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Formação Continuada na Prática Pedagógica de Professores de Educação Física

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A FORMAÇÃO CONTINUADA E SUA INFLUÊNCIA NA PRÁTICA 
PEDAGÓGICA DOS DOCENTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO 
MÉDIO 
 
 WOLFF, Helio Ricardo Werniski – PUCPR 
heliowerniski@gmail.com 
 
KOGUT, Maria Cristina – PUCPR 
Cristina.k@pucpr.br 
 
Eixo Temático: Formação de Professores e Profissionalização Docente 
Agência Financiadora: Não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
Atualmente, entre os profissionais de Educação Física, existe uma grande preocupação quanto a 
Formação Continuada. Este trabalho de cunho descritivo e qualitativo teve como objetivo 
identificar a percepção dos profissionais de educação física do ensino médio sobre a formação 
continuada e sua influência na sua práxis pedagógica. Analisamos vinte e quatro docentes de 
ambos os sexos, entre trinta e cinqüenta e um anos de idade, em plena atuação na Educação 
Física Escolar nas duas redes de ensino, estadual e particular. O instrumento utilizado foi um 
questionário composto por 17 questões, evidenciando os vários aspectos de formação continuada. 
Os dados foram analisados por meio de porcentagem e de análise de conteúdo. De acordo com os 
resultados obtidos, verificou-se que os docentes de ambas as instituições, afirmam que a 
formação continuada, influencia na melhora da sua práxis pedagógica, acarretando mudanças 
significativas. Os resultados apontaram que a procura pela formação continuada pode ocorrer 
tanto pela busca por mais conhecimento, por uma atualização e também pela perspectiva da 
reflexão na ação. Os professores entrevistados também afirmaram que um dos principais motivos 
dos docentes estarem mal preparados para o mercado de trabalho, é que a formação inicial e os 
programas de formação continuada não condizem com a realidade vivenciada. Assim sendo 
pudemos verificar que realmente a formação continuada é importante e que a mesma exerce uma 
grande influencia na práxis dos professores, gerando mudanças na qualidade do ensino 
 
 
Palavras - Chave: formação continuada, formação inicial, práxis pedagógica, ação – reflexão – 
ação. 
 4200 
 
 
Introdução 
 
Muitas instituições têm atualmente um papel fundamental para a sociedade. A igreja, as 
ONG’s, as empresas, as instituições governamentais, as instituições de ensino e tantas outras que 
com o seu trabalho favorecem a integração das pessoas no cotidiano. Entretanto entre elas a 
escola parece ser aquela que de forma mais direta pode intervir no comprometimento de todos 
com a sociedade. 
Com o papel de preparar os estudantes utilizando-se dos conhecimentos produzidos pelo 
homem ao longo de sua história, ela fornece as condições necessárias para que cada vez mais as 
pessoas se percebam como cidadãos, que atuem de forma a buscar seus objetivos pessoais e 
coletivos e contribuam para o bem estar comum. 
Libânio (1998) et al. acreditam que os momentos de Formação Continuada levam os 
professores a uma ação reflexiva. Uma vez que após o desenvolvimento da sua prática, os 
professores poderão reformular as atividades para um próximo momento, repensando os pontos 
positivos e negativos ocorridos durante o desenrolar de sua aula. Buscando assim melhorias nas 
atividades e exercícios que não se mostraram eficientes e eficazes no decorrer do período de aula. 
Nessa perspectiva os envolvidos no processo escolar, sejam os gestores, professores e 
familiares, devem cumprir sua parcela para que a escola atenda as necessidades do aluno e da 
sociedade. Mas dentre todos os personagens dessa grande engrenagem está o professor que atua 
como elo entre o saber e o aluno que busca a escola. 
Para que o aluno aprenda a importância daquilo que lhe é ensinado e passe a assumir um 
papel de crítico das circunstâncias que o cerca, há necessidade que sua caminhada seja orientada 
por profissionais bem formados e que façam da busca constante uma característica de seu papel 
como educadores e integrantes do sistema social. 
Cada vez mais a questão da formação profissional ocupa uma posição de destaque em 
discussões acadêmicas e políticas. As políticas de incentivo à formação de professores sejam na 
preparação inicial ou continuada, em tese são muito efetivas, mas na prática pouco se percebe de 
efeitos no cotidiano do professor e conseqüentemente dos alunos. 
 4201 
Os docentes têm através de textos elaborados sobre o assunto da formação 
continuada/preparação dos professores, de cursos, e outras estratégias, estímulos para buscar a 
atualização, mas nem sempre isso se cumpre. Os profissionais devem ser estimulados a perceber 
que a graduação ou os anos de trabalho irão garantir a efetivação de trabalho de qualidade. 
 
