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Livro Eletrônico Aula 09 Direito Penal p/ PC-AL (Agente e Escrivão) Com videoaulas Renan Araujo, Time Renan Araujo 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo AULA 09: DOS CRIMES CONTRA A F PòBLICA SUMçRIO 1 DOS CRIMES CONTRA A F PòBLICA ..................................................................... 2 1.1 Moeda falsa .................................................................................................... 2 1.1.1 Moeda falsa ................................................................................................... 2 1.1.2 Crimes assemelhados ao de moeda falsa ........................................................... 4 1.1.3 Petrechos para falsificao de moeda ................................................................ 5 1.1.4 Emisso de ttulo ao portador sem permisso legal ............................................. 6 1.2 Da Falsidade de Ttulos e outros papis pblicos ........................................... 7 1.3 Da Falsidade documental ............................................................................. 10 1.3.1 Falsificao de selo ou sinal pblico ................................................................ 10 1.3.2 Falsificao de documento pblico .................................................................. 11 1.3.3 Falsificao de documento particular ............................................................... 14 1.3.4 Falsidade ideolgica ..................................................................................... 15 1.3.4.1 Diferena entre falsidade ideolgica e falsidade material ............................. 18 1.3.5 Falso reconhecimento de firma ou letra ........................................................... 18 1.3.6 Certido ou atestado ideologicamente falso ..................................................... 19 1.3.7 Falsidade de atestado mdico ........................................................................ 20 1.3.8 Reproduo ou adulterao de selo ou pea filatlica ........................................ 21 1.3.9 Uso de documento falso ................................................................................ 22 1.3.10 Supresso de documento ........................................................................... 24 1.4 Outras falsidades ......................................................................................... 25 1.5 Das fraudes em certames de interesse pblico ............................................ 32 2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 34 3 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 40 3.1 Smulas do STJ ............................................................................................ 40 4 RESUMO .............................................................................................................. 41 5 EXERCêCIOS PARA PRATICAR ............................................................................. 44 6 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 56 7 GABARITO .......................................................................................................... 85 Ol, meu povo! Hoje vamos analisar os crimes contra a f pblica. A aula de hoje possui alguns pontos muito importantes, ento, muita ateno! Temos, inclusive, smulas importantssimas do STJ. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo 1! DOS CRIMES CONTRA A F PòBLICA 1.1!Moeda falsa 1.1.1!Moeda falsa O art. 289 do CP prev o crime de moeda falsa propriamente dito, que assim caracterizado: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metlica ou papel-moeda de curso legal no pas ou no estrangeiro: Pena - recluso, de trs a doze anos, e multa. ¤ 1¼ - Nas mesmas penas incorre quem, por conta prpria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulao moeda falsa. ¤ 2¼ - Quem, tendo recebido de boa-f, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui circulao, depois de conhecer a falsidade, punido com deteno, de seis meses a dois anos, e multa. ¤ 3¼ - punido com recluso, de trs a quinze anos, e multa, o funcionrio pblico ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emisso que fabrica, emite ou autoriza a fabricao ou emisso: I - de moeda com ttulo ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior autorizada. ¤ 4¼ - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulao no estava ainda autorizada. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum) SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta a de falsificar papel moeda ou moeda metlica de curso legal no Brasil ou no exterior. Pode ser praticado mediante: §! Fabricao Ð Cria-se a moeda falsa §! Adulterao Ð Utiliza-se moeda verdadeira para transformar em outra, falsa. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo OBJETO MATERIAL A moeda alterada ou falsificada. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que a moeda fabricada ou alterada, no no momento em que ela entra em circulao. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode- se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). CONSIDERAÍES IMPORTANTES ¥! A Doutrina entende que se a falsificao for grosseira, no h crime, por no possuir potencialidade lesiva1 (no tem o poder de enganar ningum). ¥! A forma qualificada prevista no ¤ 3¡ s admite como sujeitos ativos aquelas pessoas ali enumeradas (crime prprio); ¥! O ¤ 4¡ estabelece crime de circulao de moeda ainda no autorizada a circular. Pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum), mas a pena prevista a do ¤ 3¡; ¥! Os ¤¤ 1¡ e 2¡ do artigo trazem outras hipteses nas quais tambm ocorre o crime (outras condutas assemelhadas), sendo que no caso do ¤ 2¡, a pena diferenciada, em razo do menor desvalor da conduta. No ¤ 2¡, o agente deve ter recebido a moeda falsa de boa-f (sem saber que era falsa). Se recebeu de m-f, responde pelo crime do ¤ 1¡. Importante ressaltar, ainda, que os Tribunais Superiores entendem ser inaplicvel ao delito de moeda falsa o princpio da insignificncia.2 1 CUNHA, Rogrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edio. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 635. No mesmo sentido, BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte especial. Volume 4. Ed. Saraiva, 9¼ edio. So Paulo, 2015, p. 487 2 (HC 257.421/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe 06/05/2014) 84095195851- Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo 1.1.2!Crimes assemelhados ao de moeda falsa O art. 290 do CP prev condutas que se assemelham falsificao de moeda prevista no art. 289: Art. 290 - Formar cdula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cdulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cdula ou bilhete recolhidos, para o fim de restitu-los circulao, sinal indicativo de sua inutilizao; restituir circulao cdula, nota ou bilhete em tais condies, ou j recolhidos para o fim de inutilizao: Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa. Pargrafo nico - O mximo da recluso elevado a doze anos e multa, se o crime cometido por funcionrio que trabalha na repartio onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fcil ingresso, em razo do cargo. (Vide) BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Entretanto, se quem cometer o crime for funcionrio pbico que trabalha no local, ou tem fcil acesso a ele em razo do cargo, a pena aumentada para at 12 aos, conforme previsto no ¤ nico. Nessa hiptese, o crime prprio. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de formar cdula com fragmentos de outras cdulas, suprimir sinal de inutilizao de cdula ou recolocar em circulao cdula inutilizada. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL A moeda que foi formada, teve seu sinal de inutilizao suprimido ou foi recolocada em circulao. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que a moeda formada, tem seu sinal inutilizado ou entra em circulao, a depender de qual das condutas se trata. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode- se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo CONSIDERAÍES IMPORTANTES ¥! Doutrina e jurisprudncia entendem que se a falsificao for grosseira3, no h crime, por no possuir potencialidade lesiva (no tem o poder de enganar ningum). O poder de iludir (imitatio veri) indispensvel. Caso no haja esse poder, poderemos estar diante de estelionato, no mximo, caso haja obteno de vantagem indevida em detrimento de algum mediante esta fraude. 1.1.3!Petrechos para falsificao de moeda O art. 291 prev o crime de Òpetrechos para falsificao de moedaÓ, assim descrito: Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a ttulo oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado falsificao de moeda: Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser qualquer dos ÒverbosÓ previstos no art. 291 (fabricar, adquirir, etc.). TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O maquinrio ou equipamento destinado falsificao de moeda. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente pratica a conduta descrita no ncleo do tipo (verbo), seja adquirindo, fornecendo ou fabricando o equipamento destinado falsificao de moeda. 3 HC 83526, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Primeira Turma, julgado em 16/03/2004, DJ 07-05-2004 PP-00025 EMENT VOL-02150-02 PP-00271 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo OBS.: Temos, aqui,. Com regra, os atos preparatrios no so punveis, eis que ainda no h execuo do delito (art. 31 do CP). Contudo, em determinados casos especiais, como este, a Lei j criminaliza (desde logo) uma conduta que considerada meramente preparatria para outro delito (no caso, seria uma conduta preparatria para o delito de moeda falsa). CONSIDERAÍES IMPORTANTES O equipamento deve ter como finalidade precpua a falsificao de moeda. Assim, se algum fornece, por exemplo, equipamento que se destina a inmeras funes, e dentre elas, pode ser usado para esse fim, no h a prtica do crime, que exige que o equipamento se destine precipuamente a essa finalidade criminosa. 1.1.4!Emisso de ttulo ao portador sem permisso legal O artigo 292 encerra o captulo relativo aos crimes de moeda falsa, estabelecendo como crime a conduta de Òemisso de ttulo ao portador sem permisso legalÓ: Art. 292 - Emitir, sem permisso legal, nota, bilhete, ficha, vale ou ttulo que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicao do nome da pessoa a quem deva ser pago: Pena - deteno, de um a seis meses, ou multa. Pargrafo nico - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de deteno, de quinze dias a trs meses, ou multa. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO Caracteriza-se na ÒemissoÓ de documento ao portador (aqueles documentos descritos no artigo). 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL A nota, bilhete, ficha, vale ou ttulo que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicao do nome da pessoa a quem deva ser pago, ou seja, o documento (tem que ser um destes) que foi emitido sem permisso legal. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente emite o documento ao portador, no sendo necessrio que seja apresentado a terceiros; 1.2!Da Falsidade de Ttulos e outros papis pblicos Aqui o CP incrimina condutas diversas, relativas falsificao, em todas as suas formas, de papis pblicos. O art. 293 prev: Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo destinado a controle tributrio, papel selado ou qualquer papel de emisso legal destinado arrecadao de tributo; (Redao dada pela Lei n¼ 11.035, de 2004) II - papel de crdito pblico que no seja moeda de curso legal; III - vale postal; IV - cautela de penhor, caderneta de depsito de caixa econmica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito pblico; V - talo, recibo, guia, alvar ou qualquer outro documento relativo a arrecadao de rendas pblicas ou a depsito ou cauo por que o poder pblico seja responsvel; VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela Unio, por Estado ou por Municpio:Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa. ¤ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redao dada pela Lei n¼ 11.035, de 2004) I - usa, guarda, possui ou detm qualquer dos papis falsificados a que se refere este artigo; (Includo pela Lei n¼ 11.035, de 2004) II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui circulao selo falsificado destinado a controle tributrio; (Includo pela Lei n¼ 11.035, de 2004) III - importa, exporta, adquire, vende, expe venda, mantm em depsito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito prprio ou alheio, no exerccio de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (Includo pela Lei n¼ 11.035, de 2004) 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributrio, falsificado; (Includo pela Lei n¼ 11.035, de 2004) b) sem selo oficial, nos casos em que a legislao tributria determina a obrigatoriedade de sua aplicao. (Includo pela Lei n¼ 11.035, de 2004) ¤ 2¼ - Suprimir, em qualquer desses papis, quando legtimos, com o fim de torn-los novamente utilizveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilizao: Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa. ¤ 3¼ - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papis a que se refere o pargrafo anterior. ¤ 4¼ - Quem usa ou restitui circulao, embora recibo de boa-f, qualquer dos papis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu ¤ 2¼, depois de conhecer a falsidade ou alterao, incorre na pena de deteno, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO As condutas (tipos objetivos) previstos para este crime so inmeras, podendo ser praticado o crime quando o agente realizar quaisquer das atividades previstas no ncleo do tipo. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL Qualquer dos documentos previstos no artigo, que tenha sido alterado, inutilizado recolocado circulao, etc. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente pratica a conduta, seja recolocando em circulao o documento retirado de circulao, alterando o documento, etc., variando conforme o tipo previsto. O ¤5¼ do art. 293, por sua vez, traz um dispositivo importante: ¤ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do ¤ 1o, qualquer forma de comrcio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praas ou outros logradouros pblicos e em residncias. (Includo pela Lei n¼ 11.035, de 2004) 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo Vejam que a inteno do legislador foi abarcar qualquer tipo de atividade comercial, inclusive aquela no regulamentada, como a atividade dos camels, por exemplo.4 J o art. 294 prev o crime de Òpetrechos de falsificaoÓ, que so, basicamente, as condutas relacionadas aos objetos destinados falsificao, podendo consistir na guarda, fornecimento, fabricao, etc., destes equipamentos: Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado falsificao de qualquer dos papis referidos no artigo anterior: Pena - recluso, de um a trs anos, e multa. Art. 295 - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser qualquer das previstas no tipo, seja fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar estes objetos destinados falsificao. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O equipamento destinado falsificao. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente pratica a conduta prevista no ncleo (verbo) do tipo. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). No entanto, se o agente funcionrio pblico e comete o crime valendo-se do cargo, a pena aumentada em 1/6. Vejamos: Art. 295 - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. 4 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 531 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo Percebam, assim, que ns temos um crime COMUM, ou seja, um crime que pode ser praticado por qualquer pessoa. Entretanto, caso venha a ser praticado por funcionrio pblico VALENDO-SE DO CARGO, a pena ser aumentada. CUIDADO COM ISSO, GALERA! 1.3!Da Falsidade documental 1.3.1!Falsificao de selo ou sinal pblico O art. 296 prev o crime de falsificao de selo ou sinal pblico: Falsificao do selo ou sinal pblico Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo pblico destinado a autenticar atos oficiais da Unio, de Estado ou de Municpio; II - selo ou sinal atribudo por lei a entidade de direito pblico, ou a autoridade, ou sinal pblico de tabelio: Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa. ¤ 1¼ - Incorre nas mesmas penas: I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuzo de outrem ou em proveito prprio ou alheio. III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros smbolos utilizados ou identificadores de rgos ou entidades da Administrao Pblica. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) ¤ 2¼ - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Isso significa que qualquer pessoa pode praticar o delito, no sendo exigida nenhuma caracterstica especial. Porm, o ¤ 2¡ estabelece que se o agente for funcionrio pblico prevalecendo-se do cargo, a pena aumentada em 1/6. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre. Entretanto, possvel que alm da coletividade, seja vtima deste delito, tambm, um eventual terceiro que seja lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser a de fabricao ou adulterao dos documentos previstos, ou, ainda, a utilizao destes, conforme o ¤ 1¡ do art. 296. 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir.No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento, utilizado, alterado ou fabricado. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente fabrica, adultera ou utiliza o documento. No ltimo caso o documento deve ser levado ao conhecimento de terceiros. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). 1.3.2!Falsificao de documento pblico O art. 297, por sua vez, trata da falsificao de documento pblico: Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento pblico, ou alterar documento pblico verdadeiro: Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa. ¤ 1¼ - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. ¤ 2¼ - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento pblico o emanado de entidade paraestatal, o ttulo ao portador ou transmissvel por endosso, as aes de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. ¤ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) I - na folha de pagamento ou em documento de informaes que seja destinado a fazer prova perante a previdncia social, pessoa que no possua a qualidade de segurado obrigatrio;(Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) II - na Carteira de Trabalho e Previdncia Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdncia social, declarao falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) III - em documento contbil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigaes da empresa perante a previdncia social, declarao falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) ¤ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no ¤ 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remunerao, a vigncia do contrato de trabalho ou de prestao de servios.(Includo pela Lei n¼ 9.983, de 2000) BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Entretanto, se o crime for cometido por funcionrio pblico prevalecendo-se do cargo, a pena aumentada em 1/6, nos termos do ¤ 1¡ do art. 297. 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar documento pblico falso ou alterar documento pblico verdadeiro ou at mesmo inserir informao errnea, no caso do ¤ 3¡. Vejam que se trata de hiptese (¤ 3¡) que mais se assemelha falsidade ideolgica, mas que a lei considera como falsidade de documento pblico; TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento fabricado, alterado ou no qual foi inserida a informao falsa. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente fabrica o documento falso ou altera o documento verdadeiro, ou, ainda, quando insere a informao inverdica nos documentos previstos no ¤ 3¡ do art. 297, no sendo necessria sua efetiva apresentao perante a Previdncia Social. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). CONSIDERAÍES IMPORTANTES ¥! O ¤ 2¡ traz um rol de documentos que so equiparados a documentos pblicos, embora elaborados por particulares. Cuidado! Trata-se de um rol taxativo, ou seja, no se pode ampli-lo por analogia, pois a falsificao de documento pblico mais grave que a falsificao de documento particular, gerando sano tambm mais grave. Desta forma, aplicar a analogia aqui seria fazer analogia in malam partem, o que, como ns j vimos, vedado no Direito Penal. Mas, qual o conceito de documento pblico? A Doutrina divide em: 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo §! Documento pblico em sentido formal e material (substancial) Ð A forma pblica (emanado de rgo pblico, ou seja, por funcionrio pblico no exerccio das funes, com o cumprimento das formalidades legais) e o contedo tambm pblico (atos proferidos pelo poder pblico, como decises administrativas, sentenas judiciais, etc.). §! Documento pblico em sentido formal apenas Ð Aqui a forma pblica (emanado de rgo pblico), mas o contedo de interesse privado (Ex.: Escritura pblica de compra e venda de um imvel pertencente a um particular. O contedo de interesse particular, embora emanado de um rgo pblico). Contudo, existem ainda os documentos equiparados a documento pblico. So eles: §! Emanado de entidade paraestatal Ð Elaborados por entidades que no pertencem ao Poder Pblico, mas que atuam em reas de interesse pblico que no so privativas do Estado (Ex.: SESC, SENAI, etc.). §! Ttulo ao portador ou transmissvel por endosso Ð Ttulo ao portador aquele que se transfere pela mera tradio (repasse para outra pessoa), no havendo no ttulo meno expressa ao seu titular (Ex.: Cheque de at R$ 100,00 e alguns outros). O ttulo transmissvel por endosso aquele que identifica nominalmente o titular e, para ser transferido para outra pessoa, precisa ser endossado pelo titular (Ex.: Cheque em geral, nota promissria, etc.). §! Aes de sociedade comercial Ð So partes do capital social de uma empresa por aes (sociedade annima e sociedade em comandita por aes). §! Livros mercantis Ð So os livros estabelecidos pela Lei para o registro de atividades empresariais (Ex.: Livro-caixa, etc.). Engloba, aqui, tanto os livros obrigatrios quanto os facultativos. §! Testamento particular Ð o documento por meio do qual uma pessoa capaz destina seus bens para quando ocorrer sua morte. O testamento pblico (aquele celebrado pelo Tabelio) documento pblico naturalmente, eis que tem forma pblica. O testamento particular, a princpio, no se enquadraria no conceito de documento pblico (j que possui forma e contedo de interesse particular). Entretanto, a Lei entendeu por bem equipar-lo a documento pblico (pela relevncia de seu contedo). ATENÌO! Telegrama, expedido pelos Correios, documento pblico? NÌO! Os Correios, aqui, atuam como uma empresa qualquer, limitando-se a transcrever e a entregar a outra pessoa aquilo que o cliente mandar. O funcionrio pblico (empregado dos Correios), aqui, no entra no mrito do ato (o contedo do telegrama no emana do Poder Pblico). Entretanto, se estivermos diante de um telegrama expedido por um funcionrio pblico no 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes ==114199== Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo exerccio das funes, a estaremos diante de um documento pblico (Ex.: Telegrama expedido pelo funcionrio de um rgo pblico convocando determinado candidato para tomar posse no cargo). Por fim, o STJ e o STF entendem que se o documento falso fabricado para a prtica de estelionato, e a sua potencialidade lesiva se esgota nele, o crime defalso fica absorvido pelo crime de estelionato. Caso a potencialidade lesiva do documento no se esgote no estelionato praticado, o agente responde por ambos os delitos, em concurso material. Smula 17 do STJ ÒQuando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, por este absorvidoÓ. Um exemplo disso ocorre quando o agente, por exemplo, falsifica recibos mdicos para cometer crimes tributrios. Os referidos documentos (meros recibos) tm sua potencialidade lesiva esgotada na prtica do crime tributrio.5 Por outro lado, quando, por qualquer motivo, a potencialidade do falso no se exaurir na prtica do estelionato, ou seja, quando permanecer o documento possuindo potencialidade lesiva, no haver aplicao do princpio da consuno (absoro).6 1.3.3!Falsificao de documento particular A falsificao de documento particular tambm crime, possuindo, porm, pena mais branda. Nos termos do art. 298 do CP: Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 5 (AgRg no AREsp 356.859/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2014, DJe 23/05/2014) 6 03. Conforme precedentes desta Corte (HC 263.884/RJ, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 16/05/2014; HC 221.660/DF, Rel.Ministro Marco Aurlio Bellizze, Quinta Turma, DJe 01.03.2012; HC 152.128/SC, Rel. Ministro Sebastio Reis Jnior, Sexta Turma, DJe 21/02/2013) e do Supremo Tribunal Federal, "no h falar em princpio da consuno entre os crimes de falso e de estelionato quando no exaurida a potencialidade lesiva do primeiro aps a prtica do segundo" (HC 116.979 AgR, Rel. Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, DJe 21.11.2013). (...) (HC 270.416/SP, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SC), QUINTA TURMA, julgado em 04/11/2014, DJe 12/11/2014) 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar documento particular falso ou adulterar documento particular verdadeiro. OBS.: Considera-se documento particular aquele que no pode ser considerado, sob qualquer aspecto, como documento pblico. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento fabricado ou alterado. DETALHE: O ¤ nico do art. 298 (includo pela Lei 12.737/12), equiparou o carto de crdito a documento particular, para os fins deste delito. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que ocorre a fabricao ou adulterao. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). CONSIDERAÍES IMPORTANTES ¥! Doutrina e jurisprudncia entendem que se a falsificao for grosseira, no h crime, por no possuir potencialidade lesiva (no tem o poder de enganar ningum). O poder de iludir (imitatio veri) indispensvel. Caso no haja esse poder, poderemos estar diante de estelionato, no mximo; 1.3.4!Falsidade ideolgica O art. 299 estabelece o crime de falsidade ideolgica, que, diferentemente do que a maioria das pessoas imagina, no est relacionado falsidade de identidade (prevista em outro crime). A falsidade ideolgica est relacionada alterao do contedo de documento pblico ou particular (embora no mesmo artigo, as penas so diferentes!): Art. 299 - Omitir, em documento pblico ou particular, declarao que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declarao falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigao ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa, se o documento pblico, e recluso de um a trs anos, e multa, se o documento particular. Pargrafo nico - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo- se do cargo, ou se a falsificao ou alterao de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Porm, o ¤ nico prev que se o agente funcionrio pblico valendo-se da funo ou a falsidade recai sobre assentamento de registro civil, a pena aumentada de 1/6. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO Caracterizao Ð Aqui o agente no falsifica a estrutura do documento. O documento estruturalmente verdadeiro, mas contm informaes inverdicas. A falsificao ideolgica ocorre quando o agente: §! Omite declarao que devia constar no documento (conduta omissiva) §! Nele insere ou faz inserir declarao falsa ou diversa da que devia ser escrita (conduta comissiva) Contudo, no basta que o agente pratica a conduta. Ele deve agir desta forma com uma finalidade especfica (dolo especfico). Qual este especial fim de agir? a finalidade de prejudicar direito, criar obrigao ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. EXEMPLO: Jos preenche um termo de declarao de bens (para tomar posse em concurso), declarando que no possui qualquer bem. Na verdade, Jos possui diversos imveis e carros. Percebam que, neste caso, o documento verdadeiro, mas o que ali consta falso. TIPO SUBJETIVO Dolo. Entretanto, aqui a lei exige uma especial finalidade de agir7. Isto se revela quando o tipo 7 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 557 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo diz Òcom o fim deÓ. Assim, no basta que o agente insira informao falsa, ele deve fazer isto com o fim de prejudicar direito, criar obrigao ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento no qual foi omitida a informao ou inserida a informao falsa. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente omite a informao que deveria constar ou insere a informao falsa, no sendo necessrio que o documento seja levado ao conhecimento de terceiros. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo); ATENÌO! Os Tribunais entendem que o crime no se caracteriza se o documento falsificado est sujeito reviso por autoridade, pois a reviso impediria que o crime chegasse a ter qualquer potencialidade lesiva8; E a insero de contedo falso em documento em branco assinado? A Doutrina entende que se o agente recebeu o documento em branco mediante confiana, a fim de que nele inserisse determinado contedo, e o fez de maneira diversa, h o crime de falsidade ideolgica. No entanto, se o agentese apodera do documento (por qualquer outro meio) e ali insere contedo falso, o crime no o de falsidade ideolgica, mas o de falsidade material, pois este documento (que prev obrigaes perante o signatrio e o agente) nunca existiu validamente9. Assim, o crime de falsidade na forma, na existncia do documento. Por fim, a pena ser aumentada de 1/6 (causa de aumento de pena) nos seguintes casos: §! Se o agente funcionrio pblico, e desde que cometa o delito valendo- se do cargo; ou §! Se a falsificao ou alterao de assentamento de registro civil. 