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Autora: Profa. Valdice Neves Pólvora Colaboradores: Prof. Luiz Carlos Felix Profa. Rachel Niza Fundamentos da Qualidade Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Professora conteudista: Valdice Neves Pólvora Doutoranda em Economia, mestre em Administração (2009) e Valores Humanos, graduada em Economia (1995) e Eticista (especialista em Ética Aplicada). Atuou por vinte e três anos no Governo Federal e participou da implantação do Sistema Integrado de Informações Físico‑Financeiras (Siafisico), nos governos de São Paulo, Maranhão e Pernambuco. Trabalhou na Secretaria da Fazenda por dez anos, na coordenação de compras eletrônicas. Foi auditora interna do Sistema de Gestão da Qualidade – Bolsa Eletrônica de Compras (BEC/SP). Exerce a função de coordenadora de cursos e docente na Universidade Paulista (UNIP). Avaliadora do Instituto Paulista de Excelência da Gestão (Ipeg) – Ciclo 2011‑2012 e Avaliadora Ipeg – Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas (MPE) Ciclo 2013. Docente do Instituto Brasileiro de Educação em Gestão Pública (Ibegesp), na capacitação de servidores públicos em várias modalidades de cursos, dentre eles o de Gestão da Qualidade no Serviço Público. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P779f Pólvora, Valdice Neves. Fundamentos da qualidade. / Valdice Neves Pólvora. – São Paulo: Editora Sol, 2017. 120 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2‑086/17, ISSN 1517‑9230. 1. Fundamentos da qualidade. 2. Norma ISO. 3. Modelos de excelência. I. Título. CDU 658.56 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Kleber Nascimento Carla Moro Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Sumário Fundamentos da Qualidade APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 EVOLUÇÃO DA QUALIDADE NO SÉCULO XX ............................................................................................9 1.1 História da qualidade .............................................................................................................................9 1.2 Evolução do conceito de qualidade .............................................................................................. 11 1.3 A qualidade como fator de liderança estratégica ................................................................... 13 1.3.1 Estratégia ................................................................................................................................................... 13 1.3.2 Fator ............................................................................................................................................................. 13 1.3.3 Liderança .................................................................................................................................................... 14 2 ERAS DA QUALIDADE .................................................................................................................................... 14 2.1 Era da inspeção ..................................................................................................................................... 16 2.2 Controle estatístico da qualidade .................................................................................................. 18 2.3 Garantia da qualidade ........................................................................................................................ 20 2.4 Controle Total da Qualidade ............................................................................................................ 22 Unidade II 3 CUSTOS DA QUALIDADE ............................................................................................................................... 27 3.1 Custos das falhas internas ................................................................................................................ 29 3.2 Custos das falhas externas ............................................................................................................... 31 3.2.1 Custos de avaliação ............................................................................................................................... 33 3.3 Custos de prevenção ........................................................................................................................... 33 3.3.1 Custos de planejamento da qualidade ........................................................................................... 34 3.3.2 Custos de controle do processo ........................................................................................................ 34 4 ECONOMIA DA QUALIDADE ........................................................................................................................ 35 Unidade III 5 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE QUALIDADE ........................................................................................... 42 5.1 Qualidade, produtividade e competitividade ............................................................................ 43 5.2 Sistema de gestão da qualidade .................................................................................................... 52 5.3 Gestão da Qualidade Total (TQM) .................................................................................................. 59 5.4 Processo de melhoria contínua (Kaizen) ..................................................................................... 64 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 5.5 Importância das ferramentas da qualidade .............................................................................. 