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Roteiro 08 - Teoria Geral da Norma Penal - Lei Penal no Espaço

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NOME DO ALUNO Rúbia Masiero Rodriguez 
26/09/2019 ESTUDO DIRIGIDO 
DIREITO 
PENAL 
1 
 
TEORIA GERAL DA NORMA PENAL 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
 
1 LUGAR DO CRIME 
“Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo 
ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Uma vez esclarecido 
qual o território em que vigora a lei penal brasileira, cumpre investigar quando nele se deve 
considerar cometida a infração. Existem três teorias a respeito do lugar do crime: 1ª) Teoria da 
atividade: lugar do crime é o da ação ou omissão, sendo irrelevante o local da produção do 
resultado; 2ª) Teoria do resultado: lugar do crime é aquele em que foi produzido o resultado, sendo 
irrelevante o local da conduta; 3ª) Teoria da ubiquidade ou mista: lugar do crime é tanto o da 
conduta quanto o do resultado. Será, portanto, o lugar onde se deu qualquer dos momentos do iter 
criminis1. Essa teoria é também conhecida por teoria mista. Observe-se que os simples atos 
 
1 São as fases que o agente percorre até chegar à consumação do delito: 1ª fase - COGITAÇÃO: O agente está 
apenas pensando em cometer o crime. O pensamento é impunível, (não se pode punir o pensamento, pois nele não há 
conduta.) 2ª fase – PREPARAÇÃO: Compreende a prática de todos os atos necessários ao inicio da execução (do crime). 
Ex.: alugar uma casa, onde será mantido em cativeiro o empresário a ser sequestrado; conseguir um carro emprestado 
para ser usado em um roubo a banco etc. São atos que antecedem a execução e, portanto, não são puníveis (verificar art. 
31, CP). Há casos excepcionais, entretanto, em que o ato preparatório por si só já constitui crime, por exemplo, no crime 
de quadrilha ou bando (art. 288), em que seus integrantes são punidos pela simples associação, ainda que não tenham 
começado a cometer os crimes para os quais se reuniram. 3ª fase – EXECUÇÃO: (Inicia-se) a agressão ao bem jurídico e ao 
bem tutelado pela lei. O agente começa a realizar a conduta descrita no tipo (o verbo descrito na lei). Ex.: os assaltantes 
entram em um banco e, apontando as armas (de fogo) para os funcionários, anunciam o assalto; o agente, armado com 
uma faca (arma branca), aborda a vítima e a leva para um matagal, com o intuito de estupra-la etc. A preparação termina 
e a execução começa com a prática do primeiro ato idôneo e inequívoco que pode levar à consumação. Ato idôneo é 
aquele apto a produzir o resultado consumativo. Ato inequívoco é aquele indubitavelmente (certamente, 
inquestionavelmente) ligado à consumação.. Assim iniciada a execução: a) o agente pode não conseguir consumá-la por 
circunstancias alheias à sua vontade, hipótese em que o crime estará tentado; b) o agente pode desistir voluntariamente 
preparatórios não constituem objeto de cogitação para determinar o locus delicti, pois não são 
típicos. Teoria adotada: a) No caso de um crime ser praticado em território nacional e o resultado 
ser produzido no estrangeiro (crimes a distancia ou de espaço máximo): aplica-se a teoria da 
ubiquidade, prevista no art. 6º do Código Penal, isto é, o foro competente será tanto o do lugar da 
ação ou omissão quanto o do local em que se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Assim, o 
foro competente será o do lugar em que foi praticado o último ato de execução no Brasil (CPP, art. 
70, § 1º) ou o local brasileiro onde se produziu o resultado. Exemplo: de São Paulo, o agente enviar 
um carta com Antrax2 para a vítima em Washington. O foro competente será tanto o de São Paulo 
quanto o da capital norte-americana. Observe-se que a expressão “deveria produzir-se o resultado” 
refere-se às hipóteses de tentativa. Aplica-se a lei brasileira ao crime tentado cuja conduta tenha sido 
praticada fora dos limites territoriais (ou do território por extensão), desde que o impedimento da 
consumação se tenha dado no País. Não importa tão só a intenção do agente em consumar o delito 
em território nacional. Assim, não haverá interesse do Estado em punir o agente s a interrupção da 
execução e a antecipação involuntária da consumação tenham ocorrido fora do Brasil, ainda que o 
agente tivesse a intenção de obter o resultado em território nacional, porque, segundo Costa e Silva, 
onde “nenhuma fase do delito – a atividade ou o resultado (lesão ou simples periclitação) – se 
verifica, não tem o Estado interesse de punir. Nada importa a intenção do agente. Ele por si só não 
viola nem põe em perigo a ordem jurídica do Estado.”3 
“Os princípios anteriormente examinados servem, como se viu, para possibilitar a definição 
dos limites da jurisdição penal do Estado, bem como para fixar as hipóteses de aplicação do direito 
estrangeiro. Questão prévia, entretanto, nessa matéria, que interessa igualmente à teoria do crime, é 
a fixação do lugar do delito, o locus delicti commissi. Por isso o Código Penal, no art. 6º, adotando 
doutrina predominante da ubiquidade, estatuiu que o crime se considera praticado “no lugar em que 
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde produziu ou deveria produzir-se o 
resultado”. A teoria da ubiquidade não tem acarretado na prática grandes problemas (v.g. 
duplicidade de julgamentos, no país e no estrangeiro), visto como a exigência de entrada ou 
permanência no território, ou de extradição, bem como a possibilidade de detração penal (art. 8º), 
afastam os possíveis inconvenientes.”4 
“Art. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo 
ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Teoria da ubiquidade: 
utilizada no caso de um crime ser praticado em território nacional e o resultado ser produzido no 
estrangeiro. O foro competente será tanto o do lugar da ação ou omissão quanto o do local em que 
se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Ambos os lugares são competentes para julgar o 
 
