Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Página 1 de 9 NOME DO ALUNO Rúbia Masiero Rodriguez 26/09/2019 ESTUDO DIRIGIDO DIREITO PENAL 1 TEORIA GERAL DA NORMA PENAL LEI PENAL NO ESPAÇO 1 LUGAR DO CRIME “Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Uma vez esclarecido qual o território em que vigora a lei penal brasileira, cumpre investigar quando nele se deve considerar cometida a infração. Existem três teorias a respeito do lugar do crime: 1ª) Teoria da atividade: lugar do crime é o da ação ou omissão, sendo irrelevante o local da produção do resultado; 2ª) Teoria do resultado: lugar do crime é aquele em que foi produzido o resultado, sendo irrelevante o local da conduta; 3ª) Teoria da ubiquidade ou mista: lugar do crime é tanto o da conduta quanto o do resultado. Será, portanto, o lugar onde se deu qualquer dos momentos do iter criminis1. Essa teoria é também conhecida por teoria mista. Observe-se que os simples atos 1 São as fases que o agente percorre até chegar à consumação do delito: 1ª fase - COGITAÇÃO: O agente está apenas pensando em cometer o crime. O pensamento é impunível, (não se pode punir o pensamento, pois nele não há conduta.) 2ª fase – PREPARAÇÃO: Compreende a prática de todos os atos necessários ao inicio da execução (do crime). Ex.: alugar uma casa, onde será mantido em cativeiro o empresário a ser sequestrado; conseguir um carro emprestado para ser usado em um roubo a banco etc. São atos que antecedem a execução e, portanto, não são puníveis (verificar art. 31, CP). Há casos excepcionais, entretanto, em que o ato preparatório por si só já constitui crime, por exemplo, no crime de quadrilha ou bando (art. 288), em que seus integrantes são punidos pela simples associação, ainda que não tenham começado a cometer os crimes para os quais se reuniram. 3ª fase – EXECUÇÃO: (Inicia-se) a agressão ao bem jurídico e ao bem tutelado pela lei. O agente começa a realizar a conduta descrita no tipo (o verbo descrito na lei). Ex.: os assaltantes entram em um banco e, apontando as armas (de fogo) para os funcionários, anunciam o assalto; o agente, armado com uma faca (arma branca), aborda a vítima e a leva para um matagal, com o intuito de estupra-la etc. A preparação termina e a execução começa com a prática do primeiro ato idôneo e inequívoco que pode levar à consumação. Ato idôneo é aquele apto a produzir o resultado consumativo. Ato inequívoco é aquele indubitavelmente (certamente, inquestionavelmente) ligado à consumação.. Assim iniciada a execução: a) o agente pode não conseguir consumá-la por circunstancias alheias à sua vontade, hipótese em que o crime estará tentado; b) o agente pode desistir voluntariamente preparatórios não constituem objeto de cogitação para determinar o locus delicti, pois não são típicos. Teoria adotada: a) No caso de um crime ser praticado em território nacional e o resultado ser produzido no estrangeiro (crimes a distancia ou de espaço máximo): aplica-se a teoria da ubiquidade, prevista no art. 6º do Código Penal, isto é, o foro competente será tanto o do lugar da ação ou omissão quanto o do local em que se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Assim, o foro competente será o do lugar em que foi praticado o último ato de execução no Brasil (CPP, art. 70, § 1º) ou o local brasileiro onde se produziu o resultado. Exemplo: de São Paulo, o agente enviar um carta com Antrax2 para a vítima em Washington. O foro competente será tanto o de São Paulo quanto o da capital norte-americana. Observe-se que a expressão “deveria produzir-se o resultado” refere-se às hipóteses de tentativa. Aplica-se a lei brasileira ao crime tentado cuja conduta tenha sido praticada fora dos limites territoriais (ou do território por extensão), desde que o impedimento da consumação se tenha dado no País. Não importa tão só a intenção do agente em consumar o delito em território nacional. Assim, não haverá interesse do Estado em punir o agente s a interrupção da execução e a antecipação involuntária da consumação tenham ocorrido fora do Brasil, ainda que o agente tivesse a intenção de obter o resultado em território nacional, porque, segundo Costa e Silva, onde “nenhuma fase do delito – a atividade ou o resultado (lesão ou simples periclitação) – se verifica, não tem o Estado interesse de punir. Nada importa a intenção do