66 5.5.1 Cinco sensos (5 Ss) ................................................................................................................................. 66 5.5.2 Técnica dos cinco porquês .................................................................................................................. 67 6 NORMAS ISO – CONCEITOS BÁSICOS .....................................................................................................68 6.1 Abrangências das normas ................................................................................................................. 68 6.2 Normas série ISO 9000 ....................................................................................................................... 71 6.3 Normas ISO 14001 – Gestão Ambiental ..................................................................................... 73 Unidade IV 7 GURUS DA QUALIDADE ................................................................................................................................ 79 7.1 Joseph Moses Juran ............................................................................................................................. 80 7.2 Armand Feigenbaum ........................................................................................................................... 82 7.3 Kaoru Ishikawa ...................................................................................................................................... 85 7.4 Philip Crosby ........................................................................................................................................... 87 7.5 Willian Eduard Deming ...................................................................................................................... 89 7.6 Genichi Taguchi ..................................................................................................................................... 92 7.7 Walter Shewhart ................................................................................................................................... 93 7.8 David A. Garvin ...................................................................................................................................... 94 8 EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE EXCELÊNCIA ......................................................................................... 95 8.1 Prêmios da qualidade: Deming e Malcolm Baldrige .............................................................. 95 8.2 O prêmio da qualidade no Japão (Prêmio Deming) ............................................................... 97 8.3 Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) .......................................................................................... 99 8.4 Vocabulário da qualidade................................................................................................................105 7 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), O que é qualidade para você? A proposta deste livro‑texto é abordar os fundamentos da qualidade, desde sua história, até a evolução, no decorrer do século XX. Serão destacados os conceitos de qualidade e a sua importância para as organizações. Vamos analisar qualidade, de acordo com a visão de seus vários autores e gurus, pois o tema é dinâmico e seu progresso constante. Primeiramente, faremos a contextualização histórica, considerando os aspectos da evolução e das concepções de qualidade no decorrer do tempo, a importância da gestão da qualidade e a adoção dos modelos de gestão pela qualidade. Na sequência, abordaremos a questão dos custos da qualidade e quais os impactos da não qualidade para as organizações. Veremos, ainda, os gastos com prevenção e análise, bem como os custos internos e externos em razão de defeitos e falhas na produção, no desenvolvimento de projetos, e seus impactos para a eficiência organizacional. Versaremos sobre as definições e as dimensões da qualidade, os seus enfoques e as etapas do ciclo de produção e qualidade. Será apresentado o modelo de gestão da qualidade proposto pelas Normas da Organização Internacional de Normalização (ISO). No presente livro‑texto, você irá conhecer as ferramentas básicas do setor e a sua importância no gerenciamento e na tomada de decisão. Destacaremos, ainda, a contribuição dos gurus da qualidade, dentre eles: Juran, Feigenbaum, Deming, Ishikawa, Crosby, Garvin etc. Conheceremos também os principais prêmios da área, tais como: Deming, Malcolm Baldrige e o modelo de excelência brasileiro, o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ). Por último, apresentaremos os termos mais usuais sobre o tema qualidade, possibilitando a você a inserção de novos vocabulários que serão usados no decorrer da sua jornada acadêmica e profissional. Bons estudos! 8 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 INTRODUÇÃO Na administração, o enfoque da qualidade nasceu para resolver, em primeiro lugar, o problema da uniformidade. A expansão da produção em massa, que utiliza e produz grandes quantidades de peças virtualmente idênticas, inspirou os estudos dos primeiros especialistas da qualidade industrial. Para os engenheiros e os industriais do início do século XX, qualidade era sinônimo de identidade. De acordo com Carvalho e Paladini (2012), a qualidade começou na indústria, em razão de seus processos produtivos estruturados e organizados. Por outro lado, Silva (2002) coloca que quase todas as abordagens modernas da qualidade surgiram aos poucos, por meio de uma evolução regular e por inovações suaves, resultantes de uma série de descobertas de longa data. Marshall Junior et al. (2012) também destaca que, como conceito, qualidade é conhecida a milênios. No entanto, só recentemente ela surgiu como função da gerência. Nesse aspecto, observamos que, a partir da busca e das soluções para o problema da uniformidade exigida pela fabricação massificada, nasceu o controle estatístico da qualidade. Desse ponto de partida, a administração da qualidade passou por diversos estágios, até chegar à administração da qualidade total da atualidade. Alguns gurus da qualidade, como Shewhart, Feigenbaum, Deming, Juran, Crosby e Ishikawa, são os personagens mais importantes dessa história que você terá a oportunidade de conhecer no decorrer deste livro‑texto. 