de prosseguir no ato de execução, hipótese em que só responderá pelos atos já praticados; c) o agente pode chegar à 
consumação. 4ª fase – CONSUMAÇÃO: Quando todos os elementos (objetivos, subjetivos e normativos) do tipo são 
realizados. A consumação não se confunde com o exaurimento. Com efeito, determinados crimes, chamados de formais, 
possuem em seu tipo penal a descrição de uma ação e de um resultado, mas a redação da lei dispensa a efetivação do 
resultado para fim de consumação, de tal forma que o delito se consuma no exato momento da ação. O exaurimento, 
assim, ocorre quando, após a ação (e, portanto, após a consumação), sobrevém o resultado descrito na norma. Diz-se, 
nesse caso, que o crime está exaurido. SILVA, Vilmar Antonio da. ITER CRIMINIS. Material baseado na obra de Victor 
Eduardo Rios Gonçalves, 2011. Corujinha cursos e concursos - Curso preparatório para Agente da Polícia Civil. Disponível 
em: < http://files.professorvilmar.com/200000295-c6ee0c7e74/Material%206%20-%20Iter%20Criminis.pdf>, acesso em: 
23-09-2019. 
2 Carta enviada por terroristas islâmicos, contendo esporos de carbúnculo. 
3 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 122-123. 
4 TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal – 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 1994. 374 p. P. 48-
49. 
processo. “A” manda uma carta bomba pelo correio para LONDRES (LOCAL DA AÇÃO OU OMISSÃO), a 
carta explode efetivamente em LONDES (LOCAL QUE PRODUZIU OU DEVERIA PRODUZIR O 
RESULTADO). Nesse caso “A”, residente do Brasil, enviou uma carta bomba pelo correio para Londres, 
sendo assim, a carta efetivamente explode. Desse modo, tanto o Brasil, quanto a Inglaterra serão 
competentespara julgá-lo.”5 
1.1 Pena Cumprida no estrangeiro 
“Atendendo à regra do non bis in idem e non bis poena in idem, a pena cumprida no 
estrangeiro atenua a imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas (p. ex., privativas de 
liberdade e pecuniárias), ou nela é computada, quando idênticas (p. ex., privativas de liberdade – CP, 
art. 8º). Na primeira hipótese, trata-se de atenuante inominada, incidente na segunda fase de 
aplicação da pena.”6 
“Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, 
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Caso o agente seja processado no exterior 
e lá, condenado e cumprido pena, estipula-se neste artigo que caso venha no Brasil a ser condenado 
pelo mesmo fato (no caso da extraterritorialidade incondicionada), deverá se verificar: Se as penas 
são idênticas, ou seja, da mesma qualidade, deverá ser computada como cumprida no Brasil. As duas 
são privativas de liberdade. Se as penas são diversas, ou seja, de qualidade diferente, deverá haver 
uma atenuação. No exterior o agente cumpriu pena restritiva de liberdade e, no Brasil, foi condenado 
e teve sua pena substituída pela prestação de serviços comunitários. Neste caso, deverá se atenuar a 
pena no Brasil.”7 
2 PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE 
“A lei penal só tem aplicação no território do Estado que a editou, pouco importando a 
nacionalidade do sujeito ativo ou passivo. Princípio da territorialidade absoluta: só a lei penal 
brasileira é aplicável aos crimes cometidos no território nacional. Princípio da territorialidade 
temperada: a lei penal brasileira aplica-se, em regra, ao crime cometido no território nacional. 
Excepcionalmente, porém, a lei estrangeira é aplicável a delitos cometidos total ou parcialmente em 
território nacional, quando assim determinarem tratados e convenções internacionais. A isso 
denomina-se intraterritorialidade, pois a lei estrangeira estaria sendo aplicada no território nacional, 
ou seja, de fora para dentro do nosso país. Princípio adotado: o da territorialidade temperada. O 
ordenamento penal brasileiro é aplicável aos crimes cometidos no território nacional, de modo que 
ninguém, nacional, estrangeiro ou apátrida, residente ou em trânsito pelo Brasil, poderá subtrair-se à 
 
