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116 CAPÍTULO 6 CENTRO DE GRAVIDADE – 1ª PARTE APRESENTAÇÃO Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo! Neste módulo vamos aprender a localizar a resultante do peso de um corpo e a sua dependência com a forma e a constituição dos mesmos. E é muito importante este estudo, uma vez que o peso é uma força presente em todos os projetos de engenharia, pois tudo está sujeito ao campo gravitacional da Terra. Vamos começar a trabalhar? Bom estudo! OBJETIVOS Ao final deste módulo, espera-se que você seja capaz de: Compreender o conceito de centro de gravidade; Compreender, sob quais condições de simetria, a localização do centro de gravidade de um sólido é determinada pela posição do centro de gravidade da área de sua seção transversal; Localizar as coordenadas do centro de gravidade de áreas compostas. 1. INTRODUÇÃO A localização do centro de gravidade de um corpo (c.g.) é a aplicação de uma representação equivalente de um sistema, cujas forças envolvidas são pesos de partes que compõem este corpo, como mostra a figura 1. Vamos lembrar as características das representações (ou sistemas) equivalentes, para que possamos trabalhar com elas? 117 Duas representações de um sistema de forças serão equivalentes se possuírem simultaneamente: A mesma força resultante, isto é, ambas possuem com mesmo módulo, direção e sentido; e O mesmo momento em relação ao mesmo ponto escolhido do corpo. A localização do c.g. consiste na localização de um único ponto, em relação ao qual o momento total do sistema, devido ao peso, é nulo, uma vez que neste ponto observa-se apenas o efeito do peso total do corpo, como vemos na figura 1. Fig.1 – À esquerda: um corpo de peso é visto como um mosaico de pedaços, com pesos . Fig.1 – À direita: o sistema equivalente mostra o c.g. do corpo sob a ação apenas do peso . Vamos mostrar que as coordenadas e são obtidas a partir do momento total do sistema em relação à origem dos eixos (ponto O). Como os dois sistemas mostrados na figura 1são equivalentes, ambos possuem o mesmo momento em relação ao ponto O. Este fato conduz às seguintes relações, para as coordenadas e vistas na figura 1: 118 Veja a demonstração deste resultado na seção 2, a seguir. 2. DEFINIÇÃO DE CENTRO DE GRAVIDADE Considere um corpo de peso , sem nenhuma restrição na sua forma ou material, ou seja, um corpo qualquer de peso . Vamos dividir este corpo em pequenos pedaços, de pesos , alguns dos quais mostramos na figura 2. Fig. 2 - O corpo de peso é formado por um mosaico de pedaços de pesos . Fonte: Próprio autor Os pesos de todos os pedacinhos do corpo formam um sistema de forças não concorrentes no espaço, a ser devidamente analisado e simplificado. 2.1 Análise inicial do sistema 119 Força resultante do sistema Vamos calcular a força resultante que atua sobre o corpo, proveniente dos pesos de todos os pedaços do mesmo. Temos que Momento total do sistema em relação ao ponto O (origem). Inicialmente, vamos calcular o momento do peso do i-ésimo pedacinho em relação ao ponto O. A figura 3 mostra que este pedacinho situa-se no ponto de coordenadas e possui momento em relação a O igual a: Fig. 3 - O peso i-ésimo pedaço possui momento em relação aos eixos X e Y Fonte: Próprio autor O momento total dos pesos de todos os pedacinhos que formam o corpo, em relação ao ponto O, é dado por: 120 Reescrevendo de forma mais sintética, teremos: 2.2 Simplificação do sistema O conjunto constituído pelos pesos de todas as partes que compõem o corpo é um sistema de forças que se reduz apenas à força resultante. Isto significa que este sistema de forças produz sobre um único ponto, devidamente calculado, apenas o efeito da força resultante. A resultante das forças é o peso do corpo e o ponto onde esta força atua sozinha é o centro de gravidade do corpo. Veja este sistema equivalente na figura 4. Fig. 4 - O centro de gravidade do corpo é o ponto de atuação do peso total P Fonte: próprio autor Indicamos: : abscissa do centro de gravidade (cg) do corpo : ordenada do centro de gravidade (cg) do corpo Alguns autores utilizam também a notação e para indicar, respectivamente, a abscissa e a ordenada do centro de gravidade. 