 
A preparação profissional não se encerra ao final de um curso de graduação, muito 
menos se deve ter em mente que a pós- graduação seja ela Lato Sensu ou Stricto Sensu, 
será a redentora de uma formação lacunar, assim como a experiência profissional, por si 
só não o fará. (ARANHA, 2003, p.45- 49). 
 
 
A Educação Física em geral e principalmente a do Ensino Médio não foge à esta regra, 
também há a necessidade de busca constante para contínua valorização profissional. 
 
 
Alguns professores de Educação Física acreditam que está havendo uma melhora na 
imagem da disciplina perante os demais colegas, mas têm consciência que ainda é 
preciso modificar muita coisa para que a Educação Física, possa realmente estar 
integrada na escola e receba o respeito dos demais professores (BETTI, 1996, p.22). 
 
 
A formação continuada deve ser um entendimento pessoal de cada profissional e deve ser 
estimulada pelas instituições de ensino. Mas todos devem ter clareza de seus objetivos e metas. 
Para Imbernón (2000, p.59), uma formação continuada que se pretende ser superadora tem o 
 
 
papel de descobrir a teoria para ordená-la, fundamentá-la, revisá-la e combatê-la, caso 
seja preciso, seu objetivo é remover o sentido pedagógico comum, para recompor o 
equilíbrio entre os esquemas práticos e os esquemas teóricos que sustentam a prática 
educativa. 
 
 
 A escola atual precisa de profissionais com uma visão ampla do seu papel social, político 
e como educador, e para isso o professor deverá buscar constantemente uma preparação que 
possibilite uma atuação competente e coerente com esse objetivo perante seus alunos e sociedade. 
Portanto desta maneira, a Formação Continuada é o melhor caminho e o mais ideal para que isso 
se concretize no ambiente escolar realmente como afirmam os professores neste estudo. Sendo 
 4202 
assim a Educação Física no Ensino Médio é uma área que necessita de melhor qualificação 
profissional por que cada vez mais vemos ser questionada e perder espaços. Com a perda de 
qualidade das aulas, cresce a preocupação sobre a formação inicial e a formação continuada dos 
docentes de Educação Física atuantes na Rede Estadual e Rede Particular 
Desta forma objetivo desta pesquisa foi de: a) Identificar a percepção dos profissionais de 
Educação Física do ensino médio sobre a Formação Continuada e sua influência na prática 
pedagógica do professor; b) Identificar a formação dos professores de Educação Física atuante 
em escolas públicas e particulares de Curitiba; c) Descrever a percepção dos professores atuantes 
em escolas públicas e privadas a respeito da formação continuada e sua importância para o 
trabalho na escola; d) Identificar como a formação continuada altera a ação pedagógica do 
professor de Educação Física na escola. 
 
Procedimentos Metodológicos 
 
A partir dos objetivos propostos para o estudo sobre a formação continuada do professor 
de Educação Física Escolar, optou-se por desenvolver um estudo de caso com características de 
cunho qualitativo. 
Os Participantes do estudo foram 24 professores de Educação Física Escolar, atuantes em 
4 escolas particulares e 4 escolas da rede estadual de ensino de Curitiba.A escolha das 
instituições deve-se ao fato de que as mesmas apresentam programas específicos de formação 
continuada, caracterizando como uma amostragem proposital, por ter sido escolhido em função 
dos critérios do estudo (THOMAS; NELSON, SILVEIRAMAN, 2007). 
Foi utilizado um questionário adaptado de Gomes (2006), contendo perguntas 
abertas e fechadas. As informações dos questionários foram ordenadas e discutidas usando como 
referência a análise de conteúdo, sendo utilizadas como referência inicial as seguintes categorias 
de discussão previamente identificadas: 
 
• Percepção sobre a formação continuada 
• Finalidades da formação continuada 
• Formas de efetivação da formação continuada 
 4203 
• Aspectos que levam a busca ou não da formação continuada 
• Incentivo a busca da formação continuada 
• Alterações causadas à prática pedagógica após a participação em programas de 
formação continuada 
 
As organizações das informações coletadas aconteceram a partir da freqüência com que 
termos ou informações apareçam ao longo da organização das categorias. 
Os dados coletados nas perguntas fechadas foram distribuídos partir do percentual (%) de 
respostas obtidas e vão ser apresentados através de gráficos específicos. 
 
