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Seção 1 
SUA PETIÇÃO 
DIREITO 
TRABALHISTA 
 
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Sejam bem vindos! Nesta seção iremos estudar a realidade profissional do Direito do Trabalho e do 
Direito Processual do Trabalho perante o Poder Judiciário. Obviamente que a análise não deixará de 
lado as principais modificações introduzidas pela “Reforma Trabalhista” (Lei n. 13.467/17). 
Você, aluno, deve saber como atuar em casos práticos, isto é, ter ciência de como se elabora uma peça 
processual e como é o dia a dia do operador do Direito. Este estudo também te capacitará para ser 
aprovado no exame da OAB! Um trabalho bem feito, realizado com dedicação, permitirá aliar teoria e 
prática, tornando-o profissional exemplar. Vamos em frente? 
Nesta seção você fará as vezes de um advogado, recém aprovado no exame da OAB, e que foi 
contratado em 11/02/2019 por um cliente que recentemente ficou desempregado. A condição 
financeira dele é bastante precária, haja vista que auferia mensalmente a quantia bruta de R$ 2.000,00 
(dois mil reais), quantia esta que era insuficiente para manter sua família, composta por três filhos. 
Por sorte sua esposa ainda mantém emprego, conseguindo contribuir para o sustento de todos. 
Miguel Antônio dos Santos, residente e domiciliado na cidade de Pelotas/RS, foi contratado em 
01/12/2017 pela AZ Automóveis S/A, para realizar as funções de operador de produção. 
Cotidianamente Miguel realizava atividade inerentes à montagem de veículos, mais especificamente 
relacionadas à instalação do sistema de multimídia dos veículos produzidos pela empresa. 
Exercia suas atividades no período noturno, iniciando as atividades às 00:00 horas e encerrando-as às 
06:00 horas. Ele lhe informa que seu empregador cumpria, rigorosamente, a legislação trabalhista no 
que tange à observância da hora noturna reduzida, assim como no que diz respeito ao pagamento do 
adicional noturno. Afirma que a mencionada redução era cumprida e o referido adicional também era 
pago no período compreendido entre 05:00 horas e 06:00 horas, conforme preconiza a Súmula n. 60, 
do Tribunal Superior do Trabalho. 
Direito Civil - Checklist de Correção - Seção 1 
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Seção 1 
DIREITO TRABALHISTA 
Sua causa! 
 
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Ele lhe informa que ia ao trabalho de veículo próprio, uma motocicleta novinha, pois o local da 
empresa era afastado do centro da cidade de Pelotas, de difícil acesso. Aduz que se fosse por meio de 
transporte público teria que tomar o ônibus de 21:30 horas, que chegava ao estabelecimento 
comercial da empresa AZ Automóveis por volta de 22:00 horas. Após este horário somente havia 
ônibus às 04:30 horas, o que, obviamente era incompatível com seu turno de trabalho. Indo de moto 
para o trabalho Miguel gastava cerca de 20 minutos para ir e tempo similar para retornar à sua casa. 
Por fim, esclarece que a empresa não disponibilizava qualquer meio de transporte. 
Miguel Antônio foi comunicado da sua dispensa em 21/01/2019, tendo recebido o aviso prévio 
indenizado. O pagamento das verbas rescisórias foi feito em 23/01/2019, mediante depósito em sua 
conta bancária. Os documentos necessários para o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 
e para o recebimento do seguro desemprego foram entregues na mesma data. 
Ele lhe informa que no dia 16/11/2018 sofreu acidente de trânsito quando se deslocava para o 
trabalho. Assevera que sua moto foi abalroada por um veículo quando atravessava cruzamento 
situado há três quarteirões do seu local de trabalho, cruzamento este que era entre a rodovia pela 
qual trafegava e a rua de acesso ao bairro onde fica o estabelecimento comercial. Ele lhe apresenta 
Boletim de Ocorrência em que consta que o evento danoso ocorreu por volta de 23:50 horas, do 
mencionado dia. No documento consta que a causa do acidente foi a violação de sinal vermelho por 
parte do condutor do veículo que atingiu o Sr. Miguel. Nele há, ainda, informação de que o motorista 
causador do acidente havia ingerido bebida alcoólica em limite bastante superior ao legalmente 
permitido. 
O Sr. Miguel Antônio sofreu fratura na perna direita em razão do acidente em questão, tendo ficado 
afastado de suas atividades laborativas até o dia 02/01/2019, isto é, retornou ao trabalho em 
03/01/2019. Ele teve que passar por cirurgia, o que justifica o período de afastamento e o recebimento 
de auxílio acidente por parte do INSS. Em que pese o procedimento cirúrgico, Miguel não ficou com 
nenhuma sequela ou cicatriz decorrente do acidente de trânsito. 
Miguel lhe apresenta a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) lavrada pela empresa, o Boletim 
de Ocorrência e o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT). Neste último extrai-se que a 
empresa AZ Automóveis S/A está inscrita no CNPJ, e tem endereço na cidade de Pelotas/RS. 
Agora é com você, caro aluno. Após a conversa com o Sr. Miguel você deve verificar os direitos a que 
ele faz jus e elaborar a peça processual adequada à postulação junto ao Poder Judiciário dos direitos 
trabalhistas que lhes são devidos. 
 
