Buscar

Conceitos Básicos de Farmacologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Farmacologia - Resumo
1. Conceitos base de farmacologia
Fármaco: é uma substância química conhecida e de estrutura química definida,utilizada para alterar funções no organismo
Medicamento: É composto pelo fármaco e pelos excipientes. O fármaco é o princípio ativo do medicamento, enquanto os excipientes são substâncias inertes, que tem como função proporcionar a preparação do medicamento, assim estabilizá-lo; facilitar a aceitação do paciente e a acessibilidade biológica.
Medicamento original x medicamento genérico: o medicamento original é inovador e é patenteado, sendo o único no mercado por um período, a depender das leis de patente locais. Após o fim da validade da patente, os genéricos passam a ser produzidos e comercializados. 
Para um medicamento genérico ser aprovado, ele deve ser completamente intercambiável o medicamento de referência (mesmo fármaco, mesma dose, mesma forma farmacêutica, mesma via de uso). Os medicamentos deve ser bioequivalentes, ou seja, apresentar a mesma biodisponibilidade (dosagem da concentração do princípio ativo no sangue ao longo do tempo). A bioequivalência é uma comparação da absorção de dois medicamentos, da fração do fármaco administrado que foi absorvida na corrente circulatória a cada momento. 
1.1 FARMACOCINÉTICA (ADME)
	A farmacocinética consiste nas diferentes fases pelas quais passam os fármacos desde sua administração até seu sítio de ação: absorção, distribuição, metabolização e eliminação. Também pode ser entendida como: aquilo que o organismo faz com o fármaco.
 
absorção: processo do fármaco para atingir a corrente sanguínea.
costuma ocorrer no intestino delgado
As formas mais comuns de absorção são: difusão através do lipídio da membrana celular; difusão através do canal aquoso da membrana celular e ligação a um transportador na membrana celular
Os fatores que influenciam a absorção são:
forma farmacêutica
lipossolubilidade
velocidade de esvaziamento gástrico / presença de alimentos
interação com outros fármacos
distribuição: processo de transporte do fármaco pelo organismo
Os fatores que influenciam a distribuição são
débito cardíaco
fluxo sanguíneo regional: os órgãos mais irrigados são o coração, rins, fígado e cérebro; e entre os órgãos menos irrigados estão os músculos e as vísceras
interação com proteínas plasmáticas: fármacos podem ter maior ou maior afinidade com as proteínas presentes no sangue. Os fármacos com afinidade à proteínas plasmáticas chegam em menor quantidade ao sítio de ação, pois apenas o fármaco livre é capaz de atingir os tecidos. A ligação de reserva é um fenômeno no qual as drogas ligam-se a vários tecidos do corpo ou a proteínas no sangue. Essas ligações podem retardar ou prolongar os efeitos de um fármaco. 
volume de distribuição (Vd): é uma propriedade físico-química do fármaco, que diz respeito à sua capacidade de se distribuir para além da corrente sanguínea. 
Tempo de meia vida (T1/2): é o tempo necessário para que a concentração do fármaco no sangue caia pela metade
barreiras biológicas: barreira hematoencefálica, barreira placentária. Apenas moléculas pequenas e muito lipo ou hidrossolúveis conseguem atravessar essas barreiras e atingir esses sistemas. 
biotransformação: transformações bioquímicas que sofrem os fármacos, convertendo-os em um composto diferente do original (metabólito), que pode ser ativo ou inativo. Em geral, enzimas estão envolvidas no processo.
principal local: fígado
isoenzimas: são enzimas com múltiplas formas que catalisam essencialmente a mesma reação. A principal família de enzimas envolvidas no metabolismo de fármacos chama-se CYP. Os genes que codificam uma enzima podem ser polimórficos, de forma que diferentes etnias têm diferentes concentrações de enzimas, e diferentes sensibilidades a medicamentos. 
Por vezes, uma mesma enzima é responsável por metabolizar diversos fármacos. Nesses casos, utilizar essas substâncias em conjunto pode prejudicar a metabolização deles e gerar excesso/overdose de algum(s). 
inibição enzimática: a metabolização de fármacos pode ser inibida por algumas substâncias, diminuindo a transformação do fármaco e substâncias semelhantes a ele
indução enzimática: aumento da expressão e atividade enzimática, por conta de administração repetida da droga, o que ocasiona aumento da biotransformação (e diminuição dos efeitos) das substâncias metabolizadas por tal enzima. Este quadro configura a tolerância farmacocinética
Algumas substâncias são reconhecidamente indutores enzimáticos. Dentre elas, destacamos o etanol e o tabaco
Os fatores que influenciam a metabolização são: 
idade
fatores genéticos: polimorfismo
sexo
exposição a inibidores
doença hepática
Excreção: processo de eliminação dos fármacos do organismo
principal local: rins
outras regiões: hálito, leite, suor, excreção renal. A excreção renal permite a reabsorção do fármaco na urina, e pode ser manipulada para favorecer ou inibir a excreção do fármaco
1.2 FARMACODINÂMICA
	A farmacodinâmica estuda a relação entre a concentração do fármaco no seu local de ação e a intensidade dos efeitos. Também pode ser entendida como o que o fármaco faz com o organismo.
