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Apostila de Aprendizagem Língua Brasileira de Sinais Dias da Semana Tania Micheline Miorando Univates EAD2 Língua Brasileira de Sinais Olá! A partir de hoje vamos percorrer o diário que você costuma preencher em seus dias! Vamos estudar os dias da semana! Para isso, entraremos no mundo dos Sinais pela dimensão do tempo: a diversificada compreensão para a divisão do tempo na era contemporânea! O refinamento na marcação do tempo poderá ter sido uma consequência da urbanização do mundo e as complexas relações que se estabelecem também em relação ao futuro. O que era suprido na marcação do tempo ao perceber o nascer e o pôr do sol, seguir o ritmo das plantações ou mesmo fazer as refeições pela fome que se sentia, principalmente nos últimos séculos, foi acelerado pela era industrial, a proletarização operária e a intensificação do trabalho (DAL ROSSO e CARDOSO, 2015). Temos agora as horas bem marcadas, seus minutos, segundos e suas milési- mas partes, destacando fracionamentos do tempo como decisórios para determi- nados fins: competições, microcirurgias, finalização de algum produto. Dentro dessa lógica, nos colocamos a marcar e gerir o tempo que temos. Algumas vezes transformamos nossa semana em uma rotina que cumprimos ri- gorosamente nos seus horários. Outras vezes, há semanas sem qualquer rotina que se repita entre seus dias. Estar em um movimento ou outro é o que nos deixará no equilíbrio dos dias! A semana, estruturada como conhecemos, é uma marcação da era pós- in- dustrial. E conseguimos definir cada ver mais as atividades pela marcação das ho- ras, minutos e segundos. Os idiomas precisaram adaptar-se ao falar dos povos que passavam a incorporar mais divisões temporais para suas vidas. Para alguns povos mais, para outros, menos, mas a globalidade das atividades que realizamos corre pelos territórios e não se limita às fronteiras. Se antes a agricultura ditava seu tempo, agora não mais: temos estufas, te- mos produtos, decidimos o tempo de crescimento e da colheita. Temos alimentos que se produzem o ano todo, por uma climatização ou pelo transporte entre as regiões mais distantes, atravessam continentes: de regiões que plantam a outras regiões que se resguardavam do frio, da neve, do sol forte ou da seca. O tempo da natureza já não é mais impeditivo para que se deixe de receber os pedidos para seus mercados, seus restaurantes, suas fábricas, suas casas. O tempo foi vencido pela rapidez dos transportes e da manipulação climática, genética, de armazena- gem. Como os alimentos que viajaram o mundo, seus mercadores instrumenta- lizaram línguas para o seu comércio. Os idiomas também transpassaram o tempo. As línguas que traziam similitudes se misturaram e formaram novas palavras, no- Univates EAD 3Univates EAD Dias da Semana vos dizeres, novos significados para novas funções culturais. No tempo desta aula não vamos refazer esta história. Mas este também é um bom motivo para ampliar- mos as leituras que nos levam a ter outras noções das funções da língua. Vamos lembrar, brevemente, de algumas curiosidades que marcaram nosso jeito de falar. A história deixou na língua as atitudes de seus falantes: trazemos uma nomenclatura que atravessou os séculos, guerras e dominações - do sabba- tum, originado do shabbat, hebreu e de conotação religiosa ao Dies Saturni, que para os romanos pagãos, significou “Dia de Saturno” ao Sabatum cristão, era o dia de descanso, último dia da semana. Do cristianismo, a homenagem à ressurreição de Cristo, transferiu-se o descanso para o Domingo e o transformou em primeiro dia da semana. As curiosidades históricas sobre a semana são muito interessantes. Vale uma busca e uma leitura para compreender mais do tempo que dedicamos hoje a marcar nossos dias. Falamos e sabemos muito pouco do grande movimento que o trouxe até nossos dias. Muito tempo depois, em nome de uma padronização, vie- ram regras e uma nomenclatura que passou a ser mais usual no comércio, que se fixou e transcendeu o tempo, até o que conhecemos e usamos hoje. Como já sabemos, também a Libras atravessou o oceano e veio somar-se à cultura que os europeus trouxeram e misturou-se com a língua dos nativos destas terras. Para marcar os dias da semana, em Libras serão usados os números e outros sinais - talvez uma herança latina que marcava os dias de feria - feira. Em Libras a sinalização dos dias da semana seguem a numeração de segun- da a quinta-feira e outros sinais para sexta-feira, sábado e domingo. Os dias que