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O REINO ANIMAL
1º volume
Esta enciclopédia foi informatizada por Deolinda Fernandes e américo Azevedo.
Caso esteja interessado noutras obras do género contacte com Américo Lisboa Azevedo - Rua Manuel Ferreira Pinto, 530 - 4470 Gueifães Maia - Telefone: 02/9607039.
O REINO ANIMAL
(1º volume)
"...	Que caridade espantosa, desconcertante, nas estruturas, formas, dimensões e cores! Que prodigalidade, que orgia de invenção! Que verve criadora desenvolveu a Natureza, no decorrer dos tempos! O que ela não soube realizar, tanto no enorme como no minúsculo, no forte como no dedicado, no estranho como no regular! Quantas formas inesperadas, imprevisíveis, e em todos os níveis da escala animal!
 Acerca desta diversidade, como da unidade do mundo vivo, esta obra oferece-nos uma documentação de valor excepcional. Assistido de colaboradores dos mais qualificados, escolhidos em todos os países do Mundo, para nossa instrução e prazer, um quadro admirável da vida animal, onde cada pormenor, judiciosamente escolhido e posto em relevo, concorre para a poderosa harmonia do conjunto."
INTRODUÇÃO
O mundo animal: importância do seu estudo
Esta obra tem por fim iniciar o leitor no conhecimento do mundo animal, visando mais especialmente as suas diversas formas de comportamento.
Durante quase um século, tanto os animais selvagens como os domésticos foram submetidos a estudos intensivos, que se encontram arquivados na vastíssima bibliografia que lhes foi consagrada. Nela se revela a preocupação principal de procurar estabelecer uma classificação satisfatória do reino animal.
Tal objectivo, assim como os conexos estudos da anatomia e da fisiologia, sobrelevavam a quaisquer outros. E assim, a biologia, ou ciência dos seres vivos, e a zoologia, que estuda mais especialmente os animais, tinham as suas actividades circunscritas aos laboratórios e museus, ocupando-se mais de coisas mortas do que de vivas. Mas é certo que sempre existiram animais vivendo no meio natural, e que suscitara, normalmente nos últimos tempos, observações que atraíram, cada vez mais, numerosas pessoas desejosas de investigar o comportamento dos animais na Natureza e de estabelecer o confronto com as experiências de laboratório.
Abordaremos, pois, este assunto e passaremos revista às linhas gerais do conhecimento actual acerca do comportamento dos animais, no quadro indispensável da sua classificação. Mas, como isso só pode ser inteiramente compreendido e apreciado à luz dos princípios subjacentes da evolução, teremos de começar mesmo pelo princípio, isto é, partindo das formas de vidas mais simples, portanto dotadas de tipos elementares de comportamentos, e acompanhando os processos através da escala zoológica, desde as amebas aos símios antropóides. Em boa verdade, se não formos capazes de compreender as determinantes dos hábitos da ameba, não poderemos esperar que consigamos traduzir a rigor o comportamento complexo do chimpanzé.
Mas, afinal de contas, por que razão nos havemos de interessar pelo comportamento dos animais, isto é, pelas suas reacções perante o meio em que vivem? É bem simples e fácil a resposta. Efectivamente, o conhecimento da história natural tem um valor intrínseco, pois faz parte da cultura geral e a experiência demonstrou que só em muito poucas pessoas não despertará um vivo interesse, mesmo uma verdadeira paixão, instruir-se a respeito do que se passa no mundo que as cerca, se lhes for proporcionado o ensino conveniente.
Além disso, os aspectos mais utilitários da questão são também de considerar. Com efeito, só pela compreensão reflectida da história natural poderemos interpretar com justeza a estrutura e as funções do nosso corpo e do nosso próprio espírito. Daí o desempenharem as ciências naturais um papel importante na luta da sanidade corpórea e mental, no combate à dõença. Também, por exemplo, o problema do nosso abastecimento alimentar está mais estreitamente ligado do que em geral se pensa à noção que temos da vida e do comportamento dos animais. E, enfim, se o conhecimento das ciências naturais não pode resolver os nossos problemas sociológicos, dá-nos pelo menos uma melhor compreensão das necessidades do homem, tanto físicas como psíquicas, e permite-nos obter, à luz das leis da natureza, uma estimativa mais rigorosa das possibilidades e fraquezas humanas.
Os grandes progressos levados a efeito pelos estudos da história natural, durante o século passado, dão actualmente, seja a quem for, a possibilidade de saber muito mais acerca do nosso Universo do que os nossos avós teriam podido sonhar. É certo que ainda não se conseguiu materializar os sonhos dos sábios da última metade do século XIX, tais como o descobrimento da origem e da estrutura essencial da matéria viva, apesar dos êxitos promissores já obtidos nesse sentido.
Na actualidade, poucas são as cidades de alta importância que não se orgulham de ter um Museu de História Natural. Mas os seus exemplares, mesmo embalsamados segundo as melhores técnicas da taxidermia, podem dar apenas uma pálida ideia das maravilhosas forças vitais e criadoras que animam os animais por eles representados. Pelo contrário, nos Jardins Zoológicos, já tão espalhados por toda a parte, é com o próprio animal vivo que se pode estabelecer contacto directo e agradável.
Contudo, assim destacado do seu meio natural, em cativeiro, o animal não pode dar livre expansão aos seus instintos. Para se compreender o significado profundo das forças vitais em toda a amplitude das suas manifestações, é necessário penetrar profundamente na vida selvagem e, furtivamente, espiar com paciência o comportamento espontâneo das aves, dos mamíferos e até das flores. Um tal empreendimento está infelizmente fora do alcance da maior parte das pessoas que se interessam pela vida animal. Por isso, mais adiante, encontrará o leitor à sua disposição uma boa colheita de ensinamentos acumulados acerca da vida dos animais seus costumes e emoções, dificuldades e triunfos, rancores e desejos, sua luta com os elementos do ambiente natural. E, assim, fica esboçado um panorama total da vida na sua expressão mais autêntica e, em suma, de exaltante beleza. Antes, porém, de tomar esse rumo, torna-se necessário trilhar, ainda algum tempo, um caminho, deveras difícil, desta nossa explanação, representado por alguns aspectos técnicos do tema em causa, essenciais para a sua clara e precisa compreensão, cuja enumeração se faz nas páginas seguintes.
O Que é a zoologia?
A palavra "zoologia" provém de dois vocábulos gregos: zôon (animal) e logos (ciência). 
O termo "zoologia" pode ser assim definido: "a história natural dos animais, ou seja, a ciência da sua estrutura, filosofia, classificação, seus costumes e distribuição geográfica". Consequentemente, zoólogo será o indivíduo que estiver ao corrente do essencial no que respeita aos diversos aspectos desta ciência. O simples conhecimento dos nomes de animais não confere a ninguém o título de zoólogo.
Reconhece-se então que as noções de botânica, química, física, geografia e geologia são indispensáveis para a perfeita compreensão da zoologia. A zoologia não seria uma ciência se não fosse susceptível de tratamento lógico, racional. 
Observando o mundo que nos rodeia, não há dificuldade em distinguir que certas coisas são vivas e outras não. Por exemplo, as árvores, as abelhas, os caes, os gatos, os cavalos, as vacas e os carneiros, todos eles tem uma característica comum - a vida. Isto quer dizer que todos esses seres vivos sentem, crescem e se reproduzem, gerando filhos, que igualmente crescem e se tornam semelhantes aos pais. Criados de certa maneira, o crescimento e a multiplicação podem ser activados ou retardados, mas perdem as suas características e tornam-se inertes - morrem -, se forem tratados de modo inconveniente.
Examinemos agora esses seres vivos que mencionámos, e logo reconhecemos que se podem repartir em duas categorias: as plantas, que se alimentam directamente à custa das substâncias químicas do ar e do solo, e os animais, que se nutrem quer dasplantas, ou de algumas das suas partes, quer de outros animais, nomeadamente da sua carne. A maioria dos animais tem vida livre, move-se sobre o solo ou mesmo no seu interior, na água ou no ar.
O termo animal aplica-se a todas as formas deste tipo de vida, quer se trate, por exemplo, de insectos peixes, aves, répteis ou de mamíferos. Em linguagem vulgar portuguesa é o vocábulo "bicho" que lhe corresponde.
Observando o mundo animal, impressionam desde logo a multiplicação e diversidade de formas que, no Planeta, se distribuem pelas florestas e charnecas, rios, lagos e mares, nas cavernas, no alto das montanhas e nos pântanos tropicais pestilentos. A simples identificação de todos esses animais, o registo da sua frequência e dos lugares em que se encontram, mesmo a lista banal dos seus nomes, é uma tarefa imensa que ultrapassa as possibilidades de um só Zoológico.
Felizmente, em muitos países, já está feito o inventário dos animais das respectivas regiões, que continua a ser aperfeiçoado, de modo que é possível aos homens de ciência consultar esses diversos catálogos e terem, assim uma visão de conjunto do esplendor e da riqueza da vida animal. Um panorama de tal amplitude sugere logo a necessidade de saber o bastante acerca desses animais para poder classificar; foi assim que se base da sistemática. Tentativas desse género mostram rapidamente que a semelhança exterior ou a semelhança de costumes entre diversos animais pode ter grande significado e não constituir indício de parentesco.
As aves, os insectos, certos répteis, os morcegos e outros mamíferos, todos equipados para a navegação aérea, em vários graus, apresentam estreitas semelhanças. No mar, os peixes, as focas, os golfinhos e as baleias parecem-se ainda muito mais, e, no entanto, sabe-se que esses animais pertencem a grupos diferentes, embora vivam a mesma existência, nos mesmos lugares e na mesma época. A base autêntica de uma classificação assenta sobre elementos mais profundos que o aspecto ou hábitos, isto é, fundamenta-se na estrutura íntima do corpo dos animais.
