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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS UNIDADE VARGINHA - MG COORDENAÇÃO DE ESTAGIO Otávio Sousa Rezende A IMPORTÂNCIA DO USO DE IMPERMEABILIZANTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL Varginha-MG 2016 OTÁVIO SOUSA REZENDE A IMPORTÂNCIA DO USO DE IMPERMEABILIZANTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL Nome da professora orientadora: Me. Mag Geisielly Alves Guimarães Relatório final de estágio apresentado ao Curso de Técnico em Edificações do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, como requisito para obtenção do título de Técnico em Edificações. Varginha –MG 2016 RESUMO Os impermeabilizantes são produtos que têm por fim a proteção da superfície as quais foram aplicados. Fazem-se presentes no mercado da construção civil de diferentes maneiras, e são escolhidos de acordo com o tipo de umidade que potencializa a quebra da estanqueidade da construção, uma vez que o serviço de impermeabilização é uma etapa preventiva. Baseado no alto índice de patologias associadas ao sistema de impermeabilização das construções, o trabalho surge com o objetivo de discutir e conscientizar sobre tal etapa, visto que há um desprezo da realização deste serviço pela falsa sensação de economia, mas o que se vê de fato são patologias construtivas que interferem em fatores sociais, ambientais e econômicos. Palavras chaves: Impermeabilizantes. Estanqueidade. Conscientizar. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................1-5 2. DESEMPENHO DA IMPERMEABILIZAÇÃO..............................................2-6 2.1. Considerações Iniciais.....................................................................................2-6 2.2. Seleção da Impermeabilização........................................................................2-6 2.3. Projeto de Impermeabilização.........................................................................2-8 2.4. Fiscalização...................................................................................................2-10 3. CARACTERIZAÇÃO DOS IMPERMEABILIZANTES..............................3-11 3.1. Contextualização...........................................................................................3-11 3.2. Impermeabilização Rígida.............................................................................3-12 3.3. Impermeabilização Flexível..........................................................................3-13 4. PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS ASSOCIADAS AO SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO........................................................................................4-15 4.1. Introdução......................................................................................................4-15 4.2. Corrosão das armaduras................................................................................4-16 4.3. Eflorescência.................................................................................................4-18 4.4. Carbonatação do concreto.............................................................................4-18 4.5. Patologias em sistemas de pinturas...............................................................4-19 5. CUSTO-BENEFÍCIO DA IMPERMEABILIZAÇÃO...................................5-22 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................6-23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................6-24 1. INTRODUÇÃO A umidade sempre foi um empecilho para as habitações dos homens, desde as cavernas até as edificações contemporâneas. Com o passar do tempo, foi-se desenvolvendo técnicas capazes de conter tal fator e impedir seus impactos nas construções. A impermeabilização é uma técnica utilizada na construção civil que consiste na aplicação de produtos específicos com o objetivo de proteger as diversas superfícies porosas contra a passagem de fluidos. Funciona como uma barreira física para impedir a propagação da umidade e infiltrações. Os impermeabilizantes deveriam ser usados em praticamente todas as partes da construção, desde fundações e paredes de contenção, passando por reservatórios