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GESTÃO AMBIENTAL

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Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
GESTÃO AMBIENTAL
Autor: José Constantino Sommer
363.7
S697g Sommer, José Constantino
 Gestão ambiental / José Constantino Sommer.
 Indaial : UNIASSELVI, 2011.
 103 p. il. 
	 	 													Inclui	bibliografia.	
 ISBN 978-85-7830-378-5
 1. Gestão ambiental 2. Administração
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Erika de Paula Alves
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Prof. Márcio Moisés Selhorst
Revisão de Conteúdo: Prof. Luiz Hamilton Pospissil Garbossa
Revisão Gramatical: Profa. Márcia Junkes
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Copyright © Editora UNIASSELVI 2011
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Biólogo e mestre em Engenharia 
Ambiental. Educador Ambiental na Fundação 
Municipal do Meio Ambiente de Blumenau, SC. 
Professor de disciplinas de Meio Ambiente em 
cursos de graduação e pós-graduação. Co-autor das 
publicações Amiguinhos do Meio Ambiente (infantil), da 
Editora Todolivro e do livro Desenvolvimento e Meio 
Ambiente em Santa Catarina, da Editora Univille.
José Constantino Sommer
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................ 7
CAPÍTULO 1
Meio	Ambiente,	Sociedade	e	Desenvolvimento .......................... 9
CAPÍTULO 2
Economia	Ecológica	Ou	Ambiental ............................................ 31
CAPÍTULO 3
Sistemas	de	Gestão	Ambiental ................................................... 59
CAPÍTULO 4
Marketing	e	Responsabilidade	Ambiental ................................ 85
APRESENTAÇÃO
Caro pós-graduando (a)
Gostaria de apresentar-lhe o Caderno de Estudos da disciplina de Gestão 
Ambiental. Nele serão abordados temas que se relacionam à construção de 
conhecimentos	 específicos	 e	 gerais	 sobre	 essa	 temática.	 O	 caderno	 inicia,	 no	
capítulo 1, com uma visão histórica e conceitual sobre a relação do ser humano, 
como sociedade, com o meio ambiente. Trata do desenvolvimento e suas 
interfaces com a degradação e a poluição ambiental, indicando algumas possíveis 
soluções para melhorar essa relação. 
No capítulo 2, a questão econômica é mais aprofundada e faz-se um 
comparativo entre a economia tradicional, altamente usurpadora dos bens 
naturais e uma visão mais sistêmica e equilibrada, ou seja, a Economia Ecológica 
ou	Ambiental,	 que	 é	 apresentada	e	 levada	à	 reflexão	para	 você.	 	Ainda,	 neste	
capítulo, são mostrados diversos exemplos de aplicação da Economia Ecológica, 
para	que	você	possa	refletir	sobre	a	sua	aplicabilidade.	
O capítulo 3 trata da Gestão Ambiental propriamente dita. Nele veremos 
como as empresas devem implantar seus sistemas, de acordo com a Norma ISO 
14.001; e, seguindo exemplos exitosos de outras organizações que decidiram 
implantar programas próprios. 
Por	fim,	o	capítulo	4	apresenta	os	conceitos	de	Marketing	e	Responsabilidade	
Ambiental. São apresentados como necessidades, mas também, como 
potencialidades às organizações. Também são apresentados vários exemplos 
de instituições que atuam de forma responsável e que galgaram prêmios e 
reconhecimento por parte da sociedade, incorporando valor à imagem de suas 
corporações ou produtos. 
Então, quero convidar você a acompanhar e participar desse interessante 
estudo sobre como podemos, sendo sociedade ou sendo organização, mudar a 
nossa relação com o meio ambiente e construir um futuro melhor para nós e para 
as gerações que virão.
O autor.
CAPÍTULO 1
Meio	Ambiente,	Sociedade	
e	Desenvolvimento
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 9 Conhecer o histórico da questão ambiental no mundo e no Brasil.
 9 Analisar as percepções e visões sobre a temática ambiental.
 9 Conhecer e analisar as diferentes concepções sobre a relação entre sociedade 
e meio ambiente.
 9 Conhecer as diferentes concepções da relação entre desenvolvimento e 
sustentabilidade ambiental.
 9 Investigar e propor soluções para a sustentabilidade ambiental e o 
desenvolvimento da sociedade, compatíveis com o processo produtivo.
10
Gestão ambiental
11
Meio Ambiente, Sociedade e DesenvolvimentoCapítulo 1
Contextualização
Já nos acostumamos a ver e ouvir notícias sobre os problemas relacionados 
à natureza com muita frequência. A todo o tempo somos perturbados por 
informações que dão conta de temas não agradáveis, como o aquecimento global 
e suas consequências mais terríveis, furacões e ciclones, maremotos, secas e 
inundações, perda de vidas e de produção agrícola, entre outros.
Além disso, outros problemas aparecem de forma recorrente para nós: 
destruições	das	florestas,	matança	e	maus	tratos	aos	animais,	poluição	do	ar,	da	
água e do solo, má destinação ao lixo e tantos outros.
Também é claro para todos nós que estes problemas são potencializados, se 
não causados, pelo próprio ser humano, na sua ânsia pelo consumo e dominação 
da natureza, como você poderá perceber ao longo deste capítulo.
Essa dominação, necessária para a produção de riquezas e qualidade de 
vida, segundo a economia tradicional, tem suas origens nas visões de mundo 
mais antigas da humanidade, que se aprofundaram na Idade Media, como 
veremos a seguir. 
Francis	Bacon,	filósofo	que	viveu	no	século	XVI,	foi	o	pai	do	método	empírico	
da ciência, também conhecido como método experimental. Ele acreditava que o 
saber	 científico	 deveria	 ser	medido	 em	 termos	 da	 capacidade	 de	 dominação	 da	
natureza. Essa capacidade era a de domar as forças naturais como as águas e 
as tempestades. Vivemos, depois de Bacon, uma visão da modernidade, que 
fragmenta o mundo para compreendê-lo; mas, que não faz nenhum sentido, por 
exemplo, para muitos dos povos indígenas que pensam o Universo de forma mítica. 
Como também, não faria nenhum sentido na Grécia antiga, que não concebia a 
natureza em oposição aos humanos. Os gregos desse período tinham um nome 
muito especial para denominar a natureza e todo o Universo que não era pensado 
como um objeto, mas como totalidade: Physis. Ela designava a natureza de todas 
as coisas, que nascem e se desenvolvem sem a assistência dos humanos, isto é, 
que se desenvolvem por si mesmas, independentemente da vontade humana. 
A vida na Terra se entrelaça numa rede e todos dependemos da harmonia 
desse entrelaçamento. O ser humano e as relações que fazem parte do meio 
ambiente são objetos de estudo da área ambiental. Ao longo dos tempos, o 
ser humano transformou o meio ambiente, criou cultura, estabeleceu relações 
econômicas, desenvolveu modos de integração com a natureza e com outros 
seres humanos. Mas, raramente, ele assim promoveu a qualidade de vida e o 
equilíbrio ambiental. “Não são todas as atividades humanas que causam 
impactos relevantes sobre a natureza, mas um determinado modo de produção 
12
Gestão ambiental
que inclui não só as relações da sociedade com a natureza como também, as 
relações dos homens entre si”. (Brügger, 2004)
Nós sabemos que a vida se produz nas relações dos indivíduos com o meio 
físico, social e cultural. Falar de qualidade de vida é pensar na qualidade do 
ar que se respira, no uso consciente do solo e da água, no respeito a todas 
as formas de vida. Ela certamente não está no consumismo desenfreado, na 
miséria, na iniquidade social, na desnutrição e nas condições degradantes do 
meio onde se vive.
Neste capítulo, você poderá conhecer e aprofundar-sesobre as razões 
históricas e culturais que levaram a humanidade a estabelecer esta forma de 
relação com a natureza tão danosa e tão pouco ética. Também poderá perceber 
alguns caminhos que poderão e deverão ser trilhados pela humanidade para 
não só melhorar a relação com a natureza, como também garantir, a própria 
sobrevivência da vida humana na Terra. Na próxima seção iremos estudar a 
evolução da questão ambiental ao longo do tempo e as mudanças de percepção 
da humanidade sobre a sua relação com o meio ambiente.
Evolução	Histórica	da	Questão	
Ambiental	
Você sabe e percebe nas mudanças tecnológicas e comportamentais que 
desde os primórdios da civilização humana até os tempos atuais, fomos impelidos 
pela vontade de melhorar a condição de vida humana e de poder enfrentar as 
adversidades,	 que	 naqueles	 tempos	 significava	 mesmo,	 manter	 a	 própria	 vida	
diante	 das	dificuldades	e	 agressões	que	a	 natureza	nos	 impunha.	Assim,	 fomos	
desenvolvendo técnicas e tecnologias, inicialmente muito rudimentares, como 
armas e utensílios de madeira e pedras, utilizando o fogo como meio para aquecer e 
afugentar animais, por exemplo. Depois, veio a sedentarização, com a agricultura e 
a pecuária substituindo a coleta e a caça, os agrupamentos primitivos, a urbanização 
e	 a	 sociedade	moderna,	 com	 a	 explosão	 demográfica.	 Também	 cada	 técnica	 e	
tecnologia anteriormente utilizada foi aprimorada, ampliando gradativamente e 
largamente a capacidade de degradação e a poluição no ambiente.
Entre	 1400	 e	 1900	 ocorreram	 grandes	 modificações	 que	 deram	 origem	 à	
civilização industrial: criação dos estados modernos europeus, crescimento do 
mercantilismo,	surgimento	do	sistema	colonial	(acumulação	de	capitais	financeiros	
e	 comerciais),	 descobertas	 técnicas	 e	 científicas,	 formação	 de	 mão-de-obra	
(artesãos e camponeses nas primeiras manufaturas), concentração das populações 
nas cidades (mercados de consumo) e desenvolvimento cultural. Antes de 1500 
13
Meio Ambiente, Sociedade e DesenvolvimentoCapítulo 1
os agrupamentos humanos mais importantes estavam organizados em 
civilizações agropastoris orientadas pelo capitalismo comercial. 
