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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Registro: 2017.0000740764 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n.º 1003989-76.2014.8.26.0011, da Comarca de São Paulo, em que é apelante/apelado CONDOMINIO EDIFICIO BOA VISTA, são apelados/apelantes MARIA APARECIDA MAGRO VENTURA e SAMIR ZAKHOUR TAYAR, ACORDAM, em 35ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Não conheceram em parte do recurso do autor e na parte conhecida a ele negaram provimento, negaram ao do co-réu Samir e deram parcialmente ao da co-ré Maria Aparecida, com observação. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente), MORAIS PUCCI E FLAVIO ABRAMOVICI. São Paulo, 25 de setembro de 2017. Gilberto Leme RELATOR Assinatura Eletrônica PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 2 Apelação n.º 1003989-76.2014.8.26.0011 Comarca: São Paulo Aptes/Apdos: Condomínio Edifício Boa Vista; Samih Zakhour Tayar, Maria Aparecida Magro Ventura Juiz sentenciante: Eduardo Tobias de Aguiar Moeller CONDOMÍNIO. AÇÃO DEMOLITÓRIA C.C. RESTITUIÇÃO DE ÁREA COMUM. EVENTUAIS OBRAS IRREGULARES. COMPROVAÇÃO DE QUE FOI CONVENCIONADA A UTILIZAÇÃO EXCLUSIVA DO 25.º ANDAR PELOS MORADORES DA COBERTURA. EDIFICAÇÃO DE COBERTURA QUE ALTERA A FACHADA DO PRÉDIO. DIREITO DO CONDOMÍNIO DE EXIGIR O SEU DESFAZIMENTO. ÁREA COMUM DO 6.º ANDAR. OCUPAÇÃO INDEVIDA. SUPRESSIO NÃO VERIFICADA. Comprovado que a ocupação do 25.º andar remonta à própria construção do edifício, indevida a alegação do condomínio de que os moradores da cobertura invadiram parte do imóvel destinado ao zelador o qual está situado no andar térreo. A área comum de condomínio edilício não é suscetível de posse exclusiva de um único morador. Por mais que a ocupação exclusiva da área comum tenha sido tolerada e permitida por longo período, tal fato não pode gerar posse com animus domini, tornando inviável a pretensão aquisitiva. Não conheço em parte do recurso do autor e na parte conhecida a ele nego provimento, nego ao do co-réu Samir e dou parcialmente ao da co-ré Maria Aparecida, com observação. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 3 VOTO N.º 18.840 Trata-se de recursos de apelação interpostos à r. sentença de fls. 538/547, que julgou parcialmente procedentes as pretensões deduzidas, determinando que os réus desocupem e liberem a área comum do 26.º andar, em prazo a ser definido em fase de execução, cabendo ao condomínio providenciar a retirada de eventuais escadas de acesso aquele pavimento, além do refazimento ou complementação de grade ou estrutura para o fechamento da área, providenciar que o acesso seja exclusivo pela casa de máquinas e não mais pelo 25.º andar. Também foi acolhida a pretensão do condomínio para que os réus sejam condenados a desfazer as alterações da fachada decorrentes da ocupação do 25.º andar e a providenciar as reformas e adaptações necessárias para que as janelas tenham idênticas medidas e para que a cobertura sobre aquele pavimento, caso alcance a borda do edifício, preserve a fachada do prédio em prazo a ser fixado em fase de execução, observando que caso os réus não cheguem a um consenso, que providenciem a demolição de todas as estruturas e grades que alcancem a borda e fachada do edifício. Em razão da sucumbência recíproca, as custas e despesas periciais deverão ser rateadas igualmente entre as partes em ambos os processos, sendo o autor condenado a pagar honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da causa em cada um dos processos, impondo a cada um dos réus a mesma quantia em favor do patrono do autor, nos termos do art. 85, § 14 do CPC. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 4 Todas as partes recorreram. O autor apela para buscar a alteração parcial da sentença. Argumenta que os réus ocuparam integralmente o espaço do 25.º andar e não apenas um terraço cada um. Sustenta que a sentença ao reconhecer alteração da fachada e determinar que deve ser respeitado o recuo da borda não esclareceu qual seria a metragem para esse recuo. Ressalta não ter havido menção a respeito dos valores pagos do IPTU sobre a área do 25.º e 26.