Por isso, torna-se necessário compreender a estrutura, ou anatomia do corpo, e o seu funcionamento. ao passo que a estrutura do corpo se chama morfologia, e seu funcionamento designa-se por fisiologia. Reconheceu-se, porém, que certos caracteres anatómicos subjacentes são, de facto, acompanhados por vezes de atributos externos não menos persistentes, e assim se verifica que os peixes têm escamas, mas nunca pêlos nem penas; que as aves têm sempre penas, mas nunca pêlos nem escamas semelhantes à dos peixes; e que os mamíferos têm pêlos e nunca penas. Um estudo mais profundo ensina, em suma, quais são os caracteres exteriores que têm importância e quais os que (por exemplo, a cor) são menos fundamentalmente significativos.
A fisiologia revela-nos como o animal come, bebe, digere, respira, se reproduz, etc., e, para facilitar a compreensão do funcionamento de um órgão, lança também alguma luz sobre a significação de certos caracteres, tais como a estrutura, a cor, as variações devidas à idade, etc.; também ajuda a resolver muitos problemas suscitados pela observação dos seres vivos, nos lugares que eles frequentam.
A vida dum animal no seu próprio meio é dos aspectos mais atraentes da ciência. Esclarece-nos acerca dos costumes dos animais, sua alimentação, seus amigos e inimigos, a vida social, assim como a acção importante e altamente significativa dos factores geográficos, climáticos, etc., sobre um grupo determinado. Este estudo dos animais no seu meio original é geralmente designado História Natural. [O estudo do ser vivo nas suas relações com o meio chama-se ecologia.]
A noção de "meio" relaciona-se, ao mesmo tempo, com a botânica e com a zoologia, com o estudo da distribuição geográfica dos animais e das suas reacções à condição local, o qual é conhecido pelo nome de geografia animal ou zoogeografia.
Além desses estudos, que dizem respeito aos próprios animais e seus modos de vida, existem, porém, ciências importantes e verdadeiras profissões que se ocupam dos animais e se desenvolveram nestes últimos tempos.
Até agora, todavia, consideramos os animais como um aspecto habitual da nossa vida quotidiana, como uma realidade conhecida e menos banal, praticamente familiar a todas as regiões habitáveis do Globo. Seja quem for que se interesse por estes assuntos, será levado, mais tarde ou mais cedo, a pôr a si estas perguntas: Como se originaram estas diferentes espécies animais? Como se espalharam à superfície da Terra, mesmo em lugares extraordinariamente afastados? E como foi que a própria vida teve início no nosso planeta?
Após numerosos séculos, em muitos países do mundo civilizado, pessoas curiosas familiarizaram-se com estranhos objectos, ora encontrados nas praias, ora descobertos aqui ou acolá, de uma maneira ou outra. Esses objectos parecem, às vezes, feitos de pedra, e assemelham-se muito a peixes ou a outros animais; alguns tinham, aliás, exactamente a configuração de conchas ou de outras partes características de animais, mas foram encontrados normalmente. Vários desses observadores consideraram as suas descobertas como simples pedras de forma original e chamam-lhe ludus naturae, ou seja jogos da natureza. Outros, que aceitavam a opinião então corrente segundo a qual a lama e a vasa podiam engendrar seres vivos, não se admiraram de que essas matérias pudessem originar objectos de pedra com a aparência exterior de organismos vivos. Outros ainda, uma minoria esclarecida, chegam à conclusão de que se tratava, na realidade, de restos de criaturas que viveram outrora e que tinham sido petrificadas depois da morte. E, porque em geral eram descobertos por desenterramento, tais objectos foram denominados, em latim, fossilia, fóssil, fósseis, em língua portuguesa.
Os fósseis são, de facto, o que subsiste das criaturas que viveram noutros tempos, mas que tiveram, por um feliz conjunto de circunstâncias, a sorte de ser preservadas da decomposição total, quer por terem atolado, quer por serem envolvidas nas terras ou rochas que as conservaram, quer ainda por terem mergulhado nas águas de infiltração com produtos químicos em solução, etc. Muita gente acreditou, evidentemente, que os fósseis eram restos de animais destruídos pelo Dilúvio, e até médicos de renome descreveram mesmo fragmentos autênticos de restos de seres humanos que teriam perecido no cataclismo bíblico.
Com o tempo, todavia, fósseis cada vez mais numerosos vieram a ser reconhecidos, descritos e classificados, e, de maneira geral, a ser estudados segundo as mesmas linhas gerais dos animais actuais.
Este estudo acabou por se organizar perfeitamente bem. Para maior felicidade da nossa história, os principais pioneiros eram homens com grande conhecimento de zoologia e anatomia do seu tempo, observadores rigorosos e honestos, e de espírito filosófico.
O estudo dos fósseis tornou-se uma verdadeira ciência, a paleontologia, como prelúdio à variedade e riqueza da fauna actual e sua explicação. e luz dessa ciência, os geólogos podem provar-nos que a Terra não é estável, mas sempre em via de transformação; que as modificam continuamente; que a nossa Terra não é senão uma imagem passageira mergulhada na imensidade do tempo e cujo aspecto varia incessantemente.
No primeiro período em que aparecem fósseis, uma tal variedade de formas de vida que o hiato existente nos arquivos geológicos deve ter sido preenchido por uma vasta actividade vital, cuja história está irremediavelmente perdida. Durante milhões de anos, os únicos seres vivos eram todos marinhos e relativamente simples, protegidos ou não por concha ou carcaça, nunca dotados de vértebras. Depois, desenvolveram-se os primeiros Vertebrados, exclusivamente Peixes marinhos. Só mais tarde os primeiros vertebrados invadiram a terra firme. Eram grandes e variados, que actualmente são representados apenas pelas minúsculas e quase insignificantes salamandras. Eram, pois, anfíbios, isto é, animais incapazes de subsistir sem as condições de vida aérea e aquática.No período geológico seguinte, o Carbónico, quando os actuais jazigos de carvão eram ainda florestas e pântanos luxuriantes, esses anfíbios estavam no esplendor, mas nesse momento uma nova fornada de invasores de classes superior, os Répteis, entrou em cena.
Quando falamos de Répteis, pensamos em seres rastejantes, mas muitos répteis do grande período da idade média do Mundo, o Mesozóico, não rastejavam. Durante milhões de anos foram os reis incontestados do Planeta: os poderosos Dinossauros terrestres, os enormes Plesossauros e Ictiossauros, nos mares; e os Pterodáctilos, nos ares.
Mas os Répteis não deram apenas origem a esses estranhos seres; deles provieram também as Aves, e certos répteis antigos dos dias áridos do período Triássico nasceram os Mamíferos, que deviam usurpar-lhe o ceptro de domínio, e, mais tardiamente na história da evolução, o Homem.
Aquele que estuda os fósseis ou paleontólogo, e o que estuda o desenvolvimento individual dos animais, ou embriólogo, podem ambos reconstruir, com provas de apoio, a árvore genealógica da vida. Por ela nos apercebemos até que ponto se entrelaçam intrincadamente as suas raízes, de modo por vezes impenetrável à nossa ânsia de saber.
Estudo da sistemática ou taxinomia
A primeira dificuldade que se encontra logo no início do estudo da classificação dos animais encontra-se na escolha do nome desse estudo. Para uns, a designação própria é taxinomia, ao passo que outros preferem a de sistemática..
O sistema de classificação a utilizar varia com as necessidades, e, no que diz respeito aos animais, reconheceu-se ser mais satisfatório o que se baseia nos laços de parentesco.
A primeira vantagem de uma classificação baseada em laços de parentesco é que, quando traduzida graficamente, toma um aspecto de uma árvore genealógica, e que as linhas gerais do desenvolvimento evolutivo aparecem consequentemente mais explícitas. Quem tiver no seu espírito uma imagem bastante nítida desta classificação pode fazer derivar os seus conhecimentos ulteriores da aplicação dos princípios gerais da evolução.
Para se saber como os laços de parentesco se impõem ao nosso espírito, é indispensável tornar claro o sentido de certas palavras fundamentais que aparecem constantemente em qualquer discussão zoológica. O primeiro par de palavras deste tipo é: primitivo (do latim primus, ou primeiro) e especializado (do latim specialis, que provém de species, isto é, estado de qualidade particular).
Um animal primitivo é aquele que pouco difere, pouco se diferenciou, do antepassado comum do grupo a que pertence, ao passo que um animal especializado é o que difere consideravelmente desse antepassado comum. Muitas vezes desconhece-se o antepassado, mas é possível, em todo o caso, representar com boa aproximação como ele teria sido, a sua estrutura e aspecto, usando do raciocínio e da dedução, em grande parte com base em provas de ordem geológica. Noutros termos, pela comparação de estudos que conhecemos, chegamos a reconstituir estados cuja a existência, no passado, apenas podemos supor. É por isso que, às vezes, se emprega a expressão "antepassados hipotéticos".
Um bom exemplo é representado pelo lapisma e pelo louva-a-deus. Ambos são insectos, mas, ao passo que aquele se aproxima muito do tipo que imaginamos ter sido o antepassado de todos os insectos, este revela-se altamente especializado, mormente na maneira como captura as presas.
Outro par de palavras fundamentais é: homólogo e análogo (do grego homo, ana e lagos, respectivamente: semelhante, para cima e discurso).
Orgãos homólogos são os que provêm de um órgão ancestral comum, embora possam já não ter a mesma estrutura nem a mesma função.
Orgãos análogos são aqueles que apresentam semelhanças exteriores, mas têm origem diferente, posto que tenham funções idênticas ou similar. A asa da ave e o membro anterior do cavalo são homólogos, porque têm a mesma estrutura essencial, herdada pelos seus possuidores de antepassado ancestral comum, servindo uma para voar e outro para marchar. Pelo contrário, a asa da ave e a asa da borboleta são órgãos análogos, visto que têm semelhança superficial, devida, não a antepassado comum, mas, sim, à adaptações de estruturas fundamentalmente diversas ao serviço de funções semelhantes - voar.