Somente	a	Revolução	Industrial,	no	século	XVIII,	é	que	modificou	
o cenário de dominação pelo capitalismo comercial. Surgiu assim, uma 
nova ordem capitalista, exercida pelos donos das fábricas sobre a 
população marginalizada e os camponeses.
Entre 1760 e 1830, aproximadamente, ocorreu a primeira 
revolução industrial, com o surgimento da máquina a vapor. Por volta 
de 1870 aconteceu a segunda revolução industrial, em função da 
descoberta e do domínio da eletricidade. A partir de então, a produção 
em série e o consumo tomaram um rumo de crescimento exponencial 
e irreversível.
No início do século seguinte, ocorreu a primeira grande guerra mundial, que 
deu impulso às novas tecnologias, porém, em meados do século, com a segunda 
guerra e os eventos que a sucederam, especialmente de reerguimento da Europa 
semidestruída, é que o desenvolvimento adquiriu o padrão hoje, observado e as 
conseqüências das dimensões planetárias.
Observe o histórico abaixo, que traz uma sequência comentada 
sobre os principais acontecimentos relacionados direta ou 
indiretamente à questão socioambiental.
1945: Primeira explosão da Bomba atômica no Novo México (julho) 
e	em	Hiroshima	e	Nagasaki,	Japão	(agosto),	que	 	pôs	fim	à	
segunda guerra mundial. O ser humano adquiria a capacidade 
de destruir a si e a toda a vida.
1963: Publicação do livro “Primavera Silenciosa”, de Raquel 
Carlsson. Denunciava o uso de agrotóxicos na agricultura e os 
danos ecológicos.
1965: É publicado “Antes que a Natureza Morra”, de Jean Dorst. 
1965/70: Surgiramm as primeiras ONGs ambientais e aprofundaram-
se	 os	 movimentos	 sociais	 (pacifistas,	 antinucleares,	
estudantis e hippies).
1968: Foi lançada a obra “Bomba Populacional”, de Paul Ehrlich, 
que trata da questão do aumento exponencial da população 
humana e a relação com o consumo de recursos naturais. 
Somente a 
Revolução 
Industrial, no 
século XVIII, é que 
modificou o cenário 
de dominação 
pelo capitalismo 
comercial. Surgiu 
assim, uma nova 
ordem capitalista, 
exercida pelos 
donos das fábricas 
sobre a população 
marginalizada e os 
camponeses.
14
Gestão ambiental
Reuniu-se o Clube de Roma, basicamente composto por 
empresários e que destacou o consumo de recursos naturais 
e o aumento da população (controle e consumo). Deu origem 
ao livro Limites do Crescimento, ou relatório Meadows, que 
é considerado, por muitos, alarmista demais. Pregava o 
crescimento zero, no que foi criticado pelos países do Terceiro 
Mundo. Colocou a questão ambiental em nível planetário. 
1968/69: Viagens à lua, com a imagem da Terra. Conduziu à percepção 
sobre a pequenez humana e da Terra no Universo.
1970: Crescimento exponencial dos ecologistas, irritando tanto a 
direita conservadora quanto a esquerda radical.
1972: Foi lançado o Manifesto pela Sobrevivência, em Londres, 
culpando o consumismo e o industrialismo pela degradação. 
Também ocorreu neste ano a Conferência de Estocolmo, 
Suécia, cujo tema central foi a poluição industrial. Em 
Estocolmo, Brasil e Índia defenderam que a poluição é o preço 
a pagar pelo desenvolvimento. 
1973: Crise do petróleo e energética. Percepção sobre a esgotabilidade 
dos recursos naturais, corrida à energia nuclear com debates 
profundos. E.F. Schumacher produziu Small is Beautifull, que fala 
de tecnologias alternativas e novos modelos de desenvolvimento. 
Surgiu o Ecology Party, depois Green Party, primeiro partido 
identificado	com	o	tema	ecológico,	na	Inglaterra.
1975: Em Belgrado, atual capital da Sérvia, ocorreu a I Reunião de 
Educação Ambiental, em âmbito mundial, onde se produz 
a Carta de Belgrado, com princípios e orientações para os 
programas mundiais de Educação Ambiental.
1989: Foi produzido o documento Nosso Futuro Comum, sob a 
coordenação de Gro Brundtland, então primeira ministra da 
Noruega. A partir da realização de várias reuniões, produziu-
se um relatório que serviria de subsídios para a Conferência 
do Rio de Janeiro, enfatizando o Desenvolvimento Sustentável 
e a Educação Ambiental. 
1990:	Herman	Daly	lançou	For the Common Good, em que considera 
a sistematização de princípios de economia ecológica e faz 
uma profunda crítica à economia tradicional.
1992: Realiza-se a ECO-92, ou Conferência do Rio de Janeiro. 
Diferiu fundamentalmente de Estocolmo porque aquela 
tratou basicamente da relação homem e natureza e esta do 
15
Meio Ambiente, Sociedade e DesenvolvimentoCapítulo 1
desenvolvimento	 econômico,	 com	 influência	 direta	 sobre	 a	
Educação Ambiental. Todos os países do mundo participaram. 
Teve como um dos produtos mais importantes a Agenda 21, 
em	que	 países,	 cidades	 e	 outros	 territórios	 deveriam	 definir	
metas	socioambientais	para	o	século	XXI.
1995: Foi lançado o livro O Ponto de Mutação, de Fritjof Capra. Nele 
há um profundo questionamento do modelo cartesiano, que se 
opõe à visão sistêmica.
1996: Criação do Programa Cidadania Ambiental Global, pela ONU. 
Compreensão e ação foram as questões centrais. Também 
deu força ao terceiro setor sobre as questões ambientais.
1997: Ocorreu a conferência Rio +5, em que se perceberam poucos 
avanços sobre 1992. Neste ano produziu-se no Japão, o 
Protocolo	de	Quioto,	depois	Tratado,	no	qual	se	estabeleceram	
metas de redução da produção de gases do efeito estufa pelas 
nações.
2002: Realizou-se a Conferência de Cúpula de Joannesburgo, África 
do Sul, sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente. Fracasso 
anunciado pela ausência dos EUA.
2003: Ocorreram a 1ª Conferência Nacional das Cidades e 1ª 
Conferência Nacional do Meio Ambiente em Brasília, no Brasil.
2004:	 Ocorreu	 a	 homologação	 do	 Tratado	 de	 Quioto,	 apesar	 da	 	
postura negativa dos EUA.
2004: Foi realizada a convenção de Estocolmo, Suécia, sobre Produtos 
orgânicos Persistentes, que passou a vigorar mundialmente.
2009:Foi realizada a 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental, 
em Brasília, no Brasil, numa tentativa de aproximar essas 
duas áreas, tão próximas em termos de necessidades e tão 
distantes em termos de políticas.
2010: Vazamento de petróleo no Golfo do México (empresa 
British Petroleum), alterando drasticamente a paisagem, os 
ecossistemas e a economia dos EUA.
Fonte: O autor.
16
Gestão ambiental
Figura 1 – Conferência do Desenvolvimento e Meio Ambiente
Fonte: Disponível em: <http://biodiversidadedasamericas.
blogspot.com/>. Acesso em: 10 mar. 2011.
A Conferência do Rio de Janeiro, sobre Desenvolvimento e Meio ambiente, 
realizada pela ONU, em 1992, é considerada ainda hoje, o grande evento mundial. 
Porém, poucos avanços ocorreram desde lá.
Figura 2 – Vazamento de petróleo 
Fonte: Disponível em: <http://www.jornal.us/article-4969.Governador-
da-Florida-declara-estado-deemergencia-apos-vazamento-de-
oleo-no-Golfo-do-Mxico.html>. Acesso em: 10 mar. 2011.
O vazamento de petróleo da empresa British Petroleum no Golfo do México, 
em 2010, é um exemplo da pouca preocupação mundial com o meio ambiente. O 
17
Meio Ambiente, Sociedade e DesenvolvimentoCapítulo 1
desastre contaminou e degradou grandes áreas naturais e afetou negativamente 
a economia da região.
Observe que as imagens, que destacam dois momentos importantes da 
história recente da humanidade, mostram que ela é feita de decisões acertadas 
ou erradas, cujas consequências afetam não somente o meio ambiente, mas a 
toda atividade humana e a sua qualidade de vida.
Você pode perceber nessa linha do tempo, que tivemos diversas 
contribuições literárias, e outros acontecimentos mundiais e em nosso país que 
acrescentaram conhecimento e debate sobre a questão ambiental. Porém, tudo 
isso e outros tantos acontecimentos, como veremos nos capítulos seguintes, 
pouco	influenciaram	a	humanidade	para	que	tivéssemos	mudanças	significativas	
na relação sociedade e meio ambiente.
Atividade de Estudos: 
1) Você poderá estabelecer um rol de problemas ambientais 
que percebe em seu cotidiano, na cidade em que você mora. 
Embora esses não tenham, geralmente, o alcance dos problemas 
globais, são um indicativo importante da cultura local. Também, 
no	 somatório,	 esses	 problemas	 contribuem	 significativamente	
para a poluição e a degradação mais gerais. Procure listar os 10 
principais descasos com o meio ambiente que você observa no 
seu dia a dia.
 ______________________________________________________
 _______________________________________________________
 _______________________________________________________
 _______________________________________________________
 _______________________________________________________
 _______________________________________________________
 _______________________________________________________
 _______________________________________________________
 _______________________________________________________
18
Gestão ambiental
Sociedade	e	Meio	Ambiente
Na seção anterior, vimos como a humanidade foi criando, ao longo da história, 
o modelo de sociedade em que vivemos, com suas vantagens e desvantagens. 
Nesta seção iremos aprofundar o conhecimento sobre como a sociedade se 
relaciona com o meio ambiente e o que resulta dessa relação.
A humanidade sempre teve e terá uma enorme dependência dos 
chamados recursos naturais. Absolutamente, todas as coisas materiais 
são produzidas a partir de produtos da natureza, por mais distantes 
que dela pareçam, como os componentes eletrônicos de diversos 
equipamentos,	 ou	 os	 plásticos	 e	 fibras	 industriais,	 por	 exemplo.	
