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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Relatório de Físico-química experimental Experimento 4- DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE VISCOSIDADE DE LÍQUIDOS Departamento de Química QMC 5453 – Laboratório de Físico-Química Experimental Professor: Nito Angelo Debacher Grupo: Christinni Venturi, Júlia Azevedo, Júlia Kinetz, Júlia Rozicki Florianópolis, 20 de agosto de 2019 2 Sumário 1. Introdução.................................................................................................................................3 2. Objetivo.....................................................................................................................................4 3. 3. Materiais e Procedimento.....................................................................................................5 4. Resultados e Discussão..............................................................................................................7 5. Conclusão................................................................................................................................11 6. Bibliografia..............................................................................................................................12 3 1. Introdução De acordo com Florence (2003), a viscosidade de um líquido (inverso da fluidez) mede a resistência interna (resistência em fluir) oferecida ao movimento relativo de diferentes partes desse líquido. A viscosidade não está diretamente relacionada com a densidade do líquido, que é a relação massa/volume. Por exemplo, o óleo de soja é mais viscoso que a água, embora seja menos denso. A viscosidade é medida através de um teste físico aplicado a fluídos (líquidos puros, soluções, emulsões, suspensões e preparações semi-sólidas). A viscosidade está relacionada com a fluidez, ou seja, a velocidade de deslizamento do fluído sobre ele mesmo e ao tixotropismo (propriedade de certos géis de se liquefazerem quando agitados e retornarem ao seu estado primitivo ao cessar a agitação) das amostras analisadas. Dependendo de suas características de fluxo os materiais fluídos são classificados em duas grandes categorias newtonianos e não newtonianos. O fluxo newtoniano caracteriza-se por acontecer com viscosidade constante, independente da velocidade de cisalhamento aplicada, enquanto o não newtoniano caracteriza-se por uma mudança na viscosidade com o aumento na velocidade de cisalhamento. Viscosímetro de Höppler (indicado para líquidos transparentes e de viscosidade média do tipo newtoniano) é medida pela velocidade de queda de uma esfera dentro de um líquido colocado em um cilindro vertical de vidro. O viscosímetro de Ostwald, cuja viscosidade é medida pela velocidade de escoamento do líquido através de um capilar de vidro, sendo adequado para líquidos newtonianos, de baixa viscosidade, permite a determinação do coeficiente de viscosidade a partir de um líquido definido como padrão, geralmente a água. Neste caso as medidas de viscosidade são feitas por comparação entre o tempo de vazão de um líquido qualquer, geralmente água, e do líquido cuja viscosidade se deseja comparar. A partir da medida dos tempos de escoamento (t1) densidade (d1) do líquido um e dos tempos de escoamento do líquido dois (t2) e densidade (d2) podemos determinar a viscosidade relativa do líquido. Chamando de “2” o líquido padrão e de “1” o líquido cuja viscosidade se deseja medir, e aplicando a equação de Poiseuille para ambos os líquidos, pode- se chegar a seguinte relação, equação 3: ηrel= η1= (d1)t1 (3) η2 (d2)t2 Onde η, d e t são, respectivamente, o coeficiente de viscosidade dinâmica, a densidade específica e o tempo de escoamento de igual volume dos líquidos 1 e 2. Assim, η1/η2 representa a viscosidade relativa do líquido “1” com relação à água. Este método é aplicado com bons resultados para líquidos com viscosidades baixas tipo água, álcool, acetona, soluções diluídas, entre outros. Para líquidos mais viscosos como glicerina e óleos em geral, pode-se determinar a viscosidade dinâmica pelo método da velocidade da queda de bolas através do líquido, com o Viscosímetro de Höppler. Este método também é apropriado para determinar a viscosidade absoluta de líquidos, usando a equação 4: η= t(ds - dL)K (4) A viscosidade relativa no método de Höppler pode ser determinada pela equação 5: ηexp = (ds-d1)t1 (5) (ds-d2)t2 4 2. Objetivos Determinar o coeficiente de viscosidade de líquidos de baixa viscosidade empregando os viscosímetros de Ostwald e Höppler. 