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A FORMAÇÃO CONTINUADA E SUA INFLUÊNCIA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS DOCENTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO MÉDIO WOLFF, Helio Ricardo Werniski – PUCPR heliowerniski@gmail.com KOGUT, Maria Cristina – PUCPR Cristina.k@pucpr.br Eixo Temático: Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: Não contou com financiamento Resumo Atualmente, entre os profissionais de Educação Física, existe uma grande preocupação quanto a Formação Continuada. Este trabalho de cunho descritivo e qualitativo teve como objetivo identificar a percepção dos profissionais de educação física do ensino médio sobre a formação continuada e sua influência na sua práxis pedagógica. Analisamos vinte e quatro docentes de ambos os sexos, entre trinta e cinqüenta e um anos de idade, em plena atuação na Educação Física Escolar nas duas redes de ensino, estadual e particular. O instrumento utilizado foi um questionário composto por 17 questões, evidenciando os vários aspectos de formação continuada. Os dados foram analisados por meio de porcentagem e de análise de conteúdo. De acordo com os resultados obtidos, verificou-se que os docentes de ambas as instituições, afirmam que a formação continuada, influencia na melhora da sua práxis pedagógica, acarretando mudanças significativas. Os resultados apontaram que a procura pela formação continuada pode ocorrer tanto pela busca por mais conhecimento, por uma atualização e também pela perspectiva da reflexão na ação. Os professores entrevistados também afirmaram que um dos principais motivos dos docentes estarem mal preparados para o mercado de trabalho, é que a formação inicial e os programas de formação continuada não condizem com a realidade vivenciada. Assim sendo pudemos verificar que realmente a formação continuada é importante e que a mesma exerce uma grande influencia na práxis dos professores, gerando mudanças na qualidade do ensino Palavras - Chave: formação continuada, formação inicial, práxis pedagógica, ação – reflexão – ação. 4200 Introdução Muitas instituições têm atualmente um papel fundamental para a sociedade. A igreja, as ONG’s, as empresas, as instituições governamentais, as instituições de ensino e tantas outras que com o seu trabalho favorecem a integração das pessoas no cotidiano. Entretanto entre elas a escola parece ser aquela que de forma mais direta pode intervir no comprometimento de todos com a sociedade. Com o papel de preparar os estudantes utilizando-se dos conhecimentos produzidos pelo homem ao longo de sua história, ela fornece as condições necessárias para que cada vez mais as pessoas se percebam como cidadãos, que atuem de forma a buscar seus objetivos pessoais e coletivos e contribuam para o bem estar comum. Libânio (1998) et al. acreditam que os momentos de Formação Continuada levam os professores a uma ação reflexiva. Uma vez que após o desenvolvimento da sua prática, os professores poderão reformular as atividades para um próximo momento, repensando os pontos positivos e negativos ocorridos durante o desenrolar de sua aula. Buscando assim melhorias nas atividades e exercícios que não se mostraram eficientes e eficazes no decorrer do período de aula. Nessa perspectiva os envolvidos no processo escolar, sejam os gestores, professores e familiares, devem cumprir sua parcela para que a escola atenda as necessidades do aluno e da sociedade. Mas dentre todos os personagens dessa grande engrenagem está o professor que atua como elo entre o saber e o aluno que busca a escola. Para que o aluno aprenda a importância daquilo que lhe é ensinado e passe a assumir um papel de crítico das circunstâncias que o cerca, há necessidade que sua caminhada seja orientada por profissionais bem formados e que façam da busca constante uma característica de seu papel como educadores e integrantes do sistema social. Cada vez mais a questão da formação profissional ocupa uma posição de destaque em discussões acadêmicas e políticas. As políticas de incentivo à formação de professores sejam na preparação inicial ou continuada, em tese são muito efetivas, mas na prática pouco se percebe de efeitos no cotidiano do professor e conseqüentemente dos alunos. 