Assim, transformá-las ou usá-las diretamente são atividades inerentes 
à sociedade moderna. Produzir bens a partir dos recursos que a 
natureza proporciona é necessário para gerar riquezas e bem-estar 
social. Além disso, é o ambiente natural prestador de outros serviços 
essenciais, que são exercidos diretamente, em seu estado original, 
como o equilíbrio atmosférico, neutralizando os efeitos danosos dos 
gases de estufa, equilibrando o clima ou reciclando a matéria orgânica 
e permitindo o uso e contemplação da natureza para o lazer. Tudo isso 
demonstra a indissociabilidade entre humano e o natural. Aliás, como 
sabemos, dele fazemos parte.
As atividades humanas parecem ser as causas mais comuns 
e imediatas dos problemas que nos estão confrontando. Na 
esfera ecológica, por exemplo, a excessiva produção de 
madeira e de mineração e a expansão agrícola têm levado 
ao	 desflorestamento,	 à	 alteração	 de	 habitats	 e	 à	 perda	 da	
biodiversidade. Muitos desastres “naturais” são atualmente 
considerados como tendo sido induzidos pelo homem.
(CAVALCANTI, 2002, p.39) 
O crescimento desordenado e acelerado das atividades humanas, centrado 
em sociedades cada vez mais complexas e utilizando ferramentas mais 
impactantes, mais demandadoras de energia e geradoras de resíduos, associado 
ao crescimento populacional, como especialmente, visto nos países ditos 
periféricos, concentradores de pobreza e de dependência direta dos recursos do 
ambiente têm levado o planeta à exaustão. Assim, já consumimos mais recursos 
do que a capacidade de reposição da própria natureza.
Percebemos que o aumento do consumo desenfreado (consumismo) é outro 
fator de descompasso. O aumento do chamado consumo vegetativo, relacionado 
ao	 crescimento	 populacional,	 isoladamente,	 já	 gera	 aumento	 significativo	
do consumo de recursos, mas há um crescimento exponencial do consumo 
É o ambiente natural 
prestador de outros 
serviços essenciais, 
que são exercidos 
diretamente, em 
seu estado original, 
como o equilíbrio 
atmosférico, 
neutralizando os 
efeitos danosos dos 
gases de estufa, 
equilibrando o clima 
ou reciclando a 
matéria orgânica e 
permitindo o uso e 
contemplação da 
natureza para o 
lazer. 
19
Meio Ambiente, Sociedade e DesenvolvimentoCapítulo 1
per capita, de energia, água, bens materiais e produção de lixo, por exemplo, 
colocando sério risco para a humanidade. 
A questão do lixo, como sabemos, é um dos principais problemas ambientais, 
especialmente no ambiente urbano. O adequado gerenciamento dos resíduos, 
especialmente os de origem doméstica, principalmente evitando a sua produção, 
são	um	desafio	enorme	para	 os	 gestores	 públicos	 e	 para	 a	 própria	 sociedade,	
como	nos	mostra	a	figura	abaixo:
Figura 3 – Aterro Sanitário
Fonte: O autor. 
A produção excessiva de resíduos é um problema mundial que afeta 
indistintamente grandes e pequenas cidades. A produção per capita mundial 
triplicou nos últimos 50 anos.
Para Feldmann (2003, p. 155):
Cada vez se amplia mais o entendimento sobre a situação 
de	 risco	 em	 que	 a	 Humanindade	 se	 encontra,	 em	 função	
das alterações que ela mesma tem provocado no planeta. A 
urgência dos problemas está nitidamente colocada. Entretanto, 
nem sempre está claro para cada cidadão deste planeta o 
papel que exerce na sua condição de consumidor, ou seja, 
20
Gestão ambiental
no poder político que lhe é conferido em relação às escolhas 
que	faz.	De	certa	maneira,	o	consumidor	afluente	encontra-se	
atordoado pelo gigantesco repertório de opções de consumo 
que possui, sem se dar conta das suas repercussões. 
Observe que o cerne da questão é a percepção. A forma como 
vemos ou deixamos de enxergar o quanto somos protagonistas no 
processo de degradação, nos torna algozes e vítimas ao mesmo 
tempo, do nosso destino.
Você pode perceber que a visão hegemônica na relação entre 
sociedade e meio ambiente é a do domínio da exploração, do consumo 
e do descarte. O crescimento desenfreado do consumo, da economia 
e o desenvolvimento a qualquer custo têm levado a uma situação de 
perigo para a humanidade. Ainda assim, a maioria das pessoas não 
consegue enxergar o caminho que estamos trilhando e toda a amplitude das 
consequências que virão.
Atividade de Estudos: 
1)	 Reflita	sobre	as	razões	que	fazem	com	que	o	consumo	per	capita	
aumente considerando os principais bens de consumoe serviços 
que adquirimos. Produza um texto dissertativo, em torno de 15 
linhas, sobre essa questão. 
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
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 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
Compare as ferramentas abaixo e perceba a diferença entre a transformação 
gerada no solo pelos antigos arados já utilizados há milênios e as modernas 
máquinas capazes de mover toneladas de terra em poucos minutos. 
Observe que o 
cerne da questão 
é a percepção. 
A forma como 
vemos ou deixamos 
de enxergar o 
quanto somos 
protagonistas 
no processo de 
degradação, nos 
torna algozes e 
vítimas ao mesmo 
tempo, do nosso 
destino.
21
Meio Ambiente, Sociedade e DesenvolvimentoCapítulo 1
Figura 4 - Arado antigo
Disponível em: <www.egito.
fernandofelix.com.br/imagens/fig9.
jpeg>. Acesso em: 15 mar. 2011.
Figura 5 - Trator moderno
Fonte: Disponível em: <http://www.
connectionworld.org/wpcontent/
uploads>. Acesso em: 20 dez. 2010.
Observe também as profundas alterações nos agrupamentos humanos, 
desde os tempos mais primitivos às sociedades modernas.
Figura 6 - comunidade pré-histórica
Fonte: Disponível em: <http://www.comunidad.pedagogia.com.
mx/diseno/historia_1.jpg>. Acesso em: 15 dez. 2010.
Figura 7 - Sociedade Medieval
Fonte:	Disponível	em:	<https://goo.gl/0icZH2>.	Acesso	em:	15	dez.	2010.
22
Gestão ambiental
Figura 8 - Sociedade Moderna
 
Fonte:	Disponível	em:	<http://www.eluniversal.com.co/v2/sites/default/files/
imagecache/foto_interior/CAOS.jpg>. Acesso em: 15 dez. 2010.
Tanto o uso de técnicas ou tecnologias novas, quanto o crescimento 
populacional, especialmente o urbano, são transformações dramáticas na 
relação do homem com a natureza e consigo mesmo, como se pode ver nas 
imagens acima.
A crescente urbanização contribui largamente para o aprofundamento da crise 
socioambiental. Não só as megalópoles ou as metrópoles caracterizam-se pela 
degradação e poluição. Também cidades de porte médio, mundo afora, possuem 
em menor escala, problemas relacionadas ao lixo, esgoto não tratado, destruição 
da mata ciliar, poluição atmosférica, sonora, visual e dominação pelo automóvel.
Nem a criação dos chamados distritos industriais nas metrópoles 
e cidades industriais brasileiras, já a partir da década de 1980, 
foram	 suficientes	 para	 estancar	 a	 degradação	 do	 ambiente	 urbano.	
Tornaram-se, os distritos industriais, na maioria das vezes, novas 
áreas de moradia dos trabalhadores, pela possibilidade de viverem 
próximas ao local de trabalho. Assim, a vizinha poluição industrial 
fez com que tivessem a sua qualidade de vida piorada. Muitas novas 
técnicas e tecnologias permitiram e até impuseram, por razões legais, 
às empresas a possibilidade de diminuírem o impacto por elas geradas, 
inclusive no que tange a sua relação com a saúde e com a qualidade 
ambiental das áreas que as circundam.
Esse acelerado ritmo de industrialização e concentração de 
contingentes populacionais em áreas urbanas, principalmente 
a partir de 1960, passou a provocar profundos impactos no 
meio ambiente, tanto físicos como econômicos e sociais, 
promovendo a atividade industrial a fator determinante nas 
transformações ocorridas (ANDRADE et al, 2006).
A crescente 
urbanização 
contribui 
largamente para o 
aprofundamento 
da crise 
socioambiental.
23
Meio Ambiente, Sociedade e DesenvolvimentoCapítulo 1
Como vimos nesta seção, o processo de industrialização, o crescimento 
populacional e todas as atividades humanas são decisivas para o estado do planeta 
e	se	revertem	em	uma	piora	significativa	da	qualidade	de	vida	da	população.
Uma excelente dica de leitura para entendermos a relação 
da sociedade com o meio ambiente é o livro: CAPRA, Fritjof. A 
Teia da Vida. São Paulo: editora Cultrix, 1996, no qual o autor nos 
conduz a uma visão de interligação ecológica de todos os eventos 
que ocorrem na Terra da qual fazemos parte. Aqui ele apresenta o 
conceito de Ecologia Profunda. 
Desenvolvimento	e	Sustentabilidade
Vimos na seção anterior sobre a fragilidade da nossa relação, como 
humanidade, com a natureza. Nessa seção, veremos que o desenvolvimento, 
num sentido amplo, é o elemento necessário a gerar a qualidade de vida nas 
sociedades ditas modernas, mas que também contribui de forma determinante 
para o agravamento dos problemas. Evidentemente, ele não faz sentido em 
sociedades que se mantém originais, como os nativos de várias partes do mundo 
que vivem diretamente da e na natureza. Eles têm qualidade de vida à sua 
maneira, de acordo com a sua cultura. Não são nem mais nem menos evoluídos 
do que nós. Estes povos mantém sustentáveis as suas relações com a natureza, 
pois dela extraem apenas o absolutamente necessário às suas atividades, 
majoritariamente endossomáticas.