	O mecanismo de ação dos fármacos, em geral, é a interação com um receptor. Receptores são macromoléculas que se encontram na membrana celular. O sítio de ação é a região do receptor que interage com o fármaco. O complexo fármaco-receptor é uma relação tipo chave-fechadura, funcionando através da afinidade do fármaco com o receptor. 
	
F+ R FR
	Os fármacos podem ser classificados em três categorias, a partir de sua interação com um receptor: agonista pleno, agonista parcial e antagonista. 
	Agonistas são substâncias que ativam o receptor ao se ligar a ele. Uma vez que o fármaco se encontra no sítio de ação, ele interage com o receptor, provocando alterações bioquímicas intracelulares (cascata de eventos), o que produz um efeito na célula e, em larga escala, no organismo. Os agonistas tem atividade intrínseca, ou seja, a capacidade de modificar o receptor e gerar estímulo. Um agonista pleno produz o efeito máximo ao se relacionar com o receptor, e o um agonista parcial produz um efeito intermediário. 
	Já o antagonista tem como efeito bloquear o agonista. Ele não ativa o receptor. Os antagonistas estão associados à diminuição da função, enquanto o agonista é associado ao aumento da função. 
	O estudo da farmacodinâmica de um fármaco permite a determinação de sua dose eficaz, que é a dose que produz o efeito desejado em 50% da população testada, e também sua dose tóxica, que é a dose que produz efeito tóxico em 50% da população testada. 
	O índice terapêutico de um remédio é calculado dividindo-se a dose tóxica de um medicamento pela sua dose terapêutica. Esse valor indica a segurança de um medicamento, e quanto maior for o índice, mais seguro é o remédio (pois a distância entre a DT50 e a DE50 é maior). 
	Outro dado relevante de um medicamento é a sua janela terapêutica. Ela é a faixa de concentração de um remédio entre a dose mínima eficaz (abaixo da qual não faz sentido administrar o remédio) e dose tóxica (acima da qual não faz sentido administrar o medicamento), ou seja, é a faixa de concentração de um remédio com efeito terapêutico. 
	Os efeitos de um fármaco podem ser divididos em dois grandes grupos: os efeitos desejáveis (que são terapêuticos) e os efeitos indesejáveis. Dentre os indesejáveis, podemos dividi-los em efeitos colaterais ou efeitos adversos/tóxicos. Os efeitos colaterais são aqueles que acontecem fora do local de ação objetivado, mas não necessariamente aversivos e um fármaco pode ser administrado por seus efeitos colaterais, em um “””uso alternativo””””. Já os efeitos tóxicos são sempre indesejáveis. 
	Farmacoterapia é o uso de medicamentos com o objetivo de prevenir, controlar ou curar doenças. Sua aplicação deve ser baseada em ensaios clínicos, que que fornecem a base científica para decisões terapêuticas. 
2. Dependência e abuso de drogas
A dependência e o abusode drogas são desordens comportamentais induzidas por drogas. As drogas que podem produzir esse quadro são chamadas de drogas potencialmente indutoras de dependência, e o risco de uso de cada uma delas é variável. O risco de dependência da nicotina é aproximadamente 30% dos usuários, enquanto heroína é 23%, cocaína é 16% e álcool é 15%. 
A dependência é definida por um conjunto de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos que indicam que a pessoa perdeu o controle do uso da droga, e continua a usá-la apesar de suas consequências negativas. Interferem neste quadro fatores sociais, econômicos, culturais e biológicos (interação da substância com o organismo). 
Um dos sintomas do transtorno é a presença de tolerância e/ou de síndrome de abstinência. A tolerância é a diminuição da resposta a uma dose de uma determinada substância, que ocorre com o uso continuado. A tolerância pode ser inata (menor sensibilidade, de origem genética) ou adquirida, podendo então ser farmacocinética (menores concentrações da substância atingem o sítio de ação); farmacodinâmica (mesmas concentrações no sítio de ação não produzem o mesmo efeito); cruzada (a tolerância a uma substância aumenta também a tolerância de outras) e comportamental. 
	A tolerância, ou subsensibilidade funcional, é expressão do fenômeno de neuroadaptação. A neuroadaptação em geral não é observável, e manifesta-se pelo aparecimento da síndrome de abstinência quando o uso é interrompido. A síndrome de abstinência é resultado de um estado fisiológico alterado pela administração contínua de uma droga, e seu quadro clínico é variável de acordo com a droga consumida. 
