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REDUÇÃO DOS EFEITOS DA IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO URBANO POR MEIO DE DISPOSITIVOS DE INFILTRAÇÃO

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS 
COORDENAÇÃO DA ÁREA DE CONSTRUÇÃO CIVIL 
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REDUÇÃO DOS EFEITOS DA IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO URBANO 
POR MEIO DE DISPOSITIVOS DE INFILTRAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso para Graduação em Tecnologia 
 
 
 
 
 
 
Márcio Paim Pamplona Fernandes 
Dezembro - 2010
 
 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS 
COORDENAÇÃO DA ÁREA DE CONSTRUÇÃO CIVIL 
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REDUÇÃO DOS EFEITOS DA IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO URBANO 
POR MEIO DE DISPOSITIVOS DE INFILTRAÇÃO 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
apresentado para conclusão do Curso Superior 
de Tecnologia em Construção de Edifícios da 
Coordenação da Área de Construção Civil no 
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, 
CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS – 
IFG, para obter o grau de Tecnólogo. 
 
 
Márcio Paim Pamplona Fernandes 
 
 
 
Goiânia, Dezembro de 2010
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha catalográfica elaborada pelo Bibliotecário Alisson de Sousa B. Santos CRB-1/2.266 
Biblioteca Professor Jorge Félix de Souza, 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
F3911r 
 
 Fernandes, Márcio Paim Pamplona. 
 Redução dos efeitos da impermeabilização do solo urbano por meio de 
dispositivos de infiltração / Márcio Paim Pamplona Fernandes – Goiânia, 2010. 
 79 p. : il. 
 
 Orientadora: Profa. Dra. Jussanã Milograna. 
 
 TCC (Conclusão de Curso) – Coordenação da Área de Construção Civil, 
Curso de Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios, Instituto Federal 
de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás. 
 
 
 1. Urbanização - inundações. 2. Impermeabilização do solo. 3. Poço de 
infiltração. I. Milograna, Jussanã (orientadora) II. Instituto Federal de 
Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Curso Superior de Tecnologia em 
Construção de Edifícios. 
 CDD 627 
 
 
 
REDUÇÃO DOS EFEITOS DA IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO URBANO 
POR MEIO DE DISPOSITIVOS DE INFILTRAÇÃO 
 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO aprovado para obtenção de Grau de Tecnólogo 
do Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios do INSTITUTO FEDERAL DE 
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS, pela banca formada por: 
 
 
Goiânia, 04 de Dezembro de 2010. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
_______________________________________________ 
Prof.ª Dra. Jussanã Milograna - IFG 
Orientadora 
 
 
 
_______________________________________________ 
Prof.º MSc. Antônio Henrique Capuzzo Martins - IFG 
Examinador Interno 
 
 
 
_______________________________________________ 
Prof.ª MSc. Fernanda Posch Rios - IFG 
Examinadora Interna 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta conquista à minha 
amada esposa Lidiane, as nossas 
filhas Amanda e Beatriz e aos 
meus queridos pais, Valdemar e 
Lionilda. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Agradeço ao meu Senhor e meu Deus pela possibilidade de encerrar esta graduação, 
apesar de algumas dificuldades enfrentadas no caminho, mas todos que participam da minha 
vida encontraram-se saudáveis. Obrigado Senhor. 
 
 Lembro aqui também de todos os meus professores que me auxiliaram na aquisição 
dos conhecimentos necessários à minha aprendizagem e a minha evolução como ser humano e 
profissional, ético e comprometido. Obrigado a todos. Cabe um agradecimento especial a 
minha orientadora Jussanã Milograna por ter aceitado o desafio de me auxiliar nesta etapa tão 
importante, obrigado. Não posso esquecer-me dos colegas de sala, quantas dificuldades e 
superações. 
 
 Agradeço a todos os profissionais da ELETROBRAS Furnas Centrais Elétricas S.A. 
pelos ensaios por eles realizados e por terem me proporcionado uma convivência sadia e um 
aprendizado estimável. Lembro-me também dos colegas estagiários e dos desafios superados. 
Valeu. 
 
 Agradeço a minha sogra Maria Celeste e meu sogro Luiz Carlos por fazerem o 
máximo possível para preencher a minha ausência no ambiente familiar, quando das aulas e 
atividades acadêmicas. Meu muito obrigado por tudo. 
 
 Não poderia esquecer que este sonho não era só meu, meus queridos pais, Valdemar e 
Lionilda sonharam com isso muito antes de mim. Aqui estou, realizei o nosso sonho, agradeço 
a vocês por acreditarem e me apoiarem sempre. Amo vocês! 
 
 Meus agradecimentos se encerram por reconhecer que as minhas dificuldades só foram 
vencidas graças ao apoio da minha amada esposa Lidiane, que cuidou de mim e de tudo para 
que eu tivesse sucesso nesse objetivo que, tenho certeza, era nosso. Nesse tempo nossa filha 
Amanda cresceu, a Beatriz nasceu e tudo foi maravilhoso, amo muito vocês. Desculpe-me 
pela ausência que se fez necessária. Obrigado meu amor por tudo possível e até impossível 
que você fez por nós. 
 
 
 
RESUMO 
 
A urbanização com ocupação desordenada do solo resulta em construções nas áreas 
ribeirinhas, naturalmente propícias a cheias, que juntamente com o processo de 
impermeabilização da superfície do solo são os principais responsáveis pelas inundações 
urbanas. A ocupação indevida e a impermeabilização do solo acabam por reduzir 
drasticamente a infiltração da água no solo, aumentando assim o volume de água que escoa 
pelas superfícies até o encontro com os elementos da rede de drenagem clássica, que por sua 
vez, transfere o volume de água, como também, os problemas causados pelas inundações para 
jusante da bacia hidrográfica. Este trabalho teve o objetivo de analisar as condições de 
escoamento de uma parcela urbana e escolher, dentre as alternativas de dispositivos 
compensatórios para o controle dos impactos da impermeabilização do solo, uma que se 
adequasse a uma situação real. Para o estudo de caso o dispositivo que julgou-se melhor 
adaptado a área de uma parcela urbana, foi o poço de infiltração que apresentou as 
características ideais para tal. Para o dimensionamento do poço foram realizados ensaios em 
campo e laboratoriais para identificar as características físicas locais tais como o tipo de solo e 
sua respectiva capacidade de infiltração de água, e a vazão do escoamento natural do terreno. 
Assim foi estabelecido um sistema de controle que utiliza poços de infiltração os quais foram 
dimensionados para três diferentes situações de impermeabilização: 100%, 85% e 15% da 
área total do lote. O dimensionamento resultou em um sistema de poços de infiltração capazes 
de remeter a vazão de pico ao nível de pré-urbanização em todas as situações estudadas. Os 
resultados mostraram a capacidade do poço de infiltração em contribuir para a atenuação da 
ocorrência das inundações urbanas e a consequentemente redução das perdas econômicas e de 
vidas humanas decorrentes desses eventos. 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-Chaves: Urbanização; Impermeabilização do solo; Inundações; Controle na fonte; 
Dispositivos compensatórios; Poço de infiltração. 
 
 
ABSTRACT 
 
Urbanization with disorderly occupation of the ground results in construction in riparian areas 
naturally prone to flooding, which along with the process of sealing the soil surfaceare the 
main cause of urban flooding. The occupation and improper sealing of the soil eventually 
drastically reduce water infiltration into the soil, thus increasing the volume of water that 
flows over the surfaces until the encounter with the elements of classical drainage network, 
which in turn transfers the amount of water but also the problems caused by flooding 
downstream watershed. This study aimed to analyze the flow conditions of a share of urban 
and choose among the alternatives of compensation arrangements for controlling the impacts 
of soil sealing, one that suited to a real situation. To study if the device was deemed best 
suited to a share of urban area, was the infiltration pit that had the ideal characteristics for this. 
For the sizing of the well tests were conducted in field and laboratory to identify the physical 
locations such as soil type and their suitability for water infiltration, runoff and flow of the 
land. Thus was established a control system that utilizes infiltration wells which were 
designed for three different situations of sealing: 100%, 85% and 15% of the total area of the 
lot. The design resulted in a system of infiltration wells capable of referring the discharge 
peak at the pre-urbanization in all situations studied. The results showed the capacity of the 
infiltration pit to contribute to the mitigation of the occurrence of urban flooding and 
consequently reducing the economic losses and human lives resulting from these events. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Key words: Urbanization; Waterproofing soil, floods, control at source; compensatory 
devices; Well infiltration. 
 
