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HEMATOLOGIA CLINICA II Hemoglobinopatias Talassemia Prof.ª: Josiana Bernardo Thomazelli Matuszak Grupo heterogêneo de anemia hereditárias caracterizadas por defeitos na síntese de uma ou mais subunidades da cadeia de globina da hemoglobina. Faz parte de um grupo de doenças do sangue chamadas hemoglobinopatias (doença da hemoglobina). A talassemia acontece quando há um defeito na produção das globinas. No cromossomo 11 temos a informação genética para produzir a globina beta e no cromossomo 16 para a globina alfa. As pessoas com a talassemia beta têm mutação (alteração) no cromossomo 11 e com a talassemia alfa têm a mutação no cromossomo 16 A talassemia beta, dependendo do número de genes comprometidos, pode se manifestar de três formas: talassemia maior, talassemia intermediária ou talassemia menor. A talassemia alfa, dependendo do número de genes comprometidos, pode se manifestar de quatro formas: portador silencioso, traço alfa talassemia, doença da hemoglobina H e hidropsia fetal. Curiosidades A talassemia beta é conhecida como “Anemia do Mediterrâneo”, pois a maioria dos casos inicialmente identificados ocorreu em famílias residentes nos países próximos do Mar Mediterrâneo, tais como Itália, Grécia, Chipre e Líbano. O nome se origina do grego “thalassa” (mar). Com a globalização, migração e miscigenação entre os povos, hoje existem casos em todo o mundo. Curiosidades A talassemia alfa é proveniente do Sudeste Asiático, China e norte da África. Tanto mundialmente quanto no Brasil, a frequência do gene (situação de portador, não de doente) da alfa talassemia é mais comum do que a da beta talassemia. Porém, se considerarmos a situação de doença talassemia, a beta talassemia é mais comum (formas maior e intermediária) Talassemia beta (β) β-talassemia menor: Também conhecido como traço β-talassêmico refere-se à heterozigose para a β-talassemia. Condição hereditária na qual uma mutação em um gene da β- globina – mais raramente, deleção de um gene da β-globina -, leva a uma redução na velocidade de síntese das cadeias de β-globina, com consequente redução na velocidade da síntese da hemoglobina. Ausência da produção de cadeias β: β◦ - talassemia (β/β◦) Síntese de cadeias β, mas em velocidade reduzida: β+ - talassemia (β/β+) O estado heterozigótico costuma ser clinicamente inaparente, por isso utiliza-se a designação alternativa β- talassemia menor. É causada pela presença de uma única mutação β-talassemia em um cromossomo, com um gene normal de β-globina no outro cromossomo 11. Alguns pacientes têm discreta esplenomegalia ou sintomas e sinais decorrentes da anemia. Sinais e Sintomas: Apresentam anemia leve, Podem ter um pouco de palidez na pele Alguns adultos podem sentir um pouco de cansaço Hemograma: Hemoglobina dentro dos limites de referência , mas abaixo da média. Microcitose acentuada. Distensão sanguínea – mostra ou não hipocromia, além de microcitose. Concentração de Hb – parece uniforme, em contraste com a anisocromia. Eritrócitos em alvo podem ser numerosos, mas em alguns pacientes , são raros ou ausentes. Pacientes ocasionais apresentam eliptocitose acentuada, mas, de um modo geral, eliptócitos não são uma característica. Reticulócitos – Costumam estar um pouco aumentados. Leucócitos e plaquetas – são normais. Hb e Hct – são normais ou quase normais. VCM e HCM – diminuídos. CHCM - normal Exames Adicionais: Eletroforese de hemoglobina HPLC Tratamento: Sem necessidade de tratamento. β-talassemia intermediaria: Eles herdem duas mutações de β-talassemia, uma leve e uma grave. (β+/β◦) Há sintomatologia de anemia, geralmente esplenomegalia e, ás vezes, deformidades ósseas. Em contraste com a β-talassemia maior o paciente não é transfusão-dependente. A gravidade varia de uma condição que causa uma vida atribulada, nos limites da necessidade transfusional, a uma condição apenas discretamente mais severa do que a β- talassemia menor. Hemograma: Anemia microcítica de gravidade moderada, com aspectos hematológicos similares aos da β-talassemia menor, mas mais acentuados. Policromatocitose. Presença de eritroblastos. o Exames Eletroforese de Hemoglobina HPLC Sinais e Sintomas: Aumento de baço; Fadiga, Palidez, Fraqueza Sonolência devido à anemia Cor amarelada dos olhos. Porém, eles aparecem de forma mais tardia, geralmente após 2 anos de idade. Em alguns casos, os primeiros sinais só irão aparecer na fase adulta. Tratamento: Para as pessoas com talassemia intermediária que precisam de tratamento, serão indicadas transfusões de sangue periódicas. Geralmente elas são necessárias quando há queda nos níveis de hemoglobina e aumento do baço, crescimento anormal para a idade, início de sinais de deformidade óssea (crânio e face), falha no desenvolvimento sexual