4201 Os docentes têm através de textos elaborados sobre o assunto da formação continuada/preparação dos professores, de cursos, e outras estratégias, estímulos para buscar a atualização, mas nem sempre isso se cumpre. Os profissionais devem ser estimulados a perceber que a graduação ou os anos de trabalho irão garantir a efetivação de trabalho de qualidade. A preparação profissional não se encerra ao final de um curso de graduação, muito menos se deve ter em mente que a pós- graduação seja ela Lato Sensu ou Stricto Sensu, será a redentora de uma formação lacunar, assim como a experiência profissional, por si só não o fará. (ARANHA, 2003, p.45- 49). A Educação Física em geral e principalmente a do Ensino Médio não foge à esta regra, também há a necessidade de busca constante para contínua valorização profissional. Alguns professores de Educação Física acreditam que está havendo uma melhora na imagem da disciplina perante os demais colegas, mas têm consciência que ainda é preciso modificar muita coisa para que a Educação Física, possa realmente estar integrada na escola e receba o respeito dos demais professores (BETTI, 1996, p.22). A formação continuada deve ser um entendimento pessoal de cada profissional e deve ser estimulada pelas instituições de ensino. Mas todos devem ter clareza de seus objetivos e metas. Para Imbernón (2000, p.59), uma formação continuada que se pretende ser superadora tem o papel de descobrir a teoria para ordená-la, fundamentá-la, revisá-la e combatê-la, caso seja preciso, seu objetivo é remover o sentido pedagógico comum, para recompor o equilíbrio entre os esquemas práticos e os esquemas teóricos que sustentam a prática educativa. A escola atual precisa de profissionais com uma visão ampla do seu papel social, político e como educador, e para isso o professor deverá buscar constantemente uma preparação que possibilite uma atuação competente e coerente com esse objetivo perante seus alunos e sociedade. Portanto desta maneira, a Formação Continuada é o melhor caminho e o mais ideal para que isso se concretize no ambiente escolar realmente como afirmam os professores neste estudo. Sendo 4202 assim a Educação Física no Ensino Médio é uma área que necessita de melhor qualificação profissional por que cada vez mais vemos ser questionada e perder espaços. Com a perda de qualidade das aulas, cresce a preocupação sobre a formação inicial e a formação continuada dos docentes de Educação Física atuantes na Rede Estadual e Rede Particular Desta forma objetivo desta pesquisa foi de: a) Identificar a percepção dos profissionais de Educação Física do ensino médio sobre a Formação Continuada e sua influência na prática pedagógica do professor; b) Identificar a formação dos professores de Educação Física atuante em escolas públicas e particulares de Curitiba; c) Descrever a percepção dos professores atuantes em escolas públicas e privadas a respeito da formação continuada e sua importância para o trabalho na escola; d) Identificar como a formação continuada altera a ação pedagógica do professor de Educação Física na escola. Procedimentos Metodológicos A partir dos objetivos propostos para o estudo sobre a formação continuada do professor de Educação Física Escolar, optou-se por desenvolver um estudo de caso com características de cunho qualitativo. Os Participantes do estudo foram 24 professores de Educação Física Escolar, atuantes em 4 escolas particulares e 4 escolas da rede estadual de ensino de Curitiba.A escolha das instituições deve-se ao fato de que as mesmas apresentam programas específicos de formação continuada, caracterizando como uma amostragem proposital, por ter sido escolhido em função dos critérios do estudo (THOMAS; NELSON, SILVEIRAMAN, 2007). Foi utilizado um questionário adaptado de Gomes (2006), contendo perguntas abertas e fechadas. As informações dos questionários foram ordenadas e discutidas usando como referência a análise de conteúdo, sendo utilizadas como referência inicial as seguintes categorias de discussão previamente identificadas: • Percepção sobre a formação continuada • Finalidades da formação continuada • Formas de efetivação da formação continuada 4203 • Aspectos que levam a busca ou não da formação continuada • Incentivo a busca da formação continuada • Alterações causadas à prática pedagógica após a