5 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: 
<https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_-
_PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. 
6
 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 117. 
7 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: 
<https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_-
_PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. 
lei penal brasileira por fatos criminosos aqui praticados, salvo quando normas de direito internacional 
dispuserem sem sentido contrário.”8 
“A lei penal de um país terá aplicação aos crimes cometidos dentro de seu território. Aqui, o 
Estado soberano tem o dever de exercer jurisdição sobre as pessoas que estejam sem seu 
território.”9 
2.1 Solo ocupado pela Nação ou Território Nacional 
“Sob o prisma material, compreende o espaço delimitado por fronteiras geográficas. Sob o 
aspecto jurídico, abrange todo o espaço em que o Estado exerce a sua soberania.”10 
“É o espaço onde determinado Estado exercer com exclusividade sua soberania.”11 
2.2 Mar territorial 
“É a faixa de mar exterior ao longo da costa, que se estende por 12 milhas marítimas de 
largura, medidas a partir da baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro, de acordo com o 
disposto no art. 1º da Lei n. 8.617, de 4 de janeiro de 1993. Nesse espaço territorial, o Brasil exerce 
sua soberania plena, excepcionada apenas pelo chamado “direito de passagem inocente”, pelo qual 
navios mercantes ou militares de qualquer Estado podem passar livremente pelo mar territorial, 
embora sujeitos ao poder de polícia do Estado costeiro.”12 
“Toda a base territorial por nós conhecida (o mapa), acrescida do mar territorial, que é 
extensão de 12 milhas mar adentro, a contar da baixa maré.”13 
“Nos termos da CNUDM (arts. 2 e 3), a soberania do Estado costeiro sobre o seu território e 
suas águas interiores estende-se a uma faixa de mar adjacente – mar territorial – com dimensão de 
até 12 milhas marítimas (1 m.m.= 1.852 metros) a partir das linhas de base. No mar territorial, o 
Estado costeiro exerce soberania ou controle pleno sobre a massa liquida e o espaço aéreo 
sobrejacente, bem como sobre leito e o subsolo deste mar. O mar territorial brasileiro de 200 m.m. – 
 
