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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO sOCIAL
ERIKA CRISTINE SILVA
AS CONDICIONALIDADES DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E O DIREITO À EDUCAÇÃO
VIÇOSA - MG
2019
ERIKA CRISTINE SILVA
AS CONDICIONALIDADES DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E O DIREITO À EDUCAÇÃO
Trabalho de conclusão de curso apresentado a UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, como requisito parcial para obtenção de título da Bacharel em Serviço Social.
 
Professor Supervisor: Ana Carolina Tavares de Mello e Mileni Alves Secon
Coordenadora do Curso: Prof.ª Ma. Valquíria Aparecida Dias Caprioli
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VIÇOSA - MG
2019
 
SILVA, Erika Cristine. As condicionalidades do Programa Bolsa Família e o direito à educação. 2019. 26 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Bacharel em Serviço Social), Sistema de Ensino Presencial Conectado, UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, Viçosa, MG.
RESUMO
A relevancia da execução desse trabalho se deu por procurar nele compreender as soluções possíveis e indicadas para a realidade da situação educacional brasileira buscando a erradicação da pobreza, constituindo melhores atendimentos às condicionalidades do Programa Bolsa Família. Através de pesquisa bibliográfica e análise de dados coletados, pretende-se com esse trabalho, inscrever-se no entendimento do Programa Bolsa Família relacionado ao direito à educação como um todo objetivando compreender o trabalho do Assistente Social diante das condicionalidades de educação do Programa Bolsa Família, considerando as diretrizes nacionais e as relações intergovernamentais e intersetoriais na gestão das condicionalidades. E especificamente: identificar como o Assistente Social pode contribuir para melhor atendimento ao direito à educação; identificar as contribuições do assistente social no âmbito educacional e diferenciar o que tem sido feito pela escola para atender realmente estas condicionalidades. E com isto, apresentar soluções possíveis e indicadas para a realidade do trabalho do Assistente Social junto ao Programa Bolsa Família na educação e assim, pode-se detectar a falta de atendimento ao direito da educação na escola. Portanto, a inserção e atribuições exigidas ao assistente social na gestão do Programa Bolsa Família não se processam isoladas e desconectadas das transformações conceituais e operacionais das políticas sociais.
Palavras chave: Serviço Social. Programa Bolsa Família. Condicionalidades. Direito da Educação.
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, no contexto de democratização dos anos 1980, a Constituição de 1988 expandiu direitos e inseriu a assistência social no marco abrangente da seguridade, orientada por uma concepção universalista. 
Frente à complexidade educacional atual, faz-se necessário uma mudança de mentalidade e de postura na tentativa de compreensão do mundo, de um renovar e renovar-se sempre, na busca de uma concepção multidimensional. 
A perspectiva de atendimento ao direito da educação e diminuição da pobreza deve ser prioridade e responsabilidade de todos, com o objetivo de transformar a realidade brasileira. Surge na segunda metade da década de 30, medidas que deveriam ter influência na alimentação da classe trabalhadora a criação do salário mínimo e também em 1940 surge o Serviço de Alimentação da Previdência Social (Saps), com um dos objetivos de apoiar pesquisas sobre alimentos e situação alimentar da população.
E assim, nos anos 40, se debatia sobre como prover assistência a famílias pobres e miseráveis, portanto, na década de 50 surgira a concessão de benefícios inicialmente com a distribuição de cestas básicas em áreas carentes E sucessivamente, foi criada a coordenação da Mobilização Econômica - CME que incluía um Serviço Técnico de Alimentação Nacional com a instalação da Comissão Nacional de Alimentação (CNA) e do Instituto Nacional de Nutrição (INN), que incorporou o Instituto de Tecnologia Alimentar.
Nos anos 50, foi elaborado o plano Conjuntura Alimentar e Problemas de Nutrição no Brasil abrangendo inquéritos nutricionais, expansão da merenda escolar, assistência alimentar a adolescentes, programas regionais, enriquecimento de alimentos básicos, apoio à indústria de alimentos. 
A campanha da merenda escolar, sob o controle do Ministério da Educação com o apoio do Fundo Internacional do Socorro à Infância, expandiu-se a ponto de no final da década de 60 registrar uma cobertura de 9,5 milhões de crianças no ensino fundamental.
Além disto, acontece no Brasil na década de 90 o movimento da Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida, e neste contexto, o movimento conscientiza a sociedade brasileira de que o combate à pobreza e à desigualdade exigia uma mobilização imediata para, pelo menos, aliviar no curto prazo o flagelo da fome, do qual conduziu a criação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) que propiciou a instituição do Programa de Distribuição Emergencial de Alimentos (Prodea).
Surge com o governo Itamar Franco, a fase de estabilização econômica com a introdução do Plano Real que mostrou-se nos meses e anos seguintes o plano de estabilização econômica mais eficaz da história, reduzindo a inflação, ampliando o poder de compra da população e remodelando os setores econômicos nacionais contribuído para reduzir a pobreza, uma melhora no grau de acessibilidade alimentar da população carente, posto que a insuficiência de renda, uma das causas da pobreza, teria diminuído.
Criado em 1986, o Bolsa Escola, foi implementado em 2001 pelo governo federal Fernando Henrique Cardoso de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), vinculado ao Ministério da Educação.
Em 2002, já havia no Brasil uma multitude de programas sociais que já beneficiavam cerca de 5 milhões de famílias, através, entre outros, de programas, Auxílio Gás, vinculado ao Ministério de Minas e Energia e o Cartão Alimentação, vinculado ao Ministério da Saúde, cada um desses geridos por administrações burocráticas diferentes. 
A primeira-dama, Ruth Cardoso, impulsionou a unificação dos programas de transferência de renda e de combate à fome no país e através da Lei 10.836, de 9 de janeiro de 2004, assinada pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva instituiu o Programa Bolsa Família unificando o Bolsa Escola, Auxílio Gás e Cartão Alimentação.
O Programa Bolsa Família (PBF) corresponde a um programa brasileiro de transferência direta de renda com condicionalidades, que beneficia famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. 
Nesta experiência de atuação, observa-se entre os profissionais da educação uma busca freqüente de conceitos e procedimentos para superar os diversos desafios encontrados nos múltiplos setores da sociedade e dentre estes a superação da pobreza. Um desses desafios é garantir a todos seres humanos o direito à educação com o exercício pleno da cidadania, acreditando que com o atendimento do direito à educação superaria todos os desafios da sociedade inclusive a pobreza
Nesta perspectiva, compreende-se que a educação nos últimos anos vem constituindo um assunto importante de interesse de importantes agências internacionais. Por exemplo, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e cultura, órgão da ONU, vem atuando junto aos países membros a favor no desenvolvimento a Educação e da redução do analfabetismo. Esse interesse se intensificou nas últimas décadas, expressando como já falamos, na realização de conferências mundiais para discussão das questões da educação e a defesa de sua expansão em todo o mudo. 
A relevância da execução desse trabalho se deu pela busca de nele compreender as soluções possíveis e indicadas para a realidade da situação educacional brasileiro compreendendo a erradicação da pobreza, constituindo melhores atendimentos às condicionalidades do Programa Bolsa Família através do trabalho do profissional do Serviço Soccial. 
Diante dessas situações otema de estudo teve por direcionamento a questão geradora na qual procura investigar como o Programa Bolsa Família pode contribuir para melhor atendimento ao direito da educação? Como o Programa Bolsa Família pode ajudar na educação das famílias beneficiadas? Quais as contribuições do assistente social no âmbito educacional?