Outro par de palavras que se prestam, por vezes, a confusão: vestigial e rudimentar. Com efeito, um animal pode possuir restos ou vestígios de órgãos que deixaram de lhes ser úteis, mas que persistem constantemente na sua descendência. É o caso da alheia, que, sendo descendente de um quadrúpede ancestral terrestre, conserva restos inúteis da cintura pélvica, embora seja desprovida dos membros posteriores. Pelo contrário, órgãos rudimentares são aqueles que, precisamente, começam a construir-se, isto é, são órgãos incipientes, em começo de evolução.
Todavia, não é possível dar um exemplo satisfatório desse órgão pela simples razão de que, se é relativamente fácil reconstituir estados que tenham existido no passado, mais difícil se torna prever o que sucederá a um órgão no futuro, digamos, daqui a um milhão de anos. No entanto, supõe-se que as manchas pigmentares dos Vermes, sensíveis à luz, podem ser comparadas aos olhos simples dos Moluscos e ser consideradas, concerto grau de certeza, como olhos rudimentares.
Um outro fenómeno se pode relacionar com os órgãos vestigiais. É o atavismo ou reversão, fenómeno que se manifesta pelo aparecimento subitâneo e esporádico de uma estrutura ancestral, que se considerava completamente perdida, ou, pelo menos, muito atrofiada.
Todos os seres humanos possuem, no extremo da coluna vertebral, um grupo de ossinhos, o cóccix. Ora, acontece, por vezes, que um bebé nasce com uma cauda inegavelmente saliente, com vários centímetros de comprimento. Do mesmo modo, a pata do cavalo deriva de um membro ancestral de cinco dedos, mas no cavalo normal permanece só o dedo médio, que é bem desenvolvido, acompanhado de vestígios de dois outros dedos. Muito raramente, porém, produz-se uma reversão tal que, no cavalo, se desenvolvem os três dedos vestigiais, de modo que fica com três dedos, ou mesmo cinco, com no caso citado pelo escritor latino Plínio.
Enfim, resta-nos definir claramente as palavras degenerado e secundário, que estão em estreita relação com o último par de palavras acima mencionado. Um organismo degenerado é aquele que se afastou da especialização que usufruíam os seus antepassados, e o estado em que se encontra é tido por secundariamente adquirido. Voltando as exemplificar com Insectos, pode dizer-se que o lepisma, que não tem asas, ao passo que os da pulga eram alados. O carácter áptero da pulga é, de facto, secundário, visto que as asas ancestrais degeneraram e perderam-se.
Em resumo, para classificar os animais, estes são dispostos em grupos que se subdividem sucessivamente, de tal modo que os grupos e subdivisões últimas estejam de acordo com o processo real de diferenciação que se produziu durante a evolução.
Assim, o Reino Animal subdivide-se num certo número de grupos a que se deu o nome de ramos (filos ou clados). E, antes de prosseguir, diga-se que outrora havia o costume de dividir o reino em dois grandes grupos, os Invertebrados e os Vertebrados. 
Embora estas designações possam sempre ser empregadas grosso modo, e até seja cómodo usá-las, deve sublinhar-se que muitos animais incluídos no grupo dos pretensos Vertebrados não possuem realmente vértebras: é o caso especial dos Protocordados.
Sem dúvida que a maneira mais sugestiva de indicar os estados sucessivos da subdivisão é a de tomar como exemplo a espécie à qual pertencemos.
Reino:	animal (todos os animais).
Filo:	Cordados - animais que possuem esqueleto interno, tendo por eixo um cordão dorsal, a notocorda, ou corda dorsal, em volta do qual se pode formar ou não uma coluna vertebral.
Classe:	Primatas grupo que compreende os lémures, os macacos ou símios e o homem.
Família:	Hominídeos compreende todos os seres de aspecto humano, fósseis e actuais.
Género:	Homo - abrangendo todas as raçasde homens actuais e de certas espécies afins, como o Homem de Neanderthal, actualmente extintas.
Espécie:	Sapiens - todas as raças de Homem que vivem na actualidade.
O nome pelo qual qualquer animal se designa, em nomenclatura zoológica, é formado por duas partes: o nome genérico (no caso do homem: Homo) e o nome específico (sapiens). Portanto, Homo sapiens. Este sistema de nomenclatura, designado binominal, foi criado por Lineu.
Qualquer leigo nesta matéria censura o homem de ciência pelo facto de se servir de nomes gregos e latinos, tornando menos clara a sua exposição quanto à designação dos animais e das plantas.
 Ponhamos, pois, a questão: por que razão se há-de dizer Felis catus, quando existe em Português a palavra "gato", nome vulgar que toda a gente conhece? Ora, a ciência, que é internacional, consagrou o nome Felis catus que tem vantagem de ser compreendido em todo mundo, seja qual for a nacionalidade do leitor. Note-se também que, na sua grande maioria, os animais não têm nome vulgar ou vernáculo, e que muitos têm mais do que um nome vulgar, o que se presta, por vezes, a grande confusão.
Estimativa do número de espécies:
"Mamíferos		-	5000
"Aves			-	8600
"Répteis			-	4000
"Batráquios		-	2000
"Peixes			-	18 000
"Protocordados	-	2500
"Aracnídeos		-	30 000
"Insectos			-	1 000 000
"Miriápodes		-	850 000
"Protraqueados	-	60
"Crustáceos		-	20 000
"Braquiópodes		-	140
"Briozoários		-	4600
"Equidermes		-	5000
"Moluscos		-	90 000
"Vermes			-	20 000
"Celenterados		-	7000
"Espongiários		-	2500
"Protozoários		-	20 000
ORIGEM DA VIDA
Como e quando se originou a vida?
Um dos problemas que, em todos os tempos, mais têm intrigado os pensadores é o da origem da vida, da data e do lugar do seu início, assim como dos processos que presidiram a esse acontecimento. Tal problema é, pela sua própria natureza, insolúvel, mas estudá-lo é apaixonante e as especulações a que pode conduzir nem sempre são vas.
Os filósofos antigos acreditavam implicitamente na existência de uma força plástica inerente à essência da própria matéria. Conheciam muito bem os restos de seres que viveram outrora, se petrificaram e fossilizaram, mas supunham então que esses objectos tinham sido formados no solo ou nas rochas, em virtude da nossa força plástica dos animais vivos e que, em vez de se terem libertado da ganga mineral e tomado lugar entre as coisas realmente vivas, haviam ficado aprisionados, sob a forma de pedras, nas suas cidadelas subterrâneas.
Físicos do séc. XIX, emitiram a hipótese de que o germe original da vida terrestre, qualquer que fosse, teria vindo ao nosso planeta transportado por um meteorito, ou mesmo tê-lo-iam trazido as asas invisíveis da energia luminosa, essa força solar que faz girar como cata-vento o radiómetro de Crookes.
Quando retrocedemos no tempo sobre os vestígios dos fósseis, passamos da era do Homem à dos Mamíferos e desta àquela em que as formas dominantes eram todas reptilianas; depois, atravessamos a era dos Batráquios e encontramos, para lá da época da conquista e ocupação das terras pelos seres vivos, a era dos Peixes e dos Invertebrados marinhos. Podemos, assim, reconstruir a história da vida nos mares quase até ao começo dos tempos geológicos, a era em que as formas mais primitivas se limitavam a simples animais aquáticos sem concha, semelhantes aos Protozoários actuais e às algas microscópicas.
Uma visão retrospectiva do passado mostrar-nos-á a Terra antes da vida aparecer. Os mares, a atmosfera saturada de gases, a terra escaldante, fornecem-nos um quadro rico de substâncias químicas em plena laboração, sobretudo o carbono, o cálcio, o fósforo e seus compostos. Ora, sabemos que as combustões químicas são favorecidas quando dois ou três elementos distintos se encontram estreitamente associados - estando a terra sólida, os mares líquidos e a atmosfera gasosa -, sobretudo sob a influência do calor e talvez dos raios solares ultravioletas. É possível que, em momento particularmente favorável, uma substância catalisadora (isto é, um elemento que provoca ao fulminante ou activa um processo sem nele tomar verdadeiramente parte, qualquer coisa comparável ao fulminante que faz partir a bala) tenha posto em marcha a operação química primordial de que resultou, sem dúvida, uma pequena escuna acinzentada sobre a água. Pela sua própria natureza, cada gotícula que a compunha devia ser como uma bola, a sua superfície externa seria ténue, mas cõerente (como a das numerosas substâncias químicas não vivas) e seria permeável à água e ao ar, e, que mais importante acima de tudo, aos raios solares. Tal era certamente a primeira gota de vida, uma gotícula destinada a crescer, e, em virtude das leis físicas da sua forma específica, a dividir-se desde que tivesse atingido um certo volume limite.
O tempo ia cuidar do resto da sua elaboração, e nisso a ciência não descortina nenhuma dificuldade.
É quase certo que perto de um bilião de anos havia transcorrido antes que a pequenina gota primitiva se transformasse na forma viva mais simples que actualmente nós conhecemos.
Os vírus: ponte entre o vivo e o imaginário?
É bastante evidente que nem os restos nem os homens nascem por geração espontânea, e que nunca são gerados por outras espécies vivas. Provêm sempre de adultos quase idênticos a eles. Isto é igualmente verdadeiro em relação a todos os seres cujo ciclo vital se pode estudar sem ou com a ajuda do microscópio, como é o caso dos Protozoários e das Bactérias. Existem todavia um grupo de seres vivos minúsculos, provavelmente aparentados com as bactérias, que são os Vírus. Diz-se que são vírus filtráveis, por serem diminutos, atravessam sem dificuldade os filtros de porcelana mais finos, usados nos laboratórios de bacteriologia.
Os vírus são agentes de dõenças infecciosas que prejudicam a Humanidade; entre outras, as constipações, a gripe, poliomielite, a varíola, a rubéola, a papeira e a febre amarela.