8
 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 100-101. 
9 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: 
<https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_-
_PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. 
10 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 101. 
11 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: 
<https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_-
_PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. 
12
 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 101. 
13 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: 
<https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_-
_PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. 
instituído pelo Decreto-lei nº 1.098, de 25 de março de 1970 – passou a ser de 12 m.m., com a 
vigência da Lei nº 8.617.”14 
2.3 Espaço Aéreo 
“Trata-se da dimensão estatal da altitude. O art. 11 da Lei n. 7565, de 19 de dezembro de 
1986, estatui que “o Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu 
território e mar territorial”. Portanto, a camada atmosférica que cobre o território é considerada 
parte integrante deste, sendo certo que a soberania que o Estado exerce sobre o espaço aéreo é 
ditada por imperativos de segurança nacional. Assim, o nosso sistema adota a teoria da soberania 
sobre a coluna atmosférica.”15 
“[...] O código considera, também, território nacional o espaço aéreo respectivo e o espaço 
aéreo correspondente ao território nacional. Esse sempre devemos considerar como território 
próprio.”16 
2.4 Plataformas Continentais ou Zona Econômica Exclusiva 
“*...+ Compreende uma faixa que se estende das 12 às 200 milhas marítimas, contadas a partir 
das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial, onde o Brasil tem direitos de 
soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, 
vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, deste e seu subsolo e, ainda, no que se 
refere a outras atividades visando à exploração e ao aproveitamento da zona para finalidade 
econômica. Para efeito de aplicação da lei penal brasileira, no entanto, também não é considerada 
território nacional.”17 
“A plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas 
submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento 
natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem continental, ou até uma 
distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar 
territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância.”18 
 
14 SOUZA, J.M de. MAR TERRITORIAL, ZONAECONÔMICA EXCLUSIVA OU PLATAFORMA CONTINENTAL? 
ResearchGate. Disponível em: < 
https://www.researchgate.net/publication/238480281_Mar_territorial_zona_economica_exclusiva_ou_plataforma_conti
nental >, acesso em: 25-09-2019.
15 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 102. 
16 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: 
<https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_-
_PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. 
17 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 101-102. 
18 SOUZA, J.M de. MAR TERRITORIAL, ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA OU PLATAFORMA CONTINENTAL? 
ResearchGate. Disponível em: < 
https://www.researchgate.net/publication/238480281_Mar_territorial_zona_economica_exclusiva_ou_plataforma_conti
nental >, acesso em: 25-09-2019.
2.5 Embaixadas ou Extensão do território nacional 
“O alto-mar não esta sujeito à soberania de qualquer Estado. Regem-se, porém, os navios que 
lá navegam pelas leis nacionais do pavilhão que os cobre, no tocante aos atos civis ou criminais a 
bordo deles ocorridos. No tocante ao espaço aéreo, sobre a camada atmosférica da imensidão do 
alto-mar e dos territórios terrestres não sujeitos a qualquer soberania, também não existe o império 
da ordem jurídica de Estado algum, salvo a do pavilhão da aeronave, para os atos nela verificados, 
quando cruzam esse espaço tão amplo. Assim, cometido um crime a bordo de um navio pátrio em 
alto-mar, ou de uma aeronave brasileira no espaço livre, vigoram as regras sobre a territorialidade: os 
delitos assim cometidos se consideram como praticados em território nacional.”19 
3 PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE 
“Consiste na aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos fora do Brasil. A jurisdição é 
territorial, na medida em que não pode ser exercida no território de outro Estado, salvo em virtude 
de regra permissiva, emanada do direito internacional costumeiro ou convencional. Em respeito ao 
principio da soberania, um país não pode impor regras jurisdicionais a outro. Nada impede, contudo, 
um Estado de exercer, em seu próprio território, sua jurisdição, na hipótese de crime cometido no 
estrangeiro. Salvo um ou outro caso a respeito do qual exista preceito proibitivo explicito, o direito 
internacional concede ampla liberdade aos Estados para julgar, dentro de seus limites territoriais, 
qualquer crime, não importa onde tenha sido cometido, sempre que entender necessário para 
salvaguardar a ordem pública.”20 
3.1 Incondicionada 
3.1.1 Definição 
“*...+ diz-se incondicionada porque não se subordina a qualquer condição para atingir um 
crime cometido fora do território nacional.”21 
 
3.1.2 Princípio da defesa (real, da defesa ou proteção) 
“Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido fora do Brasil, que afete interesse nacional (CP, 
art. 7º, I, a, b e c). É o caso de infração cometida contra o Presidente da República, contra o 
patrimônio de qualquer das entidades da administração direta, indireta ou fundacional etc. Se o 
interesse nacional foi afetado de algum modo, justifica-se a incidência da legislação pátria.”22 
 