agente. Ele por si só não viola nem põe em perigo a ordem jurídica do Estado.”3 “Os princípios anteriormente examinados servem, como se viu, para possibilitar a definição dos limites da jurisdição penal do Estado, bem como para fixar as hipóteses de aplicação do direito estrangeiro. Questão prévia, entretanto, nessa matéria, que interessa igualmente à teoria do crime, é a fixação do lugar do delito, o locus delicti commissi. Por isso o Código Penal, no art. 6º, adotando doutrina predominante da ubiquidade, estatuiu que o crime se considera praticado “no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde produziu ou deveria produzir-se o resultado”. A teoria da ubiquidade não tem acarretado na prática grandes problemas (v.g. duplicidade de julgamentos, no país e no estrangeiro), visto como a exigência de entrada ou permanência no território, ou de extradição, bem como a possibilidade de detração penal (art. 8º), afastam os possíveis inconvenientes.”4 “Art. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Teoria da ubiquidade: utilizada no caso de um crime ser praticado em território nacional e o resultado ser produzido no estrangeiro. O foro competente será tanto o do lugar da ação ou omissão quanto o do local em que se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Ambos os lugares são competentes para julgar o de prosseguir no ato de execução, hipótese em que só responderá pelos atos já praticados; c) o agente pode chegar à consumação. 4ª fase – CONSUMAÇÃO: Quando todos os elementos (objetivos, subjetivos e normativos) do tipo são realizados. A consumação não se confunde com o exaurimento. Com efeito, determinados crimes, chamados de formais, possuem em seu tipo penal a descrição de uma ação e de um resultado, mas a redação da lei dispensa a efetivação do resultado para fim de consumação, de tal forma que o delito se consuma no exato momento da ação. O exaurimento, assim, ocorre quando, após a ação (e, portanto, após a consumação), sobrevém o resultado descrito na norma. Diz-se, nesse caso, que o crime está exaurido. SILVA, Vilmar Antonio da. ITER CRIMINIS. Material baseado na obra de Victor Eduardo Rios Gonçalves, 2011. Corujinha cursos e concursos - Curso preparatório para Agente da Polícia Civil. Disponível em: < http://files.professorvilmar.com/200000295-c6ee0c7e74/Material%206%20-%20Iter%20Criminis.pdf>, acesso em: 23-09-2019. 2 Carta enviada por terroristas islâmicos, contendo esporos de carbúnculo. 3 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 122-123. 4 TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal – 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 1994. 374 p. P. 48- 49. processo. “A” manda uma carta bomba pelo correio para LONDRES (LOCAL DA AÇÃO OU OMISSÃO), a carta explode efetivamente em LONDES (LOCAL QUE PRODUZIU OU DEVERIA PRODUZIR O RESULTADO). Nesse caso “A”, residente do Brasil, enviou uma carta bomba pelo correio para Londres, sendo assim, a carta efetivamente explode. Desse modo, tanto o Brasil, quanto a Inglaterra serão competentespara julgá-lo.”5 1.1 Pena Cumprida no estrangeiro “Atendendo à regra do non bis in idem e non bis poena in idem, a pena cumprida no estrangeiro atenua a imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas (p. ex., privativas de liberdade e pecuniárias), ou nela é computada, quando idênticas (p. ex., privativas de liberdade – CP, art. 8º). Na primeira hipótese, trata-se de atenuante inominada, incidente na segunda fase de aplicação da pena.”6 “Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Caso o agente seja processado no exterior e lá, condenado e cumprido pena, estipula-se neste artigo que caso venha no Brasil a ser condenado pelo mesmo fato (no caso da extraterritorialidade incondicionada), deverá se verificar: Se as penas são idênticas, ou seja, da mesma qualidade, deverá ser computada como cumprida no Brasil. As duas são privativas de liberdade. Se as penas são diversas, ou seja, de qualidade diferente, deverá haver uma atenuação. No exterior o agente cumpriu pena restritiva de liberdade e, no Brasil, foi condenado e teve sua pena substituída pela prestação de serviços comunitários. Neste caso, deverá se atenuar a pena no Brasil.”7 2 PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE “A lei penal só tem aplicação no território do Estado que a editou, pouco