia, propulsores que são do avanço da sociedade, passam pela pesquisa, 
sendo assim, o progresso da nossa sociedade é diretamente afetado pelo quanto se faz pesquisa 
(CHAIMOVICH, 2000). 
Um exemplo da relação de colaboração é dado por Cupani (2016) sobre a contribuição da ciência 
básica no estudo de um ecossistema e sua composição, subsidiando o conhecimento para a 
realização de uma pesquisa aplicada com o objetivo de entender os efeitos de um determinado 
poluente sobre o ecossistema estudado e, a partir dessa evidência, desenvolver um 
equipamento ou processo que diminua a poluição. 
A pesquisa e a ciência devem ser reconhecidas pela sociedade como fundamental ao seu 
desenvolvimento, já que subsidiarão também novas tecnologias. Por outro lado, também deve-
se atentar à necessidade de produção de pesquisas e tecnologias que almejem atender às 
necessidades da sociedade. 
 
 
 
 
 
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1.5 Usos no cotidiano 
 
O cotidiano da nossa sociedade é fruto inegável da aplicação paulatina de pesquisa em ciência 
e tecnologia. Os meios digitais de comunicação em massa, por exemplo, derivam de muita 
pesquisa básica e aplicada em eletromagnetismo. O aumento da expectativa de vida da 
população só foi possível através dos avanços nos tratamentos de doenças e, portanto, do 
conhecimento sólido na área de biologia. 
 
Referências 
CHAIMOVICH, H. Brasil, ciência, tecnologia: alguns dilemas e desafios. Estudos Avançados, v. 
14, n. 40, p. 134–143, 2000. 
CHIBENI, S. S. O que é ciência? Departamento de Filosofia. Universidade de Campinas, [s.d.]. 
Disponível em: <http://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/ciencia.pdf>. Acesso em: 12 
ago. 2018. 
CUPANI, A. Filosofia da tecnologia: um convite. 3. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2016. 
GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. 1. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2009. 
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. São Paulo: 
Atlas, 2017a. 
______. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017b. 
MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos e resenhas. 12. ed. São 
Paulo: Atlas, 2014. 
RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 2007. 
SOUSA, L. G. Relação entre Ciência e Pesquisa. Contribuciones a las Ciencias Sociales. 2011. 
VELOSO, R. Tecnologia da informação e da comunicação: desafios e perspectivas. 1. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2011.

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