Resultados E Discussão 
 
 Para efeito de apresentação das informações utilizou-se a denominação RP, para os 
professores da rede particular e RE para os docentes da rede estadual. 
 Neste estudo podemos notar que dos 24 docentes, a maioria apresenta idade superior a 30 
anos, ou seja, é um grupo com maior vivência e provavelmente maior tempo de formação. Com 
respeito ao tempo de trabalho, 50% tem até 10 anos de experiência e apenas 21% tem mais de 20 
anos. Isso indica que a maioria do grupo tem uma experiência de tempo médio de 
profissionalização. Esse dado contrasta com a informação das idades, pois embora o grupo tenha 
maior idade, não tem ainda muito tempo de atuação profissional. 
 Já no que diz respeito ao grau de especialização podemos notar que dos 24 docentes, 18 
tem especialização, mostrando que os professores aqui pesquisados buscaram a formação 
continuada após a sua graduação. 
A tabela demonstra que dos 24 professores, 15 tem uma dupla jornada de trabalho com 
21- 41 horas de trabalho semanais. Neste sentido podemos concluir que os mesmos ficam sem 
disponibilidade de carga horária para realização de cursos, participarem de palestras e eventos. 
Esse fato denota a opção por mais horas de trabalho para suprir necessidades pessoais e 
familiares a deixar tempo para uma possível atualização. Outro aspecto que chamou a atenção e 
que a maioria dos professores define a Formação Continuada como “Atualização”; para outra 
 4204 
porcentagem dos professores, ela se define, “ Busca pelo Conhecimento “ e “ Reflexão 
Pedagógica” . Entre os respondentes destacamos: 
 
 
“É a busca por informações e experiências constantes, e estar sempre pronto para receber 
o novo e refletir sobre o mesmo e também realizar uma reflexão sobre a antiga pratica 
pedagógica, para com isto mudar e se aperfeiçoar” (R.P 02). 
 
 
Essa informação é confirmada por Romanowski (2006, p. 144-145) que afirma que ”o 
professor deve ser concebido como um profissional prático – reflexivo e investigador, o professor 
deve garantir a interação entre reflexão e ação de modo a tornar–se intérprete dinâmico de sua 
própria realidade e agente ativo, criador de concepções e práticas”. Para Novoa (1995, p.42) 
 
 
a ausência deste processo de reflexão e atualização, sobre o professor e a ação do 
mesmo faz com os sujeitos não tenham consciência do mundo e a ele apenas se 
adaptem: somente um ser que é capaz de sair de seu contexto, “de distanciar-se dele 
para ficar com ele; capaz de admirá-lo para, objetivando-o, transformá-lo e, 
transformando-o, saber-se transformado pela sua própria criação; um ser que é, e está 
sendo no tempo que é o seu, um ser histórico, somente este é capaz, por tudo isto, de 
comprometer-se 
 
 
O estudo também demonstrou que a grande maioria dos professores de ambas as 
instituições afirmam que a formação continuada deve ser uma busca de Iniciativa pessoal e 
caráter individual. Nesta questão notou-se também que os professores da R.P não esperam a 
iniciativa de suas respectivas instituições, já os docentes da R.E, preferem esperar pelo incentivo 
de sua instituição para a participação em programas de formação continuada. Com isto podemos 
concluir que os professores da R.P, são mais proativo no que se diz respeito á busca pela 
Formação Continuada, e já os da R.E, são mais passivos esperando quase sempre a sua instituição 
tomar a iniciativa. 
Nas respostas dadas pelos profissionais identificou-se uma crítica que os docentes fizeram 
a formação inicial, e a alguns programas de formação continuada, ofertada pelas IES, afirmando 
que as mesmas não condizem com a realidade, com a qual os mesmos se deparam no seu dia – a - 
dia e quando terminam a graduação. Esse pode ser um dos aspectos que junto a outros fatores 
 4205 
pode indicar que o porque a educação em geral e a Educação Física encontra-se em um quadro de 
precariedade. 
Neste estudo tentamos identificar a opinião dos professores sobre a influencia na prática 
pedagógica dos docentes. Analisando as respostas identificamos que dos 12 da R.E, 9 
responderam “SIM”, que as experiências que foram ou que estão feitas pelos professores, sendo 
proporcionado pelas suas instituições, tem gerado para os docentes, grandes e significativas 
mudanças nas suas práticas pedagógicas. Isso pode ser observado nas posições assumidas pelos 
respondentes de ambas as instituições que comprovam estas significativas melhoras. 
 