	Há algumas teorias sobre a instalação da dependência. A primeira delas é a teoria do reforço negativo, que é pouco considerada atualmente. Esta teoria foca nas consequências aversivas do uso das drogas, hipotetizando que a pessoa passaria a usar para evitar a abstinência. Entretanto, há limitações graves desta teoria: ela não ajuda a compreender o uso antes do estabelecimento da abstinência; há fármacos que geram abstinência e não dependência, a abstinência é limitada no tempo, o tratamento da abstinência não é eficaz como tratamento da dependência e a síndrome de abstinência é diferente para cada droga. 
	Posteriormente, foi desenvolvida a teoria do reforço positivo. Ela parte do constatação de que todas as drogas potencialmente indutoras de dependência têm em comum a propriedade de gerar efeito prazeroso, o que reforçaria o uso da droga. Esta teoria é apoiada pelo paradigma da autoadministração e pela preferência condicionada por lugar (inicialmente, o rato pode escolher entre duas salas: uma com reforçadores e uma vazia, escolhendo a sala com reforçadores. Em seguida, o rato é preso na sala vazia e é administrada uma droga produtora de dependência. Após a experiência com a droga, o rato passa a escolher ficar na sala vazia). Ainda, esta teoria tem validade preditiva, pois todas as drogas que produzem autoadministração e preferência condicionada de lugar em animais também geram autoadministração em humanos. 
	O mecanismo neural do efeito reforçador das drogas envolve sistemas neurais endógenos ligados ao controle do comportamento por reforçadores naturais, destacando-se o sistema dopaminérgico mesolímbico. O núcleo accumbens é uma região importante deste sistema, e têm um papel importante na percepção de prazer, motivação e recompensas. Todas as drogas aditivas induzem liberação de dopamina no núcleo accumbens, mesmo que atingem este efeito de maneiras diferentes, indicando que esta região é central para a compreensão da dependência. 
	Entretanto, apenas a liberação de dopamina no núcleo accumbens não garante a adição, pois este é um transtorno multifatorial. É preciso considerar as variações em relação à droga (disponibilidade, custo, potência e grau de pureza, via de administração, farmacocinética, etc); ao indivíduo (fatores hereditários, transtornos psiquiátricos, experiências/expectativa anterior, propensão para comportamento de risco, etc) e do ambiente (atitudes da comunidade, disponibilidade de outros reforçadores, estresse, etc).
	As abordagens de tratamento recomendadas são terapia comportamental, medicamentosa e, preferencialmente, a combinação de ambos, a depender da droga. 
3. Antipsicóticos
	Usos clínicos dos antipsicóticos 
esquizofrenia
comportamento de violência impulsiva (haloperidol)
fase maníaca do transtorno de humor bipolar (atípicos)
depressão bipolar (quetiapina)
há ainda outros distúrbios tratados com esses medicamentos
A psicose envolve um conjunto de transtornos no qual a pessoa perde o contato com a realidade. Os principais transtornos psicóticos são: transtornos do humor (depressão maior e mania); demência com características psicóticas, delírio, esquizofrenia e psicose induzida por substâncias químicas. Algumas drogas podem induzir surtos psicóticos, que normalmente desaparecem com a desintoxicação. Estas drogas são: anfetamina, cocaína, maconha, corticóides e outras. 
	A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico crônico e incapacitante, de natureza complexa com manifestações múltiplas e quadro clínico variável. Não consenso de trata-se um quadro único ou se é um conjunto de disfunções com diversas etiologias.Os critérios para o diagnóstico de esquizofrenia são: alucinações, delírios, fala desorganizada, embotamento afetivo, déficit cognitivo e anedonia. Este transtorno tem prevalência em aproximadamente 1% da população e envolve fatores hereditários. Em geral, o primeiro episódio acontece em adolescentes e adultos jovens, mais cedo nos homens do que nas mulheres. Os episódios tendem a tornar-se recorrentes ao longo da vida, predominando delírios e alucinações auditivas e visuais.
	Os sintomas da esquizofrenia podem ser classificados em dois grupos: sintomas positivos e sintomas negativos. Os principais sintomas positivos são alucinações, delírios e desorganização do pensamento e do comportamento e afeto incoerente; enquanto os principais sintomas negativos são isolamento social, redução da produção e fluência do pensamento e da fala; anedonia, embotamento afetivo e prejuízo da cognição. 
	Há diversas hipóteses e teorias sobre as causas de esquizofrenia, passando pela teoria de anormalidades durante a gestação/parto; pela abordagem neuroatômica; pela abordagem genética (diversos loci conferem susceptibilidade à ocorrência de esquizofrenia) e abordagem bioquímica.
