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Filosofia PERÍODO MEDIEVAL NA EUROPA OCIDENTAL 1 Sumário Introdução ........................................................................................................................ 2 Objetivo ............................................................................................................................ 2 1. A patrística e a escolástica ....................................................................................... 2 1.1. A patrística e a filosofia de Santo Agostinho .................................................... 2 1.2. A escolástica e a filosofia de São Tomás de Aquino ........................................ 4 Exercícios ......................................................................................................................... 5 Resumo ............................................................................................................................. 6 Gabarito ............................................................................................................................ 6 2 Introdução Na apostila anterior, História da Filosofia Medieval, analisamos as linhas gerais do contexto histórico em que surge o período medieval e a filosofia medieva. Vimos que a grande preocupação deste período era a justificativa da fé e dos dogmas cristãos através do uso da razão e que seus protagonistas retornaram às filosofias antigas para devolver seus pensamentos, em especial, às filosofias de Platão e Aristóteles. Concluímos que as duas grandes correntes que marcam o pensamento serão denominadas: patrística e a escolástica. Nesta apostila, aprenderemos mais a respeito das duas correntes, a patrística e a escolástica, e sobre os filósofos que protagonizaram o pensamento medieval: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, autores que deram continuidade as filosofias gregas e romanas. Objetivo • Compreender o processo histórico, sua continuidade e as transformações na realidade grega e romana. • Identificar o pensamento da humanidade no contexto histórico e o período medieval na Europa ocidental. 1. A patrística e a escolástica 1.1. A patrística e a filosofia de Santo Agostinho Você sabe o que foi a patrística? O período chamado patrística ocorre de meados do século IV ao século VIII d.C. Busca-se na patrística a reconciliação entre fé e razão, sobretudo, na reinterpretação da filosofia de Platão. Os primeiros padres se empenharem em escrever inúmeros texto sobre a fé e a revelação cristã. O conjunto destes textos ficou conhecida como patrística. O grande expoente deste período é o padre Agostinho, posteriormente consagrado como Santo pela igreja católica. Santo Agostinho foi religioso, teólogo e filósofo cristão e sistematizou a filosofia cristã influenciado pela filosofia de Platão. O último dos antigos e o primeiro dos modernos, Agostinho foi o grande arquiteto da filosofia cristã. Seu nome original é Aurélio Augustinho, e ele nasceu na atual Argélia, em 354 d.c. Era filho de Patrício, homem pagão e posses, que posteriormente se converteu ao cristianismo, e da cristã Mônica, mais tarde considerada santa. Agostinho estudou retórica em Cartago, onde se casou e teve um filho. Apenas na idade adulta e com as leituras dos filósofos Cícero impulsionadas pelos conselhos de sua mãe, que Agostinho despertou para o cristianismo. Em um primeiro momento, 3 Aurélio Agostinho adotou o pensamento maniqueísta, doutrina persa que afirmava ser o universo dominado por dois princípios opostos, o bem e o mal, mantendo uma disputa incessante entre si. Com o passar dos anos, Agostinho transforma o seu pensamento, justamente após sua viagem a Milão, onde entra em contato com o neoplatonismo desenvolvido por estudiosos inspirados pela filosofia de Platão e que se espalhou por diversas cidades do império romano. Em 384 d.C, em Milão, começa a ensinar retórica e conhece Santo Ambrósio, bispo da cidade. Cada vez mais interessado pelo cristianismo, Agostinho viveu um período de crise interior, voltando- se aos estudos neoplatônicos, ele renuncia os prazeres físicos e é batizado pela igreja católica por Padre Ambrósio, juntamente com o seu filho. Tomado pelos ideais cristãs, constrói um mosteiro na cidade onde nasceu e na mesma época perde a mãe e o filho. Fundou uma comunidade religiosa nas dependências da catedral, e em sua vida e sua obra testemunha acontecimentos decisivos e que mudaram os rumos do império romano ocidental. As obras mais importantes de