 
“SIM” O professor ao participar destas experiências, sente-se mais seguro e preparado 
para ensinar o conteúdo, com isso a também mais motivação para o desenvolvimento 
do seu trabalho. (R.P 01). 
 
“SIM”. Através das práticas docentes relatadas, por outros professores podemos 
refletir e aperfeiçoar a nossa prática, para cada vez mais melhoramos . (R.E 09). 
 
 
 A partir dessas afirmativas e da posição dos demais docentes podemos notar e 
identificar que realmente, estes os vários tipos de experiências vividos por eles e 
proporcionados pelas suas Instituições estimulam reflexões que geram mudanças na prática 
pedagógica. Sendo assim notamos que os professores são reflexivos em suas práxis. Essa 
prática é defendido por Gottems (2003) apud Schon (2000) que afirma que a formação de 
profissionais reflexivos e criativos, numa formação que busca fazer interagir com a teoria e a 
prática e aprender fazendo, possibilitando, assim um processo inovador de ensino e 
aprendizagem que enfatiza a reflexão-na-ação. Gottems (2003) apud Nóvoa (1995), também 
considera que a formação de professores deve investir na relação entre a teoria e o 
conhecimento prático possibilitando a construção de projetos individuais e coletivos, a fim de 
promover, a estes profissionais, autonomia para produzir saberes reflexivo e a capacidade de 
auto - desenvolvimento reflexivo. 
 Neste estudo conseguimos averiguar junto aos docentes quais são as principais 
finalidades da formação continuada podemos destacar: inicialmente a que trata da reflexão 
coletiva e individual dos professores do Ensino Médio sobre os currículos e programas das 
escolas ou das Redes de Ensino; a seguir a que destaca reflexão individual e coletiva sobre os 
 4206 
conteúdos específicos das disciplinas especifica; a que trata da reflexão sobre as dificuldades 
vividas pelos docentes, no cotidiano escolar, nas relações com os alunos do Ensino Médio; e a 
trata sobre a avaliação no dia -a - dia do professor num processo de ação – reflexão – ação, 
tendo por eixo a melhoria do processo ensino-aprendizagem, o domínio do saber, 
transformação da informaçãoem conhecimento e o desenvolvimento do aluno em um cidadão 
critico e comprometido com as mudanças sociais 
Aqui podemos notar através das mais assinaladas pelos docentes da rede estadual e da rede 
particular, que eles se mostram preocupados com a importância de refletir sobre a sua prática 
pedagógica. Essa posição é defendida por Eyng (2001) apud Gottems (2003) que indica, que o 
processo de formação de professores, como a formação continuada deve acontecer a partir de 
um movimento de ação-reflexão-ação. Essa posição também é defendida por por NÓVOA 
(1992, p.34) 
 
 
A Formação não só se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimento ou de 
técnicas), mais sim através de um trabalho de reflexibilidade crítica sobre as práticas e 
de (re) construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso e isto e tão 
importante investir na pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência. 
 
 
A grande maioria dos professores de ambas as redes de ensino, apontaram que suas 
experiências em cursos e programas de formação continuada tem sido razoavelmente boa, desta 
forma é importante destacar as afirmações dadas pelos professores que afirmam que poderia ser 
melhor, mas mesmo assim ela ainda traz mudanças bem significativas para nossa prática 
pedagógica e para o nosso cotidiano educacional. Podemos destacar algumas colocações dos 
professores, que confirmam estas mudanças significativas: 
 
 
“Boa” Mas vejo que ainda os programas oferecidos deveriam ter mais horas para ser 
cada vez mais produtivo e atingir uma meta para melhorar o educando e nos educadores 
(R.E 03) 
 
“Boa” Por que os professores sentem-se mais confiantes e seguros para desenvolver os 
seus trabalhos perante o meio educacional. (R.P 12). 
 