Endossomática é a energia utilizada apenas para a 
manutenção das atividades corpóreas de um indivíduo. A energia 
exossomática inclui todas as necessidades energéticas que temos 
não relacionadas à manutenção da vida propriamente dita, mas que 
tem a ver com a inserção na sociedade e na economia. 
A vida moderna impõe vários usos de energia que vão além das necessidades 
básicas vitais. Nessa “conta” individual poderíamos destacar a energia elétrica e 
a queima de combustíveis, necessárias ao cumprimento das nossas atividades, 
24
Gestão ambiental
mas também, o gasto para produzir a própria energia elétrica e os combustíveis, 
além do transporte desses produtos. Você pode perceber, então, que para essa 
“conta” pessoal convergem gastos energéticos (exossomáticos) de processos até 
mesmo bastante distantes de nós, como a energia necessária à produção de um 
bem, como uma roupa, em outro país, por exemplo.
Mas, temos muitas formas de diminuir o gasto energético per capita e 
devemos	 permanentemente	 ponderar	 sobre	 isso.	 Quando	 optamos	 por	 utilizar	
transporte urbano, ao invés do automóvel, todo o gasto relacionado ao ônibus, 
inclusive a sua produção, que é muitas vezes superior ao de um automóvel, 
deve	ser	dividido	entre	todos	os	passageiros,	o	que	diminui	significativamente	o	
consumo individual.
O gasto endossomático é o natural, embora caminhando para uma população 
mundial de 7 bilhões de pessoas, ele se torne muito importante também. Se a 
humanidade vivesse, ainda hoje, de forma muito primitiva, seríamos apenas alguns 
milhões de pessoas, com gasto energético endossomático imensamente inferior.
Outra curiosidade é que há gastos exossomáticos que parecem 
endossomáticos. O melhor exemplo pode ser o da atividade cerebral. Acompanhe 
o raciocínio. Se um indígena, por exemplo, precisa pensar sobre a melhor forma 
de pegar um peixe para sua alimentação, o gasto é endossomático, mas você, 
que está estudando neste momento, usa energia exossomática para tal, porque 
esta é uma atividade não vital, do ponto de vista puramente biológico.
Mas, voltemos às sociedades modernas. O que temos é um desenvolvimento à 
custa de profunda alteração ambiental. Essa alteração e suas consequências mais 
dramáticas nos conduzem à percepção sobre a insustentabilidade deste modelo.
De uma forma geral, você pode perceber que o desenvolvimento e a economia 
não	 consideram	 os	 recursos	 naturais	 como	 bens	 finitos,	 apesar	 dos	 vários	
indicadores da exaustão do suporte dos ecossistemas. Não há uma preocupação, 
na economia tradicional, com o capital natural como fator que limita o próprio 
desenvolvimento da economia. Se por um lado os recursos naturais são a fonte 
de matéria prima paraa economia, são também os receptores dos resíduos e da 
poluição, o elemento de equilíbrio ecossistêmico e o espaço que permite o lazer e a 
produção de bem estar social, e como tal deve ser admitido pelo processo produtivo.
Na	natureza	a	energia	e	a	matéria	estão	em	permanente	fluxo,	tanto	no	mundo	
vivo como no inerte. Para a economia, a energia latente do universo não tem valor, 
necessitando ser liberada pelos processos econômicos para ser utilizada. Porém, 
isso gera um aumento entrópico, que é representado pela energia que já realizou 
trabalho,	segundo	a	física,	e	que	significa	desordem,	observada	no	aumento	da	
temperatura do planeta, nos resíduos e nos poluentes diversos. 
25
Meio Ambiente, Sociedade e DesenvolvimentoCapítulo 1
Sabemos que a sociedade humana foi criando, ao longo do 
desenvolvimento tecnológico, diversos instrumentos que retiram 
energia latente da natureza, muito além das suas necessidades 
biológicas, contribuindo para o aumento entrópico. O processo de 
produção fotossintética, que prende energia, não dá conta do equilíbrio 
ecossistêmico somado à energia livre produzida pela atividade humana.
O desenvolvimento socioeconômico precisa de energia, mas 
esta já aparece livre na natureza de várias formas, não havendo 
necessidade do uso de energia latente naturalmente aprisionada. 
Essa diferente concepção, associada a outras importantes mudanças, 
especialmente comportamentais, faz- se necessária para frear o 
aumento da energia entrópica no planeta, que desestabiliza a vida como um todo 
e só atende às necessidades econômicas de uma parcela da sociedade humana.
O modelo de desenvolvimento socioeconômico vigente tem se revelado 
como um sistema que não atende as necessidades humanas e ambientais, de 
uma forma geral. Os processos pertinentes a esse modelo são geradores de 
exclusão social, concentração de renda, poluição e degradação ambiental. Esses 
aspectos nos conduzem a uma percepção do esgotamento do sistema e da 
insustentabilidade do modelo.
Se este modelo socioeconômico se mostrou insustentável, faz-se urgente o 
estabelecimento de uma nova forma de desenvolvimento que contemple, portanto, 
as necessidades sociais e ambientais. Essa nova forma de desenvolvimento pode 
ser chamada de desenvolvimento sustentável ou de sociedade sustentável, num 
sentido mais amplo.
A partir destas observações, vários ideólogos, educadores e pesquisadores, 
comprometidos com a necessidade de mudanças, iniciaram um processo de 
tentar construir esse novo conceito, ao passo que tentativas isoladas em âmbito 
local e em alguns países têm produzido experiências neste sentido.
Um conceito aplicado em várias partes do mundo é o de 
Ecovilas, um modelo de assentamento baseado na sustentabilidade 
ambiental e harmonia entre as pessoas. Nelas todas as questões 
ambientais são pensadas, já na sua concepção e projeto, mas 
também nas práticas, para promover a autosustentabilidade. 
O desenvolvimento 
socioeconômico 
precisa de energia, 
mas esta já aparece 
livre na natureza 
de várias formas, 
não havendo 
necessidade do 
uso de energia 
latente naturalmente 
aprisionada. 
26
Gestão ambiental
Você poderá ver mais a respeito no site da institução Ecovilas, 
disponível em http://www.ecovilas.ecocentro.org.
Basicamente, desenvolvimento sustentável pode ser conceituado 
como um sistema que gera qualidade de vida, atendimento das 
necessidades básicas e respeito ao meio ambiente. Outro elemento 
importante é a continuidade desse processo ao longo do tempo, razão 
pela qual também é conhecido com desenvolvimento durável. 
Sustentabilidade, do ponto de vista ambiental, apresenta-se 
como um conceito um tanto mais amplo que o de desenvolvimento 
sustentável. Envolve a construção de uma sociedade de equilíbrio 
que considera uma nova ética, que não é apenas social ou humana, 
mas	 também	 ambiental.	 Filosoficamente,	 apregoa	 um	 retorno	 a	
conceitos antigos, mas nunca ao mesmo tempo tão atuais, como uma 
visão mais holística da relação do homem com a natureza e consigo 
mesmo. Essa relação depende, em grande parte, de produzirmos uma 
economia também mais sustentável, em que a natureza não seja vista 
apenas como recurso, em que os bens ambientais sejam valorados 
economicamente, como veremos no próximo capítulo. Isso permitirá o 
seu uso sustentável para as atuais e para as futuras gerações.
O termo sustentabilidade, numa dimensão socioambiental, 
pressupõe	 uma	 reflexão	 muito	 profunda	 de	 cada	 um,	 em	 que	
a sua relação com a natureza e com cada outra pessoa seja 
permanentemente revista.
Há	 alguns	 ótimos	 filmes	 que	 apresentam	 e	 discutem	 sobre	
questões relacionadas a desenvolvimento e meio ambiente. Muitos 
são símbolos da preocupação com os destinos da humanidade face 
às mudanças socioambientais. Eis algumas sugestões:
Uma Verdade Inconveniente. Albert Gore, ex-vice-presidente 
dos EUA, faz um alerta sobre as razões e consequências das 
mudanças climáticas e a própria sustentabilidade da vida humana, 
neste	filme	que	é	homônimo	do	livro.	Disponível	em	http://www.guba.
com/watch/3000081561/049-Uma-verdade-inconveniente
Desenvolvimento 
sustentável pode ser 
conceituado como 
um sistema que 
gera qualidade de 
vida, atendimento 
das necessidades 
básicas e respeito 
ao meio ambiente. 
O termo 
sustentabilidade, 
numa dimensão 
socioambiental, 
pressupõe uma 
reflexão muito 
profunda de cada 
um, em que a 
sua relação com 
a natureza e 
com cada outra 
pessoa seja 
permanentemente 
revista.
27
Meio Ambiente, Sociedade e DesenvolvimentoCapítulo 1
A origem das coisas.	 O	 filme	 de	 2006	 faz	 uma	 análise	 e	 um	
alerta sobre o consumo desenfreado e suas consequências mundiais. 
Disponível em http://videolog.uol.com.br/video.php?id=353307
SACHS,	 Ignacy.	 Caminhos para o Desenvolvimento 
Sustentável. São Paulo: Editora Garamond, 2006. Esta obra 
introduz as ideias do economista sobre a eco-sócio-economia, 
uma ciência que percebe as interfaces entre a ecologia política, 
a sociologia e a economia, propondo uma nova visão para o 
desenvolvimento.
Atividades de Estudos: 
Responda	às	questões	abaixo,	a	partir	 de	pesquisa,	 refletindo	
sobre os conceitos e informações vistos e pesquisando em fontes 
disponíveis.
1)	 Quais	 foram	as	 diferenças	 fundamentais	 entre	 as	Conferências	
de Estocolmo (1972) e a do Rio de Janeiro (1992), relativamente 
à participação das nações, produtos e resultados?
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2) O que diferencia essencialmente os conceitos de desenvolvimento 
sustentável, sociedade sustentável e sustentabilidade? 
28
Gestão ambiental
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3) A globalização contribuiu para o aprofundamento da crise 
ambiental.	 Que	 consequências	 estão	 ligadas	 a	 este	 processo?	