9 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Unidade I 1 EVOLUÇÃO DA QUALIDADE NO SÉCULO XX De acordo com Marshall Junior et al. (2012), o tema gestão da qualidade é dinâmico, sendo sua evolução fruto da interação dos diversos fatores que compõem a estrutura organizacional e a sua administração. Assim, qualidade é um tema em constante evolução, podendo se tornar um conceito vago em uma organização se todos não compartilharem de uma mesma definição. As diferenças de enfoque dadas ao termo independem de qualidade ser produto ou serviço. 1.1 História da qualidade Segundo Silva (2002), nos séculos XVIII e XIX, não existia o controle da qualidade como o conhecemos hoje, visto que tudo era fabricado por artesãos, artífices habilidosos, trabalhadores experientes e ajudantes muito bem orientados e acompanhados pelos mestres do ofício. Figura 1 – Artesanatos Nesse período, existiam duas classes econômicas, os empresários, donos do capital; e os operários, donos da mão de obra existia a predominância das atividades artesanais, e os artesãos controlando a qualidade do seu próprio produto. Com o aumento da demanda, os artesãos contratam ajudantes, tornam‑se mestres e acumulam as funções de controlar o trabalho dos operários. 10 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade I Carvalho e Paladini (2012) relatam que o artesão era um especialista com domínio completo de todo o ciclo de produção, desde a concepção do produto até o pós‑venda. Na época, o cliente estava próximo ao artesão, explicando suas necessidades; o artesão procurava atendê‑las, pois sabia que a comercializaçãode seus produtos dependia muito da reputação de qualidade, que, naquele tempo, era comunicada boca a boca pelos clientes satisfeitos. Figura 2 – Artesão Por outro lado, Costa Neto e Canuto (2010) diz que o controle da qualidade existe desde quando o homem produziu bens tangíveis. Por exemplo, um armeiro, quando produzia lanças ou escudos, se fosse um bom armeiro, certamente verificaria a resistência de seus produtos antes de repassá‑los aos vários usuários. De acordo com o autor, o fenômeno da Revolução Industrial provocou grande aumento nas quantidades de produção, o que exigiu maior esforço na questão da qualidade, que era conseguida pela inspeção geral dos produtos fabricados. Todavia, o que era feito com os itens inadequados? Eles eram segregados para retrabalho ou refugo, afetando a produtividade das linhas de produção. Ainda, de acordo com Costa Neto e Canuto (2010), esse fato gerou a falsa ideia de que qualidade e produtividade eram coisas antagônicas, pois a boa qualidade dos produtos oferecidos aos clientes era conseguida com o sacrifício da produtividade. Com o avanço da indústria, foi necessária a introdução de inspetores de produtos (Controle de Qualidade). Com a Revolução Industrial, ocorreu uma nova ordem produtiva, em que a customização foi substituída pela padronização e pela produção em larga escala. A invenção de máquinas projetadas para se obter grande volume de produção e uma nova forma de organização do trabalho permitiram o alcance da produção em massa. 11 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE 1.2 Evolução do conceito de qualidade Na figura a seguir, poderemos observar o processo evolutivo da qualidade no século XX, considerando as abordagens corretiva, preventiva e estratégica. Vamos verificar o conceito de cada uma delas para um melhor entendimento. Abordagem corretiva Abordagem preventiva Abordagem estratégica Figura 3 ‑ Processo evolutivo da qualidade ‑ século XX O conceito da abordagem corretiva caracteriza‑se pela prática do fazer primeiro e corrigir depois; com realização ainda muito acanhada nas duas primeiras décadas do século XX. Observação De 1901 até meados de 1915, no modelo pré‑Revolução Industrial e na Primeira Guerra Mundial, a preocupação era apenas em fazer. Na abordagem preventiva, houve a introdução dos inspetores de processo, a preocupação com a qualidade assegurada zero defeito e a introdução de técnicas de análise e melhoria de processos. No período de 1960 a 1980, a exigência por produtos com mais qualidade aumentou muito. Veja no fluxo a seguir essa evolução: Inspeção do recebimento Inspeção do processo Qualidade assegurada Correção do processo Zero defeito Análise do processo Melhoria do processo 1960 1980 Figura 4 – Evolução da qualidade Observe que, entre as décadas de 1960 e 1980, a ênfase estava na inspeção do recebimento, passando para inspeção do processo, análise do processo, correção do processo, melhoria do processo, o que levaria a uma qualidade assegurada, e, por fim, ao zero defeito. Por outro lado, a abordagem estratégica é vista como uma filosofia empresarial cada vez mais necessária às organizações, e a qualidade é um ponto fundamental para a sobrevivência no mercado consumidor, sempre mais exigente. 