 
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O caso narrado faz parte do cotidiano trabalhista e você, ao elaborar a peça processual estará se 
preparando para o exercício da advocacia ou para outras profissões relacionadas ao mundo jurídico-
trabalhista. 
Neste momento deve-se dar bastante atenção para o disposto na Lei n. 13.467/17, que modificou 
algumas regras de Direito Processual do Trabalho. Vamos, então, ao que deve ser observado no que 
tange ao aspecto processual: 
 
1) DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
O endereçamento é essencial. Ele indica a competência da Vara do Trabalho que irá processar e julgar 
o litígio. Para tanto, deve-se analisar o disposto no art. 651, da CLT. 
A leitura do disposto no art. 840, §1º, da CLT, cuja redação foi modificada pela Lei n. 13.467/17, é 
obrigatória. Ele preceitua que a exordial deve conter “a designação do juízo, a qualificação das partes, 
a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e 
com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante” (BRASIL, 
2017). Novidade relevante trazida pela citada lei foi a introdução do §3º, no art. 840, da CLT, que 
dispõe que os pedidos que não forem certos, determinados e com indicação e valor, deverão ser 
julgados extintos sem julgamento do mérito. Neste contexto, a cada um dos pedidos formulados na 
peça de ingresso deve ser atribuído um valor. A soma dele resultará no valor da causa, que também é 
requisito obrigatório. 
Desde o início da vigência da Lei n. 13.467/17 passou-se a se discutir a melhor interpretação a ser dada 
à nova redação do 1º, do art. 840, da CLT, notadamente no que diz respeito à indicação de valor para 
cada pedido. A principal controvérsia é se a parte sofreria ou não algum ônus em caso de indicação de 
valor incorreto a um pedido, isto é, se poderia deixar de receber alguma quantia caso indicasse valor 
inferior ao apurado ao fim do processo, por exemplo. A polêmica é relevante, pois nem sempre é fácil 
realizar a indicação de valor preciso a cada pleito. A fim de dirimir a discussão, o Tribunal Superior do 
Trabalho editou a Instrução Normativa n. 41, de 21/06/2018, que dispõe “sobre a aplicação das 
normas processuais da Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho 
de 2017”. Em relação à indicação do valor de cada pedido, a Instrução Normativa preceitua que basta 
a indicação de valor estimado (art. 12, §2º), impedindo, portanto, que o trabalhador seja penalizado 
por eventual inexatidão no valor do pedido ou da causa apontada na petição inicial. 
Analisando, ainda, o citado art. 840, nota-se que a CLT prevêa possibilidade de a assinatura ser do 
reclamante, ou seja, do autor da ação judicial. Isto porque no Direito Processual do Trabalho, para o 
Fundamentando! 
 
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ajuizamento de reclamatória trabalhista individual, é desnecessária a participação de advogado, tendo 
as partes capacidade postulatória, nos termos do art. 791, caput, da CLT. Assim, conclui-se que existem 
atos que podem ser praticados independentemente de assessoramento por advogado, consagrando 
o denominado jus postulandi no âmbito da Justiça do Trabalho, ou seja, exercidos pelo próprio 
trabalhador. 
Por fim, no que diz respeito ao Direito Processual do Trabalho, se a causa trabalhista tiver valor inferior 
a 40 (quarenta) vezes o salário mínimo nacional à época do ajuizamento, o processo tramitará sob o 
rito sumaríssimo. Ele tem diversas especificidades que estão descritas na Seção II-A, da CLT, mais 
precisamente nos arts. 852-A até o 852-I. Uma peculiaridade relevante é a necessidade de indicação 
do correto endereço do réu, vez que não cabe citação por edital. Caso não se obedeça aos citados 
critérios, que estão previstos no art. 852-B, da CLT, o processo será extinto sem julgamento do mérito 
(ocorrerá o arquivamento da reclamatória trabalhista). 
Na hipótese de o valor da causa ser superior a 40 (quarenta) vezes o salário mínimo nacional à época 
do ajuizamento o rito a ser observado será o ordinário. Inovação trazida pela “Reforma Trabalhista”, 
como já salientado, foi a obrigatoriedade de se indicar valor para cada um dos pedidos formulados na 
peça de ingresso, como se depreende da nova redação do art. 840, §1º, da CLT. 
Assim, tanto no rito sumaríssimo quanto no rito ordinário você, aluno, terá que realizar uma conta 
aproximada do valor do pedido. Frisa-se que na prova da OAB estas contas estimadas sequer são 
solicitadas. 
Uma vez analisados os principais aspectos processuais, vamos enfocar o Direito do Trabalho: 
 