.Durante muitos anos,, tudo quanto se sabia acerca dos vírus era que tinham tamanho exiguo, que o soluto filtrado que os continha, quando injectado a animais ou plantas, conduzia a resultados sempre constantes, segundo a natureza da sua estirpe, e que, enfim, actuavam especificamente sobre a sua vítima. Noutros termos, os de uma espécie atacavam a pele, outros os pulmões, outros o sistema nervoso central, e assim sucessivamente.
Parece, pois que os vírus devem ser considerados como formas de vida, minúsculas e complexas, talvez degeneradas , mas não certamente como o protótipo da estrutura viva elementar, nem como ponte de ligação entre o mundo vivo e o inanimado.
A matéria viva e as suas necessidades
O constituinte fundamental dos organismos vivos, da natureza animal ou vegetal, chama-se protoplasma. É formado de compostos químicos de estrutura complexa, em que entram numerosas substâncias simples, e carregado de grande energia potencial. O corpo de qualquer planta e animal não
 se destrói completamente depois da morte; mas, durante a vida, é constantemente destruído (catabolismo) e não menos constantemente renovado (anabolismo). Em suma, cada organismo procura proteger-se continuamente contra as influências destruidoras do meio; a vida é a expressão de uma perpétua interacção entre o organismo vivo e o ambiente que o cerca. Esta noção é de importância fundamental e deve estar sempre presente no nosso espírito, pois através dela poderemos interpretar, imediatamente, a espantosa variedade dos comportamentos animais.
Os três elementos mais importantes da vida de qualquer organismo são a procura do alimento, a necessidade de reprodução e o instinto de conservação.; mas todas as acções ligadas a estas não são mais do que uma expressão da interacção entre o organismo e seu meio, o qual compreende não apenas as condições geográficas e climáticas, mas também o conjunto dos outros animais e vegetais, entre os quais vive o organismo considerado.
Nos animais do deserto, o grande trabalho é lutar contra a secura do meio, pelo que o seu corpo tem estrutura adequada. Os animais quevivem no frio polar devem poder conservar o seu calor. De facto, não podemos compreender a acção do leão ou do antropóide, se não conhecemos suficientemente como esses senhores do mundo animal se desenvolvem, através das idades da história da Terra, a partir de uma forma insignificante.
O animal mais simples - a ameba
O testemunho dos fósseis concorda tão completamente com o de outras fontes de informação que as conclusões fundamentais relativas à história do mundo animal não têm de duvidoso. A persistência com que cada animal, desde o ovo fecundado ao adulto, segue uma sequência ordenada coincidente com a história geológica da espécie a que pertence, demonstra que ele revive, no curso da sua existência, em maiores ou menores proporções, o passado da sua raça. Isto é extremamente importante para a compreensão dos seus caracteres físicos, assim como do seu comportamento, seus costumes e psicologia. A ameba (exemplo: Amõeba proteus) é, na opinião unânime dos zoólogos, a imagem mais típica da gotícula primordial de protoplasma de onde brotou toda vida animal.
Não medindo mais do que uma fracção de milímetro, a ameba vive na vasa com detritos vegetais dos fundos dos charcos e em quase todas as águas doces expostas às intempéries. Tanto pelo seu aspecto como pela composição química, a ameba assemelha-se à clara do ovo. Mas a comparação não passa daí, pois a ameba é activa, capaz de se deslocar, nutrir e de se reproduzir. Vista ao microscópio, apresenta-se sob a forma de uma massa de contornos vagos, de consistência semitransparentes e granulosa, como se fosse uma gota de óleo impregnada de areia fina. Os grânulos do protoplasma se movem em correlação com as mudanças de forma do corpo. Num determinado ponto, desloca-se para a superfície do corpo uma corrente de grânulos e, simultaneamente, o protoplasma, neste ponto, toma a forma de um dedo, a que se chama pseudópodes (falso pé), órga temporário, que aparece e desaparece conforme as necessidades imediatas do animal, órgão simples, de grande eficiência e de mecanismo verdadeiramente maravilhoso.
Lentamente, enquanto observamos a ameba, o pseudópode alonga-se, estira-se cada vez mais, transmitindo o seu movimento ao resto do corpo, o qual avança, reabsorvendo o pseudópode se formam e, pela repeti deste movimento, a ameba desloca-se lentamente, continuando a sua marcha vagabunda.
O modo de alimentação é simples. Quando uma ameba avança, toma contacto com pequenas partículas de lama, detritos vegetais e outros. Se a partícula é comestível, o animálculo engloba-a no seu corpo e digere-a. Se, pelo contrário, a partícula não é comestível, então a ameba muda de direcção e evita-a. Se, então a ameba muda de direcção e evita-a. É, pois, evidente que existe um sentido elementar de gustação. A respiração, isto é, a absorção de oxigénio, para manutenção da vida, faz-se em toda a superfície do corpo. 
A ameba é tão simples que gotas de certos óleos, impregnadas de areia, se deslocam e se comportam de modo semelhante, com as seguintes diferenças essenciais: é que não se podem alimentar, nem reproduzir-se, essas "amebas artificiais".
As diferenças entre a matéria viva e a matéria inanimada são aparentemente mínimas, mas a faculdade nutrição e reprodução constitui um critério indiscutível para reconhecer o que é vivo.
Na escolha da nutrição, reconhece-se uma outra característica vital da ameba: uma força da selecção, um gosto nascente, características e atributos que vagamente se assemelha aos que encontramos nos animais superiores mais nossos conhecidos.
[Algumas amebas têm vida livre, que é inofensiva, mas 	outras são parasitas, como a que produz a disenteria.]
A célula viva
Se cortarmos uma delgada fatia de cortiça e a examinarmos ao microscópio, reconhecemos que ela se parece com um corte feito através dos alvéolos vazios dos favos de mel; todavia, em vez de as paredes desses alvéolos serem de celulose. Os tecidos das plantas são compostos de inumeráveis cavidades deste tipo, mas cheias de protoplasma. Como as primeiras investigações microscópicas incidiram sobre a estrutura íntima dos vegetais, compreende-se, sem dificuldade, a razão por que a flagrante semelhança com os alvéolos dos favos das abelhas levavam os antigos observadores a designar por células as unidades que constituem os tecidos vivos. Os tecidos animais têm aspectos semelhantes, com a diferença de que os limites da célula, ou seja as paredes desta, não são reforçados por revestimento de celulose, antes são apenas constituídos pela superfície do próprio protoplasma. Além disso, a estrutura dos tecidos animais não obedece geralmente àquela regularidade geométrica dos alvéolos dos favos de mel. Mas , apesar disso, o termo "célula" mantém-se, e é cómodo o seu uso. É no caso da "ameba" que o emprego da palavra "célula mais parece deslocado para designar o seu corpo; lembremo-nos, porém, de que todos os animais, salvo o Protozoário, como a ameba, são pluricelulares, isto é, formados por um número mais ou menos elevado de Células, unidas como os tijolos de uma parede. Assim se compreende melhor o uso corrente da palavra célula para designar a unidade protoplasma.
A reprodução: continuidade da vida
Uma das molas reais da existência de todos os animais é a necessidade de reprodução, de perpetuação da raça. A procura dos alimentos, os cuidados com os filhos, a defesa contra os inimigos, a colaboração protectora e uma multidão de outros elementos de ordem física e psicológica, estão intimamente ligados à reprodução. Para continuidade da vida, assim deve ser e não poderia ser de outro modo.
Na ameba, o processo reduz-se a uma fórmula simples: o animal divide-se em dois e ficam duas amebas, em vez de uma só. Esta reprodução assexuada é, ao que parece, condicionada pelo tamanho do animal. Na verdade, qualquer indivíduo duma determinada espécie tem crescimento limitado. Na ameba, uma vez atingido esse limite, produz-se automaticamente a divisão do seu corpo, de maneira a restabelecer nele a relação normal entre o volume e a superfície.
Este processo de reprodução (cissiparidade) pode repetir-se durante certo tempo, maior ou menor, mas a estirpe acaba geralmente por se desvitalizar. Então, pode dar-se em certos protozoários uma inversão de processo: em vez de se dividirem, os indivíduos unem-se aos pares, fundindo-se de modo que cada par passa a constituir um indivíduo único. É um processo de reprodução sexual (conjugal), aliás não observado na ameba.
Na verdade, a ameba só é simples quando comparada com os animais superiores. Ela não é desprovida de estrutura, pois possui certos +órgas bem definidos, como, por exemplo, o vacúolo contráctil, de fun excretara, e o núcleo, central, de estrutura muitíssimo complexa, que condiciona todo o comportamento do animal. Salvo raras excepções, qualquer célula viva possui um tal núcleo, o qual, em virtude da sua importância, merece mais do que uma referência passageira. Mas, primeiramente, explicaremos porque consideramos o corpo da ameba como um ameba.
O tipo mais simples de comportamento
A ameba desloca-se, para a direita, depois imobiliza-se gradualmente, ou então muda de direcção. Tarde ou cedo encontra uma partícula qualquer. Se é comestível, come-a; mas se não o é, passa adiante. A ameba aumenta de volume, e que, mais tarde, recolhe os pseudópodes e depois descansa. Poderíamos mesmo vê-la a dividir-se em duas, isto é, a reproduzir-se.
Todos os gestos desse animalzinho sugerem a existência de uma "vontade", ainda que fraca, e mesmo de uma "inteligência" , embora muito vaga. O protoplasma da ameba reage automaticamente às variações do meio exterior, e que isso é o carácter fundamental da matéria viva não seria possível.