12 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade I Sobre esse aspecto, Hagan (1984) apud Marshall Junior et al. (2012) colocam que a essência da abordagem estratégica da qualidade foi resumida de modo muito simples em um relatório da Sociedade Americana para o Controle da Qualidade (ASQC): • não são os fornecedores do produto, mas aqueles para quem eles servem – clientes, usuários e outros que os influenciam ou representam – que têm a última palavra sobre quanto e até que ponto um produto atende às suas necessidades e satisfaz suas expectativas; • a satisfação, relacionada com o que a concorrência oferece, é conseguida durante a vida útil do produto, e não apenas na ocasião da compra; • é preciso um conjunto de atributos para proporcionar o máximo de satisfação àqueles a quem o produto atende. Na atualidade, quando você quer adquirir um produto ou um serviço, a preocupação com requisitos e atributos do bem a ser adquirido ou contratado é fundamental para a tomada de decisão. De acordo com Silva (2002), atualmente, a qualidade é vista como uma questão estratégica que afeta a todos e cada um dos processos de qualquer organização. Ainda, segundo o autor, ao reconhecer a vantagem competitiva que a administração estratégica da qualidade pode gerar, as principais empresas do mundo empregam cada vez mais a qualidade de produtos e serviços como forma de aumentar a participação no mercado internacional. Conforme destacado na figura a seguir, na década de 1980, a preocupação era com a TQM e a adoção das Normas ISO 9000. Contudo, a partir de 2000, a ênfase estava nas técnicas de análise e melhoria de processos. Gestão de qualidade total e ISO 9000 Técnicas de análise e melhoria de processos 1980 2000 Figura 5 Quando falamos em Gestão Estratégica da Qualidade, um dos pontos principais para obtenção de vantagem competitiva é mapear e conhecer os processos principais e os processos de negócios da organização. Outro ponto fundamental é o papel exercido pela liderança, desde o alto escalão até o chão de fábrica. 13 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE 1.3 A qualidade como fator de liderança estratégica Segundo Carvalho e Paladini (2012), o papel dos profissionais da área de qualidade se encontra bastante modificado em relação aos seus primórdios. Passamos de uma visão mais operacional, com as inspeções, para uma visão gerencial, que exige competências e habilidades por parte da equipe responsável pela qualidade. Com a evolução da qualidade e as novas abordagens, principalmente com o surgimento de novas ferramentas direcionadas para a apuração dos ganhos de projetos de melhoria, aparece a necessidade de maior integração entre as áreas de qualidade e demais departamentos da empresa. Nesse sentido, analisaremos o que significa a qualidade vista como um fator de liderança estratégica nas organizações. Para tanto, vamos entender as definições de estratégia, fator e liderança: Estratégia Fator Liderança Figura 6 1.3.1 Estratégia De acordo com Carvalho e Paladini (2012), em uma visão mais simples, as ações estratégicas são aquelas que têm impacto direto na sobrevivência das organizações. Em regra, essas ações requerem uma visão estratégica, ou seja, são definidas a partir da análise de cenários amplos, que vão além da organização em si mesma, mas contemplam toda a área externa em que ela atua e podem envolver todas as partes interessadas. Quando a empresa elabora o seu planejamento estratégico, as decisões estratégicas fazem parte das diretrizes da empresa. Essas diretrizes integram a gestão estratégica, que pode ser desdobrada em processos gerenciais específicos, como a gestão estratégica de custos ou a gestão estratégica da qualidade. 1.3.2 Fator A palavra fator, cuja origem provem do latim factore, significa, em geral, aquele que faz alguma coisa, como: o agente do processo de fabricação ou de produção de alguma coisa. Outra acepção do termo, conforme destacam Carvalho e Paladini (2012), é aquela que envolve o conceito de cada um dos termos de um produto a efetuar. Assim, fator parece ser uma palavra que define partes, meios, componentes e integrantes. 14 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am ação : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade I Ainda de acordo com os autores, o fator é alguma coisa a qual recorremos para obter um produto, um resultado, uma consequência, um efeito, uma decorrência, uma implicação ou, até mesmo, uma simples sequela. Ou seja, o fator é algo que nos conduz a algum lugar. 1.3.3 Liderança De modo geral, liderança significa o conjunto de características de uma pessoa ou de uma organização que se diz líder ou que tem capacidade de liderar. Segundo Chiavenato (2003), a liderança é necessária em todos os tipos de organizações humanas, seja nas empresas, seja em cada um de seus departamentos. Ela é essencial em todas as funções da Administração. E, quando falamos de qualidade, não é diferente, pois, de fato, para que ela seja permanente, faz‑se necessário o apoio da liderança em todos os seus níveis de organização. Nesse sentido, Carvalho e Paladini (2012) abordam que a liderança deve sempre oferecer o direcionamento, ou seja, gerar coragem e destemor nas pessoas para que busquem novos e mais elevados padrões de desempenho. A liderança define caminhos a seguir e rumos a tomar. A liderança é tão importante que é o critério fundamental no PNQ. Conforme destacam Marshall Junior et al. (2012), a principal diferença entre a abordagem do início do século XX e a atual é que a qualidade, agora, está relacionada às necessidades e aos anseios dos clientes. Seja qual for o porte da empresa, observam‑se programas de qualidade e de melhoria de processos na maioria dos setores econômicos. Ainda, segundo o autor, não importa fazer o melhor produto com os melhores processos, se o que se faz não vai ao encontro do consumidor, razão de ser de todos os processos organizacionais. 