Santo Agostinho são: “Da trindade, sistematização da teologia e filosofias cristãs”, “Confissões” e “Da cidade de Deus”, onde aborda questões sobre o bem e mal, a alma, as tensões entre a vida espiritual e a material e a teologia da história. Sobre o tema da alma, Agostinho defendia a supremacia do espírito em detrimento do corpo e da matéria. Ela teria sido criada por Deus para dirigir o homem ao caminho do bem. O homem pecador, por outro lado, utilizando-se do livre-arbítrio invertendo a hierarquia natural da alma como a parte dominante do corpo. Para Agostinho, ser livre é seguir o ensinamento de Deus, e seguir os prazeres do corpo consiste em se tornar apenas um escravo dos instintos. A liberdade em Agostinho é própria da vontade, e não da razão, por isso, o indivíduo peca quando satisfaz apenas às suas vontades. Acerca da fé e da razão: Agostinho explica que a fé nos faz ter acesso a coisas que nem sempre entendemos pela razão. Ele afirmou: “Creio em tudo que entendo, mas nem tudo que creio também entendo. Tudo o que compreendo conheço, mas nem tudo que creio conheço”. Agostinho pode ser considerado o primeiro pensador a abordar uma noção de interioridade que prenuncia o conceito de subjetividade, bastante evidente no pensamento moderno. É olhado para interioridade que ele conhece a verdade, tanto que Agostinho afirma: “No homem interior habita a verdade”. Ele também faz uma interessante análise acerca da ideia de mal, pois para ele Deus é imutável e será o bem absoluto. Já a natureza do mal, ela estaria localizada em tudo que é contrário a Deus, como uma privação do bem. Assim, o mal existe na ausência do bem. Outra concepção importante em Agostinho é da divisão do mundo, semelhante a divisão platônica de mundo empírico e mundo inteligível, só que agora entre “Cidade de Deus” e “Cidade dos homens”. Na “Cidade de Deus” tudo é perfeito, harmonioso, belo e justo. Já na Terra, na “Cidade dos homens”, existe o pecado, as 4 guerras, a vingança, o egoísmo e a dor. Segundo Agostino, Deus concede ao homem a razão para que possa construir na Terra uma cidade o mais próximo possível da “Cidade de Deus”. IMPORTANTE! 1.2. A escolástica e a filosofia de São Tomás de Aquino A história da escolástica representa o desenvolvimento da razão humana em determinado momento de sua evolução, exprimindo inicialmente a alienação na rejeição aos dogmas cristão, em seguida, a consciência da alienação e por sim a negação da alienação na compreensão de que a natureza e a fé podem ser acessadas através da razão. São Tomás de Aquino, que nasceu em 1225 d.C. será considerado o maior filósofos da escolástica elaborando uma síntese cristã que teve como base o pensamento de Aristóteles. Ele cristianiza Aristóteles e se torna o grande nome da escolástica ao tentar uma aproximação parcial entre fé e razão.Em sua obra mais famosa: “A suma teológica”, Aquino mostra cinco provas da existência de Deus. Tomando de ponto de partida a teoria aristotélica em que há um “princípio motor”, em outras palavras, um ser que rege todas as coisas e que criou todo o universo, Aquino conclui que este primeiro motor será Deus. Para ele, devemos admitir então que existe um ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para que todos cumpram o seu objetivo. Segundo afirma Aquino, este ser só poderia ser Deus. No entanto, a questão é que a razão por si só não oferece total compreensão acerca deste movimento do “primeiro motor” e ela vai apenas preparar o homem a fé. Para ele, a filosofa pode trazer um conhecimento imperfeito, já a teologia vai esclarecer os possíveis equívocos da razão. Não adiante tentar compreender o ser e a existência das coisas sem ser agraciado pela fé, sendo que a nossa natureza racional só age de forma melhor se deixarmos a fé conduzir a vida. Mas vocês devem estar se pergunta se São Tomás de Aquino estaria sugerindo que fé e razão são incompatíveis? Não, para o pensador elas são conciliáveis. A filosofa vai ser o ponto de partida e ter autonomia perante a teologia, mas só depois dela ser Assim como Platão, Agostinho divide o mundo em dois: a “Cidade dos homens”, que é aonde vivemos, e o outro a “Cidade de Deus”, que corresponde ao local onde tudo é perfeito e onde a verdade existe. Para ele, deveríamos nos esforçar ao máximo para construir uma cidade na Terra que seja o mais próximo da “Cidade de Deus” 5 corrigida pela graça divina e pela fé que vai colaborar para que o homem compreenda o mundo. Aquino afirma, portanto, que: “se é correto que a verdade cristã ultrapassa as capacidades humanas, nem por isso os princípios da razão podem estar em contradição com esta verdade sobrenatural”. Exercícios 1) (ALVES, T.D. 2019) Descreve em dois parágrafo sobre a concepção de a alma em Santo Agostinho e qual a sua relação com a razão. 