Diante do exposto, através de pesquisa bibliográfica e análise de dados coletados, pretende-se com esse trabalho, inscrever no debate do entendimento do Programa Bolsa Família relacionado ao direito à educação como um todo objetivando compreender o trabalho do Assistente Social diante das condicionalidades de educação do Programa Bolsa Família, considerando as diretrizes nacionais e as relações intergovernamentais e intersetoriais na gestão das condicionalidades. E especificamente: identificar como o Assistente Social pode contribuir para melhor atendimento ao direito à educação; identificar as contribuições do assistente social no âmbito educacional e diferenciar o que tem sido feito pela escola para atender realmente estas condicionalidades.
Em função dos objetivos propostos, esta pesquisa revestiu-se de um caráter analítico descritivo, desenvolvido entre os parâmetros de uma metodologia de revisão bibliográfica, propondo desvendar e apontar caminhos dignos do trabalho do Assistente Social frente ao Programa Bolsa Família no atendimento ao direito da educação, procurou-se selecionar obras relevantes para o tema discutido.
Assim buscou-se respaldo nos autores que já desenvolveram pesquisas voltadas para o direito à educação e o Programa Bolsa Família, debruçndo sobre a produção escrita da área, encontrada em livros, sites, revistas, jornais, etc, em busca de material que pudesse apontar caminhos, num trabalho minucioso de levantamento de documentação sobre o assunto. Isto porque há possibilidade de um aprofundamento teórico do tema abordado, dada a possibilidade de se captar a percepção de diferenciados autores sobre o tema pesquisado.
Esta abordagem, atualmente é a metodologia predominante em educação devido as suas principais características que são: delimitar o tema, formular o problema e a hipótese e seguir com o levantamento bibliográfico para análise e construção do texto de pesquisa. 
Assim, procurou-se demonstrar a contribuição que o Programa Bolsa Família pode contribuir para o acesso a uma educação de qualidade com otimização dos processos pedagógicos e a melhoria da qualidade da educação que devem conter propostas inovadoras e pautadas pela inclusão social,
2. O SERVIÇO SOCIAL E O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
O Serviço Social  focaliza na coletividade e integração do indivíduo na sociedade, portanto, o Assistente Social, profissional da área do serviço social que atua no combate às desigualdades da sociedade, analisando, acompanhando e propondo soluções para melhorar as condições de vida. O Assistente Social age de forma direta em vários campos e instituições da sociedade, podendo desenvolver atividades nos domínios privados, governamentais e não governamentais, em áreas como: educação, saúde, gênero, família, trabalho, habitação, assistência, lazer, reabilitação, sistemas penitenciários e previdência social (VERDÈS-LROUX, 2016).
Ianamoto e Carvalho (2008), mencionam que o Assistente Social atua em diversos espaços sócio-ocupacionais, na formulação, execução e avaliação de serviços, programas e políticas sociais que visam à preservação, defesa e ampliação dos direitos humanos e da justiça social como: nas expressões da questão social, formulando e implementando propostas para seu enfrentamento por meio de políticas sociais públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais.
Relacionado ao Assistente Social Ianamoto (2012), fala que este profissional é dotado de formação intelectual e cultural generalista crítica, competente em sua área de desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva no conjunto de relações sociais e no mercado de trabalho. É um profissional comprometido com os valores e princípios norteados do Código de Ética do Assistente Social. Além de apresentar uma intervenção investigativa através da pesquisa e análise da realidade social.
Para Abreu (2014), o Assistente Social contribui para a construção de uma ordem social, política e econômica menos desigual que a atual. Reconhecendo nos determinantes estruturais e nas dificuldades da realidade social, os limites e as possibilidades do trabalho profissional, e rebelando-se contra os problemas das injustiças, que afetam os desamparados socialmente.
Segundo Senna (2013), a necessidade da prática profissional do assistente social no Estado, que é o representante de uma ordem social determinada, se faz para a relativização da problemática social gerada pela sociedade capitalista, e para controlar ou canalizar os conflitos emergentes, assumindo, como direito inalienável da população explorada, a busca e a garantia da política social, de forma organizada e planejada. 
Por conseguinte, Verdès-Lroux, (2016), complementam que os campos de atuação do profissional do serviço social são os equipamentos da rede de serviços sociais, sejam eles rurais ou urbanos, nas organizações públicas, em empresas privadas, fábricas, nas organizações não governamentais, entidades filantrópicas sem fins lucrativos, organizações sociais (OS), e fundações privadas. 
Ao representar por uma ordem social determinada e constituir o direito inalienável da população explorada, a busca e a garantia da política social, surge nos anos da década de 30, dentre as transformações econômicas, políticas e sociais ocorridas no Brasil, as emergências do processo simultâneo de descoberta científica da fome, e com isto, as precárias condições de vida da classe trabalhadora amplamente denunciadas, a alimentação era pobre em vitaminas e sais minerais e gerava alta mortalidade e baixa esperança de vida, provoca assim, a realização de estudos que serviu de base para a regulamentação da lei do salário mínimo (BETO, 2019).
Segundo Castro (2010, já nos anos 40 se debatia sobre como prover assistência a famílias pobres e miseráveis, e assim, surgira na década de 50 a concessão de benefícios inicialmente com a distribuição de cestas básicas em áreas carentes principalmente do norte e nordeste, algumas vezes seguidas de denúncias de corrupção devido a centralização das compras em Brasília, além do desvio de mercadorias pela falta de controle logístico. 
E, portanto, Costa e Cunha (2014), menciona que a instituição do Programa Bolsa Família integra o Plano Brasil sem Miséria, pauta-se na articulação de três dimensões: promoção do alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta de renda à família; reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e Educação, por meio do cumprimento das condicionalidades; e coordenação de programas complementares, que têm por objetivo o desenvolvimento das famílias, visando à superação da situação de vulnerabilidade e pobreza.
Por conseguinte, Senna (2013), diz que o Programa Bolsa Família unificou o Programa Bolsa-Escola, o Auxílio Gás e o Cartão Alimentação. O Bolsa-Escola foi um programa de transferência de renda com condicionalidades implementado em 2001 pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, cujo objetivo era pagar uma bolsa mensal em dinheiro, através de cartões magnéticos, às famílias de jovens e crianças de baixa renda como estímulo para que essas frequentassem a escola regularmente. 
Para Burlandy (2009), o objetivo maior do Programa Bolsa-Escola era substituir ajudas humanitárias esporádicas de governos, como cestas básicas, por um sistema compensatório de distribuição direta de renda ao estrato mais pobre da população, mais prático e objetivo e imune a corrupção.
Neste contexto, Corrêa (2012), afirma que em 2003, foi incorporado, junto ao Programa Bolsa Família: Bolsa-Escola, Cartão Alimentação e Auxílio-gás. O cartão alimentação era o benefício que cada família do Programa ia R$ 15,00a R$ 45,00 por mês, dependendo do número de beneficiários na família. Auxílio-Gás ou Vale Gás administrado pelo Ministério de Minas e Energia, consistia no pagamento de R$ 15,00 (quinze reais) para cada família com renda de até meio salário-mínimo a cada dois meses, como forma de subsidiar a compra de botijões de gás, foi um programa de distribuição de renda implementado pelo governo federal em 2001 para atender os beneficiários da Rede de Proteção Social, juntamente com o Bolsa-Escola (do Ministério da Educação) e o Bolsa-Alimentação (do Ministério da Saúde).
