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FUNDAMENTOS DA ECONOMIA ___________________________________________ Prof. Dr. Marcos Rambalducci 14 Aula 6 Custos crescentes e rendimentos decrescentes O formato côncavo em relação à origem da curva de transformação indica que a substituição sucessiva de um produto A por um produto B requer quantidades crescentes deste último. Isso se explica pela lei dos rendimentos decrescentes: quanto maior o emprego de alguns fatores em um setor, deixando os demais constantes, menores serão os acréscimos no produto total. Dito de outra forma, para se obter uma quantidade constante adicional de um bem (como alimentos), é necessária a renúncia de quantidades crescentes do outro bem (como manufaturas). A forma da curva de transformação mostra também a existência de custos relativos crescentes na produção dos bens. Se os custos relativos fossem constantes, a FPP seria uma reta de 45%, negativamente inclinada (ver Figura 1.3). Tabela 1.1 Diferentes combinações na produção de manufaturas e alimentos. Manufaturas Alimentos TMST* 10,7 0 0 10,6 1 - 0,1 10,2 2 - 0,4 9,7 3 - 0,5 8,9 4 - 0,8 7,8 5 - 1,1 6,4 6 - 1,4 3,4 7 - 3,0 0 7,5 - 6,8 * Taxa marginal de substituição técnica de um insumo por outro (custos crescentes). Os custos relativos crescentes também podem ser visualizados na Tabela 1.1 Quando se reduz a produção de 10,7 unidades de manufaturas, para 10,6 unidades, consegue-se produzir uma unidade de alimentos. No intervalo até o ponto A, a taxa marginal de substituição técnica de manufaturas por alimentos é igual a —0,1 unidade. Essa taxa vai crescendo em termos absolutos, à medida que se passa aos intervalos AB, BC, CD etc. No intervalo FG, ela é igual ao ângulo a do triângulo FGH da Figura 1.3: (6,4 - 3,4) / (7 - 6) = - 3; ou seja, nesse intervalo, para produzir uma FUNDAMENTOS DA ECONOMIA ___________________________________________ Prof. Dr. Marcos Rambalducci 15 unidade a mais de alimentos, é preciso reduzir a produção manufatureira de 6,4 unidades para 3,4 unidades. Observe que o valor das tangentes dos ângulos a correspondentes aos demais triângulos é crescente em termos absolutos no sentido de A para G, indicando que fica cada vez mais custoso produzir um bem, em termos de outro. Eles decorrem dos rendimentos decrescentes. Se os rendimentos fossem constantes, os custos relativos para a produção de ambos os bens também seriam constantes. A lei dos rendimentos decrescentes pode ser formulada deste modo: à medida que se aumenta o emprego de um insumo, como trabalho, deixando os demais fixos (capital, terra e capacidade empresarial), o produto suplementar expande-se sucessivamente em quantidades cada vez menores. O produto total atinge um máximo e depois declina, tornando antieconômico o emprego de trabalho adicional, com os demais fatores fixos. Como exemplo, suponha uma lavoura de milho, com 10 hectares, que empregue dois tratores e uma quantidade sempre fixa de adubos e ferramentas, variando apenas o pessoal ocupado para produzir milho (Tabela 1.2). Com apenas um trabalhador, o produto total da safra fica em apenas 3,7 toneladas de milho. Além de não conseguir cultivar toda a terra, um trator fica ocioso, assim como a maioria das ferramentas. Tabela 1.2 Produto total, médio e marginal do trabalho no cultivo de milho em 10 ha. No. de Trabalhadores (L) Produto total (Y) Produto médio de L (Y/L) Produto marginal de L 1 3,7 3,7 3,7 2 11,0 5,5 7,3 3 20,0 6,7 9,0 4 28,6 7,1 8,6 5 35,8 7,2 7,2 6 41,3 6,9 5,5 7 45,3 6,6 4,0 8 48,0 6,0 2,8 9 49,4 5,5 1,3 10 49,4 4,9 0,0 11 47,8 4,3 - 1,6 12 45,2 3,8 - 2,6 Com dois homens, os dois tratores ficam ocupados no momento em que precisam ser utilizados e a produção total aumenta para 11 t e o produto médio sobe para 5,5 t. O produto adicional por trabalhador, definido como produto marginal, isto é, a produção resultante do emprego de um homem a mais, fica igual a 7,3 t (= 11 t - 3,7 t). Com três trabalhadores, o produto total eleva-se para 20 t, o produto médio por trabalhador para 6,7 t / homem (= 20 t / 3 trabalhadores) e o produto marginal para 9 t (= 20 t - 11 t). Examine a Tabela 1.2 e observe o seguinte: (a) o produto total aumenta e atinge um máximo quando se empregam 10 trabalhadores, diminuindo a seguir; (b) a produção máxima ocorre quando o produto marginal torna-se igual a zero; (c) quando o produto marginal torna-se negativo, a produção total diminui; (d) o produto adicional por trabalhador (produto marginal) é decrescente FUNDAMENTOS DA ECONOMIA ___________________________________________ Prof. Dr. Marcos Rambalducci 16 após o emprego de três trabalhadores, anulando-se com 10 trabalhadores e ficando negativo após esse ponto. Em síntese, a lei dos rendimentos decrescentes afirma que, ao se variar sucessivamente o emprego de uma unidade de determinado fator de produção, deixando-se os demais fixos, obtêm-se acréscimos de produto cada vez menores. Isso ocorre porque o insumo adicional contribui cada vez menos para a produção, com a ajuda de uma parcela cada vez menor de insumos fixos. No longo prazo, quando variam todos os fatores, o tamanho da unidade produtiva também varia, assim como o volume da produção. Se a produção for duplicada, com o emprego do dobro de insumos, então essa unidade produtiva apresentará rendimentos constantes à escala. Se a duplicação no uso de insumos resultar em uma produção proporcionalmente menor, então haverá rendimentos decrescentes à escala. Por outro lado, se a produção aumentar em um percentual maior do que o dos fatores produtivos, então essa unidade produtiva apresentará rendimentos crescentes à escala. Os rendimentos à escala também se aplicam à economia como um todo. Os rendimentos crescentes à escala devem-se, em geral, ao progresso tecnológico. Como exemplo, tem-se o emprego de fontes alternativas de energia (a vapor, elétrica, atômica), utilização de máquinas mais aperfeiçoadas, economia de tempo na produção por novas disposições dos equipamentos, decomposição do processo produtivo, padronização de peças e equipamentos, nova divisão do trabalho no interior da firma etc.
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