8 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 667 9 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 558 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo 1.3.4.1! Diferena entre falsidade ideolgica e falsidade material A diferena bsica entre a falsidade material e a falsidade ideolgica reside no fato de que, na primeira, o documento estruturalmente falso, e na segunda a estrutura verdadeira, mas o contedo (a ideia que o documento transmite) falsa. Ex. Paulo, ao preencher um formulrio para alugar seu apartamento, insere informao de que recebe R$ 20.000,00 mensais em atividade informal. Na verdade, Paulo nunca chegou nem perto de ver esse dinheiro. Temos, aqui, falsidade ideolgica. Ex.2: Jos funcionrio de uma imobiliria. Mariana, ao preencher o formulrio para alugar sua casa, declara verdadeiramente que recebe R$ 8.000,00 mensais em atividade informal. Jos, contudo, irritado porque deu uma cantada em Mariana e no foi correspondido, adultera o documento, para fazer constar como renda declarada ÒR$800,00Ó ao invs de ÒR$ 8.000,00Ó. Neste caso, temos falsidade MATERIAL. A informao contida no documento falsa, mas na verdade o prprio documento passou a ser falso, pois no transmite com fidelidade aquilo que Mariana colocou. Perceba que no primeiro caso o documento representa fielmente o que Paulo colocou. Contudo, o que Paulo colocou uma mentira. No segundo caso, o documento passa a ser falso (estruturalmente), porque no mais representa fielmente aquilo que Mariana colocou (foi adulterado). 1.3.5!Falso reconhecimento de firma ou letra O art. 300 do CP traz o crime de Òfalso reconhecimento de firma ou letraÓ: Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exerccio de funo pblica, firma ou letra que o no seja: Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa, se o documento pblico; e de um a trs anos, e multa, se o documento particular. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Somente o funcionrio pblico, no exerccio da funo, pode cometer o crime. Portanto, trata-se de crime prprio. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta s pode ser a de reconhecer como verdadeira, firma ou letra que seja falsa. 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento reconhecido como verdadeiro. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente reconhece a veracidade da firma ou letra falsa. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). 1.3.6!Certido ou atestado ideologicamente falso O art. 301 trata do crime de Òcertido ou atestado ideologicamente falsoÓ: Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razo de funo pblica, fato ou circunstncia que habilite algum a obter cargo pblico, iseno de nus ou de servio de carter pblico, ou qualquer outra vantagem: Pena - deteno, de dois meses a um ano. ¤ 1¼ - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certido, ou alterar o teor de certido ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstncia que habilite algum a obter cargo pblico, iseno de nus ou de servio de carter pblico, ou qualquer outra vantagem: Pena - deteno, de trs meses a dois anos. ¤ 2¼ - Se o crime praticado com o fim de lucro, aplica-se, alm da pena privativa de liberdade, a de multa. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO No caso do caput do artigo, o crime prprio, pois s pode ser praticado pelo funcionrio pblico no exerccio da funo. J no ¤ 1¡ trata-se de crime comum10, pois a lei criou um fato tpico novo (possui nova previso de conduta e de pena), e no exige que seja praticado por funcionrio pblico. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de atestar ou certificar circunstncia falsa, quando este 10 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 563 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo fato habilitar o beneficiado a obter cargo pblico, iseno de nus ou servio de carter pblico ou outra vantagem. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Embora a maioria da Doutrina entenda isso, acredito que este artigo, na verdade, estabelece um fim especfico de agir, que a vontade de colaborar para a obteno da vantagem ilcita pela pessoa que recebe o atestado ou certido. Em provas discursivas, vale a pena se alongar nisso. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O atestado ou certificado produzido pelo agente. CONSUMAÌO E TENTATIVA A Doutrina se divide. Uns entendem que o crime se consuma com a mera fabricao do atestado ou certido falsa.11 Outros entendem que necessria a entrega pessoa que ir utilizar o documento12 (embora no se exija o efetivo uso). Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). 1.3.7!Falsidade de atestado mdico J o art. 302 estabelece o crime de Òfalsidade de atestado mdicoÓ: Art. 302 - Dar o mdico, no exerccio da sua profisso, atestado falso: Pena - deteno, de um ms a um ano. Pargrafo nico - Se o crime cometido com o fim de lucro, aplica-se tambm multa. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica 11 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 564 12 Nesse sentido, DAMçSIO DE JESUS, apud CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 675 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo SUJEITO ATIVO Somente o mdico13 poder praticar o crime. Portanto, trata-se de crime prprio. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser somente a de fornecer atestado falso. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Entretanto, se houver a finalidade especial de agir, consistente na obteno de lucro, h previsode pena de multa cumulada com a privativa de liberdade, conforme o ¤ nico do art. 302. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O atestado falsamente emitido. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o mdico FORNECE o atestado falso. Assim, se o mdico elabora o atestado falso, mas se arrepende e deixa de entregar pessoa, no est cometendo crime14. Admite-se a tentativa. 1.3.8!Reproduo ou adulterao de selo ou pea filatlica O art. 303 do CP incrimina a conduta de Òreproduo ou adulterao de selo ou pea filatlicaÓ: Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou pea filatlica que tenha valor para coleo, salvo quando a reproduo ou a alterao est visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou pea: Pena - deteno, de um a trs anos, e multa. Pargrafo nico - Na mesma pena incorre quem, para fins de comrcio, faz uso do selo ou pea filatlica. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 13 No pode ser praticado por enfermeiro, dentista ou qualquer outro profissional da rea de sade. CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 676. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 566 14 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 567 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta somente pode ser a de reproduzir ou alterar selo ou pea filatlica QUE TENHA VALOR PARA COLEÌO. Entretanto, o ¤ nico prev a criminalizao da conduta de utilizao, para fins de comrcio, da pea filatlica ou selo alterado. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Entretanto, o ¤ nico prev a criminalizao da conduta de utilizao, para fins de comrcio, da pea filatlica ou selo alterado. Nesse caso, h a especial finalidade de agir (Òpara fins de comrcioÓ), pois se o agente usa a pea alterada para sua prpria coleo, por exemplo, no comete crime. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O selo, ou pea filatlica, adulterado ou reproduzido irregularmente. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente adultera ou reproduz ilicitamente o selo ou pea filatlica, no se exigido que o material chegue a circular. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode- se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). 