5 3. Materiais e Procedimento 3.1. Materiais Reagentes: Água destilada Sacarose (açúcar). Vidraria: 2 pipetas graduadas de 10 mL 1 béquer de 100 mL, 1 proveta de 100 mL 1 picnômetro Equipamentos: Viscosímetro de Ostwald Viscosímetro de Höppler Refratômetro Balança Outros: cronômetro Pipetador tipo pera Espátula 3.2. Procedimento Solução de sacarose Preparou-se 100 mL de solução de sacarose a 10 % massa/volume (m/v). Conferiu-se a concentração (grau BRIX) da solução, com o refratômetro, sendo o valor obtido de 9,5%. Porém como a medição da solução ocorreu após uma medição no viscosímetro, pode ter ocorrido uma diluição devido o contato com a agua, logo para efeitos de calculo, considerou- se que a solução era de 10%. Determinação da densidade de líquidos- Picnômetro i) Determinou-se o volume do picnômetro através da relação: densidade é massa/volume (d = m/v). ii) Pesou-se o picnômetro seco com tampa, encheu-se com água até derramar, colocou-se a tampa, secou-o por fora e pesou-se novamente. Considerou-se a densidade da água igual a 1,0 gcm3. iii) Determinou-se a densidade da solução de sacarose. (d = m/v). iv) Encheu-se o picnômetro com a solução de açúcar até derramar, colou-se a tampa, a seguir ele foi seco por fora e pesado novamente. 6 3.3 Viscosímetro de Ostwald Antes de usar enxaguou-se o viscosímetro com o líquido a ser usado antes de fazer as medidas. Descartou-se o líquido. Medida da viscosidade 1. Colocou-se cerca de 8 mL do líquido a ser usado no viscosímetro (água ou solução de sacarose). O líquido preencheu parcialmente o bulbo (A) e evitou-se a formação de bolhas durante as medidas. Usou-se um pipetador para sugar o líquido até o bulbo (C), tubo 2. 2. Removeu-se o pipetador e deixou-se o líquido escoar livremente cronometrando o tempo necessário para que o líquido escorresse entre as marcas (m) e (n). 3. Fez-se 3 medidas, para obter a média (água ou solução de sacarose). Lavou-se o viscosímetro. 3.4 Viscosímetro de Höppler Nota: O procedimento acima deve ser realizado para a água e solução de sacarose. 1. Enxaguou-se o tubo interno do viscosímetro com o líquido a ser usado para determinar a viscosidade. Fechou-se a extremidade inferior, colocou-se cerca de 4 mL do líquido, fechou-se a extremidade superiore girou-se o viscosímetro sobre o suporte. Descartou-se o líquido. 2. Encheu-se completamente o tubo interno do viscosímetro com água. Para tanto, fechou-se a saída inferior do tubo com a tampa disponível. 3. Escolheu-se a esfera adequada para cada líquido, no caso da agua foi a esfera de vidro. 4. Colocou-se a esfera no tubo e anotou-se o tempo de queda da esfera entre as marcas A e B no viscosímetro. 5. Repetiu-se o processo por mais duas vezes para obter a média. 6. Evitou-se o surgimento de bolhas que poderiam prejudicar o experimento. 7. Lavou-se o viscosímetro e retirou-se a esfera com cuidado. 7 4. Resultados e discussão 4.1 Determinação da densidade de líquidos- Picnômetro A viscosidade foi definida a partir de uma solução de sacarose preparada com 10g de açúcar (sacarose), diluída em água até a marca de 100mL de um balão volumétrico. Após o homogenização, a substância foi transferida para um picnômetro. Antes dessa transferência, o picnômetro foi pesado duas vezes: uma vez vazio e uma vez cheio de água. Na primeira medida, encontrou-se a massa de 24,761g, e na segunda, 77,560 g. (77,560g) - (24,761g) = 52,799g Dessa forma foi possível concluir que a massa do volume total da vidraria é 52,799g. E adotando a densidade da água como 1 g/mL, tem-se que o volume total