participação em programas de formação continuada As organizações das informações coletadas aconteceram a partir da freqüência com que termos ou informações apareçam ao longo da organização das categorias. Os dados coletados nas perguntas fechadas foram distribuídos partir do percentual (%) de respostas obtidas e vão ser apresentados através de gráficos específicos. Resultados E Discussão Para efeito de apresentação das informações utilizou-se a denominação RP, para os professores da rede particular e RE para os docentes da rede estadual. Neste estudo podemos notar que dos 24 docentes, a maioria apresenta idade superior a 30 anos, ou seja, é um grupo com maior vivência e provavelmente maior tempo de formação. Com respeito ao tempo de trabalho, 50% tem até 10 anos de experiência e apenas 21% tem mais de 20 anos. Isso indica que a maioria do grupo tem uma experiência de tempo médio de profissionalização. Esse dado contrasta com a informação das idades, pois embora o grupo tenha maior idade, não tem ainda muito tempo de atuação profissional. Já no que diz respeito ao grau de especialização podemos notar que dos 24 docentes, 18 tem especialização, mostrando que os professores aqui pesquisados buscaram a formação continuada após a sua graduação. A tabela demonstra que dos 24 professores, 15 tem uma dupla jornada de trabalho com 21- 41 horas de trabalho semanais. Neste sentido podemos concluir que os mesmos ficam sem disponibilidade de carga horária para realização de cursos, participarem de palestras e eventos. Esse fato denota a opção por mais horas de trabalho para suprir necessidades pessoais e familiares a deixar tempo para uma possível atualização. Outro aspecto que chamou a atenção e que a maioria dos professores define a Formação Continuada como “Atualização”; para outra 4204 porcentagem dos professores, ela se define, “ Busca pelo Conhecimento “ e “ Reflexão Pedagógica” . Entre os respondentes destacamos: “É a busca por informações e experiências constantes, e estar sempre pronto para receber o novo e refletir sobre o mesmo e também realizar uma reflexão sobre a antiga pratica pedagógica, para com isto mudar e se aperfeiçoar” (R.P 02). Essa informação é confirmada por Romanowski (2006, p. 144-145) que afirma que ”o professor deve ser concebido como um profissional prático – reflexivo e investigador, o professor deve garantir a interação entre reflexão e ação de modo a tornar–se intérprete dinâmico de sua própria realidade e agente ativo, criador de concepções e práticas”. Para Novoa (1995, p.42) a ausência deste processo de reflexão e atualização, sobre o professor e a ação do mesmo faz com os sujeitos não tenham consciência do mundo e a ele apenas se adaptem: somente um ser que é capaz de sair de seu contexto, “de distanciar-se dele para ficar com ele; capaz de admirá-lo para, objetivando-o, transformá-lo e, transformando-o, saber-se transformado pela sua própria criação; um ser que é, e está sendo no tempo que é o seu, um ser histórico, somente este é capaz, por tudo isto, de comprometer-se O estudo também demonstrou que a grande maioria dos professores de ambas as instituições afirmam que a formação continuada deve ser uma busca de Iniciativa pessoal e caráter individual. Nesta questão notou-se também que os professores da R.P não esperam a iniciativa de suas respectivas instituições, já os docentes da R.E, preferem esperar pelo incentivo de sua instituição para a participação em programas de formação continuada. Com isto podemos concluir que os professores da R.P, são mais proativo no que se diz respeito á busca pela Formação Continuada, e já os da R.E, são mais passivos esperando quase sempre a sua instituição tomar a iniciativa. Nas respostas dadas pelos profissionais identificou-se uma crítica que os docentes fizeram a formação inicial, e a alguns programas de formação continuada, ofertada pelas IES, afirmando que as mesmas não condizem com a realidade, com a qual os mesmos se deparam no seu dia – a - dia e quando terminam a graduação. Esse pode ser um dos aspectos que junto a outros fatores 4205 pode indicar que o porque a educação em geral e a Educação Física encontra-se em um quadro de precariedade. Neste estudo tentamos identificar a opinião dos professores sobre a influencia na prática pedagógica