 4207 
 
Pode perceber que após participar de programas de formação continuada eles passaram a 
ter uma maior percepção critica do trabalho pedagógico e muito mais segurança do que ensinar, 
como e para que ensinar. Eles demonstram que sentem-se bem mais conscientes do papel político 
e social exercido pelo professores de Educação Física no dia – a – dia da Escola, e novamente 
aqui aparece o aspecto da reflexão do seu cotidiano. Sobre isto os docentes de um modo geral 
também demonstram que o seu cotidiano pedagógico passou a ser mais objetivo e muito mais 
permanente a reflexão, estreitando com isto as relações entre a prática e a teoria pedagógica. A 
partir disso que realmente a formação continuada traz grandes benefícios para os docentes que a 
realizam. 
 Outro aspecto que chama a atenção é o fato de que os professores de ambas as instituições 
apontam, que a melhor modalidade para se realizar a formação continuada são os grupos de 
estudo, porque realmente através deles, os docentes sempre estão em busca do conhecimento, em 
constante troca de experiências com os demais participantes, o que gera muita reflexão, sem 
perder o foco dos principais assuntos. Também foi destacado como uma modalidade apontada 
pelos professores a participação dos professores em simpósios e palestras, pois através deles 
ocorre o encontro com docentes de outras regiões, com outras realidades e com diferentes 
experiências, sendo assim há uma troca de experiência muito grande, e esta possibilita uma 
análise do contexto vivido pelo docente que é confrontado com o que ouviu. 
 Além da possibilidade de aprimoramento teórico - pratico; a troca de experiências, auto – 
análise e a interação com outros professores são fatores importantes que são possibilitados 
durante os encontros de formação continuada. Mais fica evidente que a possibilidade de 
encontros onde se discutam os problemas comuns são os que mais contribuem com o professor e 
eles tem como conseqüência possibilitar um processo contínuo de análise individual. 
 Outro aspecto identificado na pesquisa foram as dificuldades vividas pelos docentes no 
seu cotidiano pedagógico. 
 
 4208 
Dificuldades do cotidiano pedagógico e Formação Continuada
0
2
4
6
8
10
12
a b c d e f g h i j k
REDE ESTADUAL
REDE PARTICULAR
 
a Saber como se aprende e como se ensina, concretizando uma comunicação eficaz de significados entre 
estudantes e educadores 
b. Conhecer estratégias e recursos que possibilitem a aprendizagem significativa e mais concreta para os estudantes 
c. Compreender os fundamentos dos conteúdos específicos da Educação Física e sua relação com as outras áreas 
do conhecimento, bem como habilidades cognitivas, atitudes e estratégias a serem ensinadas e aprendidas para 
atuar frente as informações veiculadas em fontes variadas 
d. Criar um ambiente intelectual, que incentive a crítica, o enriquecimento de trabalhos, pesquisa e práticas 
pedagógicas significativas 
e. Apropriar-se de métodos que facilitem a observação, a análise da rotina e dos problemas, a afinação e a 
experimentação de novas alternativas para o cotidiano pedagógico 
f. Lidar com a falta de interesse, apatia, agressividade e alienação, manifestada muitas vezes, pelos alunos 
g. Como contribuir para a formação de um cidadão critico, reflexivo, transformador da sua realidade social 
h. Analisar e discutir as Diretrizes do Ensino Médio 
i. Analisar e discutir os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio 
j. Refletir sobre o uso de novas tecnologias na Educação em geral 
 
 Analisando as informações demonstradas no gráfico acima, é possível perceber que a 
maioria dos professores da rede particular de ensino de Curitiba aponta as respostas 
“b”,”c”,”d”,”f” e “g” como as maiores fontes de dificuldade para o desempenho de seu trabalho. 
Já na rede estadual, as dificuldades apontadas pelos professores são outras, questões como a “c”, 
“f” e “j”. Percebe-se que independentemente da escola, alguns problemas são comuns. É 
significativo o destaque dado a resposta “f” onde 22 professores o destacaram como um fator 
 4209 
importante. Esse item destaca o fato de que o desinteresse, a apatia e a agressividade são aspectos 
que tornam o trabalho do professor muito difícil e se caracterizam como uma dificuldade muitas 
vezes intransponível dentro do ambiente escolar. 
 