121 Atenção! É importante você compreender que o sistema equivalente da figura 4 obedece à seguinte condição: O momento da resultante em relação ao ponto O é igual ao momento total dos pesos de todas as partes do corpo em relação ao ponto O. Observando a figura 4, podemos escrever que: e, como teremos: Igualando entre si componentes de mesma direção, teremos: , de onde obtemos: e também: de onde obtemos: Tais relações 122 fornecem, respectivamente, a abscissa e a ordenada do centro de gravidade do corpo de peso total . 3. CARACTERÍSTICAS DAS COORDENADAS DO CENTRO DE GRAVIDADE a) Os valores de e dependem do sistema de eixos cartesianos aos quais eles se referem. Vamos comprovar isso com um exemplo simples. Exemplo 1: Considere uma placa retangular, homogênea, isto é, constituída por um material único, de espessura desprezível e lados e . Sabemos, pela experiência quotidiana, que o centro de gravidade deste corpo, nessas condições, situa-se no ponto de encontro das diagonais da sua seção transversal retangular, como observamos na figura 5. Fig.5 - Centro de gravidade de uma placa retangular delgada e homogênea Fonte: próprio autor Entretanto, observe na figura 6, que a leitura das coordenadas e não é única! Fig.6 - Os valores de e dependem da posição dos eixos coordenados 123 Fonte: próprio autor Mas atenção! Distância e coordenada são grandezas distintas. A distância do centro de gravidade de um corpo às suas bordas é um parâmetro fixo deste corpo. Entretanto, os valores das coordenadas do centro de gravidade dependem do sistema de eixos cartesianos aos quais se referem. Sempre fique atento à posição dos eixos coordenados, quando for calcular as coordenadas do centro de gravidade de um corpo. b) Não existe torque do peso de um corpo em relação a nenhum eixo que passe pelo seu centro de gravidade. Vimos que e que, onde: : está diretamente associado ao momento total do peso em relação ao eixo E 124 : corresponde ao momento total do peso em relação ao eixo Observe que, na figura 6b, temos Como Vemos que ou seja, a componente de é igual a zero. Isso é verdade pois, na figura 6b, não há torquedo peso em relação ao eixo porque este eixo passa pelo centro de gravidade da placa. Da mesma forma, temos na figura 6c que . Como Então isto é, a componente de é nula. Logo, não há torque do peso em relação ao eixo porque este eixo passa pelo centro de gravidade da placa, como mostra a figura 6c. Importante! O que acabamos de verificar para os eixos e pode ser estendido para qualquer eixo que passe pelo centro de gravidade de um corpo. Se um eixo passa pelo centro de gravidade de um corpo, então, não há torque do peso em relação a este eixo. E isto é muito importante, pois é o que define a posição do centro de gravidade de um corpo! O centro de gravidade de um corpo é o ponto em relação ao qual o momento total devido ao peso é nulo! 125 O que acabamos de dizer pode ser observado na foto da figura 7. O centro de gravidade passarinho de plástico está situado na extremidade do bico. Sendo assim, não existe momento do seu peso em relação a este ponto. Isso permite que ele seja sustentado apenas pelo seu bico, com estabilidade, uma vez que ele não tende a girar em torno do mesmo. Fig. 7 - O passarinho é sustentado através do apoio no seu centro de gravidade. Fonte: próprio autor E mais, o centro de gravidade de um corpo não se situa, necessariamente, sobre ele! Observe a figura 8, onde localizamos o centro de gravidade de um anel homogêneo. Fig. 8 - O centro de gravidade do anel se situa sobre o seu centro geométrico Fonte: próprio autor 126 c) Se um corpo, constituído ou não por um único material, possui um eixo de simetria ou um plano de simetria, então, seu centro de gravidade se situa sobre este eixo ou plano. Considerações de simetria são muito úteis em engenharia. Fique sempre atento para a existência desta condição, antes de efetuar os cálculos para localizar o centro de gravidade de um corpo. Exemplo 2: Considere duas placas elípticas de espessura desprezível (figura 9a) e dimensões iguais, sendo a primeira constituída por 50% de madeira e 50% de aço, distribuídos conforme mostra a figura 9b e a segunda homogênea (figura 9c). Ambas também possuem em comum, o eixo de simetria indicado. Fig. 9 - O centro de gravidade sempre se situa sobre o eixo de simetria Fonte: próprio autor Observe que, enquanto na figura 9c, o cg se localiza no centro geométrico do corpo homogêneo, na figura 9b, o centro de gravidade permanece sobre o eixo de simetria, mas se desloca para a esquerda, pois o aço é um material mais denso que a madeira. 