A ameba não tem órgãos dos sentidos, não tem olhos, ouvidos, nariz ou língua, nem tão-pouco cérebro e nervos: contudo, ela não comerá qualquer coisa que não seja combustível e afastar-se-á de objectos, tais como grãos de areia, que para nada lhe servem. Retrai-se, porém, quando lhe tocam, e afasta-se se a temperatura da água, demasiadobaixa ou elevada, não lhe é favorável. Reage à electricidade ou à vibração; foge de luzes demasiado intensas ou de substâncias químicas capazes de a prejudicar. O comportamento da ameba é governado por tactismo. Isto é uma maneira cómoda de dizer que o animal reage de modo determinado aos estímulos externos. Por outras palavras existe no protoplasma uma reacção físico-química, que lhe é própria, contra as condições de calor ou frio, luz intensa ou obscuridade e outros fenómenos naturais comparáveis, e essa reacção pode ser positiva ou negativa.
Eis porque, neste ser elementar, a vida se manifesta - de feições estritamente mecânicas - pela expressão das reacções do organismo relativamente ao meio exterior.
Mecanismo primordial da evolução
O conceito de evolução orgânica pode ser definido como uma necessidade primordial de o organismo não permanecer estático. Vimos que a natureza essencial do protoplasma é de variar, o que se exprime pela contínua destruição e renovação dos materiais íntimos, combinados, combinados com a adaptação incessante ao meio exterior. Esta necessidade inata de modificação é inerente a todos os organismos vivos.
Quais são então os factores que a determinam? O primeiro e principal dentre todos é a hereditariedade, a transmissão dos caracteres de pais a filhos, o fenómeno pelo qual estes são semelhantes aos pais.
Qualquer que seja o grau de semelhança do filho com o pai ou da filha com a mae, há sempre diferenças. Mesmo na ameba, em que a reprodução consiste num simples processo de divisão do protoplasma e do núcleo (mitose), os dois indivíduos resultantes desta divisão diferem um pouco pelo tamanho. O fenómeno é ainda mais nítido nos filhos dos animais superiores. Embora a força da hereditariedade tenda à conservação da forma, esta não é nunca rigorosamente mantida.
Ão passo que a hereditariedade determina a forma, a tendência para a variação assegura a sua alteração contínua. Algumas das variações adquiridas serão vantajosas ao indivíduo que as possui, uma vez que lhe conferem maiores possibilidades de sobrevivência. É neste sentido que podemos aceitar o princípio geral da sobrevivência do mais apto. A recíproca deste princípio é chamada elimina do inadapto, e ambos dependem de factores tais como a temperatura, a luz, a humanidade e outras condições físicas, assim como também a abundância ou raridade de alimento e de inimigos.
Por comodidade, as variações normais designam-se merísticas, quando determinam alteração numérica, flutuações, quando causam modificações de tamanho e forma. convém mencionar outros tipos de alterações, com o atavismo, ou reaparecimento, num indivíduo, que ficaram latentes durante muito tempo, e a hibrida, ou a geração de um filho por pais pertencentes a espécies diferentes. Enfim, há também o vasto domínio da teratologia, ou ciência das monstruosidades, malformações notáveis e desvios importantes em relação ao que é normal, e que podem lançar muita luz sobre os processos normais.
O Que é um animal?
Como sabemos que a ameba é um animal? Uma boa definição do dicionário é esta: "Qualquer membro do grupo dos seres vivos que abrange os que são dotados de sensações e de movimentos voluntários, ao contrário dos vegetais." Uma esponja é um animal, mas muito poucas esponjas têm a faculdade de manifestar que recebem uma sensação; todas, desde que atingem o estado adulto, vivem fixadas e são incapazes de movimentos voluntários. É verdade que as esponjas se podem mover durante os estados larvares e juvenis, antes de se imobilizarem, fixando-se a um suporte.
Junte-se a isto que o seu esqueleto se parece muito com qualquer excrescência vegetal e, por isso, compreendemos facilmente por que motivo tanta gente julga que as esponjas são plantas e não animais. Na actualidade, as esponjas estão a ser geralmente substituídas por artefactos de borracha e de matérias plásticas, para uso caseiro.
Os corais e as anémonas do mar têm igualmente a aparência de plantas, mas não o são porque reagem a estímulos externos, e as anémonas do mar são dotadas de movimentos voluntários bem evidentes e variados.
Para delimitar com rigor os domínios do vegetal e do animal, não podemos falar apenas em sensações e movimentos voluntários, tanto mais que certas plantas (a sensitiva, por exemplo) são sensíveis quando se lhes toca, reagindo pela retracção das suas folhas, e que outras plantas, unicelulares, são capazes de movimentos voluntários semelhantes, mesmo ainda mais intensos que os certos animais unicelulares. O primeiro critério preciso de diferenciação morfológica é que as células vegetais possuem paredes de celulose, ao passo que as células animais são nuas. Uma identificação grosseira quanto a natureza animal ou vegetal pode mesmo ser obtida pela simples combustão, visto que os tecidos animais, quanto a ordem, se envolva um cheiro característico, como o dos cabelos queimados.
Outro critério é que as plantas são verdes por causa da presença de umpigmento específico, a clorofila, ao passo que os animais não são geralmente verdes. Nada, porém, nos obriga a considerar estes Protozoários com clorofila como verdadeiros animais. [A presença de clorofila, por si só, não autoriza realmente a classificar o ser vivo unicelular como vegetal, tornando-se impossível distinguir desse modo o Protozoário da Protófita, cuja separação é puramente convencional. Também a existência de celulose não basta, por isso que muitos Flagelados e os Micetozoários (Mixomecetas lhes chamam os botânicos) a possuem na sua membrana, estes últimos apenas numa fase do seu ciclo evolutivo.] Podemos definir "animais" como um organismo vivo que se alimenta de substâncias sólidas e é normalmente capaz de movimentos voluntários e de percepções sensoriais. A ameba, como se viu, é de facto um animal em toda a acepção da palavra.
MECANISMO DA VIDA
Vida e crescimento
Antes de mais nada, um organismo deve proteger-se contra as forças de destruição emanadas do meio exterior. Deve defender-se do calor e do frio, dos atritos mecânicos e das colisões. Deve escolher um lugar onde viva, livre dos assaltos dos outros organismos. Cada acção elementar, pequena que seja, exige um gasto de energia. Por isso, boa provisão de energia é necessária à conservação da vida. O organismo vivo queima combustível. O fenómeno da combustão é a oxidação. Quando o carvão, ou seja o carbono, é queimado, combina-se com o oxigénio do ar, produzindo anidrido carbónico e libertando energia, sob a forma de luz e calor. Estes dois elementos, uma vez unidos, não podem mais separar-se a não ser à custa de energia, em quantidade igual à que foi libertada quando da sua união.
Enquanto o carbono e o oxigénio estão separados, a energia mantém-se latente e chama-se energia potencial. As substâncias proteicas que fazem parte do protoplasma são compostos instáveis contendo quantidade de energia potencial; é a fragmentação de tais substâncias, entre outras, que liberta a energia necessária aos fenómenos vitais.
A nutrição, ou alimentação, garante a edificação do corpo, compensa as perdas resultantes de gastos energéticos e fornece o combustível necessário a novos consumos de energia. No organismo vivo, o combustível representado pelos alimentos, que não é utilizado, cedo ou tarde, na produção de energia, pode servir para a construção de novo protoplasma. Desse modo, o organismo cresce.
A edificação do protoplasma, por um lado, e a sua destruição, por outro lado, constituem o que se domina metabolismo, o qual é assegurado por três funções primordiais, em qualquer organismo vivo: a alimentação propriamente dita, a respiração (ou oxidação) e a excreção (ou evacuação dos produtos residuais).
O metabolismo é o processo combinado da construção e destruição do protoplasma, mas note-se que os seus dois componentes não se devem equilibrar. Se o processo construtivo é mais rápido que o destrutivo, se a alimentação é abundante e é fraco o gasto de energia, daí resulta o crescimento do organismo. Em todo o ser vivo há um limite do tamanho a que podem chegar, e numorganismo tão simples como a ameba, quando esse limite é atingido, o corpo divide-se em dois, o animal reproduz-se.
A vida de um organismo pode ser considerada como uma sucessão incessante de ganhos e perdas, de que resulta libertação de energia sob a forma de calor nos animais de sangue quente, de luz nas larvas luminosas, nos pirilampos, etc., de movimento e, periodicamente, de fenómenos de reprodução.
O crescimento e a reprodução são, pois, factores essenciais da evolução dos animais.
Animais unicelulares e pluricelulares
Se considerarmos o reino animal como um todo, reconhecemos não só que todos os animais são constituídos por agregados de células fundamentalmente semelhante às amebas, mas que, além disso, nos apercebemos de uma complexidade crescente quando se passa de um a outro animal. Podemos aceitar com confiança a teoria de que o animal pluricelular é aparentado e, ainda mais descendente de um unicelular ancestral. Isto está de acordo com as descobertas dos paleontólogos e também com o facto de que o homem e os outros animais começam a sua vida sob a forma de uma célula única - o ovo.
Os Protozoários, nome por que se designam todos os animais unicelulares, são em geral seres moles, de onde resulta que não deixaram restos fossilizados, excepto quando tinham esqueleto duro, como no caso dos Foraminíferos e Radiolários.
Nenhuma forma de transição, entre os unicelulares e os pluricelulares, ficou conservada no estado fóssil.
Certos seres microscópicos, a Pandorinha, apresentam-se com um grupo de 16 e 64 células, encerradas em invólucro gelatinoso, cada uma das quais pouco diferente da Euglena. É como se uma Euglena se tivesse dividido e que os indivíduos resultantes, em vez de se separarem, ficassem agrupados em colónias. A Eudorina é semelhante, mas o agrupamento forma uma esfera, oca, configuração que também oferecem os Volvox. [Geralmente, ao contrário dos botânicos, os protozoologistas consideram esses seres como animais, e não plantas, Protozoários da classe dos Mastigóforos, ordem dos Fitomonodíneos, família dos Volvocídeos.
