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Introdução ao Direito DESTINATÁRIO E CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. Normas Jurídicas........................................................................................................................2 1.1 Destinatários.........................................................................................................................2 1.2. Classificação e forma de expressão da norma jurídica......................................................2 Exercícios ...................................................................................................................................... 6 Gabarito ........................................................................................................................................ 7 Resumo ......................................................................................................................................... 7 2 Introdução Dando continuidade aos estudos das normas jurídicas veremos que a classificação das normas jurídicas é de extrema importância para analisar a estrutura do direito, influências, princípios, tipos e formas de legislar e seus destinatários. Conhecê-los é importante, pois só assim poderemos compreender a sua imperatividade (ou seja, obediência à lei), bem como seu autorizamento (possibilidade de um de seus destinatários, no caso um lesado, obter de terceiros o cumprimento ou reparação do mal que lhe foi causado). Ainda, conheceremos as suas classificações o que nos auxiliará durante a utilização da norma jurídica, além de facilitar nossos estudos. Objetivos • Conhecer os destinatários da norma jurídica; • Classificar a norma jurídica. 1. Normas Jurídicas 1.1. Destinatários A norma jurídica enuncia um “dever ser”, ordenando aos seus destinatários que o que ali se dispõe deve ser observado. Assim, podemos dizer que o destinatário natural da ordem jurídica é o homem, regulando o comportamento dos indivíduos, as atividades de entidades sociais e de grupos. Assim, as normas podem ser gerais, valendo para um grupo, ou individuais. Mas como existem normas jurídicas de caráter instrumental, acerca de estrutura e organização, e disciplina de processos e procedimentos, ela pode se dirigir ao Estado em si e aos seus órgãos, e também ainda a outras normas jurídicas. 1.2. Classificação e forma de expressão da norma jurídica Podemos dividir as normas jurídicas em: a) normas de conduta, cuja finalidade é disciplinar atividades e comportamentos na sociedade; e b) normas de organização, que tem natureza instrumental, estabelecendo o funcionamento e a estrutura de órgãos, além de disciplinar procedimentos e processos de aplicação de outras normas jurídicas. 3 EXEMPLO Nos exemplos anteriores, é possível verificar a imposição de um dever objetivo, que deve ser feito. No entanto, sua realização não depende de fato disciplinado pela norma jurídica que tem por efeito gerar determinada consequência. Nas normas jurídicas de organização, não se evidencia um juízo hipotético propriamente dito, mas sim, o um dever disciplinado pelo ordenamento jurídico a ser observado ou cumprido. IMPORTANTE! Não devemos nos esquecer também da classificação introduzida por Hans Kelsen, de normas primárias e normas secundárias, onde a norma primária enuncia uma sanção e a norma de segundo plano fixa o que deve ou não ser feito (segundo o renomado filósofo, normas de conduta são normas de primeiro grau, ou primárias, enquanto que as normas instrumentais são normas secundárias ou de segundo grau). Cabe ressaltar que tanto a estrutura da norma jurídica de conduta ou de organização, se apresenta sob a forma de proposição enunciativa, que deve ser seguida de forma objetiva e obrigatória, não permitindo assim sua declaração de nulidade ou anulabilidade do ato. Vejamos alguns exemplos de normas jurídicas de organização, presentes na Constituição Federal, cujos destinatários são os órgãos do Estado ou que ainda fixam atribuições e competências: Art. 18, §1º - Brasília é a Capital Federal. Art. 20, I – São bens da União os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos. Art. 22, II – Compete privativamente à União legislar sobre desapropriação. Art. 24, II – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre orçamento. 4 Agora, passaremos a estudar outras formas de classificação das normas jurídicas, baseadas nos seus elementos estruturantes: 1. Quanto à imperatividade Nesta categoria as normas jurídicas se subdividirão em: a) Normas cogentes ou de ordem pública: também chamadas de normas de imperatividade absoluta, proíbem ou ordenam algo totalmente, não podendo ser modificadas pelas partes; b) Normas dispositivas: também chamadas de normas de imperatividade relativa, permitem uma ação ou uma abstenção, não ordenando nem proibindo de modo absoluto. Podem ainda suprir declaração de vontade não existente. 2. Quanto ao autorizamento: Nesta categoria, as normas jurídicas se subdividirão em: a) Normas mais que perfeitas: sua violação permite a aplicação de sanções; a nulidade do ato praticado/ retorno ao status quo anterior; ou aplicação de pena ao violador da norma. b) Normas perfeitas: sua violação autoriza uma declaratória de nulidade ou anulabilidade do ato. c) Normas menos que perfeitas: sua violação permite somente a aplicação de sanção àquele que a desrespeitou. d) Normas imperfeitas: sua violação não acarreta consequências jurídicas. Um exemplo são as dívidas decorrentes de jogo. IMPORTANTE! Ao utilizar-se da estrutura lógica da norma, Norberto Bobbio, filósofo italiano, traz, em sua Teoria da Norma Jurídica, uma classificação das normas jurídicas (Figura 01). Para o jurista, a norma jurídica é aquela cuja execução é garantida por uma sanção externa e institucionalizada. Repare que: Normas