e piscinas e chegando até ao subsolo. Entretanto, em muitas obras são deixados de lado por motivos de contenção de gastos e desinformação, resultando no aparecimento de patologias, na redução da vida útil da edificação, na degradação do ecossistema (no caso de um aterro sanitário) e, posteriormente, além da integridade física e ambiental prejuízos financeiros para a sua reparação. O presente trabalho tem por objetivo descrever o processo de impermeabilização, as diferenças e aplicações, dissertar sobre as patologias associadas à falta ou falha do sistema de impermeabilização, dar ênfase ao custo-benefício e, com isso, promover uma conscientização sobre a importância do uso de impermeabilizantes na construção civil. A abordagem nele contida se faz por meio de uma metodologia baseada na análise bibliográfica de artigos e revistas. A segunda seção se faz pela descrição do desempenho da impermeabilização, desde o seu projeto até as medidas de fiscalização da execução. É seguida por uma seção que destaca os tipos de impermeabilizantes disponíveis no mercado, descreve suas aplicações e enfatiza as adequações de cada tipo à qual situação. A quarta seção é composta pela descrição das patologias associadas ao sistema de impermeabilização com suas causas, métodos de prevenção e de reparação relativos a cada qual. Por fim a quinta seção tem um olhar voltado para o custo-benefício relativo ao uso de maneira correta dos sistemas de impermeabilização nas obras de construção civil em comparação à relativa economia financeira tida pelo descarte de detalhes do serviço. 2. DESEMPENHO DA IMPERMEABILIZAÇÃO 2.1. Considerações Iniciais Segundo Zanotti (1999), levam-se em conta que as estruturas nas edificações deverão ser dimensionadas para suportar diversos tipos de movimentos e cargas, inerentes ao meio em que se vive, e de que este meio sofre mutações climáticas de acordo com a umidade relativa, a temperatura, o vento, a chuva, o calor, dentre outros. Portanto, faz-se necessário protegê-las das infiltrações e do calor, para se obter maior vida útil dos materiais de construção, dando melhor desempenho e conforto às habitações. Para tal, é preciso constar a impermeabilização em um projeto para ela também ser prevista, de acordo com as propriedades por ela exercidas, em cálculos estruturais e coordenada aos demais projetos, hidráulicos, elétricos, etc. De acordo com o IBI (Instituto Brasileiro de Impermeabilização), um projeto específico de impermeabilização, um prestador de serviço bem recomendado e a fiscalização constante do contratante são as três precauções básicas para garantir um serviço confiável. A NBR 9575/2003 regulamenta e estabelece as condições mínimas relativa à seleção e projeto de impermeabilização para a garantia da salubridade, segurança e conforto do usuário e da estanqueidade das partes construtivas. 2.2. Seleção da Impermeabilização A seleção da impermeabilização deve ser guiada de acordo com o tipo de solicitação que a edificação exige para a obtenção e manutenção da sua estanqueidade. De acordo com a NBR 9575/2003, a solicitação pode ocorrer de quatro maneiras distintas, sendo tais: Imposta pela água de percolação: A água de percolação é aquela que atua sobre as superfícies sem exercer pressão considerável. Então, deve receber proteção toda regiãoque for entrar em contato com água. Giribola (2015) enfatiza que além do piso, as paredes dos boxes também devem receber proteção. Imposta pela água de condensação: A água de condensação é a água provinda da condensação do vapor d'água presente no ambiente que atua na superfície de um elemento construtivo deste ambiente. De acordo com Mitidieri Filho (1998), uma das formas mais eficazes de combater a condensação do vapor de água e, consequentemente, a formação de bolor, é a ventilação dos ambientes e espaços. A estrutura precisa "respirar" e para isso, a argamassa impermeável deve conter a água, mas deixar o vapor passar (VEDACIT, 2009). Imposta pela umidade do solo: A umidade do solo influencia nos elementos construtivos por meio da sua ascensão por capilaridade. Segundo Silva (2015) a água do solo atinge o baldrame e percola pela alvenaria, atingindo-a até a altura de 1 metro. O engenheiro