Entre os Protozoários, bem diferenciados, certos Radiolários, como o Sphaerozoon, também formam colónias. Não é difícil imaginar que uma tal vida colonial tivesse conduzido à divisão do trabalho, especializando-se certas células nas tarefas de nutrição, outras na reprodução, etc. Essa diferença, em células somáticas e reprodutoras, existe sem dúvida nos Volvox.
Um argumento a favor dessa evolução é representado pelos Espongiários. Esses animais são formados de células com as mais diversas formas, tamanhos e funções, mas é possível filtrar os tecidos de uma esponja através de uma peneira fina e, desse modo, separaras células, perdendo cada uma a sua configuração característica e tamanho a forma amebóide, com os mesmos contornos irregulares e mutáveis. Há, todavia, uma diferença importante, que reside no facto de essas células da esponja, assim dissociadas, não poderem sobreviver; mas deslocam-se de um lado para outro até que encontram as suas companheiras e, reunindo-se, reconstituem uma nova esponja!
Multiplicação celular
A divisão das células não é tão simples como a divisão da ameba deixa supor. Cada célula consta de citoplasma, ou substância celular principal, e geralmente de um só núcleo.
Os grânulos do núcleo reúnem-se num longo filamento enovelado, que acaba por fragmentar em certo número de corpúsculos chamados "cromossomas". Estes dividem-se longitudinalmente e um representante de cada par assim formado emigra para cada um dos pólos da célula, seguindo-se então a divisão do citoplasma, e recebendo cada metade deste um lote igual de cromossomas.
Sem dificuldade, podemos imaginar a série de processos físico-químicos que devem produzir-se para a realização de um fenómeno tão perfeito e ordenado. Esta mitose (também designada cariocinese), como se lhe chama, tem ainda outra significação. Os caracteres corporais ou somáticos estão, na verdade, sob a acção de factores hereditários (ou genes) situados nos cromossomas. É importante salientar quanto é surpreendente que a nossa vida e a estrutura do nosso corpo, ou a dos animais, estejam condicionadas por forças situadas na parte central de uma célula que não mede mais do que uma fracção ínfima do milímetro, e que seja a partir desta zona infinitesimal que elas exercem a sua acção. Necessário se torna considerar com atenção que pontos tão pouco interessantes, relativamente, como o de saber se um homem será alto ou baixo, moreno ou loiro, e outras particularidades deste género, são determinadas por porções do conteúdo protoplásmico do núcleo celular, que os técnicos científicos mais modernos ainda são incapazes de localizar sem ambiguidade e de os isolar.
Esses factores hereditários são responsáveis pela arquitectura imutável da vida, visto que sem eles seria impossível uma sequência ordenada. Finalmente não só a estrutura dos animais, mas também o seu comportamento, dependem em grande parte da composição ultramicroscópica do núcleo das células.
Origem e evolução do sexo
Já salientamos os três instintos ou necessidades mais importantes de qualquer animal: alimentação, reprodução e auto-conservação. A necessidade de reprodução não está constantemente na origem do comportamento como as outras, mas, na estação favorável, liberta uma grande quantidade de energia, tão poderosa que sobreleva a tudo o mais.
Conta-se que, em certa ocasião, uma manada de antílopes do sexo masculino pastava sossegada e indolentemente. De repente, apercebendo-se do cheiro de uma manada de fêmeas que lhes vinha de longe, logo mudaram completamente de atitude. Dir-se-ia que uma tempestade violenta se tinha desencadeado! É possível que este quadro esteja um pouco exagerado, mas ajuda-nos a entender melhor a influência imposta ao animal pela Natureza.
A reprodução na ameba é uma função relativamente simples e intimamente ligada com a nutrição e o crescimento. Nos Metazoários, ou animais pluricelulares, no que respeita à reprodução, a mesma complexidade crescente que noutros domínios. Nos Espongiários não há órgãos sexuais individualizados. No período da reprodução, certas células do mesmo indivíduo funcionam como óvulo e outras com espermatozóides, não havendo diferenciação dos sexos, em machos e fêmeas.
Nos Celenterados existem órgãos especiais de reprodução, que se designam por gónadas; mas nem sempre há separação dos sexos em indivíduos distintos.
Na escala animal, os órgãos reprodutores tornam-se cada vez mais complexos e estabelece-se uma nítida distinção entre os indivíduos em que se formam os óvulos - as fêmeas - e aqueles em que se originam os espermatozóides - os machos. Os indivíduos de uma mesma espécie não se diferem apenas interiormente em macho e fêmea, antes se torna extremamente mais evidente a distinção entre os dois sexos. A complexidade crescente dos órgãos reprodutores e esta amplitude das diferenças que distinguem o macho da fêmea, isto é, os caracteres sexuais secundários, estão relacionados com as secreções das gónadas.
A genética moderna demonstrou que não é a alimentação nem outros factores dependentes do meio que decidem se um indivíduo virá a ser macho ou fêmea: compete, na verdade, aos cromossomas esse encargo.
Caracteres sexuais secundários
Nos animais superiores [designam-se "animais superiores" os Verebradose, nomeadamente, os mais evoluídos, os Mamíferos], existem, em relação com a diferenciação sexual, numerosos caracteres sexuais secundários que não estão forçosamente ligados aos órgãos reprodutores. Como exemplo, os cornos do veado, a juba do leão, a plumagem colorida da aves do sexos masculino, etc.
Estes caracteres servem de estímulo emocional e contribuem desse modo para a atracção recíproca do macho e fêmea. Outros caracteres secundários desta natureza são os esporos de certos galináceos, cujo macho os utiliza nos combates para defesa do seu território. Nota-se que, nas aves, é o macho que canta, e, por isso, considera-se o canto como carácter sexual secundário.
Quando castrado, o veadojuvenil ficará sempre desprovido de cornos e o adulto que os tenha perdê-los-á prematuramente. O canto das aves depende também do crescimento das gónadas ou de certas fases deste crescimento, o qual, está relacionado com a duração e intensidade da luz do dia. Por isso, as aves, que cantam somente durante uma parte do ano, podem ser induzidas a continuar a cantar, quando sejam submetidas a uma iluminação artificial adequada.
Reprodução assexuada
Os óvulos não se desenvolvem em embriões se não forem fecundados, mas conhece-se casos em que os óvulos por si só se desenvolvem como se tivesse havido fecundação, isto é, a sua união com a célula sexual masculina: é o que se chama partenogénese ou reprodução por ovos virgens.
A reprodução assexuada desempenha um papel muito importante no reino animal, isso não significa, que o processo seja indispensável à geração de novos indivíduos. Todavia, mesmo nos casos mais típicos de partenogénese, cedo ou tarde, em que a fecundação se revela indispensável à revitalização da descendência, e, se esta fecundação não se realiza, a espécie fica condenada a desaparecer. Talvez este facto ponha em evidência todo o valor do processo sexual como estimulante vital no decorrer da existência.
Muitos outros modos de reprodução assexuada se conhece, como a gemiparidade e a cissiparidade ou fragmentação, quase exclusivamente ocorrentes nos Invertebrados inferiores.
Um dos casos mais bem conhecidos de reprodução por gemiparidade é o dos Hidróides (Celenterados). São delicadas arborescências que se encontram sobre as algas e rochedos marinhos. Sobre cada haste forma-se um certo número de indivíduos, lembrando flores, os quais, em vez de se separarem, mantêm-se ligados ao progenitor. O conjunto da colónia encerra-se num tubo córneo comum, e a cada indivíduo corresponde um cálice córneo. De onde em onde, também sobre o tubo córneo, aparecem excrescências que lembram ânforas e que contém, cada uma, um indivíduo em forma de clava. Estes dois tipos de indivíduos tão diferentes, formados na mesma haste, desempenham funções inteiramente distintas: os que têm a forma de flor (pólpos) dedicam-se inteiramente à nutrição, os outros (gonozóides) à reprodução. e superfície destes últimos, formam-se, por gemiparidade, numerosas medusas. O processo é assexuado, mas as medusas contêm, ao mesmo tempo, óvulos e espermatozóides. Estas células sexuais são disseminadas no mar e as larvas ciliadas, provenientes do desenvolvimento dos óvulos fecundados, instalando-se sobre as algas ou nos rochedos, dando origem a novas colónias arborescentes de Hidróides. Neste exemplo, há dois modos de reprodução alternantes, um assexuado, o outro sexuado, no ciclo vital, fenómeno que se designa por gerações alternantes.
Filhos que não se parecem com os pais
Uma alternância de gerações diferentes observa-se em diversos grupos, não apenas nos Hidróides, mas também nos verme Trematóidios. Encontram-se igualmente descendentes que, à nascença, não se parecem com os progenitores, nos Equinodermes e nos moluscos, em que o estado adulto, sedentário ou quase, é precedido por um estado larvar de vida aquática livre; ou ainda nos Artrópodes, em que se produz uma metamorfose parcial ou completa, de que é um exemplo clássico a história da lagarta e da borboleta.
PROTOZOáRIOS E ESPONGIáRIOS
Protozoários
Grande parte da vasa que cobre os fundos abissais é constituída pelo depósito dos seus resíduos. Também o seu "esqueleto" contribuíu grandemente para a forma de massas. Hoje os Protozoários têm grande parte na composição de plâncton, de que se alimentam animais mais evoluídos. E, enfim, muitos deles são responsáveis por dõenças, tais como disenteria, dõença do sono, malária e outras menos conhecidas. Nos mares, rios, lagos e mesmo no mais insignificante charco, bem como na terra húmida, eles pululam aos milhões, e é muito provável que no corpo de cada Metazoário contenha, como parasitas, diversas espécies diferentes de Protozoários.
Estes animais unicelulares são, na realidade, muito complexos, pois que em nenhuma só célula se realizam todas as funções vitais: nutrição, respiração, excreção e reprodução!