19
 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 102. 
20 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 112-113. 
21 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 113. 
22 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 113. 
3.2 Condicionada 
3.2.1 Definição 
“*...+ a lei nacional só se aplica ao crime cometido no estrangeiro se satisfeitas as condições 
indicadas no § 2º e nas alíneas a e b do § 3º.”23 
 
3.2.2 Princípio da Justiça Universal 
“*...+ Todo Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do 
delinquente e da vitima ou o local de sua prática, desde que o criminoso esteja dentro de seu 
território. É como se o planeta se constituísse em um só território para efeitos de repressão 
criminal.”24 
 
3.2.3 Princípio da Personalidade 
“Nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por 
brasileiro fora do Brasil (CP, art. 7º, II, b). Não importa se o sujeito passivo é brasileiro ou se o bem 
jurídico afeta interesse nacional, pois o único critério levado em conta é o da nacionalidade do sujeito 
ativo. Nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (CP, art. 7º, § 3º). Nessa hipótese, o que interessa é a 
nacionalidade da vitima. Sendo brasileira, aplica-se a lei de nosso país, mesmo que o crime tenha sido 
realizado no exterior.”25 
 
3.2.4 Princípio da Representação. 
“A lei penal brasileira também é aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações 
privadas quando realizadas no estrangeiro e aí não venham a ser julgados.”26 
4 QUESTÕES 
 
4.1 Questão sobre TODO o conteúdo 
Sobre a Lei Penal no Espaço, analise as informações e assinale as alternativas corretas: 
 
23
 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 113. 
24 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 113-114. 
25 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 113. 
26 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 114. 
I) Considera-se praticado o crime no momento em que ocorreu a ação ou omissão, bem 
como quando se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
II) Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se praticado o crime no lugar em que 
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou 
deveria ter sido produzido o resultado. 
III) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes praticados 
contra o patrimônio da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação 
instituída pelo Poder Público, ainda que o agente tenha sido absolvido no estrangeiro. 
IV) Crime praticado em embarcação de propriedade de governo estrangeiro, quando se 
encontrar em mar territorial brasileiro, ficará sujeito à lei penal brasileira. 
V) Em nenhuma situação, a lei brasileira pode ser aplicada aos crimes praticados a bordo 
de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada. 
VI) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
 
Estão corretas: 
a) I, II, IV, VI 
b) II, III, V 
c) II, III, VI - CORRETO 
d) I, IV, VI 
4.2 Questão sobre conteúdo ESPECÍFICO 
Helena comete determinado crime no estrangeiro e lá é condenada a quatro anos de prisão, 
integralmente cumpridos. Pelo mesmo crime, Helena é condenada no Brasil à pena de oito anos de 
prisão. 
Analisando o caso à cima, Helena: 
 
a) Não cumprirá pena alguma no Brasil caso se trate de país com o qual o Brasil tem acordo 
bilateral para reconhecer cumprimento de pena; 
b) Não cumprirá pena alguma no Brasil, uma vez já punido no país em que o crime foi 
cometido; 
c) Cumprirá oito anos de prisão no Brasil, uma vez que o Brasil não reconhece pena 
cumprida no estrangeiro; 
d) Deverá, ainda, cumprir quatro anos de prisão no Brasil. - CORRETA. 
 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo.Alfa Concursos. Disponível em: 
<https://caching.alfaconcursos.com.br/alfaconproduction/previews/items/000/000/234/original/Lei
a_Digital_-_PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. 
SILVA, Vilmar Antonio da. ITER CRIMINIS. Material baseado na obra de Victor Eduardo Rios 
Gonçalves, 2011. Corujinha cursos e concursos - Curso preparatório para Agente da Polícia Civil. 
Disponível em: < http://files.professorvilmar.com/200000295-c6ee0c7e74/Material%206%20-
%20Iter%20Criminis.pdf>, acesso em: 23-09-2019. 
SOUZA, J.M de. MAR TERRITORIAL, ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA OU PLATAFORMA 
CONTINENTAL? ResearchGate. Disponível em: < 
https://www.researchgate.net/publication/238480281_Mar_territorial_zona_economica_exclusiva_
ou_plataforma_continental>, acesso em: 25-09-2019. 
TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal – 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 
1994. 374 p.

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