 
ÍNDICE DE FIGURAS 
 
Figura 
 
Página 
Figura 2.1 Ciclo hidrológico e volumes de fluxos anuais, baseados na precipitação anual na 
superfície da terra, aproximadamente 119.000 km³/ano. ......................................................... 21 
Figura 2.2 Relevo de uma bacia hidrográfica e as entradas e saídas de água: p é a precipitação; 
et é a evapotranspiração e rs é o escoamento. .......................................................................... 23 
Figura 2.3 Exemplo de uma bacia hidrográfica delimitada sobre um mapa topográfico. ........ 23 
Figura 2.4 Tipos de chuva. ....................................................................................................... 24 
Figura 2.5 Características de um pluviômetro. ......................................................................... 25 
Figura 2.6 Composição típica do solo. ..................................................................................... 26 
Figura 2.7 Ciclo do escoamento superficial em áreas impermeabilizadas. .............................. 31 
Figura 2.8 Componentes do escoamento dos cursos de água. .................................................. 32 
Figura 2.9 Curva de vazão (hidrograma) registrada em uma seção de um curso de água devida 
a uma precipitação ocorrida na bacia hidrográfica. .................................................................. 35 
Figura 2.10 Perfil de um curso de água sob precipitação ocorrida na bacia hidrográfica. ....... 36 
Figura 2.11 Grau de urbanização segundo as grandes regiões do Brasil – 1991/2000. ........... 39 
Figura 2.12 Hidrogramas antes e após a urbanização. ............................................................. 39 
Figura 2.13 Processos que ocorrem numa área urbana. ........................................................... 40 
Figura 2.14 Poço de infiltração................................................................................................. 47 
Figura 2.15 Vista panorâmica de um valo de infiltração. ......................................................... 48 
Figura 2.16 Trincheira de infiltração integrando à paisagem urbana. ...................................... 48 
Figura 2.17 Em a) Tipo de pavimento intertravado; e b) Pavimento com preenchimento de 
grama (concregrama). ............................................................................................................... 49 
Figura 2.18 Telhado verde. ....................................................................................................... 50 
Figura 2.19 Reservatórios. ........................................................................................................ 50 
Figura 2.20 Em a) Vista panorâmica de uma bacia de detenção. ............................................. 51 
Figura 3.1 Localização Geográfica da Parcela Urbana. ........................................................... 55 
Figura 3.2 Locação dos pontos de realização do ensaios no terreno. ....................................... 56 
Figura 3.3 Esquema da montagem final do ensaio de infiltração. ............................................ 59 
Figura 3.4 Materiais utilizados no ensaio de infiltração. .......................................................... 60 
Figura 3.5 Cravação dos anéis do ensaio de infiltração. .......................................................... 61 
 
 
Figura 3.6 Montagem final do ensaio de infiltração. ................................................................ 61 
Figura 3.7 Início do ensaio de infiltração. ................................................................................ 62 
Figura 4.1 Curvas dos ensaios de infiltração. ........................................................................... 70 
Figura 4.2 Poço de infiltração................................................................................................... 74 
 
 
 
ÍNDICE DE TABELAS 
 
Tabela 
 
Página 
Tabela 2.1 A água na Terra. ..................................................................................................... 20 
Tabela 2.2 Classificação das partículas que compõe o solo de acordo com o diâmetro. ......... 28 
Tabela 2.3 Pressões de saturação do vapor de água em função da temperatura. ...................... 30 
Tabela 2.4 Etapas do estudo das características da bacia hidrológica. ..................................... 37 
Tabela 2.5 Causas e efeitos da urbanização sobre as inundações urbanas. .............................. 40 
Tabela 2.6 Medidas estruturais extensivas. .............................................................................. 42 
Tabela 2.7 Medidas estruturais intensivas. ............................................................................... 43 
Tabela 2.8 Importância relativa de restrições à implantação e operação das técnicas. ............ 52 
Tabela 2.9 Vocação e possibilidades das técnicas. ................................................................... 53 
Tabela 3.1 Ensaios e Normas da ABNT. .................................................................................. 63 
Tabela 3.2 Valores do Coeficiente de escoamento (C). ........................................................... 64 
Tabela 3.3 Intensidade pluviométrica (mm/h) em Goiânia / GO para duração de 5 minutos. . 65 
Tabela 4.1 Dados obtidos durante a realização do ensaio de infiltração pelo método dos 
cilindros concêntricos no ponto 01. .......................................................................................... 69 
Tabela 4.2 Dados obtidos durante a realização do ensaio de infiltração pelo método dos 
cilindros concêntricos no ponto 02. .......................................................................................... 70 
Tabela 4.3 Ensaio de Determinação do Teor de Umidade do Solo – NBR 6457/1986 ........... 71 
Tabela 4.4 Classificação Granulométrica – NBR 6502/1995................................................... 71 
Tabela 4.5 Simulação de dimensionamento de poços de infiltração. ....................................... 73 
 
Tabela A 1 Ensaio de Determinação do Teor de Umidade do Solo – NBR 6457/1986. .......... 81 
Tabela A 2 Ensaio de Determinação da Massa Específica – NBR 6508/1984. ....................... 82Tabela A 3 Ensaio de Limite de Plasticidade – NBR 7180/1984. ............................................ 83 
Tabela A 4 Ensaio de Limite de Liquidez – NBR 6459/1984. ................................................. 83 
Tabela A 5 Análise Granulométrica com Sedimentação com Defloculante – NBR 7181/1984.
 .................................................................................................................................................. 84 
Tabela A 6 Classificação Granulométrica – NBR 6502/1995. ................................................. 84 
Tabela A 7 Vantagens e inconvenientes das medidas compensatórias. ................................... 86 
Tabela A 8 Características necessárias à inserção das técnicas compensatórias. ..................... 89 
 
 
Tabela A 9 Uso do Solo da Parcela Urbana. ............................................................................ 93 
Tabela A 10 Tabela I: Parâmetros urbanísticos – Afastamentos. ............................................. 95 
Tabela A 11 Tabela II: Balanço máximo sobre os recuos obrigatórios. ................................... 96 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE DE EQUAÇÕES 
 
Equação Página 
 
Equação 3.1 Vazão máxima. ................................................................................................... 64 
Equação 3.1 Volume de aporte. ............................................................................................... 66 
 
 
LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIAÇÕES E SIGLAS 
 
" Polegada 
# Abertura da Peneira 
% Porcentagem 
°C Grau Celsius 
A Área 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ABRH Associação Brasileira de Recursos Hídricos 
apud Citado por 
atm Atmosfera 
CA Caracterização 
cm Centímetro 
cm/h Centímetro por hora 
DCT.C Departamento de Apoio e Controle Técnico - Construção 
Dra. Doutora 
et al Entre outros 
FAE Fundação de Assistência ao Estudante 
g Grama 
g/cm³ Grama por centímetro cúbico 
ha Hectare 
I Intensidade pluviométrica 
I Taxa de infiltração 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IFG Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás 
IP Índice de plasticidade 
IP Índice de plasticidade 
IPH Instituto de Pesquisas Hidráulicas 
ISC Índice de Suporte Califórnia 
IT Instruções de Trabalho 
k Taxa de decaimento 
km² Quilômetro quadrado 
LABS.C Laboratório de Mecânica dos Solos - Construção 
 
 
 
LP Limite de plasticidade 
m Metro 
m/h Metro por hora 
m/s Metro por segundo 
m² Metro quadrado 
m³ Metro cúbico 
m³/s Metro cúbico por segundo 
mH2O Milímetros de água 
min Minuto 
ml Mililitro 
mm Milímetro 
mm/h Milímetro por hora 
MS Mecânica dos solos 
NBR Norma Brasileira 
Org. Organizador 
Q Vazão 
s Segundo 
s.d. Sem data 
t Tempo 
tC Tempo de concentração 
TCC Trabalho de conclusão de curso 
tR Tempo de retorno 
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
w Umidade 
γ Peso específico 
ρs Massa específica real dos grãos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Capítulo Página 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 17 
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................... 18 
1.1.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 18 
1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 18 
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 20 
2.1 CICLO HIDROLÓGICO .............................................................................................. 20 
2.2 BACIA HIDROGRÁFICA ............................................................................................ 22 
2.3 PRECIPITAÇÕES ......................................................................................................... 24 
2.4 INFILTRAÇÃO ............................................................................................................. 26 
2.4.1 Grandezas características da infiltração .................................................................. 27 
2.4.2 Fatores intervenientes da infiltração ......................................................................... 28 
2.5 EVAPOTRANSPIRAÇÃO ............................................................................................ 29 
2.5.1 Grandezas características da evapotranspiração .................................................... 29 
2.5.2 Fatores intervenientes da evapotranspiração ........................................................... 30 
2.6 ESCOAMENTO SUPERFICIAL ................................................................................. 31 
2.6.1 Grandezas características do escoamento superficial ............................................. 32 
2.6.2 Fatores intervenientes do escoamento superficial .................................................... 33 
2.6.3 O Hidrograma ............................................................................................................. 34 
2.7 DRENAGEM URBANA ................................................................................................ 36 
2.7.1 Conceitos ...................................................................................................................... 36 
2.7.2 Princípios para elaboração de planos diretores de drenagem ................................ 38 
2.8 IMPACTOS DA URBANIZAÇÃO .............................................................................. 38 
2.9 CHEIAS EM ÁREAS URBANAS ................................................................................ 41 
2.9.1 Inundações ................................................................................................................... 41 
2.9.2 Medidas para controle de inundações ....................................................................... 42 
2.9.2.1 Medidas Estruturais ................................................................................................... 42 
2.9.2.2 Medidas não-estruturais ............................................................................................. 43 
2.10 MEDIDAS COMPENSATÓRIAS NO CONTROLE DAS INUNDAÇÕES ............ 44 
2.10.1 Classificação das técnicas compensatórias ............................................................... 45 
 