Dê exemplos de como a globalização pode e tem sido usada 
para ajudar os países na busca por economia e tecnologias 
sustentáveis.
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Algumas	Considerações
Este capítulo faz, num primeiro momento, uma análise histórica e 
conceitual dos principais acontecimentos e eventos que contribuíram, positiva ou 
negativamente, para a questão ambiental. Associa a relação e as interfaces do 
ambiental e do humano, que devem ser considerados como parte do mesmo todo, 
tal é a indissociabilidade entre si.
Na sequência, apresenta de forma mais explícita, esta relação apontada, 
mostrando	 como	 a	 sociedade,	 através	 da	 sua	 complexificação	 e	 do	 uso	 dos	
recursos da natureza tem acelerado a degradação e a poluição do ambiente, 
tanto o natural como aquele pelo homem transformado.
Por	 fim,	 trata	 do	 desenvolvimento	 socioeconômico,	 da	 forma	 como	 é	
hegemonicamente colocado, em nível mundial, e de sua relação com os problemas 
29
Meio Ambiente, Sociedade e DesenvolvimentoCapítulo 1
ambientais. Também apresenta a ideia do desenvolvimento sustentável, em 
oposição	ao	desenvolvimento	tradicional	e	as	dificuldades	para	sua	implantação.
No próximo capítulo, você terá contato com a visão da economia sobre os 
bens naturais, em que a inesgotabilidade dos recursos não é percebida pelo 
processo tradicional. Também serão apresentadas e analisadas as visões das 
chamadas economia ecológica e ambiental, que trazem luz à questão econômica, 
necessária ao desenvolvimento e à geração de qualidade de vida das sociedades.
Referências	
ANDRADE,	Rui	Otávio;	TACHIZAWA,	Takeshy;	de	CARVALHO,	Ana	Barreiros.	
Gestão Ambiental: Enfoque Estratégico Aplicado ao Desenvolvimento 
Sustentável.	São	Paulo:	Editora	MAKRON	Books,	2006.
BRÜGGER, Paula. Educação ou Adestramento Ambiental. Chapecó e 
Florianópolis: Editoras Argos e Letras Contemporâneas, 2004.
CAVALCANTI, Clóvis (org.). Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e 
Políticas Públicas. São Paulo: Editora Cortez, 2002.
FELDMANN, Fábio. In Meio Ambiente no Século 21. Rio de Janeiro: Editora 
Sextante, 2003.
SACHS,	Ignacy.	Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. São 
Paulo:Editora Garamond, 2006.
30
Gestão ambiental
CAPÍTULO 2
Economia	Ecológica	ou	Ambiental	
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 9 Conhecer as diferenças conceituais e práticas entre a economia dominante e 
a ecológica ou ambiental.
 9 Analisar e debater sobre as concepções entre as diferentes visões econômicas.
 9 Propor cenários de compatibilidade entre a economia tradicionalmente 
concebida e as necessidades de preservação e conservação.
32
Gestão ambiental
33
Economia Ecológica ou Ambiental Capítulo 2
Contextualização
No capítulo anterior, vimos como o desenvolvimento da sociedade, ao longo 
de	toda	a	sua	história,	produziu	alterações	significativas	no	planeta,	ao	ponto	de	
colocar em risco a própria existência da vida na Terra. Agora veremos como o 
desenvolvimento econômico aprofundou as alterações, levando a humanidade a 
utilizar exaustivamente os recursos da natureza, de tal forma que invadimos o 
que poderíamos chamar de “poupança ambiental”, os bens que podem garantir os 
processos econômicos, mas também a própria existência humana e das demais 
formas de vida no planeta.
A economia tradicionalmente concebida crê, ou pelo menos age, no 
sentido do crescimento ilimitado e vê a natureza como recurso a ser explorado, 
desconsiderando como regra, os demais serviços prestados por ela, como a 
neutralização dos produtos da economia (resíduos, gases e poluentes), o uso 
direto da natureza, como geradora de bem estar (lazer, contemplação e pesquisas) 
e o chamado valor intrínseco da natureza (o simples valor de existir). Este último 
baseia-se em um profundo senso ético, pois é o único não antropocêntrico, não se 
caracterizando como um uso, exatamente.
Dar valor à natureza com um sentido simbólico, para o necessário equilíbrio 
ambiental da Terra é necessário, mas, mais do que isso, valorar a natureza do 
ponto de vista econômico é absolutamente imperioso. Nesse sentido, surge 
a	 Economia	 Ecológica,	 cujos	 princípios	 remontam	 ao	 início	 do	 século	 XX.		
Evidentemente, tais ideias são contrárias ao modelo de expropriação dos bens 
naturais como ocorre no desenvolvimento tradicional. Nela, esses bens sempre 
foram tidos como livres, sem valor econômico.
Entretanto a necessidade de um novo paradigma de desenvolvimento com 
sustentabilidade socioambiental trouxe à tona essa preocupação, que passou a 
ser compartilhada por vários economistas dessa nova visão. Passou-se a teorizar 
sobre a questão e literatura e pesquisas foram e estão sendo realizadas, para 
refletir	e	mensurar	o	valor	que	a	natureza	deve	ter,	do	ponto	de	vista	econômico,	
como veremos a seguir.
A	Economia	Tradicional	e	sua	
Interface	com	o	Ambiental
A necessária importância da inclusão da temática ambiental nos aspectos 
econômicos	começa	a	acontecer	verdadeiramente	apenas	no	final	dos	anos	1960,	
como você pode perceber no histórico (quadro abaixo): 
34
Gestão ambiental
Quadro	1	-	EVOLUÇÃO	DO	PENSAMENTO	ECONÔMICO-ECOLÓGICO
• Sergei Podolinski: No final do século XIX trocou correspondência com Karl Marx, 
em que discutiam as relações entre a termodinâmica, a biologia e a economia.
• Mahatma Gandhi: No início do século 20 já mostrava preocupação com o 
desenvolvimento e o crescimento econômico vigentes.
• Arthur Pigou: Autor de “The Ecomomics of Welfare”, em 1920, em que trata da 
questão das externalidades na economia.
• Vladimir Vernadsky: Escreveu duas obras que tornaram-se marcos da Economia 
Ecológica ou Ambiental, “La Géochimie”, e “La Biosphère”, entre 1924 e 1926, 
falando sobre recursos naturais e os limites dos ecossistemas.
• Alfred Lotka: Autor de “The Law of Evolution as a Maximal Principle”, em 1945, cuja 
obra trata sobre os mecanismos exosomáticos nos seres humanos.
• John Hicks: Escreve “Value and Capital”, em 1946, tratando de economia sustentável.
• Nicholas Georgescu-Roegen: Um dos nomes mais importantes para a Economia 
Ecológica, o autor romeno produziu a obra “The Entropy Law and the Economic 
Process”, em 1971, em que trata do processo entrópico e sua relação com a 
economia.
• E.F. Schumacher: Autor de “Small is Beautiful“, de 1973, em que fala de tecnologias 
alternativas e novos modelos de desenvolvimento, ponderando sobre a tese de 
que pequenos negócios, pequenas cidades e pequenas ações são mais fáceis de 
administrar e geram menos impacto ambiental.
• Herman Daly: “For the Common Good”, 1990, em que considera a sistematização de 
princípios de economia ecológica e faz uma profunda crítica a economia tradicional.
Fonte: O autor. 
Além dos autores e pensadores da questão econômico-ambiental, também 
o movimento ambientalista logo percebeu a necessidade de incorporar à sua luta 
a questão ecológica, que começava a ser fundamentada pelos trabalhos citados 
e que foi aprofundada pela crise do petróleo e a escassez de outros minerais, 
especialmente no início da década de 1970. 
35
Economia Ecológica ou Ambiental Capítulo 2
A chamada questão ambiental trouxe a crítica ao modelo de 
desenvolvimento socioeconômico, mostrando a incompatibilidade entre 
a preservação dos bens naturais e as necessidades do crescimento 
econômico.	 O	 esgotamento	 destes	 recursos	 significaria,	 assim,	 o	
próprio esgotamento do crescimento econômico. A partir daí, a ciência 
econômica começou a dar atenção ao fato e vários estudos, debates e 
obras serem produzidos, relacionado ao tema.
Neste processo, é de grande destaque o impacto do Clube 
de Roma, com a publicação de “The Limits to Growth”, o Relatório 
Meadows,	 de	 1972.	Tal	 trabalho	 aponta	 paraum	cenário	 catastrófico	
de impossibilidade de perpetuação do crescimento econômico devido 
à exaustão dos recursos ambientais por ele acarretada, levantando assim à 
proposta de um crescimento econômico “zero”. O debate passa então, a polarizar-
se entre esta posição de “crescimento zero”, conhecida por “neo-malthusiana” e 
posições desenvolvimentistas de “direito ao crescimento” (defendida pelos países 
do terceiro mundo), indo desaguar na Conferência da UNCED em Estocolmo em 
1972. (Amazonas, 2008).
Ainda, segundo Amazonas (2008 p. 5) 
[...] a Economia Ecológica não partilha do ceticismo pessimista 
alarmista ecológico, que vê tais limites como iminentes 
e intransponíveis, pois ela reconhece que o progresso 
tecnológico constantemente promove a superação de limites 
naturais	 pelo	 aumento	 de	 eficiência	 e	 pela	 substituição	 de	
recursos exauríveis por renováveis. Tampouco a Economia 
Ecológica partilha do “otimismo tecnológico”, o qual entende 
as restrições naturais como um problema menor, pois estas 
sempre hão de ser superadas pela tecnologia, pois a Economia 
Ecológica reconhece que o progresso tecnológico de fato se 
dá,	mas	apenas	dentro	de	certos	limites	fisicamente	possíveis.	
Assim, a Economia Ecológica não adota nenhuma posição 
a priori quanto a existência ou não de limites ambientais 
ao crescimento econômico, adotando sim uma posição de 
“ceticismo prudente”, a qual busca justamente delimitar as 
escalas em que as restrições ambientais podem constituir 
limites efetivos às atividades econômicas.