2) DIREITO DO TRABALHO 
 
2.1) Acidente de Trajeto – Responsabilidade Civil 
A definição do acidente de trajeto perpassa, inicialmente, ao entendimento do que vem a ser acidente 
de trabalho. Para tanto, o melhor é invocar a definição contida no art. 19, da Lei n. 8.213/90, que 
estabelece que “acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa 
(...), provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, 
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. 
Diante da mencionada definição legal, você, aluno, pode indagar: se acidente do trabalho é aquele 
ocorrido durante o labor, como pode, então, o empregador ser eventualmente responsabilizado por 
acidente ocorrido fora das suas dependências, no trajeto para o trabalho? 
A resposta também está na Lei n. 8.213/91, mais precisamente em seu art. 21, que prevê a 
equiparação do acidente ocorrido no trajeto para o trabalho ao acidente de trabalho. 
 
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O ordenamento jurídico pátrio, portanto, é expresso ao definir como acidente de trabalho aquele que 
ocorrer no trajeto da casa para o trabalho ou do trabalho para casa. 
Entretanto, a invocada Lei n. 8.213/91 trata de questões previdenciárias e não propriamente das 
demais consequências jurídicas advindas de um acidente de trajeto. 
O estudo, neste momento, deve, então, ser direcionado para o instituto jurídico da responsabilidade 
civil. 
Ela consiste na previsão legal de que aquele que violou determinada norma jurídica ou de contrato é 
submetido a consequências não desejadas de sua conduta danosa, isto é, o responsável fica obrigado 
a reparar o dano. 
No que diz respeito à responsabilidade civil na esfera trabalhista, é necessária a leitura o art. 7º, inciso 
XXVIII, da Constituição Federal de 1988, que prevê indenização a ser paga pelo empregador “quando 
incorrer em dolo ou culpa”. 
O texto constitucional é cristalino ao prever o direito à indenização ao trabalhador vítima de acidente 
de trabalho. 
No plano infraconstitucional, o direito à reparação civil pode ser extraído dos artigos 186, 187, 402 a 
405, 927 e seguintes, do Código Civil Brasileiro. 
 
 
 
Em resumo, onde há dano ou prejuízo, a responsabilidade civil é invocada para fundamentar a 
pretensão de ressarcimento por parte daquele que sofreu as consequências do infortúnio. 
Portanto, enquanto existe uma obrigação prevista na legislação, a responsabilidade civil é a 
consequência jurídica do descumprimento da obrigação prevista. 
Os pressupostos para que haja a condenação e a implicação de responsabilidade civil são: prova do 
dano; culpa ou dolo; nexo de Causalidade entre o fato culposo ou doloso e o mesmo dano. 
Quanto à prova do dano, é necessário demonstrar o prejuízo causado pelo ofensor responsável pela 
conduta antijurídica. Sem dano, não há o que reparar. 
PONTO DE ATENÇÃO 
O art. 8º, §1º, da CLT, dispõe que o Direito Civil é fonte subsidiária do Direito 
do Trabalho. Assim, tendo em vista que a legislação trabalhista não regula de 
forma exaustiva a responsabilidade civil, devem ser observadas as normas 
constantes no Código Civil. 
 