Surge, portanto, em 2003, a idéia do Programa Bolsa Família, assinado em nove de janeiro de 2004, pelo então Presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva, sendo, portanto, a mais importante das políticas sociais do governo brasileiro e é hoje o maior programa de transferência condicionada de capital do mundo que consistiu na unificação e ampliação desses programas sociais num único programa social, com cadastro e administração centralizados no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A unificação de todos os programas sociais facilitou a eficiência administrativa e fiscalização (BRASIL, 2006).
No entanto, para Cacciamali, Tatei e Batista (2010), o vale gás continua inserido ao programa Bolsa Família com as condições de além de estar inscrito ao Bolsa Família é preciso que essas pessoas tenham renda mensal por membro familiar de até R$ 85,01 a R$ 170,00, e as famílias que recebem até R$ 170 reais precisam ter adolescentes entre 16 e 17 anos de idade. O valor do vale gás é depositado a cada dois meses para ajudar a custear o gás de cozinha, que é tão necessário para a alimentação.
O Programa Bolsa Família é um programa que contribui para o combate à pobreza e à desigualdade no Brasil, foi criado em outubro de 2003 e possui três eixos principais que são o complemento da renda  do qual todos os meses, as famílias atendidas pelo Programa recebem um benefício em dinheiro, que é transferido diretamente pelo governo federal, portanto, esse eixo garante o alívio mais imediato da pobreza. Outro eixo é o acesso a direitos  em que as famílias contempladas devem cumprir alguns compromissos (condicionalidades), que têm como objetivo reforçar o acesso à educação, à saúde e à assistência social, oferecendo oferece condições para as futuras gerações quebrarem o ciclo da pobreza, graças a melhores oportunidades de inclusão social. O terceiro eixo é articulação com outras ações, pois o Programa Bolsa Família tem capacidade de integrar e articular várias políticas sociais a fim de estimular o desenvolvimento das famílias, contribuindo para elas superarem a situação de vulnerabilidade e de pobreza.
A gestão do Bolsa Família é descentralizada, ou seja, tanto a União, quanto os estados, o Distrito Federal e os municípios têm atribuições em sua execução. Em nível federal, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) é o responsável pelo Programa, e a Caixa Econômica Federal é o agente que executa os pagamentos. 
O Programa Bolsa Família está previsto pela Lei Federal nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004 e é regulamentado pelo Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004, e outras normas
Alves e Cavenachi (2009), salientam que o Programa Bolsa Família é uma forma de investimento em capital humano com as condicionalidades de os beneficiários entre estas, manter as crianças na escola e levá-las com regularidade a centros de saúde para verificar a nutrição e controle de vacinação, provendo uma ajuda de emergência para os pobres e extremamente pobres, e as condicionalidades promovem o investimento de longo prazo no capital humano.
Com isto, o Programa Bolsa Família é citado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como responsável pela saída do Brasil do Mapa Mundial da Fome. Neste enfoque, em 2011, o Governo Dilma Rousseff anunciou a expansão do programa, como parte do programa Brasil sem Miséria, que teve como objetivo retirar da situação de pobreza extrema (BARBOSA E CORSEUIL, 2014). 
Segundo Camargo e Pazello (2014), o benefício do Programa Bolsa Família é pago com o uso do Cartão do Cidadão, do Cartão do Bolsa Família, que são enviados pelo correio ou através de uma conta aberta na Caixa Econômica Federal. Estes cartões funcionam da mesma maneira que um cartão de débito bancário normal e são emitidos pela Caixa Econômica Federal e objetiva evitar a corrupção das normas de distribuição dos recursos e desvinculá-los das figuras e partidos do cenário político. Os nomes e dados de cada um dos beneficiários do Bolsa Família estão disponíveis no Portal da Transparência.
O Programa Bolsa Família vem contribuindo para uma significativa redução na exploração do trabalho infantil. Além disto, o dinheiro recebido é gasto, pela ordem, em comida, material escolar, roupas e sapatos (AMARAL E MONTEIRO, 2013).
O Programa Bolsa Família envolve diretamente o exercício profissional dos assistentes sociais no âmbito da política de assistência social brasileira, desencadeando, novas requisições, demandas e possibilidades ao trabalho do assistente social. 
Na verdade, o trabalho do assistente social na operacionalização do Programa Bolsa Família é focalizado e condicionado representando a expressão máxima da reconfiguração das políticas sociais contemporâneas, imbuídas de argumentos de corte liberal ou neoliberal e, consequentemente, antagônicas aos argumentos de políticas sociais influenciadas pela lógica da universalidade.
A dimensão ética intrínseca ao modelo condicionado e focalizado do Programa Bolsa Família apresenta uma natureza em que o beneficiário, sujeito passivo, é transmutado em ativo diante as exigências a serem cumpridas para o recebimento do benefício. Desse modo, a lógica de ativação do beneficiário rumo à superação individual da sua condição de pobreza prioriza a lógica de autorresponsabilização, o que significa retornar a questão da pobreza para o plano moral.
A Entre as atribuições exigidas ao assistente social se referem à capacidade de treinar o beneficiário para se inserir no mercado, de preferência formal na busca de um processo socioeducativo pautado no domínio de procedimentos ocupacionais. A gestão das condicionalidades do PBF requer um sistema de controle que, em nome da eficácia,se estrutura de modo a estar munido contra situações fraudulentas. 
As dimensões coercitivas e punitivas do PBF ao penalizar famílias por descumprirem condicionalidades acabam por, concomitantemente, contribuir no processo de estigmatização de beneficiários pobres, gerando situações nas quais a vergonha é imposta por fora, sob o status de “descumpridor de condicionalidades”. 
Outra armadilha no trato com a família beneficiária é a naturalização do seu papel no (des)cumprimento das condicionalidades presentes nos discursos e textos oficiais, e se expressa, pois as condicionalidades remetem a obrigações que os pais já têm, previstas em lei, como enviá-las à escola e vaciná-las, ou exigidas socialmente, como cuidar de sua saúde. Os aspectos negativos das condicionalidades também são aprendidos por pesquisadores pela ótica dos próprios beneficiários. 
2.1 O Serviço Social e as condicionalidades do Programa Bolsa Família
As condicionalidades são os compromissos assumidos tanto pelas famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família quanto pelo poder público para ampliar o acesso dessas famílias a direitos sociais básicos. Por um lado, as famílias devem assumir e cumprir esses compromissos para continuar recebendo o benefício financeiro. Por outro, as condicionalidades responsabilizam o poder público pela oferta dos serviços públicos de saúde, educação e assistência social (CORREA, 2012).
De acordo com Castro (2010), as condicionalidades do programa estão voltadas para a área de educação, saúde e assistência social. No setor saúde, as condicionalidades que as famílias devem cumprir são o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil pela vigilância nutricional, a vacinação para crianças menores de sete anos e a assistênciapré-natal e pós-parto. Os profissionais de saúde devem acompanhar as famílias participantes do Programa Bolsa Família no exercício das condicionalidades com responsabilidade compartilhada entre todos os atores sociais envolvidos.