2) Com relação a patrística, seria incorreto afirmar: a) Foi um período caracteriado pelo resultado dos esforços dos apóstolos e dos primeiros Padres da Igreja para conciliar a nova religião com o pensamento filosófico com o resgate elementos gregos. b) Tomou como tarefa justificar a fé cristão através da razão c) Teve como seu mais famoso intelectual Agostinho, que tentou resgatar elementos da filosofia platônica para justificar a existência de Deus e dos dogmas cristãos. d) São Tomás de Aquino foi o seu maior expoente e procurou seguir rigorosamente os argumentos de Platão quanto à imortalidade da alma e da superioridade do mundo das ideias. e) Agostinho, o grande protagonista da corrente, procurou pensar na divisão dos mundo entre “Cidade de Deus” e “Cidade dos homens”, mostrando que era necessário construir um reino mais próximo do Deus na Terra. 3) (Espm, 2014) Seu principal objetivo era demonstrar, por um raciocínio lógico formal, a autenticidade dos dogmas cristãos. A filosofia devia desempenhar um papel auxiliar na realização deste objetivo. Por isso a tese de que a filosofia está a serviço da teologia. (Antonio Carlos Wolkmer – Introdução à História do Pensamento Político). O texto deve ser relacionado com: a) a filosofia epicurista. b) a filosofia escolástica. c) a filosofia iluminista. d) o socialismo. e) o positivismo. 6 Gabarito 1) A alma em Santo Agostinho será a própria razão, assim como acreditam os gregos, e apenas através da interioridade, da autorreflexão e da observação em contraste com a exterioridade que o homem alcança o bem e compreende que razão sem fé não levará ao caminho da perfeição 2) D: Não foi São Tomás de Aquino o criador da patrística, mas Santo Agostinho, que incorporou os saberes filosóficos de Platão, principalmente a metafísica platônica da divisão dos mundos, porém, substituído para “Cidade de Deus” e “Cidade dos homens”. Além disso, Aquino não será influenciado por Platão, e sim, pela filosofia do primeiro motor móvel de Aristóteles. 3) B: Como vimos, na escolástica, Santo Tomás de Aquino tenta explicar a relação entre razão e fé afirmando que razão sem fé não seria o suficiente, pois a fé é capaz de tornar mais clara as questões da vida, a concepção de bem e o que o homem deve fazer com a sua liberdade. A filosofa e a razão possuem autonomia diante da fé, mas a crença divina evita os desvios e erros humanos. Resumo Como pudemos observar, a filosofia medieval foi um período marcado por frequentes explicações da fé por intermédio da razão retornando em particular às filosofa de Platão e Aristóteles. Desta forma, os pensadores medievais os filósofos medievais introduziram na filosofia uma perspectiva ligada a fé. E entre as aspecto positivos e negativos este período foi valioso como itinerário ao pensamento moderno. Vimos que Agostinho foi o fundador da patrística. Ele compreendia o mundo a partir da mesma divisão da filosofa clássica de Platão, entre a “Cidade de Deus” e a “Cidade dos homens”, onde a primeira seria o mundo ideal platônico, neste caso, o Céu, e a segunda, a Terra. Para o pensador, o homem deveria se aproximar ao máximo da Cidade de Deus na Terra. Além disso, Agostinho afirma que o homem possui a liberdade de fazer o que quiser, porém, se permanece ouvindo apenas os seus instintos corre o riso de se tornará um mero escravo de suas vontades. Analisando a escolástica, vimos que o grande protagonista será São Tomás de Aquino. Para Aquino, a filosofa e a razão possuem autonomia com relação a fé, mas que sozinhas correm o risco de permanecer apenas na imperfeição e entre os erros. Influenciado por Aristóteles, Tomas de Aquino conclui que as coisas não viriam do nada e que existe um princípio motor que rege todas as coisas do mundo. Este princípio seria Deus. 7 Referências bibliográficas DE BONI, Luís Alberto. Filosofia Medieval. 2ª Ed. Porto Alegre: Edipucrs, 2005. AGOSTINHO, Santo. A cidade de Deus. Petrópolis: Vozes, 1990. EVANS, G. R. Agostinho sobre o mal. São Paulo: Paulus, 1995 TOMÁS DE AQUINO. As consequências dos atos humanos em razão da bondade e da malícia (ST, Ia IIae, q. 21). In: TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. São Paulo: Loyola, 2003, v. III, p. 290-298
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