º andares ocupada pelos réus, persistindo a obrigação de restituir as quantias pagas pelos demais condôminos. Pugna pela autorização para que o condomínio possa recalcular a cota condominial de acordo com o espaço ocupado pelos apelados, somando-se a área das unidades efetivamente ocupada pelas unidades 241 e 242. O réu recorre para postular a improcedência da ação. Invoca aplicação da teoria da supressio em razão de o autor ter autorizado a ocupação da laje de cobertura desde a existência do condomínio, ou seja, há 35 anos. Alega que o prolongamento daquela situação implica a consequência jurídica da supressio, calcada na boa-fé objetiva, de modo a impedir condutas contraditórias e surpreendentes do apelado. Assevera que a determinação para que o acesso ao 26.º andar seja feito somente pela casa das máquinas pode trazer insegurança aos demais condôminos que teriam de passar dentre os motores dos elevadores e por dois quadros de energia elétrica do prédio. Ressalta não ter havido comprovação sobre a alegação de realização de obras no 25.º e 26.º andares, não tendo a perícia constatado documentos indicando a alteração PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 5 de fachada do edifício por parte do apelante, pois além de datarem de mais de 35 anos, foram feitas com o devido consentimento do condomínio, situação consolidada desde a construção do o prédio. Insurge-se contra a sucumbência aplicada em razão do decaimento em maior parte dos pedidos pelo autor. A ré igualmente apela, repetindo exatamente os mesmos termos do recurso do réu. Recursos tempestivos, com preparo e respostas. É o relatório. Narra a petição inicial que o condomínio é composto de um prédio com 24 andares, com 2 unidades por andar, sendo que os 2 apartamentos situados no 24.º andar têm uso exclusivo da laje descoberta de cobertura. Esclarece que no 25.º andar situa-se o apartamento da zeladoria, no centro da laje da cobertura, e no 26.º andar está localizada a casa de máquinas e caixas d'água, exatamente acima do apartamento do zelador. Afirma que segundo especificação, planta e convenção do condomínio, as unidades 241 e 242 tiveram permissão de uso exclusivo da área descoberta da laje de cobertura do 24.º andar. Entretanto, sem saber informar a data exata, ficou ciente que os réus, além da área autorizada, invadiram metade do apartamento destinado ao zelador e construíram escadas para ter acesso à laje de cobertura do 25.º andar que o transformaram em terraço privativo ocupando 97,49 m² de área ilegal, já que é de uso comum do condomínio, além PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 6 de ter alterado a fachada do prédio, impedindo acesso para a realização de obras de manutenção como pintura, limpeza das fachadas, etc, já que necessita de autorização para ter acesso ao terraço. Pugna pela liberação do acesso às áreas para manutenção do prédio livres de qualquer bloqueio, no prazo de 48 hs, determinação de bloqueio da abertura realizada na lajede cobertura que abriu acesso por meio de uma escada e demolição da alteração realizada, voltando a unidade ao status quo ante, com a consequente reintegração de posse do condomínio das áreas indevidamente ocupadas. Em contestação a ré alega ter havido alteração da planta inicial de construção do edifício. Esclarece que o apartamento da zeladoria foi deslocado para o andar térreo desde a instituição do edifício. Suscita ocorrência de prescrição da pretensão demolitória, tendo em vista que a suposta obra irregular que o autor afirma existir no imóvel da ré (apartamento do zelador) é datada da inauguração do condomínio (17.7.80). No mérito, aduz que o autor distorce a verdade dos fatos, na medida em que nos termos da convenção condominial a casa do zelador está situada no pavimento térreo. Afirma que conforme declaração do antigo síndico, corroborada pela vistoria realizada pelo escrevente notarial a pedido dos réus, de que nunca existiu na laje de cobertura residência destinada ao zelador, a qual sempre foi localizada no andar térreo. Diz que de acordo com a convenção de condomínio os apartamentos do 24.º andar pagam 50% a mais sobre a taxa recolhida para fundo de reserva em razão de poderem usar o terraço de cobertura. Ressalta jamais ter efetuado qualquer modificação na sua unidade, a qual foi adquirida por preço maior que as demais do condomínio exatamente pela PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 7 possibilidade de utilização do terraço de cobertura, além de contribuir mensalmente a mais que os demais condôminos. Sustenta inexistir razão para o pleito demolitório, sendo evidente a boa-fé da ré, além da ocorrência do decurso de 35 anos sem qualquer reclamação por parte do condomínio. Tendo em vista que o autor ajuizou outra ação idêntica contra o proprietário da unidade 242, a qual foi distribuída para Vara diversa, foi reconhecida a conexão entre as ações para julgamento conjunto (fl. 485). O cerne litigioso funda-se na ocupação irregular dos 25.