De acordo com Lima (2013), relacionado à saúde as famílias devem: levar as crianças até 7 anos para serem vacinadas conforme o calendário de vacinação do Ministério da Saúde; levar as crianças até 7 anos para serem pesadas e medidas de maneira a terem acompanhados o seu crescimento e desenvolvimento e as gestantes a participarem do pré-natal.                                                
Em relação à educação, segundo Campos (2012), o Programa Bolsa Família condiciona aos filhos dos beneficiários o índice de frequencia escolar em 85% para estudantes de 6 a 15 anos e 75% para estudantes de 16 a 17 anos. 
E, portanto, Lima (2013), complementa que o acompanhamento das condicionalidades é realizado por meio de sistemas específicos e tem como objetivos: monitorar o cumprimento dos compromissos pelas famílias beneficiárias, como determina a legislação que criou o Programa Bolsa Família; responsabilizar o poder público pela garantia de acesso aos serviços e pela busca ativa das famílias mais excluídas e vulneráveis; identificar, nos casos de não-cumprimento, as famílias em situação de maior vulnerabilidade e orientar ações do poder público para seu acompanhamento. 
Neste contexto, Amaral e Monteiro (2013, dizem que a gestão das condicionalidades do Programa Bolsa Família é um trabalho de parcerias entre os três níveis de governo e entre vários setores. Periodicamente, o Ministério da Cidadania gera uma base de dados com o público para acompanhamento das condicionalidades, uma tabela com informações das crianças e dos adolescentes de 6 a 17 anos que deverão ter a frequência escolar verificada, informações das crianças de 0 a 6 anos que deverão ter o calendário vacinal, o peso e a altura acompanhados, além de dados das mulheres em idade fértil para identificação das gestantes e acompanhamento do pré-natal.
De acordo com Januzzi e Pinto (2013), a partir das informações das famílias que constam no Cadastro Único e do Sistema de Benefícios ao Cidadão (Sibec), o Sistema de Condicionalidades (Sicon) gera o público com perfil para acompanhamento das condicionalidades. Em seguida, o Ministério da Cidadania envia para o Ministério de Educação (MEC) e para o Ministério da Saúde (MS) as listas com o público a ser acompanhado nas respectivas áreas. O envio ocorre por meio de sistemas específicos — Sistema Presença e Sistema de Gestão do PBF na Saúde, respectivamente —, e o MEC e o MS disponibilizam as informações aos municípios. Com base nas listas com a relação das famílias em seu território, os municípios realizam o acompanhamento, coletam os resultados da frequência escolar e do atendimento em saúde e os registram nos respectivos sistemas da saúde e da educação;
Portanto, Campelo e Néri (2013), afirmam que anualmente, o Ministério da Cidadania, o Ministério da Educação e Cultura e o Ministério Social definem um calendário operacional que apresenta os períodos de coleta e de registro das informações do acompanhamento das condicionalidades nos sistemas da saúde e da educação. O calendário anual com as principais atividades do acompanhamento de condicionalidades é publicado em Instrução Operacional. 
As famílias em descumprimento são notificadas pelo Ministério da Cidadania, por meio de cartas e mensagens no extrato de pagamento, recomendando que procurem a gestão do Programa Bolsa Família município, em caso de dúvidas. As cartas indicam o integrante da família que descumpriu algum dos compromissos (se foi relacionado à área de saúde ou de educação) e o efeito aplicado. A correspondência também relembra ao Responsável Familiar quais são as condicionalidades do Programa Bolsa Família.
Para que uma família tenha seu benefício cancelado, Rego e Pinzani (2013), dizem que são necessárias as seguintes ocorrências: a família estar em fase de suspensão; o registro de Acompanhamento Familiar (AF) estar ativo no Sistema Integrado de Consignação (Sicon). Se, após 12 meses, contados do dia em que tenham começado a vigorar simultaneamente os itens a e b (suspensão e registro no Sicon de AF), a família apresentar novo descumprimento com efeito de suspensão. Quando uma família descumpre os compromissos do Programa Bolsa Família, são aplicados efeitos que podem causar repercussão nos benefícios. 
Para Januzzi e Pinto (2013), os efeitos do descumprimento das regras específicas do Programa Bolsa Família são gradativos e variam conforme o histórico de descumprimento da família, registrado no Sistema Integrado de Consignação. Lá, o gestor municipal tem acesso a todos os descumprimentos e repercussões sobre o benefício de determinada família. Os efeitos dos descumprimentos são: Advertência: a família é comunicada de que algum integrante deixou de cumprir condicionalidades, mas não deixa de receber o benefício. Bloqueio: o benefício fica bloqueado por um mês, mas pode ser sacado no mês seguinte junto com a nova parcela. Suspensão: o benefício fica suspenso por dois meses, e a família não poderá receber os valores referentes a esse período; Cancelamento: a família deixa de participar do Programa Bolsa Família.
Segundo Lima (2013), para a progressão de um efeito para o seguinte, considera-se o intervalo de seis meses. Mas, se o novo descumprimento ocorrer em prazo superior a seis meses, o efeito será a advertência, isto é, reinicia-se a aplicação gradativa dos efeitos. O prazo de seis meses, no entanto, não vale para a progressão da suspensão para o cancelamento, que obedece a regras específicas.
Figura 1 – Regras específicas do descumprimento das condicionalidades do PBF
 Fonte: mds.gov.br
Para Cohn e Fonseca (2014), quando o descumprimento ocorrer por motivos em que cabem justificativas — seja por alguma situação ocorrida na própria família, seja por erro no registro dos dados de acompanhamento, o beneficiário pode entrar com recurso junto à gestão municipal do Programa Bolsa Família, com a finalidade de reverter o efeito aplicado.
O recurso tem prazo para ser apresentado: até o último dia útil do mês seguinte ao da repercussão, e este deve ser registrado e avaliado pela gestão municipal no Sistema Integrado de Conciliação pelo Gestor Municipal do Programa Bolsa Família ou por outro profissional indicado por este gestor. E se este recurso for aceito, o último efeito de descumprimento é anulado e a família poderá receber o benefício financeiro referente a esse período (REGO e PINZANI, 2013). Também complementa que a gestão municipal do Programa Bolsa Família poderá reconhecer, mesmo se a família não tiver apresentado recurso, erros comprovados no registro de condicionalidades, anulando, no Sistema Integrado de Conciliação, os efeitos no histórico da família e sobre o benefício financeiro, por meio da funcionalidade de recurso.
Na área da educação, segundo Corrêa (2012), o acompanhamento da frequência escolar dos beneficiários de 6 a 17 anos ocorre cinco vezes ao ano, bimestralmente, excluindo-se os meses de dezembro e janeiro, destinados às férias escolares. Na área da saúde, há dois períodos de acompanhamento, ou as chamadas vigências que englobam, cada um, de um semestre.
Neste contexto, segundo Camargo e Pazello (2014), o Ministério da Cidadania é responsável por sistematizar os resultados do acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família, por meio do Sistema Integrado de Conciliação em identificar as famílias em situação de descumprimento de condicionalidades nas áreas de saúde ou de educação como: os estudantes com baixa frequência escolar; as crianças com calendário de vacinação e acompanhamento do crescimento desatualizados e as gestantes que não realizaram o pré-natal e assim sinalizar ao poder público que, por algum motivo, estão com dificuldades de acessar esses serviços. E esta dificuldade de acesso pode ser um indício de que a família se encontra em situação devulnerabilidade e risco social.