127 Mas, e quanto à coordenada , isto é, a cota do centro de gravidade do corpo? É óbvio que, com a orientação dos eixos coordenados indicada nas figuras 2, 3 e 4, o peso não possui momento em relação ao eixo Z, uma vez que esta força possui esta direção! Entretanto, podemos girar os eixos coordenados (sem ferir a orientação do sistema cartesiano), como mostramos na figura 10. Fig.10 - O peso na direção de Y define a coordenada do centro de gravidade Fonte: próprio autor Desta forma, o momento do i-ésimo pedacinho do corpo em relação ao ponto O é dado por: escrevendo novamente que teremos: 128 A igualdade das componentes na direção de X fornece a coordenada do centro de gravidade. Assim as coordenadas do centro de gravidade de um corpo qualquer podem ser escritas como: 4. CENTRO DE GRAVIDADE DE ÁREAS Considere um sólido homogêneo, de massa M, densidade constante, altura (ou espessura) constante para qualquer ponto da área A da sua seção transversal, como mostra a figura 11. Fig. 11 – Sólido homogêneo com altura e seção transversal A Fonte: próprio autor Vamos mostrar para você que nas condições acima, sólido homogêneo e de espessura constante para qualquer ponto da área de sua seção transversal, seu centro de gravidade se situa sobre o plano transversal que o divide ao meio e suas coordenadas passam a depender apenas da forma da área da seção transversal. 129 Os sólidos mostrados na figura 12 possuem ambos, altura (espessura) ε, mesma área A da seção transversal e são homogêneos, isto é, cada um deles é feito de um único material. Fig.12 - Os dois sólidos possuem mesma seção transversal A e altura ε Fonte: próprio autor Nossa experiência quotidiana nos diz que o centro de gravidade de ambos se situa sobre o plano que divide os corpos ao meio, à distância de ε/2 do solo, como indicado na figura 13. Fig. 13 - O plano indicado contém o centro de gravidade de ambos os sólidos Fonte: próprio autor 130 Entretanto, como as formas das áreas das seções transversais são diferentes, seus respectivos centros de gravidade se situam em posições diferentes, determinadas pela forma da área da seção transversal, como mostra a figura 14. Dizemos que os centros de gravidade destes sólidos se situam no centro de gravidade da área da seção transversal e sobre o plano que divide o sólido ao meio. Fig.14 - A posição do centro de gravidade do sólido depende da forma da área da seção transversal Fonte: próprio autor Sendo assim, trabalharemos efetivamente apenas para obter as coordenadas do centro de gravidade da área da seção transversal, pois a terceira coordenada já está automaticamente determinada, sobre o plano que divide o sólido ao meio. Atenção! Mas não se esqueça! O que acabamos de dizer só é válido para um sólido homogêneo com densidade constante e altura (ou espessura) constante para qualquer ponto da área A da sua seção transversal. Vamos adaptar as relações obtidas anteriormente, referentes às coordenadas e , para as condições que temos agora. Sabemos que as relações 131 São válidas para qualquer caso. Considere agora o sólido da figura 15, homogêneo com peso total , densidade constante e altura (ou espessura) constante para qualquer ponto da área A de sua seção transversal. Indicamos também um pedacinho qualquer deste corpo com peso , localizado no ponto de coordenadas e e com seção transversal de área . Fig. 15 - Qualquer pedacinho deste corpo possui densidade e altura Fonte: próprio autor O peso de cada pedacinho pode ser escrito: Através do produto de sua massa pela aceleração da gravidade: A massa por sua vez, é igual ao produto da densidade do material pelo seu respectivo volume : E o volume é o produto da área da seção transversal pela sua respectiva altura : 132 O peso total do corpo de massa total pode ser escrito de forma semelhante: Substituindo e nas expressões de e e utilizando o fato de que todos os pedacinhos possuem a mesma altura e a mesma densidade, obtemos: portanto, e, da mesma forma, Observe que as hipóteses de densidade e altura constantes permitiram simplificações,que nos conduziram a novas relações para e em função apenas da área da seção transversal. Observe a figura 16 e compreenda o significado dos elementos existentes nas relações que acabamos de obter para e . Fig. 16 - A área é formada pelas seções transversais dos pedaços que compõem o sólido