 7 
Em relação à culpa, é a necessidade de provar que a parte deixou de observar uma conduta de um 
homem médio no desempenho de uma determinada atividade, ação ou omissão. Os elementos da 
culpa são a imprudência, negligência ou imperícia. 
A imprudência é uma conduta precipitada, em que a parte deixa de tomar cuidados e causa um dano. 
A negligência se refere aos deveres previstos em lei ou em contratos que deixam de ser observados 
pela pessoa, que podem causar danos. Como exemplo, podemos abordar a questão da não 
observância de regras básicas de segurança do trabalho a serem cumpridas pelo empregador. 
Já a imperícia é uma modalidade de culpa que parte do pressuposto de que, pela profissão ou ofício 
do agente, esperava-se que este deveria agir tecnicamente de uma forma que não causar dano à parte. 
Como exemplo, podemos falar de erros médicos ou equívocos cometidos por um advogado na 
condução do processo, como a perda de um prazo. 
Em linhas gerais, quanto à necessidade de prova da culpa, temos outras formas de responsabilidade 
civil: objetiva e subjetiva. 
A responsabilidade objetiva, prevista em diversas legislações como o Código Civil, Código de Defesa 
do Consumidor (lei 8.078/90), Lei Ambiental (9.605/98), aduzem que, em razão da natureza da 
atividade praticada pelo devedor ou pela natureza do vínculo estabelecido entre as partes, uma 
empresa ou pessoa responderá pelos danos causados, independentemente de culpa, ou seja, 
independentemente da necessidade de se comprovar a culpa. Como exemplo, podemos citar a 
responsabilidade de uma transportadora de pessoa para com os seus passageiros. Em razão de a 
empresa auferir seus lucros com a atividade, caso esta cause algum dano ao passageiro, fica obrigada 
a reparar, salvo as hipóteses excludentes, como a força maior, caso fortuito ou culpa exclusiva da 
vítima. 
Muito relevante para o Direito do Trabalho é a previsão do parágrafo único, do art. 927, do Código 
Civil, que estabelece como objetiva a responsabilidade civil quando a atividade desenvolvida implicar 
risco para a saúde e a vida do trabalhador. 
Sobre o tema é importante o estudo de jurisprudência, sugerindo-se a leitura do acórdão do Tribunal 
Regional do Trabalho da 4ª Região, no processo n. 0021017-73.2016.5.04.0203, cuja publicação 
ocorreu em 14/11/2018. Ele pode ser lido no seguinte endereço eletrônico: 
https://www.trt4.jus.br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/B1Ltv2r_uCHLlFSvPTiPPA?&em=
acidente+trajeto+responsabilidade+objetiva 
 
Por outro lado, a responsabilidade subjetiva prevê a necessidade de prova da culpa ou dolo, para que 
haja a sua configuração.Na peça processual a ser formulada sugere-se que se invoque, primeiramente, a responsabilização 
tendo por base a teoria que é mais adequada para um desfecho positivo da reclamação trabalhista. 
 
 8 
Todavia, a boa técnica determina que o advogado deve lançar mão de todos os fundamentos possíveis 
relativos a certo pleito. Assim, sucessivamente, deve-se invocar a outra teoria da responsabilidade civil 
para embasar o mesmo pedido de condenação. 
Não se pode perder de vista quais podem ser as consequências da responsabilidade civil, isto é, de 
que forma o empregador pode ter que indenizar o trabalhador em razão do evento danoso. A 
indenização pode ser de cunho moral (art. 5º, inciso X, da Constituição Federal de 1988), material ou 
estético. 
A Lei n. 13.467/17 incluiu na CLT o Título II-A, inserindo no texto os arts. 223-A até 223-G. Eles versam 
sobre os danos extrapatrimoniais decorrentes do contrato de trabalho, isto é, buscam pormenorizar 
alguns aspectos que norteiam o instituto jurídico da responsabilidade civil trabalhista. O art. 223-G, 
§1º, da CLT, é de constitucionalidade duvidosa. Isto porque seus incisos I, II, III e IV, fixam o valor da 
indenização a múltiplos do salário recebido pelo trabalhador. Neste contexto, foram ajuizadas Ações 
Diretas de Inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal (ADI n. 5870 e n. 6050), em que 
se questiona a constitucionalidade dos referidos dispositivos legais em razão de violarem o princípio 
da isonomia, previsto no art. 5º, caput, da Constituição Federal de 1988. Assim, aluno, caso opte por 
postular valor superior ao limite estabelecido no art. 223-G, §1º, da CLT, é recomendável que invoque 
na sua peça processual a inconstitucionalidade incidental do dispositivo legal. 
Portanto, primeiro, tem-se que definir qual a natureza de responsabilidade, assim como a modalidade 
de culpa, até mesmo para definirmos a estratégia de produção de provas para fundamentar os 
pedidos. 
Você, aluno, deve agora analisar se a situação concreta se amolda em alguma das hipóteses de 
responsabilidade civil, a fim de pleitear eventuais indenização a que o trabalhador possa fazer jus. 
 