 
2.10.2 Atuação das técnicas compensatórias ....................................................................... 45 
2.10.2.1 Poços de infiltração e injeção .................................................................................. 46 
2.10.2.2 Valas de detenção e infiltração ................................................................................ 47 
2.10.2.3 Trincheiras de detenção e infiltração ....................................................................... 48 
2.10.2.4 Pavimentos permeáveis ............................................................................................ 49 
2.10.2.5 Telhados armazenadores .......................................................................................... 49 
2.10.2.6 Reservatórios de armazenamento e reuso ................................................................ 50 
2.10.2.7 Bacias de detenção e retenção.................................................................................. 50 
2.11 ANÁLISE DA VIABILIDADE DAS TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS ............... 51 
3 METODOLOGIA ........................................................................................55 
3.1 LOCALIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO ............................. 55 
3.2 ESCOLHA DO DISPOSITIVO DE INFILTRAÇÃO ................................................ 56 
3.3 ENSAIO DE INFILTRABILIDADE DO SOLO ........................................................ 57 
3.3.1 Medição da infiltrabilidade ........................................................................................ 59 
3.3.1.1 Materiais utilizados .................................................................................................... 59 
3.3.1.2 Seqüência de execução .............................................................................................. 60 
3.4 ENSAIO DE TEOR DE UMIDADE E CARACTERIZAÇÃO DO SOLO .............. 62 
3.5 VERIFICAÇÃO DO NÍVEL DO LENÇOL FREÁTICO ......................................... 63 
3.6 ESTIMATIVA DA VAZÃO MÁXIMA PRÉ-URBANIZAÇÃO .............................. 63 
3.7 DIMENSIONAMENTO DO POÇO DE INFILTRAÇÃO ......................................... 65 
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................... 69 
4.1 RESULTADO DO ENSAIO DE INFILTRABILIDADE ........................................... 69 
4.2 RESULTADO DO ENSAIO DE TEOR DE UMIDADE E CARACTERIZAÇÃO 
DO SOLO ................................................................................................................................ 71 
4.3 RESULTADO DA VERIFICAÇÃO DO NÍVEL LENÇOL FREÁTICO ................ 71 
4.4 CÁLCULO DA VAZÃO MÁXIMA PRÉ-URBANIZAÇÃO .................................... 72 
4.5 CÁLCULO DO VOLUME DE APORTE .................................................................... 72 
4.6 DIMENSIONAMENTO DO POÇO DE INFILTRAÇÃO EM DIFERENTES 
SITUAÇÕES ........................................................................................................................... 73 
4.7 DETALHAMENTO DO POÇO DE INFILTRAÇÃO ............................................... 74 
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................. 75 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 77 
 
 
APÊNDICE A - PLANILHAS DO ENSAIOS REALIZADOS EM 
LABORATÓRIO .............................................................................................. 80 
ANEXO A - CRITÉRIOS DE ESCOLHA DE TÉCNICAS 
COMPENSATÓRIAS ....................................................................................... 85 
ANEXO B – PARÂMETROS URBANÍSTICOS DA PARCELA URBANA
 ............................................................................................................................. 92 
17 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Desde os primórdios o homem modifica o meio em que vive. Uma dessas 
modificações é a urbanização, processo no qual áreas são estruturadas resultando em 
aglomerações de edificações e pessoas dando origem aos grandes centros urbanos. O 
crescimento das cidades é um fator positivo para o desenvolvimento de uma sociedade, 
contudo deve-se trabalhar a fim de minimizar os efeitos prejudiciais deste processo. 
Onde antes se tinha grandes áreas verdes permeáveis hoje há um aglomerado de 
edificações que prejudicam a captação das águas pluviais e sua infiltração no solo. 
Conseqüentemente não ocorre a alimentação do lençol freático e o volume de água excedente 
escoa pelas sarjetas e pavimentos asfálticos até desaguar a jusante em rios da cidade. 
A grande vazão e velocidade das águas associada a uma ineficaz rede de drenagem 
pluvial acarretam enchentes localizadas, erosões e assoreamento dos rios. 
Segundo Tucci (2003), o crescimento urbano das grandes cidades ganha força com a 
urbanização descontrolada de regiões com loteamentos irregulares em risco. Isto torna cada 
vez mais freqüente a ocorrência de inundações urbanas. A quantidade de água que chega aos 
condutos e canais tem sido intensificada pela própria impermeabilização do solo que acelera o 
escoamento, resultando em freqüentes alagamentos nas cidades. A velocidade com que a água 
chega ao canal é superior ao tempo de escoamento para jusante aumentando cada vez mais a 
ocorrência de enchentes nas ruas e avenidas. As inundações urbanas ocorrerem comumente 
em bacias pequenas de até 100 km² e o fator responsável é a impermeabilização do solo. 
A freqüência dos alagamentos na cidade de Goiânia-Goiás foi o grande motivador do 
desenvolvimento deste estudo que busca a análise de dispositivos compensatórios à 
impermeabilização dos solos, como alternativas de controle das vazões aproximando-as dos 
níveis de pré-urbanização. 
As medidas compensatórias de controle na fonte atuam sobre pequenas áreas como 
lotes, praças, e passeios, com o intuito de agir sobre as causas do aumento da vazão. Podem 
ser usados pavimentos permeáveis, trincheiras de infiltração e reservatórios residenciais, que 
aumentam a infiltração da água no solo e/ou retardam o escoamento. O reservatório 
residencial armazena temporariamente a vazão no lote, reduzindo a descarga na rede pública e 
o escoamento superficial (MOURA, 2005). 
Daí constata-se a necessidade de associar a urbanização a políticas que estabeleçam 
uma relação equilibrada entre o desenvolvimento urbano e a manutenção das características 
18 
 
originais da região, preservando as características de infiltração do solo nas condições de pré-
urbanização. 
A partir do exposto pretende-se verificar a eficácia de dispositivos de infiltração em 
nível de micro-bacia hidrológica na cidade de Goiânia. 
O presente estudo foi estruturado em seis capítulos. A seguir é apresentada uma 
descrição sucinta do conteúdo de cada capítulo que estão assim distribuídos: 
a) Capítulo 1: é apresentada a introdução do assunto com algumas considerações da 
importância do tema, seus objetivos e metodologia de estudo; 
b) Capítulo 2: referencial teórico de Hidrologia, abordando principalmente o ciclo 
hidrológico e seus componentes, o escoamento superficial, a drenagem urbana, os impactos da 
urbanização e os dispositivos de controle das enchentes; 
c) Capítulo 3: é feita a apresentação da área de estudo com sua localização e 
delimitações. É descrita também a metodologia utilizada para execução dos ensaios. 
d) Capítulo 4: apresenta os resultados obtidos nos ensaios de caracterização do solo e 
infiltrabilidade, permitindo definir o solo em estudo juntamente com sua taxa de infiltração, 
como também o nível do lençol freático; 
e) Capítulo 5: demonstração dos cálculos, dimensionamento e detalhamento do 
dispositivo de infiltração. 
f) Capítulo 6: são apresentadas as conclusões do estudo. 
 
1.1 OBJETIVOS 
 
1.1.1 Objetivo geral 
 
O presente estudo tem como objetivo geral analisar as condições de escoamento 
superficial e avaliar o potencial de um dispositivo de infiltração para o controle do mesmo 
numa parcela urbana. 
 
1.1.2 Objetivos específicos 
 
Dentre os objetivos específicos têm-se: 
a) Identificar o nível de escoamento superficial na condição de pré-urbanização em 
um lote urbano; 
19 
 
b) Correlacionar este nível com a taxa de permeabilidade da legislação vigente e os 
parâmetros relacionados ao controle do escoamento no lote; 
c) Relacionar os dispositivos compensatórios de infiltração aplicáveis a um lote; 
d) Estabelecer diretrizes para a inserção de um dispositivo de infiltração no lote; 
e) Executar o dimensionamento de um dispositivo de infiltração adequado para a 
compensação da impermeabilização do solo em nível de parcela urbana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Neste capítulo serão apresentados alguns conceitos da hidrologia com foco no ciclo 
hidrológico, abordando principalmente os seus fenômenos naturais. Há também uma 
explanação sobre o escoamento superficial, a drenagem urbana, os impactos da urbanizaçãoe 
os dispositivos de controle das enchentes, finalizando com uma revisão dos principais 
dispositivos de infiltração utilizados para controle na fonte do escoamento superficial. Este 
capítulo será referencial de informação e conhecimento para o desenvolvimento do trabalho 
em questão. 
 
2.1 CICLO HIDROLÓGICO 
 
 Á água é a substância com maior abundância na superfície da Terra presente em mais 
de 70% do globo está distribuída conforme a Tabela 2.1, sendo a única substância encontrada 
naturalmente nos três estados físicos: líquido, sólido e gasoso. Apesar de algumas ocorrências 
regionais de escassez de água, a quantidade de água no planeta hoje é a mesma de milhões de 
anos atrás. As principais utilizações da água pelo homem são para o abastecimento humano; 
irrigação; dessedentação animal; geração de energia elétrica; navegação; diluição de 
efluentes; pesca; recreação e paisagismo (COLLISCHONN; TASSI, 2010). 
 