O filo dos Protozoários compreende quatro classes:
Rizópodes
Deslocam-se como as amebas, emitindo pseudópodes;
Mastigóforos ou Flagelados
Deslocam-se na água devido ao movimento de um ou mais flagelos situados na extremidade anterior;
Ciliados
Cobertos de cílios vibráteis, deslocando-se por movimentos ondulatórios deste prolongamento protoplásmaticos, de aparência pilosa;
Esporozoários
Parasitas de outros animais, e que se podem disseminar por esporos.
Nos Rizópodes contam-se as amebas e seus semelhantes. Vivem , na sua maioria, sobre pedras, ervas, e lodo, tanto nas águas doces como do mar. Algumas habitam na terra húmida, outras, como grupo importante das entamebas, são parasitas dos animais superiores. No corpo humano podem encontrar-se seis espécies de entamebas, principalmente no intestino grosso. Dentre elas só é perigosa uma única - Entameba histolítica -, que, alojando-se nas paredes intestinais, as úlceras, provocando a disenteria amebiana.
Os Rizópodes não são células nuas, como a ameba, estando antes protegidos por carapaças ou tecas, de diversa natureza. Um dos mais simples é a Arcella, que segrega uma carapaça quitinosa, globosa na parte superior e plana na de baixo, na qual existe uma abertura por onde emite os pseudópodes. As Diflugias estão protegidas 
diferentemente, pela carcaça formada por grãos de areia que aglutinam com secreção protoplásmica, viscosa.
Os Radiolários, absorvem a sílica da água e segregam-na sob a forma de uma ou mais redes concêntricas, dedicadamente recortadas, que imprimem ao seu esqueleto a bela aparência de uma famosa renda. Caso idêntico se dá com os Forminíferos, mas à custa do carbonato de cálcio, que absorvem. Contudo, algumas espécies de Foraminíferos não constituem as suas tecas do mesmo modo, limitando-se a aglomerar grãos de areia e outros detritos sólidos, tal como as Difflugias. A maior parte dos Foraminíferos e Radiolários possui pseudópodes, longos e finos, que se podem dispor radialmente ou formar rede de filamentos na qual vem prender-se grande número de microrganismos. Todos estes seres flutuam à superfície das águas do mar. Quando morrem, os seus esqueletos caem lentamente, e, por acumulação. constituem a vasa do fundo dos oceanos.
Existem algumas espécies de Radiolários em que os indivíduos, reunidos por uma geleia, formam colónias.
Os mais característicos representantes dos Mastigóforos ou Flagelados são as Euglenas, responsáveis pela coloração verde das águas estagnadas. De corpo fusiforme, com cerca de 1 milímetro, esculpido por finos sulcos espiralados, possuem um flagelo inserido na parte anterior. A coloração verde é devido à presença de clorofila, pigmento característico das plantas; aliás o seu modo de alimentação é idêntico ao destas, fixando o anidrido carbónico dissolvido na água, libertando o oxigénio e transformando o carbono em paramido, substância próxima do amido. Ora, esta síntese só pode ser realizada em presença da luz. Junto à base do flagelo, nota-se uma mancha vermelha, o estigma, sensível à luz, o qual, sob a acção desta, força o animal a deslocar-se na direcção do máximo da luminosidade e assim pode realizar a síntese, de que provém a sua alimentação. Deste modo, o estigma pode ser considerado como um organóide sensorial, embora muito elementar.
Certos organismos aparentados com as Euglena têm tendência para viver em colónias; é o caso dos Volvox, Dinobryon e Synura. O primeiro, particularmente interessante, consiste numa esfera oca, formada por uma só camada de células, cada uma das quais possui um par de flagelos dirigidos para fora. A deslocação da colónia é provocada pelos movimentos conjugados dos flagelos de todos os indivíduos. Por outro lado, cada célula fabrica seu próprio alimento à custa da clorofila, como existe uma continuidade protoplásmica entre elas, é muito natural que o alimento seja repartido por todas.As células conservam a sua individualidade. Certas células dão lugar à reprodução, havendo uma divisão do trabalho, visto as células reprodutoras terem somente a seu cargo a propagação da espécie, e as restantes, vegetativas, desempenharem as funções de nutrição e locomoção.
A luminescência do mar (a que, em geral, se dá a errada designação de "fosforescência") pode ser causada por diversos animais, mas ordinariamente é devida a um 
Protozoário com o bem justificado nome de Noctiluca. É um dos maiores unicelulares, medindo 1 milímetro de diâmetro; de corpo esférico e transparente, com ramificações protoplasmas à superfície, tem inseridos no bordo da boca um tentáculo grande, digitiforme, e um pequeno flagelo, filiforme.
Certos flagelados estão adaptados à vida parasitária, nos animais ou nos vasos condutores da seiva dos vegetais. O tripanossomas (Trypanosma) infestam o sangue de muitos vertebrados, e são transmitidos aos animais por moscas sugadoras de sangue ou por sanguessugas. A dõença do sono, em africa, resulta da proliferação de um tripanossoma inoculado no sangue pelas moscas tsé-tsé.
Um outro flagelado, Leishmaniose ou kala-azar. Numerosas espécies de Flagelados vivem nos intestinos dos animais superiores, incluindo o Homem, sem lhes causar mal. Poderão até ter uma acção benéfica. Há um exemplo notável de infestação pelos Flagelados que não só é vantajosa mas essencial á vida dos hospedeiros. As térmitas comem madeira, mas são incapazes de digeri-la sem certa acção de Flagelados. Matando estes por esterilização das térmitas, o que se consegue introduzindo-as numa estufa de oxigénio sob pressão, verifica-se que elas morrem por falta de alimento, se não forem infestadas. As térmitas juvenis alimentam-se à custa de matérias de excreção parcial digeridas pelos progenitores, e assim a sua infestação pelos indispensáveis Flagelados está assegurada. Uma tal associação já não pode ser considerada como parasitismo, mas sim como uma simbiose, modus vivendi. A térmita depende do flagelo para a digestão do seu alimento, e o flagelado beneficia de protecção, assegurada pelo corpo da térmita, bem como de alimento.
Os Cilióforos ou Ciliados, também chamados Infusórios, são os Protozoários de mais alto grau de organização. Aquele que mais facilmente se pode obter para observação é a Paramécia (Paramõecium), um animálculo de água doce cujo contorno lembra a forma de sola de sapato. É revestido de pequenos filamentos protoplásmicos, ou cílios, e apenas pela vibração rítmica deles o animal é propulsionado em movimento helicoidal. O corpo da paramécia possui uma grande variedade de órgãos com funções definidas. Na parte anterior, encontra-se uma espécie de funil, a faringe, destinado à absorção dos alimentos, os quais percorrem uma série de vacúolos contrácteis com função excretora. Diferentemente do que se passa com os outros protozoários, que têm um só núcleo, a paramécia tem dois, macronúcleo e micronúcleo, situados no centro do corpo. Por toda superfície deste encontram-se organóides, como pequenas agulhas aceradas, ou tricocistos, que serve para ser projectados em ataque ou defesa.
Um outro ciliado, muito vulgar nos pântanos e riachos, é o Stentor, que tem a forma de funil ou trombeta, mas cuja anatomia é essencialmente idêntica à da paramécia. No bordo do pavilhão afunilado está inserida uma franja de cílios, que, agitando-se, originam movimentos turbilhonares das águas, pelo qual as finas partículas de matéria orgânica são encaminhadas para a faringe. Na maior parte do tempo, o Stentor mantém-se ligado, pela boca do funil, ao caule das ervas aquáticas, mas pode desprender-se e, tomando a forma oval, nada livremente.
Certas espécies de Stentor vivem em simbiose com pequenas plantas; a planta fornece o oxigénio ao Stentor e este recebe abrigo e protecção.
A Vorticella é animálclo, que se assemelha muito ao Stentor, curto e mais arredondado, diferindo em ter um longo pedúnculo muitas vezes maior que o seu corpo. De quando em quando, esta haste retrai-se como uma mola em hélice, distendendo-se depois, lentamente, impelindo para a frente o corpo campanuliforme. Quando se toca numa Vorticella, ou se ela está ameaçada de perigo, não somente o pedúnculo se retrai como o bordo da campânula se pode fechar completamente sobre a boca.
Algumas espécies de Vorticella vivem isoladamente, mas outras podem formar grupos ou colónias. Ainda que normalmente presas à erva aquática ou às pedras, frequentemente estes animálculos fixam-se a conchas de moluscos aquáticos ou ao corpo de girinos e outros animais habitantes das águas.
No grupo dos Infusórios chamados sugadores, acinetas ou tentaculíferos, os cílios são substituídos por ventosas, embora os jovens animálculos sejam ciliados. Estas ventosas servem para capturar outros Protozoários, como a Paramécia, e sugá-los. Os infusórios sugadores são caracterizados pela presença, na parte anterior do corpo, de prolongamentos tentaculíformes ocos, uns aguçados na extremidade, outros terminando por ventosa.
Tal como certos Rizópodes e Flagelados, várias espécies de Ciliados têm vida parasita no tubo digestivo de animais superiores. Um dos maiores, e que se presta, portanto, mais facilmente para estudos, é a Opalina, que se encontra no intestino da ra.
O Balantidium colii, que parasita tanto o homem como o porco, pode provocar úlceras intestinais e é o causador da chamada disenteria.
Na quarta classe dos Protozoários, os Esponrozoários, os parasitas atingem o mais alto grau: todos os elementos deste grupo são parasitas e multiplicam-se por esporos. O corpo é secundariamente simplificado.
O animal, encontrando alimento e protecção permanece no corpo do seu hospedeiro, perdeu os órgãos e os vacúolos excretares e digestivos, tão característicos dos Protozoários livres.
Praticamente, todas as espécies animais têm os seus Esporozoários parasitas, e estes transmitem-se de um animal a outro por meio de esporos, que são corpúsculos semelhantes a sementes, nos quais o protoplasma está protegido por um revestimento duro, muito resistente. Dentre os Esporozoários, citam-se como mais vulgares as Gregarinas, construídas por duas partes distintas, numa das quais está o núcleo. No decorrer do seu desenvolvimento, as Gregarinas segregam um invólucro resistente, dividem-se várias vezes e as células resultantes, unindo-se duas a duas, dão lugar à forma dos esporos. Estes, expelidos com as matérias excretadas, podem vir a ser apanhados de células são gâmetas iguais (isogamia), com forma de zigoto, os quais por divisões sucessivas e enquistamento (esporula) originam os esporos.