levam números, também carregam os sotaques de sua região. No Rio Grande do Sul é mais usual os sinais feitos na altura do tórax, já mais para o centro do Brasil, são feitos na cabeça. Vejamos: Univates EAD4 Língua Brasileira de Sinais Sinal: Quarta-feira - sinalização no RS Ao passar a usar mais deste vocabulário vamos encontrando pequenas di- ferenciações que vão marcando ou misturando os sotaques e formando uma nova época para a Libras, com sinais que também vão percorrendo o tempo. Afinal, não aprendemos apenas com os surdos da nossa região, mas buscamos, em vídeos, sinais que atravessam o Brasil. Vamos aproveitar também para trazermos outras marcações de tempo: Sinal: Quarta-feira - sinalização em outras regiões do Brasil Fonte: Dicionário de Libras Fader Fonte: Curso de Formação em Libras Univates EAD 5Univates EAD Dias da Semana Dias da Semana Dia Semana Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado Domingo Horas Horas Minutos Segundos Relógio Tempo Advérbios de Tempo: hoje ontem amanhã cedo tarde antes depois agora já, imediatamente nunca, jamais sempre, constantemente logo, rápido outrora antigamente ainda sucessivamente Locuções Adverbiais de tempo: às vezes, de vez em quando à tarde à noite de manhã de repente a qualquer momento em breve atualmente Todo esse vocabulário me faz convidá-lo a conhecer ainda mais sobre os contextos educacionais dos surdos. Abaixo, apresento um texto de título: “ Surdez e educação: escolas inclusivas e/ou bilíngues?”, em que as autoras trazem vários conceitos que, dentro de um contexto contemporâneo, alguns sentidos poderiam estar postos já com um avanço que demonstrasse mais concordância entre a com- preensão que temos e as atitudes que tomamos. Ainda não posso aceitar que em todo o tempo que passamos a viver as nos- sas vidas, podemos deixar passar despercebidamente o cotidiano de uma criança, chegando na escola e tendo dificuldade em saber dizer qual é o dia da semana por- que está entre uma língua e outra, mas nenhuma que complete seus pensamentos. O tempo de aprendizagem, por mais curto/longo que possa ser, ainda deve ter um Univates EAD6 Língua Brasileira de Sinais respeito maior que a ser subjugado a uma compreensão de que todos precisam falar uma língua padrão - em todos os momentos. Precisamos sim, falar línguas nas quais, cuja função se presta, é levar à com- preensão entre aqueles que queiram conversar. Uma mímica pode ser a inspiração para o começo de uma aprendizagem, mas não o fim de um distorcido padrão que se queira na língua. A diversidade está para ser conhecida e reconhecida. Como você compreende as possibilidades de educação para uma criança surda? Venha, agora já estamos transpondo mais um limite entre territórios cultu- rais. Já não podemos dizer que nada sabemos. E se já estamos aqui, vale conhecer mais! Ande pelos conceitos, trilhe novas percepções, experimente falar uma nova língua! Texto para leitura: NUNES, Sylvia da Silveira et al . Surdez e educação: escolas inclusivas e/ou bilín- gues?. Psicol. Esc. Educ., Maringá , v. 19, n. 3, p. 537-545, Dec. 2015 . Availa- ble from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 85572015000300537&lng=en&nrm=iso>. access on 21Mar. 2016. http://dx.doi. org/10.1590/2175-353920150193892. Link direto: http://www.scielo.br/pdf/pee/v19n3/2175-3539-pee-19-03-00537.pdf Univates EAD 7Univates EAD Dias da Semana DAL ROSSO, Sadi; CARDOSO, Ana Cláudia Moreira. Intensidade do trabalho: questões conceituais e metodológicas. Soc. estado., Brasília , v. 30, n. 3, p. 631- 650, Dec. 2015 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0102- 69922015000300631&lng=en&nrm=iso>. access on 21 Mar. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922015.00030003. FADERS. Mini-Dicionário de Libras. 2a Edição. Porto Alegre, 2008. Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Lingüística e Filologia, 1995. Prefeitura Municipal de Paracatu Secretaria de Municipal de Educação. Curso de Formação em Libras - Educação e Surdez - 1a Etapa. s/d. Acessível em http://www. unifal- mg.edu.br/acessibilidade/system/files/anexos/LIBRAS_Etapa_1.pdf Referências Univates EAD8 Língua Brasileira de Sinais Professora Tania Micheline Miorando Equipe EAD Univates: Ana Emília Klein, Artur Henrique Welp, Augusto Braz da Rosa Carvalho, Bárbara Bar- row, Fabiane Aparecida Kronbauer, Maria Elisabete Bersch, Maurício Severo da Silva, Ohana Majolo de Azevedo, Pedro Guilherme Kirst, e Vivian Elisabeth Petter Créditos
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