Tabela 2.1 A água na Terra (GLEICK, 2000 apud COLLISCHONN; TASSI, 2010). 
 Percentual água do planeta (%) Percentual da água doce (%) 
Oceanos / água salgada 97 
Gelo Permanente 1,7 69 
Água subterrânea 0,76 30 
Lagos 0,007 0,26 
Umidade do solo 0,001 0,05 
Água atmosférica 0,001 0,04 
Banhados 0,0008 0,03 
Rios 0,0002 0,006 
Biota 0,0001 0,003 
 
 
A ciência que estuda a água é a Hidrologia que Meyer (1948) apud Collischonn e 
Tassi, (2010) define como sendo a ciência natural que trata dos fenômenos relativos à água 
21 
 
em todos os seus estados, de sua distribuição e ocorrência na atmosfera, na superfície terrestre 
e no solo, e da relação desses fenômenos com a vida e com as atividades do homem. 
 Garcez (2002) afirma que a Hidrologia de um local é grandemente influenciada pela 
fisiografia regional: proximidade dos oceanos; presença de montanhas; fortes declives; 
depressões; etc. 
 Segundo relataram Collischonn e Tassi (2010), há indícios da construção de canais, 
diques, barragens, condutos subterrâneos e poços ao longo do rio Indus, no Paquistão, dos rios 
Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, do Hwang Ho na China e do Nilo no Egito, há pelo menos 
5000 anos. Contudo a Hidrologia como uma ciência é recente, a concepção geral do ciclo 
hidrológico só começou a tomar forma na Renascença, século XIV, com Da Vinci e outros 
(PINTO et al., 1976). 
 O ciclo hidrológico ilustrado na Figura 2.1 é o elemento central da hidrologia. Refere-
se à troca contínua de água na hidrosfera, entre a atmosfera, a água do solo, águas 
superficiais, subterrâneas e das plantas. A energia que movimenta o ciclo hidrológico é a 
fornecida pelo sol. 
 
 
Figura 2.1 Ciclo hidrológico e volumes de fluxos anuais, baseados na precipitação anual na superfície da terra, 
aproximadamente 119.000 km³/ano (HARVEY, 2004 apud CARVALHO, 2008). 
 
22 
 
Quando considerado de forma generalizada, o volume de água compreendido no ciclo 
hidrológico é relativamente constante. Todavia, quando se considera áreas limitadas, as 
quantidades de água variam continuamente. A superabundância e a escassez de chuvas 
representam os extremos dessa variação. O ciclo hidrológico é composto de duas fases 
principais, uma atmosférica e outra terrestre. Cada uma delas inclui o armazenamento 
temporário, o transporte e a mudança do estado da água (GARCEZ, 2002). 
 Segundo Pinto et al. (1976), partindo da precipitação como ponto inicial do ciclo, que 
na realidade é fechado, parte da água precipitada não atinge o solo, seja por evaporação ou 
interceptação durante a queda. Esta última pode ocorrer pela vegetação ou obstáculos físicos 
como as edificações. Do restante que chega ao solo, parte se infiltra e após saturação da 
superfície a água começa a escoar. Também ocorre o movimento da água pela transpiração 
das plantas. Assim os principais processos constituintes do ciclo hidrológico são as 
precipitações, o escoamento superficial, a infiltração e a evapotranspiração. 
O ciclo hidrológico é tratado com ênfase na fase terrestre, onde o elemento 
fundamental é a bacia hidrográfica, de onde se iniciam análises quanto ao manejo adequado 
das águas para minimizar prejuízos, como no caso das inundações provocadas por chuvas 
intensas em áreas urbanas ou pelas cheias dos grandes rios. Relacionados a estes temas estão 
os estudos de Drenagem Urbana e de Controle de Cheias e Inundações (COLLISCHONN; 
TASSI, 2010). 
 
2.2 BACIA HIDROGRÁFICA 
 
Collischonn e Tassi (2010) definem a bacia hidrográfica como sendo a área de 
captação natural dos fluxos de água originados a partir da precipitação, que convergem para 
um único ponto de saída, denominado exutório, conforme Figura 2.2. A delimitação de uma 
bacia hidrográfica requer a definição de um curso d’água e de informações sobre o relevo da 
região. Uma bacia hidrográfica pode ser dividida em sub-bacias e cada uma das sub-bacias 
pode ser analisada como uma micro-bacia hidrográfica. 
 
23 
 
 
Figura 2.2 Relevo de uma bacia hidrográfica e as entradas e saídas de água: p é a precipitação; et é a 
evapotranspiração e rs é o escoamento (adaptado de HORNBERGER et al., 1998 apud COLLISCHONN; 
TASSI, 2010). 
 
A bacia hidrográfica é um sistema físico fechado sujeito à entrada de água por 
precipitações e saída de água por escoamento e evapotranspiração. As características de uma 
bacia estão diretamente ligadas as características físicas, quais sejam: a área, o comprimento 
da drenagem principal e a declividade. Este conjunto físico delimita a bacia como mostra a 
Figura 2.3. O potencial hídrico de uma bacia é diretamente proporcional a área da mesma, já 
que esta área multiplicada pela lâmina precipitada ao longo de um intervalo de tempo resulta 
no volume de água recebido (COLLISCHONN; TASSI, 2010). 
 
 
Figura 2.3 Exemplo de uma bacia hidrográfica delimitada sobre um mapa topográfico (COLLISCHONN; 
TASSI, 2010). 
24 
 
2.3 PRECIPITAÇÕES 
 
 As precipitações compreendem a água proveniente da condensação do vapor de água 
da atmosfera que é depositada na superfície terrestre na forma de chuva, granizo, orvalho, 
neblina, neve ou geada. A atmosfera pode ser considerada como um vasto reservatório e um 
sistema de transporte e distribuição do vapor de água. Todas as transformações aí realizadas 
têm como principal agente a energia do sol (GARCEZ, 2002). 
De acordo com Collischonn e Tassi (2010), a principal entrada de água em uma bacia 
hidrográfica se dá pelas precipitações. 
 A formação das nuvens de chuva está intimamente ligada ao movimento ascendente de 
massas de ar úmido responsáveis pelos principais tipos de chuva ilustradas na Figura 2.4, 
sendo: as frontais (ação frontal de massas), as convectivas (convecção térmica) e as 
orográficas (ação do relevo). 
 
 
Figura 2.4 Tipos de chuva (COLLISCHONN; TASSI, 2010). 
 
 As chuvas frontais resultam do encontro de duas grandes massas de ar, de diferentes 
temperatura e umidade. Caracterizam-se pela intensidade baixa e longa duração atingindo 
grandes extensões. Já as chuvas orográficas ocorrem geralmente em regiões litorâneas com 
25 
 
grandes obstáculos do relevo, que impedem a circulação de ventos quentes e úmidos forçando 
o ar a subir e condensar junto aos picos. As chuvas convectivas ocorrem pelo aquecimento de 
pequenas massas de ar em contato com as superfícies que sobem para níveis mais altos da 
atmosfera onde as baixas temperaturas condensam o vapor, formam nuvens que podem ou 
não resultar em chuvas. Caracterizam-se pela alta intensidade e pela curta duração. No Brasil 
há uma predominância de chuvas convectivas, principalmente em regiões tropicais. Os 
problemas de inundação em áreas urbanas estão, muitas vezes, relacionados às chuvas 
convectivas (COLLISCHONN; TASSI, 2010). 
 A medição das precipitações é expressa relacionando a quantidade de chuva pela 
altura de água caída e acumulada sobre uma superfícieplana e impermeável, em milímetros, 
conhecida como altura pluviométrica ou altura de precipitação. Para sua determinação são 
utilizados aparelhos chamados pluviômetros ou pluviógrafos, conforme sejam simples 
receptáculos da água precipitada ou registrem essas alturas no decorrer do tempo 
respectivamente (PINTO et al., 1976). 
 
 
Figura 2.5 Características de um pluviômetro (COLLISCHONN; TASSI, 2010). 
 
 Um dos pluviômetros mais utilizado no Brasil tem uma forma cilíndrica com uma área 
superior de captação da chuva de 400 cm², de modo que um volume de 40 ml de água 
acumulado no recipiente corresponde a um milímetro de chuva. O pluviômetro deve ser 
instalado conforme Figura 2.5, e a certa distância de casas, árvores e outros obstáculos que 
podem interferir na quantidade de chuva captada (COLLISCHONN; TASSI, 2010). 
 
26 
 
2.4 INFILTRAÇÃO 
 
 Collischonn e Tassi (2010) definem a infiltração como sendo a passagem da água por 
meio do solo, passando pelos poros por gravidade ou capilaridade e atingindo o interior do 
solo. Assim as águas provenientes das precipitações que se infiltram no solo formam a fase 
subterrânea do ciclo hidrológico. A infiltração de água no solo é importante para o 
crescimento da vegetação, o abastecimento dos aqüíferos, armazenagem de água que mantém 
o fluxo nos rios durante as estiagens, redução do escoamento superficial, redução das cheias e 
diminuição da erosão. 
 O solo é composto genericamente de materiais sólidos, líquidos e gasosos. A água que 
infiltra no solo preenche os poros antes ocupados pelo ar. A Figura 2.6 apresenta a proporção 
percentual das partes mineral, água, ar e matéria orgânica presentes no solo. 
 
 
Figura 2.6 Composição típica do solo (LEPSCH, 2004 apud COLLISCHONN; TASSI, 2010). 
 
 Aproximadamente 50% do solo é composto de material sólido, enquanto o restante são 
poros que podem ser ocupados por água e ar em proporções variáveis e complementares. As 
características do solo e a forma com que a água se movimenta e é armazenada dependem do 
tipo de partículas encontradas na sua composição. De acordo com o diâmetro as partículas de 
27 
 
um solo são classificadas em ordem crescente como argila, silte, areia fina, areia grossa, e 
pedregulhos, cascalhos ou seixos. 
 A porosidade de um solo é definida como o volume de vazios dividido pelo volume 
total do solo. A porosidade de solos arenosos varia entre 37% e 50%, enquanto a porosidade 
de solos argilosos varia entre, aproximadamente, 43% e 52%. Estes valores de porosidade 
variam bastante, dependendo do tipo de vegetação, do grau de compactação, da estrutura do 
solo (combinação arranjada das partículas) e da quantidade de material orgânico e vivo 
presentes no mesmo (COLLISCHONN; TASSI, 2010). 
 Garcez (2002) diz que o fenômeno da infiltração é definido segundo as características 
geológicas, do relevo, dos obstáculos oferecidos ao escoamento superficial, e por fim da 
presença, tipo e porte da vegetação. As fases da infiltração de água no solo são as seguintes: 
a) Fase de intercâmbio. Ocorre quando a água superficial tende a retornar à atmosfera, 
seja devido à aspiração capilar provocada pela evaporação, seja devido à transpiração das 
plantas; 
b) Fase de descida. A água submetida à gravidade supera a capilaridade e desce até 
uma camada impermeável; 
c) Fase de circulação. Com a declividade da camada impermeável e a saturação do 
solo a água escoa formando os lençóis subterrâneos. 
 As camadas do solo onde ocorrem as fases de intercâmbio e descida são denominadas 
zonas de aeração. Já as camadas em que se desenvolve a fase de circulação da água é 
chamada de zona de saturação. 
 