ainda completa dizendo que quanto mais próxima esteja a cinta ou baldrame dos terrenos úmidos, a alvenaria torna-se mais susceptível ao ataque da água. Imposta pelo fluido sob pressão unilateral ou bilateral: A estrutura sujeita à pressão unilateral pelo fluido pode sofrer pressão positiva ou negativa, enquanto que a sujeita à pressão bilateral sofre as duas (FREIRE, 2007), conforme a Figura 1. Água sob pressão positiva é a água confinada ou não, exercendo pressão direta na impermeabilização, e água sob pressão negativa se difere por exercer pressão inversa na impermeabilização (NBR 9575, 2003). Figura 1 - Pressão Unilateral e Bilateral (FREIRE, 2007) Nestes casos, é necessária a composição de vários produtos para bloquear a água. Neste contexto, Ventura (2012), aponta sobre a importância de um projeto de impermeabilização que investigue previamente as condições da obra e determine os produtos mais adequados para promover a estabilidade da edificação. 2.3. Projeto de Impermeabilização Segundo Ripper (1995), de todos os itens que envolvem a impermeabilização, a ausência de projetos específicos parece ser o principal problema. Um projeto de impermeabilização é um conjunto de informações gráficas e descritivas que definem integralmente as características de todos os sistemas de impermeabilização empregados em uma dada construção, de forma a orientar inequivocamente a produção deles. O projeto de impermeabilização é constituído de dois projetos que se complementam: projeto básico e projeto executivo (NBR 9575, 2003). A mesma norma define projeto básico como o projeto compatibilizado aos demais, que compõe os documentos do projeto básico de arquitetura, conforme a NBR 13.532/1995. Nele, há a definição das soluções de impermeabilização a serem tomadas de modo a garantir a durabilidade dos elementos construtivos frente à umidade, vapores e fluidos. O projeto executivo se baseia no projeto básico e detalha todos os sistemas de impermeabilização a serem empregados na construção. A NBR 9575/2003 define o conteúdo de cada um dos projetos. O projeto básico deve conter: Plantas de localização e identificação das impermeabilizações; Detalhes construtivos que descrevem graficamente as soluções adotadas; Memorial descritivo dos tipos de impermeabilização selecionados. Já o projeto executivo se faz a partir de: Plantas de localização e identificação das impermeabilizações; Detalhes genéricos e específicos que descrevam graficamente todas as soluções de impermeabilização; Memorial descritivo de materiais e camadas de impermeabilização; Memorial descritivo de procedimentos de execução; Planilha de quantitativos de materiais e serviços; Metodologia para controle e inspeção dos serviços. A Figura 2 exemplifica alguns detalhamentos relativos a projeto de impermeabilização. Figura 2 – Exemplo de Projeto de Impermeabilização. (MARTINS, 2013) 2.4. Fiscalização O desempenho da impermeabilização está diretamente ligado a todos os fatores citados, entretanto, deve-se ter também um rigoroso controle sobre a execução da impermeabilização, tanto pela empresa aplicadora quanto pelo responsável pela obra. Obedecer ao detalhamento do projeto é essencial, tão importante quanto o estudo sobre possíveis problemas durante o transcorrer das situações. Alterações nos projetos, no cronograma da obra, na situação financeira do contratante podem alterar o plano sobre a impermeabilização. Além do controle em relação à execução, existe um teste de estanqueidade que consiste em executar barreiras em todos os acessos da área impermeabilizada e encher o compartimento até 5 cm do ponto mais alto impermeabilizado. A água deve permanecer no local por 72 horas para dar tempo de percorrer qualquer caminho que exista em uma possível falha de execução. Feito isso, pode-se observar infiltrações e vazamentos provenientes do teste (FREIRE, 2007). Infelizmente algumas áreas são impossibilitadas deste teste por limitações de acessos. A Figura 3 exemplifica a realização de teste de estanqueidade em um piso de tráfego de veículos de um condomínio residencial que recebeu aplicação de manta asfáltica de 4 mm realizado pela empresa Freitas e Lima Soluções Prediais (2016). (a) Aplicação da manta asfáltica (b) Teste de estanqueidade Figura 3 – Realização de Teste de Estanqueidade (FREITAS E LIMA SOLUÇÕES PREDIAIS, 2016) 3. CARACTERIZAÇÃO DOS IMPERMEABILIZANTES 3.1. Contextualização O tipo de impermeabilização utilizada em cada caso varia de acordo com a particularidade do qual, como já foi visto. Para isto, o catálogo de produtos a ser usado na obra de impermeabilização é variado. Os principais quesitos de comparação e diferença entre a utilização dos tipos de impermeabilizantes se dá pela movimentação estrutural e exposição às mudanças de temperatura. Portanto, existem os impermeabilizantes rígidos e os impermeabilizantes flexíveis. Pezzolo (2012) diz que se costuma utilizar os impermeabilizantes rígidos em tudo que é enterrado. Já em aplicações expostas, os flexíveis. 3.2. Impermeabilização Rígida Uma impermeabilização rígida é o conjunto de materiais ou produtos aplicáveis nas partes construtivas não sujeitas à fissuração (NBR 9575, 2003). Em síntese, são utilizados para proteger as partes estáveis da edificação, não sendo recomendados em locais sujeitos à movimentação, exposição solar e vibrações. Na impermeabilização rígida, os produtos normalmente incorporam-se às estruturas tratadas (revestimentos de argamassa, pisos de concreto, fundações, etc.), adquirindo suas características. Por isso, sua eficácia depende, sobretudo, da integridade do sistema (FERREIRA, 2012). E como cada produto possui suas propriedades em particular, é preciso seguir à risca os procedimentos indicados pelo fabricante como o consumo de material e tempo de secagem. Segue a seguir os principais produtos de impermeabilização rígida com suas características e aplicações indicadas, pela Tabela 1. Tabela 1 - Caracterização dos Principais Impermeabilizantes (FERREIRA, 2012) 3.3. Impermeabilização Flexível Uma impermeabilização flexível é o conjunto de materiais ou produtos aplicáveis nas partes construtivas sujeitas à fissuração (NBR 9575, 2003). Portanto, são indicados para superfícies sujeitas a movimentações, vibrações e movimentações térmicas por sua elasticidade. Há dois tipos básicos de impermeabilizantes flexíveis, as mantas, pré fabricadas e as membranas, moldadas in loco, conforme descrição a seguir. Mantas: As mantas, por serem pré fabricadas, possuem espessura definida,necessitam apenas de uma camada de aplicação e a sua aplicação se dá de maneira mais rápida. Por suas características e pelo tipo de fornecimento, são indicadas para áreas mais extensas. As mantas poliméricas, segundo Nakamura (2014), são produzidas a partir de diferentes materiais sintéticos e são resistentes à radiação ultravioleta e ataques químicos, a depender de sua composição. A procura por mantas poliméricas para coberturas e lajes de edifícios sustentáveis vêm aumentando devido a disponibilidade de seus produtos na cor branca, que ajuda a refletir os raios solares, e por consequência reduzir a temperatura das edificações e de seus arredores. As mantas asfálticas são feitas à base de asfaltos modificados com polímeros e armados com estruturantes especiais. O asfalto modificado presente na composição da manta é o responsável pela impermeabilização (VEDACIT, 2009). A relação da caracterização das mantas asfálticas e as suas aplicações é dada pela Tabela 2. Tabela 2 - Classificação das Mantas Asfálticas pelo seu Desempenho (FERREIRA, 2012) Membranas: As membranas são moldadas in loco e sua aplicação se dá por meio de sucessivas demãos do impermeabilizante líquido, que depois de seco forma uma camada flexível e sem emendas. São indicadas para áreas menores ou para onde o acesso é dificultado. Exigem um rígido controle da espessura e da quantidade de produto aplicado por unidade de área. Portanto, sempre é necessário consultar as indicações do fabricante na embalagem sobre o processo de aplicação. As membranas asfálticas são classificadas de acordo com sua aplicação (a quente ou a frio). A associação do produto às suas características e as aplicações mais indicadas é dada pela Tabela 3. Tabela 3 - Membranas Impermeabilizantes: Características e Aplicações (FERREIRA, 2012) 4. PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS ASSOCIADAS AO SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO 4.1. Introdução Apesar dos estudos realizados, do surgimento de tecnologias que inovaram os produtos que são utilizados e da obrigatoriedade do projeto de impermeabilização, pode-se afirmar que a impermeabilização não está presente em todas as obras, pois não é vista como viável economicamente. Na maioria das vezes, as superfícies recebem algum tipo de revestimento, até por questão de estética, o que a torna invisível depois do término da execução da obra. Além disso, por não ter função estrutural, acaba sendo menosprezada, e, na visão comum do consumidor, se torna algo dispensável (HUSSEIN, 2013). Com isso, torna-se comum o surgimento de patologias construtivas associadas à falta do serviço de impermeabilização. As patologias construtivas consequentes resumem-se na degradação da estrutura, decomposição de pinturas e nos estragos causados no revestimento, além de contribuir para o aparecimento de fungos e bactérias que se proliferam em ambientes úmidos, e podem ser prejudiciais à saúde (LONZETTI, 2010). Assim sendo, os profissionais da atividade de impermeabilização devem conhecer as patologias construtivas mais comuns e inerentes às áreas impermeabilizadas, a fim de prevenir com o dimensionamento adequado da impermeabilização, bem como dos reforços necessários. Os construtores também devem conscientizar-se destas patologias, já que são responsáveis diretos pelas suas manifestações (STORTE, 2012). 4.2. Corrosão das armaduras A corrosão das armaduras de uma estrutura é uma patologia ligeiramente comum no cenário da construção civil, infelizmente. A corrosão é um processo de degradação dos materiais metálicos e que sua consequência é o desgaste do metal, como ilustrado na Figura 4. Seus fatores causadores variam desde o recobrimento de concreto abaixo do recomendado pela NBR 6118/2014, passando pela mal execução da concretagem e chegando às deficiências do processo da cura do concreto, o que gera um aumento de sua porosidade e a consequente exposição do aço à agressores, como por exemplo a água. Sabe-se que a corrosão de armaduras é dependente da disponibilidade de umidade e oxigênio. Portanto qualquer metodologia que reduza sua penetração no concreto vai acabar diminuindo sua deterioração (MEDEIROS, 2008). Figura 4 - Grave corrosão no aço (GUERRA, 2013) O tratamento da corrosão em regiões localizadas é realizado, segundo Medeiros (2008) em sete etapas apresentas na Figura 5: delimitação da área com corte com serra circular; escarificação do concreto solto e deteriorado; limpeza do produto de corrosão formado, que pode ser feito de forma manual, com jato de areia ou jato de água; pintura na superfície do metal para maior proteção; aplicação de uma ponte de aderência; preenchimento com argamassa de reparo e acabamento da superfície; e, por último, cura da argamassa de reparo, geralmente feita com água da rede de abastecimento de água potável. Figura 5 - Etapas de Tratamento de Corrosão (MEDEIROS, 2008) A prevenção de tal patologia se dá pela qualidade do serviço de concretagem ou pela proteção extra da superfície do concreto da estrutura. Essa proteção aconteceria por meio do bloqueio dos poros do concreto para, assim impedir o contato da armadura com a umidade e o oxigênio exterior. 4.3. Eflorescência Quimicamente, conforme Uemoto (1988), a eflorescência é constituída por sais de metais alcalinos (sódio e potássio) e alcalino-terrosos (cálcio e magnésio), solúveis ou parcialmente solúveis em água. Diante disso, pela água da chuva ou do solo, o elemento irá estar saturado e os sais serão dissolvidos. Depois a solução migra para a superfície e, por evaporação, a água sai, deixando, na base do elemento, um depósito salino. Analisando tal definição, é possível perceber os fatores que influenciam na origem da eflorescência. A concentração dos sais nos materiais, a presença de água na estrutura e a força com que ela é proposta à superfície, como exemplificado na Figura 6. Figura 6 - Eflorescência no Rejuntamento (CICHINELLI, 2006) O tratamento da eflorescência pode se dá pela limpeza do local com uma escova de aço e água em abundância. Também é possível a sua remoção pela utilização de produtos químicos. Entretanto, é preciso um cuidado com as propriedades dos materiais que constituem a estrutura para que estas não sejam danificadas. A prevenção da patologia se faz, de acordo com a Citimat (2016) com a utilização do cimento CP IV (pozolânico). Outras sugestões da empresa giram em torno de uma boa cura da argamassa, fazendo do produto mais denso e impermeável; e da adição de redutores de água ou impermeabilizantes à argamassa. 