dos docentes. Analisando as respostas identificamos que dos 12 da R.E, 9 responderam “SIM”, que as experiências que foram ou que estão feitas pelos professores, sendo proporcionado pelas suas instituições, tem gerado para os docentes, grandes e significativas mudanças nas suas práticas pedagógicas. Isso pode ser observado nas posições assumidas pelos respondentes de ambas as instituições que comprovam estas significativas melhoras. “SIM” O professor ao participar destas experiências, sente-se mais seguro e preparado para ensinar o conteúdo, com isso a também mais motivação para o desenvolvimento do seu trabalho. (R.P 01). “SIM”. Através das práticas docentes relatadas, por outros professores podemos refletir e aperfeiçoar a nossa prática, para cada vez mais melhoramos . (R.E 09). A partir dessas afirmativas e da posição dos demais docentes podemos notar e identificar que realmente, estes os vários tipos de experiências vividos por eles e proporcionados pelas suas Instituições estimulam reflexões que geram mudanças na prática pedagógica. Sendo assim notamos que os professores são reflexivos em suas práxis. Essa prática é defendido por Gottems (2003) apud Schon (2000) que afirma que a formação de profissionais reflexivos e criativos, numa formação que busca fazer interagir com a teoria e a prática e aprender fazendo, possibilitando, assim um processo inovador de ensino e aprendizagem que enfatiza a reflexão-na-ação. Gottems (2003) apud Nóvoa (1995), também considera que a formação de professores deve investir na relação entre a teoria e o conhecimento prático possibilitando a construção de projetos individuais e coletivos, a fim de promover, a estes profissionais, autonomia para produzir saberes reflexivo e a capacidade de auto - desenvolvimento reflexivo. Neste estudo conseguimos averiguar junto aos docentes quais são as principais finalidades da formação continuada podemos destacar: inicialmente a que trata da reflexão coletiva e individual dos professores do Ensino Médio sobre os currículos e programas das escolas ou das Redes de Ensino; a seguir a que destaca reflexão individual e coletiva sobre os 4206 conteúdos específicos das disciplinas especifica; a que trata da reflexão sobre as dificuldades vividas pelos docentes, no cotidiano escolar, nas relações com os alunos do Ensino Médio; e a trata sobre a avaliação no dia -a - dia do professor num processo de ação – reflexão – ação, tendo por eixo a melhoria do processo ensino-aprendizagem, o domínio do saber, transformação da informaçãoem conhecimento e o desenvolvimento do aluno em um cidadão critico e comprometido com as mudanças sociais Aqui podemos notar através das mais assinaladas pelos docentes da rede estadual e da rede particular, que eles se mostram preocupados com a importância de refletir sobre a sua prática pedagógica. Essa posição é defendida por Eyng (2001) apud Gottems (2003) que indica, que o processo de formação de professores, como a formação continuada deve acontecer a partir de um movimento de ação-reflexão-ação. Essa posição também é defendida por por NÓVOA (1992, p.34) A Formação não só se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimento ou de técnicas), mais sim através de um trabalho de reflexibilidade crítica sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso e isto e tão importante investir na pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência. A grande maioria dos professores de ambas as redes de ensino, apontaram que suas experiências em cursos e programas de formação continuada tem sido razoavelmente boa, desta forma é importante destacar as afirmações dadas pelos professores que afirmam que poderia ser melhor, mas mesmo assim ela ainda traz mudanças bem significativas para nossa prática pedagógica e para o nosso cotidiano educacional. Podemos destacar algumas colocações dos professores, que confirmam estas mudanças significativas: “Boa” Mas vejo que ainda os programas oferecidos deveriam ter mais horas para ser cada vez mais produtivo e atingir uma meta para melhorar o educando e nos educadores (R.E 03) “Boa” Por que os professores sentem-se mais confiantes e seguros para desenvolver os seus trabalhos perante o meio educacional. (R.P 12). 