Sabemos que a Conferência de Estocolmo, em 1972, foi o primeiro grande 
encontro mundial para tratar de desenvolvimento e meio ambiente. Nele 
produziu-se a tese do ecodesenvolvimento, na qual se rompe com a visão da 
incompatibilidade entre desenvolvimento e preservação. Segundo esta tese, na 
realidade há uma interdependência entre eles. Inicia-se então, um período de 
teorização sobre como promover esta compatibilização, que vai culminar com o 
conceito de desenvolvimento sustentável, consolidado no relatório Nosso Futuro 
Comum, ou Brundtland, 15 anos depois de Estocolmo.
Como vimos no Capítulo 1, os eventos posteriores à conferência de 
A chamada questão 
ambiental trouxe a 
crítica ao modelo 
de desenvolvimento 
socioeconômico, 
mostrando a 
incompatibilidade 
entre a preservação 
dos bens naturais 
e as necessidades 
do crescimento 
econômico. 
36
Gestão ambiental
Estocolmo e à edição do relatório Brundtland, especialmente as 
Conferências	 do	 Rio	 de	 Janeiro,	 em	 1992	 e	 1997,	 reafirmaram	 a	
relação entre economia, desenvolvimento e meio ambiente.
Pressupõe-se então, que o desenvolvimento precisa estar 
baseado	em	um	tripé	 formado	pela	eficiência	econômica,	o	equilíbrio	
ambiental e a equidade social. O Desenvolvimento Sustentável passou 
a ser o ponto de maior penetração da questão ambiental na Economia.
Figura 9 – Tripé do desenvolvimento
Fonte: Disponível em: <http://apuracao.wordpress.com/2010/11/05/
desenvolvimentosustentavel-ontem-e-hoje/.>. Acesso em: 11 mar. 2011.
A crítica ambiental que gerou a preocupação com o desenvolvimento e a 
economia tem sua origem no campo das ciências naturais, posteriormente nas 
sociais, para só então, tardiamente, penetrar o campo das ciências econômicas. 
Este fato atrasou a criação deste novo conceito de desenvolvimento econômico, na 
verdade, ainda hoje algo muito “etéreo” e, por muitos, considerado intangível. Ainda 
assim, surge uma nova abordagem mundial, a da “Bioeconomia”, que propõe uma 
nova visão, ou ciência econômica, denominada de Economia Ecológica.
Bioeconomia pode ser conceituado como um campo 
interdisciplinar das ciências que visa compatibilizar as evoluções da 
economia humana e do ambiente natural.
Você pode ver, então, que a sustentabilidade depende de uma nova visão 
O Desenvolvimento 
Sustentável passou 
a ser o ponto de 
maior penetração da 
questão ambiental na 
Economia.
37
Economia Ecológica ou Ambiental Capítulo 2
econômica. Nem tão nova do ponto de vista conceitual, mas como 
ciência aplicada. Brügger (2004, p.22), acrescenta que
 
(...) as premissas da verdadeira sustentabilidade 
não	 podem	 ficar	 confinadas	 nem	 mesmo	
aos valores da economia ambiental, a qual 
não rompe de fato com os pressupostos da 
economia neoclássica que vê a natureza como 
uma grande fábrica.é necessário, portanto, que 
adotemos as premissas da economia ecológica 
a qual se situa, em termos paradigmáticos, mais 
próxima dos valores defendidos pelos teóricos 
críticos	da	Escola	de	Frankfurt.
A	Escola	de	Frankfurt	é	um	agrupamento	de	cientistas	sociais,	
do início da década de 1960, que debatia sobre como explicar o 
rápido desenvolvimento das economias mundiais, criticando tanto o 
capitalismo como o comunismo e apresentando uma alternativa para 
o desenvolvimento social.
A Economia Ecológica está fundada no princípio de que o funcionamento 
do sistema econômico precisa ser concebido tendo em vista as condições, ou 
limitações, do mundo biofísico, considerando que o sistema se estabelece sobre 
este e depende dele para a sua sustentação em termos de energia e matéria 
prima, mas também, para dar conta da entropia gerada pelo sistema. A Economia 
Ecológica pressupõe, ainda, que a integração dos dois sistemas, o econômico e 
o natural, deverá ocorrer em um sentido de funcionamento comum, harmônico e 
integrado. O problema principal é determinar a sustentabilidade desta interação, 
as condições de estabilidade. 
Além disso, esta sustentabilidade precisa ser estendida às gerações futuras, 
num sentido de equidade intergeracional. A exploração excessiva dos bens 
naturais, como aceita pela sociedade, adquire um caráter egoísta por parte das 
gerações atuais. Estamos extraindo mais recursos do que a natureza repõe a 
cada ano. Essa é uma conta que somos obrigados a refazer.
Você	 pode	 perceber,	 então,	 que	 não	 é	 suficiente	 pensarmos	 em	
sustentabilidade ambiental e social apenas para o presente, mas também, em 
uma solidariedade para com as futuras pessoas que habitarão a Terra. Essas 
serão	nossos	filhos	e	netos	e	 terão	direito	a	gerar	qualidade	de	vida	para	si	da	
mesma forma que queremos para nós.
Na economia tradicional, os bens naturais são considerados como gratuitos, 
não possuem valoração econômica, embora representem custos líquidos para o 
ambiente. Observe que segundo essa lógica, não tendo valor econômico, temos a 
sensação, como sociedade, que não necessitamos economizar os bens naturais. 
 A Escola de Frankfurt 
é um agrupamento 
de cientistas sociais, 
do início da década 
de 1960, que 
debatia sobre como 
explicar o rápido 
desenvolvimento 
das economias 
mundiais, criticando 
tanto o capitalismo 
como o comunismo 
e apresentando uma 
alternativa para o 
desenvolvimento 
social.
38
Gestão ambiental
Há	uma	falsa	impressão	de	abundância.	É	claro	que	essa	percepção	é	variável.	Em	
países em que os bens naturais tornaram-se escassos, um consumo e produção 
mais responsáveis ocorrem; mas, em países como o Brasil, de dimensões 
continentais, com relativa abundância, a sociedade tende a ser perdulária.
Interessantes contribuições à noção e ao estudo da Economia 
Ecológica você pode ver no site da Sociedade Brasileira de Economia 
Ecológica, em www.ecoeco.org.br
Uma interessante e importante forma de valoração de um bem natural é o 
caso da cobrança pelo uso da água. Esse instrumento, que no Brasil ocorre a 
partir da ação dos comitês de bacia, busca ultrapassar um conceito arraigado 
entre os usuários de água, de que este bem é de uso livre e gratuito. Assim, os 
múltiplos usos são contemplados.
Você pode ver, então, que é imperioso darmos valor econômico a cada 
produto natural, como a água, os minerais e a madeira. Esses bens não serão 
infinitos	 e	 há	 a	 necessidade	 de	 recuperarmos	 a	 degradação	 causada	pela	 sua	
extração ou pela poluição dos processos industriais e sociais. Se não, alguém 
arcará com os custos no futuro.
Um exemplo de que a valoraçãoeconômica e o uso racional não podem 
ser negligenciados é o caso do uso da água, já citado anteriormente. Em muitas 
bacias	 hidrográficas	 brasileiras	 não	 é	 aplicado	 o	 princípio	 dos	 usos	 múltiplos,	
expresso	 na	 própria	 Política	 Nacional	 dos	 Recursos	 Hídricos	 (Lei	 Federal	 nº	
9.433, de 1997), ocorrendo escassez do bem. Vale lembrar que, de acordo com 
a lei, em casos de falta de água, os usos prioritários são a dessedentação de 
pessoas	e	animais,	ou	seja,	o	uso	econômico	fica	relegado	a	segundo	plano.	A	
extração de minérios, como o carvão, no sul do Brasil, é um exemplo claro da má 
repartição dos custos com a recuperação das áreas degradadas, ocorridas desde 
há	 muitas	 décadas,	 e	 cujos	 maiores	 beneficiários	 à	 época	 auferiram	 enormes	
lucros e poucos participarão no custeio da recomposição do solo e da vegetação.
Os efeitos positivos ou negativos, de determinada atividade, como esses que 
acabamos de ver, são considerados como externalidades econômicas, pois não 
participam diretamente da contabilidade. Essa é a diferença fundamental entre a 
economia vigente e a ecológica.
39
Economia Ecológica ou Ambiental Capítulo 2
Atividade de Estudos: 
1) Uma externalidade ocorre quando há custos ou benefícios sociais 
significativos	advindos	da	produção	ou	do	consumo	que	não	são	
refletidos	nos	preços	de	mercado.	Por	exemplo,	a	poluição	do	ar	
pode ser considerada uma externalidade negativa e educação 
pode ser uma externalidade positiva. Produza uma lista com 
externalidades positivas e negativas originadas de alguma 
atividade econômica à sua escolha. Depois, pondere sobre o 
resultado.
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Economia	e	Preservação	dos	
Recursos	Ambientais
Nesta seção trataremos sobre como os bens naturais exercem e garantem 
a manutenção e prestação de serviços à economia. Embora não possamos 
mais tratar esta questão de forma parcial e pouco profunda, a sociedade e a 
própria economia não parecem muito dispostos a fazê-lo. A realização de mais 
e novos estudos poderá trazer luz ao tema. A informação e o conhecimento 
gerados deverão nos conduzir a buscar o equilíbrio entre as necessidades de 
desenvolvimento e de preservação da natureza.
 Você já pensou sobre qual é o valor dos serviços prestados pela Natureza? 
Podemos	dizer	que	a	princípio	é	infinito?		Pense	sobre	isso:	a	economia	mundial	
entraria rapidamente em colapso sem a existência de solos férteis, água de boa 
qualidade	 e	 ar	 limpo.	 Porém,	 “infinito”	 muito	 rapidamente	 pode	 se	 transformar	
40
Gestão ambiental
em “zero” nas equações utilizadas por administradores públicos e em 
decisões políticas. Assim, valores mais consistentes e concretos são 
necessários para se evitar decisões econômicas não sustentáveis, 
que possam degradar os recursos naturais e os serviços que os 
ecossistemas geram.