Portanto, para Januzzi e Pinto (2013), o acompanhamento das condicionalidades permite ao poder público mapear algumas das principais situações de vulnerabilidade e risco social vivenciadas pelas famílias mais pobres. Esses processos incluem cruzamentos periódicos de bases de dados sobre o monitoramento realizado pela saúde e pela educação, além de indicadores que mostram em que medida as famílias beneficiárias do PBF estão conseguindo acessar os serviços nessas áreas. Os casos de descumprimento podem sinalizar situações que requeiram a atuação da assistência social. Assim, é possível construir diagnósticos sociais sobre indivíduos, famílias e territórios e executar ações de governo. Exemplos de informações com grande potencial de utilização são os motivos de baixa frequência escolar, os dados de situação nutricional de crianças e gestantes e o acompanhamento familiar realizado pela rede socioassistencial.
O profissional da área da assistência social que estiver responsável pelo acompanhamento sócio assistencial das famílias poderá ter acesso ao Siatema Integrado de Conciliação (Sicon) e registrar o resultado desse acompanhamento no módulo denominado: Acompanhamento Familiar. Nessa ferramenta, também é possível interromper, por até seis meses, os efeitos decorrentes do descumprimento de condicionalidades, caso o trabalhador social avalie que a manutenção da transferência de renda é necessária para a família superar as vulnerabilidades (CAMPELO E NÉRI, 2013).
Para Abreu (2014), o profissional da assistência social terá a prerrogativa de prorrogar a interrupção temporária dos efeitos do descumprimento por mais seis meses, ou, ainda, cessar essa interrupção antes do fim do prazo, por meio de comando no Sicon. Sua decisão deverá estar sustentada na avaliação do histórico familiar registrado no sistema e das vulnerabilidades de cada família.
Segundo Silva Brandão e Dalt (2012), a análise das informações sobre o acompanhamento de saúde, educação e assistência social é uma importante ferramenta para as gestões do Programa Bolsa Família, pois contribui tanto para ações pontuais com as famílias quanto para a formulação ou o aprimoramento das políticas públicas. Os dados permitem uma visão ampla dos municípios e dos estados, além de uma radiografia ao longo do tempo dos números relativos e absolutos de crianças com baixo peso, sobrepeso, da falta de transporte escolar, da falta de ofertas dos serviços etc.
Cacciamali, Tatei e Batista (2010), mencionam que os resultados do acompanhamento de educação e de saúde pelo poder público podem contribuir para o planejamento, a gestão e a prestação dos serviços sócio assistenciais aos beneficiários do Programa Bolsa Família. O acompanhamento familiar é um dos serviços oferecidos pela rede da assistência social e deve ser ofertado às famílias em descumprimento de condicionalidades, prioritariamente àquelas que estão com o benefício suspenso.
A partir das situações de vulnerabilidade e risco social apontadas durante o acompanhamento das condicionalidades, é possível identificar e localizar, no território, as famílias que necessitam do trabalho social, além da visita da própria família aos Centro de Referencia de Assistencia Social (CRAS) ou aos Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) (LIMA, 2013).
Amaral e Monteiro (2013), dizem que o trabalho social dá apoio à família na superação de vulnerabilidades sociais e no enfrentamento dos riscos que estão associados à pobreza. O serviço, aliado à garantia de renda por meio da interrupção dos efeitos do descumprimento efetuada no Sicon, potencializa a capacidade de recuperação, preservação e desenvolvimento da função protetiva das famílias, contribuindo para sua autonomia e emancipação. Por tudo isso, a utilização dos indicadores da gestão de condicionalidades pelos serviços socioassistenciais fecha o “ciclo” das condicionalidades, formando um círculo virtuoso.
Quanto ao Programa Bolsa Família na educação, Oliveira e Soares (2013), mencionam que as famílias devem matricular as crianças e adolescentes de 6 a 17 anos na escola; garantir a frequência escolar mensal mínima de 85% para as crianças de 6 a 15 anos e de 75% para os adolescentes de 16 e 17 anos que recebem o BVJ (Benefício Variável Vinculado ao Adolescente); informar à escola sempre que algum motivo impedir o aluno de ir às aulas; manter atualizadas as informações de escola das crianças e adolescentes no Cadastro Único.                                                                      
Nesta perspectiva, Santarrosa (2011), afirma que o acompanhamento das condicionalidades é realizado por meio de sistemas específicos e tem como objetivos o monitorar o cumprimento dos compromissos pelas famílias beneficiárias, como determina a legislação que criou o Programa Bolsa Família; responsabilizar o poder público pela garantia de acesso aos serviços e pela busca ativa das famílias mais excluídas e vulneráveis; identificar, nos casos de não-cumprimento, as famílias em situação de maior vulnerabilidade e orientar ações do poder público para seu acompanhamento.
3. O DIREITO À EDUCAÇÃO 
 Quando falamos em direito pela educação devemos rever a Declaração de Direito Humanos que há 60 anos foi proclamada com o ideal de atingir todos os povos e todas as nações a promover a educação, em seu Artigo XXVI declara que, “Todo ser humano tem direito a instrução. A instrução será pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior baseada no mérito ( BETO, 2019).
A história do direito da educação no ensino regular tem sido um tema cada vez mais debatido nas últimas décadas, apresentando-se como determinante das políticas públicas educacionais em todos os seus níveis: nacional, estadual e municipal. As discussões sobre direito de educação tem provocado reflexões desde a própria terminologia adotada como os meios de efetivação de suas práticas buscando a superação da pobreza não só alimentar, mas também social ((CURY, 2012).
No entanto, para Ghanem (2012), apesar do direito à educação ser mais amplo que o direito à escola, no Brasil, este direito há muitos anos está estabelecido em lei, diferentemente de muitos países do terceiro mundo. O que ocorre é que a promulgação do direito à escolarização tradicionalmente se adianta à sua implantação, à sua efetivação. 
Mas, apesar do número assustador de analfabetos no mundo, ainda há por poucos, as lutas por esse direto que vai aos poucos realizando conferências, convenções, pactos e declarações que aos poucos conscientizam os nossos “governantes”, ou melhor, nossos líderes de conceber a “Educação para Todos”. E assim aos poucos esta vai abrindo espaço a passos muito lento (HADAD, 2019). 
Assim, Para Cury (2012), a educação nos últimos anos vem constituindo um assunto importante de interesse de importantes agências internacionais. Por exemplo, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e cultura, órgão da ONU, vem atuando junto aos países membros a favor no desenvolvimento a Educação e da redução do analfabetismo. Esse interesse se intensificou nas últimas décadas, expressando como já falamos, na realização de conferências mundiais para discussão das questões da educação e a defesa de sua expansão em todo o mudo. 
Já a Convenção Relativa à Luta Contra as Discriminações na Esfera do Ensino conduz a entender por discriminação toda distinção, exclusão, limitação ou preferência fundada na raça, na cor, no sexo, no idioma, na religião, nas opiniões políticas ou de qualquer outra índole, na origem nacional ou social, na posição econômica ou o nascimento, que tenha por finalidade ou por efeito destruir ou alterar a igualdade de tratamento na esfera do ensino (GHANEM, 2012). 
 E o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais concorda que a educação deverá visar ao pleno desenvolvimentoda personalidade humana, do sentido de sua dignidade e a fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. Concorda ainda que a educação deverá capacitar todas as pessoas a participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz (NUNEZ, 2012).