	Dentro da abordagem bioquímica, encontramos duas importantes hipóteses: a hipótese dopaminérgica e a hipótese serotonérgica. A primeira evidência que fundamenta a hipótese dopaminérgica é de que alguns antipsicóticos (prometazina e clorpromazina) diminuem a ação da dopamina; reduzindo sintomas psicóticos e produzindo efeitos neurológicos semelhantes aos da doença de Parkinson. Ainda, a L-dopa (forma precursora da dopamina, utilizada no tratamento de Parkinson) induz sintomas psicóticos, e ensaios estudando a relação fármaco-receptor apontam correlação entre afinidade do fármaco pelo receptor dopaminérgico e efeito antipsicótico. A potência clínica de um antipsicótico correlaciona-se com a afinidade pelo receptor dopaminérgico de subtipo D2. Assim, hipotetiza que o aumento da atividade dopaminérgica esteja relacionada com as causas da esquizofrenia.
	Já a hipótese serotonérgica aponta o aumento da atividade desse neurotransmissor como uma possível causa da esquizofrenia. As evidências que apoiam essa hipótese são os efeitos alucinógenos produzidos pelo LSD (agonista parcial da serotonina) e pelo funcionamento dos antipsicóticos atípicos, que têm mais efeito como bloqueadores dos receptores de serotonina do que como bloqueadores do receptor D2 de dopamina. 
O tratamento das psicoses e de distúrbios psiquiátricos caracterizados pela agitação e perda da razão é feito pelo grupo de fármacos denominados antipsicóticos, também chamados neurolépticos. A primeira geração é chamada de antipsicóticos típicos, que são divididos em seis categorias: fenotiazínicos (alifáticos,piperazínicos e piperidínicos), butirofenonas, tioxantenos, indolona, difenilbutilpiperidina e dibenzoxazepina. Cada uma dessas categorias afeta diferentemente os tipos de receptores dopaminérgicos e serotonérgicos (como demonstrado na tabela ao lado), produzindo assim diferentes efeitos no organismo. Dentre os antipsicóticos típicos, os medicamentos mais utilizados são: clorpromazina, flufenazina, tioridazina, haloperidol, entre outros. 
A segunda geração de antipsicóticos foi chamada antipsicóticos atípicos. Os principais antipsicóticos atípicos são ariprazol, clozapina, olanzapina, quetiapina, risperidona, entre outros. Estes fármacos são antagonistas de de receptores serotonérgicos, dopaminérgicos D1 e D2, colinérgicos muscarínicos, adrenérgicos alfa 1 e alfa 2 e histaminérgico H1. Os efeitos terapêuticos estão associados à relação entre a afinidade com os receptores D2 dividida pela afinidade com os receptores serotonérgicos. 
Os neurolépticos de primeira geração ligam-se 75% aos receptores dopaminérgicos D2 nos gânglios da base, produzindo efeitos antipsicóticos e risco de mais efeitos extrapiramidais*. Já os neurolépticos atípicos têm uma ocupação equilibrada entre os neuroreceptores dopaminérgicos e serotonérgicos (50% D2 e 50% 5HT2A), produzindo assim efeitos antipsicóticos e poucos efeitos extrapiramidais. Assim, comparados aos antipsicóticos típicos, os antipsicóticos atípicos têm menor risco de efeitos neurológicos adversos, melhor eficácia em relação aos sintomas negativos, são eficazes em relação aos pacientes que não respondem aos neurolépticos de primeira geração, mas produzem maior ganho de peso. Os antipsicóticos de segunda geração são a opção no primeiro episódio de uma pessoa. 
*Sistema extrapiramidal é, na neuroanatomia humana, uma rede neural localizado na medula espinhal, que faz parte do sistema motor envolvido na coordenação dos movimentos. O sistema é chamado de "extrapiramidal" para diferenciá-lo dos tratos do córtex motor que atingem seus destinos passando através das "pirâmides" da medula
Efeitos adversos neurológicos dos antipsicóticos:
distonia aguda: espasmos musculares em diversas partes do corpo. Aparece nos primeiros dias em 2 a 5% dos pacientes
acatisia: sensação subjetiva de aflição e desconforto, necessidade de estar em movimento. Aparece no máximo entre 5-60 dias em 20 a 40% dos usuários de antipsicóticos de 1ª geração
pseudoparkinsonismo: acinesia, rigidez muscular, máscara facial, marcha arrastada. Aparece em no máximo em 1 a 3 semanas, em 15 a 30% dos pacientes, dependendo do fármaco.
tremor perioral: variante tardia do parkinsonismo
discinesia tardia: movimentos involuntários anormais de ocorrência tardia. A prevalência é de 15 a 35% dos pacientes. As medidas de prevenção possíveis são utilizar a dose mínima do medicamento, tempo adequado de tratamento e optar por antipsicóticas da 2ª geração, e o tratamento exige a suspensão do fármaco e introdução de clonazepina.
síndrome neuroléptica maligna:catatonia, estupor, febre, pressão arterial instável e aumento da creatinina quinase. Neste caso, é necessário suspender o fármaco 
Tratamento: cada um destes sintomas é tratado diferentemente. Entretanto, é comum o uso de fármacos anticolinérgicos, benzodiazepínicos e redução da dose. 