e durante a gravidez. Essas transfusões podem causar acúmulo de ferro em órgãos como coração, fígado e glândulas endócrinas, o que pode ser muito prejudicial para a saúde e bem-estar. Por este motivo, será imprescindível o uso dos quelantes de ferro. β-talassemia maior (anemia de Cooley): É uma doença hereditária, resultante de homozigose ou de heterozigose composta para genes da β-talassemia, levando a uma redução drástica ou á ausência de síntese de cadeias de β- globina, com diminuição considerável, ou incapacidade total, de síntese de hemoglobina A. O excesso de cadeias α precipita no eritroblastos e nos eritrócitos maduros, causando séria eritropoese ineficaz e intensa hemólise, típicas da doença. Formas Homozigoticas: β◦/β◦ β+/β+ Hemograma: Anemia grave com hemoglobina muito baixa (2 a 3 g/dL). Anisocitose. Picelocitose extrema: incluem eritrócitos em alvo, lágrima (dacriócitos), eliptócitos, fragmentos e muitos eritrócitos de forma bizarra. Corpúsculo de Pappenheimer. Eritroblastos - frequentes Características clinicas: Anemia grave que se instala 3 a 4 meses. Aumento do fígado e do baço ocorre como resultado da destruição excessiva de eritrócitos, hematopoese extra medular e, mais tarde, por causa da sobrecarga de ferro. A expansão dos ossos causada pela intensa hiperplasia eritróide da medula óssea leva à fácies talassêmicas e ao adelgaçamento do córtex de muitos ossos, com tendência a fraturas e á formação de bossas no crânio, com aspecto de “fios de escova” na radiografia. Pigmentação da pele cinza-esverdeado (sobrecarga de ferro.) o Exames : Eletroforese de Hemoglobina HPLC Sinais e Sintomas: A talassemia maior apresenta seus sinais logo nos primeiros meses de vida. São eles: Palidez e sonolência e, nas crianças maiores, também fadiga e fraqueza, todos relacionados com a diminuição da hemoglobina causada pelo defeito genético. A cor amarelada dos olhos (conhecida como icterícia) também é sintoma comum e acontece pelo acúmulo da substância bilirrubina. Dentro do glóbulo vermelho existe bastante bilirrubina. Quando este glóbulo “morre”, a bilirrubina passa para o sangue e se acumula principalmente nos olhos. O baço e o fígado sofrem aumento de tamanho, já que continuam a produzir sangue mesmo após o nascimentodo bebê. Tratamento: O tratamento da talassemia maior é basicamente realizado por meio de transfusões de sangue (concentrado de hemácias) a cada 20 dias em média, por toda a vida. Mas este excesso de transfusões de hemácias causa acúmulo de ferro no organismo, em especial em órgãos como coração, fígado e glândulas endócrinas, o que pode ser muito prejudicial ao paciente e levar a sérias complicações, incluindo a morte. Como o corpo não consegue eliminar sozinho o excesso de ferro, será necessário o uso de medicamentos chamados quelantes de ferro. São eles: Desferroxamina, Deferiprona e Deferasirox. Radiografia de crânio com aspecto de “fios de escova” como resultado da expansão da medula óssea ao osso cortical Talassemia alfa (α) São causadas em geral por deleção de genes. Havendo normalmente quatro cópias do gene de α-globina, a gravidade clínica pode ser classificada conforme o número de genes que faltam ou estão inativos. A perda de todos os quatro genes suprime completamente a síntese de cadeia α. Sendo ela essencial tanto na hemoglobina fetal como na do adulto, esse defeito é incompatível com a vida e leva á morte in utero (hidropsia fetal). --/-- Três deleções do gene α provocam anemia microcítica hipocrômica moderadamente severa (Hb 7-11 g/dL) com esplenomegalia, que é conhecida como doença da hemoglobina H. (Vida fetal - Hb Barts/pequena quantidade) --/-α Os portadores silenciosos/traços α-talassêmicos são causados por perda de um ou dois genes e em geral não se associam a anemia, embora o VCM e a HCM sejam baixos -α/-α ou –α/αα Hemograma ( portador silencioso/traço α- talassêmico): Alterações hematológicas são insignificantes e geralmente não há alterações evidenciáveis à distensão sanguínea. Índices hematimétricos – costumam ser normais ou quase normais. Hemograma ( hemoglobinopatia H): Há anemia, com Hb tipicamente entre 6 e 10 g/dL. A distensão sanguínea mostra hipocromia acentuada, microcitose e pecilocitose, incluindo eritrócitos em alvo, em lagrima e fragmentados. Aumento dos Reticulócitos. Índices hematimétricos: diminuição do VCM, HCM e CHCM. RDM – aumentados. Hemograma ( Hidropisia Fetal): Há anemia severa, e a distensão sanguínea mostra consideráveis hipocromia, microcitose, pecilocitose e eritroblastose. Exames: Eletroforese de Hemoglobinas. HPLC. São normais nos traços α-talassêmicos, exceto durante o período neonatal, quando é possivel detectar uma pequena percentagem de homoglobina de Bart e de hemoglobina H.
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