2.2) Estabilidade no Emprego 
Como já explicitado, o art. 19, da Lei nº 8.213/91, define como acidente de trabalho aquele que 
“ocorre pelo exercício do trabalho (...) provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause 
a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. 
O art. 21 da mesma lei equipara ao acidente do trabalho aquele ocorrido no deslocamento de casa 
para o trabalho e do trabalho para casa. 
Por sua vez, o art. 118, da Lei nº 8.213/91, prevê estabilidade no emprego por um ano, “após a 
cessação de auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente”. 
Não é todo acidente de trabalho, portanto, que automaticamente resultará na estabilidade no 
emprego. Esta somente surge quando há o afastamento do trabalhador pelo órgão previdenciário 
(INSS). Neste contexto, pequeno acidente de trabalho que não acarreta afastamento do trabalho por 
 
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mais de 15 (quinze dias), ou seja, quando não há encaminhamento para o INSS, não gera o direito à 
estabilidade provisória no emprego. 
Deve-se, portanto, analisar a situação concreta para concluir se o trabalhador faz ou não jus à 
estabilidade no emprego. A análise da Súmula n. 378, do TST, é fundamental, para a compreensão do 
tema. 
Não se pode perder de vista que a consequência natural do descumprimento do direito à estabilidade 
é a reintegração ao trabalho. Todavia, é fato notório que uma demanda judicial muitas vezes demora 
anos para se chegar ao trânsito em julgado. Neste contexto, você, aluno, não pode se esquecer das 
possibilidades jurídicas que podem ser invocadas na peça de ingresso em substituição da estabilidade. 
Para tanto, leia atentamente o disposto na Súmula n. 396, do TST. 
Sobre o tema é importante o estudo de jurisprudência, sugerindo-se a leitura do acórdão do Tribunal 
Superior do Trabalho, no processo n. 000696-51.2015.5.05.0194, cuja publicação ocorreu em 
01/06/2018. Ele pode ser lido no seguinte endereço eletrônico: 
http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html
&highlight=true&numeroFormatado=AIRR%20-%2010028-
94.2017.5.18.0231&base=acordao&rowid=AAANGhABIAAARDNAAP&dataPublicacao=22/06/2018&l
ocalPublicacao=DEJT&query=acidente%20and%20trajeto%20and%20indeniza%E7%E3o%20and%20s
ubstitutiva 
 
 
 QUADRO SINÓTICO DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA APLICÁVEL 
(Referidos e não referidos nas explicações anteriores) 
Assunto CRFB/88 CLT CPC/2015 Código Civil TST Outros 
Petição inicial - Art. 651; Art. 
787; Art. 790, 
§3º; Art. 791; 
Art. 838; Art. 
840; Art. 852-
B 
Art. 287; Art. 
292; Art. 319; 
Arts. 322 ss. 
- Instrução 
Normativ
a n. 41. 
 
- 
Acidente de 
Trajeto 
Art. 5º, 
inciso X; 
Art. 7º, 
inciso 
XXVIII 
Art. 2º; Art. 8º 
; Art.. 223-A; 
Art.. 223-B; 
Art.. 223-C; 
Art.. 223-D; 
Art.. 223-E; 
Art.. 223-F; 
Art.. 223-G. 
- Art.186, 
Art.187, 
Art.402, 
Art. 403, 
Art.404, 
Art. 405, 
Art.927. 
- Arts. 19 e 
21 da Lei n. 
8.213/90; 
ADI n. 
5870; ADI 
n. 6050. 
 
 10 
Estabilidade 
no Emprego 
Art. 7º, 
inciso 
XXIII 
Art. 189; Art. 
190; Art. 191; 
Art, 192; Art. 
195 
- - Súmula 
n. 378 e 
Súmula 
n. 396; 
Acórdão 
n. 
000696-
51.2015.
5.05.019
4 
Art. 118 da 
Lei n. 
8.213/90; 
Gratuidade 
Judiciária 
- Art. 790; Art. 99, 
caput; 
- - - 
Honorários 
Advocatícios 
- Art. 791-A; - - - - 
Fonte: elaborado pelo autor. 
 
 
 
 11 
 
 
Caro aluno, agora você já está de posse das informações necessárias para elaboração da peça 
processual. 
Observe todos os requisitos formais e os fundamentos que devem estar contidos na petição a ser 
elaborada. A falta de um deles pode torná-la deficiente, não se prestando para o fim pretendido. 
Vamos peticionar? 
 
Vamos peticionar!

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