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República de Angola é um país africano, localizado na costa atlântica, e é limítrofe à República do Congo, Zâmbia e Namíbia. Seus limites territoriais foram definidos de modo arbitrário pelas potências colonizadoras, após a Confêrencia de Berlim, sem que fossem consideradas as diferentes etnias que ali viviam. Por isso, inúmeros conflitos étnicos ocorreram após a independência ao colonizador português. Mas, na virada do século XIX para o século XX, houve o movimento de intelectuais, que através da escrita jornalística, difundiu idéias e consolidou a escrita de uma pequena elite mestiça.
Entre novembro de 1883 e fevereiro de 1885, houve a Conferência de Berlim entre os países colonizadores do continente africano, na qual foram organizadas regras para a ocupação da África. O resultado disso foi a divisão das nações africanas que comportam diversas diferenças étnicas, culturais e religiosas, como é o caso da Angola. Os povos colonizados foram impostos pelos colonizadores a um mesmo sistema cultural e linguístico. Angola, que era de uma cultura ágrafa, teve que se adaptar à escrita, pois era necessário leitores aptos ao idioma português, para que se efetivassem com maior facilidade as imposições do colonizador. Os colonizadores diziam que os povos africanos não tinham cultura por não ter a escrita, e usavam disso como justificativa para a dominação e opressão contra os povos colonizados. Ocorre que, os tradicionalistas, que eram treinados em memorização e transmissão oral da história e costumes da comunidade, foram perseguidos. E mesmo a oralidade sendo substituída pela escrita, esta absorveu muito daquela formando, assim, a identidade angolana.
Nos séculos XIX e XX, as tradições orais marcam a literatura de Angola. Nesse mesmo período, o movimento de intelectuais ocupa a escrita jornalística do país, passando a ser uma via de resistência à opressão acometida pelos colonizadores. A vida nas cidades, a classe média composta de pequenos comerciantes, funcionários públicos, oficiais, etc., fizeram necessária a criação de veículos de notícias da colônia e da cultura local. Assis Júnior, um dos grandes representantes da literatura angolana, surgiu na atividade jornalística e elaborou o primeiro dicionário kimbundu-português, e foi um dos escritores angolanos que viam a necessidade de uma escrita que compreendesse que país era Angola, imposta geográfica, política e culturalmente pelo imperialismo português. Encontrou-se a resposta para isso na própria população angolana e nos seus dialetos e línguas nativas. Assis Júnior liderou o movimento Liga Nacional Africana de influência pan-africanista e nativista, que tinham por objetivo a unidade africana e o estreitamento do vínculo entre os povos africanos, formando um grande corpo contra a força opressora.
Castro Soromenho foi um poeta importante dentro desse contexto de busca por uma identidade própria do país. Iniciou sua carreira escrevendo em periódicos daquele tempo. O também etnólogo e romancista português buscava na oralidade marcante da cultura local um diferencial para sua escrita. Sua obra evidenciava o sofrimento e a injustiça da escravidão do povo angolano.
A partir do ano de 1933, Portugal vive sob o Regime político autoritário de António de Oliveira Salazar. Devido à intensificação do regime salazarista, aumentaram-se as propagandas do regime autoritário de modo a reprimir qualquer movimento que valorizasse as culturas locais das colônias portuguesas. Os portugueses teciam elogios à colonização portuguesa, como tentativa de se oporem ao discurso dos intelectuais angolanos. Houve, então, por parte dos escritores angolanos, a reformulação da história angolana. A CEA (Centro de Estudos Angolanos) foi um grupo investigativo, liderado por Argel, e marcou o início de uma literatura independente e de construção nacional, o que reforçou o discurso nacionalista angolano. 
Na década seguinte, inicia-se um movimento intelectual que dará origem à revista literária Mensagem. Sob a influência do pan-africanismo, os escritores da Geração dos novos intelectuais tinham como lema “Vamos descobrir Angola”. Os escritores reinvidicam uma história para a África que mostre sua genuinidade, a exploração do colonizador e o direito de uma nova página na história angolana.
Na década de 1950, surgiu uma nova geração de escritores angolanos que influenciaram através do periódico Cultura a literatura angolana. Apareceram autores dos gêneros conto e romance e uma ampliação temática na poesia. São criados partidos angolanos e nas vias públicas ocorre a panfletagem quanto uma revolução armada. Os discursos literários e jornalísticos fomentavam os povos a quererem a independência. Em 1959, o regime português prende a massa revolucionária. Agostinho Neto é preso pela Pide (polícia portuguesa), o que levou a uma comoção na região de Ícolo e Bengo, mas a manifestação foi fortemente reprimida, o que levou à morte 30 pessoas e 200 feridos. Começou-se, então a luta armada em fevereiro de 1961 e durou até 1975.
Após anos lutando por liberdade, Angola ganha independência de Portugal em 1975, ao tempo da queda do Regime Salazarista. Angola elege seu primeiro presidente: Agostinho Neto. Mesmo assim, Angola passa longos anos em guerra civil até o ano de 2002, quando é assinado o acordo de paz.

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