Efeitos não neurológicos: 
aumento do apetite e obesidade
boca seca, constipação, retenção urinária e perda de acomodação visual (efeitos anticolinérgicos)
hipotesnão ortostática, impotência (efeitos do bloqueio alfa)
clonazepina pode causar agranulocitose
4. Hipnóticos
Usos	Clínicos	dos	benzodiazepínicos
hipnótico: Midazolam, Triazolam, Flunitrazepam
ansiolítico: Diazepam, Lorazepam, Alprazolam (sublingual) e Clonazepam (sublingual) 
sedação: medicação pré-anestésica
síndrome	de	abstinência	de	álcool
anticonvulsivante
relaxante muscular: espasmo muscular crônico e espasticidade
Hipnóticos são fármacos cuja principal ação é induzir e manter o sono, pois eles induzem um estado de consciência semelhante, mas não idêntico, ao sono fisiológico. Estes fármacos são muito utilizados para tratar distúrbios do sono. 
As principais alterações do sono são sonolência excessiva (incluindo narcolepsia); comportamentos anormais durante o sono (bruxismo, sonambulismo, etc); insônia. A insônia é uma incapacidade de iniciar e/ou manter o sono, e pode significar um sono de má qualidade/agitado ou sono de curta duração, devendo ser causa de uma queixa para a pessoa; o sono é insuficiente para se manter alerta e realizar atividades durante o dia. 
A insônia pode ser dividida em três categorias: inicial (dificuldade em adormecer), intermediária (sono entrecortado) e final (despertar precoce). O tratamento farmacológico é efetivo para a insônia inicial, contraindicado para a intermediária (pois piora quadros de apneia, que pode ser a causa da insônia) e ineficaz na insônia final, que costuma ser ligada a quadro depressivos. 
O tratamento da insônia, em primeiro lugar, passa pela avaliação e tratamento de comorbidades. Em seguida, dá-se preferência para tratamentos não medicamentosos, como medidas de higiene de sono, redução do estresse, técnicas de relaxamento e terapia cognitivo-comportamental. Como terceira opção, vem o tratamento medicamentoso. 	
A principal categoria de fármacos hipnóticos são os benzodiazepínicos. Estes fármacos são potencializadores dos efeitos do neurotransmissor GABA. O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso. Ao se ligar ao receptor, ele provoca a abertura de canais de Cl-, hiperpolarizando a célula. Os benzodiazepínicos ligam-se a um sítio de ação próprio no receptor, ocasionando uma maior abertura do canais de cloro. Na ausência do GABA, o benzodiazepínico não possui efeito. 
Por seu efeito como facilitadores da transmissão GABAérgica, os benzodiazepínicos são utilizados como ansiolíticos, hipnóticos, anticonvulsivante e relaxante muscular, a depender da dose. Em dose baixa, os benzodiazepínicos têm efeitos de sedação, desinibição e diminuição da ansiedade. Aumentando-se a dose, obtém-se o efeito hipnótico e, nas doses mais altas, efeito anestésico.
Os benzodiazepínicos possuem um antagonista, denominado flumenazil, que liga-se ao mesmo receptor, reduzindo sua ação. Por si mesmo, o antagonista não produz nenhum efeito. Há também agonistas inversos do benzodiazepínico, ou seja, substâncias que produzem o efeito contrário ao do fármaco quando liga-se ao receptor, fechando o canal de cloro. Estes agonistas inversos tem efeito ansiolítico, convulsivante, etc. O agonista inverso também é bloqueado pelo flumenazil.
Em relação à farmacocinética dos BZD, o fármaco é bem absorvido pelo sistema gastrointestinal e atravessa rapidamente a barreira hemato-encefálica. Grande parte da dose administrada se liga à proteínas no sangue, restando apenas uma pequena parte livre. Diferentes medicamentos benzodiazepínicos apresentam tempos de meia-vida bastante variáveis, o que determina seu uso clínico.
Efeitos dos benzodiazepínicos:
no sono: 
em fenótipos normais: menor latência do sono, maior latência do sono REM, menos despertares, maior tempo de sono
em insones: menor latência do sono, menor latência do sono REM, menos despertares, maior tempo de sono
medicamentos hipnóticos: midazolam, triazolam, flunitrazepam
anticonvulsivantes e relaxantes musculares: reduzem o tônus muscular, têm atividade anticonvulsivante. O clonazepam é relativamente mais eficaz como anticonvulsivante do que outros BZD. Diazepam intravenoso é um eficaz bloqueador de convulsões. 
desempenho psicomotor: menor atenção, menor velocidade de desempenho, maior tempo de reação. Os efeitos são proporcionais à dose. Possui influência negativa na capacidade de condução de veículos
efeitos indesejáveis: 
BZD de meia vida curta: são indicados como tratamento para insônia inicial, pois a concentração declina para abaixo da dose mínima eficaz antes do despertar. Pode causar insônia de fim de noite; ansiedade durante o dia e insônia rebote, piora nos padrõesde sono após descontinuidade do remédio. 