importando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo. Princípio da territorialidade absoluta: só a lei penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos no território nacional. Princípio da territorialidade temperada: a lei penal brasileira aplica-se, em regra, ao crime cometido no território nacional. Excepcionalmente, porém, a lei estrangeira é aplicável a delitos cometidos total ou parcialmente em território nacional, quando assim determinarem tratados e convenções internacionais. A isso denomina-se intraterritorialidade, pois a lei estrangeira estaria sendo aplicada no território nacional, ou seja, de fora para dentro do nosso país. Princípio adotado: o da territorialidade temperada. O ordenamento penal brasileiro é aplicável aos crimes cometidos no território nacional, de modo que ninguém, nacional, estrangeiro ou apátrida, residente ou em trânsito pelo Brasil, poderá subtrair-se à 5 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: <https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_- _PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. 6 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 117. 7 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: <https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_- _PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. lei penal brasileira por fatos criminosos aqui praticados, salvo quando normas de direito internacional dispuserem sem sentido contrário.”8 “A lei penal de um país terá aplicação aos crimes cometidos dentro de seu território. Aqui, o Estado soberano tem o dever de exercer jurisdição sobre as pessoas que estejam sem seu território.”9 2.1 Solo ocupado pela Nação ou Território Nacional “Sob o prisma material, compreende o espaço delimitado por fronteiras geográficas. Sob o aspecto jurídico, abrange todo o espaço em que o Estado exerce a sua soberania.”10 “É o espaço onde determinado Estado exercer com exclusividade sua soberania.”11 2.2 Mar territorial “É a faixa de mar exterior ao longo da costa, que se estende por 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro, de acordo com o disposto no art. 1º da Lei n. 8.617, de 4 de janeiro de 1993. Nesse espaço territorial, o Brasil exerce sua soberania plena, excepcionada apenas pelo chamado “direito de passagem inocente”, pelo qual navios mercantes ou militares de qualquer Estado podem passar livremente pelo mar territorial, embora sujeitos ao poder de polícia do Estado costeiro.”12 “Toda a base territorial por nós conhecida (o mapa), acrescida do mar territorial, que é extensão de 12 milhas mar adentro, a contar da baixa maré.”13 “Nos termos da CNUDM (arts. 2 e 3), a soberania do Estado costeiro sobre o seu território e suas águas interiores estende-se a uma faixa de mar adjacente – mar territorial – com dimensão de até 12 milhas marítimas (1 m.m.= 1.852 metros) a partir das linhas de base. No mar territorial, o Estado costeiro exerce soberania ou controle pleno sobre a massa liquida e o espaço aéreo sobrejacente, bem como sobre leito e o subsolo deste mar. O mar territorial brasileiro de 200 m.m. – 8 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 100-101. 9 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: <https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_- _PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. 10 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 101. 11 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: <https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_- _PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. 12 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 101. 13 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: <https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_- _PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. instituído pelo Decreto-lei nº 1.098, de 25 de março de 1970 – passou a ser de 12 m.m., com a vigência da Lei nº 8.617.”14 2.3 Espaço Aéreo “Trata-se da dimensão estatal da altitude. O art. 11 da Lei n. 7565, de 19 de dezembro de 1986, estatui que “o Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar territorial”. Portanto, a camada atmosférica que cobre o território é considerada parte integrante deste, sendo certo que a soberania que o Estado exerce sobre o espaço aéreo é ditada por imperativos de segurança nacional. Assim, o nosso sistema adota a teoria da soberania sobre a coluna atmosférica.”15 “[...] O código considera, também, território nacional o espaço aéreo respectivo e o espaço aéreo correspondente ao território nacional. Esse sempre devemos considerar como território próprio.”16 2.4 Plataformas Continentais ou Zona Econômica Exclusiva “*...