A conferência Mundial de Educação para todos que resultou a Declaração Mundial sobre educação para todos que retrata um consenso mundial sobre educação básica. Constitui-se numa ratificação do compromisso para garantir que as necessidades básicas de aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos sejam realmente satisfeitas em todos os países. 
A Declaração do Milênio das Nações Unidas é um documento histórico para o novo século. Aprovada na Cúpula do Milênio - realizada de 6 a 8 de setembro de 2000, em Nova York -, reflete as preocupações de 147 Chefes de Estado e de 191 países, que participaram da maior reunião de chefes mundiais já realizada.
Esta Declaração foi elaborada ao longo de meses de conversações, em que foram levadas em consideração as reuniões regionais e o Fórum do Milênio, permitindo que diversas vozes fossem ouvidas. Apraz-me verificar que muitos dos compromissos e alvos sugeridos no meu Relatório do Milênio foram incluídos nela.
Na Declaração, os dirigentes deram indicações claras de como adaptar a Organização ao novo século. Estão preocupados - aliás, justamente - com a eficácia da ONU. Querem ação e, acima de tudo, resultados. 
 Dos 147 chefes resultaram posições de consenso que passaram a orientar a elaboração de planos decenais de educação em todo o mundo, especialmente nos países que assinaram o documento. Desde então, sua importância para esses países tem sido muito grande na orientação das políticas educacionais.
Dentre estes documentos podemos perceber que deles resultaram posições de consenso que passaram a orientar os nossos líderes a atuarem no sentido da educação básica e da melhoria da qualidade do ensino.
Para que a proposta de educação de qualidade para todos, em todo o mundo, se torne realidade, é necessário proceder a uma profunda reorganização dos sistemas educacionais dos diferentes países, a fim de corrigir suas deficiências e assegurar que todos os indivíduos tenham de fato, direito a uma educação. Neste sentido pode-se dizer que a consideração da educação pelas agências internacionais, têm influenciado reformas educacionais em vários países, principalmente naqueles mais populosos e subdesenvolvidos. 
Pois, o direito à educação assegurado pela Constituição de 1988 expressa o momento histórico de redemocratização da sociedade brasileira, que demandou dos constituintes compromissos com o alargamento dos direitos sociais para o conjunto da população. conveniente à orientação neoliberal dos governos brasileiros do pós-1988, fez com que o necessário esforço de priorização do ensino obrigatório prosseguisse coexistindo com situações de restrição e negação do direito da população ao acesso e atendimento, com qualidade, em todas as etapas da educação básica ( CURY, 2010).
Assim, Campos (2012), fala que a configuração do direito à educação no Brasil reflete a afirmação da educação como um direito humano no contexto internacional. Os sistemas escolares são parte deste processo educativo em que aprendizagens básicas são desenvolvidas. Ali, conhecimentos essenciais são transmitidos, normas, comportamentos e habilidades são ensinados e aprendidos. Nas sociedades modernas, o conhecimento escolar é quase uma condição para sobrevivência e bem estar social. 
Para Nogueira (2013), outro aspecto importante e que fundamenta a Educação como um Direito Humano diz respeito ao fato de que o acesso à educação é em si base para a realização dos outros Direitos. Isso quer dizer que o sujeito que passa por processos educativos, em particular pelo sistema escolar, é normalmente um cidadão que tem melhores condições de realizar e defender os outros direitos humanos (saúde, habitação, meio ambiente, participação política etc). A educação é base constitutiva na formação do ser humano, bem como na defesa e na constituição dos outros direitos econômicos, sociais e culturais. 
Na Declaração, os dirigentes deram indicações claras de como adaptar a Organização ao novo século. Estão preocupados - aliás, justamente - com a eficácia da ONU. Querem ação e, acima de tudo, resultados. 
 Um dos aspectos do direito da educação que deve nortear os conteúdos curriculares é o da igualdade de condições assegurada e protegida pelo poder público que deve condicionar o acesso ao bem traído pelos conhecimentos que possam considerar como significativo para proporcionar aos indivíduos o reconhecimento de igualdade (FREIRE, 2003).
Assim, para Nunez (2012), o ordenamento legal assinala o padrão de qualidade como princípio do ensino que envolve a incorporação de conhecimentos que se tornaram patrimônio comum da humanidade. Também o princípio da obrigatoriedade do cumprimento de dias letivos, carga horária, proteção da criança e do adolescente e o compromisso de informar aos pais a freqüência e o rendimento de seus filhos no processo ensino e aprendizagem. 
Com isto, Cury (2012), diz que a qualidade do ensino supõe a busca do melhor conhecimento de um padrão científico e fundamentado dos conteúdos acumulados e transmitidos com profissionais do ensino com sólida formação básica. Essa formação compreende o domínio dos métodos e técnicas de ensino e acesso a à educação continuada, presencial ou à distância implicando o enfrentamento de um processo de mudança que vai do processo de produção às mais elaboradas formas de estática.
Esse conjunto de princípios e regras se condensa no projeto pedagógico que ganha em riqueza e diversidade pela consideração e pelo envolvimento da subjetividade dos profissionais no processo consciente de propiciar o melhor para todos.
Poucos percebem que é através destas lutas que aos poucos vai realizando conferências, convenções, pactos e declarações que aos poucos conscientizam os nossos “governantes”, ou melhor, nossos líderes de conceber a “Educação para Todos”. E assim aos poucos esta vai abrindo espaço a passos muito lento (BETO, 2019). 
Segundo Moraes (2012), o direito à educação não está assegurado para todos como exposto na Constituição, pois, se não existem escolas suficientes e se os pais não podem pagar transportes, taxas escolares e livros didáticos, ou, ainda, quando a pobreza obriga a criança a procurar trabalho muito cedo, restringindo o tempo e as condições para dedicar-se à escola.
Como podemos ver, além a asseguridade da educação para todos estabelecido na Declaração de Direitos Humanos e na Constituição Federal, a Lei e Diretrizes e Bases da Educação Nacional, constitui a Lei maior que rege a educação brasileira e distingue de duas medidas importantes como: a valorização da experiência extra-escolar e a possibilidade e criação pelo poder público de formas alternativas de acesso aos diferentes níveis e ensino, independentemente da escolarização anterior ( GHANEM, 2012).
Neste contexto, Nogueira (2013), fala que para que o direito à educação seja garantido é necessário que a escola tenha a função de preparar os indivíduos para os papéis que vêm desempenhar na sociedade, conforme sua aptidão, seus talentos e seus próprios interesses, sem questionar a organização dessa sociedade. Assim, atuar na formação e valores e atitudes reclamadas pelo mundo satisfazendo as necessidades básicas de aprendizagem.
Portanto, o direito à educação não é assegurado, ele é apenas previsto, tendo como exemplo maior a Constituição Federal que diz que este direito pode e deve ser exigido dos órgãos competentes o cumprimento em proporcionar os meios e o acesso à educação.
Entretanto o direito à educação vem sendo garantido por mão e várias lutas e ao longo do tempo e em estreita relação com as transformações globais a sociedade.Nesse contexto, verifica-se a necessidade de a escola assumir um outro papel ante a sociedade globalizada estimulando a participação política dos cidadãos que através estas lutas poderão reinvindicarem os seus direitos relacionados à educação e exigir que o poder judiciário cumpra seu deveres e faça da educação um direito social para todos e não apenas para alguns , pois sabemos que há milhões e milhões de analfabetos mundo (HADAD, 2019).