2 ERAS DA QUALIDADE Carvalho e Paladini (2012) apresentam uma breve revisão histórica que visa traçar uma trajetória da evolução da qualidade ao longo do último século, lembrando que vários elementos de todos esses anos estão presentes no dia a dia das empresas. 15 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Administração científica Inspeção e tolerância (Taylor, Ford) Shewhart Inspeção GestãoControle Integração de sistemas Feingenbaum Deming Juran Harry Taguchi Ishikawa TQM e CWQC Seis Sigma Qualidade em serviços Qualidade robusta PSS Sistemas de gestão (ISO 9000, 14000, 26000; OHSAS 18000) ISO 9000 Evolução de técnicas estatísticas (Inspeção amostral, CEP) 1920Final séc. XIX 19601940 1980 20001930 19701950 1990 2010... Figura 7 – Ondas da Gestão da Qualidade De acordo com Carvalho e Paladini (2012), alguns autores fazem marcações temporais entre as principais tendências, embora a intersecção e a complementaridade entre os modelos predominantes em cada época sejam grandes. Por outro lado, Marshall Junior et al. (2012) colocam que há várias classificações para os diversos períodos ou eras da qualidade, e cada uma delas tem suas peculiaridades. No entanto, Carvalho e Paladini (2012) destacam que uma das classificações temporais mais adotadas é a proposta por David Garvin, que associa a evolução da qualidade em quatro eras, a saber: Inspeção Eras da qualidade Garantia da qualidade Controle total da qualidade Controle estatístico da qualidade Figura 8 16 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade I Para um melhor entendimento, vamos analisar cada um dos períodos. 2.1 Era da inspeção De acordo com Toledo et al. (2012), o desenvolvimento da qualidade se iniciou antes de 1920, com a inspeção de produtos acabados realizada por especialistas alocados no fim da produção. Na época, praticava‑se a inspeção 100%, e os custos de remanufatura e refugos eram bastante elevados. Por outro lado, Silva (2002) destaca que a inspeção formal só passou a ser necessária com o surgimento da produção em massa e de peças que servissem a vários conjuntos (peças intercambiáveis) do processo de produção que se estava automatizando. De acordo com o autor, foi criado um sistema racional de medidas, gabaritos e acessórios (dispositivos que colocam e mantém as ferramentas na posição correta para as operações nas máquinas com exatidão e precisão). Por outro lado, Marshall Junior et al. (2012) salientam que, no início do século XX, Frederick W. Taylor, conhecido como o criador da administração científica, atribuiu maior legitimidade à atividade de inspeção, separando‑a do processo de fabricação e atribuindo‑a a profissionais especializados. Vamos exemplificar com um processo simples que todos nós adotamos quando nos dirigimos a uma feira ou a um supermercado e que nos coloca na função de inspetores. Nesses locais, podemos verificar que ainda ocorre a inspeção direta do produto ou serviço pelo fornecedor ou consumidor, pois os produtos e serviços são inspecionados um a um ou aleatoriamente, descartando os que não apresentam uma qualidade satisfatória. Figura 9 – Mercado Tal prática ainda pode ser observada pelos consumidores quando querem adquirir algum produto. 17 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Saiba mais A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), através da Seção do Centro de Qualidade de Horticultura (SECQH), disponibiliza informações do produto, bem como Ficha de Controle de Qualidade que deverá ser entregue no recebimento com a nota fiscal. Faça uma visita ao site e observe o padrão mínimo de qualidade exigido para diversos produtos. HORTIESCOLHA. Hortipedia. [s.d.]. Disponível em: <http://www. hortiescolha.com.br/hortipedia/#entrar>. Acesso em: 3 mai. 2017. As grandes empresas substituíram o supervisor de produção pelo inspetor de qualidade, desvinculando‑o hierárquica e funcionalmente do supervisor para que seu julgamento sobre a qualidade dos produtos fosse independente. Mais tarde, criaram‑se os departamentos de controle de qualidade, desassociados dos departamentos de produção. Marshall Junior et al. (2012) destacam que as atividades de inspeção se transformaram rapidamente em um processo independente e associado ao controle da qualidade. Segundo Garvin (2002) apud Marshall Junior et al. (2012), a inspeção formal só passou a ser necessária com o surgimento da produção em massa e de peças intercambiáveis. Ainda, conforme o autor, o controle da qualidade limitava‑se à inspeção e às atividades restritas, como a contagem, a classificação pela qualidade e os reparos. A solução de problemas era vista como fora das responsabilidades do departamento de inspeção. Pode‑se dizer, segundo Marshall Junior et al. (2012), que a abordagem da qualidade era excessivamente defensiva, ela consistia no simples ato de separação dos produtos bons e defeituosos, ou seja, não se buscava encontrar as causas dos problemas e dos defeitos. Esperava‑se que, se viessem a ocorrer, eles seriam eliminados. A mudança nesse enfoque e um novo paradigma surgiram, de acordo com Marshall Junior et al. (2012), com as pesquisas realizadas nos Laboratórios Bell Telephone. O resultado foi o que hoje é denominado controle estatístico de processos para a melhoria da qualidade. Lembrete O conceito da abordagem corretiva caracteriza‑se pela prática do fazer primeiro e corrigir depois. 