é 52,799mL. 1g/mL = 52,799g x Com a solução de sacarose no picnômetro, foi feita a pesagem novamente e obtida a massa 79,616 g. Como esse total corresponde a vidraria e a massa de sacarose, é feita uma subtração do total encontrado pelo peso do picnômetro, para descobrir a massa da solução. (79,616g) – (24,761g)= 54,855 g Com esses valores, é calculado a densidade da sacarose com a fórmula d=m/v: d= 54,855g = 1,03894 g/mL 52,799mL Sendo o valor tabelado da densidade da sacarose 10% a 20ºC 1,0381 g/mL, o erro experimental é de 0,08091% |1,0381-1,03891| = 0,0000891 x 100% = 1,0381 Erro experimental: 0,08091% 4.2 Viscosímetro de Ostwald Após o experimento no Viscosímetro de Ostwald, foi calculado a viscosidade relativa à água para a solução de sacarose nas condições de temperatura do dia do experimento, que era de 19,5º C. Para calcular, aplicou-se a equação de Poiseuille para ambos os líquidos, chegando na relação que corresponde a equação 3: ηrel= η1= (d1)t1 (3) η2 (d2)t2 ηrel= (43,74)x1,0389 = 1,214 η/mPas (37,43)x1 Comparando com o valor da literatura que é de 1,336 η/mPas.s a 20º celsius, nota-se uma variação não significativa e coerente, levando em conta a diferença de temperatura e 8 erros experimentais, tais como o tempo para acionar o cronômetro e o enxague incorreto do viscosímetro de Ostwald. 4.3 Viscosímetro de Höppler 4.3.1 Viscosidade relativa Após realizar as medições no Viscosímetro de Höppler, indicado para líquidos transparentes e de viscosidade média do tipo newtoniano, como glicerina e óleos em geral. Calcula-se a viscosidade relativa à agua usando a equação 5, da solução de sacarose 10%: ηexp = (ds-d1)t1 (ds-d2)t2 No qual, utilizou-se a densidade da esfera (ds), densidade da solução de sacarose (d1), densidade da água (d2) e t1 e t2 que são os tempos de queda da esfera de vidro para os respectivos líquidos. ηexp = (2,226-1,03894) x 82,56 (2,226-1,00) x 61,07 ηexp =1,30896357 Também foi calculado o valor da viscosidade relativa com os dados tabelados (tab) para temperatura de 20°C através da razão entre viscosidade da sacarose pela viscosidade da água. ηtab=1,336 = 1,33 1,002 (1,30 (experimento)) - (1,33(tabela))= 0,022556 1,33 Erro experimental foi de 2,256%. Com os valores de viscosidade relativa é possível calcular o valor da viscosidade cinética pela expressão v=η/d, onde n é a viscosidade relativa e d é a densidade da sacarose 10%. Desta maneira, calcula-se a viscosidade cinética experimental (vexp) através da divisão da viscosidade experimental ηexp pela densidade experimental (calculada anteriormente) e obteve-se: Vexp= ηexp dexp (1,30896535) = 1,25990295 (m2/s)x 10-6 1,03894 Para uma melhor dimensão dos resultados calculou-se também a viscosidade cinética tabelada, chamada de vtab através da razão entre a viscosidade tabelada ηtab e a densidade tabelada da sacarose dtab: Vtab= ηtab_ dtab 9 (1,33) = 1,281 1,0382 Erro experimental foi de 1,647%. Comparando os valores tabelados com os valores experimentais é possível inferir que não houve um erro significativo, sendo a diferença de valores, causada por diferenças na temperatura e erros na execução do procedimento. 4.3.1 Viscosidade absoluta Para determinar a viscosidade absoluta de líquidos, utilizou-se a equação 4: η= t(ds - dL)K t = tempo de queda da bola (seg). K = cte específica da bola (mPcm3), fornecido pelo fabricante. ds = densidade da bola (g/cm3). dL = densidade do líquido (g/cm3). (d = m/v) Para calcular a viscosidade absoluta da água, tem-se que a média do tempo nas três aferioes foi de 1 min e 1 segundo, portanto 61 segundos (t). Sabe-se que a densidade da bola é de 2,226 g/cm3 (ds) e que a densidade da água é de 1,00 g/cm3: η= 61(seg)(2,226 g/cm 3 -1,00 g/cm3 ).0,013399 mPcm3 η=1,00206 |1,002(tab)- 1,00206 (exp) |= 5,988 x10 -5 1,002 Erro relativo: 0,005988 % (água) Praticamente o valor encontrado no experimento é o mesmo esperado do valor teórico. No caso da sacarose, tem-se que a media do tempo foi de 1 min e 22 segundos, portanto 82 segundos. E sabendo que a densidade da sacarose é de 1,03894 g/cm3 η= 82(seg)(2,226 g/cm 3 -1,03894 g/cm3 ).0,013399 mPcm3 η=1,36177 Para calcular o erro experimental, sabe-se que a viscosidade absoluta da sacarose é 1,336 (tabelado): |1,336(tab)-1,36177(exp) |= 0,019288 1,336 Erro relativo: 1,92% (Sacarose) Possivelmente causado pela diferença de temperatura entre o valor da tabela, medido em temperatura de 25º C e da temperatura do experimento (19,5ºC). 