homogêneo, de altura constante. Fonte: próprio autor 133 Deve-se observar que: É o número de áreas que compõem a área total É o valor da i-ésima área que compõe a área É a abscissa do centro de gravidade da área É a ordenada do centro de gravidade da área Podemos ter , observando que, se , então, e os somatórios e se tornam as integrais e , ambas calculadas sobre a área . Vamos resolver agora alguns exemplos sobre centro de gravidade de áreas. Utilizaremos, por enquanto, apenas formas geométricas triviais, cujas posições dos centros de gravidade são familiares. Exemplo 3: Obtenha as coordenadas do centro de gravidade da seção T mostrada na figura 17. Fig. 17 – Seção transversal em T de uma peça tridimensional 134 Fonte: próprio autor Atenção! Toda a solução do problema se refere ao sistema de eixos cartesianos apresentado na figura 17. Observamos inicialmente, que esta área possui um eixo de simetria vertical, que divide a área em duas partes iguais, determinado pela reta , como mostra a figura 18. De acordo com as características do centro de gravidade de um corpo no item 3 – letra c, o centro de gravidade da área situa-se sobre este eixo. Portanto, este eixo de simetria já nos fornece a coordenada Fig. 18 – O eixo de simetria determina a coordenada Fonte: próprio autor Precisamos obter a coordenada do centro de gravidade. A seção T é formada por duas seções retangulares indicadas na figura 19 e o centro de gravidade de cada uma delas se situa sobre o ponto de encontro das diagonais do retângulo. 135 Fig. 19 – Duas áreas compõem a área da seção T Fonte: próprio autor Teremos e será igual a: Representamos o resultado na figura 20. Fig. 20 – A seção T possui o centro de gravidade em Fonte: próprio autor 136 É muito importante você compreender que: O cálculo das coordenadas do centro de gravidade é uma média ponderada das coordenadas dos centros de gravidade das áreas individuais, na qual o fator de ponderação é o valor das áreas que formam a área Sendo assim, o centro de gravidade sempre se situa mais próximo da região onde temos mais área. Lembre-se: mais área mais massa mais peso! E mais, confira na figura 21: A seção T é a seção transversal que contém o centro de gravidade de um sólido. Este sólido é homogêneo, de espessura constante e a seção T se situa sobre um plano que o divide ao meio. O centro de gravidade é o ponto sobre o qual atua a linha de ação da resultante do peso P do corpo. Logo, não existe torque do peso P em relação ao centro de gravidade. Fig. 21 – A seção T, o centro de gravidade e a força P do peso do sólido. Fonte: próprio autor 137 Exemplo 4: Determine as coordenadas do centro de gravidade da área indicada na figura 22. Fig. 22 - O círculo de raio foi removido da área retangular Fonte: próprio autor Neste exemplo, vamos aprender como trabalhar com áreas que contêm regiões vazias. A figura 22 mostra uma seção retangular, da qual removemos um círculo de raio igual a na posição indicada. Sendo assim, a região é uma área composta pelo retângulo e pelo círculo com . Observamos ainda na figura 23, que a região possui um eixo de simetria horizontal sobre a reta de equação . Isso significa que já determinamos a coordenada da região. Fig. 23 - O eixo de simetria horizontal determina a coordenada 138 Fonte: próprio autor Será necessário calcularmos apenas a coordenada da área. Atenção! Todas as vezes que você for remover uma área dentro de uma região, primeiro preencha completamente a referida região e, só depois, remova a área referente à porção vazia observada. Coordenada O problema envolve as duas áreas mostradas na figura 24. Fig. 24 - As duas áreas do problema localizadas em relação aos eixos cartesianos. Fonte: próprio autor 139 As informações das áreas 1 e 2 são: Área 1 Área 2: Importante! Você observou o sinal negativo no valor da área ? Isso se deve ao fato de ser a área uma região vazia ou removida da área . Se a área foi retirada, significa que a massa correspondente foi removida do corpo! Fique atento! Este procedimento deve ser adotado sempre que houver uma região removida no interior de uma área. A coordenada da área dada será determinada pela média ponderada das abscissas dos centros de gravidade das áreas individuais. Teremos então: Temos o centro de gravidade sobre o eixo de simetria e, obviamente, na região onde , uma vez que a maior parte da área, e portanto da massa, se