2.4.1 Grandezas características da infiltração 
 
 As grandezas de maior importância para o estudo da infiltração, segundo Garcez 
(2002), são: 
a) Capacidade de infiltração: é o volume máximo de água que um solo, em condições 
conhecidas, pode absorver por unidade de superfície horizontal, durante um determinado 
tempo. É expressa em milímetros por hora e caracteriza a infiltração em suas fases de 
intercâmbio e de descida; 
b) Distribuição granulométrica: é a distribuição das partículas constituintes do solo em 
função das dimensões das mesmas. A Tabela 2.2 apresenta esta classificação; 
 
28 
 
Tabela 2.2 Classificação das partículas que compõe o solo de acordo com o diâmetro (COLLISCHONN; TASSI, 
2010). 
Classificação Diâmetro (mm) 
Argila ≤ 0,002 
Silte 0,002 a 0,06 
Areia fina 0,06 a 0,2 
Areia grossa 0,2 a 2,0 
Pedregulhos ≥ 2,0 
 
 
c) Velocidade de filtração: é a relação da quantidade de água que passa por uma 
superfície filtrante pela unidade de tempo expresso em metros por segundo; 
d) Coeficiente de permeabilidade: é a velocidade de filtração em um solo saturado, 
quando se tem um escoamento com perda de carga unitária a certa temperatura. Este 
coeficiente estabelece a maior ou menor resistência que cada solo saturado oferece ao 
escoamento de água em seus interstícios. É expressa em centímetros por segundo. A 
permeabilidade depende estreitamente da porosidade, granulometria e da forma dos grãos; 
e) Suprimento específico: é o volume de água máximo que se pode extrair de um solo 
saturado por meio de drenagem natural, expressa em porcentagem; 
f) Retenção específica: é o volume de água máximo retido por adesão ou capilaridade 
no solo, após submissão a processo de drenagem natural, expressa em porcentagem. 
 
2.4.2 Fatores intervenientes da infiltração 
 
 Garcez (2002) relaciona alguns fatores intervenientes à infiltração conforme abaixo: 
a) O tipo de solo, observado a porosidade, o tamanho das partículas e o estado de 
fissuração determinam diretamente a capacidade de infiltração; 
b) O cultivo, a existência e o tipo de vegetação atuam também como fator 
determinante da infiltração; 
c) Presença de substâncias coloidais. Solos de granulometria muito fina têm partículas 
coloidais que quando úmidas expandem e diminuem a infiltração, e quando seca, surgem 
fissuras que por sua vez aumentam a infiltração; 
d) Grau de umidade do solo. Solo seco tem capacidade de infiltração maior que solos 
com maior umidade; 
e) Ação de animais que escavam o solo; 
29 
 
f) Presença de ar nas camadas inferiores e necessidade de expulsão do mesmo pela 
água de infiltração; 
g) Viscosidade da água em função da temperatura. 
 
2.5 EVAPOTRANSPIRAÇÃO 
 
 A evapotranspiração é o conjunto dos processos de evaporação e transpiração, onde a 
evaporação é o processo de transferência de água líquida para vapor diretamente de 
superfícies líquidas, como lagos, rios, reservatórios, poças e gotas de orvalho. Já a 
transpiração envolve a retirada da água do solo pelas raízes das plantas que a transferem em 
forma de vapor para a atmosfera por meio dos estômatos das folhas (PINTO et al., 1976). 
 O ar atmosférico é composto de gases entre os quais está o vapor de água. A 
quantidade de vapor de água que o ar pode conter é limitada, e é denominada concentração de 
saturação. A concentração de saturação de vapor de água no ar varia de acordo com a 
temperatura do ar e quando o ar acima de um corpo de água está saturado de vapor, o fluxo de 
evaporação se encerra. 
 Segundo Pinto et al. (1976), para a evapotranspiração ocorrer é necessário que: 
a) A água líquida esteja recebendo energia suficiente para evaporar, a energia pode ser 
recebida por radiação ou por convecção. 
b) O ar acima da superfície líquida não esteja saturado de vapor de água. 
 
2.5.1 Grandezas características da evapotranspiração 
 
 Ainda segundo Pinto et al. (1976) para o estudo da evapotranspiração as grandezas de 
maior importância são: 
a) Perda por evapotranspiração: é a quantidade de água evaporada por unidade de área 
horizontal durante certo intervalo de tempo. É comumente medida em alturado líquido que 
evapotranspirou, expressa em milímetros; 
b) Intensidade de evapotranspiração: é a velocidade com que se processam as perdas 
por evapotranspiração, expresso em milímetros por hora. 
 
 
30 
 
2.5.2 Fatores intervenientes da evapotranspiração 
 
 Os fatores que intervêm na evapotranspiração podem ser divididos em fatores relativos 
à atmosfera ambiente denominado de poder evapotranspirante da atmosfera, e à própria 
superfície evapotranspirante, caracterizando a sua aptidão em alimentar o processo. Os 
principais fatores condicionantes do poder evapotranspirante da atmosfera são o grau de 
umidade relativa do ar e o vento, esses e outros são expostos a seguir (GARCEZ, 2002): 
a) Grau de umidade relativa do ar: é a relação entre a quantidade de vapor de água 
presente e a quantidade saturada do vapor no mesmo volume de ar, expresso em porcentagem. 
Quanto maior o grau de umidade menor a evapotranspiração; 
b) Vento: a ocorrência de ventos aumenta a evapotranspiração por afastar massas de ar 
de elevado grau de umidade; 
c) Temperatura: o aumento da temperatura permite maior evapotranspiração por 
assegurar maior quantidade de vapor de água num mesmo volume de ar, ao se atingir a 
saturação do ar. Na Tabela 2.3 podemos verificar que para cada elevação de 10ºC na 
temperatura a pressão do vapor de água de saturação aproximadamente dobra; 
 
Tabela 2.3 Pressões de saturação do vapor de água em função da temperatura (GARCEZ, 2002). 
Temperatura (ºC) Pressão do vapor (atm) Pressão de vapor (mH2O) 
0 0,006 0,06 
5 0,008 0,08 
10 0,012 0,12 
15 0,017 0,18 
20 0,023 0,25 
25 0,032 0,33 
30 0,042 0,43 
40 0,073 0,76 
 
 
d) Radiação solar: a energia fornecida pelo sol é a energia motora da 
evapotranspiração e conseqüentemente do ciclo hidrológico; 
e) Pressão barométrica: apesar de discreta, quanto maior a altitude maior a 
evapotranspiração; 
f) Salinidade da água: a presença de sal reduz a intensidade da evapotranspiração, em 
números, há uma diminuição de 2% a 3% em relação à água doce; 
31 
 
g) Evaporação na superfície do solo: além de fatores citados anteriormente este evento 
depende também da umidade e natureza do solo; 
h) Evaporação na superfície da água: é inversamente proporcional à profundidade da 
massa de água; 
i) Transpiração: a luz, o calor e uma grande umidade do ar abrem os poros das folhas 
influenciando a favor da transpiração. Fatores como a umidade do solo, a natureza do solo, o 
nível do lençol freático, o regime de precipitações e finalmente a espécie da planta, sua idade 
e porte fecham os fatores intervenientes à transpiração. 
 
2.6 ESCOAMENTO SUPERFICIAL 
 
 O escoamento superficial é o processo hidrológico mais importante para a engenharia. 
Trata do volume de águas que por ação da gravidade se desloca na superfície da terra. A 
origem do escoamento está intimamente ligada às precipitações atmosféricas e é determinante 
no estudo de dois grandes fenômenos: o regime dos cursos de água e a previsão de cheias 
(GARCEZ, 2002). 
 Segundo Collischonn e Tassi (2010) o escoamento se inicia a partir de uma 
precipitação que, caindo sobre um solo saturado ou impermeável, escoa pela superfície, 
formando sucessivamente as enxurradas ou torrentes, córregos, ribeirões, rios e lagos ou 
reservatórios de acumulação. A Figura 2.7 ilustra o ciclo de escoamento superficial de áreas 
altamente impermeabilizadas. 
 
 
Figura 2.7 Ciclo do escoamento superficial em áreas impermeabilizadas (REIS; OLIVEIRA; SALES, 2005). 
 