1.3.9!Uso de documento falso O art. 304, por sua vez, dispe sobre o uso de documento falso, assim considerado qualquer dos documentos enumerados nos arts. 297 a 302 do CP: Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada falsificao ou alterao. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum), ainda que o crime resultante da fabricao ou adulterao do documento seja prprio. 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta consiste em fazer uso dos documentos produzidos nos crimes previstos nos arts. 297 a 30215. Percebam que o tipo penal praticamente no descreve as condutas, pois se remete aos outros tipos penais (arts. 297 a 302 do CP), inclusive no que se refere pena do delito (ser a mesma pena prevista para a falsificao do documento utilizado). Isso chamado pela Doutrina como tipo penal remetido, j que se remete a outros tipos penais para compor de forma plena a conduta criminosa.16 TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No necessrio que o agente tenha a finalidade de obter vantagem ilcita, por exemplo. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento utilizado pelo agente. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente leva o documento ao conhecimento de terceiros, pois a se d a leso credibilidade, f pblica. NÌO SE ADMITE A TENTATIVA!17 Pois se trata dede crime que se perfaz num nico ato (no se pode desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo), ou seja, crime unissubsistente. 15 Fazer ÒUSOÓ significa a efetiva utilizao do documento, no bastando para o mero ÒporteÓ do documento para a caracterizao do delito. Porm, em se tratando de CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÌO, entende-se que o MERO PORTE j caracteriza o delito de uso de documento falso, pois o Cdigo de Trnsito Brasileiro dispe que o mero porte da CNH j considerado como ÒusoÓ. 16 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 571 17 CUNHA, Rogrio Sanches. Op. Cit., p. 683. Bitencourt entende que a tentativa , teoricamente, possvel. Contudo, sustenta ser muito difcil sua caracterizao. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 572 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo CUIDADO! E se quem usa o documento falso a prpria pessoa que fabricou o documento falso? Neste caso, temos (basicamente) dois entendimentos: 1 Ð O agente responde apenas pelo crime de Òuso de documento falsoÓ, pois a falsificao ÒmeioÓ para a utilizao (Rogrio Greco). 2 Ð O agente responde apenas pela falsificao do documento, e no pelo uso, pois natural que toda pessoa que falsifica um documento pretenda utiliz-lo posteriormente, de alguma forma (Cezar Roberto Bitencourt, Damsio e outros).18 Prevalece o segundo entendimento, sendo a utilizao considerada como mero "ps factum impunvel". Embora existam, no STJ, decises em sentido diverso, prevalece tambm este entendimento (o uso como ps-fato impunvel).19 De toda forma, existem duas correntes doutrinrias e jurisprudenciais, como prevalncia pela corrente que entende que o agente responde pelo FALSO, sendo o uso mero ps fato impunvel. ATENÌO! Com relao competncia para processar e julgar a demanda, o STJ sumulou entendimento no sentido de que importa saber a entidade ou rgo perante o qual foi apresentado o documento (federal, estadual, etc.), no importando a natureza do rgo expedidor: Smula 546 A competncia para processar e julgar o crime de uso de documento falso firmada em razo da entidade ou rgo ao qual foi apresentado o documento pblico, no importando a qualificao do rgo expedidor. 1.3.10! Supresso de documento O art. 305, por fim, trata do crime de Òsupresso de documentoÓ. Na verdade, o crime deveria ser de Òsupresso, destruio ou ocultaoÓ de documento, pois estas trs condutas so previstas neste tipo penal (so trs tipos objetivos, trs condutas incriminadas): Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefcio prprio ou de outrem, ou em prejuzo alheio, documento pblico ou particular verdadeiro, de que no podia dispor: Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa, se o documento pblico, e recluso, de um a cinco anos, e multa, se o documento particular.18 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 571/572 19 (HC 228.280/BA, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 25/03/2014) 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de destruir, suprimir ou ocultar documento do qual o agente no poderia dispor. TIPO SUBJETIVO Dolo, exigindo-se a especial finalidade de agir, consistente na vontade de obter benefcio ou prejudicar algum. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento suprimido, destrudo ou ocultado. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente pratica qualquer das condutas previstas no ncleo do tipo (destri, suprime ou oculta o documento). Admite- se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). 1.4!Outras falsidades Este captulo cuida de hipteses diversas de falsidades, que no se enquadram perfeitamente em nenhum dos tipos penais at ento estabelecidos. O art. 306 traz o crime de Òfalsificao de sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fiscalizao alfandegria, ou para outros finsÓ: Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder pblico no contraste de metal precioso ou na fiscalizao alfandegria, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem: Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa. Pargrafo nico - Se a marca ou sinal falsificado o que usa a autoridade pblica para o fim de fiscalizao sanitria, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal: Pena - recluso ou deteno, de um a trs anos, e multa. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar ou alterar marca ou sinal. Alm disso, o tipo penal tambm incrimina que faz uso destes sinais ou marcas falsificados. O ¤ nico estabelece a forma privilegiada (pena reduzida) em relao ao caput, se o crime for praticado sobre marca ou sinal utilizado para fins de fiscalizao sanitria ou para o encerramento ou autenticao de objetos, ou ainda, para sinalizar o cumprimento de formalidade legal. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL A marca ou sinal falsificado ou utilizado pelo agente. CONSUMAÌO E TENTATIVA Na primeira conduta (falsificar, fabricando ou alterando), o crime se consuma no momento em que o agente modifica o objeto (a marca ou sinal utilizado pelo poder pblico). Aqui se admite tentativa. Na segunda conduta (usar), o crime se consuma no momento em que o agente faz uso do objeto, no sendo suficiente que ele apenas carregue consigo. Aqui no se admite tentativa. O art. 307 do CP trata do crime de Òfalsa identidadeÓ, que a maioria das pessoas acredita ser o crime de Òfalsidade ideolgicaÓ. Cuidado com isso, meu povo! Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito prprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - deteno, de trs meses a um ano, ou multa, se o fato no constitui elemento de crime mais grave. BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de atribuir a si ou terceiro falsa identidade, que consiste, basicamente, em se fazer passar por outra pessoa. CUIDADO! A falsa identidade s ocorre se o agente se faz passar por outra pessoa, sem utilizar documento falso! Se o agente se vale de um documento falso para se fazer passar por outra pessoa, neste caso teremos USO DE DOCUMENTO FALSO, nos termos do art. 304 do CP. (HC 216.751/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 24/10/2013, DJe 04/11/2013). TIPO SUBJETIVO Dolo, exigindo-se, no caso do art. 307, especial finalidade de agir, consistente na vontade de obter alguma vantagem ou causar prejuzo a algum. CUIDADO COM ISSO, POVO! No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL No caso de ser praticado pela forma escrita, o documento por meio do qual o agente atribuiu-se falsa identidade. Lembrando que se o agente se vale de documento falso, responde por uso de documento falso. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente se faz passar por outra pessoa. Assim, imprescindvel que o agente exteriorize a conduta. Admite-se tentativa, MAS SOMENTE NA EXECUÌO POR ESCRITO20, pois, nesse caso, no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). CONSIDERAÍES IMPORTANTES A efetiva obteno da vantagem pelo agente, ou o dano visado por ele, so irrelevantes para a consumao do delito, pois o crime, como vimos, se consuma com a mera atribuio falsa de identidade, independente (no caso do art. 307) de o agente vir a obter a vantagem visada ou causar o dano almejado. 20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 581 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo CUIDADO! A jurisprudncia, durante algum tempo, encampou a tese de que a prtica da conduta (falsa identidade), perante a autoridade policial, para se esquivar de eventual cumprimento de priso (por mandados anteriores), configuraria exerccio legtimo de ÒautodefesaÓ. Contudo, posteriormente, essa tese passou a ser rechaada, ou seja, atualmente a Jurisprudncia, notadamente o STJ, entende que a prtica da conduta, nestas condies, CARACTERIZA o delito de falsa identidade. Inclusive, fora editado o verbete de smula n¼ 522 do STJ, pacificando o tema: Smula 522 A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial tpica, ainda que em situao de alegada autodefesa. O art. 308, por sua vez, considerado pela Doutrina como um tipo de falsa identidade ÒespecficoÓ. Trata-se do crime de USO (como prprio) DE DOCUMENTO DE IDENTIDADE ALHEIO. Vejamos: Art. 308 - Usar, como prprio, passaporte, ttulo de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, prprio ou de terceiro: Pena - deteno, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato no constitui elemento de crime mais grave.Pune-se, aqui, tanto aquele que USA o documento alheio (como se fosse prprio) quanto aquele que CEDE o documento para o farsante (seja documento prprio ou de outra pessoa). Trata-se de crime FORMAL, se consumando no momento em que o agente pratica a conduta, no se exigindo qualquer resultado naturalstico para a consumao. O crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa, e admite a tentativa, em regra, j que a conduta delituosa pode ser fracionada em diversos atos. Os arts. 309 e 310 do CP trazem as figuras tpicas de Òfraude de lei sobre estrangeiroÓ, estabelecendo duas condutas completamente distintas. Uma delas refere-se a uma modalidade especial de falsa identidade (art. 309). A segunda, por sua vez, uma hiptese no de falsa identidade especial, mas de falsidade ideolgica ou material especial, pois o brasileiro (tem que ser brasileiro) se faz passar por dono de ao, ttulo ou valor pertencente a estrangeiro, para fins de fraudar a lei, pois o estrangeiro no poderia ser proprietrio delas. Trata-se do famoso Òtesta-de-ferroÓ, o ÒlaranjaÓ, que age desta forma para que o estrangeiro possa continuar sendo proprietrio de algo que a lei brasileiro o probe de ser: Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no territrio nacional, nome que no o seu: 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo Pena - deteno, de um a trs anos, e multa. Pargrafo nico - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em territrio nacional: (Includo pela Lei n¼ 9.426, de 1996) Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa. (Includo pela Lei n¼ 9.426, de 1996) Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietrio ou possuidor de ao, ttulo ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens: (Redao dada pela Lei n¼ 9.426, de 1996) Pena - deteno, de seis meses a trs anos, e multa. (Redao dada pela Lei n¼ 9.426, de 1996) BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO No caso do art. 309, somente o estrangeiro, incluindo o aptrida (aquele que no possui ptria, que no cidado de nenhum pas), pode praticar este fato tpico. No caso do ¤ nico do art. 309, qualquer pessoa poder praticar o delito. No caso do art. 310 exatamente ao contrrio, somente os brasileiros podem praticar o crime. Tratam-se, portanto, de crimes prprios. Entretanto, se, um brasileiro no primeiro caso, ou um estrangeiro no segundo, colaboram para a prtica do crime, podem responder por ele, em coautoria (ou participao). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de atribuir falsa identidade ou qualidade a estrangeiro (no caso do art. 309). No caso do art. 310, a conduta que se pune a do Òtesta-de- ferroÓ, a de algum que se faz passar por proprietrio ou possuidor de algo pertencente a estrangeiro, de forma a burlar a lei. TIPO SUBJETIVO Dolo. No primeiro crime se exige a finalidade especfica (dolo especfico) de fazer com que o agente ingresse ou permanea no territrio nacional. N segundo caso, porm, a Doutrina se divide, alguns entendendo no haver finalidade especfica, outros entendendo que o agente deve ter a 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo finalidade especfica de fraudar a lei. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL Eventuais documentos utilizados para enganar terceiros, como os documentos que indicam a propriedade dos bens do estrangeiro (fraudulentamente), ou o documento de identidade falsa utilizado pelo estrangeiro, etc. CONSUMAÌO E TENTATIVA No primeiro caso se consuma quando o agente (estrangeiro) atribui a si falsa identidade para ingressar no territrio nacional ou aqui permanecer21, independente de obter ou no sucesso na empreitada criminosa. No segundo caso, o crime se consuma quando o brasileiro passa a figurar como proprietrio ou possuidor dos bens do estrangeiro. Admite-se a tentativa SOMENTE NO SEGUNDO CASO (ART. 310)22, por no ser possvel, no primeiro, o fracionamento da conduta. O caso do art. 310 pode ocorrer, por exemplo, nos casos em que a Constituio veda que estrangeiro sejam proprietrios de empresa jornalstica ou de radiodifuso de sons e imagens. Conforme art. 222 da Constituio: Art. 222. A propriedade de empresa jornalstica e de radiodifuso sonora e de sons e imagens privativa de brasileiros natos ou naturalizados h mais de dez anos, ou de pessoas jurdicas constitudas sob as leis brasileiras e que tenham sede no Pas. ! Assim, se um brasileiro aceita se fazer passar por dono de uma emissora de TV (que na verdade de um estrangeiro), estar cometendo o crime previsto no art. 310 do CP. Finalizando o captulo, o art. 311 estabelece o crime de Òadulterao de sinal de veculo automotorÓ: Art. 311 - Adulterar ou remarcar nmero de chassi ou qualquer sinal identificador de veculo automotor, de seu componente ou equipamento: (Redao dada pela Lei n¼ 9.426, de 1996)) Pena - recluso, de trs a seis anos, e multa. (Redao dada pela Lei n¼ 9.426, de 1996) 21 Na hiptese do ¤ nico do art. 309, h quem entenda cabvel a tentativa. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 585 22 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 587 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo ¤ 1¼ - Se o agente comete o crime no exerccio da funo pblica ou em razo dela, a pena aumentada de um tero. (Includo pela Lei n¼ 9.426, de 1996) ¤ 2¼ - Incorre nas mesmas penas o funcionrio pblico que contribui para o licenciamento ou registro do veculo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informao oficial. (Includo pela Lei n¼ 9.426, de 1996) BEM JURêDICO TUTELADO F pblica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Entretanto, os ¤¤ 1¡ e 2¡ trazem hipteses de condutas que devem ser praticadas por funcionrio pblico no exerccio da funo, sendo a primeiro, ainda, uma causa de aumento de pena. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de adulterar sinal identificador de veculo, ou, no caso do ¤ 2¡ do artigo, contribuir para o licenciamento deste veculo (crime prprio, s podendo ser praticado por funcionrio pblico). TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O veculo que teve chassi ou outro sinal identificador adulterado ou remarcado. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em o agente realiza a adulterao ou remarcao do chassi ou sinal identificador. No caso do ¤ 2¡ (forma equiparada), o crime se consuma com o licenciamento do veculo anteriormente remarcado ou adulterado e que foi facilitado pelo funcionrio pblico. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). ! 84095195851 - Geraldo PedroHenrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo 1.5!Das fraudes em certames de interesse pblico Foi publicada, em 2011, a lei 12.550/11, que acrescentou o art. 311- A ao CP, prevendo a figura tpica da fraude em certame pblico ou de interesse pblico. A conduta (tipo objetivo) , basicamente, relativa divulgao de informaes sigilosas, que possam comprometer a credibilidade do certame. Na prtica, est muito relacionada ao ÒvazamentoÓ de questes e gabaritos de provas de concursos. Vamos ao nosso quadro esquemtico: Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, contedo sigiloso de: (Includo pela Lei 12.550. de 2011) I - concurso pblico; (Includo pela Lei 12.550. de 2011) II - avaliao ou exame pblicos; (Includo pela Lei 12.550. de 2011) III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Includo pela Lei 12.550. de 2011) IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Includo pela Lei 12.550. de 2011) Pena - recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Includo pela Lei 12.550. de 2011) ¤ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas no autorizadas s informaes mencionadas no caput. (Includo pela Lei 12.550. de 2011) ¤ 2o Se da ao ou omisso resulta dano administrao pblica: (Includo pela Lei 12.550. de 2011) Pena - recluso, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Includo pela Lei 12.550. de 2011) ¤ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um tero) se o fato cometido por funcionrio pblico. (Includo pela Lei 12.550. de 2011) BEM JURêDICO TUTELADO F pblica, neste caso especfico, relativa credibilidade dos certames pblicos e de interesse pblico. SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Entretanto, o ¤ 1¡ prev a equiparao da conduta daquele que permite o acesso de pessoa no autorizada aos dados sigilosos. Nesta hiptese, a lei estabelece um crime prprio, pois somente quem tem o dever de impedir o acesso de outras pessoas aos dados sigilosos que pode cometer o crime. O ¤ 3¡ traz hiptese de aumento de pena se o crime for praticado por funcionrio pblico no exerccio da funo. Embora a lei no diga Òno exerccio da funoÓ, isso se extrai da lgica do sistema, pois o simples fato de algum ser funcionrio pblico no pode ser causa de aumento 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo de pena se essa circunstncia no influenciou na prtica do delito.23 SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, alm de eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de utilizar ou divulgar indevidamente. Percebam que este termo ÒindevidamenteÓ o que se chama de elemento normativo do tipo penal, pois ele estabelece que a conduta do agente deve estar desamparada pela lei. Assim, aquele funcionrio pblico que coloca o gabarito do concurso na internet no comete crime, pois no o faz indevidamente. Entretanto, se o fizer antes do horrio determinado, e com a finalidade de obter vantagem ou prejudicar algum, cometer o crime. TIPO SUBJETIVO Dolo, exigindo-se a especial finalidade de agir, consistente na vontade de beneficiar a si ou a terceiro, ou, ainda, comprometer a credibilidade do certame. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL A informao utilizada ou divulgada indevidamente. CONSUMAÌO E TENTATIVA Consuma-se no momento em o agente utiliza a informao ou a divulga indevidamente. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis Ð caminho percorrido na execuo). EXEMPLO: Mauro, funcionrio de uma empresa contratada para realizar um concurso pblico, divulga, INDEVIDAMENTE, o contedo da prova para Ana, uma semana antes da prova. Ana, burra que s ela, mesmo assim no consegue fazer, sequer, 50 pontos. Nesse caso, embora o resultado visado no tenha ocorrido (beneficiar Ana), o crime Jç SE CONSUMOU, pois a consumao ocorre no momento em que o agente divulga indevidamente o contedo sigiloso. CUIDADO: No s em concurso pblico que esta norma se aplica, aplicando- se, tambm, em quaisquer outros processos seletivos de interesse pblico previstos nos incisos II, III e IV, como o ENEM, por exemplo, e o exame da OAB. 23 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 597/598 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo 2! DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES CîDIGO PENAL Ä Arts. 289 a 311-A do CP Ð Tipificam os crimes contra a f pblica: TêTULO X DOS CRIMES CONTRA A F PòBLICA CAPêTULO I DA MOEDA FALSA Moeda Falsa Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metlica ou papel- moeda de curso legal no pas ou no estrangeiro: Pena - recluso, de trs a doze anos, e multa. ¤ 1¼ - Nas mesmas penas incorre quem, por conta prpria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulao moeda falsa. ¤ 2¼ - Quem, tendo recebido de boa-f, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui circulao, depois de conhecer a falsidade, punido com deteno, de seis meses a dois anos, e multa. ¤ 3¼ - punido com recluso, de trs a quinze anos, e multa, o funcionrio pblico ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emisso que fabrica, emite ou autoriza a fabricao ou emisso: I - de moeda com ttulo ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior autorizada. ¤ 4¼ - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulao no estava ainda autorizada. Crimes assimilados ao de moeda falsa Art. 290 - Formar cdula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cdulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cdula ou bilhete recolhidos, para o fim de restitu-los circulao, sinal indicativo de sua inutilizao; restituir circulao cdula, nota ou bilhete em tais condies, ou j recolhidos para o fim de inutilizao: Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa. Pargrafo nico - O mximo da recluso elevado a doze anos e multa, se o crime cometido por funcionrio que trabalha na repartio onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fcil ingresso, em razo do cargo.(Vide Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Petrechos para falsificao de moeda Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a ttulo oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado falsificao de moeda: Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa. Emisso de ttulo ao portador sem permisso legal 84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 87 DIREITO PENAL P/ PC-AL (2018) Ð AGENTE E ESCRIVÌO Teoria e questes Aula 09 Ð Prof. Renan Araujo
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