18 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade I Figura 10 – Inspeção A seguir, destacamos os aspectos da Era da Inspeção da Qualidade, segundo Toledo et al. (2012). Quadro 1 – Característicasda Era da Inspeção da Qualidade Identificação das características Descrição das características Período da Era ou Fase da qualidade Décadas de 1910, 1920 e 1930 Objetivo da qualidade Detecção de não conformidades Preocupação básica ou visão da qualidade Verificação/um problema a ser resolvido Ênfase da qualidade Uniformidade do produto Métodos da qualidade Inspeção da produção e instrumentos de medição Papel dos profissionais da qualidade Inspeção, classificação, contagem e avaliação Quem é o responsável pela qualidade O departamento de inspeção Orientação da qualidade Em direção ao produto Caráter ou base de atuação da qualidade Técnico Abordagem ou enfoque da qualidade Inspeciona, comprova a qualidade Funções comprometidas Produção e controle do produto acabado Fonte: Toledo et al. (2012, p. 29). 2.2 Controle estatístico da qualidade De acordo com Silva (2002) e Marshall Junior et al. (2012), o marco dessa nova era foi a publicação, em 1931, da obra Economic Control of Quality of Manufactured Product, publicado por Shewhart. Essa publicação deu, pela primeira vez, um caráter científico à prática da busca da qualidade. 19 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Silva (2002) coloca que muito do que o controle da qualidade moderno estabelece e realiza pode ser atribuído à essa obra de Shewhart. Também, Marshall Junior et al. (2012) destacam que, nessa obra, encontram‑se os fundamentos, os procedimentos e as técnicas para tornar a qualidade mais efetiva em todos os estágios de produção. Vamos salientar o que diz Costa Neto e Canuto (2010) sobre o controle estatístico do produto e o controle estatístico do processo: Com o crescimento das produções e o avanço dos conhecimentos estatísticos, verificou‑se ser mais barato e mais eficiente realizar as inspeções por meio de amostras bem examinadas do que tentando verificar, com menor capacidade de inspeção, toda a produção. A mostragem era realizada em lotes do produto, que eram aceitos ou rejeitados conforme seu resultado (COSTA NETO; CANUTO, 2010, p. 160). Observação No Controle Total da Qualidade, a ênfase está no planejamento de todas as etapas de produção, incluindo os fornecedores, adotando‑se medidas preventivas tanto na administração como na produção. Em relação ao controle estatístico do processo, Costa Neto (2010, p. 160) afirmam: Surgiu da percepção de que o controle do produto era uma providência corretiva e não preventiva da ocorrência de defeitos, não contribuindo para eliminar suas causas geradas no processo produtivo. Walter Shewhart foi quem deu a principal contribuição ao controle estatístico de processos, ao introduzir os gráficos de controle. Segundo Silva (2002), em 1924, a Western Electric criou um Departamento de Engenharia e Inspeção, que mais tarde passou a ser denominado Departamento de Inspeção de Garantia da Qualidade dos Laboratórios Bell Telephone. O objetivo do controle do processo, que foi iniciado por Shewhart, tinha como fator principal reconhecer que a variabilidade era um fato real na produção industrial e que poderia ser estudada por princípios de probabilidade e estatística. Nesse sentido, Shewhart formulou técnicas estatísticas simples para a determinação dos limites para a variação de fabricação, tornando‑a aceitável e tendo como resultado o gráfico de controle do processo. 20 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade I Segundo Marshall Junior et al. (2012), o gráfico de controle do processo é o instrumento mais simples para documentar e analisar a ocorrência desses eventos e, a partir daí, implementar mudanças e assegurar os padrões de qualidade desejados, monitorando os resultados e a estabilidade do método. No quadro a seguir, destacamos as características da Era do Controle da Qualidade dos Processos, segundo Toledo et al. (2012). Quadro 2 – Características da Era do Controle da Qualidade dos Processos Identificação das características Descrição das características Período da Era ou Fase da Qualidade Décadas de 1940 e 1950 Objetivo da qualidade Controle de processos de fabricação Preocupação básica ou visão da qualidade Controle/Um problemas a ser resolvido Ênfase da qualidade Uniformidade do produto com menos inspeção e o fornecimento de peças uniformes Métodos da qualidade Instrumentos e técnicas estatísticas Papel dos profissionais da qualidade Solução de problemas e a aplicação de métodos estatísticos Quem é o responsável pela qualidade Os departamentos de produção e engenharia Orientação da qualidade Em direção ao processo Caráter ou base de atuação da qualidade Técnico Abordagem ou enfoque da qualidade Controle da qualidade Funções comprometidas Produção e projetos do produto e do processo Fonte: Toledo et al. (2012, p. 31). 2.3 Garantia da qualidade Conforme destaca Silva (2002), no período da garantia da qualidade, o objetivo fundamental passou a ser a prevenção dos problemas da qualidade; os instrumentos se expandiram para muito além de estatística, com a consideração de quatro elementos distintos: a quantificação dos custos da qualidade, o controle total da qualidade, a engenharia da confiabilidade e o zero defeito. Costa Neto e Canuto (2010) colocam que a ideia de qualidade garantida, baseada na inexistência de falhas, surgiu a partir dos anos 1950, no âmbito de indústrias de produtos de grande responsabilidade, nas quais a falha poderia trazer graves consequências, inclusive a perda de vidas humanas. De acordo com Marshall Junior et al. (2012), em 1954, Juran visitou o Japão, introduzindo uma nova era do controle da qualidade. Ele liderou a passagem de uma fase, na qual as atividades relativas à qualidade baseavam‑se nos aspectos tecnológicos das fábricas, para outra, nova, em que a preocupação com a qualidade passou a ser global e holística, abarcando os aspectos do gerenciamento e a organização. Em meados da década de 1950, o Total Quality Control – TQC, ou Controle Total da Qualidade, ganhou fama, tornando mais amplo o conceito de qualidade. 