O esporozoário mais conhecido é o agente da malária (Plasmodium), que é inoculado nos seres humanos, no estado de esporozoíto, pela picada de um mosquito. Uma vez no sangue, penetra nos glóbulos vermelhos, atingindo o estado designado por trofozoíto, fase em que se desenvolve a ponto de quase encher o glóbulo. Divide-se depois em 24 merozoítos, cada um dos quais, libertando-se (no plasma do sangue), irá introduzir-se num novo glóbulo sanguíneo.
E assim, no período de 48 horas, pode dar-se grande infestação, com febre violenta.
Quando um mosquito pica um dõente com malária, absorve os parasitas, que, fixando-se na parede do estômago, aí se desenvolve, atingindo o estado de esporozoítos, os quais se alojam mais tarde nas glândulas salivares do mosquito. E, assim, estão em condições de ser transmitidos ao homem.
A febre bovina do Texas é causada por um esporozoário semelhante, mas transmitido por uma carraça.
Em todos os casos, o ciclo vital do esporozoário compreende uma fase passada no transmissor da dõença e outra no hospedeiro definitivo.
Espongiários
As esponjas constituem o filo ou ramo dos Espongiários.
A mais vulgar é, sem dúvida, a esponja usual (quase sempre Euspongia officinalis). Mas o que tão vulgarmente se conhece é apenas seu esqueleto.
A esponja de uso vulgar, quando viva, apresenta-se como uma massa arredondada, castanha, presa às rochas do fundo do mar, de onde é tirada pelos pescadoresde esponjas. Despojada de todos os seus elementos de natureza animal, e limpas as fibras do esqueleto, adquire a aparência com que é tão vulgarmente conhecida. Não possui órgãos de sentidos e, a bem dizer, não é mais do que uma bomba hidráulica viva.
Toda a superfície do corpo tem uma infinidade de poros microscópicos (poros inalantes), através dos quais é aspirada a água, a qual depois sai por aberturas superficiais, maiores, chamadas "ósculos". Toda a massa interna é percorrida por um labirinto de canais por onde passa a água. De onde em onde, os canais mais finos dilatam-se formando câmaras arredondadas, tapetadas de células particular chamadas "coanócitos". Cada coanócito consiste numa célula arredondada e prolongada em gola, na base da qual está inserido um filamento protoplásmico, o flagelo. São os movimentos rítmicos dos flagelos que provocam a corrente da água através do corpo, fazendo-a sair pelos ósculos. A água, na sua passagem, fornece à esponja alimento e oxigénio, e arrasta os resíduos assimiláveis.
Além das esponjas do esqueleto fibroso, como a esponja vulgar, a maioria possui esqueleto composto de peças individualizadas, ou espículos, de natureza siliciosa ou calcária grosseiramente entrelaçadas.
A forma exterior que as esponjas podem apresentar é muito variada, como a de crosta delgada, aderente às rochas ou a algas, de massa irregular, arborescente ou não, de leque, taça, etc. É igualmente cariada a coloração, que pode ser branca, amarela, vermelha, violeta, castanha, verde e, raramente, azul.
Na sua grande maioria, as esponjas são hermafroditas. Em certas espécies, em que há separação dos sexos, os espermatozóides, libertados na água, são levados pelas correntes para uma outra esponja, dando-se a fecundação dos óvulos, a que se segue o desenvolvimento até à forma da larva. As larvas, ciliadas, nadam no mar cerca de 24 horas e, fixando-se, transformam-se em diminutas esponjas, pequeníssimas crostas, muito difíceis de ver. Noutras espécies, a fecundação é externa, sendo os óvulos e os espermatozóides libertados na água antes da fecundação. Além de se reproduzirem sexualmente, as esponjas podem multiplicar-se assexuadamente, por cissiparidade (divisão em duas partes ou binária). Em certas espécies este último processo é mais frequente, e conhecem-se casos em que as novas esponjas se formam automaticamente pela cisão do corpo.
As esponjas de água doce (Spongilla) têm uma reprodução assexuada especializada, ou gêmula. As gêmulas são esféricas e constituídas por um duplo invólucro de quitina contendo no interior uma massa informe de células; por isso, mesmo que os lagos e rios sequem ou gelem, o conteúdo das gêmulas fica intacto, o que representa uma salvaguarda para as espécies de água doce.
As esponjas de água doce são geralmente verdes, mas podem ter coloração amarela-pálida, quando vivem fora da acção da luz. A coloração verde é, na realidade, devida à presença de plantas unicelulares, que vivem nos tecidos das esponjas.
O modo de alimentação das esponjas não é perfeitamente conhecido. Supõem-se que se alimentam quer de partículas de matérias em decomposição, quer das bactérias. O que se verifica é que se desenvolvem melhor em águas poluídas por corpos em putrefacção.
Podem encontrar-se esponjas em quase todas as regiões costeiras, excepto onde haja areia; mas estas esponjas são, em geral, pequenas e de contornos irregulares. As formas mais simétricas e belas existem em águas profundas, ultrapassando os duzentos metros.
A colheita de esponjas era praticada apenas por mergulhadores sem apetrechamentos especiais e hoje são utilizados mergulhadores providos de escafandro.
Nas águas mais profundas, emprega-se uma espécie de draga, a gangava: mas nalguns sítios é feita apenas por meio de forquilhas de ramos curvos, com cabo de seis metros. Esta pesca, chamada ao espelho", pratica-se em barcos, usando baldes, cujo fundo é substituído por um vidro, que permite ver até à profundidade de dez metros.
No decorrer dos últimos 50 a 60 anos, fizeram-se numerosos ensaios com o fim de cultivar as esponjas em parques, baseando-se em que elas podiam ser cortadas em pequenos fragmentos, cada um dos quais daria uma nova esponja. A idéia basilar era colocar cada fragmento sobre pedras dispostas em fila no fundo do mar. Em teoria o caso é possível, mas as dificuldades práticas são inúmeras. 
 As esponjas são animais multicelulares, de organização	muito primitiva, vivendo agregadas em colónias. Alguns 	têm esqueleto mole de espongina, utilizáveis de vários 	modos pelo homem, outras apresentam esqueleto duro, 	calcário ou silicioso.]
CELENTERADOS
O filo do Celenterados abrange animais de tão grande diversidade de aspecto com as hidras de água doce, os hedróides marinhos, que lembram musgos, as delicadas medusas e as frágeis anémonas, assim com os corais, tão semelhantes às rochas. Dois factores que lhe são comuns distinguem-nos nitidamente de todos os outros animais: O corpo formado por dois folhetos e a existência de células urticantes. O corpo é um simples saco com uma única abertura, cuja parede tem apenas duas camadas de células, a ectoderme, externa, e a endoderme, interna, às quais se interpõe uma camada sem estrutura celular, a mesogleia. Para os Celenterados, a designação de animais diploblásticos, ou com dois folhetos. Este facto diferencia-os realmente de todos os outros animais, quer se trate de Vermes, Crustáceos, Insectos, Moluscos e Vertebrados, cujos corpos se edificam a partir de três folhetos fundamentais e se designam animais triploblásticos.
Nos Celenterados, os dois folhetos mantém-se individualizados durante toda a existência, ao passo que, nos animais triploblásticos, os três folhetos são apenas reconhecíveis, em geral, no embrião, porque perdem a sua individualidade precocemente, em virtude da multiplicidade e complexidade dos órgãos aos quais dão origem.
Células urticantes
O segundo ponto pelo qual os Celenterados se distinguem de todos os animais consiste na existência de células com nematocistos, também chamadas células urticantes, devido ao facto de o veneno que produzem causar efeito comparável ao dos pêlos das urtigas.
Ainda que todos os Celenterados, excepto os Ctenóforos, as possuam, a sua acção é mais conhecida por intermédio das medusas, cujo contacto produz a sensação de queimadura, que toda a gente receia e procura evitar. Certas espécies tropicais podem provocar até acidentes fatais.
As células urticantes (nematoblasto ou cnidoblastos), estão distribuídas por toda a superfície da medusa, principalmente nos tentáculos que cercam a boca. Cada uma contém o chamado nematocisto, uma pequena vesícula cheia de líquido urticante, na qual um longo filamento oco está enrolado em hélice. A célula da ectoderme possui na extremidade um curto estilete, o qual, sendo tocado, se contrai e provoca o desenrolamente do filamento helicoidal; este projecta-se violentamente, perfurando os tecidos do animal ao seu alcance e inoculando-lhe o líquido urticante. Se é animal pequeno, o veneno, penetrando-lhe no corpo, paralisa-o e pode mesmo matá-lo.
Tal como as medusas, as anémonas do mar, os corais, e outros animais com eles aparentados, apesar do seu aspecto inofensivo, dos hábitos sedentários, das cores maravilhosas e formas fascinantes, não deixam de ser como fortalezas submarinhas, eriçadas de uma artilharia mortal, constituindo ameaça constante para todos os pequenos seres que nadam nas proximidades.
Alternância de gerações
Entre os numerosos seres que vivem nos rochedos e se vêem na baixa-mar, considerados como pequenas algas, há os Hidróides. Exemplos: Sertularia e Obelia. Cada haste, e suas ramificações, é composta de muitos segmentos articulados, dispostos em ziguezague. Cada um deste termina por um cálice contendo um pequeno pólipo, semelhante a uma flor delicada, que pode expandir-se para o exterior ou retrair-se por completo para dentro do cálice. Cada um destes pequenos pólipos é absolutamente idêntico a uma hidra de água doce, a qual, tem vida independente.

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