4207 Pode perceber que após participar de programas de formação continuada eles passaram a ter uma maior percepção critica do trabalho pedagógico e muito mais segurança do que ensinar, como e para que ensinar. Eles demonstram que sentem-se bem mais conscientes do papel político e social exercido pelo professores de Educação Física no dia – a – dia da Escola, e novamente aqui aparece o aspecto da reflexão do seu cotidiano. Sobre isto os docentes de um modo geral também demonstram que o seu cotidiano pedagógico passou a ser mais objetivo e muito mais permanente a reflexão, estreitando com isto as relações entre a prática e a teoria pedagógica. A partir disso que realmente a formação continuada traz grandes benefícios para os docentes que a realizam. Outro aspecto que chama a atenção é o fato de que os professores de ambas as instituições apontam, que a melhor modalidade para se realizar a formação continuada são os grupos de estudo, porque realmente através deles, os docentes sempre estão em busca do conhecimento, em constante troca de experiências com os demais participantes, o que gera muita reflexão, sem perder o foco dos principais assuntos. Também foi destacado como uma modalidade apontada pelos professores a participação dos professores em simpósios e palestras, pois através deles ocorre o encontro com docentes de outras regiões, com outras realidades e com diferentes experiências, sendo assim há uma troca de experiência muito grande, e esta possibilita uma análise do contexto vivido pelo docente que é confrontado com o que ouviu. Além da possibilidade de aprimoramento teórico - pratico; a troca de experiências, auto – análise e a interação com outros professores são fatores importantes que são possibilitados durante os encontros de formação continuada. Mais fica evidente que a possibilidade de encontros onde se discutam os problemas comuns são os que mais contribuem com o professor e eles tem como conseqüência possibilitar um processo contínuo de análise individual. Outro aspecto identificado na pesquisa foram as dificuldades vividas pelos docentes no seu cotidiano pedagógico. 4208 Dificuldades do cotidiano pedagógico e Formação Continuada 0 2 4 6 8 10 12 a b c d e f g h i j k REDE ESTADUAL REDE PARTICULAR a Saber como se aprende e como se ensina, concretizando uma comunicação eficaz de significados entre estudantes e educadores b. Conhecer estratégias e recursos que possibilitem a aprendizagem significativa e mais concreta para os estudantes c. Compreender os fundamentos dos conteúdos específicos da Educação Física e sua relação com as outras áreas do conhecimento, bem como habilidades cognitivas, atitudes e estratégias a serem ensinadas e aprendidas para atuar frente as informações veiculadas em fontes variadas d. Criar um ambiente intelectual, que incentive a crítica, o enriquecimento de trabalhos, pesquisa e práticas pedagógicas significativas e. Apropriar-se de métodos que facilitem a observação, a análise da rotina e dos problemas, a afinação e a experimentação de novas alternativas para o cotidiano pedagógico f. Lidar com a falta de interesse, apatia, agressividade e alienação, manifestada muitas vezes, pelos alunos g. Como contribuir para a formação de um cidadão critico, reflexivo, transformador da sua realidade social h. Analisar e discutir as Diretrizes do Ensino Médio i. Analisar e discutir os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio j. Refletir sobre o uso de novas tecnologias na Educação em geral Analisando as informações demonstradas no gráfico acima, é possível perceber que a maioria dos professores da rede particular de ensino de Curitiba aponta as respostas “b”,”c”,”d”,”f” e “g” como as maiores fontes de dificuldade para o desempenho de seu trabalho. Já na rede estadual, as dificuldades apontadas pelos professores são outras, questões como a “c”, “f” e “j”. Percebe-se que independentemente da escola, alguns problemas são comuns. É significativo o destaque dado a resposta “f” onde 22 professores o destacaram como um fator 4209 importante. Esse item destaca o fato de que o desinteresse, a apatia e a agressividade são aspectos que tornam o trabalho do professor muito difícil e se caracterizam como uma dificuldade muitas vezes intransponível dentro do ambiente escolar. Conclusão A educação atualmente em todos os aspectos sofre uma grande