21 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Fernandes, em seu livro, O Movimento da Qualidade no Brasil, de 2011, afirma que, com o término da Segunda Guerra Mundial, principalmente no fim da década de 1950, o recrudescimento da Guerra Fria entre Oriente e Ocidente fez com que a questão da qualidade ganhasse uma importância vital. Era iminente uma guerra nuclear entre os Estados Unidos da América e a União Soviética. Estudos mostravam que os problemas da falta da qualidade eram causados em 80% dos casos por falhas gerenciais, e não por falhas técnicas. Nesse contexto, as empresas sempre se preocuparam com a qualidade no chão de fábrica, esquecendo‑se de que os grandes problemas surgiam das falhas de comunicação entre os diversos órgãos da empresa e os níveis hierárquicos. Figura 11 – Linha de produção de veículos Ainda, de acordo com o autor, a Garantia da Qualidade assegura ao cliente que o fornecedor tem capacidade de atender a todos os requisitos técnicos e organizacionais exigidos nas normas e nos contratos de fornecimento. Portanto, vale destacar o que Shiba, Graham e Walden (1997) apud Marshall Junior et al. (2012) colocam. • abordar a qualidade desde a fase do projeto de desenvolvimento do produto, incluindo os aspectos funcionais e atributos de desempenho; • envolver todos os funcionários, de quaisquer níveis hierárquicos, assim como fornecedores e clientes, nos processos de melhoria da qualidade, objetivando o comprometimento e a confiança recíprocos; • mantere aperfeiçoar as técnicas clássicas da qualidade existentes. Marshall Junior et al. (2012) enfatizam que o TQC requer que todos os colaboradores, do presidente aos operários horistas, dos fornecedores aos clientes, e também a comunidade, participem das atividades de melhoria da qualidade. 22 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade I Para os japoneses, há também o Total Quality Management (TQM), uma abordagem gerencial baseada na participação de todos e dirigida à satisfação do consumidor, dos membros da organização e da sociedade (MARSHALL JUNIOR et al., 2012). Saiba mais Para saber mais sobre a qualidade no Brasil, leia: FERNANDES, W. A. O movimento da qualidade no Brasil. São Paulo: Essential Idea, 2011. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/barreiras tecnicas/pdf/Livro_Qualidade.pdf>. Acesso em: 3 mai. 2017. 2.4 Controle Total da Qualidade Marshall Junior et al. (2012) destacam que a qualidade total, por meio de suas diversas terminologias, foi uma percepção importante e ampliou o escopo de atuação da qualidade no ambiente organizacional. O autor que mais enfaticamente assinalou o conceito do TQC foi Armand Feigenbaum. Ele afirma que, se o departamento de fabricação e os de controle da qualidade tivessem de operar isoladamente do contexto organizacional, seria bem menor a probabilidade de os produtos gerados atenderem aos requisitos cada vez mais rigorosos demandados pelo marcado (MARSHALL JUNIOR et al., 2012). Feigenbaum (1961, p. 94) apud Marshall Junior et al. (2012) declaram: O princípio em que se assenta esta visão da qualidade total [...] é que, para se conseguir uma verdadeira eficácia, o controle precisa começar pelo projeto do produto e só terminar quando o produto tiver chegado às mãos de um freguês que fique satisfeito [...]. O primeiro princípio a ser reconhecido é o de que qualidade é um trabalho de todos. Para finalizarmos essa etapa, segue um resumo das principais características das quatro eras descritas a seguir: Quadro 3 – Eras da Qualidade Características básicas Interesse principal Visão da qualidade Ênfase Métodos Papel dos profissionais da qualidade Quem é o responsável pela qualidade Inspeção Verificação Um problema a ser resolvido Uniformidade do produto Inspeção de medição Inspeção, classificação, contagem, avaliação e reparo O departamento de inspeção Controle estatístico do processo Controle Um problema a ser resolvido Uniformidade do padrão com menos inspeção Ferramentas e técnicas estatísticas Solução de problemas e aplicação de métodos estatísticos Os departamentos de fabricação e engenharia (o controle da qualidade) 23 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Garantia da qualidade Coordenação Um problema a ser resolvido, mas que é enfrentado proativamente Toda cadeia de fabricação, desde o projeto até o mercado, e a contribuição de todos os grupos funcionais para impedir falhas de qualidade Programas e sistemas Planejamento, medição da qualidade e desenvolvimento de programas Todos os departamentos, com a alta administração se envolvendo superficialmente no planejamento e na execução das diretrizes da qualidade Gestão total da qualidade Impacto estratégico Uma oportunidade de diferenciação da concorrência As necessidades de mercado e do cliente. Planejamento estratégico, estabelecimento de objetivos e mobilização da organização Estabelecimento de metas, educação e treinamento, consultoria a outros departamentos e desenvolvimento de programas Todos da empresa, com a alta administração exercendo forte liderança Fonte: Carvalho; Paladini (2012, p. 8). Lembrete A evolução da qualidade apresenta quatro estágios: inspeção do produto; controle do processo; garantia da qualidade