º e 26.º andares pelos moradores das unidades 241 e 242 do edifício. Determinada a realização de perícia técnica foi produzido o laudo pericial no qual se constata a existência de escada dentro das unidades dos réus para acesso ao 25.º pavimento, situação exclusiva das unidades de n.º 241 e 242. Verificou a existência de acesso à laje do 26.º andar a partir da área externa ocupada pelos réus e a localização do apartamento do zelador localizado no andar térreo do edifício, atualmente utilizado pelos funcionários do condomínio (fl. 320). Concluiu que desde a instalação do condomínio, ou seja, há 35 anos, foi convencionado que a laje de cobertura do 25.º andar seria de uso exclusivo das unidades 241 e 242, fato de conhecimento do autor. Verificou que o acesso à casa das máquinas, caixas d'água e respectivas tubulações, válvulas e laje de cobertura é possível através as escadas (fls. 340 e 342). Esclareceu que a configuração dos apartamentos dos réus é considerada como um apartamento de cobertura duplex e que o autor PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 8 sempre teve conhecimento do acesso privativo, uma vez que ciente da permissão, ainda que somente da área descoberta, haveria acesso exclusivo dos moradores das unidades do 24.º andar àquelas áreas. Ao ser indagado sobre a realização de algum tipo de obra pelos demandados disse não ser possível afirmar se tratar de modificações executadas pelos proprietários, uma vez que não foram disponibilizados projetos “liberado para obras” e/ou “as built”, assim como documentação fotográfica da época da entrega do edifício (fls. 300/354). Em laudo complementar esclarece que a existência de uma parede dividindo o 25.º pavimento em partes iguais, evidencia que se houve construção irregular ocorreu de comum acordo com o proprietário da unidade 241, tendo em vista que o mesmo também ocupa aquele pavimento e na ata notarial consta a existência de acesso ao 25.º pavimento por meio de escada privativa no interior da unidade, porém em formato diferente do observado na unidade da ré (fls. 494/500). As testemunhas ouvidas, ex moradores dos referidos apartamentos, foram unânimes em afirmar que os imóveis sempre estiveram da mesma forma que a atual e que o 25.º andar fazia parte do imóvel (fls. 457 e 525). Diante de tais provas, forçoso reconhecer que a situação com relação ao 25.º andar remonta à própria construção do edifício, sendo indevida a alegação do autor de que invadiram parte do imóvel destinado ao zelador. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 9 Já, com relação ao 26.º andar a situação é diferente, haja vista que não constar qualquer prova de que foi permitido o uso exclusivo daquela área comum aos proprietários das unidades 241 e 242. Com efeito, a área comum de condomínio edilício não é suscetível de posse exclusiva de um único morador. Não se desconhece a existência de julgados, inclusive do E. STJ, considerando que parte de área comum de edifício ocupada por longo período por alguns condôminos deveria ser mantida daquela forma. Contudo, a situação é diversa da discutida nestes autos, tendo em vista que naqueles julgados houve alteração do projeto inicial e a área ocupada perdeu a finalidade inicialmente a ela destinada. Na hipótese vertente, conforme mencionado pelo autor, o 26.º andar permite o acesso de funcionários e prestadores de serviços para manutenção do prédio, pintura da fachada etc. Consigna-se que referida área está situada em frente à casa de máquinas, inexistindo nada na convenção ou documentos que permitam o uso exclusivo pelos réus. Dessa forma, por mais que a ocupação exclusiva da área comum tenha sido tolerada e permitida por longo período, tal fato não poderia gerar a posse com ânimo de aquisição do domínio, tornando inviável a pretensão aquisitiva. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 10 Ademais, se a área é de uso comum, não pode ter acesso por área exclusiva dos moradores do 24.º andar, razão pela qual corretamente foi determinada a retirada de escadas que dão acesso ao 26.