4.4. Carbonatação do concreto O concreto, depois de dosado, possui pH básico e isso garante uma harmonia entre ele e o aço em seu interior, o concreto protegendo o aço e o aço ajudando na resistência à tração. Thomaz (2009) diz que o ar atmosférico, composto principalmente por oxigênio, nitrogênio e gás carbônico penetra pelos poros do concreto e o contato em meio úmido do último com as bases de cálcio e de magnésio presentes geram reações químicas que dão origem ao carbonato de cálcio e ao carbonato de magnésio. Isso implica na queda do pH do concreto e na consequente redução da proteção da armadura. A queda do pH representa a acidificação do concreto, representada na Figura 7 que indica a coloração violeta da fenolftaleína na presença de acidez. Werle (2012) completa dizendo que a taxa de carbonatação particularmente da permeabilidade do concreto (quanto mais permeável, maior a taxa de carbonatação). Figura 7 - Reação da Fenolftaleína no Concreto (WERLE, 2012) 4.5. Patologias em sistemas de pinturas A pintura é um mecanismo de proteçãoda superfície e ao mesmo tempo, de embelezamento da parede. Para garantir o seu êxito, é recomendada a preparação da superfície a ser pintada e o seguimento das indicações dos fabricantes em relação à diluição e aplicação. Entretanto, patologias nessa etapa construtiva é muito comum e muitas delas podem ser associadas à ausência ou falha dos serviços de impermeabilização. Destaque para: Bolhas: Segundo Polito (2006), é um problema resultante da perda localizada de adesão, e o consequente levantamento da superfície e que pode ser ocasionado por umidade infiltrando por paredes externas, exemplificado na Figura 8. Figura 8 - Bolhas em pintura (NASCIMENTO, 2014) Bolor: De acordo com Polito (2006) e ilustrado na Figura 9, é caracterizado pela existência de manchas ou pontos pretos, acinzentados ou amarronzados sobre a superfície. Aparece geralmente em áreas úmidas e que recebem pouca ou nenhuma luz do Sol. Figura 9 - Bolor em pintura (POLITO, 2006) Descamação: Conforme Polito (2006), a descamação é a ruptura da tinta pelo desgaste natural do tempo ou pelo "trincamento" da tinta, que resulta no total comprometimento da superfície pintada, exemplificado na Figura 10. É causada pela infiltração de umidade pelas fissuras, vedações desgastadas, ou vazamentos provenientes de telhados e muros. Figura 10 - Descamação na pintura de madeira (NASCIMENTO, 2014) Eflorescência/manchas: Para Polito (2006), é a aspereza e depósito de sais brancos que provocam manchas na superfície, ilustrado na Figura 11. É causada pelo excesso de umidade, já que se dá pela evaporação da mesma quando envolvida por sais de metais alcalinos ou alcalinos terrosos. Figura 11 - Eflorescência em pintura (NASCIMENTO, 2014) Enrugamento: Segundo Polito (2006), é a formação de rugas e ondulações sobre a superfície ocorrem quando a tinta ainda está úmida, apresentado na Figura 12. Pode ocorrer quando o meio está muito úmido e a tinta ainda está fresca. Figura 12 - Enrugamento em pintura (NASCIMENTO, 2014) Escorrimento de tinta: Conforme Polito (2006), é o escorrimento da tinta logo após ser aplicada, causando uma cobertura irregular da superfície ilustrado na Figura 13. Pode ocorrer por meio de pingos isolados na superfície recém pintada ou quando o ambiente ou o substrato está muito úmido. Figura 13 - Escorrimento da tinta (POLITO, 2006) 5. CUSTO-BENEFÍCIO DA IMPERMEABILIZAÇÃO O serviço de impermeabilização é deixado muitas vezes de lado por motivos de contenções de gastos ou mesmo pela desinformação. As consequências da falta ou da má realização dessa etapa construtiva vão desde as estéticas, como manchas e bolores, de saúde, pela transformação do ambiente em desagradável e insalubre, passando pela parte estrutural da edificação, por meio da oxidação da armadura, por exemplo, e chegam até o bolso do proprietário da construção com os gastos de reparo. A Figura 14 mostra o custo aproximado das etapas de construção. Figura 14 - Porcentagem dos investimentos nas edificações (VEDACIT, 2009) Por meio da análise do gráfico e do conhecimento de que as patologias associadas ao sistema de impermeabilização interferem consideravelmente no desempenho dos revestimentos, é possível inferir que uma etapa preventiva, estimada em 3% da obra deixada de lado, pode ultrapassar os 10% da pintura e limpeza final ou chegar aos 22% do revestimento. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Baseado nos problemas relativos à presença de umidade nas construções, foi possível concluir que as causas são variadas de acordo com a forma de contato de tal fator com a edificação. E isso interfere também nas formas de prevenção, pelos diversos tipos de impermeabilizantes encontrados no mercado e também nas formas de correção dos problemas, visto as suas diversidades. Os serviços de impermeabilização funcionam de maneira preventiva em uma construção, porém costumam ser desprezados por desinformação e contenção de gastos. Apesar dos avanços no que se diz respeito à divulgação dessa etapa construtiva, o que ainda se vê é uma cultura baseada na correção de problemas, e não na prevenção. Com isso, têm-se as patologias nas construções e as suas consequências, que como já dito, interferem na estética, na saúde dos moradores, no bolso do proprietário e no meio ambiente por meio o desperdício de materiais. O desenvolvimento deste tema para a conclusão do Estágio Curricular Obrigatório foi de suma importância para a consolidação de conhecimentos adquiridos ao longo do curso Técnico de Edificações e verificados em situações práticas nas atividades do estágio. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9575: Impermeabilização - Seleção e projeto. Rio de Janeiro: 2003. 12 p. ______. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto — Procedimento. Rio de Janeiro: 2014. 238 p. ______. NBR 13.532: Elaboração de projetos de edificações – Arquitetura. Rio de Janeiro: 1995. 8 p. 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HUSSEIN, Jasmim Sadika Mohamed. Levantamento de patologias causadas por infiltrações devido à falha ou ausência de impermeabilização em construções residenciais na cidade de Campo Mourão - PR. 2013. 54 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, 2013. LONZETTI, F. B. Impermeabilizações em Subsolos de Edificações Residenciais e Comerciais. 2010. 59 f. Trabalho de Diplomação (Graduação em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,2010. MARTINS, J. Impermeabilização: Tanto os materiais, quanto os detalhes da aplicação são contemplados pelo projeto de impermeabilização. Entenda o que significa cada indicação. Revista Equipe de Obras. São Paulo: Pini, jan. 2013. Mensal. Disponível em: < http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/55/artigo275595- 2.aspx >. Acesso em: 12 jul. 2016. MEDEIROS, M. H. F. 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Construção civil – Impermeabilização. Trabalho apresentado na Faculdade de engenharia de São Paulo, 1999. 1. INTRODUÇÃO 2. DESEMPENHO DA IMPERMEABILIZAÇÃO 2.1. Considerações Iniciais 2.2. Seleção da Impermeabilização 2.3. Projeto de Impermeabilização 2.4. Fiscalização 3. CARACTERIZAÇÃO DOS IMPERMEABILIZANTES 3.1. Contextualização 3.2. Impermeabilização Rígida 3.3. Impermeabilização Flexível 4. PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS ASSOCIADAS AO SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO 4.1. Introdução 4.2. Corrosão das armaduras 4.3. Eflorescência 4.4. Carbonatação do concreto 4.5. Patologias em sistemas de pinturas 5. CUSTO-BENEFÍCIO DA IMPERMEABILIZAÇÃO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NAKAMURA, Juliana. Impermeabilização de estruturas: o mercado dispõe de uma série de soluções para proteger as edificações contra os efeitos indesejados da água. Revista Construção e Mercado. São Paulo: Pini, jul. 2014. Mensal. Disponível em: < http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/156/artigo315973-2.aspx>. Acesso em 02 jun. 2016.
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