O movimento das águas é determinado, principalmente, pelas linhas de maior declive 
da área e sofre influência de obstáculos existentes, assim tem-se o movimento de águas livres. 
De acordo com a descida da água a pontos mais baixos do solo, esta passa a escoar em uma 
micro rede de drenagem, o fluxo de água aumenta a dimensão desta micro rede resultando em 
32 
 
caminhos cada vez mais preferenciais. É dito rede de drenagem ao conjunto dos cursos de 
água, considerando os pequenos córregos formadores até o rio principal (PINTO et al., 1976). 
 Garcez (2002) afirma que basicamente, as águas das precipitações, desconsiderando a 
parte evaporada, chegam ao leito do curso de água por quatro vias: escoamento superficial, 
escoamento hipodérmico, escoamento subterrâneo e precipitação sobre a superfície líquida. 
Na análise do gráfico da Figura 2.8 se verifica que o escoamento superficial ocorre após um 
tempo do início da precipitação devido à saturação do solo e à acumulação nas depressões. O 
escoamento hipodérmico e a precipitação sobre a superfície líquida mostram-se pouco 
influentes do escoamento total do curso de água sendo normalmente incorporados ao 
escoamento superficial. Já o escoamento subterrâneo é pouco influenciado pelas precipitações 
permanecendo praticamente constante, sendo responsável pela alimentação dos cursos de 
água durante o período de estiagem. Com isso o estudo dos escoamentos se simplifica ao 
estudo do escoamento superficial. 
 
 
Figura 2.8 Componentes do escoamento dos cursos de água (PINTO et al., 1976). 
 
2.6.1 Grandezas características do escoamento superficial 
 
 As grandezas de maior importância, segundo Garcez (2002), para o estudo do 
escoamento superficial estão conceituadas abaixo: 
a) Coeficiente de deflúvio (run-off ou coeficiente de escoamento superficial): é a 
relação matemática de uma dada precipitação em um intervalo de tempo, entre a quantidade 
de água escoada por uma seção e a quantidade total de água precipitada na bacia contribuinte; 
33 
 
b) Nível da água: é a altura atingida pela água na seção considerada em relação a um 
referencial relativo, num dado intervalo de tempo; 
c) Velocidade: é a relação entre a distância percorrida pela partícula líquida em metros 
e o tempo de percurso em segundos. Distinguem-se três velocidades: média, superficial e 
pontual; 
d) Vazão: é a relação entre o volume escoado em metros cúbicos e o intervalo de 
tempo em segundos. Também pode ser obtido pelo produto da velocidade média pela área da 
seção; 
e) Módulo de deflúvio anual: é o volume total escoado em metros cúbicos no período 
de um ano; 
f) Vazão específica: é a relação entre a vazão em litros por segundo e a área da bacia 
contribuinte em metros quadrados; 
g) Altura média: é a relação entre o volume total escoado em metros cúbicos num 
intervalo de tempo e a área da bacia em metros quadrados, expressa em milímetros; 
h) Declividade da linha de água: é a relação entre a diferença de altura de dois pontos 
em metros pela distância entre os mesmos em metros, expresso em porcentagem; 
i) Tempo de concentração: É o intervalo de tempo, a partir do início da precipitação, 
para que toda a bacia considerada passe a contribuir na seção em estudo; 
j) Hidrograma: é o gráfico da distribuição da vazão na saída do exutório em função de 
um dado intervalo de tempo. 
 Das grandezas acima, somente o nível de água, a velocidade, a vazão e a declividade 
se prestam à medida direta, cabendo aos demais somente uma determinação analítica. 
 
2.6.2 Fatores intervenientes do escoamento superficial 
 
 Pinto et al. (1976) relacionaram alguns fatores intervenientes que determinam tanto as 
precipitações quanto o escoamento superficial. A quantidade de água precipitada pode ser 
influenciada pelos fatores abaixo: 
a) Pela quantidade de vapor de água na atmosfera resultante da presença de grandes 
superfícies líquidas expostas à evaporação; e 
b) Às condições meteorológicas e topográficas que favoreçam a evaporação, tais como 
temperatura, ventos, pressão e acidentes topográficos. 
Já o escoamento superficial é influenciado segundo os fatores abaixo relacionados: 
34 
 
a) Pela área da bacia de contribuição; 
b) Pela conformação topográfica da bacia: declividade e existênciade depressões 
retentoras de água; 
c) Pelo estado da superfície do solo e pela constituição geológica do subsolo: 
existência de vegetação, capacidade de infiltração do solo, a natureza e disposição das 
camadas geológicas, os tipos de rocha presentes no subsolo, e o fator de escoamento das 
rochas; 
d) A existência de estruturas de controle para utilização da água a montante: sistemas 
de irrigação ou drenagem da área, canalização ou retificação dos cursos de água, derivação de 
água na bacia e a construção de barragens. 
 Os fatores intervenientes, sejam da quantidade de água precipitada ou do escoamento 
de água, têm influência direta sobre as vazões na bacia hidrográfica. Alguns desses efeitos 
estão listados abaixo (PINTO et al., 1976): 
a) A vazão total cresce de montante para jusante proporcionalmente ao crescimento da 
área urbanizada na bacia hidrográfica; 
b) Em uma seção, as oscilações das vazões instantâneas são maiores quanto menor é a 
área da bacia hidrográfica; 
c) As vazões máximas em uma seção dependerão das precipitações. Para as bacias 
pequenas as precipitações devem ter grande intensidade e pequena duração, já nas grandes 
bacias a intensidade pode ser pequena, mas de longa duração; 
d) Uma área de contribuição dependerá mais das chuvas de alta intensidade quanto 
maior for a declividade, menores as depressões retentoras de água, mais retilíneo e mais 
inclinado for o leito do curso de água, menor a quantidade de água infiltrada e menor a área 
de cobertura vegetal; 
e) O escoamento superficial é inversamente proporcional à capacidade de infiltração e 
à interceptação de água pela vegetação, obstáculos e depressões do terreno. Incorpora-se aí 
principalmente a evapotranspiração quando considerado uma medição num longo intervalo de 
tempo. 
 
2.6.3 O Hidrograma 
 
 Uma bacia hidrográfica pode ser entendida como um sistema que transforma 
precipitações em vazão. Um gráfico que representa a variação da vazão num intervalo de 
35 
 
tempo, devido a uma precipitação ocorrida na bacia é o hidrograma, exemplificado na Figura 
2.9. A contribuição a esta variação da vazão é devida principalmente a precipitação direta na 
superfície dando origem ao escoamento superficial (COLLISCHONN; TASSI, 2010). 
 
 
Figura 2.9 Curva de vazão (hidrograma) registrada em uma seção de um curso de água devida a uma 
precipitação ocorrida na bacia hidrográfica (PINTO et al., 1976). 
 
 Pinto et al. (1976) fazem uma análise do hidrograma da Figura 2.9 conceituando todas 
as fases da precipitação e do escoamento deste evento. 
 Entre t0 até ta, fase denominada precipitação inicial, as águas são interceptadas por 
obstáculos, depressões e/ ou vegetação. Preenchidas as depressões e ultrapassada a capacidade 
de infiltração do solo, tem início o escoamento superficial. 
 O escoamento superficial aumenta entre os pontos A e B do hidrograma, onde no 
instante tb atinge valor máximo. A duração da precipitação é menor ou igual ao intervalo t0 até 
tb. 
 Terminada a precipitação em B, o escoamento superficial prossegue durante certo 
tempo e a curva de vazão vai decrescendo. Ao período BC chama-se curva de depleção do 
escoamento superficial. 
 Uma análise semelhante à que ocorre na superfície do solo no período inicial da chuva 
pode ser feita também para o curso d’água, conforme ilustrado na Figura 2.10. No início da 
precipitação os níveis da água e do lençol estão respectivamente na posição MO e N. A água 
infiltrada no solo eleva o nível do lençol freático até atingir o nível máximo em PS. Ao 
36 
 
mesmo tempo, em função do escoamento superficial, o nível da água na seção passa de N para 
R. 
 
 
Figura 2.10 Perfil de um curso de água sob precipitação ocorrida na bacia hidrográfica (PINTO et al., 1976). 
 
 No hidrograma da Figura 2.9 a linha tracejada AEC representa a vazão correspondente 
ao lençol de água. Para efeitos práticos, a linha representativa da contribuição da água do 
lençol subterrâneo ao curso de água é a reta AC. Designa-se curva de depleção do escoamento 
subterrâneo ao trecho a partir de C, corresponde a diminuição da vazão do curso de água que 
é alimentado exclusivamente pela água subterrânea. 
 
2.7 DRENAGEM URBANA 
 
2.7.1 Conceitos 
 
 Segundo Tucci (1993), o estudo dos processos hidrológicos em ambientes urbanizados 
é chamado de hidrologia urbana, onde a drenagem urbana é o elemento central de controle das 
águas precipitadas. Em princípio a rede de drenagem é o conjunto de dispositivos que visam 
remover as águas pluviais em excesso da superfície até o seu retorno aos rios. O resultado é a 
redução dos efeitos desencadeantes das inundações, diminuindo os riscos a que a população 
está sujeita e os prejuízos, possibilitando o desenvolvimento urbano de forma harmônica, 
articulada e sustentável. 
 A drenagem urbana se inicia nas edificações por meio dos coletores pluviais até a 
sarjeta, onde esta também recebe a parcela superficial do escoamento das ruas, calçadas, 
pátios e outras áreas impermeáveis ou permeáveis saturadas. As águas da sarjeta são coletadas 
por bocas de lobo e passam por uma rede de condutores e canais até chegar aos principais 
sistemas compostos de pequenos rios ou ribeirões compondo o que se conhece atualmente 
37 
 
pelos “sistemas clássicos” de drenagem das águas pluviais. Esses sistemas se baseiam nas 
teorias higienistas que datam do século XIX. 
 O planejamento e a execução da rede de drenagem urbana esta intimamente ligada às 
características da bacia hidrológica, sendo que o estudo desta deve seguir as etapas descritas 
na Tabela 2.4. 
 