concentra nessa região, como podemos conferir na figura 25. Fig. 25 – A localização das coordenadas do centro de gravidade da área. 140 Fonte: próprio autor 5 - COORDENADAS DO CENTRO DE GRAVIDADE DE FORMAS GEOMÉTRICAS COMUNS Podemos localizar a posição do centro de gravidade de qualquer área, de forma regular ou não, através do cálculo por integração direta. Este é o procedimento que fundamenta os resultados das tabelas de centros de gravidade que encontramos nos livros. As relações que obtivemos Tornam-se: 141 Onde mostramos na figura 26: Área retangular infinitesimal dentro da região limitada entre o eixo e , no intervalo . = área total da região Abscissa do centro de gravidade da área Ordenada do centro de gravidade da área Fig. 26 – As coordenadas do centro de gravidade da região entre podem ser determinadas por integração direta Fonte: próprio autor Você encontrará exemplos do cálculo das coordenadas do centro de gravidade por integração na bibliografia de referência, indicada no final deste módulo. 5.1 Coordenadas do centro de gravidade da área semicircular de raio . Pode-se provar, através da integração direta, que o centro de gravidade do semicírculo de raio se situa sobre o seu eixo de simetria e à distância de da sua linha do diâmetro, como indicamos na figura 27. 142 Fig. 27 – Localização do centro de gravidade do semicírculo de raio R Fonte: próprio autor Atenção! Observe que fornecemos apenas a posição do centro de gravidade em relação às bordas da área e não as coordenadas deste ponto. Você é que vai transformar essa informação em abscissa ou ordenada, de acordo com a necessidade de cada caso, como veremos no exemplo 5 a seguir. Exemplo 5: Determineas coordenadas do centro de gravidade da área indicada na figura 28. Fig. 28 – Região composta por um retângulo e dois semicírculos 143 Fonte: próprio autor A região da figura 28 é uma composição de três áreas indicadas, separadamente, na figura 29: uma área retangular (área 1) e duas semicirculares (áreas 2 e 3). Fig. 29 – As áreas 1, 2 e 3 em relação ao sistema de eixos. 144 Fonte: próprio autor Observe que analisamos separadamente as áreas que compõem uma região, mas não alterarmos a posição dessas áreas em relação aos eixos coordenados estabelecidos inicialmente. As coordenadas dos centros de gravidade de cada uma das áreas e da região como um todo, devem ser lidas em relação ao mesmo sistema cartesiano de referência. Observe a figura 29 e confira as informações das áreas 1, 2 e 3: Área 1: Área 2: 145 Área 3: Observe que, nas áreas 2 e 3, a informação da distância do centro de gravidade até a linha do diâmetro foi utilizada, tanto na obtenção de , quanto de , respectivamente Agora vamos reunir as informações das áreas 1, 2 e 3 em uma única média ponderada, para obtermos as coordenadas e da área A, da figura 28. Atenção! Observe que essas coordenadas são compatíveis com a forma da área apresentada na figura 28. Tente localiza-las na área dada! Temos mais área, isto é, mais massa, à esquerda do que à direita. Isso nos mostra que, de fato, devemos ter , como foi obtido. Temos mais área na porção inferior do que na superior da região. Isso é compatível com o valor de , que deve ser . 146 Essa análise prévia é muito útil e permite que você saiba o que esperar, antes de obter as coordenadas do centro de gravidade de um corpo. 5.2 Coordenadas do centro de gravidade da área triangular Vamos considerar inicialmente o triângulo retângulo de lados e da figura 30. Lembre-se que um triângulo possui três alturas, cada uma referente a um de seus lados. Pode-se provar através da integração direta, que a distância do centro de gravidade até qualquer um dos lados do triângulo é igual a da altura relativa a esse lado. Confira essa informação na figura 30: A: é a altura relativa ao lado B B: é a altura relativa ao lado A H: altura relativa ao lado C Fig. 30 – A posição do centro de gravidade do triângulo em relação aos seus lados. 