É ai que entra o papel a escola. Na condição de sujeitos de direitos, é necessário que os indivíduos aprendam a ser cidadãos, e esse processo aconteça no seu dia a dia. É importante que eles incorporem o conhecimento e a consciência do que é permitido ou não, do que é direito e do que é dever. Devem compreenderas regras e convivência na sociedade, em suas diferentes instâncias e assegurar que as condicionalidades do Programa Bolsa Família tenha êxito, que a frequencia de todos os alunos inclusive os pobres e os de extrema pobreza sejam efetivados com uma educação de qualidade, pois é através da educação que todos conseguirão melhorar suas vidas na sociedade. . 
3.1 O papel do Programa Bolsa Família a Educação
Considerando que para que se tenha pelo menos o reconhecimento da dignidade e direitos iguais da liberdade da justiça e da paz no mundo é preciso que se tenha instrução elementar declarada como direitos humanos e, no entanto, no Brasil e no mundo há milhões e milhões de analfabetos e como estes milhões sem nenhuma instrução poderá ele próprio reconhecer seu direito à vida com dignidade? Para que se tenha conhecimento é preciso que estude, e aí como sem leitura, sem saber fazer cálculos, poderá este ser, que se diz humano, reinvindicar e viver seus direitos? Se não acesso á Educação, escola, para todos como aprender isso?
No Brasil, no contexto de democratização dos anos 1980, a Constituição de 1988 expandiu direitos e inseriu a assistência social no marco abrangente da seguridade, orientada por uma concepção universalista (BRASIL, 1988).
Segundo Silva Brandão e Dalt (2012), as exigências do Programa Bolsa Família (PBF) vêm cumprindo a meta de reforçar a importância da educação na vida das famílias, criando condições para que as crianças brasileiras possam ter um amanhã com novas oportunidades. Exigir as crianças na escola é uma das condições do Bolsa Família que contribui para que os filhos tenham um futuro melhor que o de seus pais.
Soares (2008), fala que o levantamento da frequência escolar é realizado bimestralmente pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com o MDS. Os dados coletados - especialmente os motivos pelos quais as crianças e adolescentes não atingiram a frequência exigida - servem como indicadores sobre a realidade dessas famílias. Eles também fornecem informações relativas à região e à oferta do serviço, contribuindo ainda para atualizações no Cadastro Único e para o planejamento das ações públicas. 
Portanto, Oliveira e Soares (2013), argumentam que a presença dos alunos às aulas é acompanhada bimestralmente pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). A família que descumprir as condicionalidades por cinco vezes consecutivas tem seu benefício definitivamente cancelado.
Assim, para Cacciamali, Tatei e Batista (2010), para controle e monitoramento do Programa Bolsa Família foi criado em 2006 um programa que utiliza satélites e internet via ondas de rádio permitindo a troca de dados com as Prefeituras, mesmo em regiões em que não há energia elétrica ou telefone. São frequentes, também, questões relativas à efetividade das contrapartidas dos beneficiários, condicionalidades na área da saúde e da educação, as quais têm por objetivo à garantia do acesso a esses direitos básicos, entre outros.
Para Camargo e Pazzelo (2014), são notórios os avanços obtidos pelo programa na última década, principalmente em questão à superação da miséria absoluta. Em se tratando dos titulares do benefício, a sua maioria é constituída de mulheres, sendo criadas condições para o estabelecimento de vínculos entre essas titulares e o mundo extra-lar sem a intermediação de figuras masculinas, tais como maridos, companheiros e outros. 
Apesar de o Programa Bolsa Família contribuir para elevar os anos de estudo entre crianças e jovens pobres, esse resultado não é decorrente de uma melhora nos indicadores de performance escolar. As crianças e jovens da escola pública continuam com dificuldades crônicas.
Neste contexto, Cacciamali,Tatei e Batista (2010), afirmam que o Programa Bolsa Família não se encontra articulado a nenhuma outra política que busque superar o déficit educacional entre as famílias pobres. Os indicadores educacionais atuais mostram que o ingresso dos alunos nas escolas e a permanência nas instituições não oferecem, por si só, as possibilidades de mobilidade e transformação social, se a qualidade de ensino não for algo a ser oferecido. O que se observa, quase que na sua totalidade, é que a questão da qualidade do ensino não é uma preocupação central no contexto do programa.
O controle o acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família segundo Amaral e Monteiro (2013), se encontra sujeito a contestação, pois as condicionalidades não são constantemente monitoradas, e no que concerne especificamente a contrapartida na área da educação, o monitoramento se dá apenas em nível quantitativo. Muitas mães obrigam os seus filhos a irem à aula mesmo quando estão doentes por temerem perder o benefício. 
Ademais, os alunos mais frequentes apresentam melhor desempenho, entretanto, existem fatores que interferem a essa maior frequência, como a postura da família em relação à escola é o capital cultural dessas famílias, os quais contribuem para os resultados alcançados pelas crianças e jovens. Nesse sentido, é possível argumentar que essa condição, por si, só não teria impacto efetivo no serviço de educação.
Para Costa e Cunha (2014), a melhora na qualidade de vida dos beneficiários do Programa Bolsa Família é inquestionável, mas em se tratando de uma política que busca, também, a inclusão social, contempla ajustes que precisam ser feitos, principalmente na área da educação. O programa não foi idealizado para tratar de assuntos correlatos à melhora da educação, entretanto, está claro que o desafio atual encontra-se justamente em melhorar os resultados educacionais. 
Nesse sentido, o alinhamento do Programa Bolsa Família às políticas de educação seria um meio pelo qual, para além de dados apenas numéricos relativos à frequência, poderíamos alinhar à competência do ensino. 
Segundo Barlandy (2009), ao retirar a palavra "escola" do programa social, o governo tirou a ênfase dada a educação, princípio básico para o desenvolvimento econômico e social de pessoas carentes. A transferência da gerência do programa da pasta da Educação para a do Desenvolvimento Social é uma mostra da visão puramente assistencialista:
O Programa Bolsa Escola havia como objetivo conscientizar a população pobre que a escola era algo tão importante que ela ganharia dinheiro para o filho estudar. Ao retirar o nome escola e passar para família deixou de ser uma contrapartida para a ida do filho à escola. Atualmente, essa contrapartida não é cobrada com a devida ênfase, e ainda a retirada do programa do ministério da Educação e ao ser colocado no ministério do Desenvolvimento Social desvalorizou ainda mais a contrapartida educacional (BETO, 2019).
Na verdade, o Programa Bolsa Família não incentiva em nada a garantia de direito da educação, em sua maioria a obrigação de ir à escola é apenas para receber o benefício, ficando as escolas a exmo às famílias que nada ajudam e ainda conseguem atrapalhar, pois a obrigação de ir a escola desestimula a busca por aprendizagem significativa, ficando a cargo das escolas fazerem milagres.
Portanto, para Alves e Cavenachi (2009), em 2006, foi inaugurado um novo sistema informatizado para fiscalizar a condicionalidade da frequência escolar, e, portanto fora a primeiravez que o benefício fora bloqueado ou suspenso. Esse foi o primeiro corte e suspensão em massa de benefícios, por não cumprimento das condicionalidades do programa. Sendo apenas uma advertência da qual não alterara o pagamento dos benefícios. 