e gestão da qualidade total. Uma colocação interessante que nos leva a refletir sobre as próximas Eras da Qualidade é a que Toledo et al. (2012) destacam, a saber: A próxima Era da Qualidade deverá considerar com maior destaque o impacto social, econômico e ambiental da qualidade nos produtos e processos, tomando isso como oportunidade de diferenciação do negócio, considerando as necessidades da sociedade e não somente do mercado e do consumidor, rediscutindo o uso das ferramentas estatísticas, com uma orientação relacional em referência à cadeia de produção em que se encontra a empresa, de caráter humano, com uma abordagem preditiva da qualidade orientada para a sociedade de modo amplo (TOLEDO et al., 2012, p. 35). Exemplo de aplicação Escolha uma organização que você conhece (trabalha ou estuda), reflita a respeito das eras da qualidade e classifique‑as em algum dos tipos. 24 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade I Saiba mais Como exemplo da importância da qualidade para uma organização, veja os princípios que norteiam a gestão do grupo Gerdau: BORNELI, J. Aprendendo com os grandes: os 4 pilares do sucesso de Jorge Gerdau. Infomoney, 2014. Disponível em: <http://www.infomoney.com.br/ blogs/start‑se‑investimento‑anjo‑e‑startups/post/3388258/aprendendo‑ com‑grandes‑pilares‑sucesso‑jorge‑gerdau>. Acesso em: 3 mai. 2017. Compromisso com a qualidade e eficiência Liderança para si e para os outros Expandir para crescer Inovar é preciso Grupo Gerdau Figura 12 Resumo Vimos que a busca pela qualidade é uma constante em todas as organizações e também em nosso cotidiano. Desejamos qualidade em todos os processos, bens e serviços que adquirimos, e, para tanto, conhecer os princípios que regem a história e a evolução da qualidade faz toda a diferença na implantação de projetos desse porte. Qualidade não é um conceito isolado, mas uma atividade que, para ser alcançada, requer o comprometimento e a participação de todos, desde a alta administração até as pessoas mais simples da organização; o envolvimento e o engajamento são fundamentais para os resultados almejados. Destacamos a história e a evolução da qualidade, com ênfase na abordagem estratégica. Observamos, ainda, nesse processo de evolução, as suas eras: a inspeção, o controle estatístico do processo, a garantia da qualidade e a gestão total da qualidade. 25 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Salientamos a importância de cada era no processo de tomada de decisão nas organizações, com destaque para os métodos utilizados e o papel dos profissionais da qualidade. Outro ponto em destaque foi a responsabilidade da liderança e de todos os níveis organizacionais pela qualidade como fator estratégico nas organizações, pois a implantação de programas de qualidade requer o comprometimento de todos. Exercícios Questão 1. (Enade 2009, adaptada) Ao longo do tempo, filósofos têm identificado várias formas de encarar o comportamento ético nas organizações. Entre elas, a visão utilitarista considera o comportamento ético como aquele que traz o maior bem para o maior número possível de pessoas, interferindo diretamente na qualidade dos serviços prestados e dos produtos oferecidos. Sob a lógica da visão utilitarista, considere os itens a seguir: I – Fechamento de uma fábrica em uma cidade, para que a matriz da corporação continue sendo lucrativa e operacional em outras cidades. II – Deslocamento dos habitantes de um vilarejo à beira‑mar,para a construção de um condomínio de alto luxo, pequeno e reservado. III – Suspensão do bônus da alta administração, apesar de seu ótimo desempenho, para preservar a sobrevivência da empresa. É(são) correta(s) somente a(s) afirmativa(s): A) I e III. B) II. C) III. D) I. E) II e III. Resposta correta: alternativa A. Análise das afirmativas 26 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade I I – Afirmativa correta. Justificativa: depreende‑se do texto que a fábrica que será fechada tem menor dimensão do que a matriz da corporação. Portanto, o sacrifício do emprego de uma quantidade menor de pessoas garantiria o bem para um maior número de pessoas. Pode‑se argumentar que esse raciocínio aritmético não está contemplado no texto, mas parece ser o espírito da frase, que poderia ser mais precisa. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: a frase contrapõe o interesse de uma pequena quantidade de pessoas (condomínio pequeno e reservado) ao de um número muito maior. Portanto, essa decisão contraria o espírito do utilitarismo ao trazer benefício para um menor número de pessoas. III – Afirmativa correta. Justificativa: essa alternativa corresponde exatamente à definição da visão utilitarista: a decisão traria o maior bem possível ao maior número de pessoas. O sacrifício de uma pequena quantidade de pessoas (alta administração) causaria o bem possível para o resto da empresa, forçosamente em maior número. Questão 2. (Enade 2009, adaptada) Durante sua atividade profissional, os administradores precisam tomar inúmeras decisões que envolvem riscos com impacto no desempenho de qualidade das suas instituições. Fazem‑no em um contexto em que não dispõem de informações suficientes e têm restrições de recursos e de tempo para coletar mais informações para apoiar o seu processo decisório. Além disso, possuem limitações cognitivas que impedem alcançar uma solução ótima para os problemas que enfrentam. Com base no texto, é correto afirmar que os administradores tomam decisões em um contexto de racionalidade: A) Instrumental. B) Legal. C) Limitada. D) Plena. E) Técnica. Resolução desta questão na plataforma.
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