perfeitas não permitem a aplicação de sanção. Normas menos que perfeitas não permitem a declaração de nulidade anulabilidade do ato. Não permite a declaração de nulidade ou anulabilidade do ato. 5 01 Norberto Bobbio, filósofo italiano. Sua classificação separa as normas jurídicas em categóricas e hipotéticas. Normas categóricas são obrigações simples, que devem ser seguidas incondicionalmente, enquanto que as normas hipotéticas são obrigações condicionadas, prescrições que devem ser seguidas caso se verifique determinada condição. IMPORTANTE! As normas jurídicas contrárias à lógica e a verdade tendem a ser ignoradas por seus destinatários. Pois embora, nosso ordenamento adote como tradição jurídica, a Civil Law, que permite ao legislador ser o protagonista do direito, sequer pode este em razão de seu relevante papel, descurar do hábito, da tradição ou do costume ao legislar. 6 Exercícios 1. (DPE/SP – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2012) Na classificação das normas jurídicas proposta por Norberto Bobbio, em sua obra Teoria da Norma Jurídica, encontra-se a distinção formal entre anorma que estabelece que uma determinada ação deve ser cumprida quando se verifica certa condição e a norma que estabelece que uma determinada ação deve ser cumprida. Estas normas são chamadas, respectivamente: a) Norma indefinida e norma definida. b) Norma categórica e norma eficaz. c) Norma hipotética e norma categórica. d) Norma indefinida e norma hipotética. e) Norma categórica e norma hipotética. 2. (DPE/SP – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2010) Em sua teoria da norma jurídica, Norberto Bobbio distingue as sanções jurídicas das sanções morais e sociais. Segundo esta distinção, a sanção jurídica, diferentemente da sanção moral, é sempre uma resposta de grupo e, diferentemente da sanção social, a sanção jurídica é regulada em geral com as mesmas formas e através das mesmas fontes de produção das regras primárias. Para o autor, tal distinção oferece um critério para distinguir, por sua vez, as normas jurídicas das normas morais e das normas sociais. Considerando-se este critério, pode-se afirmar que são normas jurídicas as normas cuja execução é garantida por uma sanção. a) Interna e não-institucionalizada. b) Interna e institucionalizada. c) Externa e não-institucionalizada. d) Interna e informal. e) Externa e institucionalizada. 3. Dita o art. 814 do Código Civil: “As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito”. Trata-se de uma norma: a) Perfeita. b) Mais que perfeita. c) Imperfeita. d) Menos que perfeita. 7 Gabarito 1. Resposta correta: c). Como explicado, as normas hipotéticas são obrigações condicionadas e as normas categóricas são obrigações simples, que devem ser seguidas incondicionalmente. 2. Resposta correta: e). Pois para Bobbio a norma jurídica é aquela cuja execução é garantida por uma sanção externa e institucionalizada. 3. Resposta correta: c). Como o próprio artigo de lei dita, tal dívida não pode ser cobrada judicialmente, portanto, trata-se de norma de autorizamento imperfeita. Resumo Nesta apostila, seguimos nossos estudos no tópico da norma jurídica. Primeiramente, aprendemos sobre os seus destinatários, verificando que a mesma é feita para os indivíduos e a sociedade, bem como para a regulação do Estado, fazendo uma ligação com as normas de conduta e normas de organização. Depois, vimos algumas classificações das normas jurídicas, separando-as quanto a sua imperatividade e autorizamento. Vimos que as normas podem ser divididas quanto à imperatividade em Normas cogentes ou de ordem pública, que proíbem ou ordenam algo totalmente e não podem ser modificadas pelas partes e normas dispositivas: que permitem uma ação ou uma abstenção, não ordenando nem proibindo de modo absoluto. Na classificação quanto ao autorizamento, as normas jurídicas se subdividem em normas mais que perfeitas, cuja violação permite a aplicação de sanções; normas perfeitas, cuja violação autoriza uma declaratória de nulidade ou anulabilidade do ato; normas menos que perfeitas, cuja violação permite somente a aplicação de sanção àquele que a desrespeitou e normas imperfeitas, cuja violação não acarreta consequências jurídicas. Norberto Bobbio criou sua própria Teoria da Norma Jurídica separando a classificação das normas em categóricas e hipotéticas ensinando que as normas categóricas são comuns a todos e devem ser seguidas, enquanto as normas hipotéticas só devem ser cumpridas mediante hipótese do indivíduo se enquadrar em determinada condição. 8 Referências bibliográficas CASAGRANDE, Cássio. No Brasil, há leis que ‘não pegam´. Ainda bem! Disponível em <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/o-mundo-fora-dos-autos/no-brasil-ha-leis-que-nao-pegam- ainda-bem-28052018>. Acesso em; 06/05/2019 às 17h15min. FIGUEIREDO, Fábio Vieira. Coleção Concursos: técnico e analista: questões comentadas – São Paulo: Saraiva, 2014. Disponível em: <www.lelivros.love>. Acesso em: 12/02/2019 às 15h42min. FIGUEIREDO, Leonardo Vizeu. Teoria da norma jurídica: princípios e regras – distinções e intersecções. Disponível em: <http://genjuridico.com.br/2016/12/06/teoria-da-norma-juridica-principios-e-regras-distincoes-e- intersecoes/>. Acesso em: 01/03/2019 às 10h50min. GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução à ciência do direito. 6ª ed. reestruturada. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1973. REALE, Miguel. Lições preliminares do Direito. 27ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2002. Disponível em: <www.lelivros.love>. Acesso em: 11/02/2019 às 08h00. Referências imagéticas Figura 01: Norberto Bobbio. WIKIPEDIA. Disponível em: <https://it.wikipedia.org/wiki/File:Norberto_bobbio.jpg>. Acesso em: 28/02/2019 às 17h00.
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