Em 2007, o Ministério do Desenvolvimento Social revelou que o incentivo do Bolsa Família não significou melhora no aproveitamento escolar de filhos de família beneficiadas.  As faltas às aulas foram reduzidas em 37%, mas sem impacto no desempenho geral dos alunos. Esse é um resultado ao mesmo tempo intrigante e preocupante, que exige uma análise mais aprofundada por especialistas em educação pois, ao menos intuitivamente, uma maior frequência às aulas deveria provocar, automaticamente, um melhor desempenho escolar (SOARES, 2007). 
Na verdade, o enfrentamento da pobreza a partir da exigência de frequência escolar mínima presente no desenho do Programa Bolsa Família indica que o ingresso na escola e a permanência nela não oferecem, por si, possibilidades de maior mobilidade social se não for levada em conta a qualidade do ensino oferecido.
O difícil na verdade é ofertar um ensino de qualidade com aqueles que simplesmente vão à escola para receber o benefício, e nada querem, portanto, a dificuldade maior mesmo vem da população, da pobreza de educação. Eles não interessam e não estão nem ai nem para com as aulas e também para os materiais escolares, e a família vê a escola apenas como um depósito. 
Para Camargo e Pazzelo (2014), as condicionalidades não deveriam ser impostas às famílias, mas, também, ao Estado, visto que deveriam proporcionar o direito à educação com a expansão e a democratização de serviços educacionais básicos de boa qualidade, que, uma vez disponíveis, seriam utilizados por todos, sem necessidade de imposição e obrigatoriedade. A educação precisa ser valorizada primeiramente pelos governantes para que a população se consciente da necessidade e direito perante a mesma.
Silva e Brandão (2012), mencionam que o Programa Bolsa Família não se encontra articulado a nenhuma outra política que busque superar o déficit educacional entre as famílias pobres. Os indicadores educacionais atuais mostram que o ingresso dos alunos nas escolas e a permanência nas instituições não oferecem, por si só, as possibilidades de mobilidade e transformação social, se a qualidade de ensino não for algo a ser oferecido. O que se observa, quase que na sua totalidade, é que a questão da qualidade do ensino não é uma preocupação central no contexto do programa.
Portanto, o Programa Bolsa Família precisa de ajustes na área da educação. O programa não foi idealizado para tratar de assuntos correlatos à melhora da educação, pois, o desafio atual encontra-se justamente em melhorar os resultados educacionais, portanto, o alinhamento do Programa Bolsa Família às políticas de educação seria um meio pelo qual, para além de dados apenas numéricos relativos à frequência, poderia alinhar à competência do ensino (SENNA, 2013).
Em termos específicos da condicionalidade de educação, Carnelossi e Bernardes (2014) revelam que atribuir determinada função à política educacional, mais especificamente à educação básica como instrumento de enfrentamento à pobreza, não apenas simplifica e desqualifica a especificidade pedagógica da educação, como contribui para uma visão reduzida, mascarada e não crítica do problema relativo ao enfrentamento da pobreza no Brasil, revelando uma visão superficial que encobre os conflitos sociais estruturais mais profundos da realidade brasileira. P
Ainda sobre a transferência de renda atrelada à condicionalidade de educação, conclui-se que a educação no trato dos problemas sociais é sempre uma possibilidade, e não uma certeza; não é qualquer escola que faz a diferença no processo de formação cidadã do aluno. Segundo Carnelossi e Bernardes (2014), é nítida que a participação da educação é importante, porém não é suficiente para impactar na realidade brasileira marcada por uma estrutura extremamente desigual, responsável por estatísticas que envergonham a nação quanto ao número inaceitável de brasileiros pobres. Por ora, a escola é somente uma agência,
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao desenvolver esta pesquisa, procurou-se apresentar soluções possíveis e indicadas para a realidade do Programa Bolsa Família na educação e assim, pode-se detectar a falta de atendimento ao direito da educação na escola. 
Ao analisar as dificuldades encontradas na escola relacionada ao atendimento do direito à educação, percebe-se que muito se tem discutido acerca do direito à educação, no campo educacional, mas há opiniões divergentes sobre este direito que ampliam e aprofundam as reflexões. Contudo sabemos que a exclusão das minorias ainda permanece ferindo este direito que deveria ser unânime.
Relacionado ao Programa Bolsa Família o que se pode considerar como melhoria na educação é apenas a freqüência escolar, pois, a otimização dos processos pedagógicos e a melhoria da qualidade da educação devem conter propostas inovadoras e pautadas pela inclusão social, pois, alunos com condições socioeconômicas desfavoráveis tendem a atingir bem menos no desempenho e proficiência escolar. 
Muito se tem discutido o direito a freqüência na escola relacionada às condicionalidades do Programa Bolsa Família, porém, no campo educacional na escola há opiniões divergentes sobre este direito que ampliam e aprofundam as reflexões. Contudo sabemos que a exclusão das minorias inclusive dos mais pobres, ainda permanece ferindo este direito que deveria ser unânime.
E para que a melhora do ensino e aprendizagem aconteça como um todo é preciso que as políticas sociais e de educação contemple com a realização de novos trabalhos para que se obtenha mais clareza e percepção da ação da obrigatoriedade da frequência e matrícula escolar no desenvolvimento da prática e desempenho escolar de beneficiários.
Várias questões se levantam no setor educacional a respeito da realização do trabalho de professores no que tange ao direito à educação, porém, os educadores em sua maioria tem procurado construir uma sociedade democrática, justa, com direito civis e social. Para que os indivíduos sejam assegurados, e que bens e serviços nela produzidos sejam acessíveis a todos aqueles que vivem e trabalham. Garantindo as necessidades básicas (saúde, moradia e escola de qualidade entre outras).
 Assim, o direito da educação deve ser inserido com solidariedade, ética e reconhecimento dos direitos humanos, são esses valores que influenciam na construção do pensamento de cada indivíduo, modificando-o e criando cidadãos flexíveis e reflexivos. 
Portanto, é preciso que as exigências do Programa Bolsa Família (PBF) cumpra a meta de reforçar a importância da educação na vida das famílias, criando condições para que as crianças brasileiras possam ter um amanhã com novas oportunidades e assim conscientizar sobre o direito da educação, entender e superar as dificuldades de acordo com a diversidade encontrada na escola em consonância com o cenário nacional e desvendar o mundo, desde que respeite o meio social e cultural do educando.
È preciso que o profissional do serviço social tenha cautela para que as condicionalidades não acabem punindo justamente aqueles que mais precisam de ajuda. As famílias mais vulneráveis são exatamente aquelas as que não conseguem cumprir todas as condicionalidades e perdem seu benefício sendo duplamente penalizadas e que não se conscientize que cada um é o único culpado por suas derrotas e também o único responsável por suas vitórias, não contribuindo para o efeito nefasto da culpabilização dos beneficiários que não conseguem por si só alcançar o sucesso pessoal.
Portanto, a inserção e atribuições exigidas ao assistente social na gestão do Programa Bolsa Família não se processam isoladas e desconectadas das transformações conceituais e operacionais das políticas sociais, pois o Programa Bolsa Família representa um modelo típico das políticas sociais contemporâneas, e sua operacionalizaçãoé reveladora de práticas burocráticas que reforçam a vigilância e o controle dos mais pobres. Neste contexto, é preciso cumprir as atribuições relativas ao grau de necessidade dos beneficiários, alinhadas aos princípios do Código de Ética do Serviço Social. 
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