º andar pelo pavimento situado abaixo. No mesmo sentido os julgados deste Tribunal: “REINTEGRAÇÃO DE POSSE. Condomínio em edifício. Área comum não poderia ser suscetível de posse exclusiva, não podendo ser acolhida a pretensão das recorrentes de aquisição por intermédio da prescrição aquisitiva. Por mais que a ocupação exclusiva da área comum tenha sido tolerada e permitida por longo período, tal fato não geraria posse com ânimo de domínio, inviabilizando a pretensão aquisitiva. RECURSO IMPROVIDO.” (Apelação nº 0185317-19.2010.8.26.0100, Rel. Desª. Silvia Maria Facchina Espósito Martinez, 24.ª Câm.Dir.Priv., j. 23.6.16, v.u.) “APELAÇÃO INTERDITO PROIBITÓRIO UTILIZAÇÃO EXCLUSIVA DE ÁREA COMUM CONDOMÍNIO EDILÍCIO - COBERTURA DE EDIFÍCIO SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. Argumentos da autora que não convencem Ausência de direito à utilização perpétua da área comum Condomínio que, em posterior convenção, pode revogar anterior autorização para utilização exclusiva da cobertura do edifício por parte de determinado condômino É da essência do comodato sua temporariedade Supressio não verificada Ausência, no caso concreto, de criação de legítima expectativa, confiança, de que a parte autora poderia usar indefinidamente, de forma exclusiva, a área comum tratada nos autos. SENTENÇA MANTIDA RECURSO DESPROVIDO” (Apelação nº 1114152-50.2014.8.26.0100,Rel. Des. Sergio Gomes, 37.ª Câm.Dir.Priv., j. 15.9.15, v.u.) O art. 1336, III, do CC, e a cláusula 16.ª da convenção condominial (fl. 23) vedam a alteração da fachada do prédio sem consenso unânime dos condôminos a ser manifestado pela Assembleia. É certo que referidas alterações devem PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 11 ser fundamentais de forma a alterar significativamente o perfil originário da fachada e não propriamente inovações modernizadoras ou úteis aos moradores. Pois bem. É possível constatar que da planta original do prédio não constava qualquer construção acima do 24.º andar (fl. 336), sendo que pelas fotografias apresentadas nos autos é possível identificar que no 26.º andar houve alteração substancial da fachada, com a construção de área coberta sobre a unidade 241 que ultrapassa até mesmo a altura da grade daquele pavimento e chega na borda do edifício. Aliás, não existe a mesma grade sobre a área da unidade 242 (fls. 64 e 78). Indiscutível que referida estrutura metálica alterou significativamente a fachada do prédio, parecendo a construção de pé direito duplo, assegurando ao condomínio autor o direito de postular o desfazimento daquela estrutura que modifica totalmente a sua parte externa, inclusive com a recolocação de janelas iguais às originais e que ainda permanecem na unidade 242. Quanto à grade existente no 25.º andar, constata-se existir somente na unidade 241. Contudo, em vez de a sentença estabelecer se será colocada outra idêntica acima da unidade 242 ou se preferirão retirar aquela existente, preservando a fachada do prédio, determinou que o condomínio complemente a grade para fechamento do 26.º andar. Diante da ausência de irresignação do autor a respeito de tal condenação, deve ser mantida. Nada há a esclarecer quanto à PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 12 pretendida dimensão do recuo mencionada pelo autor, haja vista que a condenação impôs a manutenção da fachada do prédio. Por fim, não deve ser conhecida a pretensão do autor de majoração da cota condominial para os réus e de ressarcimento dos valores de IPTU pago a maior, haja vista a inovação da matéria em sede recursal. Com relação à sucumbência, entendo que a condenação maior foi imposta ao réu Samir, tendo em vista que a sua unidade é que alterou significativamente a fachada do prédio. Dessa forma, fica mantida a sucumbência recíproca estabelecida na proporção de 50% para o réu Samir. Já, com relação à ré Maria Aparecida entendo que o seu decaimento foi bem menor, devendo o autor responder por 70% das custas processuais e a ré 30%, impondo majoração dos honorários advocatícios para o patamar de 15% sobre o valor da causa a favor do patrono da ré, atualizados monetariamente desde o ajuizamento da ação (art. 85, § 8.º e 14 do NCPC). Pelo meu voto, não conheço em parte do recurso do autor e na parte conhecida a ele nego provimento, nego ao do co-réu Samir e dou parcialmente ao da co-ré Maria Aparecida, com observação. GILBERTO LEME PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 35ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Apelação nº 1003989-76.2014.8.26.0011 13 Relator