+ Compreende uma faixa que se estende das 12 às 200 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial, onde o Brasil tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, deste e seu subsolo e, ainda, no que se refere a outras atividades visando à exploração e ao aproveitamento da zona para finalidade econômica. Para efeito de aplicação da lei penal brasileira, no entanto, também não é considerada território nacional.”17 “A plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância.”18 14 SOUZA, J.M de. MAR TERRITORIAL, ZONAECONÔMICA EXCLUSIVA OU PLATAFORMA CONTINENTAL? ResearchGate. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/238480281_Mar_territorial_zona_economica_exclusiva_ou_plataforma_conti nental >, acesso em: 25-09-2019. 15 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 102. 16 Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo. Alfa Concursos. Disponível em: <https://caching.alfaconcursos.com.br/alfacon-production/previews/items/000/000/234/original/Leia_Digital_- _PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. 17 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 101-102. 18 SOUZA, J.M de. MAR TERRITORIAL, ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA OU PLATAFORMA CONTINENTAL? ResearchGate. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/238480281_Mar_territorial_zona_economica_exclusiva_ou_plataforma_conti nental >, acesso em: 25-09-2019. 2.5 Embaixadas ou Extensão do território nacional “O alto-mar não esta sujeito à soberania de qualquer Estado. Regem-se, porém, os navios que lá navegam pelas leis nacionais do pavilhão que os cobre, no tocante aos atos civis ou criminais a bordo deles ocorridos. No tocante ao espaço aéreo, sobre a camada atmosférica da imensidão do alto-mar e dos territórios terrestres não sujeitos a qualquer soberania, também não existe o império da ordem jurídica de Estado algum, salvo a do pavilhão da aeronave, para os atos nela verificados, quando cruzam esse espaço tão amplo. Assim, cometido um crime a bordo de um navio pátrio em alto-mar, ou de uma aeronave brasileira no espaço livre, vigoram as regras sobre a territorialidade: os delitos assim cometidos se consideram como praticados em território nacional.”19 3 PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE “Consiste na aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos fora do Brasil. A jurisdição é territorial, na medida em que não pode ser exercida no território de outro Estado, salvo em virtude de regra permissiva, emanada do direito internacional costumeiro ou convencional. Em respeito ao principio da soberania, um país não pode impor regras jurisdicionais a outro. Nada impede, contudo, um Estado de exercer, em seu próprio território, sua jurisdição, na hipótese de crime cometido no estrangeiro. Salvo um ou outro caso a respeito do qual exista preceito proibitivo explicito, o direito internacional concede ampla liberdade aos Estados para julgar, dentro de seus limites territoriais, qualquer crime, não importa onde tenha sido cometido, sempre que entender necessário para salvaguardar a ordem pública.”20 3.1 Incondicionada 3.1.1 Definição “*...+ diz-se incondicionada porque não se subordina a qualquer condição para atingir um crime cometido fora do território nacional.”21 3.1.2 Princípio da defesa (real, da defesa ou proteção) “Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido fora do Brasil, que afete interesse nacional (CP, art. 7º, I, a, b e c). É o caso de infração cometida contra o Presidente da República, contra o patrimônio de qualquer das entidades da administração direta, indireta ou fundacional etc. Se o interesse nacional foi afetado de algum modo, justifica-se a incidência da legislação pátria.”22 19 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 102. 20 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 112-113. 21 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 113. 