BZD de meia vida longa: efeitos residuais: cansaço, sonolência e torpor na manhã seguinte. Em idosos, pode causar prejuízos cognitivos, de desempenho motor e risco aumentado de quedas e acidentes. 
toxicidade: a superdosagem de benzodiazepínicos leva a sono profundo, sem grande depressão respiratória ou cardíaca. O tratamento é feito com seu antagonista, o flumenazil. Casos fatais são raros, mas a combinação com álcool e outras drogas pode resultar em depressão respiratória grave. 
	O uso de benzodiazepínicos pode produzir dependência. Em geral, o quadro desenvolve-se da seguinte forma: início do uso como hipnótico; redução da eficácia devido ao desenvolvimento de tolerância; aumento da dose; alcance da dose máxima; situação de muitos efeitos colaterais e baixa eficácia; tentativa de retirada; síndrome de abstinência. O quadro clínico da abstinência é pouco específico, envolvendo irritabilidade, agitação, insônia, tremor, sudorese, dor/tensão muscular, entre outros. Esta é uma droga com potencial de abuso grande, e 50% dos pacientes que utilizam por mais de um ano apresentam síndrome de abstinência.
	Há também outros fármacos hipnóticos, além dos benzodiazepínicos. Dentre eles, os mais relevantes são os compostos Z. O compostos Z ligam-se a subunidade diferentes do canal de Cloro do que o BZD, tendo assim efeitos diferenciados, e os dois medicamentos mais importantes com esses compostos são Zolpidem e Zolpiclone. Eles são eficientes no tratamento da insônia, mas não tem efeitos ansiolíticos, anticonvulsivantes e relaxamento muscular. Eles não produzem dependência e também não produzem alguns dos efeitos indesejáveis dos benzodiazepínicos, razão pela qual podem ser escolhidos clinicamente no lugar destes. 
5. Ansiolíticos
A ansiedade é uma resposta universal diante da antecipação de um perigo, estresse ou conflito. Entretanto, ela pode adquirir valor patológico, caso se torne desproporcional à situação ou caso a ameaça não seja real. Neste caso, temos os transtornos de ansiedade.
Os transtornos de ansiedade são: 
transtorno de ansiedade generalizada: ansiedade e preocupação excessivas, difíceis de controlar e muito presentes
transtorno de pânico: ataques de pânico inesperados, ansiedade antecipatória, preocupação sobre ataques de pânico. É comum transtorno de pânico com agorafobia
Fobia: medo intenso, irracional e persistente de um objeto, atividade ou situação, levando a uma necessidade de evitar tais situações. Uma das fobias mais comuns é a fobia social, que consiste no medo persistente de se expor a situações em que a pessoa julga se expor à avaliação dos outros, ou se comportar de maneira humilhante ou vergonhosa
	Apesar de não serem mais considerados transtornos de ansiedade, também consideraremos
Transtorno de estresse pós traumático: afeta pessoas que vivenciaram um trauma emocional grave
Transtorno Obsessivo Compulsivo
	
	O tratamento dos transtornos de ansiedade é feito através da psicoterapia e do tratamento medicamentoso. Há diversos fármacos utilizados no tratamento da ansiedade: benzodiazepínicos; agonistas parciais de benzodiazepínicos; agonistas serotonérgicos (5-HT1A); antagonistas β2-adrenérgicos; antidepressivos e outros. Alguns medicamentos benzodiazepínicos ansiolíticos são Diazepam, Lorazepam, Alprazolam (sublingual) e Clonazepam (sublingual). 
	A buspirona é um agonista de receptores de serotonina utilizada no tratamento da ansiedade. Ela tem apenas efeitos ansiolíticos, com baixo risco de dependência e com efeitos psicomotores e cognitivos mínimos, sendo assim uma alternativa ao tratamento com benzodiazepínicos. Contudo, tem um tempo de ação lento. 
	Os beta-bloqueadores reduzem os sintomas somáticos da ansiedade, e são utilizados no tratamento de fobia social e ansiedade de desempenho, mas têm pouca eficácia no tratamento de outros tipos de ansiedade. Os medicamentos chamam-se propranolol e atenolol. 
