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RESENHA CRITICA DE PLATÃO - MITO DA CAVERNA PSICOLOGIA

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA CIÊNCIAS DA VIDA – PSICOLOGIA 4º PERIODO NOTURNO
FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS DAS TEORIAS DA PERSONALIDADE
RAFAELA DOS SANTOS
RESENHA CRITICA: A REPÚBLICA - LIVRO VII: A ALEGORIA DA CAVERNA. PLATÃO 
CURITIBA
2019
	Platão (427-347 a. C) foi um filósofo grego, discípulo de Sócrates e considerado um dos mais importantes pensadores na história da filosofia. Para Platão, existem quatro formas de conhecimento que são: a crença, opinião, raciocínio e indução. Em sua visão as duas primeiras podem ser descartadas da filosofia pelo fato de não ser concretas, e somente as duas podem ser formas de fazer filosofia, segundo ele tudo pode ser justificado pela matemática, através dela que encontramos a verdadeira realidade. Platão defendia o Inatismo, onde diz que nascemos como princípios racionais e ideias inatas, e a partir disso, sua filosofia é baseada na ideia da existência de dois mundos, o mundo sensível ou dos sentidos, o qual habitamos, e o mundo inteligível ou o mundo das ideias, elevado e eterno que reside no conhecimento, a partir dessa filosofia o mundo sensível constantemente reproduz cópias das ideias do mundo inteligível. Platão faz o uso da metáfora da Caverna para explica a diferença entre o mundo dos sentidos e o mundo das ideias.
	O processo de saída da caverna, do mundo dos sentidos para o mundo exterior, o mundo das ideias ocorre por meio do conhecimento, da crítica e da filosofia. O homem que decide se liberar das correntes a qual é aprisionado toma uma decisão difícil que não é bem vista pelos seus companheiros, para eles isso é encarado como um ato de rebeldia, e algo que não é bem visto, não é encorajador. Quando o homem decide seguir em frente, superando a barreira do muro e da fogueira, se depara com um mundo novo e com diferentes perspectivas, cheio de dúvidas já não sabe mais o que é real e o que não é, a vida em uma caverna ou o mundo externo.
“Quanto às honras e louvores que eles se atribuíam mutuamente outrora, quanto às recompensas concedidas àquele que fosse dotado de uma visão mais aguda para discernir a passagem das sombras na parede e de uma memória mais fiel para se lembrar com exatidão daquelas que precedem certas outras ou que lhes sucedem, as que vêm juntas, e que, por isso mesmo, era o mais hábil para conjeturar a que viria depois, acha que nosso homem teria inveja dele, que as honras e a confiança assim adquiridas entre os companheiros lhe dariam inveja? Ele não pensaria antes, como o herói de Homero, que mais vale “viver como escravo de um lavrador” e suportar qualquer provação do que voltar à visão ilusória da caverna e viver como se vive lá?”
"A República" de Platão. 9° ed. Ed. Atena, 1949 p. 318-319.
	Com relação aos habitantes da caverna, a saída da caverna se mostra perigosa, já que não enxergam o mundo exterior, e o grupo reage então para não conhecer o mundo de fora e reconhecer o novo. Os homens só haviam visto as projeções nas paredes desde que nasceram, não tinham a necessidade ou a curiosidade de saber o que produzia as sombras, para eles as projeções eram a própria realidade.
Veja agora o que aconteceria se eles fossem libertados de suas correntes e curados de sua desrazão. Tudo não aconteceria naturalmente como vou dizer? Se um desses homens fosse solto, forçado subitamente a levantar-se, a virar a cabeça, a andar, a olhar para o lado da luz, todos esses movimentos o fariam sofrer; ele ficaria ofuscado e não poderia distinguir os objetos, dos quais via apenas as sombras anteriormente. Na sua opinião, o que ele poderia responder se lhe dissessem que, antes, ele só via coisas sem consistência, que agora ele está mais perto da realidade, voltado para objetos mais reais, e que está vendo melhor? O que ele responderia se lhe designassem cada um dos objetos que desfilam, obrigando-o com perguntas, a dizer o que são? Não acha que ele ficaria embaraçado e que as sombras que ele via antes lhe pareceriam mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
"A República" de Platão. 9° ed. Ed. Atena, 1949 p. 316-317.
	A visão oferecida pelo Mito da Caverna pode ser identificada na sociedade atual, todos os indivíduos seguem um padrão de pensamento, quando um indivíduo pensa de um modo diferente, ele pode ser encarado como uma ameaça ou um rebelde, passível de críticas e julgamentos, as pessoas criam barreiras e zonas de conforto em ideais dentro do padrão realizado por todos e acabam se sentindo despreparados ou desencorajados em seguir um modo de ver e enxergar as demais coisas ao redor. Fazemos deste pensamento padrão uma verdade absoluta sem parar para refletir ou questionar se o mundo é realmente somente desta forma como imaginamos, porém o problema de ver apenas uma “versão da história” é que existe um oposto, totalmente novo e inexplorado sob uma perspectiva diferente, que o ser humano é incapaz de ver por medo do desconhecido. Este não enfrentamento das coisas, ou incapacidade de enfrentamento pode gerar frustrações, e uma crença de que não ´se é capaz de realizar as coisas, ou o “tempo já passou, perdi minha chance”, encarar um erro ou um medo como um fracasso gera uma negatividade e frustração onde o sujeito se influencia a abandonar seus projetos no primeiro contratempo, incapaz de acabar com qualquer coisa ou realizar os próprios sonhos. A Psicologia é capaz de trabalhar com uma mudança na perspectiva, de modo que o indivíduo não conseguirá apenas deixar de sentir medo do enfrentamento, mas também estará pronto para quando errar ser capaz de aprender com os próprios erros.
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REFERÊNCIAS
PLATÃO, A República: Livro VII. 9º ed. Ed. Atena, 1949.

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