Tabela 2.4 Etapas do estudo das características da bacia hidrológica (adaptado de TUCCI, 1993). 
Etapas do estudo 
Determinar as características da bacia 
Simular o comportamento hidrológico para condições atuais e futuras 
Identificar as possíveis medidas estruturais e não-estruturais aplicáveis na rede de drenagem 
Elaborar cenários que quantifiquem os resultados de diferentes atuações 
Delinear a várzea de inundação 
Quantificar o custo, benefícios e eficiência da aplicação do plano de drenagem 
 
 
 Alguns fatores devem ser considerados para a implantação da rede de drenagem, tais 
como: 
a) O desenvolvimento de uma política para o setor que gerencie os objetivos e os 
meios que serão utilizados para atingi-los; 
b) Uma lei de uso do solo urbano que estabeleça diretrizes necessárias às ocupações, 
principalmente a de várzeas de inundação; 
c) Planejamento que contemple medidas de curto, médio e longo prazo em toda a 
bacia; 
d) Criação e veiculação de campanhas de educação e esclarecimento da opinião 
pública acerca dos problemas relacionados à água em meio urbano, promovendo a 
participação pública e a aplicação de leis e normas; 
e) Domínio tecnológico necessário para planejamento, projeto, construção, operação e 
manutenção das obras; 
A adoção de planos diretores de drenagem urbana são altamente recomendados e 
constituem estratégia essencial para obtenção de boas soluções. Estes planos devem 
possibilitar: 
a) O estudo da bacia visando soluções de grande alcance, evitando assim medidas de 
caráter restrito que apenas deslocam e agravam as inundações em outros locais; 
38 
 
b) Estabelecimento de parâmetros como o período de retorno, gabarito de pontes e 
travessias, etc; 
c) Identificação e elaboração do zoneamento das várzeas de inundação para que 
possam ser preservadas ou adquiridas pelo poder público antes que sejam ocupadas; 
d) Conformação da necessidade de implantação de medidas com os recursos 
disponíveis, privilegiando as de menor custo e maior alcance; 
e) Interação do plano de drenagem ao plano viário, transporte público, abastecimento 
de água e outros possibilitando o desenvolvimento urbano harmônico. 
f) Informação ao público da natureza,magnitude dos problemas e as soluções 
propostas. 
 
2.7.2 Princípios para elaboração de planos diretores de drenagem 
 
Tucci (1993) estabelece alguns princípios essenciais à elaboração de qualquer plano 
diretor de drenagem urbana que constituem base conceitual para todas as fases do processo. 
São eles: 
a) A rede de drenagem é um subsistema integrante de um complexo ambiente urbano 
e deve estar articulado com os outros subsistemas, possibilitando a melhoria do ambiente 
urbano; 
b) As várzeas de inundação são áreas de escoamento e armazenamento naturais 
conformadas pelo próprio rio. A preservação da mesma é uma das soluções mais baratas para 
os problemas de inundação; 
c) Todo problema de drenagem é um problema de alocação de espaço, pois com a 
eliminação do armazenamento natural por onde a água escoa, este fato deve ser considerado 
na projeção e execução de canais, galerias, desvios e outras medidas estruturais; 
d) Quantidade e qualidade da água são variáveis do mesmo problema e devem ser 
também consideradas na projeção de medidas. 
 
2.8 IMPACTOS DA URBANIZAÇÃO 
 
 A urbanização é processo resultante do êxodo rural e do desenvolvimento de uma 
determinada região, mediante disponibilidade de infraestrutura e equipamentos urbanos como 
39 
 
redes de água e esgoto. Conforme gráfico da Figura 2.11, atualmente no Brasil mais de 80% 
da população vive nas cidades. 
 
 
Figura 2.11 Grau de urbanização segundo as grandes regiões do Brasil – 1991/2000 (modificado IBGE, 2010). 
 
 Contudo a urbanização acarreta alterações no meio ambiente, dentre as quais se pode 
destacar a impermeabilização das superfícies, que altera o escoamento superficial natural das 
precipitações, conforme Figura 2.12, dificultando a infiltração da água no solo e levando ao 
aumento das vazões de pico que podem chegar a ser seis vezes maiores do que em condições 
naturais. 
 
 
Figura 2.12 Hidrogramas antes e após a urbanização (REIS; OLIVEIRA; SALES, 2005). 
40 
 
 O fluxograma da Figura 2.13 inter-relaciona os processos desencadeados pela 
urbanização e a Tabela 2.5 relaciona as causas e efeitos da urbanização sobre uma região. 
 
 
Figura 2.13 Processos que ocorrem numa área urbana (HALL, 1984 apud TUCCI, 1993). 
 
Tabela 2.5 Causas e efeitos da urbanização sobre as inundações urbanas (TUCCI, 1993). 
Causas Efeitos 
Impermeabilização Maiores picos e vazões 
Redes de drenagem Maiores picos a jusante 
Lixo Degradação da qualidade da água 
Entupimento de bueiros e galerias 
Redes de esgotos deficientes Degradação da qualidade da água 
Moléstias de veiculação hídrica 
Inundações: conseqüências mais sérias 
Desmatamento e desenvolvimento indisciplinado Maiores picos e volumes; 
Mais erosão; 
Assoreamento em canais e galerias; 
Ocupação das várzeas Maiores prejuízos 
 Maiores picos 
 Maiores custos de utilidades públicas 
41 
 
2.9 CHEIAS EM ÁREAS URBANAS 
 
 As chuvas em áreas urbanas poderiam resultar somente em cheias, que são elevações 
do nível da água, não representando, necessariamente, uma inundação. Para constituir uma 
enchente ou inundação, uma cheia deve estar associada a uma ocupação vulnerável e a 
prejuízos (MILOGRANA, 2009). 
 As precipitações que causam os maiores problemas em áreas urbanas, geralmente têm 
como características grande intensidade e pequena duração. Esses eventos e a ocupação das 
áreas sem critério, com deficiência ou até falta de planejamento, quando da ocupação 
potencializam as deficiências do sistema de drenagem. A concentração da população nessas 
áreas é um agravante, o que torna a situação dos habitantes precária e perigosa com as chuvas. 
 Os problemas relacionados ao escoamento nas áreas urbanas ainda é potencializado 
por intervenções no escoamento natural dos cursos d’água por obras mal projetadas, lixo e 
assoreamento dos mesmos. O resultado é a ocorrência de transbordamentos e empoçamentos 
ao longo dos cursos d’água, cujos impactos vão desde pequenas perdas materiais, interrupção 
no tráfego, até a perda de vidas humanas (MILOGRANA, 2009). 
 
2.9.1 Inundações 
 
 Segundo Milograna (2009), as inundações são resultado da associação de eventos 
hidrológicos com áreas ocupadas sem critério. A bacia rural caracteriza-se pela maior 
interceptação vegetal, maiores áreas permeáveis, menor escoamento superficial e drenagem 
lenta. No caso de uma bacia urbana que possui grandes superfícies impermeáveis há a 
aceleração no escoamento, por meio da canalização e da drenagem superficial. 
 A ocorrência das precipitações de grande intensidade gera um volume de água que 
escoa pela superfície até o rio, e muitas vezes, é superior a sua capacidade de drenagem, 
resultando em inundações das áreas ribeirinhas. Essas inundações trazem problemas cuja 
intensidade é proporcional à ocupação da várzea pela população, seja para habitação, 
recreação, uso agrícola, comercial ou industrial. 
 A ocupação das várzeas inundáveis é verificada historicamente quando os rios eram 
tidos como principal meio de transporte e fonte de abastecimento de água. A população 
experiente habitava locais altos aonde provavelmente o rio não chegaria. Com o 
desenvolvimento desordenado as áreas de alto risco de inundações foram habitadas a custo de 
42 
 
grandes prejuízos humanos e materiais. Em áreas urbanas estas áreas são em sua maior parte 
ocupadas por pessoas carentes agravando ainda mais a situação quando da cheia dos rios. 
 Atualmente faz-se necessária uma política para a retirada dos habitantes que ocupam 
irregularmente as áreas de risco de inundação, uma vez que a ocupação das áreas impróprias 
pode ser evitada através do planejamento e práticas do uso do solo coerentes, as quais devem 
estar inseridas no Plano Diretor das Cidades (TUCCI, 1993). 
 
2.9.2 Medidas para controle de inundações 
 
 O controle das enchentes das áreas inundáveis pode ser realizado por meio de medidas 
estruturais, que modificam o sistema fluvial evitando os prejuízos decorrentes das inundações, 
e não-estruturais que propõem melhor convivência do homem com as cheias (TUCCI, 1993). 
 
2.9.2.1 Medidas Estruturais 
 
 As medidas estruturais são obras de engenharia que reduzem as conseqüências das 
enchentes podendo ser extensivas ou intensivas. As extensivas agem na bacia, objetivando 
equilibrar a relação precipitação e vazão, como a manutenção da cobertura vegetal, que reduz 
e retarda o escoamento superficial prevenindo a erosão da bacia (TUCCI, 1993). 
 As medidas intensivas que, por sua vez, agem nos rios estão assim divididas: 
a) medidas que aceleram o escoamento: a construção de diques e, cortes de meandro; 
b) medidas que retardam o escoamento: reservatórios e bacias de amortecimento; 
c) medidas que desviam o escoamento: canais de desvio. 
 A Tabela 2.6 resume as principais características das medidas estruturais extensivas, e 
a Tabela 2.7 às principais características das medidas estruturais intensivas. 
 