6. Antidepressivos
	Usos clínicos dos antidepressivos tricíclicos
Transtorno depressivo
Transtorno de pânico
Transtorno obsessivo-compulsivo
Fobias
Dor neuropática
Incontinência urinária infantil
	Usos clinicos dos inibidores seletivos de serotonina
Transtorno Depressivo 
Transtorno de Pânico 
Transtorno Obsessivo-Compulsivo 
Bulimia nervosa 
Transtorno do estresse pós-traumático 
Transtorno disfórico pré-menstrual 
	Usos clínicos dos inibidores de monoaminoxidase
Depressão resistente
Depressão atípica
Fobia social
	Os transtornos de humor podem ser divididos em duas categorias: o transtorno de humor unipolar, caracterizado por episódios depressivos, e transtorno de humor bipolar, caracterizado por episódios recorrentes de depressão e mania. Quando falamos em humor, estamos nos referindo a emoções sustentadas no tempo, de forma sutil, contaminando a interpretação das percepções e cognições. O humor é diferente de um afeto que são expressões de curta duração refletindo contingências emocionais momentâneas. Assim, a pessoa que troca rapidamente de emoções não tem um transtorno do humor, e não pode ser corretamente descrita como bipolar. 
	Precisamos também diferenciar tristeza e depressão. A tristeza normal é menos intensa e menos duradoura do que a depressão; reage a estímulos positivos (o que não acontece na depressão); têm prejuízo funcional limitado; melhora com o tempo (enquanto a depressão tende a piorar com o tempo); têm fator causal (a depressão não necessariamente tem fator causal) e não apresenta lentificação psicomotora, diferentemente da depressão. 
A depressão é um transtorno comum na população, com etiologia multifatorial. Há fatores genéticos, de personalidade e eventos vitais (ambiente) envolvidos. Os fármacos antidepressivos vêm sendo desenvolvidos desde 1950, em uma busca por maior segurança e eficácia.
Os primeiros antidepressivos a serem desenvolvidos foram os inibidores de monoaminoxidase (IMAO). A monoaminoxidase (MAO) é a enzima, responsável pela metabolização da serotonina, noradrenalina e da dopamina. Os IMAOs ligam-se a enzima causando uma inibição irreversível, impedindo a catabolização das monoaminas e aumentando sua disponibilidade. Entretanto, os IMAOs apresentação interação com alimentos, mais especificamente, interação com alimentos que contenham tiramina. A tiramina tem como efeito o aumento da liberação de noradrenalina, excesso que normalmente é destruído pela MAO. Entretanto, o antidepressivo impede que a MAO destrua a NA, e as quantidades elevadas do neurotransmissor produzem hipertensão aguda, levando a uma cefaléia latejante grave, podendo chegar a hemorragia intracraniana potencialmente fatal. Por conta disso, o uso de IMAOs é acompanhado de restrição alimentícias e medicamentosas. 
Após os IMAOs, foram descobertos um novo tipo de antidepressivoa: os tricíclicos, que são a Amitriptilina, Clomipramina, Imipramina e Nortriptilina. Eles bloqueiam a recaptura de todas as monoaminas, destacando-se a serotonina e a noradrenalina como responsáveis pelo efeito terapêutico. Estes fármacos atuam em diversos neuroreceptores e, consequentemente, produzem diversos efeitos colaterais. 
Outra categoria de antidepressivos são os inibidores específicos de recaptação de serotonina (ISRS). O mecanismo de ação do ISRS é ligar-se ao transportador de serotonina (SERT), bloqueando sua recaptação e aumentando a disponibilidade do neurotransmissor. Este bloqueio da recaptação da serotonina ocorre tanto nos dendritos quanto no axônios da célula. Nos dendritos da célula pré-sináptica, encontram-se autorreceptores de serotonina, que são dessensibilizados/infrarregulados com o aumento de serotonina, o que causa a liberação de mais serotonina pelo axônio, aumentando ainda mais a quantidade disponível desse neurotransmissor. 
A primeira versão desses medicamentos foi o Prozac, mas atualmente encontramos ISRS como fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, entre outros. Cada uma dessas variações possui uma estrutura levemente diferente, que permitem a ligação comoutros receptores diversificadamente, de forma que os efeitos colaterais são variados. Os efeitos colaterais dos ISRS são náusea, boca, seca, insônia, dor de cabeça, tremor, ansiedade, entre muitos outros. 
Posteriormente, foram desenvolvidos inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN), como a Venlafaxina e a Duloxetina. Estes fármacos ligam-se tanto aos transportadores de serotonina (SERT) quando de noradrenalina (NAT), bloqueando sua recaptação. Dessa forma, eles têm uma eficácia semelhantes aos antidepressivos tricíclicos, mas com menos efeitos colaterais, sendo considerados tricíclicos de segunda geração. Os efeitos colaterais desses medicamentos são semelhantes aos dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina. 