22 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 113. 3.2 Condicionada 3.2.1 Definição “*...+ a lei nacional só se aplica ao crime cometido no estrangeiro se satisfeitas as condições indicadas no § 2º e nas alíneas a e b do § 3º.”23 3.2.2 Princípio da Justiça Universal “*...+ Todo Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinquente e da vitima ou o local de sua prática, desde que o criminoso esteja dentro de seu território. É como se o planeta se constituísse em um só território para efeitos de repressão criminal.”24 3.2.3 Princípio da Personalidade “Nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por brasileiro fora do Brasil (CP, art. 7º, II, b). Não importa se o sujeito passivo é brasileiro ou se o bem jurídico afeta interesse nacional, pois o único critério levado em conta é o da nacionalidade do sujeito ativo. Nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (CP, art. 7º, § 3º). Nessa hipótese, o que interessa é a nacionalidade da vitima. Sendo brasileira, aplica-se a lei de nosso país, mesmo que o crime tenha sido realizado no exterior.”25 3.2.4 Princípio da Representação. “A lei penal brasileira também é aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações privadas quando realizadas no estrangeiro e aí não venham a ser julgados.”26 4 QUESTÕES 4.1 Questão sobre TODO o conteúdo Sobre a Lei Penal no Espaço, analise as informações e assinale as alternativas corretas: 23 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 113. 24 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 113-114. 25 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 113. 26 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. P. 114. I) Considera-se praticado o crime no momento em que ocorreu a ação ou omissão, bem como quando se produziu ou deveria produzir-se o resultado. II) Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria ter sido produzido o resultado. III) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes praticados contra o patrimônio da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público, ainda que o agente tenha sido absolvido no estrangeiro. IV) Crime praticado em embarcação de propriedade de governo estrangeiro, quando se encontrar em mar territorial brasileiro, ficará sujeito à lei penal brasileira. V) Em nenhuma situação, a lei brasileira pode ser aplicada aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada. VI) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. Estão corretas: a) I, II, IV, VI b) II, III, V c) II, III, VI - CORRETO d) I, IV, VI 4.2 Questão sobre conteúdo ESPECÍFICO Helena comete determinado crime no estrangeiro e lá é condenada a quatro anos de prisão, integralmente cumpridos. Pelo mesmo crime, Helena é condenada no Brasil à pena de oito anos de prisão. Analisando o caso à cima, Helena: a) Não cumprirá pena alguma no Brasil caso se trate de país com o qual o Brasil tem acordo bilateral para reconhecer cumprimento de pena; b) Não cumprirá pena alguma no Brasil, uma vez já punido no país em que o crime foi cometido; c) Cumprirá oito anos de prisão no Brasil, uma vez que o Brasil não reconhece pena cumprida no estrangeiro; d) Deverá, ainda, cumprir quatro anos de prisão no Brasil. - CORRETA. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alfa Concursos. Lei Penal no Tempo.Alfa Concursos. Disponível em: <https://caching.alfaconcursos.com.br/alfaconproduction/previews/items/000/000/234/original/Lei a_Digital_-_PMRR.pdf>, acesso em: 25-09-2019. CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal parte geral. 15ª ed. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2011. SILVA, Vilmar Antonio da. ITER CRIMINIS. Material baseado na obra de Victor Eduardo Rios Gonçalves, 2011. Corujinha cursos e concursos - Curso preparatório para Agente da Polícia Civil. Disponível em: < http://files.professorvilmar.com/200000295-c6ee0c7e74/Material%206%20- %20Iter%20Criminis.pdf>, acesso em: 23-09-2019. SOUZA, J.M de. MAR TERRITORIAL, ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA OU PLATAFORMA CONTINENTAL? ResearchGate. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/238480281_Mar_territorial_zona_economica_exclusiva_ ou_plataforma_continental>, acesso em: 25-09-2019. TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal – 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 1994. 374 p.
Compartilhar