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Impactos Ambientais do Crescimento Populacional

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Aula 3 – Da Questão Ambiental para o Campo de Consumo
O crescimento populacional vem causando sérios impactos degradadores sobre o meio ambiente neste século. O desenvolvimento da indústria, comércio bem como os diversos ramos do meio rural e urbano são considerados determinantes para as mudanças ambientais (Crescimento populacional e desenvolvimento sustentável). Segundo o mesmo site, o crescimento populacional ou demográfico vem sendo analisado por cientistas como razão do uso intensivo dos recursos naturais. Os estudos demonstram que os países com um rápido crescimento demográfico vêm enfrentando dificuldades para gerar um desenvolvimento econômico sustentável.
Prevê-se que a população humana aumentará de 6,5 bilhões a 8-9 bilhões ou mais entre 2005 e 2050, com um crescimento particularmente rápido nos países em desenvolvimento, como a China. Esse fato levanta uma questão importante: O mundo pode fornecer um padrão de vida adequado para 2,4 bilhões de pessoas a mais sem que haja um vasto dano ambiental?
O Mundo está Superpovoado?
O aumento da população e o consequente crescimento do consumo podem elevar os estresses ambientais, com doenças infecciosas, danos na biodiversidade, desmatamento de florestas tropicais, redução da pesca, escassez de água, poluição dos mares e mudanças climáticas. Os que defendem esse ponto de vista reconhecem que o crescimento populacional não é a única causa desses problemas. No entanto, eles argumentam que a adição de centenas de milhões de pessoas em países desenvolvidos e de bilhões em países em desenvolvimento só pode intensificar os problemas ambientais e sociais existentes.
Esses analistas acreditam que as pessoas devem ter liberdade de gerar quantos filhos quiserem, mas somente se isso não reduzir a qualidade de vida das pessoas agora e no futuro, seja pelo enfraquecimento da capacidade da Terra de sustentar a vida, seja por rupturas sociais. De acordo com o ponto de vista deles, a limitação da liberdade dos indivíduos – um esforço de proteger a liberdade de outros indivíduos – é a base da maioria das leis nas sociedades modernas.
Para discutir a relação entre os homens e o meio ambiente, é fundamental uma reflexão sobre o cenário em que essas questões emergiram: a modernidade. Com o termo modernidade, pretende-se incluir ou definir um processo que se inicia por volta do século XV, na Europa, marcado por profundas transformações em todas as dimensões da vida humana – da produção, da sociabilidade, da representação simbólica do mundo, das relações sociais e de poder -, fenômeno que, ao longo de 500 anos, se estendeu por todo o planeta, transformando os diferentes contextos (físicos e sociais) em que, progressivamente, foi acontecendo (Zioni, 2009).
Segundo a mesma autora, esse processo tem maior visibilidade na organização capitalista das relações de produção e consumo, mas não pode ser confundido com ela. Ainda que contemporâneos e bastante relacionados, a modernidade não os reduz ao curso de expansão capitalista, mesmo que esta venha moldando todos os campos da atividade humana. Por modernidade, entende-se algo maior que o ethos (espécie de síntese dos costumes de um povo. O termo indica, de maneira geral, os traços característicos de um grupo, do ponto de vista social e cultural, que o diferencia de outros. Seria assim, um valor de identidade social (Dicionário Aurélio, 2003).) de uma sociedade marcada pela apropriação privada da produção, pelo uso intensivo de energia e de tecnologia, pela racionalização da vida.
Por modernidade, entende-se, ainda, um projeto histórico de construção e representação da vida social que se desenvolveu a partir de dois pilares: o pilar da emancipação e o pilar da regulação (Santos, 2000 apud Zioni, 2009), projeto esse criador e criatura não só das sociedades modernas e contemporâneas, como também das formas hegemônicas de conhecimento e representação do mundo – social e natural – dessas sociedades, o conhecimento científico, a razão.