Há ainda muitas outras formas de antidepressivos, como os inibidores de recaptação de noradrenalina e dopamina (bupropriona), e muitos outros ainda estão sendo desenvolvidos, pois ainda não há um antidepressivo de grande eficácia e poucos efeitos colaterais. 
A etiologia da depressão também não é conhecida. Entretanto, muitos dos antidepressivos (IMAO, ADT, ISRS, IRSN) induzem adaptações moleculares e semelhantes, o que nos permite hipotetizar sobre a fisiopatologia deste transtorno.
7. Estabilizadores de Humor
	Usos clínicos do lítio
Tratamento agudo de mania
Profilaxia
Potencialização de antidepressivos
Prevenção de comportamento agressivo
Redução de ideação	e comportamento suicida 
	Usos clínicos dos anticonvulsivantes
episódios de mania, episódios mistos e manutenção
	
	Os estabilizadores de humor são utilizados para tratar, em primeiro lugar, o transtorno de humor bipolar, que é caracterizado por episódios recorrentes de depressão e de mania. A mania é marcada pela autoestima inflada ou grandiosidade; maior loquacidade; fuga de ideias, distração, hiperatividade, agitação psicomotora, menor necessidade de sono e comportamento de risco. A mania pode se apresentar como euforia ou irritabilidade, sendo que a segunda tende a predominar conforme os episódios se repetem. Esse quadro é oposto à depressão, que é marcada pelo humor deprimido e perda de interesse ou prazer; perda ou ganho de peso, fadiga, sentimento de inutilidade, insônia ou hipersônia, menor libido, agitação ou retardo psicomotor e pensamento de morte e/ou tentativa de suícidio.
	O transtorno bipolar é dividido em dois tipos: Tipo I, em que há fases de mania e de depressão; e Tipo II, em que há fases de hipomania e de depressão. O primeiro predomina em aproximadamente 1% da população e começa em média aos 18 anos, enquanto o segundo predomina em de 2 a 3% da população e se inicia ao redor dos 20 anos. Assim como na depressão unipolar, sua etiologia é multifatorial. Os aspectos biológicos estão associados a variações em genes mitocondriais, ligados à estabilidade da membrana celular, à secreção de cortisol, entre outros; enquanto os fatores ambientais são negligência parental, maus tratos, abuso emocional e uso de substâncias.
	Os medicamentos recomendados para o tratamento desse transtorno são capazes de melhorar os sintomas das fases agudas, sem induzir para uma fase oposta, além de funcionar como preventivos de novas crises. Existem três tipos importantes de estabilizadores de humor: lítio, anticonvulsivantes e antipsicóticos. 
	O lítio afeta os eletrólitos e o transporte iônico. Não existe lítio naturalmente em nosso organismo mas, como o Li+ tem um raio iônico muito semelhante ao do Na+, ele é capaz de substituir o sódio na geração de potenciais de ação. Entretanto, o lítio não é bombeado pela célula com a mesma rapidez que o sódio, acumulando-se mais dentro da célula e estabilizando a membrana. É importante ressaltar que o lítio tem uma faixa terapêutica estreita, com risco de parada cardíaca na fase tóxica, o que requer uma cuidadosa monitoração das concentrações de lítio no sangue do paciente. 
	Os efeitos colaterais do lítio são múltiplos, envolvendo alteração de memória; tremor; ganho de peso; sonolência… dentre os mais graves, se encontram o risco de lesão renal e hipotireoidismo como consequências do uso continuado. 
	Ainda, o lítio é muitas vezes insuficiente para manter o paciente eutímico, e a associação com anticonvulsivantes têm se mostrado eficaz.
	Os anticonvulsivantes também podem ser usados como tratamento único. O principal medicamento desta categoria é o valproato, que é recomendado para casos de mania, episódios mistos e para manutenção. Este fármaco tem como efeitos colaterais sedação, tremor, diarreia, ganho de peso e outros, além de ser hepatóxico. Por conta desta última propriedade, ela é contraindicado para pessoas com problemas hepáticos, alcoolismo ou grávidas (por ser teratogênico). 
	Também são utilizados antipsicóticos atípicos, como Risperidona, Quetiapina, Olanzapina. Seus efeitos adversos são ganho de peso, síndrome metabólica, sedação, aumento da prolactina e outros. 
	A escolha do tratamento depende do tipo de fase, das características do episódio (mania, depressão, sintomas psicóticos) e de respostas anteriores ou familiares ao medicamento, assim como das preferências da pessoa. A princípio, o lítio é a primeira linha de escolha em qualquer fase (mania, depressão ou ciclagem rápida), mas os antipsicóticos atípicos são recomendados como segunda linha na mania; os antipsicóticos atípicos ou antidepressivos são recomendados como segunda linha na depressão e a lamotrigina ou valproato (anticonvulsivantes) são indicados como segunda linha na ciclagem rápida.

Continue navegando