Com esse objetivo, uma equipe de treze pesquisadores, tendo 
à frente o cientista Robert Costanza, da Universidade de Maryland, 
estimou o valor econômico de 17 serviços que o meio ambiente pode 
proporcionar (regulação hídrica, de gases, climática e de distúrbios 
físicos, abastecimento d’água, controle de erosão e retenção de 
sedimentos, formação de solos, ciclo de nutrientes, tratamento de 
detritos, polinização, controle biológico, refúgios de fauna, produção de 
alimentos, matéria-prima, recursos genéticos, recreação e cultura), em 16 biomas 
espalhados pelo mundo. Informações dispersas em mais de uma centena de 
estudos de valoração econômica de bens e serviços ambientais foram agrupadas 
e	analisadas,	e	ao	final	o	resultado	encontrado	para	o	valor	médio	dos	serviços	
proporcionados pela Natureza, nos ecossistemas pesquisados, foi de US$ 33 
trilhões ao ano. Logicamente, a tentativa de se estimar o valor corrente total 
dos serviços ambientais em questão tem uma série de limitações, admitidas por 
Costanza e seus colaboradores. 
Vários	 biomas	 e	 diversas	 categorias	 de	 serviços	 ambientais	 ficaram	 de	
fora do trabalho, já que não são ainda adequadamente pesquisados e objeto de 
valoração econômica. O próprio Cerrado, cujos estudos de valoração econômica 
ainda são muito recentes, não foi considerado no estudo. Portanto, à medida 
que outros estudos ocorrerem e forem disponibilizados, o valor total dos bens e 
serviços irá aumentar. Em muitos casos os valores encontrados são baseados 
em levantamentos da “disposição a pagar” da sociedade por serviços ambientais, 
levantamentos	 esses	 nos	 quais	 se	 firmam	 alguns	 dos	 métodos	 de	 valoração	
econômica do meio ambiente Aqui, o perigo é que os cidadãos possam estar 
desinformados quanto à importância dos bens e serviços ambientais, e assim suas 
preferências não incorporarem adequadamente preocupações sociais, econômicas 
e ecológicas, entre outras, o que pode resultar em valores inconsistentes. 
Podemos perceber que a valoração econômica dos serviços prestados pela 
natureza sempre será, de certa forma, empírico, porque envolve percepções 
das pessoas sobre o que é importante e sobre que valor deve ter. Não há como 
eliminar totalmente essa subjetividade, portanto.
Pode-se questionar a tentativa de dar um valor à atmosfera, ou às rochas e 
ao solo no suporte aos ecossistemas, O valor, nesses casos, é incomensurável. 
Entretanto, como bem aponta o estudo, é de fundamental importância investigar 
Valores mais 
consistentes e 
concretos são 
necessários para 
se evitar decisões 
econômicas não 
sustentáveis, que 
possam degradar 
os recursos 
naturais e os 
serviços que os 
ecossistemas 
geram.
41
Economia Ecológica ou Ambiental Capítulo 2
como	modificações	na	quantidade	e	qualidade	dos	vários	tipos	de	capital	natural	e	
de serviços ambientais podem acarretar impactos no bem estar humano. 
Levanta-se a questão de que a valoração de bens e serviços ambientais é 
tampouco correta, já que não podemos dar valor a bens “intangíveis”, como a vida 
humana, paisagens, ou benefícios ecológicos de longo prazo. Porém, na verdade 
valoramos bens e serviços “intangíveis” todos os dias, ao estabelecermos, por 
exemplo, padrões para construção de estradas, pontes, e similares: nesse caso 
valoramos a vida humana, já que estamos gastando mais dinheiro em construções 
que salvarão vidas. A realidade é que a sociedade valora o meio ambiente todos 
os	dias.	Qualquer	decisão	quanto	ao	uso	da	 terra	envolve	estimativas	de	valor,	
mesmo quando valores monetários não são utilizados. 
Para Alier (2005, p. 34), “Antes de atribuirmos valores econômicos 
aos recursos ou serviços ambientais, deve haver a percepção social 
de que estes recursos e serviços existem e são valiosos [...]”.
Argumenta-se que devemos preservar os ecossistemas por 
razões morais, não lhes cabendo atribuir nenhum tipo de valor 
econômico. A preservação seria uma questão relacionada aos direitos 
de todas as espécies, tendo a ver com as nossas obrigações morais 
para com as futuras gerações. Os bens e serviços ambientais seriam 
fins	em	si	próprios,	e	não	um	instrumental	para	se	obter	determinado	
objetivo, no caso o desenvolvimento. 
Você pode concluir que, se todos os bens naturais têm direito à 
existência, presume-se que não é possível optar por um em detrimento 
de outro, estando, assim, todas as perdas moralmente condenadas. 
Porém, a realidade é que a sociedade tem que fazer opções. Sendo assim, ciente 
de que nem tudo pode ser salvo e mantido intacto, é essencial optar entreformas 
de intervenção que tenham a melhor relação custo/benefício. Nesse ponto é que 
a valoração econômica de bens e serviços ambientais pode prestar um relevante 
papel. 
Observe que essas escolhas geralmente são feitas por outros e não por nós 
mesmos, mas há um outro sentido muito importante nessa questão das escolhas 
sobre o que devemos preservar. Trata-se das escolhas dirigidas pela ética e pela 
cidadania, que são geralmente individuais. Além disso, nossa consciência sobre 
isso	deve	influenciar	outras	pessoas,	o	que	requer,	também,	uma	pró-atividade	de	
nossa parte.
“Antes de 
atribuirmos valores 
econômicos 
aos recursos 
ou serviços 
ambientais, deve 
haver a percepção 
social de que estes 
recursos e serviços 
existem e são 
valiosos [...]”.
42
Gestão ambiental
Atividade de Estudos: 
1)	 Procure	definições	para	os	termos	Ética	Ambiental	(ou	Ecológica)	
e Cidadania Ambiental (e Planetária). Disserte sobre isso e sobre 
como	 esses	 conceitos	 deveriam	 influenciar	 nossas	 decisões	
sobre desenvolvimento e economia. 
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Não	costumamos	refletir	sobre	as	opções	que	devemos	fazer	todos	os	dias,	
ainda que indiretamente. Raramente percebemos que para gerar desenvolvimento 
econômico precisamos eliminar vidas, inclusive humanas. Isso pode ser entendido 
como	 as	 escolhas	 entre	 ações	 individuais	 ou	 coletivas	 que	 podem	 significar	
menos mortes humanas ou de animais, como os alimentos que consumimos, a 
participação e as escolhas políticas ou sociais que fazemos, as campanhas que 
apoiamos, entre outras tantas.
Sabemos que o desenvolvimento econômico está intimamente ligado 
a aumentos no nível de bem estar da sociedade, resultantes da produção e 
consumo de bens e serviços tradicionais. Porém, isso depende de diversas 
funções dos recursos naturais, como matérias primas, capacidade de suporte de 
ecossistemas, assimilação de resíduos e biodiversidade. O meio ambiente faz 
parte da função de produção de grande quantidade de bens econômicos, cuja 
obtenção seria impossível sem a sua existência. 
Cabe destacar que a economia de bens e serviços ambientais possui 
características diferentes da economia tradicional. O uso dos recursos ambientais, 
por exemplo, gera custos e benefícios que pouco são apreendidos em um sistema 
43
Economia Ecológica ou Ambiental Capítulo 2
de mercado, muito embora os recursos tenham valor econômico. Embora o valor 
econômico dos recursos ambientais não seja observável no mercado por meio de 
preços, o meio ambiente tem um valor. Na medida em que seu uso altera o nível 
de produção e consumo da sociedade, já que o bem estar das pessoas é medido 
tanto pelo consumo de bens e serviços tradicionais, como pelo consumo de bens 
de origem recreacional, política, cultural e ambiental.
Você	também	já	deve	ter	observado	que	pelo	fato	de	não	serem	quantificados	
e transacionados em mercados, os bens e serviços ambientais têm muito 
pouco peso nas decisões políticas. Isso não é diferente em quase parte nenhuma 
do mundo. A não ser, paradoxalmente, naquelas sociedades justamente por nós 
consideradas como mais primitivas. Esta negligência econômica e política pode ter 
como consequência o comprometimento da sustentabilidade da vida na Terra, já que 
os ativos ambientais não possuem substitutos. 
Apesar dos diversos problemas de ordem conceitual e empírica inerentes 
à produção de uma estimativa dessa ordem, o trabalho de Costanza pode ser 
importante para se estabelecer uma primeira aproximação da magnitude relativa 
dos ecossistemas globais, e para estimular debates e pesquisas em valoração 
de bens e serviços ambientais. Contudo, talvez o maior mérito do trabalho é a 
comparação que permitiu ser feita entre os valores existentes do Produto Interno 
Bruto global e o valor econômico médio dos serviços ambientais prestados pelos 
16 biomas pesquisados: para o meio ambiente o resultado encontrado foi de US$ 
33 trilhões anuais, enquanto que no mesmo ano o PIB global somava cerca de 
US$ 18 trilhões. Ou seja, o valor dos serviços ambientais era quase o dobro do 
encontrado para o PIB. 
A diferença entre o PIB Mundial e os serviços ambientais, ainda 
que subdimensionados, mostram que estes têm uma posição destacada 
na contribuição para o bem estar humano no nosso planeta. 
A economia não pode continuar a ser vista como um sistema 
fechado e isolado, no qual existem fontes inesgotáveis de matéria 
prima e energia para alimentar o sistema, onde o processo de 
produção converte todos os insumos em produtos sem deixar resíduos 
indesejáveis, e no consumo todos os produtos desaparecem como 
num passe de mágica, sem deixar vestígios. Ou seja, a economia não 
pode insistir em considerar o meio ambiente como mero coadjuvante. 
A diferença entre o 
PIB Mundial e os 
serviços ambientais, 
ainda que 
subdimensionados, 
mostram que estes 
têm uma posição 
destacada na 
contribuição para o 
bem estar humano 
no nosso planeta. 
