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filosofia - filme obrigado por fumar - Copia

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O filme "Obrigado por fumar" conta a estória de Nick Naylor e sua jornada como um lobista até a difícil decisão ética de parar de defender a indústria do tabaco. 
Nick é um lobista da indústria do Tabaco, ocupa o cargo de Vice-presidente da Academia de Estudos do Tabaco. Ele é um típico sofista, não acredtita em verdades absolutas e usa da oratória, argumentação e retórica para defender os interesses da indústria tabagista em todo território norte americano.
A estória data se passa em plena decadência da cultura do cigarro. O que antes era aceito moralmente pela sociedade, principalmente pela publicidade do cinema, agora é algo imoral. Mas a flexibilidade ética de Nick faz com que seu trabalho seja algo desafiador e não um pesado fardo moral. Digo fardo moral porque é a pressão da opinião da sociedade sobre ele. O protagonista faz uso da mídia para conseguir chegar a grande massa. Seu principal discurso é que fumar é um ato de livre arbítrio, proibir o cigarro é tirar o direito de escolha, é tirar a liberdade. 
Logo no início do filme, Nick está num programa de TV e tudo está contra ele, até mesmo o auditório. Afinal, o cigarro não é algo aceito pela sociedade, ainda mais quando no palco está uma criança com câncer no pulmão. Mas isso não é um grande problema para Nick, que como um excelente sofista, rapidamente vira a situação a seu favor. Temos neste ponto uma demonstração de como o poder da argumentação pode mudar a opinião das pessoas. Nick não fez com que a platéia mude a opinião sobre os malefícios do cigarro, mas faz com que ela mude a visão que tinha sobre a indústria do tabaco. Isto é um exemplo de que dificilmente se muda a ética que permaneceu inalterada nos representantes das ONGs e no assistente do senador. Enquanto, a moral, no caso do auditório, é mais mutável.
Nick não está sozinho nesta jornada. Ele e outros dois lobista se auto intitulam esquadrão MDM (Mercadores da Morte), Polly (lobista da indústria do alcool) e Bobby (lobista da industria de armas). Nestas reuniões trocam experiências e ensinamentos de como manipular informações. Seria uma espécie de conselho de Sofistas. 
Para dificultar o trabalho do lobby tabagista, entra em cena o senador Ortolan K. Finistirre. A carreira política de Finistirre é baseada na luta pelo tabaco. Como um político implacável, ele trabalha para que seu projeto de lei que pretende colocar o símbolo de veneno estampado nos cigarros seja aprovado. Neste ponto do filme, podemos ver como a moral influi no direito. Com o passar do tempo o cigarro deixou de ser algo amplamente aceito pela sociedade para se tornar alvo de repulsa. Se a moral muda, há uma pressão para que o direito mude também e corresponda aos anseios da sociedade. Apesar de ser um projeto com grande valor moral, a real intenção do senador não é tão nobre, ele quer apenas agradar seus eleitores para continuar no poder. Tanto que ele não se incomoda em dar conselhos imorais para seu assistente Ron Goode. Ortolan é a personificação da frase "Os fins justificam os meios" (Nicolau Maquiável). O senador Finistirre também é um sofista, faz uso das ferramentas sofistas e considera que a verdade não é absoluta. Ao final do filme, no qual ele defende outro projeto de lei que altera a história do cinema trocando as imagens que aparecem atores fumando por objetos que não sejam cigarros. Nesta ocasião, ele afirma para entrevistadora que não está destruindo a história do cinema e sim a melhorando. Ele também usa da argumentação e retórica para defender o seus projetos de leis e de certa forma ele faz isso a um preço: votos.
Ao propor publicamente o projeto de lei que pretende estampar um simbolo de veneno nos cigarros, faz com que BR, chefe de Nick, convoque uma reunião. Naylor levanta-se e com sua ótima oratória defende a idéia de que para o cigarro voltar a ser legal, deveria voltar as telas de cinema. A excelente idéia é roubada por BR que a entrega ao Capitão, chefão da indústria do tabaco, como sendo sua. Nick tem a sua primeira decepção no filme ao ver que BR não foi leal a ele. A flexibilidade ética de Naylor não é total, ele valoriza a lealdade como um valor ético importante e como tal é menos mutável.