10 4.4 Tipos de Viscosidade Viscosidade relativa: a viscosidade relativa é, segundo PILLING (2014), a razão entre a viscosidade da solução e a viscosidade do solvente puro, dependendo diretamente da concentração da substância na solução. Viscosidade específica: Também depende da concentração da substância na solução, indica a viscosidade por molécula do soluto. Viscosidade reduzida: Segundo a USP (2013), define-se viscosidade reduzida pela viscosidade específica dividida pela concentração do polímero. Viscosidade intrínseca: essa viscosidade fornece informações quanto ao tamanho das moléculas e qualidade do solvente, sendo a medida mais difundidapara fornecer a massa molar. 4.5 Densidade x Viscosidade Não é simples a relação densidade x viscosidade, porém elas não são diretamente relacionadas. A primeira é a resistência a deformações ou forças aplicadas nas camadas do fluido enquanto que a densidade é a relação existente entre a massa e o volume de um material. A viscosidade cinemática tem a densidade em sua fórmula porém não necessariamente implica que com uma maior densidade maior será a viscosidade. O óleo é menos denso que a água porém apresenta mais dificuldade de escoar (tem uma maior viscosidade), ou seja, viscosidade é a resistência ao movimento enquanto que densidade é uma propriedade do material. 4.6 Experimento de viscosidade (Lei de Stokes) O vídeo analisado foi produzido por alunos de Mecânica dos fluidos da UNIBH. Sendo o objetivo do experimento apresentado analisar a viscosidade de fluidos diversos presentes no dia a dia, determinada de acordo com as propriedades dos fluidos e os dados extraídos dos aparelhos utilizados, bem como os parâmetros e as condições para a realização do experimento, a resistência que o fluido apresenta a um corpo que percola por ele. A viscosidade é a propriedade dos fluidos que influi no escoamento do mesmo em um meio, ou a resistência que ele apresenta em ser introduzido. O experimento apresentado não apresentou os resultados aproximados aos valores tabelados pelas fabricantes bem como agências que normatizam essas áreas. O motivo se dá por diversos fatores, como a temperatura do meio que deve ser controlada a 20°, a precisão dos materiais de medidas, as propriedades químicas dos compostos. 11 5. CONCLUSÃO Os valores obtidos estão muito próximos dos valores tabelados, portanto pode-se afirmar que o experimento foi efetuado com sucesso. A diferença de valores se deve a erros experimentais, como diferença da temperatura do laboratório (19,5 ºC) estar mais baixa que a temperatura padrão (20ºC), e falhas humanas no uso do cronometro, lavagem inadequada de vidraria e contaminações da água ou da sacarose. A Lei de Newton da Viscosidade diz que a relação entre a tensão de cisalhamento (força de cisalhamento x área) e o gradiente local de velocidade é definida através de uma relação linear, sendo a constante de proporcionalidade, a viscosidade do fluido. Dessa forma, a sacarose é classificada como liquido Newtoniano. 12 6. Bibliografia 1. Florence, A.T, Attwood, D., Princípios Físico-Químicos em Farmácia; tradução, USP, Vol. 3, 2003 2. Roteiro 4 Físico-Química Experimenta l Q MC 5453, DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE VISCOSIDADE DE LÍQUIDOS, Prof. Nito Angelo Debaher. 3. PILLING, Sergio. Determinação da viscosidade de líquidos. UNIVAP, 2010. Disponível em: > https://www1.univap.br/spilling/FQE1/FQE1_EXP4_ViscosidadeLiquidos.pdf<. Acesso em: 21 de agosto de 2019. 4. VISCOSIDADE. USP, 2013. Disponível em: > http://www.usp.br/massa/2013/qfl2453/pdf/coloquio-viscosidade-2013.pdf<. Acesso em: 21 de agosto de 2019.
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