Tabela 2.6 Medidas estruturais extensivas (adaptado SIMONS et al., 1977 apud TUCCI, 1993). 
Medidas Vantagens Desvantagens Aplicações 
Ex
te
n
siv
a
s 
Cobertura vegetal Redução do pico de 
cheia 
Impraticável para 
grandes áreas 
Pequenas bacias 
Controle de erosão Reduz assoreamento Impraticável para 
grandes áreas 
Pequenas bacias 
 
43 
 
Tabela 2.7 Medidas estruturais intensivas (adaptado SIMONS et al., 1977 apud TUCCI, 1993). 
Medidas Vantagens Desvantagens Aplicações 
In
te
n
siv
a
s 
M
el
ho
ria
 
do
 
ca
n
a
l 
Diques e polders Alto grau de proteção 
de uma área 
Danos significativos 
caso falhe 
Grandes rios 
 
Redução da rugosidade 
por desobstrução 
Aumento da vazão com 
pouco investimento 
Efeito localizado Pequenos rios 
Corte de meandro Amplia a área 
protegida eacelera o 
escoamento 
Impacto negativo em rio 
com fundo aluvionar 
Áreas de 
inundação 
estreita 
Re
se
rv
a
tó
rio
s 
Todos os reservatórios 
de retenção 
Controle a jusante Localização difícil Bacias 
intermediárias 
Reservatórios com 
comportas 
Mais eficiente com o 
mesmo volume 
Vulnerável a erros 
humanos 
Projetos de usos 
múltiplos 
M
u
da
n
ça
 
de
 
ca
n
a
l Caminho da cheia Amortecimento de 
volume 
Depende da topografia 
 
Grandes bacias 
Desvios Reduz vazão do canal 
principal 
 
Depende da topografia Bacias médias e 
grandes 
 
2.9.2.2 Medidas não-estruturais 
 
 As medidas não-estruturais são ações simples que têm o objetivo de atenuar a 
convivência com as enchentes e podem ser agrupadas em: regulamentação do uso da terra, 
construções à prova de enchentes, seguro de enchente, previsão e alerta de inundação. 
 A regulamentação do uso da terra parte do levantamento das áreas inundáveis, 
definindo assim zonas onde o uso será compatível com a probabilidade de inundação, ou seja, 
em áreas de grande risco serão permitidas somente construções adaptadas e de baixa 
vulnerabilidade às inundações tais como parques e campos de esportes. Esta regulamentação 
deverá fazer parte do Plano Diretor do Município em questão. 
 As construções à prova de enchentes são edificações projetadas com dispositivos que 
reduzem as perdas durante a ocorrência das cheias. Já o seguro de enchente permite aos 
proprietários dos imóveis a obtenção da proteção econômica para as eventuais perdas. A 
44 
 
previsão e o alerta formam um sistema composto de aquisição de dados em tempo real que 
são tratados em um centro de análises para um possível alerta emergencial e também 
alimentam a criação de planos da Defesa Civil que englobam ações que resultam na proteção 
da população. 
 
2.10 MEDIDAS COMPENSATÓRIAS NO CONTROLE DAS INUNDAÇÕES 
 
O objetivo principal do sistema de drenagem em áreas urbanas ainda é o de drenar 
com eficiência e rapidez toda a água proveniente do escoamento superficial para fora da bacia 
em questão. Com isso o sistema de drenagem urbana resume-se a uma rede de dispositivos de 
coleta e condução das águas pluviais até um ponto fora da bacia hidrográfica. Este sistema, 
porém, transfere o problema em questão da bacia para uma área a jusante da mesma, podendo 
mesmo aumentar a intensidade dos impactos das inundações e acarretar outros transtornos. 
Com essa constatação surgem novos modelos de gestão das águas pluviais, nos quais o 
tratamento destas é ordenado, gerando um conjunto de práticas denominadas “técnicas 
compensatórias”, que objetivam compensar os efeitos negativos do escoamento superficial no 
ambiente e manter as águas pluviais por mais tempo na bacia hidrográfica (BAPTISTA; 
NASCIMENTO; BARRAUD et al., 2005 apud MILOGRANA, 2009). 
Dentre outras vantagens da utilização de medidas compensatórias destacam 
(NASCIMENTO et al., 1997 e URBONAS E STAHRE, 1993 apud MILOGRANA, 2009): 
a) A diminuição do risco de inundação e a contribuição para a melhoria da qualidade 
da água no meio urbano; 
b) A redução ou eventual eliminação da rede de microdrenagem; 
c) A minimização das intervenções a jusante de novas áreas loteadas, quando a rede 
de drenagem pré-existente encontra-se saturada; 
d) Integração com o urbanismo e possibilidade de valorização da água em meio 
urbano; 
e) Recarga de aqüíferos; 
f) Redução da poluição transportada para os corpos receptores. 
 
 
 
45 
 
2.10.1 Classificação das técnicas compensatórias 
 
O conjunto de controle de inundações em área urbana abrange as ações tomadas antes, 
durante e após a cheia. Ou seja, deve-se ter um planejamento com ações ao longo de todo o 
processo com a utilização das técnicas compensatórias, isoladas ou em conjunto, em todos os 
níveis operacionais para o controle de inundações. Os princípios que norteiam a utilização de 
técnicas compensatórias no controle de cheias e inundações são: a retenção da água por mais 
tempo na bacia hidrográfica com o intuito de regular as vazões, limitar a poluição dos meios 
naturais e favorecer a infiltração no solo das águas pluviais. As técnicas compensatórias 
podem ser utilizadas de forma autônoma, ou seja, sem a utilização de uma rede de condutos, 
ou associadas a uma rede de drenagem clássica. Podem, ainda, ser aplicadas à escala física de 
uma parcela, a uma área intermediária ou à escala de uma bacia hidrográfica. (CHOCAT, 
1997 apud MILOGRANA, 2009). 
As técnicas compensatórias podem, ainda, ser classificadas conforme a sua área de 
atuação na bacia hidrográfica como sendo: 
a) Distribuída ou na fonte – atua sobre lotes, passeios, etc.; 
b) Na microdrenagem – atua sobre o hidrograma resultante de um ou mais 
loteamentos; 
c) Na macrodrenagem – atua sobre os córregos, rios e riachos urbanos. 
 
2.10.2 Atuação das técnicas compensatórias 
 
As técnicas compensatórias podem atuar como: elementos de infiltração e percolação; 
elementos de armazenamento; e aumento na eficiência do escoamento. 
Os elementos de infiltração e percolação permitem uma maior infiltração e percolação 
da água no solo propiciando uma redução do escoamento superficial. 
Por sua vez, os elementos de armazenamento têm como função reter parte do volume 
de água que compõem o escoamento superficial, reduzindo o pico e distribuindo a vazão no 
tempo. 
Já o aumento na eficiência do escoamento utiliza sistemas clássicos de drenagem para 
drenar as áreas inundadas transferindo as enchentes de uma região para outra. 
De acordo com Urbonas e Stahre (1993) apud Milograna (2009), os elementos de 
infiltração e percolação apresentam as seguintes vantagens: 
46 
 
a) Recarga dos lençóis freáticos e aqüíferos; 
b) Preservação e intensificação da vegetação natural; 
c) Redução da poluição transportada para os elementos receptores; 
d) Redução dos picos de vazão a jusante; 
e) Redução das dimensões dos condutos e dos custos da rede de drenagem clássica. 
As desvantagens apresentadas pelos autores para esses elementos são: 
a) Os solos podem se tornar impermeáveis com o tempo; 
b) A confiança na sua operação pode acarretar enormes custos no futuro, quando da 
ocorrência de uma tormenta, caso esses sistemas comecem a falhar, deixando de exercer a 
função para a qual foram destinados; 
c) O nível do lençol freático pode aumentar e causar danos ao subsolo e fundações das 
construções; 
d) A colmatação diminui a eficácia do dispositivo; 
e) Há o risco de contaminação do lençol freático. 
Os elementos de armazenamento têm como função reter parte do volume do 
escoamento superficial, reduzindo seu pico e distribuindo a vazão no tempo. Podem ser 
aplicados para esse caso, reservatórios com tamanho adequado para residências ou no porte de 
macrodrenagem. 
 
2.10.2.1 Poços de infiltração e injeção 
 
Os poços de infiltração são estruturas de forma geralmente cilíndrica escavadas no 
solo, com profundidade que permita armazenar por certo tempo um volume de água, que 
simultaneamente infiltra no solo. Estes podem ser revestidos por materiais de contenção e 
elementos filtrantes conforme Figura 2.14. 
 A água pluvial pode ser introduzida no poço por escoamento superficial direto (modo 
difuso) ou por meio de rede de drenagem (modo localizado) ficando temporariamente 
reservada. Já a saída da água efetiva-se de forma lenta pela descarga do volume em solo não 
saturado (poço de infiltração) ou diretamente no lençol freático (poço de injeção) 
(BAPTISTA; NASCIMENTO; BARRAUD, 2005 e CHOCAT, 1997 apud MILOGRANA, 
2009). 
 
47 
 
 
Figura 2.14 Poço de infiltração (REIS; OLIVEIRA; SALES, 2005). 
 
2.10.2.2 Valas de detenção e infiltração 
 
As valas são depressões rasas e lineares com vegetação superficial, feitas

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