Para negociar a volta do cigarro as grandes telas, BR marca uma reunião com o maior agenciador de Hollywood, Jeff. Considero esta viagem como sendo um exemplo dos ensinamentos de Herácito de Efeso, que nos ensina que a vida é um fluxo constante e que tudo muda constantemente. E foi justamente isso que acontece com Naylor. Durante a viagem, o Capitão pede que leve uma maleta cheia de dinheiro para o modelo que fez as campanhas do cigarro Marlboro. A intenção é que o dinheiro faça com que ele não denuncie a industria do cigarro e toda a mentira por trás da campanha publicitária. Após convencer o modelo, Nick sai da visita diferente e começa um questionamento interno sobre seu papel como pai. O Nick que entrou na fazenda do Homem de Marlboro não foi o mesmo que saiu e isso vale para Joey e para o próprio modelo.
A questão do modelo é também um exemplo dos ensinamentos de Parmênides, que nos ensina que os sentidos são ilusórios. O homem deve sair do mundo da aparência e ir para a essência. E é justamente isso que homem de Marlboro queria fazer antes de se corromper pelo dinheiro. Ele queria por meio de uma entrevista trazer a tona o conhecimento sobre o que se passava na época da veiculação da campanha do cigarro Marlboro e a sua atual situação de saúde com câncer. O ator iria fazer com que o público deixasse de ver a aparência e por meio do conhecimento da sua história começasse a ver a essência da questão do cigarro e sua propaganda enganosa.
Na sua volta a Washington, Nick e o senador Finistirre participam de uma entrevista. Com a ajuda do entrevistador, o que deixa claro a manipulação da mídia pela indústria do tabaco, Nick consegue uma performance melhor do que o senador. Infelizmente, neste mesmo programa, um telespectador ameaça matar Nick. Esta ameaça é concretizada em uma tentativa de assassinato por envenenamento por nicotina. O agressor culpa Nick pelas mortes que o cigarro causaram. E aplica a Justiça Aritmética de Pitágoras, na qual cada indivíduo deveria receber uma punição igual ao ato cometido, colocando vários adesivos no corpo de Nick e o deixando semi nu deitado no colo da estátua de Lincoln. Esta cena é uma alusão ao direito imoral. Uma vez que a legislação não proibe o cigarro, que não é moralmente aceito pela da sociedade. Ou seja, o direito não corresponde com a moral da sociedade no que diz respeito ao cigarro. Mesmo o direito não correspondendo a moral, não quer dizer que seja juridicamente inválido. 
No hospital, Nick recebe duas notícias. A primeira foi que o seus anos de fumantes fizeram com que o seu corpo conseguiu assimilar a alta dose de nicotina que seria letal em um não fumante. A segunda é que não poderia nunca mais fumar. Como um bom lobista, em uma entrevista no leito do hospital, preferiu usar a primeira notícia como um argumento que o cigarro salva vidas e que agora tinha o dever de comparecer ao senado para defender o cigarro contra o projeto do Senador, que taxaria o cigarro como veneno.
No dia seguinte, sai uma matéria da repórter Heather, com quem Nick teve um caso e confidenciou tudo a respeito da sua vida. A matéria no jornal trouxe a tona todos os detalhes pessoais e profissionais de Nick, o esquadrão MdM, a Academia de Estudo do Tabaco, o projeto da volta do cigarro ao Cinema, tudo foi exposto como um esquema ardiloso da industria do tabaco para vender mais cigarros. Heather fez uso dos ensinamentos de Protágoras, pois se não existe uma verdade absoluta, o homem é a medida de tudo, ele que vai construir tudo pelas suas idéias. Ou seja, heather usou a vida de Nick como medida da real intenção da indústria do tabaco. Com esse duro golpe, Nick é demitido do cargo e impedido de ir ao congresso. Além disso, o Capitão faleceu. Ele era a única pessoa leal da organização que poderia salva-lo.
Desmotivado e sem ação, Nick
recebe apoio do seu filho que lembra o pai qual era a sua função e no que ele é bom. Usando a retórica, ele questiona o comitê se não seria o caso de aplicar o mesmo selo para os outros produtos que também matam pessoas. Ou seja, ele queria a justiça aritmética de Pitágoras, se o selo de veneno cabe ao cigarro porque ele mata, o mesmo selo deveria ser estampado nos carros, aviões e queijos porque eles também são responsáveis por muitas mortes. 
Nick sai do sala e é parbenizado por BR que oferece o seu cargo novamente. Neste momento, Nick resolve fazer o que é certo para servir de lição para seu filho e recusa publicamente o convite. Mas isso não quer dizer que ele deixou de ser um sofista. Pelo contrário, ele abre uma empresa de consultoria e passa a ensinar como manipular as informações. Fechando assim a definição de sofista: "professores viajantes que se vendiam por um determinado preço. Ensinavam a arte da argumentação, da retórica e das doutrinas divergentes".

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