Não podemos discutir sobre sociedade e meio ambiente e deixar de falar sobre população. O papel dado à população, segundo vários autores, reflete menos conflitos de evidências do que de interpretação da mesma evidência. Os estudos de caso com populações regionais têm sugerido cautela nas associações “população – transformação”. Isso, porém, não solapa o papel da população como importante força indutora de mudanças ambientais, mas acentua seu significado no contexto da organização tecnológica e sociocultural (Dias, 2004).
Segundo o mesmo autor, quando esses estudos foram conduzidos regionalmente e em áreas que exibiam condições socioambientais similares, foram encontradas correlações fortes. Muitos estudos comparativos ofereceram evidências estatísticas que sustentavam correlações diretas entre crescimento populacional e desflorestamento. Bilsborrow e Okhoto-Ogendo (1999) citam diversos estudos que comprovaram tais correlações (Brasil, Haiti e Bolívia); entretanto, caracterizam-nas como “casuais”. Um estudo mais acurado foi desenvolvido na Guatemala, e a correlação direta foi estabelecida. No nosso estudo sobre a região de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, em 1996-1999 (Dias, 1999), essa correlação foi muito clara, inclusive com outros vetores sociais, como a violência, o desemprego, o aumento da emissão de gases estufa e outros.
O mesmo autor acredita que essa correlação será diminuída com a redistribuição de terras e diminuição do crescimento populacional. Acrescentam uma dura crítica ao governo brasileiro pela sua omissão no “Sexto Encontro Ministerial sobre o Ambiente na América Latina e Caribe” (Brasília, março de 1989), por não fazer constar na “Carta de Brasília” uma palavra sequer sobre crescimento populacional, apesar de tê-lo considerado “of the highest priority”, citam. Aqui, cria-se um impasse: Os países ricos criticam os países pobres e em desenvolvimento pelo crescimento populacional desregrado. X Enquanto os países ricos são criticados por exibirem padrões de produção e consumo insustentáveis.
Um outro estudo relevante, buscando a compreensão dessas inter-relações, foi conduzido por Myers (1995 apud Dias, 2004). Esse autor, enfatiza, falando sobre biodiversidade, que existem muitos elos que fazem o quadro muito mais complexo do que uma simples equação população/biodiversidade. Acrescenta que o crescimento populacional não é o único fator que está produzindo as mazelas ambientais conhecidas, não sendo mais que uma variável dentre as demais. São também importantes os tipos de tecnologia, o suprimento de energia, os sistemas econômicos, as relações comerciais, as persuasões políticas, as estratégias políticas e um conjunto de outros fatores que podem reduzir ou agravar o impacto do crescimento populacional (é óbvio que os padrões de produção e consumo estão por trás disso tudo, via “modelo de desenvolvimento”). Esse crescimento passa a ser significativo, em termos de produção de pressão ambiental, quando ele excede à capacidade de oferta de recursos naturais de um país aos seus habitantes ou quando excede a capacidade dos seus planejadores de desenvolvimento.
Falando em população, não podemos deixar de entrar no contexto político. A palavra política, derivada do grego polis (cidade), tem sido empregada ao longo do tempo para designar o conjunto de atividades exercidas sobre a vida coletiva, assim como as reflexões sobre essas atividades e a instituição encarregada de sua implementação, o Estado. Atos políticos podem ser definidos como aqueles que dizem respeito à regulação de determinadas ações, que proíbem ou permitem à totalidade dos membros de um grupo, ou parte deles, uma determinada forma de ser. A palavra política, assim, designa não somente atos relacionados à conquista e à manutenção do poder, mas também uma série de atividades inerentes à vida coletiva (Zioni, 2008).
Para concluir a aula: A verdade é que tem gente demais no mundo! A população de 2017 está em cerca de 7,3 bilhões e está projetada para crescer em cerca de 1 bilhão na próxima década. Devealcançar 9,6 bilhões de pessoas até 2050. Os problemas que conhecemos hoje, serão apenas pequenas demonstrações do que pode acontecer com a nossa qualidade de vida, se os rumos da escalada humana não sofrerem redirecionamentos. Além de redirecionamentos, precisamos de controle na questão do consumo e melhor consciência ambiental.
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