influencia das transformações mundiais, desta maneira exigindo muito conhecimento e envolvimento de todos os participantes desse processo. Isso implica em uma busca constante de formação para uma melhor atuação profissional e com maior qualidade em um contexto em transformação. Os profissionais que responderam as perguntas foram unânimes quando falaram sobre a necessidade de aperfeiçoamento e atualização que a sociedade exige dos docentes. Os docentes ao perceberem esse fato passam a exigir de si próprios cada vez mais seja em sua capacidade de atuação quanto em sua busca pelo conhecimento, indicando que eles devem dedicar – se cada vez mais aos processos de formação continuada, buscando ampliarem a sua perspectiva de reflexão, tornando-se capazes de repensar a ação na prática pedagógica de forma contínua. Analisando o processo de formação dos professores, eles também foram unânimes em ressaltar, que a sua qualificação inicial (graduação) é precária e não condiz com a realidade que enfrentam no seu cotidiano. Ao enfrentarem a realidade percebem que o que é mostrado na graduação esta longe do que realmente acontece no dia-a-dia do professor. Durante a formação inicial não se discutem aspectos fundamentais como a falta de interesse, apatia, agressividade e alienação, manifestada muitas vezes, pelos alunos. Os profissionais que responderam as perguntas deste estudo, são muito sinceros em afirmar que com o fato de haver um distanciamento entre a realidade e os conhecimentos desenvolvidos na graduação, acaba existindo um grande número de professores/educadores com uma percepção muito superficial do processo educacionalem atuação no mercado de trabalho. A Lei nº 9394/96, as Diretrizes Curriculares para a formação continuada e formação de professores da Educação de modo geral e o Plano Nacional de Educação determinam uma melhor qualificação do corpo docente tanto em termos de formação inicial como em termos de formação continuada. Estas tentativas poderão promover uma grande melhora na qualidade de 4210 atuação desses profissionais, só que infelizmente, ainda hoje, há docentes despreparados, que necessitam de melhor formação inicial, e, sobretudo de uma formação continuada, para que sejam inseridos num processo dinâmico de reflexão e, conseqüentemente, de melhoria da sua prática pedagógica. O objetivo deste estudo que foi identificar a percepção dos profissionais de Educação Física do Ensino Médio, sobre a formação continuada e sua influência na prática pedagógica do professor; foi atingido e mostra também que, os professores da Rede Estadual são mais acomodados e dependentes de ações institucionais e governamentais para buscar aprimoramento e soluções para seus dilemas profissionais, fato que já não é observado pelos professores da Rede Particular, onde esses professores apresentam pró-atividade e auto- suficiência na busca de resoluções de seus problemas, dependendo menos de ações institucionais. Esse fato pode ser um indício da diferença encontrada entre o trabalho que é realizado nas escolas públicas e particulares, embora seja necessário estudar outros fatores que interferem de forma direta ou indiretamente nos resultados das instituições de ensino para se poder afirmar com maior consistência essa possibilidade. Como a Educação Física ainda sofre com a falta de material, espaço físico adequado e a postura dos alunos frente à disciplina na escola, a capacitação do professor é um condicionante para que se tenha um trabalho de qualidade, que atinja aos objetivos que se espera da disciplina na escola. Por tanto este estudo abre a possibilidade de identificar os motivos que levam a Educação Física no ensino médio a sofrer com a desconsideração por parte dos gestores das instituições, dos pais e dos próprios alunos, que acreditam que ela é apenas um momento de descontração e não de aprendizado. REFERÊNCIAS ARANHA, Maria Lucia de Arruda. História d Educação. 2. Ed. São Paulo, Moderna, 2003. BETTI, Rangel .Novas perspectivas na Formação profissional em Educação Física. SP. Motriz. 1996. Disponível em: <www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/02n1/v2n1_ART 02.pdf.> Acesso: em 29 de setembro de 2007. 4211 GÖTTEMS, Kelli Fernanda Roznowski; EYNG, Ana Maria. 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