Conclusão 
 
A educação atualmente em todos os aspectos sofre uma grande influencia das 
transformações mundiais, desta maneira exigindo muito conhecimento e envolvimento de todos 
os participantes desse processo. Isso implica em uma busca constante de formação para uma 
melhor atuação profissional e com maior qualidade em um contexto em transformação. Os 
profissionais que responderam as perguntas foram unânimes quando falaram sobre a 
necessidade de aperfeiçoamento e atualização que a sociedade exige dos docentes. Os docentes 
ao perceberem esse fato passam a exigir de si próprios cada vez mais seja em sua capacidade de 
atuação quanto em sua busca pelo conhecimento, indicando que eles devem dedicar – se cada 
vez mais aos processos de formação continuada, buscando ampliarem a sua perspectiva de 
reflexão, tornando-se capazes de repensar a ação na prática pedagógica de forma contínua. 
Analisando o processo de formação dos professores, eles também foram unânimes em 
ressaltar, que a sua qualificação inicial (graduação) é precária e não condiz com a realidade que 
enfrentam no seu cotidiano. Ao enfrentarem a realidade percebem que o que é mostrado na 
graduação esta longe do que realmente acontece no dia-a-dia do professor. Durante a formação 
inicial não se discutem aspectos fundamentais como a falta de interesse, apatia, agressividade e 
alienação, manifestada muitas vezes, pelos alunos. Os profissionais que responderam as 
perguntas deste estudo, são muito sinceros em afirmar que com o fato de haver um 
distanciamento entre a realidade e os conhecimentos desenvolvidos na graduação, acaba 
existindo um grande número de professores/educadores com uma percepção muito superficial 
do processo educacionalem atuação no mercado de trabalho. 
A Lei nº 9394/96, as Diretrizes Curriculares para a formação continuada e formação de 
professores da Educação de modo geral e o Plano Nacional de Educação determinam uma 
melhor qualificação do corpo docente tanto em termos de formação inicial como em termos de 
formação continuada. Estas tentativas poderão promover uma grande melhora na qualidade de 
 4210 
atuação desses profissionais, só que infelizmente, ainda hoje, há docentes despreparados, que 
necessitam de melhor formação inicial, e, sobretudo de uma formação continuada, para que 
sejam inseridos num processo dinâmico de reflexão e, conseqüentemente, de melhoria da sua 
prática pedagógica. 
O objetivo deste estudo que foi identificar a percepção dos profissionais de Educação 
Física do Ensino Médio, sobre a formação continuada e sua influência na prática pedagógica do 
professor; foi atingido e mostra também que, os professores da Rede Estadual são mais 
acomodados e dependentes de ações institucionais e governamentais para buscar 
aprimoramento e soluções para seus dilemas profissionais, fato que já não é observado pelos 
professores da Rede Particular, onde esses professores apresentam pró-atividade e auto-
suficiência na busca de resoluções de seus problemas, dependendo menos de ações 
institucionais. Esse fato pode ser um indício da diferença encontrada entre o trabalho que é 
realizado nas escolas públicas e particulares, embora seja necessário estudar outros fatores que 
interferem de forma direta ou indiretamente nos resultados das instituições de ensino para se 
poder afirmar com maior consistência essa possibilidade. 
 Como a Educação Física ainda sofre com a falta de material, espaço físico adequado e a 
postura dos alunos frente à disciplina na escola, a capacitação do professor é um condicionante 
para que se tenha um trabalho de qualidade, que atinja aos objetivos que se espera da disciplina 
na escola. Por tanto este estudo abre a possibilidade de identificar os motivos que levam a 
Educação Física no ensino médio a sofrer com a desconsideração por parte dos gestores das 
instituições, dos pais e dos próprios alunos, que acreditam que ela é apenas um momento de 
descontração e não de aprendizado. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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 4211 
GÖTTEMS, Kelli Fernanda Roznowski; EYNG, Ana Maria. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE 
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ROMANOWSKI, Joana Paulim. Formação Docente. Curitiba: IBPEX, 2006 
 
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TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa 
qualitativa em educação: o positivismo, a fenomenologia, o marxismo. São Paulo: Atlas, 
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YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 
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