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Gestão ambiental
Uma interessante dica para entendermos os mecanismos da 
produção	de	preços	é	o	filme	a	Origem	das	Coisas,	disponível	em	
http://video.portalcab.com/?play=historia-das-coisas. Nele, você 
poderá entender como as relações de produção e consumo são 
baseadas em motivações nada éticas.
Ekins	 (1992)	 já	 considerava	 a	 necessidade	 de	 entender	 a	 economia	 não	
apenas pelo capital produzido (ou manufaturado), mas através do conceito do 
que ele chama de quatro capitais: natural, humano, social-organizacional e o 
próprio manufaturado. Este modelo difere do tradicional de criação de riqueza, 
segundo	 Merico	 (2002),	 que	 demonstra	 uma	 relação	 simplificada	 entre	 terra,	
trabalho e capital.
Ainda, segundo Merico (2002, p. 20 e 21):
É importante reconhecer esta ampla conceituação de riqueza, 
que não se limita à noção exclusiva de dinheiro. E é igualmente 
importante produzir, sistematizar e desenvolver um arcabouço 
básico de análise econômica que consiga superar a análise 
exclusiva	 de	 fluxo	 monetário	 e	 que	 considere	 os	 fluxos	 de	
matéria e energia no ambiente, desencadeados pelo processo 
de produção econômica.
O processo produtivo não considera a internalização dos custos 
ambientais, que vem a ser o preço a ser pago para resolver a poluição 
e	 a	 degradação	 ambiental.	 Isto	 significa	 exatamente	 contabilizar	
os impactos e é ferramenta para melhorar a alocação de recursos 
econômicos.	 Para	 tal,	 é	 necessário	 identificar	 os	 impactos	 e	 sua	
correta valoração econômica. A base de cálculo da macroeconomia 
(e também da microeconomia), portanto, é falsa e impede a produção 
real	da	performance	econômica	de	um	determinado	espaço	geográfico	e	mesmo	
mundial. 
A microeconomia é parte de um sistema maior, a macroeconomia, e a ela 
está sujeita. Mas é importante lembrar que não há economia sem bens naturais. 
Assim, a macroeconomia é parte de um sistema maior, a própria Biosfera.
A microeconomia 
é parte de um 
sistema maior, a 
macroeconomia, e 
a ela está sujeita. 
Mas é importante 
lembrar que não há 
economia sem bens 
naturais. Assim, a 
macroeconomia 
é parte de um 
sistema maior, a 
própria Biosfera.
45
Economia Ecológica ou Ambiental Capítulo 2
A microeconomia, também conhecida como teoria de preços, 
é quem determina valores para bens e serviços,mas também para 
salários e aluguéis (fatores de produção), por exemplo.
Você pode concluir que há sérias razões para preocupação sobre o futuro do 
planeta e da humanidade. A capacidade de suporte da Biosfera precisa ser mais 
bem conhecida, para evitarmos a sua exaustão.
Biosfera traduz-se como o conjunto de todos os ambientes 
(ecossistemas) que abrigam vida no planeta.
Veja que a performance econômica de um país, por exemplo, é medida 
apenas pela sua capacidade de gerar bens, serviços e riqueza, e não considera 
a	 diminuição	 dos	 bens	 naturais	 necessários	 para	 tal	 fim,	 o	 que	 significa	 um	
empobrecimento daquele país. 
O quadro abaixo nos mostra situações originadas pelo uso 
excessivo dos bens naturais:
Quadro	2	-	Indicadores	da	Exaustão	do	Planeta
Alguns indicadores da exaustão do planeta
• A produção primária líquida (PPL), produzida pelos processos fotossintéti-
cos, já é apropriada em cerca de 40% (da PPL terrestre) pelos humanos. 
Se dobrasse inviabilizaria o equilíbrio ecossistêmico (carvão, petróleo, gás 
natural e madeira). 
• Aquecimento global: os combustíveis fósseis produzem cerca de 7 bilhões 
de toneladas de CO2/ano. No período pré-industrial a concentração do gás 
na atmosfera era da ordem de 280 ppmv (partes por milhão de volume). Hoje 
é cerca de 380 ppmv, ou seja, mais de 35% de aumento. E não há processo 
natural significativo de incorporação de C02 nesse período que seja apenas 
46
Gestão ambiental
de natureza antrópica. O aumento médio da temperatura global é de cerca 
de 0,6°C desde 1866 (primeira medições com cientificidade). Pode chegar a 
2,9°C no final do século. A elevação dos oceanos é de cerca de 1mm/ano em 
média. O aquecimento global já causa danos à agricultura, biodiversidade, 
doenças e clima.
• Depleção do ozônio atmosférico: o CFC e o brometo de metila, usado em de-
fensivos agrícolas, são os principais responsáveis pela destruição do ozônio 
na estratosfera. A “camada” de ozônio retém o excesso de raios ultra violeta 
B, que permitem a existência da vida. Serão necessários ainda 150 anos 
para retornarmos aos níveis de 1970. O Protocolo de Montreal, produzido em 
1996, reduziu a 20% a produção atual de gases CFC em relação à década 
de 1980.
• Extinção da biodiversidade: calcula-se em 5 a 150 mil o número de espécies 
extintas por ano, principalmente pela destruição dos ecossistemas.
• Escassez de água: calcula-se em 40% a diminuição da disponibilidade de 
água no planeta. Cerca de 1,5 bilhão de pessoas não tem água em qualidade 
e quantidade. Há uma forte vinculação da saúde humana com a poluição 
da água. No Brasil, estima-se que 80% das internações no Sistema Unico 
de Saúde (SUS) estejam relacionadas ao contato com água contaminada 
química ou biologicamente.
Fonte: O autor.
Atividade de Estudos: 
1) O Brasil é um dos países signatários da Convenção da 
Biodiversidade, um acordo mundial produzido em 1992, na 
Conferência	do	Rio	de	Janeiro,	 cuja	finalidade	é	a	preservação	
das espécies através, principalmente, da manutenção dos 
ecossistemas.	A	Convenção	afirma	que	há	uma	profunda	relação	
entre a preservação da biodiversidade e a manutenção da 
Economia e da qualidade de vida humana. Leia sobre o assunto e 
comente	sobre	o	que	é	afirmado	aqui.		
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Economia Ecológica ou Ambiental Capítulo 2
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No caso dos seres humanos, não podemos considerar a capacidade 
de suporte ecossistêmica apenas em termos de população, porque há que se 
considerar um consumo per capita, que não é permanente ao longo do tempo, 
como acontece com os outros animais. O problema está em criar um método 
operacional para medir os custos e benefícios da expansão da atividade humana.
Faça o teste da sua pegada ecológica no site	do	WWF	(http://
www.wwf.org.br/wwf_brasil/pegada_ecologica/)
Os termos capital natural e recursos naturais são uma forma de reduzir a 
natureza ao antropocêntrico, como um fator de produção. Além das necessidades 
humanas, a natureza é também o abrigo de toda a vida, que, aliás, não pode 
ser entendida apenas para sua relação direta com a humanidade (processo 
econômico).	Qualquer	e	todo	ser	vivo,	por	mais	belo	e	impressionante,	como	as	
baleias, ou singelo como um fungo microscópico, deve ser respeitado pelo seu 
valor intrínseco, pelo direito de existir, mesmo que nunca haja qualquer vantagem 
ou descoberta a ele relacionada que favoreça a sociedade humana. Outro 
importante aspecto é a percepção da necessidade de preservarmos apenas os 
animais em extinção.
Segundo Brügger (2004, p. 42):
A matança de animais que não estão em extinção é emblemática 
nesse sentido: desprovidos de valor instrumental como bancos 
genéticos (para garantia da manutenção da biodiversidade 
cujo valor instrumental é inquestionável), tais animais são 
“obrigados” a servir a outros propósitos instrumentais (como 
fonte de proteína, ou pele, por exemplo) sem que jamais se 
considere o seu valor intrínseco. 
48
Gestão ambiental
Normalmente enxergamos a natureza apenas por sua função utilitarista 
para o ser humano. Você deve lembrar-se de várias situações em que essa visão 
ocorre. Veja alguns exemplos: enxergamos a água apenas pela sua utilidade e 
não como componente de um ecossistema; a árvore como madeira, papel ou fruto 
e; o solo como fonte de minério ou sustentação para a agricultura (falamos até em 
solo improdutivo, quando não serve ao plantio).
Outra questão importante, que também se tornou cultural, é o uso dos 
adjetivos ecológico ou verde. Você também já deve ter percebido que a simples 
incorporação de qualquer tecnologia ambientalmente “melhor” por um produto ou 
empresa, já o tornam ecológico ou verde. Para o imaginário social isto é péssimo, 
porque passa a ideia que aquele produto não agride o meio ambiente, o que é 
falso. Ele apenas “agride” menos que outros produtos similares. Esse conceito 
limita-se a apenas um pequeno avanço tecnológico, na maioria das vezes, como 
um motor de automóvel menos poluente, componentes com maior reciclabilidade 
em	notebooks	ou	diminuição	do	uso	de	substâncias	tóxicas	na	fabricação	de	uma	
linha de tintas de parede, por exemplo.
Verde, simbolicamente poderia representar uma empresa que tivesse 
implantado	um	SGA	completo,	 eficaz	e	eficiente,	 com	cuidados	que	vão	desde	
a escolha dos insumos até o ciclo de vida dos produtos, passando por todo o 
processo industrial, o que é raro. Porém, ecológico, só pode ter sentido como 
aquilo que não altera minimamente o natural. Assim, não há atividade humana 
que não gere algum impacto, por menor que seja. Portanto, o termo ecológico não 
tem sentido num processo ou produto econômico de transformação. No máximo 
poderíamos chamar de ambientalmente melhor.
Atividade de Estudos: 
1)	 Depois	de	 fazer	o	 teste	da	Pegada	Ecológica	no	 site	do	WWF,	
reflita	sobre	o	resultado	por	você	obtido.	Liste	mudanças	possíveis	
no seu estilo de vida e refaça o teste, como se as mudanças já 
tivessem ocorrido. Compare os resultados obtidos e pondere 
sobre isso. 
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Outros materiais