147 Fonte: próprio autor É importante você observar que no triângulo retângulo acima: é obtida sobre uma altura vertical, relativa a um lado horizontal do triângulo. é obtida sobre uma altura horizontal, relativa a um lado vertical do triângulo. Se uma dessas condições não estiver presente na área triangular, faremos uma montagem de triângulos retângulos para restaurar a condição ausente, se for necessário. Exemplo 6: Determine as coordenadas do centro de gravidade da área indicada na figura 31. Observe que temos a altura vertical (12cm) relativa ao lado horizontal do triângulo (15cm). Isso significa que a coordenada será obtida diretamente da figura 31. Entretanto, não temos a altura horizontal relativa a um lado vertical do triângulo, para obtermos a coordenada . Sendo assim, faremos uma montagem para determinar esta coordenada. Fig. 31 – A seção é um triângulo escaleno 148 Fonte: próprio autor Coordenada : A distância de B ao eixo X, igual a 12 cm, é a altura do triângulo relativa ao lado OA de 15cm. Logo, dividindo essa altura em 3 partes iguais e observando que a região de maior área se concentra no terço inferior, concluímos que: Nesse caso, a distância coincide com a coordenada, como mostra a figura 32. Fig. 32 – O cg da área se situa sobre um ponto da reta horizontal 149 Fonte: próprio autor Coordenada : O lado OA, de 15 cm, não é altura do triângulo relativa a um lado vertical do mesmo. Vamos fazer a montagem de dois triângulos retângulos indicada na figura 33, pois assim obtemos alturas horizontais relativas a lados verticais. Localizaremos as abscissas das áreas 1 e 2 e a coordenada da área proposta será a média ponderada de e . Fig. 33 – A montagem das áreas e a área Fonte: próprio autor 150 Dividindo ambas as alturas (catetos) horizontais em 3 partes iguais e observando na figura 34, que a região de maior área se concentra no último terço, à direita, tanto em e , teremos: Área : Área Fig. 34 – As coordenadas e dos centros de gravidade de e . Fonte: próprio autor A coordenada é dada por: Veja a localização do centro de gravidade da área na figura 35. Fig. 35 – Representação das coordenadas do centro de gravidade da área 151 Fonte: próprio autor Apresentamos a seguir a Tabela 1, com as informações sobre a posição do centro de gravidade de áreas com formas geométricas comuns. TABELA 1 - Posição do Centro de Gravidade FORMA DA ÁREA POSIÇÃO DO CG OBSERVAÇÃO Retângulo de lados A e B O cg se situa no ponto de encontro das diagonais Triângulo de lados A, B e C A distância do cg até um lado do triângulo é igual a 1/3 da altura relativa a este lado. 152 Círculo de raio R O cg se situa sobre o centro geométrico da área. Quadrante de círculo de raio R O cg se situa sobre o eixo de simetria, à distância de 0,424R dos lados retos da área. Semicírculo de raio R O cg se situa sobre o eixo de simetria, à distância de 0,424R da linha do diâmetro. Área limitada por uma parábola e um segmento de reta O cg se situa sobre o eixo de simetria, à distância de do vértice da parábola. Área da região: Fonte: próprio autor 153 6. SÍNTESE Neste módulo, construímos o conceito de centro de gravidade de um corpo qualquer de peso P: ele é o ponto em relação ao qual o momento do peso é nulo. Vimos que, sob condições de simetria adequadas, a forma da área da seção transversal de um sólido determina a localização do seu centro de gravidade. Mostramos que as coordenadas do centro de gravidade de uma área composta A são obtidas através da média ponderada das coordenadas dos centros de gravidade das áreas, preenchidas e vazias, que compõem a área A. Destacamos a importância da determinação da abscissa ou da ordenada do centro de gravidade de uma área, sempre observando o sistema de eixos cartesianos dado no problema. Apresentamos na tabela 1, apenas a posição do centro de gravidade dentro de cada área. A conversão dessa informação em coordenadas deverá ser feita em cada caso, de acordo com a necessidade do problema.Agora, avalie se você conseguiu assimilar bem todos eles, pois, caso contrário, é importante que você retorne ao texto, para rever os tópicos que não ficaram claros. 7. REFERÊNCIAS BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R. Mecânica Vetorial para Engenheiros: estática. 5. ed. rev. São Paulo: Makron Books, c1991. BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R.; EISENBERG, E. R. Mecânica Vetorial para Engenheiros: estática. 7. ed. Rio de Janeiro: McGrawHill, c2006. 154 HIBBELER, R.C. Estática: Mecânica para engenharia. 10. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, c2005. HIBBELER, R.C. Estática: Mecânica para engenharia. 12.ed. São Paulo: Pearson, 2011. SHAMES, I. H. Estática: Mecânica para engenharia. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
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